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Análise de O Navio Negreiro

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COMENTÁRIO EM AULA (ANÁLISE)
O NAVIO NEGREIRO: UMA TRAGÉDIA NO MAR
 
A divina comédia é a melhor de todas as comédias, ela foi uma obra em que não ha um momento em que eu queira dar risada. Se trata de um cara que sai do inferno na companhia de um guia de viagem, o Virgílio. Quando Dante resolve se aventurar na selva escura (que é como ele se apresenta no começo da obra) ele possuía apenas 35 anos que para a época tratava-se da meia idade. Nessa viagem ele e Virgílio vão passar pelos 9 círculos do inferno. Cada circulo representava um pecado capital e dois deles representavam o limbo. O limbo era destinado as pessoas que não tinham executado nenhum pecado capital, mas não tinha sido batizada, Virgílio era uma dessas pessoas. E os outros círculos representavam um pecado capital. O Dante passou por todos os círculos e viu as atrocidades que essas pessoas eram submetidas, depois ele foi para o purgatório que também e representado em formato de circulo e termina no paraíso onde ele encontra a Beatriz (mulher que é capaz de tirar o cara do inferno e levá-lo para o paraíso). Não tem graça alguma, mas há um final feliz: encontrar a mulher que o leva ao paraíso. Esse era o conceito de comédia: o final ser feliz. 
O texto Navio Negreiro irá me levar, no ultimo canto, a um fim trágico. Ele pertence ao século 19 e faz parte do movimento literário Romantismo (a única coisa que une as três gerações do romantismo é a liberdade). A terceira geração do Romantismo (na qual Castro Alves se encontra) vai “beber” das águas da literatura Hugoana, a literatura de Victor Hugo. Ele escrevia uma literatura engajada, ou seja, ele escrevia com o objetivo de transformar a sociedade então ele aponta as mazelas sociais para que as pessoas percebam que elas existem e possam fazer algo sobre. Essa geração é engajada e foi completamente preocupada com as mazelas da sociedade.
Os miseráveis de Victor Hugo falavam sobre a vida do proletariado francês e ele falava isso de um jeito muito interessante. Era característico dele usar muitas hipérboles (figura de linguagem do exagero). Ele também usava muito o contraste (antítese) que é a união de contrários. Os contrastes idealizam. Castro Alves faz o mesmo em seu próprio texto, ou seja, o texto inteiro estará recheado com hipérboles e antíteses. Mas ha uma diferença entre ele e Victor Hugo. No texto de Alves ha uma temática social e as outras características do texto de Hugo, mas irei falar sobre o tráfico negreiro e da abolição da escravatura. 
Condoreirismo (um dos nomes da terceira fase do romantismo) vem da palavra Condor que é um pássaro da América Latina enorme, com as asas abertas esse pássaro chega a 115cm. Esse pássaro sobrevoa alturas inimagináveis e ao mesmo tempo entra grandes profundidades no mar para capturar sua presa. É um pássaro que vive em dois mundos, ele pertence ao céu e ao mesmo tempo ele vive muito bem no mar também. Esse foi o pássaro escolhido para ser o símbolo da terceira geração porque o Condor é uma metáfora do poeta da terceira geração. Porque segundo os poetas da terceira geração a função do poeta era de transformar a sociedade, mas como? Acreditava-se que os poetas da terceira geração conseguiam enxergar mais que as pessoas normais e ele tinha um compromisso de mostrar para o povo o que que ele viu a mais para que assim houvesse transformação social. O condor sobrevoando alturas inimagináveis consegue ver lá de cima a sua presa, é como se ele descesse do seu pedestal para ir a terra, para ver o que os outros não veem e é assim que se estabelece a relação entre os poetas e o pássaro. Ambos conseguiam enxergar além.
	O texto é dividido em seis cantos e cada canto tem um assunto próprio. O primeiro conto vai apresentar o mar como paraíso na terra, o mar se transforma no céu. Castro Alves usa isso como uma estratégia discursiva, ele não queria banalizar o assunto, o horror só vai aparecer a partir do 4 canto. O primeiro e o segundo canto vão representar o paraíso, o terceiro representa o purgatório e o quarto, quinto e sexto vão representar o inferno. Só por essa divisão podemos perceber que os cantos estabelecem uma relação antitética, de contradição. 
