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232 TRATAMENTO DAS CICATRIZES ATRÓFICAS DE ACNE POR MEIO DO MICROAGULHAMENTO COM EQUIPAMENTO DERMAPEN EM MULHERES ENTRE 20 A 30 ANOS ACNE ATROPHIC SCARS TREATMENT THROUGH MICRONEDDLELING USING DERMAPEN EQUIPMENT ON WOMEN BETWEEN THE AGES OF 20 AND 30 YEARS OLD Beatriz Bueno Pereira – beatrizbuenno@hotmail.com Daniela da Silva Terruel – daniterruel@gmail.com Maira Fernanda Boulhossa Carrillo – maira_plis@live.com Discentes do Curso de Bacharel em Estética – UniSALESIANO Lins Prof.ª Ma. Cristiane Rissatto Jettar Lima – estética@unisalesiano.edu.br RESUMO As cicatrizes de acne causam um desconforto estético para a maioria das mulheres, levando-as à busca de tratamentos que amenizem o aspecto dessas afecções. Entre os métodos de tratamento, encontra-se o microagulhamento, uma técnica desenvolvida em produzir minúsculos furos na pele com o objetivo de gerar um processo inflamatório local para um posterior reparo tecidual. O estudo teve como objetivo demonstrar possível melhora nas cicatrizes atróficas de acne por meio do microagulhamento com a modalidade dermapen. Foram selecionadas seis voluntárias do gênero feminino, com idade entre 20 a 30 anos apresentando cicatrizes atróficas de acne na face. O experimento foi realizado na Clínica Corpo e Essência, localizado na cidade de Lins/SP. Foram realizadas quatro sessões com o intervalo de 21 dias entre elas. Os resultados foram analisados por registro de imagem nas quais se visualizou uma discreta melhora na aparência das cicatrizes atróficas de acne, além de benefícios como, redução de ósteos dilatados, aumento da luminosidade e uniformização da pele. Palavras-chave: Acne. Cicatrizes atróficas. Microagulhamento. ABSTRACT The scars caused by acne cause an aesthetic discomfort to the majority of women, driving them to seek for treatments that soften the aspect of such conditions. Among the treatment methods is microneedling, a techinique that consist on producing tiny holes on the skin with the target of generating an inflammatory process for an afterward tissue repair. The study had the objective of showing possible improving on the atrophic acne scars through microneedling using the dermapen device. Six female volunteers, with ages between 20 and 30 years old were selected for the study. They all presented atrophic acne scars. The experiment was held at Clinica Corpo e Essência, located in Lins/SP. Four sections were performed with a 21 day break between each section. The results were analyzed by image recording in which a discreet improvement in the appearance of atrophic acne scars was observed, besides benefits such as reduction of dilated osteoses, increase of luminosity and uniformity of the skin. Key words: Acne. Atrophic scars. Microneedling. 233 INTRODUÇÃO O presente estudo tem como escopo o uso do microagulhamento nas cicatrizes atróficas de acne, sendo uma técnica moderna em opção de tratamento, mostrando significante efeito na indução de colágeno, redução de rugas, cicatrizes, pigmentação, melhorando a aparência, textura e luminosidade da pele. É de conhecimento geral que o processo de cicatrização do ser humano ocorre de acordo com as seguintes etapas: hemostasia, inflamação e reparação do tecido lesionado. (KEDE; SABATOVICH, 2009 apud LIMA; SOUZA, 2015) Trata-se de uma pesquisa experimental, com abordagem qualitativa, que teve como objetivo verificar os efeitos do microagulhamento por meio da dermapen no reparo nas cicatrizes atróficas de acne. Como hipótese aventou-se a promoção do reparo tecidual pelo incremento a síntese de colágeno e elastina, reorganizando as fibras internas e consequentemente harmonizando o aspecto das cicatrizes. O experimento foi realizado com seis voluntárias do sexo feminino, com faixa etária entre 20 a 30 anos, recrutadas por meio de redes sociais, apresentando cicatrizes atróficas de acne em pele íntegra. Foram realizadas quatro sessões com intervalo de 21 dias. 1 ACNE A acne é uma afecção dermatológica que atinge as unidades pilos sebáceas de algumas áreas do corpo, sendo bastante frequente entre os 80% dos adolescentes. (MANFRINATO, 2009 apud SUDO, 2014) Esta afecção é a mais comum das doenças crônicas do