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Sadomasoquismo - O prazer da Dor

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YOU ARE HERE: HOME » RELACIONAMENTO  » SADOMASOQUISMO: O PRAZER DA DOR
PSICOPATOLOGIAS PSICOLOGIA ACONSELHAMENTO
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Sadomasoquismo: O prazer da dor
A cada 10 pessoas que lerem esse texto, uma ou mais já experimentou alguma forma de 
sadomasoquismo. Psicólogos e etnógrafos estudam o sadomasoquismo pelo mundo 
inteiro.
Segundo Charles Moser, Ph.D no Instituto de estudos avançados sobre a sexualidade 
humana em São Francisco, “o fenômeno do sadomasoquismo é mais comum entre homens e 
mulheres mais instruídos, geralmente de classe média alta”. Charles faz pesquisas sobre o 
assunto a fim de descobrir e entender as motivações que levam à prática do 
sadomasoquismo. Todos os dias tenta chegar um pouco mais perto da razão pela 
qual algumas pessoas sentem prazer ao serem amarradas e chicoteadas. 
O que você está procurando?
Search29 de outubro de 2016 / Relacionamento / By Psiconlinebrasil / 1 COMMENT 
= q w - m
Prenda as minhas pernas com uma corda de algodão, assim não poderei caminhar. 
Prenda também os meus pulsos, assim não poderei afastá-lo de mim. Ponha-me 
na cama e amarre meu corpo com uma corda, quero senti-lo em minha carne. 
“
Para James, o desejo se tornou evidente quando ele ainda era uma criança. Ao brincar com 
jogos de Guerra, sentia sempre um intenso desejo de ser capturado, e tinha medo de que isso 
fosse algo doentio. Sua primeira experiência com o sadomasoquismo aconteceu após uma 
festa da faculdade, uma professora o levou para casa e amarrou-o na cama, disse que ele era 
um garoto muito mau por ter esse tipo de desejo, no entanto, ela o satisfez. Pela primeira vez 
ele experimentou o que até então só havia fantasiado na imaginação, e sentiu o que havia 
lido em todos aqueles livros sobre sadomasoquismo.
James agora é um adulto, pai e gerente. Tem uma personalidade intensa que pode ser 
percebida através de seu olhar, da sua postura, e até mesmo na sua voz profunda.  No 
entanto, quando está praticando sadomasoquismo, seu olhar adquire uma espécie de 
passividade, é como se tivesse sob efeito de algum calmante, a cada golpe sente uma 
imensa paz e aguarda obediente pelas ordens de sua amante. “Algumas pessoas precisam 
ser amarradas para se sentirem livres” disse ele.
A experiência de James ilustra muito bem o que é o sadomasoquismo. Essa prática envolve 
uma relação de poder e submissão entre duas pessoas, estabelecida através da imposição 
da dor. Mas o componente essencial não é a dor em si mesma, ou a própria escravidão, mas 
a consciência de que você está sob o completo controle do outro. O dominador da relação 
impõe o que você irá ouvir, fazer, provar ou sentir. Algumas experiências envolvem derramar 
gotas de cera quente sobre o corpo do dominado, açoitamento, cordas, espartilhos, 
humilhação sexual e gritos de dor e prazer.
Por muitos anos as pessoas que se envolviam com experiências de espancamento, 
aprisionamento e humilhação em busca de prazer sexual foram consideradas doentes 
mentais. Mas em 1980 a Associação Americana de Psiquiatria removeu o Sadomasoquismo 
da categoria de desordens mentais. Essa decisão, bem como a decisão de remover o 
Agora tenho certeza absoluta de que relutar será inútil, sei que devo ficar deitada 
aqui e me submeter à sua boca, língua e dentes. Devo me submeter às suas mãos, 
às suas palavras e aos seus caprichos. Eu existo unicamente para ser o seu objeto 
de prazer, estou totalmente exposta.
homossexualismo da categoria de desordens mentais em 1973, foi um grande passo para a 
aceitação de pessoas com desejos sexuais diferentes dos tradicionais.