	O primeiro canto tem como objetivo falar que o mar e o céu têm muitas características em comum a ponto deles se abraçarem. Esse abraço mostra que o mar virou céu e que o céu virou mar. O segundo canto o eu-lírico volta no tempo para entender o porque o mar é considerado o paraíso na Terra. Para isso ele apresenta para a gente alguns países que participaram das grandes navegações e chegamos a conclusão que o mar transformou simples marinheiros em Deuses. O primeiro e segundo canto não combinam com o nome do poema pois eles esta nos apresentando o mar como o paraíso, com uma perspectiva de prazer. (o eu-lírico era alienado e não sabia de nada que estava acontecendo no navio) 
	O terceiro canto chamado de purgatório poético é o menor de todos, é o momento de transição entre o paraíso e o inferno. O eu-lírico pede ajuda para o Albatroz para mudar as coisas que é um pássaro maior que o condor e também voa alturas indescritíveis e mergulha profundidades indescritíveis. Ele não só pede ajuda para o Albatroz como ele se transforma no Albatroz e o pássaro se transforma no poeta, existe simultaneamente uma animalização e uma personificação. Ele se transforma nesse pássaro para que ele pudesse enxergar além, ele se transforma no poeta da terceira geração que é capaz de transformar a sociedade. 
	O quarto canto nos mostra o inferno da tortura que esses negros eram submetidos nesses navios. O quinto canto volta ao passado para descobrir quem eram aquelas pessoas submetidas a tortura. Ele enlouquece nesse canto, perde o juízo dele ao ver as pessoas serem torturadas. Ao voltar no passado ele percebe que aquelas pessoas eram africanas e viviam em liberdade total na África, eram guerreiros, mães, eram heróis que foram arrancados de suas terras e jogados no mar. O mar no quinto canto transforma homens semideuses em nada. O sexto canto é o inferno político, é o momento em que o eu-lírico joga a toalha e percebe que não há mais nada que se possa fazer. O único jeito é destruir esse Brasil, destruir a bandeira. Porque esse país não merece a independência porque ela foi conquistada com a grana da escravidão de um povo. 
	O texto inteiro se constrói por antíteses. O primeiro canto é o mar como paraíso na terra e o quarto canto mostra o mar como o inferno da tortura. Eles são opostos e aqui está a primeira relação antitética. O segundo canto ele volta no tempo e descobre que o mar transformou homens simples em deuses e no quinto canto ele também volta no tempo, mas descobre que o mar transforma semideuses em nada, em mortos. Os dois também mantem uma relação antitética. O terceiro canto traz a esperança, o eu-lírico se transforma em pássaro pois tem a esperança de mudar aquela situação e no sexto canto ele pede para a bandeira ser destruída, é a desesperança. E aqui também temos mais uma relação antitética. 
	No navio negreiro não há uma semelhança entre as estruturas poéticas das estrofes ou cantos. Não semelhança entre as rimas ou silabas poéticas ou na metragem. É tudo diferente. A explicação para esse fato é que o texto apresenta uma visão libertaria e não da para falar de liberdade em uma estrutura presa. A estrutura tem também um porque para combinar com o conteúdo. 
	
PRIMEIRO CANTO:
Há 11 quartetos com versos decassílabos (verso perfeito). Ele utilizou essa metragem pois ele estava falando com Deus e para isso ele precisava usar o verso perfeito para se dirigir a Deus. É um dos maiores cantos pois não se pode ter pressa para falar com Deus. Só o verso 2 e 4 rimam entre si em todas as estrofes e isso representa o movimento das ondas do mar quando se está em um barco. 
Stamos em pleno mar... Doudo no espaço; (Castro Alves tira o E da palavra estamos para que o S fique mais forte e torna o som mais forte e traz a impressão do barulho do mar) 
Brinca o luar — dourada borboleta; (a borboleta é a lua, pois quando estamos no barcotemos a sensação de que tudo está movimentando. Era assim que os marinheiros viam a lua) 
E as vagas após ele correm... cansam (ele aí é o luar pois na linha do horizonte não sabemos o que é mar e o que é céu. As vagas são as ondas.)
