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*Obs.: Tópicos em vermelho são da parte II que será disponibilizada na próxima atualização. Formação territorial de Pernambuco Processos de formação Pernambuco, inicialmente, foi parte da Colônia de Santa Cruz, (Brasil) que o governo português procurou explorar e em seguida colonizar. Em 1534, ao fazer a doação do espaço brasileiro a fidalgos e militares portugueses, o Rei D. João III dividiu o Brasil em quinze lotes que se estendiam de pontos específicos do litoral até o encontro dos paralelos que cortavam pontos, até o hipotético Meridiano de Tordesiihas, conforme se observa no (Mapa 01). Este meridiano havia sido destinado, em 1494, como delimitação das terras portuguesas e espanholas a descobrir no Oeste. O lote doado a Duarte Coelho Pereira compreendia as terras que, no litoral, se estendiam desde a foz do rio Santa Cruz, ao sul da Ilha de Itamaracá, até a foz do rio São Francisco, ao sul. Este rio separaria as capitanias de Pernambuco e da Bahia, da foz até as nascentes, sendo as suas águas pernambucanas. Assim, Pernambuco era limitado ao Norte pela Capitania de Itamaracá, doada a Pero Lopes de Souza e onde já se iniciara o povoamento e, ao Sul pela Bahia de Todos os Santos, doada a Francisco Pereira Coutinho. O povoamento foi realizado a partir da vila de Olinda, para o Norte e para o Sul, sempre seguindo a linha da costa e os vales dos pequenos rios que desembocavam no Atlântico. Sempre este povoamento foi feito em luta constante com os indígenas, sobretudo Caetés que tinham suas aldeias e suas roças na área. Os primeiros anos de ocupação foram de convivência difícil, de vez que os portugueses tiveram não só de submeter os indígenas e obrigá-los ao trabalho sedentário, como se defender do ataque das moléstias do meio tropical e se adaptar à alimentação indígena. Entre outras coisas, tiveram que substituir alimentos como a farinha de trigo pela de mandioca, a farinha de pau dos indígenas. A penetração para o interior foi dificultada tanto pela resistência indígena como pelo relevo, representado pelo maciço da Borborema, o que levou estudiosos, como Capistrano de Abreu, a chamar a atenção para o fato do Oeste de Pernambuco ter sido ocupado pelo povoamento oriundo de Salvador que havia subido rios, como o Vaza- Barris, o Itapicuru e o Paraguassu, alcançando o São Francisco e depois os rios afluentes da margem esquerda deste rio para ocupar territórios hoje pernambucanos, paraibanos, rio-grandenses do norte, cearenses, piauienses e até maranhenses (Mapa 02). O povoamento pernambucano chegaria após a guerra holandesa, com o avanço feito pelo rio São Francisco, ao sul, e pela subida da Borborema, utilizando vales do Capibaribe, do Ipojuca e do Una, com forças que preavam indígenas e implantavam fazendas de gado. Pernambuco visava, assim, assegurar a formação do seu território ao oeste, estabelecendo povoações no Sertão, como Flores (Alto Pajeú), e no submédio São Francisco (Cabrobó, Barra, etc.). Apesar da forte concorrência baiana, no século XVIII, ao ser o Brasil dividido em Capitanias Gerais e Capitanias Subalternas, Pernambuco, que era uma Capitania Geral, conseguiu manter sua supremacia sobre as Capitanias Subalternas (Mapa 03) do Piauí até 1715, do Ceará até 1799, do Rio Grande do Norte até 1808, da Paraíba até 1799 e de Itamaracá até 1763. Esta seria, nesse ano, incorporada a Pernambuco, como Comarca de Goiana. Alagoas, que era parte do território pernambucano, sena desmembrada e transformada em província em 1818. Ainda em 1824, Pernambuco, face à proclamação da Confederação ir do Equador, teria desmembrada a Comarca do São Francisco, que foi inicialmente incorporada a Minas Gerais e, posteriormente, em 1827, à Bahia. Assim, Pernambuco, hoje um pequeno Estado, foi mutilado várias vezes, sendo nas duas últimas, como punição pelas ideias republicanas que defendeu nas revoltas de 1817 e de 1824. O Contexto Atual Atualmente, Pernambuco é um Estado de pequena extensão territorial, 98.311,616km2, o décimo nono do Brasil em superfície, onde vivia, segundo o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), em 2010, uma população de, aproximadamente, 8.485.386 habitantes. A projeção de população é, segundo o IBGE, 9.392.870 em 29/mar2016. A densidade demográfica é alta, 86,3 lhab./km2 e o PIB per capita era de R$ 15.282,28, em 2013. A população estadual é irregularmente distribuída, concentrando-se no Leste, porção onde se encontra a capital Recife e a chamada Região Metropolitana de Recife. 1.2 Mesorregiões. 1.3 Microrregiões. 1.4 Regiões de Desenvolvimento – RD. Aspectos físicos Clima Os Sistemas Atmosféricos que Agem sobre Pernambuco As condições climáticas de Pernambuco recebem as influências de sistemas atmosféricos tropicais e extratropicais, conforme foi dito anteriormente. Os avanços e recuos desses sistemas, ao longo do ano, determinam o andamento do tempo no Estado. Os Sistemas Tropicais Os sistemas tropicais estão representados pelas massas de ar Equatorial Continental (mEC), Tépida Kalaariana (mTK) e pelas Ondas de Leste e a Zona de Convergência Intertropical (ZCIT). A massa Equatorial Continental se origina sobre a Floresta Amazônica, mais especificamente nas imediações do Alto Solimões. Trata-se de uma massa de ar quente e muito úmida, de baixas pressões e possuidora de movimentos convergentes e ascendentes. Mesmo sendo uma massa de ar de origem continental, a mEC recebe uma quantidade expressiva de umidade que