folículo pilos sebáceo da pele humana, causada por múltiplos fatores e que leva ao aparecimento de vários tipos de lesões. No entanto, Ribeiro (2010 apud SUDO, 2014) sugere que apenas 10 a 20% dos portadores de acne precisam de tratamento medicamentoso, podendo ser por via oral e/ou tópica. Segundo Souza (2005 apud SUDO, 2014), a acne torna-se muitas vezes difícil de diagnosticar o que realmente ocasionou seu surgimento, afetando normalmente áreas como, face, tórax e dorso. A acne pode ser classificada em 4 graus conforme explicitado no quadro a 234 seguir: Quadro I: Grau de acne 1) Acne grau I: (Acne comedogênica - não inflamatória) apresenta pele oleosa, comedões abertos e fechados; 2) Acne grau II: (Acne pápulo-pustulosa inflamatória) apresenta pele oleosa, comedões abertos e fechados, pápulas, pústulas, nódulos e cistos; 3) Acne grau III: (Acne nódulo-cística inflamatória) apresenta pele oleosa, comedões abertos e fechados; 4) Acne grau IV: (Acne fulminante) forma infecciosa e sistêmica da acne, de causa desconhecida e inicio abrupto, que acomete predominantemente o sexo masculino. Apesar de rara, é devastadora e grave. A etiologia da acne fulminante não é a mesma da acne vulgar, ou seja, não ocorre com o mesmo processo de obstrução do folículo pilossebáceo, hipersecreção e fatores hormonais. Em alguns casos o indivíduo acometido possui pápulas, pústulas e nódulos que evoluem para úlceras. Pode também haver dores nas articulações e febre. O tratamento é exclusivo por médicos. Fonte: (GOMES, 2006 apud SUDO, 2014) 1.1 Cicatriz Atrófica de Acne As cicatrizes atróficas são depressões dérmicas mais comumente provocadas por destruição do colágeno durante doenças cutâneas de caráter inflamatório, como acne nódulo-cística ou varicela, ou após traumas, queimaduras e cirurgias. São cicatrizes de difícil tratamento, geralmente abordadas cirurgicamente. Entretanto, tratamentos menos invasivos têm sido utilizados com relativo sucesso. (PARK, 2011 apud CACHAFEIRO, 2015). A atrofia pode afetar a epiderme, a derme e o subcutâneo. As lesões inflamatórias da acne maturam através das fases da cicatrização, desde a inicial, inflamação e formação de tecido de granulação até a subsequente fibroplasia, neovascularização, contratura da ferida e remodelação tecidual. As lesões de acne se iniciam geralmente bem abaixo da epiderme, o que leva a uma cicatrização que envolve preferencialmente estruturas mais profundas. (GOODMAN, 2000 apud KELLER, 2006). Como as cicatrizes maturam, sua contração promove nas camadas superficiais uma aparência denteada. A atividade enzimática e mediadores da inflamação também provocam a destruição dessas estruturas profundas, o que leva à perda de substância, contribuindo para a gravidade da atrofia cicatricial. (GOODMAN, 2000 apud CACHAFEIRO, 2015) 1.1.1 Tipo de acne que causa cicatriz 235 As cicatrizes são resultados da acne inflamatória e estão associadas a um aumento ou perda de colágeno, apresentando características diversas podendo ser atróficas (associada à perda tecidual), hipertróficas ou queloideanas com inchaço bem delimitado, de forma irregular, de cor rosa a vermelho escuro. (CÔRTES, 2009). A acne vulgar é uma das doenças de pele mais comuns. Após o término da fase inflamatória ativa, grande parte dos pacientes apresentacicatrizes atróficas. As cicatrizes de acne são um problema estético e psicológico. (KALIL, 2015) 1.1.2 Malefícios da acne Com a maior perspectiva de vida, o homem tem se preocupado com o bem estar da saúde e qualidade de vida, e a estética tem se tornado um fator primordial para autoestima. Em tempos contemporâneos a saúde da pele tem alcançado uma maior atenção e cuidado. (FONSECA, 2016) De acordo com o autor supracitado, a acne é um vilão à saúde do homem desde sempre, causando transtorno a alguns indivíduos que têm maior predisposição à doença, proporcionando dores, deformações na pele, aparência desagradável e outras consequências negativas, que muitas vezes interfere até na saúde psicossocial. Neste sentido, é importante compreender como a doença se desenvolve, qual a pele com maior predisposição e como tratá-las de forma que amenize o mal estar da pessoa. 