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Recursos Educacionais Abertos: Colaboração e Cocriação 2/234 Recursos Educacionais Abertos: Colaboração e Cocriação Autora: Teresa Cristina Jordão Como citar este documento: JORDÃO, Teresa Cristina. Recursos Educacionais Abertos: Colaboração e Cocriação. Valinhos: 2015. Sumário Apresentação da Disciplina 04 Unidade 1: Apresentação da Discipilna e Conceitos Importantes sobre REA 06 Assista a suas aulas 23 Unidade 2: Padrões de Licenças para Arquivos Abertos 31 Assista a suas aulas 48 Unidade 3: Educação Holística 56 Assista a suas aulas 78 Unidade 4: Visão de Teia/Rede 86 Assista a suas aulas 111 2/234 3/2343 Unidade 5: Colaboração 119 Assista a suas aulas 141 Unidade 6: Cocriação 149 Assista a suas aulas 170 Unidade 7: Coaprendizagem 178 Assista a suas aulas 200 Unidade 8: Cultura da Convergência e Outros Conceitos Importantes sobre Educação Aberta e REA 207 Assista a suas aulas 226 Sumário Recursos Educacionais Abertos: Colaboração e Cocriação Autora: Teresa Cristina Jordão Como citar este documento: JORDÃO, Teresa Cristina. Recursos Educacionais Abertos: Colaboração e Cocriação. Valinhos: 2015. 4/234 Apresentação da Disciplina É comum, atualmente, o uso de recursos tecnológicos nas diversas áreas, inclusive na educação, e muito se tem investido no desenvolvimento de tais recursos, tanto em dispositivos quanto em softwares. Tantos investimentos trazem um grande benefício para a educação, porém muitos dos recursos desenvolvidos são sobre temas iguais ou, até mesmo, possuem a mesma proposta que diversos outros. Se fossem compartilhados, não seria necessário desenvolver duas vezes o mesmo recurso, sobrando tempo e investimento para a produção de materiais que ainda não foram contemplados pelos desenvolvedores. Esta disciplina trata de temas que são tendências e trazem inovação para a educação, contribuindo para a melhoria do processo de ensino e aprendizagem, beneficiando professores e alunos. Falaremos sobre REA. Os Recursos Educacionais Abertos (REA) surgem para tentar democratizar o acesso aos bons recursos produzidos, ampliando suas oportunidades de uso e evitando que se empenhem esforços no desenvolvimento de conteúdos iguais. REA é uma grande tendência para definir as licenças de uso dos recursos produzidos e disponibilizados na rede. Porém, para que os REAs sejam usados pelo maior número de pessoas, é necessário que o compartilhamento, feito pela internet, traga maior visibilidade para estes 5/234 recursos, além de esclarecimento sobre a diferença de um REA para outros tipos de recursos. Para você que está se preparando para ser professor, precisa conhecer todos esses recursos disponíveis gratuitamente. Acompanhe os conceitos envolvidos no tema recursos educacionais abertos. 6/234 Unidade 1 Apresentação da Discipilna e Conceitos Importantes sobre REA Objetivos 1. Apresentação geral da disciplina, seus objetivos e temas que serão abordados; 2. compreender o conceito de educação aberta e recursos educacionais abertos; 3. entender os tipos de recursos educacionais abertos existentes; 4. conhecer exemplos de recursos educacionais abertos. Unidade 1 • Apresentação da Discipilna e Conceitos Importantes sobre REA7/234 Introdução Vivemos em uma época na qual a tecnologia está presente em todas as áreas do conhecimento e tem contribuído para os avanços da humanidade. Os investimentos em desenvolvimento de recursos tecnológicos, desde dispositivos – notebooks, tablets, smartphones etc. – até os softwares e aplicativos, são crescentes. Dispositivos modernos surgem a todo momento, com algumas características mais avançadas que a versão anterior, convidando o público a consumir tecnologia frequentemente para se manterem atualizados. Da mesma maneira, os softwares também ganham novas versões e novos concorrentes que trazem inovações que logo também serão imitadas e até superadas por novas ferramentas. Tais recursos já influenciam todas as áreas. Vamos ver alguns exemplos: Na medicina, são utilizados recursos avançados de robôs para a realização de cirurgias, procedimentos realizados com a participação de especialistas que estão em localidade distantes dos pacientes, por meio de videoconferências e câmeras microscópicas, dentre outras. No direito, audiências são realizadas a distância por meio de videoconferência, em que o juiz e testemunhas podem estar em uma localidade e o réu em outra. Além disso, e-mails, publicações em redes sociais e outros documentos eletrônicos se constituem como provas em processos. Unidade 1 • Apresentação da Discipilna e Conceitos Importantes sobre REA8/234 Na educação, a utilização da tecnologia é cada vez mais presente em todas as realidades, em escolas públicas e privadas em todos os estados brasileiros. Já há alguns anos, os governos vêm fazendo investimentos em aquisição de equipamentos e softwares para as escolas, montando laboratórios de informática que, em algumas localidades, já possuem acesso à internet. Por outro lado, algumas instituições, conhecendo as necessidades dos alunos e professores brasileiros e cientes da existência da infraestrutura tecnológica nas escolas, investem no desenvolvimento de conteúdos que facilitem o uso da tecnologia de forma integrada ao currículo, apoiando o processo de ensino e aprendizagem. Uma parcela significativa desses recursos desenvolvidos é disponibilizada gratuitamente na internet e, pela imensa quantidade existente, acaba ficando “perdida” e fora do alcance da maioria dos professores que nem mesmo sabem de sua existência. Por esse motivo, algumas iniciativas reúnem, em grandes plataformas, recursos educacionais, que passaram por um processo de curadoria digital, facilitando a busca pelos professores e alunos. Alguns exemplos de locais onde estes recursos podem ser encontrados são: Escola Digital, Portal do Professor, dentre outros. Porém, todos sabem que não bastam investimentos em equipamentos e conteúdos digitais; torna-se necessário Unidade 1 • Apresentação da Discipilna e Conceitos Importantes sobre REA9/234 também preparar os educadores para que pensem em aulas criativas e inovadoras utilizando a tecnologia como apoio. Usar tecnologia na aprendizagem dos alunos envolve muito mais do que levá- los ao laboratório para digitar textos que antes eram escritos no caderno. Essa não é uma proposta criativa nem mesmo inovadora de uso da tecnologia. Para que os recursos tecnológicos realmente tragam algum benefício para a educação, torna-se necessário que os educadores repensem suas propostas de aulas, desconstruindo modelos já ultrapassados e substituindo por propostas em que os alunos sejam envolvidos no processo e sintam vontade de aprender porque percebem aqueles conteúdos dentro de um contexto que, para eles, faz sentido. Assim, a formação dos professores para que repensem sua prática e elaborem estratégias mais envolventes e motivadoras para os alunos torna- se essencial dentro deste processo de integração das tecnologias na educação. Diante de todo esse cenário, configura- se como tendência o modelo de aprendizagem aberta, buscando trazer equidade na educação, oferecendo oportunidades de construção de conhecimento por todos, em qualquer lugar e a todo momento. Junto desse modelo de educação que vem sendo muito discutida por especialistas e governo, torna-se de suma importância a existência dos chamados recursos educacionais abertos, ou simplesmente Unidade 1 • Apresentação da Discipilna e Conceitos Importantes sobre REA10/234 REAs, que são recursos livres, que podem ser acessados por todos e disponibilizados em locais de fácil acesso pelo maior número possível de pessoas. Esses e outros conceitos serão tratados com mais detalhes nesta e nas próximas aulas da disciplina. Esperamos promover oportunidades de reflexão sobre esse modelo de educação e essa forma de disponibilização de conteúdos, pois essetema é de suma importância para educadores que, sem dúvida, farão uso de tais recursos em sua prática muito em breve. Para saber mais Software: os dispositivos são compostos por hardware e software. Hardware é a parte física dos dispositivos, tais como, tela, teclado, placas etc. Já os softwares são todos os programas que podem ser executados nos dispositivos e responsáveis pelo funcionamento deles. Curadoria digital: é o processo de busca, seleção e armazenamento de conteúdos digitais para facilitar o acesso a tais conteúdos. Unidade 1 • Apresentação da Discipilna e Conceitos Importantes sobre REA11/234 1. O que é Educação Aberta Educação aberta refere-se, essencialmente, à flexibilidade que o aluno tem de escolher o que quer aprender, a forma como quer aprender e em seu ritmo. Assim, a educação pretende estar disponível a todo momento e para todos, ampliando as possibilidades de personalização, protagonismo e autodidatismo no processo de ensino e aprendizagem. Visando permitir o acesso livre a oportunidades de aprendizagem, algumas formas de educação aberta são disponibilizadas, tais como os cursos de educação a distância, os MOOCs, recursos educacionais Abertos, videoaulas publicadas no YouTube, dentre outras iniciativas Além disso, na visão da educação aberta, a responsabilidade de ensinar deixa de estar nas mãos das instituições de ensino ou dos professores e passa a ser compartilhada por todos aqueles que possuem algum conteúdo para ensinar, possibilitando uma alternância entre os papéis: em alguns Link Escola Digital (<http://www.escoladigital.org. br>); Portal do Professor (<http://portaldoprofessor. mec.gov.br>) http://www.escoladigital.org.br http://www.escoladigital.org.br http://portaldoprofessor.mec.gov.br http://portaldoprofessor.mec.gov.br Unidade 1 • Apresentação da Discipilna e Conceitos Importantes sobre REA12/234 momentos, eu sou o aprendiz e em outros eu ensino algo, numa ideia de rede de compartilhamento de saberes de forma colaborativa. É por esse motivo que, na visão da educação aberta, aprender ultrapassa todos os muros, principalmente os da escola, que perde o “status” de único local de construção de conhecimento, pois todas as oportunidades passam a ter a mesma importância na aprendizagem dos estudantes, ampliando imensamente seu repertório de experiências de aprendizagem e atendendo seus interesses e necessidades do que aprender. Nesse modelo de aprendizagem, os alunos têm um papel fundamental na decisão dos caminhos e processos que irão escolher para alcançar seus objetivos, exigindo desses muito mais interesse e comprometimento, pois, conforme dizia Piaget, o aluno deve ser construtor de seu conhecimento como sujeito atuante. Para saber mais Piaget (1896-1980): um grande cientista suíço e estudioso dos processos de aprendizagem que traz conceitos importantes sobre a aprendizagem das crianças, e que revolucionou o modo de pensar a educação na atualidade. 