lhe é fornecida pela densa Floresta Amazônica, mediante o fenômeno conhecido como evapotranspiração. Essa massa, de acordo com a marcha aparente anual do Sol ao redor da Terra, dilata-se e se contrai. A sua dilatação máxima se dá nos meses de verão, época em que pode atingir o oeste de Pernambuco. No inverno, ela se contrai, ficando, muitas vezes, restrita à sua região de origem. A passagem da mEC sempre se faz acompanhada de pesados aguaceiros do tipo convectivo. Os geógrafos pernambucanos Rachel Caldas Lins e Gilberto Osório de Andrade, estudando as condições climáticas do Nordeste brasileiro, identificaram uma massa de ar tropical, seca, originada na parte oriental do Anticiclone do Atlântico Sul. Por passar grande parte do ano sobre o deserto do Kalaari, no sudoeste da África, os autores a denominaram “massa Tépida Kalaariana”. É uma massa de ar estável, advectivo, seco e de altas pressões. Ela é a responsável direta pela instalação, no Nordeste brasileiro, da enorme área semiárida. Assim, todo o semiárido pernambucano recebe a influência dessa massa de ar. As Ondas de Leste são conglomerados de nuvens que se formam sobre o oceano Atlântico, entre o Brasil e a África, e avançam de leste para oeste, atingindo a Zona da Mata nordestina e até trechos do Agreste. Esse sistema atmosférico é mais frequente no outono- inverno, e sempre causam sérios problemas ambientais e socioeconômicos na Região Metropolitana de Recife. A grande enchente do rio Capibaribe, ocorrida em julho de 1970, no Recife, foi acarretada por uma onda de leste. A Zona de Convergência Intertropical (ZCIT) é um sistema atmosférico de baixa pressão, de caráter planetário, que é alimentado pelos fluxos dos alísios de sudeste-nordeste. A confluência dos alísios provoca movimentos ascendentes do ar com elevado teor de umidade. De acordo com a marcha aparente anual do Sol em torno da Terra, a ZCIT migra para o norte e para o sul do Equador, sempre provocando pesados aguaceiros convectivos. E no verão-outono que esse sistema migra mais para o sul, atingindo o Estado de Pernambuco e até o norte de Alagoas. Há anos, contudo, em que a migração da ZCIT, para o sul, é bloqueada. Esses anos serão secos para Pernambuco. Isso ocorre quando, por exemplo, se instala, no oceano Pacífico, o fenômeno El Niño, ou então quando o oceano Atlântico Sul está mais frio do que o habitual. Assim, os ventosalísios de sudeste ficam mais enérgicos e “jogam” a ZCIT mais para o norte. O Sistema Extratropical O único sistema atmosférico extratropical que atinge o Estado de Pernambuco é Frente Polar Atiântica (FPA). A FPA se origina numa área muito afastada do Nordeste brasi leiro, ou seja, numa região subantártica. Ela resulta do choque entre uma massa de ar tropical (Tropical Atlântica) e uma massa de ar polar (Polar Atlântica). Essa frente avança em direção às áreas de baixas latitudes, atingindo, já bastante modificada, o Estado de Pernambuco. Quando se instala sobre esse Estado, influencia a precipitação dos meses de maio a agosto e acarreta considerável redução de temperatura nas áreas mais elevadas do Agreste e do Sertão, particularmente em Garanhuns, Taquaritinga do Norte, Triunfo e Poção. Em Pernambuco, as incursões da FPA são facilitadas pela disposição de certos vales fluviais, notadamente na Zona da Mata ao sul do Estado. A Classificação dos Climas de Pernambuco Existem diversas classificações climáticas que são empregadas nos estudos geográficos. Escolhemos, para Pernambuco, a classificação de Wilhelm Köppen, com as devidas adaptações. Essa classificação emprega letras e símbolos para definir tipos e subtipos climáticos. Para Köppen, há cinco grandes zonas climáticas no planeta. Estas zonas foram assim designadas pelo autor: Observe o mapa climático de Pernambuco: Em Pernambuco são encontrados climas dos grupos A, B e C. Em cada grupo são identificados tipos e subtipos climáticos, de acordo com o regime de chuvas. Nesse sentido são incluídos letras e símbolos complementares. De uma maneira simplificada, apresentamos no quadro da página seguinte, os tipos climáticos de Pernambuco. Ao examinar o mapa com esses tipos climáticos, a que conclusões você chegou? Os climas locais de algumas áreas do Agreste e Sertão pernambucanos estão sendo, ultimamente, um fator de especial importância para o desenvolvimento das atividades turísticas, nas cidades situadas nas superfícies mais elevadas do planalto da Borborema. É o caso do “Circuito do Frio”, que compreende cidades como Garanhuns, Triunfo, Gravatá, Taquaritinga do Norte e Pesqueira. Nessas cidades, nos meses de inverno, a temperatura decresce, quando da passagem da FPA, constituindo assim um atrativo para os turistas que admiram as condições climáticas mais amenas das cidades serranas. Vegetação Quem se desloca hoje do Recife, no sentido oeste, em direção ao Sertão pernambucano, não mais encontrará, em toda a sua plenitude, as formações vegetais que recobriam o Estado, quando os portugueses aqui chegaram para iniciar o processo de colonização. Ao longo dos séculos, um processo de uso intensivo e desordenado do solo gerou uma destruição maciça da cobertura vegetal do Estado. A outrora exuberante Mata Atlântica, reduz-se hoje a algumas áreas pontuais, situadas no topo de colinas da Zona da Mata ou nos brejos de altitude do Agreste e Sertão. As formações vegetais que serão abordadas a seguir são aquelas que primitivamente existiam em Pernambuco e que constam no (Mapa 11). A cobertura vegetal