Esses desejos têm se tornado cada vez mais comuns e são considerados até mesmo 
saudáveis por alguns especialistas. Segundo eles, existe um grande valor psicológico 
envolvido nas práticas de sadomasoquismo, pois algumas pessoas não conseguem obter 
através do sexo tradicional a mesma satisfação obtida através da relação 
sadomasoquista.  “A satisfação obtida a partir do sadomasoquismo é algo muito maior do 
que apenas sexo”, explica Roy Baumeister, psicólogo social da Universidade Case Western 
Reserve, ele diz ainda que nessas experiências ”as pessoas podem experimentar uma 
completa libertação emocional”.
Embora a maioria das pessoas relatem que a experiência foi melhor do que o sexo 
tradicional, o objetivo do sexo sadomasoquista não é o intercurso em si: “Um bom sexo 
sadomasoquista não termina em orgasmo, mas sim em catarse”.
Freud foi um dos primeiros a discutir o sadomasoquismo dentro de um viés psicológico, se 
dedicou ao assunto durante vinte anos e suas teorias acabaram formando contradições entre 
si. Mas havia uma constante: O sadomasoquismo é patológico. Segundo Freud, as pessoas 
se tornam sádicas porque procuram uma maneira de exercer o desejo de controlar 
 sexualmente outra pessoa. Já o masoquismo, o desejo de submeter-se sexualmente à outra 
pessoa, surge de uma culpa sobre o desejo de dominar. Ele também argumentou que o 
desejo pelo masoquismo surge quando um homem quer fazer um papel passivo feminino na 
cama, assim gosta de ser amarrado e espancado, como uma forma de “ser castrado ou 
copulado”.
A visão de que o sadomasoquismo é patológico foi desmentida pela comunidade de 
especialistas em saúde mental. O sadismo sexual é um problema real, no entanto, é diferente 
do sadomasoquismo. Luc Granger, chefe do departamento de psicologia da Universidade de 
Montreal, criou um programa de tratamento intensivo para agressores sexuais em “La 
Macaza”, uma prisão em Quebec. Ele também realizou uma pesquisa sobre a comunidade 
sadomasoquista. Segundo ele, são populações muito distintas, no sadomasoquismo existem 
regras e consenso entre os envolvidos, já no sadismo sexual a pessoa sente prazer ao 
machucar ou controlar completamente uma pessoa indefesa.
Lily Fine, uma dominatrix profissional que dá aulas sobre sadomasoquismo em oficinas por 
toda a América, diz que “Eu posso até machucar, mas não vou chegar a ferir realmente a 
outra pessoa, nunca irei forçá-la além do seu limite ou causar algum dano grave como uma 
infecção”.
Apesar das pesquisas indicarem que o sadomasoquismo não causa danos reais e que não 
seja uma patologia, os psicanalistas sucessores de Freud ainda usam termos referentes a 
doenças mentais quando discutem o assunto. Sheldon Bach, professor de psicologia na 
Universidade de Nova Iorque e analista de supervisão na Sociedade Novaiorquina Freudiana, 
afirma que as pessoas são viciadas em sadomasoquismo. Elas sentem-se compelidas a 
“serem abusadas por sexo anal, rastejar de joelhos para lamber um pênis ou uma bota, e 
sabe lá mais o que”, o problema, ele continua, é que “essas pessoas são incapazes de amar e 
o sadomasoquismo foi a única forma de amor que elas encontraram, porque estão presas 
em interações sadomasoquistas que imitam as relações que tiveram com um de seus pais”.
Meredith Reynolds, Ph.D em sexualidade e membro do Conselho de Pesquisas Científicas e 
Sociais, afirma que as experiências vividas na infância moldam a maneira como a pessoa 
Se a criança quando ainda pequena presenciar o intercurso sexual, ela 
inevitavelmente irá considerar o sexo como uma forma de subjugação. As crianças 
veem isso de uma maneira sádica. – Sigmund Freud, 1905.
“
buscará prazer nas suas relações sexuais. ”A sexualidade não surge na puberdade”, diz ela 
“assim como outras áreas da personalidade, ela começa a se desenvolver desde o 
nascimento e é amadurecida ao longo da vida”.