2. O que são os Recursos Educacionais Abertos Recursos educacionais abertos, ou REA, são recursos para fins educacionais Unidade 1 • Apresentação da Discipilna e Conceitos Importantes sobre REA13/234 – ensino, aprendizagem ou pesquisa – que podem ser utilizados livremente, inclusive podem sofrer modificações pelos usuários, permitindo adequação às suas necessidades, e por isso são chamados abertos. “Materiais de ensino, aprendizado e pesquisa em qualquer suporte ou mídia, que estão sob domínio público, ou estão licenciados de maneira aberta, permitindo que sejam utilizados ou adaptados por terceiros” é a definição de Recursos Educacionais Abertos (REA) dada pela Organização das Nações Unidas para a Educação, a Ciência e a Cultura (Unesco). Ao lado está a versão em português do logotipo global que foi desenhado por Jonathas Melo em parceria com a UNESCO, com o objetivo de criar uma identidade comum à proposta. REA é um termo criado pela UNESCO em 2002. Ainda não é muito conhecido, porém já conquistou milhões de adeptos pelo mundo. Tem como premissa que todos devem ter a liberdade de usar, personalizar, melhorar e redistribuir recursos educacionais, sem restrições. Unidade 1 • Apresentação da Discipilna e Conceitos Importantes sobre REA14/234 Nem todos os recursos oferecidos gratuitamente são REA. Para ser considerado um recurso educacional aberto, o recurso precisa ter permissão do autor para cópia e alterações. A maioria dos recursos gratuitos disponíveis somente pode ser utilizada em sua forma original e na mídia ou local onde o material foi desenvolvido pelo autor. Geralmente, possuem a informação “todos os direitos reservados”, mostrando que seu uso possui algumas restrições. Mais adiante, falaremos com mais detalhes sobre os tipos de licença de uso que caracterizam o recurso como REA. 3. Como são Utilizados os REA Os REAs podem ser utilizados em sua versão original, recombinados ou modificados, gerando outras versões do mesmo recurso, de forma colaborativa e que também será compartilhada com todos. Essa é a regra: mesmo que você recombine ou faça alterações no REA, ele continua sendo um REA e outras pessoas poderão fazer uso do material que você produziu ou alterou. Dessa forma, não é possível transformar um REA e achar que esta versão modificada é sua. Não, sua autoria será citada, porém a licença do REA permanece a mesma. Existem quatro tipos de liberdade de uso do REA, os chamados “4Rs”, quais sejam: revisar, reusar, remixar e redistribuir. Unidade 1 • Apresentação da Discipilna e Conceitos Importantes sobre REA15/234 Essa cultura de desenvolver ou aprimorar REA e compartilhar suas contribuições está se tornando bastante comum e existem diversas comunidades que são criadas com a finalidade de compartilhamento dessas implementações realizadas. Dessa maneira, o REA prevê a ampliação do acesso aos conteúdos educacionais a todas as pessoas, garantindo liberdade de produção e incentivando as práticas de colaboração e compartilhamento. Reutilizando recursos já desenvolvidos, teremos uma economia de esforço e financeira, pois não serão desenvolvidos novamente, mas adaptados e melhorados para que sejam reutilizados inúmeras vezes em diferentes contextos e por diversas pessoas. 4. Quais são os Tipos de REA Qualquer recurso utilizado para fins educacionais que sejam de uso livre e aberto é considerado REA. Esses recursos podem ser: livros, vídeos, imagens, jogos, simulações, planos de aula, cursos completos e partes de cursos, artigos de pesquisas, testes, enfim, qualquer recurso que tenha esta finalidade pedagógica. O importante é lembrar que todo material educacional produzido pode e deve ser aproveitado pelo maior número de pessoas possível, permitindo adequações para suas realidades e, portanto, todo material deve ser possuir a licença de recurso educacional aberto. Unidade 1 • Apresentação da Discipilna e Conceitos Importantes sobre REA16/234 Conforme prevê a educação aberta estudada anteriormente nesta aula, o conhecimento e os materiais que apoiam a produção do conhecimento não devem ficar restritos às instituições de ensino. Qualquer pessoa pode acessar e compartilhar o conhecimento que antes ficava fechado a quatro portas na sala de aula. Se estamos caminhando para uma educação aberta, não é coerente a produção de materiais que fiquem restritos a pequenos grupos, sendo tão grande o Brasil e a educação tão carente de bons recursos. 5. Exemplos de REA Existem diversos REAs no Brasil e no mundo. Citaremos alguns exemplos aqui para que vocês possam visitá-los e conhecer suas características. • Khan Academy consiste numa série de videoaulas e atividades relacionadas aos conteúdos do currículo que servem para apoiar o professor em suas aulas, para que os estudantes estudem de forma autônoma. • Cursos on-line e abertos do MIT e Harvard ou Columbia e Stanford e outras universidades. Outrosexemplos de plataformas que oferecem cursos e outros conteúdos REAs são: Coursera e EdX. Além desses, você pode encontrar uma lista de recursos educacionais abertos brasileiros no site Educação aberta. Unidade 1 • Apresentação da Discipilna e Conceitos Importantes sobre REA17/234 6. REA tem custo? Existem custos relacionados ao desenvolvimento e à manutenção dos REAs. Por exemplo, uma instituição de ensino superior que produz e disponibiliza REA precisa de uma equipe de desenvolvimento e também uma estrutura tecnológica para que fique disponível na internet, o Link Khan Academy: <pt.khanacademy.org> MIT e Harvard: <https://www.edx.org/course> Columbia e Stanford: <http://academicearth.org/> Coursera: <coursera.org> EdX <edx.org> Educação aberta: <http://www.educacaoaberta.org/wiki/index.php?title=Lista> pt.khanacademy.org https://www.edx.org/course http://academicearth.org/ coursera.org edx.org http://www.educacaoaberta.org/wiki/index.php?title=Lista Unidade 1 • Apresentação da Discipilna e Conceitos Importantes sobre REA18/234 que pode envolver custos de hospedagem em servidores. Geralmente, essas instituições recebem recursos do governo, fundações ou iniciativa privada por um período, porém, quando esse recurso acaba, a instituição precisa encontrar outras maneiras de manter o projeto ou então abandoná-lo. Há ainda algumas instituições que cobram um preço simbólico dos usuários para que utilizem os REAs, mas isso não ocorre com frequência. Porém, o que a comunidade REA defende é que todo o recurso que for desenvolvido com dinheiro público seja REA porque deve ser revertido em benefício ao público em geral e não somente ao grupo pertencente a determinada instituição ou localidade. Outra vertente defendida pelos adeptos ao REA é que professores, pesquisadores e estudantes desenvolvam REA como uma forma de contribuir com a comunidade em geral, o que diminuiria os custos de desenvolvimento e ampliaria a quantidade de recursos deste tipo oferecidos. Unidade 1 • Apresentação da Discipilna e Conceitos Importantes sobre REA19/234 Glossário Softwares: são todos os programas que podem ser executados nos dispositivos e responsáveis pelo funcionamento deles. Curadoria digital: é o processo de busca, seleção e armazenamento de conteúdos digitais para facilitar o acesso a tais conteúdos. Remix: é o nome dado ao ato de modificar o recurso por outra pessoa ou pelo próprio autor. Termo criado originalmente para designar alterações feitas em uma música. Questão reflexão ? para 20/234 Diante dos desafios enfrentados pela educação em nosso país caracterizado pela amplitude de seu território e população e pela diversidade, reflita sobre a importância da educação aberta e dos recursos educacionais abertos para a construção de uma nação com mais acesso à educação. Essa seria uma solução viável? 