2 MICROAGULHAMENTO O microagulhamento é um tratamento em que são usadas diversas agulhas esterilizadas e de aço cirúrgico, que podem inclusive estar dispostas em um rolo, para facilitar sua aplicação. Esse rolo é aplicado na pele, provocando pequenas micropunturas, que aumentam a vasodilatação, induz à formação de colágeno garantindo a renovação da pele, sendo possível preencher cicatrizes, marcas de acne, além de reorganizar as fibras internas, deixando a pele mais firme e com mais vitalidade, aumentando a absorção de alguns medicamentos direto na pele, o chamado drug delivery. (AYRES, s.d.; FERREIRA, s.d. apud TORQUATO, 2014) Segundo Ayres (2016) é importante que o equipamento possua registro na 236 Agência Nacional de Vigilância Sanitária (ANVISA), certificação que garante a qualidade do produto em relação ao aço utilizado, número de agulhas, comprimento e diâmetro das agulhas e a esterilização do mesmo, evitando assim contaminações e complicações. 2.1 Técnicas de microagulhamento – Roller Segundo Borges e Scorza (2016), o roller ou dermaroller é normalmente constituído de um pequeno cilindro-rolo arquitetado com uma quantidade de finas agulhas que, dependendo do tipo de finalidade de uso, pode variar de 190 a 1080 agulhas de 0,20mm e 3mm de comprimento e vão de 0,1mm a 0,12mm de diâmetro no ponto máximo de penetração. A escolha do tamanho ideal, seja das agulhas ou largura do roller, dependerá do objetivo do tratamento e tamanho da área a tratar. Portanto, antes da escolha do roller deve-se realizar uma avaliação criteriosa do cliente para determinar o tipo e a profundidade da lesão, assim como o tamanho da área-alvo, para, dessa maneira, fazer uso do melhor equipamento. 2.2 Canetas de microagulhamento No mercado atual, existem aparelhos em forma de caneta para realização do microagulhamento. Essas canetas podem ser manuais ou elétricas, e suas agulhas são descartáveis. O equipamento elétrico também chamado de dispositivo elétrico de microagulhamento, permite a regulagem do tamanho das agulhas entre 0,25mm a 2mm de acordo com a profundidade da disfunção estética. A quantidade de agulhas pode variar nos refis (2, 3, 7, 12 ou 36 agulhas), trabalhando com um número maior de agulhas é o mais indicado para que se obtenha um trauma mais homogêneo. (BORGES; SCORZA, 2016) A caneta manual é utilizada com movimentos ascendentes e descendentes sobre a pele, perfurando-a repetidas vezes. Já a caneta elétrica é utilizada deslizando-a sobre a área-alvo, passando-a várias vezes sobre o mesmo local, com movimentos circulares ou retilíneos, até se obter um aspecto de lesão desejado, sem necessidade de pressioná-la sobre a pele. (CANETA DERMAPEN, s.d.; FERNANDES, 2008 apud EVANGELISTA, 2013) 237 Quanto à eficácia do roller em comparação com a caneta, os fabricantes atestam que a caneta elétrica é uma evolução do roller para a prática do microagulhamento, com a promessa de maior praticidade durante o procedimento. (BORGES; SCORZA, 2016) Segundo Arora e Gupta (apud BORGES; SCORZA, 2016), algumas vantagens do uso da caneta elétrica para o microagulhamento: a) é fácil de usar pelo fato de o sistema automático de movimento perpendicular da agulha sobre a pele proporcionar uma penetração com a profundidade necessária; b) é mais conveniente para o tratamento de áreas estreitas como nariz, ao redor dos olhos ou boca, sem danificar a pele adjacente. Com o diâmetro total da “cabeça-guia” de agulhas é cerca de 10 milímetros, permite tratar a área-alvo em qualquer direção; c) pelo fato de o comprimento da agulha ser regulável em altura, permite, numa mesma sessão, tratar diferentes áreas do rosto com maior eficiência e menor risco de lesão; d) é econômica, pois não há necessidade de se comprar um novo equipamento a cada tratamento, bastando apenas substituir o refil de agulhas, que tem baixo custo. 2.3 Benefícios gerais do microagulhamento Indicada para melhoria da flacidez da pele facial e corporal, estrias, cicatrizes atróficas, cirurgia e queimaduras, e também para queda de cabelo. Tem vantagem de ser procedimento feito no consultório, custo baixo, bem tolerado, com período curto de recuperação e sem dor. A expectativa é de melhora após primeira sessão (um mês após). (VIANA, 2016). 