Como turba de infantes inquieta. (Turba significa multidão e infantes significa crianças. Ele compara as ondas com uma multidão de crianças inquietas. Ao fazer isso ele personificou a onda, deu características humanas a ela. Características de crianças como se essas ondas fossem puras como as crianças.) 
'Stamos em pleno mar... Do firmamento 
Os astros saltam como espumas de ouro... 
O mar em troca acende as ardentias, 
— Constelações do líquido tesouro... (ele mostra que o mar e o céu têm as mesmas propriedades, ele aproxima os dois) 
'Stamos em pleno mar... Dois infinitos 
Ali se estreitam num abraço insano, (esse abraço representa que o mar virou céu e vice e versa. Não há mais uma separação e agora o mar é o paraíso na terra.) 
Azuis, dourados, plácidos, sublimes... 
Qual dos dous é o céu? qual o oceano?... 
'Stamos em pleno mar. . . Abrindo as velas 
Ao quente arfar das virações marinhas, 
Veleiro brigue corre à flor dos mares,  
Como roçam na vaga as andorinhas... (ele fala do todo para as partes. O navio não é natureza, é criação do homem. Mas como ele está em harmonia ali parece que ele não foi criação do homem.) 
Donde vem? onde vai?  Das naus errantes (ele troca de interlocutor que passa a ser o navio. As perguntas feitas não são retóricas, ele realmente não sabe a resposta. Essas perguntas revelam que ele é um alienado que desconhece as coisas que acontecem no navio.) 
Quem sabe o rumo se é tão grande o espaço? 
Neste saara os corcéis o pó levantam,  
Galopam, voam, mas não deixam traço. (ele da a resposta do porque o tráfico negreiro é tão difícil de ser combatido. Ele compara o mar com o Saara e compara o navio com os corcéis. Ele mostra que no Saara o corcel passa e bateu um vento não existe mais rastros e a mesma coisa com o navio, ele passa a onda fecha e não há mais rastros. É uma crítica indireta a incompetência de combater o tráfico negreiro.)
Bem feliz quem ali pode nest'hora 	
Sentir deste painel a majestade! 
Embaixo — o mar em cima — o firmamento... 
E no mar e no céu — a imensidade! (mostra que tudo é prazer na natureza)
Oh! que doce harmonia traz-me a brisa! 
Que música suave ao longe soa! 
Meu Deus! como é sublime um canto ardente 
Pelas vagas sem fim boiando à toa! (a natureza está em festa, a natureza é prazerosa assim como ele esta em paz porque ele é alienado e não sabe de verdade o que esta acontecendo ali.) 
Homens do mar! ó rudes marinheiros, 
Tostados pelo sol dos quatro mundos! 
Crianças que a procela acalentara 
No berço destes pélagos profundos! (o pai e mãe desse homem é o mar, os marinheiros pertencem ao mar.)
Esperai! esperai! deixai que eu beba 
Esta selvagem, livre poesia 
Orquestra — é o mar, que ruge pela proa, 

E o vento, que nas cordas assobia... (o que ele escuta ali naquele navio é tão sublime que ele chama de Orquestra, mas é uma orquestra superior. Os instrumentos dessa orquestra são as ondas do mar e o som do vento, são elementos da natureza. O maestro dessa orquestra é Deus)
.......................................................... 
Por que foges assim, barco ligeiro? 

Por que foges do pávido poeta? 
Oh! quem me dera acompanhar-te a esteira 
Que semelha no mar — doudo cometa! 
Albatroz!  Albatroz! águia do oceano, Tu que dormes das nuvens entre as gazas, 
Sacode as penas, Leviathan do espaço, Albatroz!  Albatroz! dá-me estas asas. (o Albatroz estava dormindo e talvez por isso a alienação estava solta.) 
SEGUNDO CANTO: 
Ele não é continuação do primeiro. É uma quebra, o eu-lírico vai para o passado, usamos na literatura o termo analepse (flashback). Ele volta ao tempo porque quer saber o motivo de o céu e o mar se fundiram, ou seja, o mar ser o paraíso na terra. Ele vai buscar respostas na história do mar e das grandes navegações. Para falar dessa história ele traz 5 nações para representar esses marinheiros. Os espanhóis, italianos, ingleses, franceses e os gregos. São cinco porque na Grécia Antiga eles usavam a direção das estrelas para se guiarem nas navegações e assim são cinco nações para formar a estrela de cinco pontas. 