21/234 Considerações Finais O que é educação aberta e como pode contribuir democratizando e trazendo equidade para a população; o que são recursos educacionais abertos (REA) e como são utilizados; quais são os tipos de REA e exemplos; custos dos REA. Unidade 1 • Apresentação da Discipilna e Conceitos Importantes sobre REA22/234 Referências COMUNIDADE REA BRASIL. Recursos Educacionais Aberto. Disponível em: <http://www.rea.net. br/site/>. Acesso em: 20 ago. 2015. SANTANA et al. Recursos Educacionais Abertos: práticas educativas políticas públicas. São Paulo: Casa da Cultura Digital, 2012. Disponível em: <http://www.livrorea.net.br/>. Acesso em: 20 ago. 2015. SANTOS, A.I. Educação Aberta: histórico, práticas e o contexto dos recursos educacionais abertos. In: SANTANA, B., ROSSINI, C.; PRETTO, N.L. (Orgs.). Recursos Educacionais Abertos: práticas colaborativas e políticas públicas. São Paulo e Salvador: Casa da Cultura Digital e EDUFBA, 2012. Disponível em: <http://livrorea.net.br>. Acesso em: 20 ago. 2015. http://www.rea.net.br/site/ http://www.rea.net.br/site/ http://www.livrorea.net.br http://livrorea.net.br 23/234 Assista a suas aulas Aula 1 - Tema: Apresentação da Disciplina e Conceitos de Recursos Educacionais Abertos - Bloco I Disponível em: <http://fast.player.liquidplatform.com/ pApiv2/embed/dbd3957c747affd3be431606233e0f1d/ 4320d115b545f0f36c58c7ac0e0f48c7>. Aula 1 - Tema: Apresentação da Disciplina e Conceitos de Recursos Educacionais Abertos - Bloco II Disponível em: <http://fast.player.liquidplatform.com/pA- piv2/embed/dbd3957c747affd3be431606233e0f1d/d3a- 0f4195e66bf89e32098b6324dd410>. http://fast.player.liquidplatform.com/pApiv2/embed/dbd3957c747affd3be431606233e0f1d/4320d115b545f0f36c58c7ac0e0f48c7 http://fast.player.liquidplatform.com/pApiv2/embed/dbd3957c747affd3be431606233e0f1d/4320d115b545f0f36c58c7ac0e0f48c7 http://fast.player.liquidplatform.com/pApiv2/embed/dbd3957c747affd3be431606233e0f1d/4320d115b545f0f36c58c7ac0e0f48c7 http://fast.player.liquidplatform.com/pApiv2/embed/dbd3957c747affd3be431606233e0f1d/d3a0f4195e66bf89e32098b6324dd410 http://fast.player.liquidplatform.com/pApiv2/embed/dbd3957c747affd3be431606233e0f1d/d3a0f4195e66bf89e32098b6324dd410 http://fast.player.liquidplatform.com/pApiv2/embed/dbd3957c747affd3be431606233e0f1d/d3a0f4195e66bf89e32098b6324dd410 24/234 1. Quais são os tipos de liberdade de uso dos REA, os chamados “4Rs”? a) Reinventar, reusar, remixar, redimensionar. b) Reusar, reavaliar, relacionar, remixar. c) Revisar, reusar, remixar e redistribuir. d) Rever, reavaliar, relacionar, renegociar. e) Reusar, revisar, revisitar, redimensionar. Questão 1 25/234 2. “Materiais de ensino, aprendizado e pesquisa em qualquer suporte ou mí- dia, que estão sob domínio público, ou estão licenciados de maneira aberta, permitindo que sejam utilizados ou adaptados por terceiros” diz respeito à definição de REA criada quando e por quem? a) Criada pela ONU em 2013. b) Criada pela UNESCO em 2002. c) Criada pela ONU em 2002. d) Criada pelo Ministério da Educação em 2012. e) Criada pela Secretaria de Educação em 2013. Questão 2 26/234 3. Quais são os tipos de REA existentes: a) Somente materiais impressos. b) Podem ser de qualquer tipo desde que exista somente na internet. c) São livros, jogos, vídeos, cursos disponíveis em diferentes tipos de mídias. d) São, basicamente compostos por artigos científicos e outras pesquisas acadêmicas. e) São somente jogos e simulações. Questão 3 27/234 4. O que é educação aberta:: a) Tem como premissa que as escolas não devem mais existir como instituições formais. b) É a educação praticada por todas as universidades públicas. c) São os recursos educacionais abertos impressos. d) Refere-se à flexibilidade que o aluno tem de escolher o que quer aprender, a forma como quer aprender e em seu ritmo. e) São alternativas para a escolarização num modelo onde não há mais escolas. Questão 4 28/234 5. Em relação aos custos de REA, é correto afirmar que: a) todo REA é gratuito; b) há algumas instituições que cobram um preço simbólico dos usuários para que utilizem os REA, mas isto não ocorre com frequência; c) REA é gratuito desde que o usuário seja aluno de escola pública; d) REA é cobrado somente de usuários que não frequentam as escolas; e) Todo REA é cobrado dos usuários. Questão 5 29/234 Gabarito 1. Resposta: C. Sabemos que existem quatro tipos de liberdades que caracterizam os REAs e elas estão relacionadas aos “4Rs”, que são: revisar, reusar, remixar e redistribuir. 2. Resposta: B. REA é um termo criado pela UNESCO em 2002. Ainda não é muito conhecido, porém já conquistou milhões de adeptos pelo mundo. 3. Resposta: C. Esses recursos podem ser: livros, vídeos, imagens, jogos, simulações, planos de aula, cursos completos e partes de cursos, artigos de pesquisas, testes, enfim, qualquer recurso que tenha esta finalidade pedagógica, disponíveis em qualquer tipo de mídia. 4. Resposta: D. Educação aberta refere-se, essencialmente, à flexibilidade que o aluno tem de escolher o que quer aprender,a forma como quer aprender e em seu ritmo. Assim, a educação pretende estar disponível a todo momento e para todos, ampliando as possibilidades de personalização, protagonismo e autodidatismo no processo de ensino e aprendizagem. 30/234 Gabarito 5. Resposta: B. Na maioria das vezes, os REAs são gratuitos, geralmente disponibilizados na internet, porém algumas instituições cobram um preço simbólico dos usuários para cobrir seus custos de desenvolvimento e manutenção, mas isso não ocorre com frequência. 31/234 Unidade 2 Padrões de Licenças para Arquivos Abertos Objetivos 1. Apresentar os tipos de licenças de uso dos REAs; 2. entender direitos autorais dos REAs; 3. conhecer conceitos como conteúdo proprietário, domínio público e software livre. Unidade 2 • Padrões de Licenças para Arquivos Abertos32/234 Introdução As instituições de ensino estão sofrendo uma transformação diante das demandas das novas gerações. Essa nova geração, muito acostumada com o uso das tecnologias digitais e com a internet desde muito cedo, lida com a informação de uma maneira diferente e, por esse motivo, aprende de forma diferente. Não se adapta mais ao modelo de aula tradicional, no qual o professor foca suas estratégias na aula expositiva. Acostumada ao imediatismo de informações trazidas pela internet e a realizar diversas tarefas ao mesmo tempo, assiste televisão enquanto interage com vários grupos pelo WhatsApp, lem e comenta as publicações. Isso tudo ouvindo música e fazendo pesquisas ou jogando no computador. Cabe, então, ao professor lançar mão de estratégias criativas e inovadoras para tornar suas aulas mais atraentes para os alunos, buscando engajá-los nas atividades e motivá-los a prosseguir no processo de construção de conhecimento. Os recursos educacionais digitais podem ser bons aliados nessa tarefa de apoiar os professores na elaboração de estratégias mais dinâmicas, sendo que muitos recursos desse tipo existem disponíveis, principalmente na internet. Além disso, torna-se cada vez mais necessário contextualizar as situações de aprendizagem para que os alunos entendam os motivos por que estão trabalhando determinado assunto. Os conteúdos não devem mais ser abordados Unidade 2 • Padrões de Licenças para Arquivos Abertos33/234 de forma desintegrada; ao contrário, eles devem estar integrados a um contexto maior, preferencialmente algo que faça sentido para o público de estudantes, como, por exemplo, propor a resolução de um problema da comunidade em que os conteúdos auxiliam na elaboração das estratégias de solução. Lembrando Piaget, Vigotsky e Paulo Freire, grandes pesquisadores de educação, o aluno precisa ser envolvido no processo de ensino e aprendizagem no papel de protagonista e não passivo diante das propostas do professor. Os alunos precisam se posicionar nesse processo como autônomos, pesquisadores, responsáveis pela própria aprendizagem e construção do conhecimento. Além disso, devem também sentir-se responsáveis pelo compartilhamento de suas experiências e novos conhecimentos com o seu grupo, ampliando o trabalho colaborativo. Dentro dessa proposta na qual o aluno assume um papel ativo no processo de ensino e aprendizagem, cabe ressaltar um fator muito importante, ou seja, a autoria. Os alunos devem ser incentivados para a produção de novos conteúdos para serem disponibilizados para outras pessoas, dando apoio à aprendizagem de outros grupos. Essa autoria deve ser valorizada, reconhecida e disponibilizada gratuitamente para atingir o maior número de pessoas possível, ampliando as oportunidades de aprender para diferentes grupos em contextos diversos. Unidade 2 • Padrões de Licenças para Arquivos Abertos34/234 Se a autoria é importante no processo de ensino e aprendizagem pelos alunos, para o professor, ser autor deveria ser algo muito natural. Geralmente, os educadores produzem uma infinidade de materiais que são utilizados somente em suas turmas de alunos e guardados no armário durante o resto do ano. Toda essa produção fica restrita a poucos enquanto poderia estar circulando pelas diversas instituições de ensino, apoiando outros professores em suas aulas ou auxiliando os alunos em suas pesquisas e momentos de estudo. Geralmente, os professores sentem-se inseguros em compartilhar seus materiais desenvolvidos, porém não imaginam o quanto esses materiais poderiam beneficiar usuários inseridos num contexto em que essa produção ainda não é possível. O conceito de REA vem para dar base a esses educadores, incentivando- os a disponibilizarem seus recursos desenvolvidos e também promovendo oportunidades para que os alunos façam isso. Para que esse compartilhamento e utilização de recursos de outros autores aconteça de forma correta e segura, é importante que você conheça quais são os tipos de licença existentes para os recursos educacionais abertos – REA – e como cada uma protege o recurso e o autor. Apesar de serem considerados recursos educacionais livres, existem licenças com Unidade 2 • Padrões de Licenças para Arquivos Abertos35/234 grau de abertura variado. Entendendo bem o funcionamento dessas licenças, você também poderá orientar seus alunos para um bom uso dos recursos e para que exerça o seu papel na sociedade. Acompanhe nos textos a seguir detalhes sobre esse tema. 1 - Quais são os Tipos de Licença para Uso dos REA Vimos anteriormente que os recursos educacionais abertos se caracterizam, essencialmente, por 4 tipos de liberdade de uso a eles atribuídos, chamados de “4Rs”, ou seja, revisar, reusar, remixar e redistribuir. Apesar de o REA ser de acesso livre, ele possui graus de aberturas variados, definidos pelos tipos de licença: alguns permitem o total reuso do recurso, bem como modificação e compartilhamento; já outros restringem o uso comercial do recurso e também seu compartilhamento. Vamos tratar destes tipos de licença agora. A maior parte dos recursos disponibilizados na internet, mesmo os gratuitos, possuem um tipo de licença