primitiva de Pernambuco estava representada pelas seguintes formações: Formações Litorâneas, Floresta Subperenifólia, Floresta Subcaducifólia, Floresta Caducifólia, Cerrado e Caatingas. As Formações Litorâneas São fortemente influenciadas pelas características do solo. Elas compreendem os manguezais, as matas de restingas e formações de praias. Os manguezais são um tipo de floresta de regiões alagadas litorâneas, na desembocadura dos rios, sujeitas aos afluxos e refluxos das marés. A maior concentração dos manguezais, em Pernambuco, ocorria no litoral norte, onde uma rede de canais e rios penetra pelo continente, em áreas de planície costeira. Assim, essas formações vegetais se dispõem numa faixa de contato da água salgada oceânica com a água doce dos rios. As espécies vegetais dos manguezais têm características necessárias à adaptação ao ambiente referido, como por exemplo, raízes suportes, que agem como escoras no terreno frouxo e lamacento dos estuários. As matas de restingas se instalavam em solos arenosos desenvolvidos numa feição de relevo denominada restinga, ou seja, um depósito arenoso litorâneo, em geral disposto paralelamente à costa. Essa formação se compõe de arbustos e vegetação rasteira. Originalmente, as matas de restingas estavam dispostas, numa faixa de largura variável, entre a praia e os morros e tabuleiros sedimentares do Grupo Barreiras. As formações vegetais das praias correspondem a uma vegetação rasteira, encontrada disposta sobre os solos arenosos das áreas de praias. Nas áreas litorâneas mais urbanizadas, essa vegetação foi praticamente destruída. Contudo, tal vegetação exerce um papel importante em áreas de praias arenosas, pois evita que haja uma migração rápida dos sedimentos arenosos durante os meses do ano mais secos e com ventos mais fortes. No bairro do Pina, na capital pernambucana, há anos em que a migração de areia, nos meses de julho e agosto, é forte, trazendo transtornos diversos para a população. Esse processo de deposição de sedimento acelerado se deve, sobretudo, à destruição das formações vegetais da praia. A Floresta Subperenifólia Trata-se de uma formação vegetal florestal densa, composta de árvores de grande porte, heteróclita (espécies arbóreas muito variadas), com folhas largas (latifoliadas), além de um grande número de epífitas. Essa floresta aparece, em Pernambuco, nas áreas de climas quentes e úmidos, do tipo As’, segundo a classificação de Köppen. Essa floresta, que atualmente se encontra sob intenso processo de destruição, é uma das 25 prioridades mundiais para a conservação da biodiversidade. A Floresta Subcaducifólia A Floresta Subcaducifólia ou “Mata Seca”, expressão utilizada, em 1941, pelo ecólogo Vasconcelos Sobrinho, apresenta, também, árvores de grande porte, latifoliadas, mas grande parte das espécies arbóreas perde as folhas durante a estação seca. Essa formação dominava nos municípios de Itambé, Timbaúba, Goiana, Vicéncia, Bom Jardim, São Vicente Férrer, Orobó, Surubim e Nazaré da Mata. Ela reflete índices pluviométricos anu ais em torno de 1200mm. A Floresta Caducifólia É uma formação florestal em que as espécies arbóreas, em sua quase totalidade, perdem as folhas durante os meses secos. Ela sofreu uma intensa exploração, daí só ser encontrada, atualmente, em áreas muito restritas de Timbailba, Itaíba e Buíque. Os Cerrados Caracterizam-se pela presença de árvores de aspecto tortuoso, esparsas, intercaladas por um manto inferior composto de gramíneas. Pernambuco não é um estado rico em Cerrado, mas no passado, existiam, sobre áreas arenosas dos Tabuleiros Costeiros, nas proximidades de Goiana, manchas de cerrados, conhecidos localmente pela designação “tabuleiros”, constituindo esse fato uma certa confusão semântica. Outra mancha de cerrado, mas ainda preservada, é vista na Chapada do Araripe. As Caatingas Etimologicamente, caatinga, palavra de origem indígena, significa mata clara, mata aberta . Mas não se trata de uma formação vegetal homogênea, como poderíamos pensar a princípio. A composição das caatingas varia de acordo com as condições de solo, do sistema fluvial, do clima e do relevo. As caatingas existentes em Pernambuco estão agrupadas em duas categorias: caatingas hipoxerófilas e caatingas hiperxerófilas. Essa subdivisão foi influenciada fortemente por dois fatores: clima e solo. A caatinga hipoxerófila é forma da predominantemente por árvores e arbustos que perdem as folhas durante a época seca. É no Agreste que predomina a caatinga hipoxerófila. A caatinga hiperxerófila é característica das áreas mais secas do Sertão, sendo assim frequente na Depressão Sertaneja. Nessa formacão são frequentemente encontradas as cactácease as bromeliáceas. As espécies mais comuns nessa caatinga são a macambira, o xique-xique, o caroá e o angico. A Vegetação dos Brejos de Altitude e de Exposição Os brejos de altitude, como vimos anteriormente, são áreas úmidas, de exceção, encontradas no domínio das caatingas. Nesses brejos, em face das condições climáticas locais e dos solos, são encontradas formações disjuntas da Mata Atlântica. A vegetação florestal dos brejos apresenta grande semelhança com a floresta subperenifólia da Zona da Mata, ocorrendo nela espécies vegetais e animais comuns às duas formações mencionadas. Relevo O Estado de Pernambuco está situado integralmente na placa Sulamericana, segundo pode ser observado na (Figura 01). Essa placa fez parte de uma placa bem mais extensa, que reunia, num só continente, a África, a