O segundo canto mostra que ele está falando sobre marinheiros simples, diferentemente do primeiro que ele falava de Deus e da natureza. A estrutura muda por causa disso, ele está falando com um homem simples, então ele usa a redondilha maior pois ela é mais popular. 
Que importa do nauta o berço, (nauta = marinheiro, ele quis dizer que não importa onde ele nasceu) 
Donde é filho, qual seu lar? 
Ama a cadência do verso 
Que lhe ensina o velho mar! (a sua moradia é o mar)
Cantai! que a morte é divina! 
Resvala o brigue à bolina 
Como golfinho veloz. (o golfinho representa o navio e ele compara marítimo com marítimo pois ele voltou ao tempo e o mar ainda não é o céu, não se fundiram)
Presa ao mastro da mezena 
Saudosa bandeira acena 
As vagas que deixa após.  (o único elo que existe entre o marinheiro e a sua terra é a bandeira que fica hasteada no mastro do navio, que da tchau para terra e tudo que fica para traz. Ele não tem elo com a pátria e sim com o mar. A única coisa que resta para faze-lo lembrar de sua pátria é a bandeira.)
Do Espanhol as cantilenas 
Requebradas de langor, 
Lembram as moças morenas, 
As andaluzas em flor! (o espanhol é representado por duas referencias: as cantilenas que é uma dança tradicional muito sensual e pelas andaluzas em flor. Andaluzas são as meninas de Andaluzia no sul da Espanha e são consideradas as mulheres mais bonitas da Espanha. O espanhol sente falta das mulheres.) 
Da Itália o filho indolente 
Canta Veneza dormente, 
— Terra de amor e traição, 
Ou do golfo no regaço 
Relembra os versos de Tasso, 
Junto às lavas do vulcão!  (Ele faz referência a Veneza que faz alusão a um lugar de amor desenfreado. Então de novo ele não sente falta da pátria e sim do sexo. De Tasso é uma referência que faz alusão a um poeta que escrevia poemas sensuais.) 
O Inglês — marinheiro frio, 
Que ao nascer no mar se achou, 
(Porque a Inglaterra é um navio, 
Que Deus na Mancha ancorou),  
Rijo entoa pátrias glórias, 
Lembrando, orgulhoso, histórias 
De Nelson e de Aboukir... (Nelson é uma referência que faz alusão ao comandante Nelson da batalha de aboukir que a Inglaterra saiu vitoriosa. Esse cara não sente falta das mulheres e sim das glorias e de sua pátria)
O Francês — predestinado — 
Canta os louros do passado 
E os loureiros do porvir! (O Frances sente falta das glorias.) 
Os marinheiros Helenos, 
Que a vaga jônia criou, (é como se eles tivessem nascido das ondas do mar) 
Belos piratas morenos 
Do mar que Ulisses cortou, (Ulisses é uma referência que faz alusão ao Odisseu protagonista de Odisseia. Ele é o modelo de marinheiro que não se importa com a pátria, nada para ele era mais importante que o mar e ficou 20 anos fora de casa) 
Homens que Fídias talhara, (Fidias é uma referência que faz alusão a um escultor grego, ele só esculpia Deus. Então no mar esses homens se transformam deuses, ou seja, o mar é capaz de transforma-los.) 
Vão cantando em noite clara 
Versos que Homero gemeu ... (Homero é uma referência que faz alusão a Ilíada da Odisseia. Os deuses quem cantam.) 
Nautas de todas as plagas, 
Vós sabeis achar nas vagas 
As melodias do céu! ... (o marinheiro consegue encontrar nas ondas do mar o poder divino) 
Os dois cantos representam o paraíso poético. 
TERCEIRO CANTO
Ele é o purgatório pois está no meio do caminho entre o 1 e 2 cantos que é o paraíso e o 4,5,6 cantos que é o inferno. Aqui é o purgatório poético. Ele já adianta o inferno. É uma continuação do primeiro porque ele volta para o presente.
O Albatroz acordou. 
Desce do espaço imenso, ó águia do oceano! 