2.4 Indicações e Contra Indicações 2.4.1 Indicações Segundo Ayres (2016), o microagulhamento promove a restauração da lesão e reorganizando as fibras internas e assim: a) reduzindo rugas; b) atenuando cicatrizes de acne, linhas de expressão, manchas e estrias; 238 c) rejuvenescendo a pele; d) melhorando a textura; e) facilitando a penetração e potencialização dos ativos na região. De acordo com autor acima, o microagulhamento pode ser feito em qualquer lugar do corpo, como rosto, colo, pescoço, mãos, braços, seios, coxas, abdômen e couro cabeludo. 2.4.2 Contra Indicações Segundo Borges e Scorza (2016), o tratamento embora pareça simples e fácil, devemos respeitar a anatomia da pele, garantir a esterilidade e conhecer o manuseio do instrumento, pois, por ser um tratamento invasivo, podemos incorrer em lesões e infecções de pele. Entre as principais contra indicações, estão: a) feridas abertas: podendo haver agravamento do quadro; b) pele queimada/bronzeada de sol: pode haver hipersensibilidade, e há risco de hipercromia em virtude do aumento da melanogênese; c) herpes e acne ativas: podendo haver aumento da lesão em virtude da disseminação do agente causador; d) qualquer infecção ou inflamação aguda da pele: sensibilidade aumentada da pele lesionada; e) histórico de má cicatrização de feridas/diabetes: efeitos de má cicatrização da lesão; f) doenças do colágeno (Síndrome de Cushing): pode haver geração de colágeno de má qualidade ou deficiente; g) áreas com neoplasia; h) alergia (a metal, a cosmético); i) uso de anticoagulantes: pois há riscos de sangramento ininterrupto; j) gravidez: sem o uso de cosmético/medicamentos é seguro, mas, quando houver necessidade de se usar produtos químicos, a escolha da substancia a ser utilizada deve ser feita com muito critério; k) uso de roacutan (isotretinoina): a recuperação da perfuração na pele pode 239 gerar cicatrizes hipertróficas e ocasionar “deformações” na pele; l) uso de capacetes: pois gera atrito no local; e m) evitar contato com qualquer tipo de animal doméstico após o procedimento, pois pode causar alergia. 2.5 Efeitos fisiológicos Os efeitos fisiológicos decorrentes da aplicação do roller são responsáveis pela resposta obtidaapós o tratamento. São eles: estímulo à produção de colágeno; melhora da qualidade da epiderme e derme; e angiogênese. (BORGES; SCORZA, 2016). 2.6 Efeitos Adversos As causas de complicações ou efeitos indesejáveis do microagulhamento podem variar da escolha do tipo de equipamento, à execução inadequada do procedimento, como, por exemplo: velocidade ou ritmo inapropriado para execução da técnica, pressão exagerada, reutilização de agulhas, uso de cosméticos ou outras substâncias com potencial alergênico, intervalo pequeno entre as sessões, e associação de forma incorreta com outros recursos terapêuticos. (NEGRÃO apud BORGES; SCORZA, 2016). Segundo Borges e Scorza (2016) alguns efeitos adversos que podem ser observados no tratamento do microagulhamento: a) sangramento durante a sessão: dependendo do tamanho da agulha e da pressão exercida, pode ocorrer sangramento, que cessa logo após o término do procedimento; b) hiperemia acentuada/vermelhidão; c) dor no local de tratamento: principalmente com uso de agulhas acima de 1mm de comprimento; d) descamação intensa: ocorre a partir do segundo dia após o microagulhamento; e) edema; f) marcas de “arranhões” ou “queimadura” mecânica: podem acontecer com o 240 roller seja passado de forma inadequada ou uma pressão excessiva ao ponto do cilindro atritar de forma intensa na pele; g) hipercromia inflamatória: em caso de exposição solar, principalmente em peles de fototipos altos. 3 METODOLOGIA E EXPERIMENTO 3.1 Desenho de Estudo Foi realizada uma pesquisa experimental de caráter qualitativo a fim de demonstrar que, por ser uma técnica que estimula a síntese de colágeno, o microagulhamento por meio da Dermapen, para cicatrizes de acne se torna mais eficaz. O projeto de pesquisa foi submetido à Plataforma Brasil do Ministério da Saúde e aprovado pelo Comitê de Ética no Unisalesiano, parecer nº 1.592.535 em 15/06/2016. 