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Resumo do capítulo 1 do livro “Rotinas de Endocrinologia”
DIAGNÓSTICO E CLASSIFICAÇÃO DO DIABETES MELITO
O diabetes melito (DM) compreende um grupo heterogêneo de distúrbios metabólicos que têm em comum a hiperglicemia. Pode resultar de defeitos na secreção de insulina, sua ação, ou de ambas as condições. 
O DM deve ser considerado em todos os pacientes que apresentam poliúria, polidipsia, polifagia, perda de peso e visão turva, podendo, também, manifestar-se com complicações agudas, como cetoacidose e síndrome hiperosmolar hiperglicêmica, ou mesmo com evidências de complicações crônicas.
Critérios para testagem para diabetes em indivíduos adultos assintomáticos:
1. Testagem deve ser considerada em todos os adultos com sobrepeso ou obesidade (IMC ≥ 25 kg/m2) e pelo menos um fator de risco adicional:
· Sedentarismo
· Familiar de primeiro grau com DM
· Pertencentes a populações de risco (latinos, afro-americanos, americanos-asiáticos, americanos nativos, etc.)
· Diabetes gestacional ou macrossomia prévia
· Hipertensão arterial (> 140/90 mmHg ou em uso de medicações anti-hipertensivas)
· HDL-colesterol abaixo de 35 mg/dL e/ou triglicerídeos acima de 250 mg/dL
· Síndrome dos ovários policísticos
· Pré-diabetes (HbA1c ≥ 5,7%, glicose de jejum alterada ou tolerância diminuída à glicose)
· Outras situações de resistência insulínica (obesidade grave, acantose nigricante)
· História de doença cardiovascular
2. Na ausência dos critérios anteriores, testar a partir dos 45 anos de idade
3. Se os resultados forem normais, testar a cada três anos. Se os resultados indicarem prédiabetes, testar anualmente.
Classificação
Atualmente, a classificação é baseada na etiologia da doença, e não em seu tratamento.
· O DM1 é responsável por cerca de 5 a 10% dos casos de DM e é decorrente, na maioria dos casos, da destruição autoimune das células β das ilhotas pancreáticas, acarretando a deficiência de secreção pancreática de insulina. É caracterizado, portanto, por um estado de dependência da aplicação de insulina exógena para evitar o quadro de cetoacidose diabética e para preservação da vida nesses pacientes. O pico de incidência é na adolescência, mas pode acometer qualquer faixa etária. O início do quadro é, em geral, abrupto, com sintomas marcados de poliúria, polidipsia e emagrecimento. Devido à etiologia autoimune do DM1, pode ocorrer associação com outras doenças autoimunes, como a tireoidite de Hashimoto, a insuficiência suprarrenal e a doença celíaca. 
· O DM2 representa 90 a 95% dos casos de DM, é marcado pela presença de um componente hereditário importante. Acomete indivíduos, em geral, acima dos 45 anos, mas pode ser identificado em indivíduos mais jovens e até em crianças. O DM2 resulta da combinação da diminuição de ação da insulina nos tecidos-alvo com a diminuição relativa da secreção pancreática de insulina, que ocorre precocemente no quadro. O paciente com DM2 apresenta um quadro clínico mais silencioso e, algumas vezes, pode vir a ser diagnosticado já pelos sintomas das complicações crônicas, como cegueira e uremia. Cerca de 80% dos pacientes com DM2 apresenta o quadro de síndrome metabólica, a qual é definida pela presença de dois ou mais dos seguintes critérios: medida da cintura alterada (homens com cintura acima de 94 cm e mulheres acima de 80 cm), triglicerídeos ≥150 mg/dL, HDL baixo (< 40 mg/dL em homens e < 50 mg/dL em mulheres), pressão arterial sistólica (PAS) ≥ 130 mmHg ou pressão arterial diastólica (PAD) ≥ 85 mmHg (ou uso de anti-hipertensivos) e glicemia ≥ 100 mg/dL.
Por vezes, alguns pacientes podem não ser claramente classificados com DM1 ou DM2. Pacientes com DM2 podem apresentar-se com cetoacidose, especialmente na vigência de outra comorbidade, e pacientes com DM1 podem ter início tardio e progressão insidiosa. 
Duas categorias de risco aumentado constituem o pré-diabetes: glicemia de jejum alterada e a tolerância diminuída à glicose.
Diagnóstico
· Glicose plasmática de jejum (8 horas);
· Teste oral de tolerância à glicose (TOTG): glicose em jejum e 2 h após ingerir 75 g de glicose;
· Glicose plasmática casual;
· Hemoglobina glicada (HbA1c) por meio de método certificado e calibrado pelo DCCT (Diabetes Control and Complications Trial).
· Padronização do teste oral de tolerância à glicose-75 g
· Alimentação com ao menos 150 g de carboidratos nos três dias que antecedem o teste
· Atividade física habitual
· No dia do teste, observar jejum de 8 h (ingestão de água é permitida)
· Não fumar ou caminhar durante o teste
· Medicações e intercorrências que podem alterar o teste devem ser cuidadosamente anotadas
· Ingerir 75 g de glicose anidra (~ 82,5 g de glicose monoidratada dissolvidas em 250–300 mL de água, em, no máximo, 5 minutos)
· Coletar o sangue em tubos fluoretados e mantê-los resfriados (4 °C) até a centrifugação, que deve ser feita rapidamente
Situações especiais
· Crianças: para o diagnóstico do diabetes em crianças que não apresentam um quadro característico de cetoacidose diabética, são adotados os mesmos procedimentos e pontos de corte da glicemia empregados para os adultos. Quando houver a indicação de um TOTG, utiliza-se 1,75 g/kg de peso de glicose (máximo 75 g). A indicação para rastrear o diagnóstico em crianças é a presença de sobrepeso (IMC acima do percentil 85 ou peso acima de 120% do ideal para altura), aliada a pelo menos dois fatores de risco adicionais, como história familiar, etnia de risco, outros sinais de resistência insulínica ou história de DM na sua gestação. A avaliação deve iniciar aos 10 anos de idade ou na puberdade (se esta for antes dos 10 anos), devendo ser repetida a cada três anos.
· Gestantes: todas as gestantes devem ser avaliadas com a glicemia de jejum no primeiro trimestre da gestação, com a finalidade de detectar o diabetes pré-gestacional. O diagnóstico deve ser feito com o critério empregado para adultos não gestantes (glicemia de jejum ≥ 126 mg/dL). As gestantes com glicemia entre 92 mg/dL e 125 mg/dL recebem o diagnóstico de diabetes gestacional. Uma glicemia de jejum abaixo de 92 mg/dL exclui o diagnóstico nesse momento, e as gestantes deverão ser reavaliadas no segundo trimestre com o TOTG 75 g. No segundo trimestre, o TOTG é interpretado com os pontos de corte apresentados na tabela:

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