Desce mais ... inda mais... não pode olhar humano (ele acordou, respondeu o eu-lirico e ainda obedeceu aos seus comandos. Ele desce tanto que eles se fundem, o eu-lirico se transforma no albatroze vice e versa, aqui há a animalização do eu-lírico e simultaneamente a personificação do albatroz.)
Como o teu mergulhar no brigue voador! 
Mas que vejo eu aí... Que quadro d'amarguras! (Quando ele se transforma em albatroz ele consegue ver e começa a enxergar além assim como o poeta da terceira geração.) 
É canto funeral! ... Que tétricas figuras! ... 
Que cena infame e vil... Meu Deus! Meu Deus! Que horror!
QUARTO CANTO
Há 6 estrofes com 6 versos em cada uma delas. Não basta falar do inferno, é preciso ter uma estrutura infernal. Para ter o terceiro 6 era preciso que todos os versos tenham 6 silabas poéticas, mas isso não acontece. Ele não tem todos os versos assim pois se assim fosse iria ter uma harmonia e estamos falando de inferno. Aqui há dois tipos de versos: decassílabos nos dois primeiros versos e depois um hexassílabo com 6 silabas. E assim se completa o 666. 
Era um sonho dantesco... o tombadilho (o dantesco é uma referência que faz alusão a divina comedia de Dante. A Divina comedia conta a história de Dante que a meia idade resolve fazer uma viagem astral. Ele sai do inferno na companhia do Virgílio, esse inferno tem 9 círculos sendo 7 para cada pecado capital e 2 para o limbo que é onde as pessoas que não foram batizadas ficam. O Virgílio está no limbo, ele é um poeta da antiguidade clássica, ou seja, pré-cristão. Então como ele não foi batizado ele foi para o limbo e não pode entrar no paraíso. Então ele consegue entrar e guiar o Dante nesse caminho do inferno e eles passam por todos os círculos. Cada circulo tem uma cara diferente e acontecem coisas diferentes e Lúcifer não aparece nos 9 círculos, ele só aparece no ultimo. Esse circulo é totalmente congelado porque o gelo significa ausência total da vida. Logo depois desses círculos Dante vai para o purgatório que é onde as pessoas ficam antes de saber se vão para o paraíso ou inferno. E depois ele vaia para o paraíso onde temos a Beatriz, e Virgílio entrega Dante nas mãos dela pois ele não pode entrar no paraíso. O Navio negreiro estabelece relação intertextual com a Divina comedia pois há também paraíso, purgatório e inferno e isso é uma paráfrase. Só que a estrutura é as avessas pois o navio começa no paraíso vai para o purgatório e termina no inferno. Há uma paráfrase de conteúdo e uma paródia de estrutura e gênero pois um é comedia e o outra tragédia.)
Que das luzernas avermelha o brilho. 
Em sangue a se banhar. (aqui aparece uma hipérbole porque por mais que há muita tortura nunca que vai encontrar um navio banhado de sangue.) 
Tinir de ferros... estalar de açoite...  
Legiões de homens negros como a noite, 
Horrendos a dançar...  (no primeiro canto tínhamos duas cores que representavam o céu: o azul e o dourado. Aqui também há duas cores: o vermelho e o preto. La tinha dois sons que apareciam frequentemente: o som do vento e das ondas do mar. Aqui também há dois sons frequentes: o som da tortura (tinir de ferros e estalar do açoite.) Esse canto é construído a partir do outro só que antiteticamente. La eu tenho sons divinos e aqui sons infernais. Legião é o coletivo de anjo e ali havia homens no navio e eles o idealiza. Ele diz que esses homens eram muito puros.)
Negras mulheres, suspendendo às tetas  
Magras crianças, cujas bocas pretas (Na estrofe anterior ele traz os homens como anjos e aqui já é visível a degradação deles. Houve uma animalização quando ele fala suspendendo as tetas. O navio é capaz de transformar ate anjos em animais.) 