América do Sul, a Antártida, Madagascar, Austrália e Índia. Essa placa foi de nominada Continente de Gondwana. Os terrenos encontrados em Pernambuco tem idade que vão do Quaternário até o Pré-Cambriano. Isso significa que existem no Estado rochas e sedimentos mais jovens (Quaternário) e rochas ígneas e metamórficas muito antigas (Pré-Cambriano). Observe o (Mapa 04) a seguir. Qual a conclusão que se pode chegar de imediato, após o exame das faixas de cores desse mapa? A maior parte do Estado possui terrenos ígneos e metamórficos do e Pré-Cambriano. Fazem parte desses terrenos rochas do tipo granito, migmatito, gnaisse, sienito, calcário cristalino e filito. No passado geológico remoto, grande parte dessas rochas sofreu dobramentos e falhamentos. Esse fato nos mostra que os fenômenos tectônicos foram muito intensos, sobretudo no Pré-Cambriano. Na parte oriental do Estado, nos Municípios de Rio Formoso, Barreiros, Jaboatão dos Guararapes e Vitória de Santo Antão são encontradas grandes áreas graníticas alteradas quimicamente. Em outras regiões do Estado, essas rochas também podem ser vistas aflorando na paisagem. e Na mesorregião do Agreste Pernambucano, particularmente entre Gravatá e Pesqueira, podem ser observados grandes maciços residuais, examinados mais adiante, que se desenvolveram em granitos. Em Caruaru, por exemplo, o morro do Bom Jesus é um desses aforamentos graníticos. Os terrenos sedimentares Paleozoicos, de idade Silurodevoniano, são observados na unidade geológica denominada Bacia do Jatobá. São arenitos que afloram, por exemplo, no Sítio arqueológico de Buíque. Outras manchas desses terrenos sedimentares surgem ainda nas microrregiões do Pajeú e do Salgueiro. Esses terrenos, no Sertão pernambucano, desempenham um papel muito importante porque acumulam água subterrânea numa área semiárida, onde há uma grande carência desse elemento químico. Os terrenos sedimentares do Cretáceo surgem na Zona da Mata, na Bacia do Jatobá e na Bacia do Araripe. Nesta última unidade geológica existem ricas jazidas de gipsita (gesso). Os terrenos sedimentares do Quaternário e Terciário são encontra dos na parte oriental, sobretudo na Mesorregião Metropolitana de Recife, na Microrregião terrenos sedimentares do Mesozoico da Mata Setentrional e em estreitas áreas da Microrregião da Mata Pernambucana. Podemos também destacar uma mancha de terrenos vulcânicos mesozoicos existentes em Pernambuco. Tais terrenos fazem parte de uma unidade geológica conhecida como Província Vulcano-Sedimentar. Nos municípios de Ipojuca e Cabo de Santo Agostinho são encontrados amplos trechos com rochas ígneas extrusivas (vulcânicas), como traquito e riolito. Os Domínios Morfoclimáticos de Pernambuco Os domínios morfoclimáticos refletem as influências diretas ou indiretas exercidas pelas condições climáticas atuais e antigas (paleoclimas) sobre a gênese do relevo terrestre.No Brasil, esses domínios foram estabelecidos pelo geógrafo Aziz Nacib Ab’Sáber, a partir da ação dos seguintes fatores: clima, relevo, cobertura vegetal e solo. Ab’Sáber identificou os seguintes domínios morfoclimáticos no país: a) domínio Amazônico das Terras Baixas Florestadas Equatoriais; b) domínio do Cerrado (chapadões tropicais interiores com cerrados e florestas-galerias; c) domínio dos Mar de Morros; d) domínio das Caatingas (depressões intermontanas e interplanálticas semiridas); e) domínio da Araucária (planaltos subtropicais com araucárias); f) domínio das Pradarias (coxiihas subtropicais com pradarias mistas). Entre um domínio morfoclimático e outro há uma faixa de transição. Nesta, características de ambos surgem na paisagem geomorfológica. Esses são espaços geográficos complexos, às vezes de difícil caracterização. No Estado de Pernambuco, de acordo com a classificação de Ab’Sáber, são encontrados o Domínio do Mar de Morro e o Domínio das Caatingas, conforme podemos ver no (Mapa 05). Um pequeno trecho é ocupado pelo domínio do Cerrado, na Chapada do Araripe. Vamos examinar agora as principais características desses domínios: Domínio do Mar de Morros Esse domínio surge na parte oriental de Pernambuco, coincidindo com a Zona da Mata. E uma área em que se verifica uma profunda decomposição das rochas. Esse fato deriva das condições climáticas dominantes, que são muito úmidas. A elevada umidade do ar acarreta uma profunda alteração química dos corpos rochosos, constatada nos cortes de estradas observados ao longo das principais rodovias da área. Os cortes mostram rochas muito alteradas, com uma coloração em geral avermelhada. É nessë domínio em que há a máxima ocorrência de colinas de perfil convexo. Além dessas colinas, podem ser observadas, ainda, no domínio estudado, amplas planícies fluviais, como por exemplo a planície do rio Goiana, na Microrregião da Mata Setentrional Pernambucana. No Domínio do Mar de Morros, em Pernambuco, são encontradas feições de relevo herdadas de fases climáticas anteriores mais secas. São as paleoformas de relevo que denunciam mudanças climáticas ocorridas durante o Quaternário, período em que esse relevo foi esculpido. A drenagem desse domínio se apresenta perene e muito densa, revelando assim que há, localmente, climas úmidos. O Domínio das Caatingas ou da Depressão Sertaneja Esse domínio impera na área semiárida do Estado. Essa área possui precipitações médias anuais inferiores a 800mm e uma vegetação xerófila, ou seja, adaptada às condições de deficiência hídrica. As paisagens geomorfológicas desse