Em seu trabalho sobre a exploração sexual em crianças, Meredith demonstrou que embora 
as experiências sofridas na infância possam influenciar na vida sexual adulta, o efeito disso 
geralmente vai embora conforme a pessoa adquire mais experiências sexuais. No entanto, 
em algumas pessoas esse efeito permanece, o resultado disso é uma conexão entre as 
memórias da infância misturadas com as experiências sexuais da vida adulta. Nesses casos, 
Meredith diz que “as experiências vivenciadas na infância afetaram a personalidade dapessoa e, por sua vez,  as experiências na vida adulta também”.
A Teoria de Meredith nos ajuda a compreender melhor o desejo de ser chicoteado, por 
exemplo, por uma criança que foi ensinada a sentir vergonha do seu corpo e desejos. E 
mesmo quando ela crescer e tiver mais experiências sexuais, sua personalidade pode ainda 
ter traços daquela necessidade de punição desenvolvida na infância, então o sexo 
sadomasoquista pode agir como uma ponte para que ela se sinta completa: amarrada à 
cama com cintos de couro, ela sabe que é inútil resistir e é forçada a ser completamente 
submissa. O sistema de retenção, a inutilidade da luta, a dor, as palavras de seu Mestre 
dizendo que ela é uma escrava amável, todos esses sinais permitem que ela se ligue ao seu 
lado sexual de forma completa.
Marina não sentia nenhum desejo pelo sadomasoquismo até superar um grave transtorno 
alimentar. “Uma noite pedi ao meu marido que colocasse as suas mãos em volta do meu 
pescoço e me sufocasse. Fiquei surpresa quando essas palavras saíram da minha boca”, 
disse ela. Depois que deu ao parceiro total controle sob seu corpo, sentiu que podia ser 
completamente sexual, sem a hesitação e desconexão que às vezes sentia durante o sexo 
tradicional. “Ele não gostava de sexo sadomasoquista, mas agora estou com alguém que 
gosta”. Marina ainda diz que “o sexo sadomasoquista torna a rotina sexual muito melhor, 
porque ela pode confiar mais nele e sente-se totalmente livre para falar o que quiser”.
A Teria da fuga
“Assim como o abuso alcoólico, a compulsão alimentar e a meditação, o sexo 
sadomasoquista é uma forma que as pessoas encontraram para se esquecerem de si 
mesmas por um período curto de tempo”, diz o professor de psicologia Roy Baumeister. ”É da 
natureza humana a maximização do controle. Existem dois princípios gerais que governam o 
estudo do eu, e o masoquismo é o contrário desses dois princípios”, afirmou Baumeister, cuja 
carreira é focada no estudo do eu e da identidadee.
Através de uma análise de várias cartas relacionadas ao sexo sadomasoquista, Baumeister 
chegou a acreditar que “o sadomasoquismo é um conjunto de técnicas que ajudam 
as pessoas a perderem suas próprias identidades temporariamente”. Ele argumentou que o 
ego ocidental moderno é uma estrutura incrivelmente elaborada, a nossa cultura tem 
colocado cada vez mais demandas sobre o “eu individual” do que qualquer outra cultura na 
história. Tais demandas aumentam o estresse de viver sob expectativas constantes e ao 
mesmo tempo existir como a pessoa que você quer ser. “O estresse faz você se esquecer de 
quem é, e você sente a  necessidade de ter uma válvula de escape” diz Baumesteir. Essa é a 
chamada “Teoria da fuga”, uma das principais razões pelas quais as pessoas se voltam para 
o sadomasoquismo.