fechada chamada Copyright, ou seja, “todos os direitos reservados”, sinalizada por este símbolo “©”. Esses recursos são protegidos e não permitem cópias, modificações e muito menos seu uso para fins comerciais. Unidade 2 • Padrões de Licenças para Arquivos Abertos36/234 Os REAs são classificados com um tipo de licença livre ou que estão em domínio público. Os que possuem licença livre são classificados como Creative Commons. Creative Commons refere-se ao um conjunto de licenças cujas características permitem a padronização de “vontades” do autor em relação à sua obra, ou seja, por meio destas licenças, o autor deixa claro qual é o grau de liberdade de uso que está atribuindo ao recurso que produziu. Abaixo, estão os seis tipos de licenças de uso Creative Commonns, conforme publicado em seu site oficial: Atribuição CC BY Essa licença permite que outros distribuam, remixem, adaptem e criem a partir do seu trabalho, mesmo para fins comerciais, desde que lhe atribuam o devido crédito pela criação original. É a licença mais flexível de todas as licenças disponíveis. É recomendada para maximizar a disseminação e uso dos materiais licenciados. Unidade 2 • Padrões de Licenças para Arquivos Abertos37/234 Atribuição - Compartilha Igual CC BY-SA Essa licença permite que outros remixem, adaptem e criem a partir do seu trabalho, mesmo para fins comerciais, desde que lhe atribuam o devido crédito e que licenciem as novas criações sob termos idênticos. Essa licença costuma ser comparada com as licenças de software livre e de código aberto “copyleft”. Todos os trabalhos novos baseados no seu terão a mesma licença, portanto quaisquer trabalhos derivados também permitirão o uso comercial. Essa é a licença usada pela Wikipédia e é recomendada para materiais que seriam beneficiados com a incorporação de conteúdos da Wikipédia e de outros projetos com licenciamentosemelhante. Atribuição - Sem Derivações CC BY-ND Essa licença permite a redistribuição, comercial e não comercial, desde que o trabalho seja distribuído inalterado e no seu todo, com crédito atribuído a você. Unidade 2 • Padrões de Licenças para Arquivos Abertos38/234 Atribuição - Não Comercial CC BY-NC Essa licença permite que outros remixem, adaptem e criem a partir do seu trabalho para fins não comerciais, e embora os novos trabalhos tenham de lhe atribuir o devido crédito e não possam ser usados para fins comerciais, os usuários não têm de licenciar esses trabalhos derivados sob os mesmos termos. Atribuição - Não Comercial -Compartilha Igual CC BY-NC-SA Essa licença permite que outros remixem, adaptem e criem a partir do seu trabalho para fins não comerciais, desde que atribuam a você o devido crédito e que licenciem as novas criações sob termos idênticos. Unidade 2 • Padrões de Licenças para Arquivos Abertos39/234 Atribuição - Sem Derivações -Sem Derivados CC BY-NC-ND Essa é a mais restritiva das nossas seis licenças principais, só permitindo que outros façam download dos seus trabalhos e os compartilhem desde que atribuam crédito a você, mas sem que possam alterá-los de nenhuma forma ou utilizá-los para fins comerciais. Para saber mais Creative Commonns: é uma organização não governamental sem fins lucrativos localizada na Califórnia, que tem como missão ampliar e disseminar a disponibilização de REA no mundo. Essa organização criou um conjunto de licenças para classificar os recursos educacionais abertos. Domínio público: no Brasil, isso significa qualquer obra cujo prazo de proteção prescreveu, ou seja, que já se passaram 70 anos após a morte do autor. Unidade 2 • Padrões de Licenças para Arquivos Abertos40/234 2 - O que é e quais são os Direitos do Autor Direito autoral (ECAD, 2015) “é um conjunto de prerrogativas conferidas por lei à pessoa física ou jurídica criadora da obra intelectual, para que ela possa gozar dos benefícios morais e patrimoniais resultantes da exploração de suas criações”. Os direitos autorais estão sendo regulamentados pela Lei nº 9610 de 1996, que está sofrendo alterações diante da nova realidade trazida pela internet e cultura de compartilhamento das obras. Essa lei trata não só de direitos econômicos ou patrimoniais relacionados ao autor, mas também de direitos morais. Podemos citar alguns exemplos de obras que são protegidas pela lei dos direitos autorais, tais como: livros, recursos digitais de aprendizagem, jogos, softwares, músicas, artigos científicos, roteiros de cinema, filmes, peças teatrais, dentre outros. Os direitos morais são todos aqueles diretamente ligados a assegurar ao autor a autoria da obra. Garantem ao autor o direito de reivindicar que sejam cumpridos a qualquer momento, como, por exemplo, Link Link para site oficial: <https://br.creativecom- mons.org/licencas/> https://br.creativecommons.org/licencas/ https://br.creativecommons.org/licencas/ Unidade 2 • Padrões de Licenças para Arquivos Abertos41/234 que seja citado seu nome ou símbolo, que seja garantida a originalidade da obra, ou seja, que ninguém pode modificá-la, ou ainda assegurar o direito de tirar a obra de circulação, se assim for sua vontade. Os direitos morais são intransferíveis e irrenunciáveis, ou seja, não se pode atribuir a outro a autoria da obra. Já o direito patrimonial diz respeito, principalmente, à utilização econômica da obra. Somente o autor tem o direito de comercializar, publicar ou definir o destino de sua obra. Caso qualquer outra pessoa utilize essa obra, copiando, alterando ou comercializando sem a permissão expressa do autor, está infringindo a lei dos direitos autorais, o que pode lhe trazer penas previstas pela lei, desde o pagamento de multas até reclusão. Ao contrário dos direitos morais, os direitos patrimoniais podem ser transferidos para outros ou mesmo renunciados pelo autor. Quando o autor abre mão dos direitos patrimoniais para que sua obra se torne um REA, a obra passa a ser classificada com uma das licenças Creative Commons vistas anteriormente, escolhida conforme o nível de liberdade que o autor quer dar à obra que está cedendo. Cientes da legislação e dos direitos do autor, é extremamente importante ficarmos atentos a essas leis e também observarmos a prática dos alunos que precisam ser orientados sobre a importância do reconhecimento da autoria dos conteúdos que extraem da internet. Unidade 2 • Padrões de Licenças para Arquivos Abertos42/234 3 - O que é Software Livre e qual sua Importância para REA? Software livre se refere à liberdade dos usuários de executarem, copiarem, distribuírem, estudarem, modificarem e aperfeiçoarem o software. Isso não significa que tenham de ser gratuitos. Refere-se a quatro liberdades dadas aos usuários do software. O software só é considerado livre se ele possuir todas as liberdades citadas a seguir, conforme exposto no site REA: • Liberdade 0: a liberdade de executar o programa, para qualquer propósito; • Liberdade 1: a liberdade de estudar como o programa funciona, e adaptá-lo para as suas necessidades. Portanto, ter acesso ao código- fonte é um pré-requisito para esta liberdade; • Liberdade 2: a liberdade de redistribuir cópias com o objetivo de colaborar e apoiar outros usuários; • Liberdade 3: a liberdade de aperfeiçoar o programa, e liberar os seus aperfeiçoamentos, de modo que toda a comunidade se beneficie. Link ECAD: <http://www.ecad.org.br/> Lei No. 9610 de 1996: <http://www.planalto. gov.br/ccivil_03/leis/L9610.htm> http://www.ecad.org.br/ http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/leis/L9610.htm http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/leis/L9610.htm Unidade 2 • Padrões de Licenças para Arquivos Abertos43/234 Acesso ao código-fonte é um pré-requisito para essa liberdade também. A comunidade REA prefere optar por softwares livres para desenvolver seus recursos, pois permitirá que todos possam utilizá-lo e, principalmente, alterá-lo, sem as restrições dos softwares proprietários. Veja aqui uma lista de ferramentas de apoio à educação baseadas em softwares livres. Para saber mais Softwares proprietários: são aqueles cuja cópia, redistribuição ou modificação são em alguma medida restritos pelo seu criador ou distribuidor. A expressão foi cunhada em oposição ao conceito de software livre: <http://www.sti.fea. usp.br/conteudo.php?i=555> Link REA: <http://www.rea.net.br> Lista de ferramentas: <http://classe.geness. ufsc.br/index.php/Indice:Geral> http://www.sti.fea.usp.br/conteudo.php?i=555 http://www.sti.fea.usp.br/conteudo.php?i=555 http://www.rea.net.br http://classe.geness.ufsc.br/index.php/Indice:Geral http://classe.geness.ufsc.br/index.php/Indice:Geral Unidade 2 • Padrões de Licenças para Arquivos Abertos44/234 Glossário Softwares proprietários: softwares proprietários: são aqueles cuja cópia, redistribuição ou modificação são em alguma medida restritos pelo seu criador ou distribuidor. A expressão foi cunhada em oposição ao conceito de software livre (STI-Fea). Domínio público: no Brasil, isso significa qualquer obra cujo prazo de proteção prescreveu, ou seja, que já se passaram 70 anos após a morte do autor. Trabalho colaborativo: quando os participantes da atividade percebem que são responsáveis, não somente pela sua aprendizagem, mas sentem-se também responsáveis em apoiar e facilitar a aprendizagem dos outros membros do grupo. Questão reflexão ? para 45/234 Como você vê o conhecimento das leis dos direitos autorais pelos alunos? Acham que eles levam a sério tal questão? Reflita sobre maneiras de abordar esse assunto com os alunos para que fiquem atentos à sua prática. 