domínio se caracterizam pela presença de amplas depressões, pedimentos, pediplanos, inselbergues e maciços residuais. Essas depressões foram provocadas pelos processos erosivos desencadeados em épocas em que os climas eram mais secos do que os atuais e, em alguns casos, pela conjugação das influências tectônicas e litológicas. O Domínio das Caatingas, em Pernambuco, possui diversos problemas ambientais, tais como: 1) as chuvas são concentradas num curto período do ano; 2) há uma grande irregularidade das chuvas ao longo dos anos; 3) o balanço hídrico (relação entre a água que chega das precipitações atmosféricas e a que volta à atmosfera pela evaporação) é deficitário e desfavorável às atividades agrícolas; 4) ocorrem periodicamente secas, que trazem graves consequências à frágil economia sertaneja; 5) os solos são rasos e pedregosos, sobretudo na depressão sertaneja; 6) nas “baixadas sertanejas”, os soios apresentam problemas de salinização, que se constituem num elemento complicador para as atividades agrícolas; 7) nas áreas de rochas ígneas e metamórficas, verifica-se um baixo potencial de águas subterrâneas. Entre os domínios do Mar de Morros e das Caatingas, observa-se uma faixa de transição, na qual se verificam feições suavemente colinosas, da Zona da Mata, e depressões com inselbergues típicos do Sertão semiárido. Esse fato pode ser facilmente constatado entre a parte oeste do município de Vitória de Santo Antão e o município de Gravatá. Planície - área plana, podendo serbaixa ou não, delimitada por aclives, onde os processos de deposição excedem os de erosão. Planalto - área plana ou relativamente plana delimitada por declives onde os processos de erosao superam os de deposiçao Osplanaltospodem ser sedimentares e cristalinos. Pediplano - superfície aplanada, resultante da ação de prolongados processos erosivos atuantes em ambientes secos. Pode ser também denominado superfície de erosão. Maciços residuais - feições de relevo salientes que surgem nas áreas planas (Depressão Sertaneja). Resultam, geralmente, da erosão diferencial. Inselbergues - relevos residuais isolados sobre pediplanos, de dimensões inferiores aos maciços residuais. Desenvolvem-se, em geral, em rochas ígneas mais resistentes. Tabuleiros - áreas planas desenvolvidas em terrenos sedimentares. Escarpa de falha - vertente íngreme provocada por desnivelamento tectônico. A “serra” das Russas é um exemplo dessa feição de relevo. Terraços fluviais - áreas planas, encontradas nos vales fluviais, que correspondem à antiga topografia ocupada pelo rio. Terraços marinhos - áreas planas, suavemente inclinadas em direçáo ao mar, forma das por sedimentos de origem marinha, situadas acima do nível médio do mar atual. Os Compartimentos Regionais de Relevo de Pernambuco A compartimentação do relevo de Pernambuco, que hoje observamos, aconteceu durante a era Cenozoica, a partir das mudanças climáticas e da ação dos fenômenos tectônicos e litológicos, anteriormente abordados. Dessa interação resultaram os seguintes compartimentos regionais de relevo: Planície Costeira; Tabuleiros Costeiros; Colinas da Zona da Mata; Planalto da Borborema; Depressão Sertaneja; Planalto da Bacia do Jatobá e Chapada do Araripe (Mapa 06). A Planície Costeira É uma área plana e baixa que acompanha a orla marítima, penetrando para o interior do Estado, na Zona da Mata, através de alguns vales fluviais, como os dos rios Capibaribe, Beberibe, Goiana e Una. Esse compartimento de relevo se originou durante o período Quaternário, por processos de sedimentação marinha, em alguns trechos e por deposição fluvial, em outros. Na Planície Costeira são encontradas planícies marinhas, fluviais e flúvio-marinhas, além de outras feições de relevo como as restingas, terraços marinhos e terraços fluviais. No Recife há um bom exemplo dessa planície, a denominada Planície Flúvio- Marinha do Recife. Atualmente, os tabuleiros costeiros vêm sendo intensamente utilizados para o cultivo da cana-de- açúcar, não apenas em Pernambuco, mas em outros estados, como por exemplo Alagoas, Paraíba e Rio Grande do Norte. Esse uso implicou numa impressionante devastação da cobertura vegetal, com sérios prejuízos à biodiversidade regional. Os Tabuleiros Costeiros São feições de relevo de topo plano, desenvolvidas em terrenos sedimentares. Aparecem em Pernambuco nas áreas ocupadas pelos sedimentos arenosos e argilo-arenosos terciários e quaternários do Grupo Barreiras. Esses depósitos sedimentares corres pondem a sucessivas fases de sedimentação decorrentes de prolongados períodos de erosão ocorridas nos terrenos ígneos e metamórficos do Estado de Pernambuco. Os tabuleiros costeiros se encontram entalhados pelos rios que formam as bacias do Goiana, Botafogo, Igarassu, Paratibe e Capibaribe. Nos municípios de Goiana, Igarassu e Itamaracá podem ser vistos retalhos mais amplos desses tabuleiros. As Colinas da Zona da Mata Esse compartimento de relevo se caracteriza por possuir uma topografia de pequenas elevações, às vezes isoladas entre si, que surgem preferencialmente em terrenos cristalinos da parte oriental úmida Colinas da Zona da Mata do Estado (Zona da Mata). Foram elaboradas por processos de erosão dos rios, desencadeados em épocas úmidas. As feições de relevo desse compartimento se mostram, geralmente, com topos planos ou suavemente ondulados e o perfil das vertentes é marcadamente convexo. Há uma certa diferença entre as colinas existentes no sul da Zona da Mata e na parte norte