Rega o sangue das mães: (isso é uma homenagem as mães que alimentavam os filhos com o próprio sangue)
Outras moças, mas nuas e espantadas, (moça significa que ela é virgem, mas essa moça esta nua e espantada, ou seja, ela é constantemente estuprada) 
No turbilhão de espectros arrastadas, 
Em ânsia e mágoa vãs!  (não tem como mudar aquele cenário ou fugir daquilo)
E ri-se a orquestra irônica, estridente... (e para piorar a situação do tinir de ferros e estalar dos açoites aparece nessa orquestra o som da risada do Algoz que acha prazeroso torturar essas pessoas. A orquestra aqui é diferente da do primeiro canto, aqui é uma orquestra inferior e seus instrumentos são o tinir de ferros, o estalar do açoite e a risada estridente.)
E da ronda fantástica a serpente  
Faz doudas espirais ... (a serpente é uma referência bíblica que faz alusão ao pecado. Mas também ao chicote. O chicote faz doudas espirais pois para dar uma chibatada mais forte eles pegavam impulso e esse movimento formava um circulo, ou seja, a serpente formava circulo. Cada chibatada cria um inferno dentro do navio.) 
Se o velho arqueja, se no chão resvala,  
Ouvem-se gritos... o chicote estala. 
E voam mais e mais...  
Presa nos elos de uma só cadeia,  
A multidão faminta cambaleia, 
E chora e dança ali! 
Um de raiva delira, outro enlouquece,  
Outro, que martírios embrutece, 
Cantando, geme e ri!  (as pessoas ficam loucas nesse navio e isso é uma coisa legal porque não há o que fazer e se eu fico louco eu me liberto daquilo. Para sair desse cenário é só com a loucura ou com a morte)
No entanto o capitão manda a manobra, 
E após fitando o céu que se desdobra, 
Tão puro sobre o mar, 
Diz do fumo entre os densos nevoeiros: (é a única vez que o eu-lírico usas aspas e ele faz isso porque quer mostrar que quem fala isso não é ele e sim o capitão.) 
"Vibrai rijo o chicote, marinheiros! 
Fazei-os mais dançar!..."  
E ri-se a orquestra irônica, estridente. . . 
E da ronda fantástica a serpente 
Faz doudas espirais... (a tortura recomeça e novos círculos são criados, a tortura não tem fim.)
Qual um sonho dantesco as sombras voam!... (Essas pessoas são abandonadas por Deus pois sombra é a ausência de luz) 
Gritos, ais, maldições, preces ressoam! 
E ri-se Satanás!...  
 QUINTO CANTO: 
O quinto canto é uma antítese do segundo canto. O segundo volta no tempo e o quinto também. Aqui ele volta no tempo para tentar descobrir quem são as pessoas torturadas. O eu-lírico aqui esta inconformado depois de começar a ver toda aquela tortura ele perde a sanidade. Aqui ele apresenta a natureza em estado de caos, ele desaparece do segundo canto e faz apenas perguntas. Começa a encovar a musa da liberdade que é de uma entidade pagã e ela assume o texto. Outra coisa que mostra que ele está louco é que quando ele está falando com Deus ele não usa o decassílabo, ele usa a redondilha maior. Ele está tão inconformado que ele vai começar a falar com Deus de igual para igual. Ele pergunta as coisas para Deus, mas na hora de escolher culpados e punir eles ele pede para as estrelas e coisas da natureza para faze-lo. Esse é o canto em que mais tem antíteses e hipérboles. A todo momento ele fala do ontem e o hoje e eles são antitéticos. O ontem vai representar a liberdade e o hoje sempre vai representar o navio que é a prisão.
	Muitos críticos chamam esse canto de alegoria do inconformismo Hugoana. Inconformismo é muito abstrato e quando se coloca a alegoria o torna mais concreto e o Hugoana é porque é aos moldes de Victor Hugo com muitas hipérboles muitas antíteses.
Senhor Deus dos desgraçados! (sem graça divina. O Deus das pessoas torturadas não pode ser o mesmo do Deus dele)
Dizei-me vós, Senhor Deus! 
Se é loucura... se é verdade 
Tanto horror perante os céus?! 
Ó mar, por que não apagas 
Co'a esponja de tuas vagas 
De teu manto este borrão?... (ele pergunta para Deus, mas quando ele manda fazer alguma coisa ele manda o mar ou elementos da natureza fazer.) 
Astros! noites! tempestades! 
Rolai das imensidades! 
Varrei os mares, tufão!  (ele manda na natureza e aqui revela que ele não está muito equilibrado pois está tudo um caos.)