46/234 Considerações Finais Apesar de se caracterizarem por acesso livre, os REAs possuem níveis de liberdades que devem ser definidos pelo seu autor; Creative Commons definem os tipos de licenças que o REA pode ter, contendoliberdade sem restrições ou com algumas restrições; obras em domínio público também são REAs; os softwares livres são importantes no desenvolvimento dos REAs porque garantem acesso a outros usuários que queiram utilizá-los e, principalmente, alterá-los, criando novas versões do REA. Unidade 2 • Padrões de Licenças para Arquivos Abertos47/234 Referências CREATIVE Commons Brasil. Disponível em: <https://br.creativecommons.org/licencas/>. Acesso em: 20 ago. 2015. MURPHY A. Open educational practices in higher education: Institutional adoption and challenges. Disponível em: <http://prezi.com/i6ae2nnuvqs_/openeducational- practices-in-higher-education-institutional-adoption-andchallenges/?auth_ key=152945764e2c836741a3b63a10af3c313e61fe60>. Acesso em: 20 ago. 2015. OPEN Educational Resources. Disponível em: <http://www.unesco.org/new/en/communication- and-information/access-toknowledge/open-educational-resources/global-oer-logo/>. Acesso em: 20 ago. 2015. SOUZA, M.F.C. Customização guiada: uma estratégia orientada a modelos para produção de objetos de aprendizagem. 2012. 256 Tese de Doutorado em 2012. – Centro de Tecnologia, Universidade Federal do Ceará, 2012. Disponível em: <http://www.teses.ufc.br/tde_busca/ arquivo.php?codArquivo codArquivo= 9033>. Acesso em: 20 ago. 2015. UNESCO – Publicações sobre o estado-daartehttp://iite.unesco.org/publications/themes/oer/>. Acesso em:20 ago. 2015. https://br.creativecommons.org/licencas/ http://prezi.com/i6ae2nnuvqs_/openeducational-practices-in-higher-education-institutional-adoption-andchallenges/?auth_key=152945764e2c836741a3b63a10af3c313e61fe60 http://prezi.com/i6ae2nnuvqs_/openeducational-practices-in-higher-education-institutional-adoption-andchallenges/?auth_key=152945764e2c836741a3b63a10af3c313e61fe60 http://prezi.com/i6ae2nnuvqs_/openeducational-practices-in-higher-education-institutional-adoption-andchallenges/?auth_key=152945764e2c836741a3b63a10af3c313e61fe60 http://www.unesco.org/new/en/communication-and-information/access-toknowledge/open-educational-resources/global-oer-logo http://www.unesco.org/new/en/communication-and-information/access-toknowledge/open-educational-resources/global-oer-logo http://www.teses.ufc.br/tde_busca/arquivo.php?codArquivo codArquivo= 9033 http://www.teses.ufc.br/tde_busca/arquivo.php?codArquivo codArquivo= 9033 48/234 Assista a suas aulas Aula 2 - Tema: Tipos de Licenças dos REA - Bloco I Disponível em: <http://fast.player.liquidplatform.com/ pApiv2/embed/dbd3957c747affd3be431606233e0f1d/ 0d34a7c7a72ccb41d3b8d760a1fb5770>. Aula 2 - Tema: Tipos de Licenças dos REA - Bloco II Disponível em: <http://fast.player.liquidplatform.com/pApiv2/ embed/dbd3957c747affd3be431606233e0f1d/023d1d95a- 64baa44bd06c2cd300cd14c>. http://fast.player.liquidplatform.com/pApiv2/embed/dbd3957c747affd3be431606233e0f1d/0d34a7c7a72ccb41d3b8d760a1fb5770 http://fast.player.liquidplatform.com/pApiv2/embed/dbd3957c747affd3be431606233e0f1d/0d34a7c7a72ccb41d3b8d760a1fb5770 http://fast.player.liquidplatform.com/pApiv2/embed/dbd3957c747affd3be431606233e0f1d/0d34a7c7a72ccb41d3b8d760a1fb5770 http://fast.player.liquidplatform.com/pApiv2/embed/dbd3957c747affd3be431606233e0f1d/023d1d95a64baa44bd06c2cd300cd14c http://fast.player.liquidplatform.com/pApiv2/embed/dbd3957c747affd3be431606233e0f1d/023d1d95a64baa44bd06c2cd300cd14c http://fast.player.liquidplatform.com/pApiv2/embed/dbd3957c747affd3be431606233e0f1d/023d1d95a64baa44bd06c2cd300cd14c 49/234 1. Escolha a alternativa correta sobre a questão de licenças dos REA: a) Os REAs são livres, mas, apesar disso, podem possuir algumas restrições de uso determinadas pelo tipo de licença escolhida pelo autor. b) REA sempre será livre e gratuito. Não se pode proibir nenhum tipo de uso. c) As licenças de REA surgiram nos Estados Unidos e ainda não estão vigentes no Brasil. d) Não existe nenhum tipo de licença específico para REA. e) Somente é considerado REA a obra de domínio público. Questão 1 50/234 2. O que são Creative Commons: a) Ferramenta que permite desenvolver recursos educacionais de um modo criativo e inteligente. b) Conjunto de critérios que determinam a o grau de criatividade utilizado na criação de REA. c) Conjunto de licenças cujas características permitem a padronização de “vontades” do autor em relação à sua obra. d) Aplicativo utilizado para armazenar REA disponíveis na internet. e) Software de código aberto. Questão 2 51/234 3. O que significa domínio público: a) São os recursos criados por instituições públicas com recursos públicos. b) São obras que já não estão mais disponíveis para acesso do público porque seu autor já morreu. c) São livros, jogos, vídeos, cursos disponíveis em diferentes tipos de mídias e que só podem ser utilizados com a autorização do autor. d) Obras que não estão mais sujeitas às leis dos direitos autorais, pois já se passaram 70 anos após a morte do autor. e) Qualquer REA é de domínio público. Questão 3 52/234 4. Em relação aos direitos morais sobre uma obra podemos afirmar que: a) são aqueles que asseguram que a obra não possui conteúdo impróprio; b) dizem respeito, principalmente, à utilização econômica da obra; c) são sinônimo de REA; d) são todos aqueles diretamente ligados a assegurar ao autor a autoria da obra; e) direitos morais e patrimoniais não são utilizados em REA por esses serem de acesso livres. Questão 4 53/234 5. Um software só é considerado software livre se disponibilizar um núme- ro específico de liberdades aos usuários. Quantas liberdades são estas? a) 2 b) 4 c) 5 d) 7 e) 8 Questão 5 54/234 Gabarito 1. Resposta: A. Apesar de o REA ser de acesso livre, ele possui graus de aberturas variados, definidos pelos tipos de licença: alguns permitem o total reuso do recurso, bem como modificação e compartilhamento; já outros restringem o uso comercial do recurso e também seu compartilhamento. 2. Resposta: C. Refere-se a um conjunto de licenças cujas características permitem a padronização de “vontades” do autor em relação à sua obra, ou seja, por meio dessas licenças, o autor deixa claro qual é o grau de liberdade de uso que está atribuindo ao recurso que produziu. 3. Resposta: D. No Brasil, isso significa qualquer obra cujo prazo de proteção prescreveu, ou seja, que já se passaram 70 anos após a morte do autor. 4. Resposta: D. São todos aqueles diretamente ligados a assegurar ao autor a autoria da obra. Garantem ao autor o direito de reivindicar que sejam cumpridos a qualquer momento, como, por exemplo, que seja citado seu nome ou símbolo, que seja garantida a originalidade da obra, ou seja, que ninguém pode modificá-la, ou ainda assegurar o direito de tirar a obra de circulação, se assim for sua vontade. 55/234 5. Resposta: B. São quatro liberdades dadas aos usuários do software. O software só é considerado livre se ele possuir todas estas liberdades, que são numeradas de 0 a 3. 56/234 Unidade 3 Educação Holística Objetivos 1. Apresentar Educação integral e sua relação com educação holística; 2. conhecer a visão holística; 3. entender os princípios da educação holística. Unidade 3 • Educação Holística57/234 Introdução Muito se tem discutido sobre propostas de educação integral atualmente. Segundo o site Educação Integral: A educação é por definição integral na medida em que deve atender a todas as dimensões do desenvolvimento humano e se dá como processo ao longo de toda a vida. Assim, educação integral não é uma modalidade de educação, mas sua própria definição (EI, 2015). A partir dessa visão de que a educação precisa ser revista, considerando o estudante nas suas múltiplas dimensões: física, intelectual, social, emocional e simbólica, não cabe somente ao professor o papel de ensinar. São educadores todos aqueles que se relacionam com os estudantes, tais como o porteiro da escola, a merendeira, os monitores, os demais funcionários e também os outros alunos. A educação integral prevê que o indivíduoaprenda em qualquer espaço, dentro e fora da sala de aula, e até mesmo quando está em seu tempo fora da escola. Tudo se transforma em oportunidade de aprendizagem, englobando os aspectos de construção da cidadania, ética, valores, entendimento e valorização da diversidade étnica, cultural, de gênero, dentre outros aspectos. Unidade 3 • Educação Holística58/234 Além disso, a educação integral estimula a autonomia gradativa dos estudantes, visando que se tornem cidadãos habituados a tomarem decisões e se posicionarem no mundo. Acontece um erro muito comum de achar que a escola que oferece período integral aos alunos está, consequentemente, praticando uma educação integral. A educação integral deve ser vista num sentido muito mais amplo, no qual o tempo que o estudante passa na escola é um dos pilares somente. Ao contrário do cenário encontrado na maioria das escolas brasileiras, onde a educação está focada numa visão cartesiana e no reducionismo, conceitos que serão vistos mais adiante, a educação integral busca uma integração das disciplinas e conteúdos e uma ampliação da visão do estudante sobre o que está aprendendo, inserindo tais conteúdos, em um contexto maior, preferencialmente buscando resolver um problema que o afete ou à comunidade. Paulo Freire pesquisou e nos relatou sobre a educação na atualidade e as mudanças necessárias para que atenda às demandas reais de aprendizagem dos estudantes. Ele assinala que: Unidade 3 • Educação Holística59/234 Na visão “bancária” da educação, o “saber” é uma doação dos que se julgam sábios aos que julgam nada saber. Doação que se funda numa das manifestações instrumentais da opressão – a absolutização da ignorância, que constitui o que chamamos de alienação da ignorância, segundo a qual esta se encontra sempre no outro (FREIRE,1983, p. 67). É essa a visão que precisa ser mudada numa proposta de educação integral. Mudança que deve acontecer inclusive na visão dos estudantes, ou seja, de que existe alguém responsável por ensinar e a eles, cabe somente absorver esses