dessa região fisiográfica. As do sul são bem mais desenvolvidas do que as da Zona da Mata Norte. Essa diferenciação pode ser explicada pela atuação de dois fatores, pelo menos: as diferenças rochosas e os índices pluviométricos anuais. As colinas são mais destacadas sob condições climáticas mais úmidas e em rochas cristalinas (ígneas e metamórficas). A exemplo dos tabuleiros, esse compartimento de relevo vem sendo bastante utilizado para o cultivo da cana-de-açúcar, que antes se restringia ao fundo dos vales fluviais, mas que, ultimamente, se expandiu pelas vertentes e para os topos das colinas. O Planalto da Borborema Este é um dos grandes compartimentos de relevo de Pernambuco. É um planalto de estrutura complexa, pois compreende um conjunto de blocos falha dos, maciços residuais e áreas dobradas que foram arrasadas por prolongadas fases erosivas. Apresenta, em Pernambuco, altitudes compreendidas entre 500 e 800m, mas, em alguns trechos, nas áreas de cimeira, pode apresentar altitudes superiores a 900m, chegando até mais de 1000m, como em Garanhuns ou em Triunfo. As áreas de relevo cenozoico mais antigas estão situadas, portanto, nesse compartimento de relevo. Muitos dos rios pernambucanos, como por exemplo o Capibaribe, têm suas nascentes na Borborema. Nas vertentes ocidentais da Borborema, em Pernambuco, são encontra das as paisagens tipicamente semiáridas. Tais paisagens resultaram de prolongados processos erosivos desencadeadas em épocas mais secas do Cenozoico, em especial durante o Quaternário. A Depressão Sertaneja Esse compartimento regional de relevo é um dos mais extensos de Pernambuco. Caracteriza-se por possuir uma topografia aplanada, do tipo pediplano, elaborada durante fases bem secas do Cenozoico. Altitudes desse compartimento variam entre 400 e 600m, em média. A Depressão Sertaneja apresenta diversos problemas, alguns de causas exclusivamente naturais, outros resultantes da ação humana. Dentre esses problemas podem ser mencionados os seguintes: chuvas concentradas num curto período do ano, estação seca prolongada, altas taxas de evaporação, ocorrência de áreas com problemas de desertificação e salinização das águas e do solo. Os espaços geográficos mais secos de Pernambuco estão exatamente situados nessa unidade de relevo. O Planalto da Bacia do Jatobá Trata-se de um planalto sedimentar típico, desenvolvido em terrenos da Bacia do Jatobá. Possui topo plano e encostas recortadas e íngremes. Esse compartimento de relevo se estende no sentido sudoeste-nordeste, indo desde o rio São Francisco até as imediações de Arcoverde. Restos dessa bacia sedimentar aparecem sobre a Depressão Sertaneja, originando retalhos de relevo tabular, também conhecidos como “morros testemunhos”. A Chapada do Araripe E outro expressivo planalto sedimentar existente no território pernambucano. Apresenta uma extensão leste-oeste de aproximadamente 180km. É um amplo compartimento de relevo tabular situado sobre a bacia sedimentar do Araripe. As altitudes do topo dessa chapada ficam compreendidas entre 600 e 900m, aproximadamente. Uma das maiores reservas de gipsita do planeta está exatamente nessa unidade de relevo. Trata-se do Polo Gesseiro do Araripe, situado no Sertão de Pernambuco. Hidrografia A oferta de água na superfície terrestre acontece de maneira bastante heterogênea. Há lugares em que existe uma abundância desse recurso, como por exemplo na Amazônia, onde os rios são caudalosos e perenes. Há outros lugares, contudo, em que os recursos hídricos são escassos e os rios temporários, como por exemplo no Sertão pernambucano. O crescimento populacional e econômico acabou levando o homem a explorar de forma predatória os recursos hídricos de superfície e também os subterrâneos. Os rios passaram a ser explorados como fonte de energia e para abastecimentodoméstico e industrial, irrigação e transporte. O crescimento urbano propiciou impactos ambientais nos rios em face de despejos domésticos e industriais. A maioria dos rios queatravessam as cidades pernambucanas da Zona da Mata, por exemplo, encontra-se deteriorada, constituindo assim um preocupante problema geoambiental. Mas não foram apenas as águas de superfície, os atingidos pelas ações humanas. Os recursos hídricos subterrâneos já começaram a sofrer, também, os efeitos dessas ações. A contaminação dos aquíferos, em decorrência de aterros sanitários desordenados, fossas e construção aleatória de poços, já é um fato notável. Em Recife, as águas subterrâneas passam por um grave problema. Com o crescimento horizontal e sobretudo vertical da cidade, na planície do Recife, os grandes edifícios, particularmente nos chamados “bairros nobres” da Zona Sul da cidade, tiveram que cavar poços artesianos, de forma muito intensa e até descontrolada. Com a retirada constante de um grande volume d’água dos aquíferos, por bombeamento dos poços, uma cunha de água salina passou a se infiltrar nas áreas perfuradas, salinizando rapidamente os poços. Estudos têm mostrado que a vazão total da água que está sendo bombeada pelos poços é superior à recarga de água doce. Assim, muito em breve a capital pernambucana sofrerá um grave problema de abastecimento d’água. As Principais Bacias Hidrográficas de Pernambuco O conjunto de rios e riachos existentes numa determinada área corresponde ao que conhecemos por bacia hidrográfica. A bacia hidrográfica reflete as condições naturais da região (relevo, tipo de rocha, solos e vegetação) e recebe influências, às vezes altamente