3.2 Critérios de inclusão e exclusão Como critérios de inclusão, foram eleitas voluntárias do gênero feminino com cicatrizes atróficas em pele íntegra, idade entre 20 e 30 anos. Excluíram-se da pesquisa pele não íntegra, mulheres com tendência à disfunção cicatricial, diabético descompensado, hipertensão descompensada, usa de corticoides, anti-histamínicos, esteroides, anti-inflamatórios, o uso de isotretinoína, lesão na região a ser tratada, menores de 20 anos e maiores de 30 anos e gênero masculino. 3.3 Procedimento Experimental A pesquisa foi realizada na Clínica Corpo & Essência situada na cidade de Lins-SP, um ambiente tranquilo, climatizado, higienizado e iluminado. Para a realização do experimento foram recrutadas seis voluntárias através de redes sociais e contatos próximos, alocadas em um único grupo. Previamente ao início do experimento as voluntárias foram esclarecidas sobre o objetivo e metodologia da pesquisa, bem como sobre os riscos e benefícios. Foram submetidas a uma anamnese facial segundo Gobbo (2010) seguida de coleta 241 de imagens. Todas assinaram o Termo de Consentimento Livre e Esclarecido, bem como o Termo de Autorização de Uso de Imagem. Foram orientadas sobre a não exposição solar e a não utilização de cosméticos na região tratada nas 24 horas subsequentes a aplicação. De acordo com Negrão (2015), não é indicada a utilização de filtro solar após o microagulhamento, por causa das micropunturas na pele, e o agente fotoprotetor deve permanecer em sua superfície e não penetrar nela. Cada voluntária foi submetida à aplicação do anestésico Emla EMS 50 mg/g, ocluído com papel filme, retirado com água após 30 minutos, sendo realizada a higienização facial com sabonete em gel com ácido glicólico a 10%; em seguida, aplicou-se a Dermapen da marca My M contendo um cartucho com 36 agulhas estéril com 2,0 mm de espessura, com movimentos circulares ascendentes, descendentes e diagonais até observar hiperemia, petéquias e pontos de sangramento. Para cada voluntária foi utilizado um cartucho de agulha por sessão, totalizando 24 cartuchos no experimento. O experimento compreendeu o período de junho a setembro de 2016 sendo que cada voluntária recebeu quatro aplicações de microagulhamento com intervalo de 21 dias entre as sessões, e o mesmo intervalo entre a última sessão e os registros fotográficos finais. Ao final do experimento foi feito a coleta de satisfação por meio de questionário. 4 ANÁLISE E DISCUSSÃO DOS RESULTADOS Figura 1: Voluntária 1 Fonte: elaborado pelas autoras, 2016 242 Figura 2: Voluntária 2 ,Figura 3: Voluntária 3 Figura 4: Voluntária 4 Fonte: elaborado pelas autoras, 2016 Fonte: elaborado pelas autoras, 2016 Fonte: elaborado pelas autoras, 2016 243 Figura 5: Voluntária 5 Em geral observou-se discreta melhora visual nas cicatrizes atróficas de acne, redução de ósteos dilatados, aumento da luminosidade e melhora na textura da pele. Na voluntária 4 observou-se também redução das rugas glabelares. Acredita- se que tal resultado ocorreu por não haver associação com ativos e pelo tempo reduzido de tratamento corroborando com os achados de Lima e Souza (2015) que afirmam que o microagulhamento combinado a ativos cosméticos pode potencializar os resultados desejados, uma vez que os microcanais facilitam a absorção do ativo, aumentando a penetração de moléculas maiores em até 80%. Após pesquisa de satisfação todas as voluntárias relataram alacridade com o resultado e recomendariam o tratamento. 5 DISCUSSÃO A acne é uma enfermidade genético-hormonal, de localização pilossebácea, distinta pela formação de comedões, pápulas e cistos. Quando há inflamação mais intensa, formam-se pústulas e abscessos que regridem em geral deixando cicatrizes. Estas podem envolver mudança na textura da derme superficial e profunda. (FABBROCINI et al., 2008; RIBAS; OLIVEIRA, 2008 apud MATOS, 2014). As cicatrizes atróficas em geral são causadas por perda de colágeno após processo inflamatório da acne. (VASCONCELOS, 2016). O microagulhamento é um tratamento estético não ablativo, realiza múltiplas perfurações na epiderme sem destruí-la, promovendo estimulação de colágeno e espessamento da pele. Tais perfurações criam uma zona confluente de lesão Fonte: elaborado pelas autoras, 2016 244 superficial, iniciando o processo normal de cura de feridas com liberação de fatores de crescimento (BERGMANN; BERGMANN, 