ensinamentos, deixando sempre na mão do outro (professor) a responsabilidade por sua aprendizagem. Na visão da educação integral, o aluno precisa, gradativamente, desenvolver autonomia em seu processo de construção do conhecimento, tendo no professor uma figura muito mais de suporte e mentoria do que de detentor de informações e responsável por ensiná-lo. A educação integral está dando passos largos para ser implementada nas escolas públicas por meio de um programa criado pelo governo chamado Mais Educação, que prevê a implantação progressiva da educação integral nas escolas públicas mediante a participação da comunidade Unidade 3 • Educação Holística60/234 e através do PDDE (Programa Dinheiro Direto na Escola). Sabendo da importância que a educação integral tem para o nosso país, precisamos estudar suas raízes e, por esse motivo, aprofundaremo-nos nos princípios e conceitos envolvidos na visão Holística em educação, visão essa que está de acordo com as premissas estabelecidas para a implementação da educação integral. Acompanhe conosco esta exploração e reflita sobre a origem da proposta da educação integral. Link Educação Integral: <http://educacaointegral. org.br/conceito/> Mais Educação: <http://portal.mec.gov.br/ dmdocuments/passoapasso_maiseducacao. pdf> PDDE: <http://portal.mec.gov.br/index. php?option=com_content&view=article&i- d=12320&Itemid=259> http://educacaointegral.org.br/conceito/ http://educacaointegral.org.br/conceito/ http://portal.mec.gov.br/dmdocuments/passoapasso_maiseducacao.pdf http://portal.mec.gov.br/dmdocuments/passoapasso_maiseducacao.pdf http://portal.mec.gov.br/dmdocuments/passoapasso_maiseducacao.pdf http://portal.mec.gov.br/index.php?option=com_content&view=article&id=12320&Itemid=259 http://portal.mec.gov.br/index.php?option=com_content&view=article&id=12320&Itemid=259 http://portal.mec.gov.br/index.php?option=com_content&view=article&id=12320&Itemid=259 Unidade 3 • Educação Holística61/234 Para saber mais Mentoria: esse termo vem do inglês “mentoring” e originalmente é usado em empresas para representar o processo em que um funcionário mais experiente orienta um outro que está em processo de aprendizagem. Na educação, tem o mesmo objetivo, ou seja, num modelo em que o aluno assume a responsabilidade por seu aprendizado, poderia contar com um mentor, que é um guia, um mestre, um conselheiro, podendo ser o professor ou um aluno que já tenha desenvolvido as habilidades que visa adquirir. 1 – Visão Holística Ainda vivemos a partir de um paradigma pautado no reducionismo e na visão cartesiana, e isso influencia diversas áreas, inclusive a forma como a educação acontece nas escolas, quando pensamos na fragmentação das disciplinas e dos conteúdos e da priorização da reprodução ao invés da reflexão e criação. Unidade 3 • Educação Holística62/234 Diz Guimarães (apud CREMA, 1996, p. 21-22) que: A fragmentação das informações tornou o mundo real muito deficiente, provocando no homem um vazio interior e mantendo em silêncio tudo aquilo que está próximo de nossos corações e incompetente para dizer qualquer coisa sobre Deus e a eternidade, deixando-nos pensar que não pertencemos a este mundo descrito pelo quadro cientifico, [...] permite que você imagine a manifestação total do universo como a de um relógio mecânico que, pelo o que sabe e crê a ciência, poderia continuar a funcionar do mesmo jeito sem responsabilidade [...] apenas nossos corpos parecem se enquadrar no quadro, pois está sujeito ás leis que o rege. Isso tudo é o inverso do que propõe a visão holística que propõe um olhar para o todo e não para suas partes desintegradas, o que fica mais claro quando analisamos o significado da palavra “holismo”, que vem do grego holon e significa inteiro, integral, totalidade, realidade, que faz referência a um universo feito de conjuntos integrados, que não pode ser reduzido a simples soma de suas partes. Unidade 3 • Educação Holística63/234 Nessa visão, o homem deve ser considerado em todos os seus aspectos: além do intelectual, também o físico, emocional, criativo, espiritual, dentre outros. Crema nos traz os 4 princípios básicos sobre o paradigma holístico: 1. a consciência ordinária compreende apenas uma parte pequena da atividade total do espírito humano; 2. a mente humana estende-se no tempo e espaço, existindo em unidade com o mundo que ela observa; 3. o potencial de criatividade e intuição são mais vastos do que ordinariamente se assume; e 4. a transcendência é valiosa e importante na experiência humana e precisa ser abrangida na comunidade orientada pelo conhecimento (CREMA, 1989, p. 71-72). Unidade 3 • Educação Holística64/234 Esses princípios nos mostram que, a partir da visão holística, para que o desenvolvimento do ser humano ocorra de forma integral, é necessário promover oportunidades de desenvolvimento de todos estes aspectos que contribuirão para que seja um cidadão preparado para os desafios do século XXI. Vamos nos aprofundar agora sobre a visão holística especificamente na educação. Para saber mais Visão cartesiana: criada por Descartes, que acreditava que tudo poderia ser descrito pelas leis da física, tinha uma visão que o mundo funcionava como um relógio, composto por várias peças, que eram fáceis de entender; ao passo que essas partes são analisadas, passa-se a entender o todo. Reducionismo: teorias que afirmam que objetos, fenômenos, teorias ou significados complexos podem ser sempre reduzidos, ou seja, expressos em unidades diferentes a fim de explicá-los. Simplificando, sustenta que o todo pode ser explicado por suas partes. Unidade 3 • Educação Holística65/234 2 – A Visão Holística na Educação O paradigma holístico não é uma determinada corrente filosófica, e sim uma forma de se pensar, viver, e que prefere sinalizar a “holístico” como adjetivo ao invés de usaro substantivo “holismo” (CARDOSO, 1995, p. 11). A famosa pergunta: “Que cidadão a escola quer formar?” pode servir de reflexão sobre o que mostraremos a seguir, ou seja, a importância da visão holística na educação. A visão holística da educação vem sendo tratada por estudiosos há muito tempo, tais como Comenius (1592-1670), Rousseau (1712-1778), Pestalozzi (1746-1827) até chegar aos mais atuais, Piaget (1896-1980) e Paulo Freire (1921-1997). Apesar de não usarem o termo educação holística, as premissas que defendiam para uma educação eficiente e de qualidade remontam à visão holística da educação discutida atualmente. Se analisarmos a frase trazida pela Gestalt: “O todo é mais do que a simples soma de suas partes”, também vê-se as raízes dessa ideia. Unidade 3 • Educação Holística66/234 Essa frase traz uma visão de mundo integrado, supondo uma interdependência e inter-relação entre os fenômenos em todos os aspectos da vida. Refere-se a tratar o ser humano como um todo e não de forma fragmentada. Nessa visão, não é possível olhar o indivíduo em seu aspecto cognitivo sem dar atenção ao seu aspecto emocional e físico, por exemplo. O todo do indivíduo faz com que ele seja como for, mostra suas tendências, porque aprende melhor de determinada forma, porque apresenta determinadas dificuldades e porque se sai tão bem em determinados desafios. Piaget é considerado um dos mais importantes pensadores de educação do século XX, trazendo os conceitos do construtivismo, que estabelece que a capacidade de aprender é desenvolvida e construída pelo aluno por meio do contato crítico com o conhecimento. Já Paulo Freire traz toda a sua visão de uma pedagogia da autonomia em que a aprendizagem se dá a partir do conhecimento prévio do estudante e da sua leitura de mundo, sempre privilegiando um diálogo crítico, no qual o estudante é visto como agente da transformação da sua realidade, saindo da posição passiva de mero expectador para autor dentro de seu processo de construção de conhecimento. Freire, em sua pedagogia da autonomia, afirma que a educação se dá pela criticidade dos estudantes, que devem ser incentivados a manter-se curiosos Unidade 3 • Educação Holística67/234 e inquietos diante do processo de produção de conhecimento. E isso tudo se dá por meio do diálogo sincero, aberto e amoroso entre professores e alunos. Porém, o primeiro a usar o termo visão holística na educação foi o americano R. Miller (1997), para designar que a personalidade global de uma criança deve ser considerada na educação. Esse autor diz que a educação holística ocorre quando: São consideradas todas as facetas da experiência humana, não só o intelecto racional e as responsabilidades de vocação e cidadania, mas também os aspectos físicos, emocionais, sociais, estéticos, criativos, intuitivos e espirituais da natureza do ser humano (YUS, 2002, p. 16). Segundo Weil (1990, p. 31), “A educação tradicional tem uma tendência a condicionar as pessoas a viverem exclusivamente no mundo exterior, enquanto a proposta holística se orienta tanto para o exterior quanto para o interior”. Isso confirma a importância para a proposta holística de desenvolver nos estudantes o hábito de olhar para dentro de si e analisar, por meio dos sentimentos e sensações, quais aspectos precisam de atenção enquanto se está aprendendo. Consiste no desenvolvimento de um fator Unidade 3 • Educação Holística68/234 muito importante, que é a conscientização sobre seu mundo interior, uma compreensão sobre o que sente e, ao mesmo tempo, como pode controlar os sentimentos. As competências socioemocionais também tão discutidas atualmente por pesquisadores da educação e fazem parte desse olhar para dentro que o estudante precisa se habituar a ter e que deve ser incentivado e privilegiado pelo professor por meio de estratégias e projetos que fomentem tal ação. Desenvolvem-se competências socioemocionais quando: [...] tanto crianças como adultos aprendem a colocar em prática as melhores atitudes e habilidades para controlar