prejudiciais, das ações humanas nela desenvolvidas (atividades agrícolas, desmatamento, lançamento de esgotos, etc.). As bacias hidrográficas que atravessam o Estado de Pernambuco se organizaram durante o Cenozoico, recebendo, portanto, influências tectônicas (levantamentos do terreno) e paleoclimáticas (climas antigos). Observe no Mapa 10 as principais bacias hidrográficas de Pernambuco. Como se pode notar, em função do relevo, Pernambuco apresenta os principais rios se deslocando para o sul e para leste. Esse fato vem endossar a influência do tectonismo sobre a estruturação da rede de drenagem. Grande parte dos rios que se deslocam para o sul acaba direta ou indiretamente desembocando no São Francisco. Na Zona da Mata pernambucana, em decorrência do predomínio dos climas quentes e úmidos, os rios e riachos têm regime fluvial tropical úmido, assumindo, portanto, um caráter perene. Alguns rios que, no semiárido, são temporários, ao atingirem a faixa úmida oriental do Estado, transformam-se em perenes, como por exemplo o Capibaribe e o Ipojuca. Aspectos Humanos e indicadores sociais População O estudo da população de Pernambuco não pode ser feito de forma isolada, mas dentro de um contexto mais amplo, ou seja, o país onde o Estado se encontra inserido. Por sua vez, a dinâmica populacional desses diferentes territórios, Estado e País deve ser observada dentro de uma dinâmica maior que é a do Mundo. Nos dias atuais, observam-se situações distintas no que diz respeito à dinâmica demográfica vivida pelos diferentes países do mundo, onde alguns apresentam elevadas taxas de crescimento populacional, ao lado de outros que convivem com uma desaceleração desse crescimento, sem contar aqueles que já se preocupam com as taxas negativas que vêm sendo registradas nos últimos anos. Estes diferentes comportamentos não são produtos de um acaso, mas resultados de um processo histórico. Assim, o comportamento da população de um lugar é profundamente dinâmico e sua evolução guarda uma perfeita correlação com o processo histórico de formação do mesmo e com as mudanças econômico- sociais que se efetivaram ao longo do tempo. A População Pernambucana no Contexto Brasileiro Antes de dar início a uma análise do Perfil Demográfico de Pernambuco, necessário se faz tecer algumas considerações sobre a sua representatividade populacional no contexto nacional. Vocês sabiam que dentre os estados brasileiros ele é um dos menores? No país, apenas Rio Grande do Norte, Paraíba, Alagoas, Sergipe, Espírito Santo, Rio de Janeiro e Santa Catarina têm menor extensão territorial. Apesar de possuir uma pequena extensão territorial e de ter uma participação populacional, segundo o IBGE, em 2007, de, aproximadamente, 20% da população nordestina e de 5% do total brasileiro, poucos são os estados que possuem um tamanho populacional superior ao de Pernambuco, como São Paulo (39.827.570hab.), Minas Gerais (19.273.506hab.), Rio de Janeiro (15.420.375hab.), Paraná (10.284.503hab.), Rio Grande do Sul (110.582.840hab.) e Bahia (14.080.654hab.). Pernambuco tem destaque no cenário nacional pela importância de sua Capital, a cidade do Recife que, em 2007, era a oitava em população do país, com uma população de 1.533.580hab. e por sua área de influência se estender não apenas dentro dos limites do Estado, mas por toda a região Nordeste. Os estados do Maranhão, Piauí, Ceará, Rio Grande do Norte, Paraíba, Alagoas, Sergipe e Bahia recebem influências do Recife. Daí ser o Recife, a exemplo de Salvador e Fortaleza, considerada como “Metrópole do Nordeste”. Tomando-se como base, não apenas a cidade, que hoje corresponde à própria superfície total do município, mas o aglomerado maior, constituído por 14 unidades político-administrativas: Abreu e Lima, Araçoiaba, Cabo de Santo Agostinho, Camaragibe, Igarassu, Ipojuca, Ilha de Itamaracá, Itapissuma, Jaboatão dos Guararapes, Moreno, Paulista, Olinda, Recife e São Lourenço da Mata, tem-se uma aglomeração, a chamada Região Metropolitana de Recife que, segundo o IBGE, em 2007, contava com cerca de 3.661.11 9hab. Esta aglomeração é a sexta do país em população, de vez que é suplantada apenas por São Paulo (20.655.102hab.), Rio de Janeiro (12.264.946hab.), Belo Horizonte (6.25 9.573hab.), Porto Alegre (4.709.718hab.) e Salvador (4.322.393hab.). Somando-se à Região Metropolitana de Recife, o arquipélago de Fernando de Noronha, considerado, a partir da Constituição Brasileira de 1988 como um distrito de Pernambuco, tem-se uma das seis mesorregiões geográficas identificadas no Estado, pelo IBGE, a Mesorregião Metropolitana de Recife (Mapa 13). A população não se encontra distribuída de maneira homogênea pela superfície terrestre. Tal fato é constatado, não só quando se estuda esta repartição, a nível do planeta, mas também a nível de países ou mesmo de outras unidades territoriais. Fatores relacionados às condições naturais, ao processo histórico de formação dos territórios, ou mesmo às oportunidades de trabalho ditadas pelo crescimento econômico são os grandes responsáveis pela maior ou menor concentração de habitantes em um determinado lugar. Agora, iremos analisar a maneira como se distribui a população residente, pelo território pernambucano. Quanto a essa distribuição, cuja visualização pode ser feita por vocês, a partir da análise do (Mapa 14), percebe-se que, à medida que se penetra de Leste para Oeste, a população vai se tornando rarefeita, isto é, vai se reduzindo. As tonalidades mais escuras