2015). Ainda versando sobre esse contexto, Vasconcelos (2016) revela que o microagulhamento é um procedimento seguro, que pode ser executado em consultório sem complicações, com bom custo/benefício por ser economicamente viável, sem o afastamento do paciente de suas atividades diárias. Geralmente não causa descamação, facilita a permeação de ativos cosméticos estimulando a regeneração das cicatrizes, o tempo de cicatrização é mais curto, os riscos de efeitos colaterais são menores e não possui restrição de fototipo. (MATOS, 2014) O uso de agulhas com o objetivo de indução á formação de colágeno, teve seus primeiros relatos em 1995 por Orentreich e Orentreich, quando descreveram o método denominado de subcisão para o tratamento de cicatrizes. Em 1997, Camirand e Doucet relataram regeneração tecidual por meio da utilização da pistola de tatuagem sem pigmento, que através da ruptura e remoção do colágeno subepidérmico danificado, ocasionou substituiçãopor novas fibras de colágeno e elastina. Com base nestes princípios, Fernandes desenvolveu em 2006 a terapia de indução percutânea de colágeno (CAMIRAND, DOUCET, 1997; FABBROCINI et al., 2008 apud MATOS, 2014). A partir da lesão ocasionada pelas agulhas, inicia-se um processo inflamatório de cicatrização que possui três fases: injúria, cicatrização e maturação. Na fase de injúria, ocorre liberação de fatores de crescimento com ação sobre os queratinócitos e os fibroblastos. Na fase de cicatrização, ocorre angiogênese, epitelização e proliferação de fibroblastos, com produção de colágeno tipo III, elastina, glicosaminoglicanos e proteoglicanos. Aproximadamente cinco dias após a injúria, a matriz de fibronectina está formada, possibilitando o depósito de colágeno abaixo da camada basal da epiderme. Na fase de maturação, o colágeno tipo III que é predominante na fase inicial do processo de cicatrização, vai sendo gradativamente substituído pelo colágeno tipo I, mais duradouro, persistindo por prazo que varia de cinco a sete anos. Devido a esta lesão e sua consequente resposta, estima-se que o microagulhamento é eficaz no tratamento estético das cicatrizes de acne (FABBROCINI et al., 2008; LIMA, EVA; LIMA, MA; TAKANO, 2013 apud MATOS, 245 2014). Baseando-se nos estudos de Matos (2014), a resposta do processo inflamatório desencadeado pelo microagulhamento, mostrou-se pertinente seu uso em cicatrizes de acne, bem como em estrias, flacidez, rugas e linhas de expressão. As agulhas acima de 1,5mm atingem a derme e desencadeiam com o sangramento, estímulo inflamatório que resulta na produção de colágeno. (FERNANDES, 2006 apud BERGMANN; BERGMANN, 2015) O tratamento de cicatriz atrófica de acne promove discreto efeito nas cicatrizes de acne e a melhora geral da textura da pele. (KALIL, 2015) As afirmações dos autores supracitados corroboram com o resultado deste experimento em que se pôde observar além de efeito moderado sobre o reparo das cicatrizes atróficas de acne, harmonização da pele com redução dos ósteos dilatados, aumento da luminosidade e turgor tecidual. Como fator limitante houve o número reduzido de voluntárias e desistência de uma delas logo após a 3ª sessão, impedindo assim o término do tratamento. CONCLUSÃO Conclui-se que com o microagulhamento na modalidade dermapen em cicatrizes atróficas de acne obteve-se um resultado moderado. Sugere-se para melhores resultados um número maior de sessões independentemente da associação ou não a ativos. Vale ressaltar que quando associado há uma maior probabilidade de eficácia no resultado. Considera-se finalmente a importância de um maior número de pesquisas sobre o tema, bem como de forma mais ampla, e desta forma sedimentar maior conhecimento dos efeitos e possibilidades de tratamentos com o microagulhamento. REFERÊNCIAS AYRES, N. Microagulhamento: conheça o tratamento para cicatrizes e estrias. s.d. Disponível em:<http://www.minhavida.com.br/beleza/tudo-sobre/18319- microagulhamento-conheca-o-tratamento-para-cicatrizes-e-estrias>.Acesso em: 16 jun. 2016. BERGMANN, C. L. M. S.; BERGMANN, J. Melasma e rejuvenescimento facial com o uso de peeling de ácido retinóico a 5% e microagulhamento: caso clínico. s.d. 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