Quem são estes desgraçados (as perguntas nunca são retóricas, quando ele pergunta é porque ele não sabe mesmo.)
Que não encontram em vós 
Mais que o rir calmo da turba 
Que excita a fúria do algoz? (essas pessoas não encontram ajuda e sim uma excitação maior ainda do algoz)
Quem são?   Se a estrela se cala, 
Se a vaga à pressa resvala 
Como um cúmplice fugaz, 
Perante a noite confusa... 
Dize-o tu, severa Musa, 
Musa libérrima, audaz!...(ele pede ajuda para entidade pagã)
(quem responde aqui é a Musa da liberdade)
São os filhos do deserto, 
Onde a terra esposa a luz. 
Onde vive em campo aberto 
A tribo dos homens nus... (de novo a ideia do anjo. Passamos a ter consciência da nudez depois do primeiro pecado segundo a bíblia, então se esses caras viviam nus é porque eles não pecavam. Aqui há uma idealização, pois, todo ser humano peca.)
São os guerreiros ousados 
Que com os tigres mosqueados (antes no passado o velho do canto anterior era um guerreiro que combatia tigres. Então só chega ao navio quem era muito forte, mas o navio é capaz de destruir qualquer um.)
Combatem na solidão. 
Ontem simples, fortes, bravos. (liberdade)
Hoje míseros escravos, 
Sem luz, sem ar, sem razão. . .  (prisão)
São mulheres desgraçadas, 
Como Agar o foi também. 
Que sedentas, alquebradas, 
De longe... bem longe vêm... 
Trazendo com tíbios passos, 
Filhos e algemas nos braços, 
N'alma — lágrimas e fel... 
Como Agar sofrendo tanto, 
Que nem o leite de pranto 
Têm que dar para Ismael.  (Ismael e Agar são personagens bíblicos. Agar faz alusão a uma escrava que era escrava de Sara e Abrahão. Essa escrava, com a permissão de Sara, Abrahão teve um filho com ela pois Sara já era mais de idade. O filho deles se chama Ismael. Só que a Sara recebe o dom divino de poder ser mãe e ela tem um filho chamado Isaque, só que a convivência ali se torna muito difícil a ponto de Sara fazer a cabeça de Abrahão para que ela expulse a Agar e o filho. Quando a expulsa foi expulsa ela perdeu o leite e teve um monte de problemas, assim como as mulheres do quarto canto. A Agar não teve o leite, mas ela recebeu uma ajuda divina e voltou a ter leite. Com isso ele quis mostrar que houve uma diferença entre a Agar e o Ismael e as outras escravas. Ismael não tomou sangue e Agar recebeu ajuda divina, diferentemente das escravas.)
Lá nas areias infindas, 
Das palmeiras no país, (referencia que faz alusão a canção do exilio que fala da flora perfeita)
Nasceram crianças lindas, 
Viveram moças gentis... (esse gentil significa selvagem)
Passa um dia a caravana, 
Quando a virgem na cabana 
Cisma da noite nos véus ... (a moca se casou e foi para tenda consumar o casamento e a caravana passa e as sequestram) 
... Adeus, ó choça do monte, 
... Adeus, palmeiras da fonte!... 
... Adeus, amores... adeus!...  
Depois, o areal extenso... 
Depois, o oceano de pó. 
Depois no horizonte imenso 
Desertos... desertos só... 
E a fome, o cansaço, a sede... 
Ai! quanto infeliz que cede, 
E cai p'ra não mais s'erguer!... 
Vaga um lugar na cadeia, 
Mas o chacal sobre a areia 
Acha um corpo que roer.  (a estrada para o navio era horrível e só os mais fortes sobrevivem)
Ontem a Serra Leoa, 
A guerra, a caça ao leão, 
O sono dormido à toa 
Sob as tendas d'amplidão! 
Hoje... o porão negro, fundo, 
Infecto, apertado, imundo, 
Tendo a peste por jaguar... 
E o sono sempre cortado 
Pelo arranco de um finado, 
E o baque de um corpo ao mar...  
Ontem plena liberdade, 
A vontade por poder... 
Hoje... cúm'lo de maldade, 
Nem são livres p'ra morrer... 