do mapa indicam justamente onde existe um maior quantitativo de pessoas, refletindo os municípios que podem ser vistos como mais populosos. Prova disso é a concentração de habitantes que se constata, também, quando da observação da (Tabela 05), nas mesorregiões Metropolitana de Recife e Mata Pernambucana que, juntas, representavam, em 2007, segundo o IBGE, cerca de 57,5% da população do Estado. Seguidas a elas estavam as mesorregiões do Agreste Pernambucano, com 24,7%, a segunda mais populosa, o Sertão Pernambucano, com 11,4% e o Sertão do São Francisco Pernambucano representando 6,4% da população estadual. Esta desigual repartiçãopode ser explicada em função da presença de condições naturais mais favoráveis, nas áreas de maior adensamento, de fatores históricos que proporcionaram a ocupação do território a partir do Litoral-Mata, pelo maior ou menor dinamismo das atividades econômicas, como também pela presença da Capital na porção oriental do Estado. Quanto à população relativa, sabemos que, em função da maneira como ela é calculada, apesar de Pernambuco possuir uma densidade demográfica, em 2007, da ordem de 86,31 hab.Jkm2, na verdade este valor não retrata, de fato, a real distribuição da população por quilômetros quadrados. Você já estudou que, por se tratar de uma média que, para ser calculada levamos em conta o número total de pessoas existente em um lugar e a sua extensão territorial, logo, este índice de 86,31 hab./km2 não está repartido de forma uniforme pela superfície estadual. A leitura do (Mapa 15) revela que as maiores densidades estão nos municípios que integram a mesorregião Metropolitana de Recife, seguidos daqueles situados na Mata e no Agreste Pernambucano, onde, em média, nessas duas últimas mesorregiões os valores alcançados estão no intervalo de 51 a 200 hab./km2. Assim, à medida que se penetra do litoral para o interior, essas densidades vão, aos poucos, se reduzindo. Observamos municípios com densidades inferiores a 50hab./km2, concentrados quase que em sua totalidade nas mesorregiões sertanejas, ao contrário daqueles onde as densidades chegam a alcançar mais de 200ou mesmo mais de 2.200hab./km2. Passando-se, agora, a uma abordagem a respeito da distribuição da população residente por situação do domicílio, o IBGE identificou que, a partir dos anos 1970, esta começou a sofrer uma alteração, ocasião em que se registra uma supremacia da população urbana sobre a rural (Tabela 06). A partir de então, o crescimento da população urbana foi sempre crescente, motivado pela migração campo/cidade, o chamado êxodo rural. No período 1970/2000, ou seja, em 30 anos, o número de habitantes das cidades e das vilas passou de pouco mais de 50%, em 1970, para, aproximadamente, 77% em 2000. A Contagem Populacional 2007 até o momento não divulgou os dados da população rural e urbana daqueles municípios que tiveram a sua população estimada. Assim, a abordagem sobre a população residente segundo a situação do domicílio foi realizada com os dados obtidos nos recenseamentos. O êxodo rural, responsável pelo crescimento, ou melhor, “inchação” das cidades, é consequência de uma estrutura agrária concentradora de terras, dominante no espaço pernambucano, ao lado de formas de exploração e uso do solo que não só requerem a presença de grandes propriedades, como também, absorvem pouca mão de obra, ou mesmo, que a empregam apenas durante um período do ano, na época da safra. Essas formas de exploração e uso da terra são representadas pela atividade pecuária, ao lado de uma atividade agrícola, realizada de forma tradicional, dependente quase sempre das condições naturais, na mesorregião do Sertão Pernambucano, pelo avanço da criação de animais, substituindo, em grandes proporções, a atividade policultora no Agreste Pernambucano, pelos grandes projetos de irrigação no Sertão do São Francisco Pernambucano, ou mesmo, pela agroindústria canavieira que só emprega um maior número de pessoas na época da colheita e da moagem da cana-de-açúcar, na Mata Pernambucana. Durante muito tempo, este êxodo se dirigiu para a Capital do Estado, a cidade do Recife. Contudo, a intensa procura por este centro urbano fez com que o mesmo não mais tivesse condições de absorver aquele contingente populacional que chegava, à procura de emprego e de melhores condições de vida. Em consequência, com o passar do tempo, passou a haver um novo redirecionamento do fluxo migratório para as cidades de médio e pequeno portes, ou mesmo, para as áreas rurais possuidoras de alguma atividade econômica que, no momento, seja atrativa de população. Esse novo redirecionamento foi identificado pelo IBGE já no Recenseamento de 1991. No momento em que a população rural é expulsa do campo, pela falta de oportunidades de emprego, e migra pra as cidades, um contingente maior de pessoas passa a exercer pressão no mercado de trabalho e a demandar bens e serviços. As cidades que, na maioria das vezes, não dispõem de uma base econômica de sustentação, veem-se sem condições de satisfazer às novas necessidades, dando margem ao surgimento de atividades informais e ao aparecimento de aglomerados subnormais. Em um outro momento, na parte sobre urbanização, você vai ter oportunidade de conhecer melhor a dinâmica dos centros urbanos de Pernambuco. 3.2 Economia. 3.3 O espaço rural de Pernambuco. 3.4 Urbanização em Pernambuco. 3.5 Movimentos culturais em Pernambuco. 4. A questão Ambiental em Pernambuco.
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