emoções, alcançar objetivos, demonstrar empatia, manter relações sociais positivas e tomar decisões de maneira responsável, entre outros (PORVIR, 2015). Algumas das competências socioemocionais são: autoestima, motivação, ética, sensibilidade, ansiedade, resiliência, persistência, criatividade, colaboração, dentre outras. Unidade 3 • Educação Holística69/234 Com a finalidade de organização, dividiram-se essas competências em cinco domínios: • conscienciosidade: atitudes de responsabilidade, persistência, resiliência e outras; • abertura a novas experiências: curiosidade, criatividade, não ter medo de errar etc.); • amabilidade: cooperação; • estabilidade emocional: autocontrole; • extroversão: sociabilidade. Pesquisas mostram que estudantes que possuem competências socioemocionais, como otimismo, resiliência e facilidade de socialização mais desenvolvidas, têm melhores resultados também no aspecto cognitivo. Por esse motivo, essas competências precisam ser levadas em conta dentro do processo de ensino e aprendizagem. Além da importância do desenvolvimento das competências socioemocionais, é necessário promover uma mudança no papel do aluno dentro do processo de produção de conhecimento, ou seja, esse deve assumir um papel mais ativo, sentindo-se responsável e no comando de sua aprendizagem, sem atribuir ao professor a incumbência de ensiná-lo, mas indo em busca do conhecimento de forma autônoma. Assim, também muda o papel do professor, que se posiciona no processo como um Unidade 3 • Educação Holística70/234 mediador da aprendizagem, um tutor que está disponível para sanar dúvidas e, ao mesmo tempo, que sugere novos desafios para tirar os alunos do equilíbrio cômodo. Assim, O professor se transforma em perito, em conselheiro. Ele orienta mais do que ensina, dá exemplos por meio de seu próprio comportamento, mostra que tem profundamente integrado nele mesmo os princípios que recomenda (WEIL, 1990, p. 31). Dessa forma, a relação professor-aluno tende a ser igualitária, aberta, dinâmica e não limitada por funções burocráticas ou regras autoritárias, além de buscar promover sempre um trabalho em parceria, em que aspectos de trabalho colaborativo e senso de comunidade são valorizados. Nesse modelo, a autoavaliação também ganha força como forma de retroalimentar os alunos para que planejem seus próximos passos em busca de suas metas. Nesse sentido, a educação holística busca preparar os estudantes para a vida do século XXI, enfatizando uma perspectiva global e os interesses humanos comuns. Contudo, cabe esclarecer que: Unidade 3 • Educação Holística71/234 [...] a abordagem holística da educação não pretende ser uma nova verdade que detenha a chave das respostas para os problemas da humanidade. Ela é uma abertura para o novo, para a realização do ser humano (CARDOSO, 1995, p. 47). Cabe ressaltar que, em um currículo pautado na visão da educação holística, as disciplinas não são mais separadas, como acontece na educação tradicional. O modelo passa a ser transdisciplinar, ou seja, todas as áreas convergem, todas as disciplinas estão relacionadas entre si e os professores trabalham de forma integrada, deixando de lado a visão individualista e compartimentada. Todos os conceitos apresentados relacionados à visão holística da educação estão diretamente relacionados com o modelo de educação integral apresentado na introdução e que é hoje fator de estudo de diversos pesquisadores e tendência para as escolas brasileiras. Unidade 3 • Educação Holística72/234 Para saber mais Gestalt: Gestalt é uma palavra de origem alemã que pode ser traduzida aproximadamente como, “Forma Total” ou “Forma Global”. Surgiu no início do século passado, na Alemanha, e teve como principais expoentes Kurt Koffka (1886- 1940), Wolfgang Köhler (1887-1967) e Max Werteimer (1880-1943). Significa uma integração de partesem oposição à soma do “todo”. Link Competências socioemocionais: <http://www. porvir.org/especiais/socioemocionais/> http://www.porvir.org/especiais/socioemocionais/ http://www.porvir.org/especiais/socioemocionais/ Unidade 3 • Educação Holística73/234 Glossário Mentoria: esse termo vem do inglês “mentoring” e originalmente é usado em empresas para representar o processo em que um funcionário mais experiente orienta um outro que está em processo de aprendizagem. Na educação tem o mesmo objetivo, ou seja, num modelo no qual o aluno assume a responsabilidade por seu aprendizado, poderia contar com um mentor, que é um guia, um mestre, um conselheiro, podendo ser o professor ou um aluno que já tenha desenvolvido as habilidades que visa adquirir. Gestalt: Gestalt é uma palavra de origem alemã, que pode ser traduzida aproximadamente como, “Forma Total” ou “Forma Global”. Surgiu no início do século passado, na Alemanha, e teve como principais expoentes Kurt Koffka (1886-1940), Wolfgang Köhler (1887-1967) e Max Werteimer (1880-1943). Significa uma integração de partes em oposição à soma do “todo”. Reducionismo: teorias que afirmam que objetos, fenômenos, teorias ou significados complexos podem ser sempre reduzidos, ou seja, expressos em unidades diferentes, a fim de explicá-los. Simplificando, sustenta que o todo pode ser explicado por suas partes. Visão cartesiana: criada por Descartes, que acreditava que tudo poderia ser descrito pelas leis da física, em sua perspectiva o mundo funcionava como um relógio, composto por várias peças, que são fáceis de entender e, ao passo que essas partes são analisadas, passa-se a entender o todo. Questão reflexão ? para 74/234 Diante dos desafios enfrentados hoje para levar uma educação de qualidade para as instituições de ensino em todos os níveis, qual é sua visão sobre a viabilidade de implementação de um modelo como a educação integral consonante com os princípios da visão holística de educação? 75/234 Considerações Finais Educação integral como tendência para a melhoria da qualidade da educação brasileira; a visão holística, proposta contrária aos paradigmas reducionistas e materialistas, em que se baseia a educação brasileira; educação holística que leva em consideração o ser humano como um todo, não só focando o aspecto cognitivo, mas os aspectos físicos, emocionais, criativos, espirituais, dentre outros. a importância do desenvolvimento das competências socioemocionais para preparar o cidadão para os desafios do século XXI. Unidade 3 • Educação Holística76/234 Referências CARDOSO, Clodoaldo Meneguello. A Canção da Inteireza: uma visão holística da educação. São Paulo: Summus, 1995. CREMA, Roberto. Introdução à Visão Holística: breve relato de viagem do velho ao novo paradigma. São Paulo: Summus, 1989. EI. Site Educação Integral. Disponível em: <http://educacaointegral.org.br/conceito/>. Acesso em: 20 ago. 2015. FREIRE, Paulo. Pedagogia da Autonomia: saberes necessários à prática educativa. São Paulo: Paz e Terra, 1996. _______. Pedagogia do Oprimido. 13. ed. Rio de Janeiro: Paz e Terra, 1983. (Coleção O Mundo, Hoje, v. 21) PORVIR. Disponível em: <http://www.porvir.org/especiais/socioemocionais/>. Acesso em: 1 set. 2015. PROGRAMA MAIS EDUCAÇÃO: passo a passo. Cartilha. Brasil: Ministério da Educação, Secretaria de Educação Continuada, Alfabetização e Diversidade, 2008. Disponível em: <http:// portal.mec.gov.br/dmdocuments/passoapasso_maiseducacao.pdf>. Acesso em: 20 ago. 2015. http://educacaointegral.org.br/conceito/ http://www.porvir.org/especiais/socioemocionais/ http://portal.mec.gov.br/dmdocuments/passoapasso_maiseducacao.pdf http://portal.mec.gov.br/dmdocuments/passoapasso_maiseducacao.pdf Unidade 3 • Educação Holística77/234 WEIL, Pierre; AMBRÓSIO, Ubiratan; CREMA, Roberto. Rumo à nova transdisciplinaridade: Sistemas abertos de conhecimento. São Paulo: Summus, 1993. YUS, Rafael. Educação Integral: uma educação holística para o século XXI. Tradução de Daisy Vaz de Moraes. Porto Alegre: Artmed, 2002. __________. As comunidades de aprendizagem na perspectiva holística. Pátio. Revista Pedagógica. Porto Alegre: Artmed, ano VI, n. 24, nov. 2002/jan. 2003. 78/234 Assista a suas aulas Aula 3 - Tema: Educação Holística - Bloco I Disponível em: <http://fast.player.liquidplatform.com/ pApiv2/embed/dbd3957c747affd3be431606233e0f1d/ e7f6ea3c61db4977dc11c490320f0cde>. Aula 3 - Tema: Educação Holística - Bloco II Disponível em: <http://fast.player.liquidplatform.com/ pApiv2/embed/dbd3957c747affd3be431606233e0f1d/ af7d696002540944ea0cc244be3cf1b8>. http://fast.player.liquidplatform.com/pApiv2/embed/dbd3957c747affd3be431606233e0f1d/e7f6ea3c61db4977dc11c490320f0cde http://fast.player.liquidplatform.com/pApiv2/embed/dbd3957c747affd3be431606233e0f1d/e7f6ea3c61db4977dc11c490320f0cde http://fast.player.liquidplatform.com/pApiv2/embed/dbd3957c747affd3be431606233e0f1d/e7f6ea3c61db4977dc11c490320f0cde http://fast.player.liquidplatform.com/pApiv2/embed/dbd3957c747affd3be431606233e0f1d/af7d696002540944ea0cc244be3cf1b8 http://fast.player.liquidplatform.com/pApiv2/embed/dbd3957c747affd3be431606233e0f1d/af7d696002540944ea0cc244be3cf1b8 http://fast.player.liquidplatform.com/pApiv2/embed/dbd3957c747affd3be431606233e0f1d/af7d696002540944ea0cc244be3cf1b8 79/234 1. Sobre educação integral, é FALSO afirmar que: a) valoriza uma carga horaria maior na escola, ampliando as possibilidades de aprendizagem dos alunos; b) visa atender a todas as dimensões do desenvolvimento humano e se dá como processo ao longo de toda a vida; c) deve ser somente aplicada no ensino superior por causa da faixa etária dos alunos; d) procura integrar todas as disciplinas e conteúdos, contextualizando a aprendizagem dos alunos; e) leva em conta, além do aspecto cognitivo, também aspectos físicos e emocionais dos alunos em seu processo de aprendizagem. Questão 1 80/234 2. Em uma proposta de educação integral, a quem cabe a responsabilidade de ensinar os alunos? a) Somente aos professores, pois