“Nada importa, exceto eu, você e o som da minha voz”,  fala Lily para o empresário amarrado 
que implora para ser espancado antes do café da manhã. Ela diz isso devagarinho, fazendo-o 
esperar por cada palavra, forçando-o a se concentrar apenas no som de sua voz, ele 
flutua por antecipação às sensações que ela irá fazer surgir dentro dele. A ansiedade sobre a 
hipoteca, os impostos, os prazos no trabalho se perdem a cada batida que ela dá em seu 
corpo. O empresário é reduzido ao aqui e agora, sentindo apenas as ondas de dor e 
prazer. “Eu me interesso em manipular a mente das pessoas” diz Lily. “O cérebro é a maior 
zona erógena”. Em outra cena, Lily está com uma mulher, ela ordena que a outra tire a roupa, 
depois disso ela coloca uma venda sobre seus olhos. Diz para a mulher não se mover, em 
seguida Lily começa a passar um tecido sob o corpo dela, o move em diferentes ângulos, 
posições e velocidades. Às vezes ela faz com que o tecido passe pelos seios e estômago da 
mulher, esfregando de leve, criando círculos e redemoinhos nas costas dela de cima para 
baixo, a mulher começa a tremer de excitação. Ela não sabia o que eu estava fazendo com 
ela, mas com certeza estava gostando, disse Lily com um sorriso.
A Teoria da fuga, ou Teoria do escape, é apoiada por uma ideia chamada de “quadro”, essa 
ideia foi desenvolvida pelo falecido Ph.D Irving Goffman. De acordo com Goffman, no 
sadomasoquismo existem regras complexas, rituais, papéis e dinâmicas que criam um 
“quadro” em torno da experiência. “Os quadros suspendem a realidade, criam expectativas, 
normas e valores que definem essa situação como externa à vida”, confirma o 
Ph.D  Thomas Weinberg, sociólogo da Buffalo State College de Nova York e editor de 
“Sadomasoquismo: Estudos sobre Domínio e Submissão”(Prometheus Books, 1995). Uma 
vez dentro do quadro, as pessoas são livres para agir e sentir as experiências de uma forma 
que não poderiam fazer em outros momentos.
Sexo sadomasoquista: tão saudável quanto o sexo tradicional
Afinal, os principais componentes de um bom sexo sadomasoquista são: comunicação, 
respeito e confiança, os mesmos componentes do sexo tradicional. O resultado também é o 
mesmo: uma sensação de conexão com o corpo e com o eu. Laura Antoniou, uma escritora 
cujo trabalho sobre Sadomasoquismo foi publicado pela Masquerade Livros de Nova York, 
nos traz algumas novidades: “Quando eu era pequena, não pensava em nada além de 
fantasias sadomasoquistas. Fazia minhas bonecas entrarem no jogo, punia a Barbie por ser 
uma garota má, amarrava-a e fazia com que o Ken a dominasse. Sadomasoquismo é 
simplesmente a minha motivação para viver.
Além dos limites de um  jogo seguro
O sexo sadomasoquista é uma atividade saudável psicologicamente e embora seu lema seja 
“seguro, saudável e consensual”, às vezes as coisas podem sair fora do controle. É raro 
acontecer mas algumas pessoas se envolvem muito no jogo de poder e esquecem-se de que 
é preciso se controlar. Elas geralmente têm uma baixa autoestima e por isso acreditam que 
merecem ser punidas e simplesmente perdem o controle sobre o jogo. Nesse caso o 
sadomasoquismo deixa de ser algo saudável e torna-se doentio.
Limites
Uma pequena porcentagem de pessoas levam o sadomasoquismo para outras esferas de 
suas vidas. “A maioria das pessoas que curtem sadomasoquismo são dominantes ou 
submissas em situações muito específicas, em suas vidas cotidianas agem naturalmente”, 
diz o  psicólogo e professor Luc Granger. Mas se a única maneira que uma pessoa tem de se 
relacionar com as outras é por uma relação sadomasoquista, ela provavelmente tem um 
problema psicológico mais profundo.
O uso do sadomasoquismo como terapia
As pessoas muitas vezes acham que o sexo sadomasoquista é uma espécie de terapia, uma 
vez que se sentem tão aliviadas após o sexo, diz o psicólogo e professor Roy Baumeister. 
“Mas, para provar que alguma coisa é terapêutica, você precisa provar que existem benefícios 
a longo prazo sobre a saúde mental… e isso é muito difícil de ser provado, mesmo que a 
prática seja terapêutica. Então em termos de saúde mental, o sexo sadomasoquista não o 
torna pior nem melhor do que os outros.
Fonte: PsychologyToday traduzido e adaptado por Psiconlinews

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