Prende-os a mesma corrente 
— Férrea, lúgubre serpente — 
Nas roscas da escravidão. 
E assim zombando da morte, 
Dança a lúgubre coorte 
Ao som do açoute... Irrisão!...  
Senhor Deus dos desgraçados! 
Dizei-me vós, Senhor Deus, 
Se eu deliro... ou se é verdade 
Tanto horror perante os céus?!... 
Ó mar, por que não apagas 
Co'a esponja de tuas vagas 
Do teu manto este borrão? 
Astros! noites! tempestades! 
Rolai das imensidades! 
Varrei os mares, tufão! ... (a resposta da Musa não adiantou nada e ele continua com todas aquelas perguntas.) 
SEXTO CANTO: 
O eu-lírico recupera a sanidade mental. A estrutura é composta por versos decassílabos em oitava rima que é a mesma estrutura de os Lusíadas. As estrofes têm oito versos e todos eles rimam entre si. A estrutura volta a ser uma grande preocupação. No sexto canto ele vai destruir a bandeira e rebaixar o povo brasileiro. É um canto político. Ele usa o decassílabo em oitava rima pois ele estabelece uma relação de parodia com os Lusíadas de Camões que usam o decassílabo em oitava rima para enaltecer o povo lusitano. Castro Alves vai usar essa mesma estrutura que é perfeita para rebaixar o povo brasileiro. Ao mesmo tempo que é uma parodia de conteúdo é também uma paráfrase de estrutura porque a estrutura é igual. 
Existe um povo que a bandeira empresta (ele quer irritar o povo que está na frente dele escutando ele cantar o poema) 
P'ra cobrir tanta infâmia e cobardia!... 
E deixa-a transformar-se nessa festa 
Em manto impuro de bacante fria!... (Bacante é a adoradora de Baco o deus do vinho.
Meu Deus! meu Deus! mas que bandeira é esta, (a bandeira aqui é uma metonímia que representa o povo brasileiro e a liberdade de um povo. Essa liberdade foi vendida, que foi alcançada às custas da escravidão de um povo. Aqui ele percebe que a culpa do tráfico e de todas aquelas tragédias não era de Deus e nem da natureza e sim do povo brasileiro. A pergunta sobre a bandeira é retorica.)
Que impudente na gávea tripudia? (essa bandeira está impune dançando no vento hasteada no navio.)
Silêncio.  Musa... chora, e chora tanto (ele manda a musa chorar. A Musa aqui é uma referência que faz alusão a musa que conversou com ele no quinto canto. Ele a manda chorar para que as lagrimas consiga lavar os pecados do chão daquele navio) 
Que o pavilhão se lave no teu pranto! ...  
Auriverde pendão de minha terra, 
Que a brisa do Brasil beija e balança, (aqui há uma aliteração [repetição de consoantes] o som resultante dela é uma explosão. Ele faz isso para mostrar o ódio dele) 
Estandarte que a luz do sol encerra 
E as promessas divinas da esperança... 
Tu que, da liberdade após a guerra, 
Foste hasteado dos heróis na lança 
Antes te houvessem roto na batalha, 
Que servires a um povo de mortalha!...  (ele está brigando na bandeira e ele diz que ele preferiria que essa bandeira não existisse, que ela tivesse sido rasgada em alguma batalha. Ele preferiria que o povo brasileiro tivesse sido exterminado em alguma batalha. Ele diz que não mereceríamos a independência.) 
Fatalidade atroz que a mente esmaga! 
Extingue nesta hora o brigue imundo (ele pede para que o navio seja exterminado. So que não adianta exterminar apenas um navio)
O trilho que Colombo abriu nas vagas, (Colombo é uma referência que faz alusão ao homem que descobriu o caminho para chegar ate aqui. Ele não quer que ninguém mais saia ou entre aqui no Brasil e essa é a única forma de exterminar o tráfico) 
Como um íris no pélago profundo! 
Mas é infâmia demais! ... Da etérea plaga 
Levantai-vos, heróis do Novo Mundo! 
Andrada! arranca esse pendão dos ares! 
Colombo! fecha a porta dos teus mares! (Andrada é uma referência que faz alusão ao patriarca da independência. Ele pede para o patriarca da independência arrancasse a bandeira, ele queria a nossa independência de volta.)

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