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FEBRE NA PEDIATRIA · Doenças que causam elevações na temperatura corporal. Nas crianças é mais comum infecções virais. A febre é um componente da resposta inflamatória, apenas um sinal do processo patológico e NÃO é doença. · FEBRE x HIPERTERMIA: Hipertermia é simplesmente o superaquecimento do corpo pela incapacidade de dissipar um excesso de calor endógeno ou exógeno não tem a ver com inflamação ou infecção. FEBRE Manutenção da temperatura corporal hipotálamo (age como termostato). Estímulos pirógenos exógenos (infecções) induzem macrófagos a liberarem pirógenos endógenos (citocinas) induzem o hipotálamo anterior a elevar o ponto de ajuste da temperatura mediante produção local de Prostaglandina E2 (catalisada pelas Cicloxigenases) corpo tenta aumentar sua Tcentral adaptando-a ao novo ponto de ajuste através de mecanismos que geram calor = vasoconstrição cutânea, diminuição da sudorese, tremores da musculatura estriada = sensação de frio. É regulada dentro dos limites benignos e raramente se eleva a T>41 graus (hiperpirexia). HIPERTERMIA É o aumento não regulado da temperatura, acima do ponto de ajuste do hipotálamo, por causas NÃO infecciosas = distúrbios da tireóide, intermação (tipo insolação) ou exercício excessivo sensação de calor, vasodilatação periférica e sudorese. Pode elevar a temperatura do corpo a níveis perigosos. · TRetal = padrão ouro de aferição da Tcorporal entre os métodos não invasivos. É a única cujo calores não são apresentados com variabilidade pois há consenso. · Tsublingual, cutânea e axilar = não são suficientes para confirmar situações clinicas em que a acurácia é importante. · Ttimpânica = melhor concordância mas a sensibilidade pode ser muito baixa para uso em situações de gravidade. · Estudo brasileiro: 2/3 dos cuidadores administram medicamentos como 1ª medida frente a um episódio de febre e que 1/3 utiliza terapia alternada com antipiréticos diferentes, com a justificativa de ausência a resposta a monoterapia. Cerca de 70% das doses utilizadas estavam abaixo da dose mínima recomendada para o tratamento da febre. Outro estudo comprovou que 60% de prescrições médicas continham mais de 3 drogas como Ibuprofeno, Dipirona, Cetoprofeno e Paracetamol. · Atualmente há evidências de que a supressão da febre poderia levar ao aumento da morbidade por muitos dos processos patológicos causadores. Porém não há estudos que provem que a febre facilita ou atrasa a recuperação de infecções. Ao contrário, o uso de anti-inflamatórios não hormonais parece aumentar os níveis de anticorpos quando associado a vacinação anti-influenza. DIAGNÓSTICO DE FEBRE Envolve 3 questões fundamentais: detecção da febre em si, avaliação do risco de doença grave e identificação de doença causadora. A frequência da medida da temperatura deve ser feita entre 1 e 2x/dia, durante processos infecciosos em crianças saudáveis > 3 meses, com a atividade preservada. Temperatura retal é considerada o padrão ouro, porém a temperatura temporal com dispositivos infravermelhos tem potencial para se tornar a melhor opção. Recente consenso de especialistas: · RN: medir Taxilar com termômetro eletrônico. · 1 mês a 5 anos: medir Taxilar com termômetro eletrônico ou de mudança de fases, ou ainda infravermelho timpânico. · > 5 anos: medir Toral ou retal com termômetro eletrônico. Detecção subjetiva por pais e cuidadores deve ser valorizada como triagem. Sistema de semáforos é um dos mais práticos e abrangentes. Crianças na coluna vermelha devem ser avaliadas por médico em menos de 2 horas. Amarelo indica orientação por telefone e avaliação médica. Verde indica observação domiciliar, com busca de atendimento em caso de convulsão, exantema que não desaparece a pressão, piora do estado, aumento da preocupação dos pais, febre >5 dias. MANEJO DA FEBRE · Crianças com febre não devem ser despidas ou muito agasalhadas. · Manter o ambiente bem ventilado, criança pode ficar ao ar livre sem exposição direta ao sol. · Líquidos de qualquer natureza devem ser oferecidos com frequência e insistência gentil. · Oferta de comidas deve respeitar a aceitação natural drogas antipiréticas não melhoram o apetite. · Esponjar o corpo com água tépida pode reduzir temporariamente a temperatura do corpo mas causa mais desconforto, arrepios e tremores. Indicada somente em casos de temperatura > 41 graus, 30 min após adm de antipirético. · Banhos com álcool misturado a água são sempre contraindicados! · Antipiréticos não devem ser utilizados somente para reduzir a temperatura em si. Reserva-se a crianças com desconforto físico ou dor. Não previnem convulsões febris e não devem ser usadas com esse objetivo. · Ao optar por prescrever antitérmico informar que ele não diminuirá a temperatura até o nível normal e não impede que os picos febris se repitam por vários dias enquanto a infecção durar. ANTIPIRÉTICOS: · Usados em regime de monoterapia, não superpor ou intercalar drogas diferentes. Se a criança não responder usar outra alternativa. · Evitar doses de ataque maiores do que o recomendado. · Drogas antipiréticas efetivas = Paracetamol, Dipirona e Ibuprofeno (eficácia analgésica e antipirética similar entre dipirona e ibuprofeno, ambas mais eficazes que paracetamol). Lago, Patricia Miranda do / Ferreira, Cristina Targa / Mello, Elza Daniel de / Pinto, Leonardo Araujo / Epifanio, Matias. Pediatria baseada em evidências. 1 ed.
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