eles conhecem a técnica adequada para isso. b) Os alunos devem aprender sozinhos, sem ajuda, para se tornarem responsáveis. c) O aluno deve assumir a responsabilidade pela sua aprendizagem, porém conta com o apoio de todos os que estão ao seu redor: professores, outros alunos, funcionários da escola etc. d) Aprendem usando videoaulas. Somente essa estratégia pode trazer os efeitos esperados para a produção do conhecimento. e) Aprendem com jogos, vídeos, simulações com a vantagem de que não precisam mais frequentar a escola. Questão 2 81/234 3. Sobre a Educação Integral: a) Tem como premissa ter um olhar para o “todo”, assumindo que: “O todo é mais do que a soma das partes”, o que ajuda a contextualizar a aprendizagem dos alunos. b) Reducionismo e visão cartesiana são os paradigmas que moldam este modelo de educação. c) Entende que o currículo deve mesmo ser dividido em disciplinas e estas devem trabalhar separadamente para não confundir a cabeça do aluno. d) Entende que o aluno, por estar nesse lugar, não tem autonomia para decidir o que aprender e como aprender. Cabe ao professor definir quais serão os conteúdos e ensiná-los. e) Privilegia sempre o aspecto cognitivo, afinal a escola deve ensinar conteúdos curriculares que serão mais importantes que qualquer outra coisa no futuro profissional do aluno. Questão 3 82/234 4. Sobre os 4 princípios básicos que regem o paradigma holístico, é FALSO afirmar que: a) a consciência ordinária compreende apenas uma parte pequena da atividade total do espírito humano; b) a mente humana estende-se no tempo e espaço, existindo em unidade com o mundo que ela observa; c) o potencial de criatividade e intuição são mais vastos do que ordinariamente se assume; d) objetos, fenômenos, teorias ou significados complexos podem ser sempre reduzidos, ou seja, expressos em unidades diferentes, a fim de explicá-los. Simplificando, sustenta que o todo pode ser explicadopor suas partes. e) a transcendência é valiosa e importante na experiência humana e precisa ser abrangida na comunidade orientada pelo conhecimento. Questão 4 83/234 5. O que é mentoria: a) Um termo que vem do inglês “mentoring” e somente é usado em empresas. b) Num modelo em que o aluno assume a responsabilidade por seu aprendizado, pode contar com um mentor, que é um guia, um mestre, um conselheiro, podendo ser o professor ou um aluno que já tenha desenvolvido as habilidades que visa adquirir. c) Mentoria é utilizado nas empresas para se referir à “coordenação” ou “chefia”. d) No processo de mentoria, os alunos devem seguir à risca as ordens do mentor, pois eles sabem o que é melhor para o aluno e não erram. e) Mentoria é exatamente o que os professores já fazem nas aulas tradicionais. Questão 5 84/234 Gabarito 1. Resposta: C. Exceto a C, todas as demais alternativas apresentam características sobre a proposta de educação integral, pois “[...] a educação integral deve atender a todas as dimensões do desenvolvimento humano e se dá como processo ao longo de toda a vida” (EI, 2015). Além disso, deve ser implementada desde os anos iniciais da educação básica. 2. Resposta: C. São educadores todos aqueles que se relacionam com os estudantes, tais como o porteiro da escola, a merendeira, os monitores, os demais funcionários e também os outros alunos. A educação integral prevê que o indivíduo aprenda em qualquer espaço, dentro e fora da sala de aula, e até mesmo quando está em seu tempo fora da escola. Tudo se transforma em oportunidade de aprendizagem quando ele assume o comando deste processo. 3. Resposta: A. Educação integral, pois “[...] deve atender a todas as dimensões do desenvolvimento humano e se dá como processo ao longo de toda a vida” (EI, 2015), considerando o estudante nas suas múltiplas dimensões: física, intelectual, social, emocional e simbólica. 85/234 Gabarito 4. Resposta: D. O conteúdo da alternativa D diz respeito ao paradigma reducionista, vigente hoje no modelo de escola tradicional, mas contrário ao paradigma holístico, que privilegia o olhar sobre o todo, numa análise mais ampla da realidade. 5. Resposta: B. Mentoria é uma proposta de atuação docente no modelo de educação integral, validado pela educação holística, que prevê que o aluno precisa assumir a responsabilidade pela sua aprendizagem, podendo contar com o apoio de um tutor ou facilitador, que em alguns momentos é o professor e em outros podem ser os colegas de classe ou outro funcionário da escola. 86/234 Unidade 4 Visão de Teia/Rede Objetivos 1. Apresentar as características da sociedade em rede; 2. conhecer o pensamento sistêmico; 3. entender os princípios da visão sistêmica na educação; 4. conhecer a proposta das cidades educadoras; 5. refletir sobre a contribuição dos REA na educação segundo o pensamento sistêmico. Unidade 4 • Visão de Teia/Rede87/234 Introdução “Todos os seres vivos são membros de comunidades ecológicas ligadas umas às outras numa rede de interdependência” (CAPRA, 1999, p.20). Quando observamos os espaços à nossa volta, podemos notar que a ideia das redes está por toda a parte: malhas rodoviárias e ferroviárias, postos de saúde, sistemas de água e esgoto, sistema de energia elétrica, cadeias de lojas, franquias, redes de telefonia, redes de computadores, internet, dentre outras tantas. Onde quer que encontremos sistemas vivos – organismos, partes de organismos ou comunidades de organismos – podemos observar que seus componentes estão arranjados à maneira de rede. Sempre que olhamos para a vida, olhamos para redes. [...] O padrão da vida, poderíamos dizer, é um padrão de rede capaz de auto-organização (CAPRA, 1999, p. 35). Unidade 4 • Visão de Teia/Rede88/234 Para Manuel Castells, redes são: [...] estruturas abertas capazes de expandir de forma ilimitada, integrando novos nós desde que consigam comunicar-se dentro da rede, ou seja, desde que compartilhem os mesmos códigos de comunicação (por exemplo, valores ou objetivos de desempenho). Uma estrutura social com base em redes é um sistema aberto altamente dinâmico suscetível de inovação sem ameaças ao seu equilíbrio (1999, p. 499). Como visto, estamos rodeados pela ideia de redes, ou de grupos. Grupos de todos os tipos são formados em nossa sociedade, tais como o grupo religioso, escolar, profissional, esportivo, enfim, vivemos cercados por grupos e participamos deles a todo momento. Dentro de um grupo ou de uma rede, existe uma relação moral de confiança, de cooperação, comunicação e identificação. Identificamo-nos com as redes das quais participamos. Unidade 4 • Visão de Teia/Rede89/234 Uma característica peculiar em todas as redes é a não linearidade, conforme afirma Capra: A primeira e mais óbvia propriedade de qualquer rede é a sua não linearidade – ela se estende em todas as direções. Desse modo, as relações num padrão de rede são relações não lineares (1999, p.92). Da mesma forma que não é linear, uma rede também não possui um centro, pois é composta por sistemas descentralizados, em que cada ponto pode se conectar com qualquer um outro que faça parte daquela rede, a qualquer momento. Isso define que o grau de liberdade dentro de uma rede é um fator muito valorizado, pois o integrante pode optar pelos caminhos que quer percorrer dentro da rede, conforme seus interesses e necessidades. Dessa forma, podemos afirmar que as redes possuem múltiplas lideranças, pois seus integrantes assumem o papel de líder sempre que necessário para organizar uma tarefa ou coordenar um evento dentro da rede, abrindo espaço para que outros compartilhem dessa liderança. Essa forma de atuação faz das redes estruturas contrárias às hierarquias. Vamos agora entender a origem dessa ideia das redes. Discordante do pensamento reducionista e mecanicista proposto por Descartes, Bacon e Newton, cuja proposta era Unidade 4 • Visão de Teia/Rede90/234 fragmentar tudo para estudar suas partes, dando pouca ou nenhuma importância para o todo, foi proposto em 1937 o pensamento sistêmico, pelo biólogo Ludwig von Bertalanffy (ALVAREZ, 1990). Bertalanffy criticava a divisão da ciência em áreas: Química, Física, Psicologia, dentre outras, já que a natureza não se divide dessa maneira. Unindo todas as áreas e verificando a interdependência entre elas, é possível explicar o todo de forma mais real. O pensamento sistêmico passa a assumir grande importância, pois conforme afirma Capra: Quanto mais estudamos os principais problemas de nossa época, mais somos levados a perceber que eles não podem ser entendidos isoladamente. São problemas sistêmicos, o que significa que estão interligados e são interdependentes. Por exemplo, somente será possível estabilizar a população quando a pobreza for reduzida em âmbito mundial. A extinção de espécies animais e vegetais numa escala massiva continuará enquanto o Hemisfério Meridional estiver sob o fardo de enormes dívidas (1999, p. 99). Unidade 4 • Visão de Teia/Rede91/234 Portanto, para pensar na solução de problemas, é necessário um olhar mais amplo, contemplando todos os aspectos relacionados a ele e que podem influenciar sua mudança ou melhoria. Por esse motivo, partiremos agora para desenvolver o conceito de pensamento sistêmico e seu impacto na educação. 1. Pensamento Sistêmico Do grego, a palavra sistema significa “colocar junto ao mesmo tempo” e pode ser explicada como “conjunto de elementos, concretos ou abstratos, intelectualmente organizados”. Portanto, trata-se de um encadeamento de eventos que se relacionam como em uma rede. O Sistema é um conjunto de partes interagentes e interdependentes que, conjuntamente, formam um todo unitário com determinado objetivo e efetuam determinada função (OLIVEIRA, 2002, p. 35). Unidade 4 • Visão de Teia/Rede92/234 Ou então, conforme afirma Chiavenatto: A palavra sistema denota um conjunto de elementos interdependentes
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