49 i c~-~~~~-1-~--~·-······················ ···· ·········· ··· ·· ············· ·· ··•···oesafios profissionais na elaborac;ao de estudo/perf cia social e de seus registros e na relac;ao entre perito/assistente tecnico na Justic;a de Famflia P ensar a atuar;ao do assistente social naJustir;a de Familia e um desafio de significativa envergadura. Cientes disso e do restrito acumulo de debate dessa tematica, nossa perspectiva e levantar pontos que instiguem os profissionais da area a examina-la com vistas a ultrapassar a imediaticidade, a generalizar;ao e a interpretar;ao dos litigios como algo pontual e "problema" daquele individuo ou familia. Partimos do entendimento de que a contribuir;ao do Servir;o Social para definir;oes judiciais que respeitem direitos de crianr;as e adolescentes e atentem para seu bem-estar, mesmo com a separar;ao dos pais, pode resul- tar tanto do processo de realizar;ao da pericia social como de seu parecer final D il' d ' . · urante o processo, procedimentos comumente ut 1za os na penc1a social · d' · ' · ' como entrevistas individuais e conjuntas, nos espar;os JU 1C1ano e 50 Dalva Azevedo de Go· . 15 • Rita c . S. Oliveira domiciliar, podem oportunizar reflexoes e dialogos come d . . d. . . d . entre os env l vidos em 1sputas JU 1cta1s, o que po ena ser propicio para o - a constru - algum entendimento entre eles, em prol do bem-estar dos filhos. r;ao de d , . d . 1 d Quando d conclusao a penc1a e e seu reg1stro em au o, com O pert" a . inente Pare social, tem-se a oportumdade de ofertar analise fundamentada de as cer sociais da situac;ao objeto da lide, o que podera ampliar a pectos ( ) .d d ( ) . d. . , . ( ) b compreensao da s auton a e s JU iciana s so re o assunto e dos suJ· eit os envolvid no processo judicial. 0 s Contudo, para que uma pericia social assim se processe h, d . . , a e se ter clareza quanto ao papel do ass1stente social nessa atribuic;ao e 'fi . . . . , . , . , speer 1ca, 0 que ex1ge delmear duetnzes et1co-poht1cas, teorico-metodolog· , 1cas e tec- nico-operativas para sua realizac;ao. Considerando as questoes lev d anta as no capitulo I, em especial no que diz respeito ao insuficiente acumulo de produc;ao do Servic;o Social na Justic;a de Familia, indaga-se se O conjunto de assistentes sociais com atuac;ao nessa area tern investido na reflexao e na elaborac;ao de questoes preponderantes de seu exercicio profissional. Nossa experiencia e o dialogo com colegas dessa area apontam para a necessidade de constancia e de aprofundamento no debate dessas diretrizes, inclusive pela crescente complexidade das situac;oes que chegam as Varas de Familias. Vale ressaltar, tambem, a importancia de o assistente social contar com infraestrutura apropriada para a realizac;ao dos procedirnentos cornumente utilizados em uma pericia, que deve ser assegurada pela insti- tuic;ao empregadora, de modo a garantir qualidade etica e tecnica, conforme disposto na Resoluc;ao CFESS n. 493/2006. 2.1 0 estudo/perfcia social na Justi<;a de Famma . . . , . m diferentes Na hist6ria do Servic;o Social, os estudos socms Ja tivera . (2009). Para bases analiticas, conforme afirmam Favero (2014) e Mwto d . h. , · critica, base 0 os fins deste texto, centramo-nos na perspectiva 1stonco- ,,.. . Justic;a de Famflia . 5oc1al no 5erv1<;0 51 , . _ olitico da profissao e, em consequencia, de apreensao e analise . tO etICO p , . , . pr0Je _ ocial dos lit1g10s de fam1has. a dirnensao s , . . , . d O da Justic;a de Familia, o respe1to ao usuano-cidadao passa No espa<;: I ·t ra da situac;ao por ele apresentada, tendo como foco a defesa urna er u . . . por . humanos e, dentre esses, espec1almente os soc1a1s, e o respeito direitos _ , . , doS ·d d das diferentes configurac;oes de fam1has e de outros nucleos cl' rs1 a e a ive . 1 Alem disso, a centralidade no social, que ea area para a qual •da soc1a. da Vl ostamente preparados para trabalhar, pode representar eficacia, estarnos sup . , . - d vista tecmco e etico, em nossa atuac;ao. do ponto e . Nessa direc;:ao, cabe ao profiss1onal se perguntar: que expressoes da _ cial estao embutidas na lide posta pelo processo judicial em questao? questao so . . _ . . . d . itos estao preservados e que dire1tos estao v10lados? A mvest1gac;ao Que ire , . rnetodol6gica sobre temas que tern emergido nas disputas entre ex- teonco- -conjuges faz parte de nosso cotidiano de trabalho? Na elaborac;ao de laudos, buscamos privilegiar a analise social da situac;ao em vez de sua descric;ao? Nossas analises guardam pertinencia com a especificidade do Servic;o Social? Se ha necessidade de descrever algo da situac;ao em analise, fazemos isso de forma a evitar a exposic;ao dos sujeitos e o acirramento do litigio? 0 debate sobre estudo/pericia social, atribuic;ao privativa do/a assis- tente social, conforme estabelecido no artigo 5° da Lei n. 8.662/ 199 3, esta consideravelmente subsidiado nas produc;oes de Favero (2013 e 2014), de Mioto (2009), de CFESS (2014), de Martins (2017) e de Fuziwara (prelo), restando aqui levantar alguns pontos para reflexao sobre sua especificidade no Judiciario. A Resoluc;ao CFESS n. 557 /2009, que dispoe sobre a emissao conjunta de pareceres, laudos, opinioes tecnicas entre o assistente social e outros profissionais, tambem alicerc;a esse debate, assim como o Comuni- ~ado CG n. 1.749/2017 (TJSP), que trata da prerrogativa de escolha dos 10strumentos de avaliac;ao dos Setores Tecnicos. d As _produc;oes aqui referidas deixam claro ser indispensavel, em estu- os/pencias s · · . ocia1s e seus reg1stros, analises sociais, devidamente funda- mentadas, da realidade soc1·al d . . 1 .d - . d. . . d m d os SUJe1tos envo VI os nas ac;oes JU 1cia1s, e 0 0 a contrib · u1r para o acesso, a promoc;ao e a defesa de seus direitos. 52 Dalva Azevedo de Gois • Rita C · S. Olive· lrQ Nesse sentido, 0 conteudo deste texto visa a oferecer subsidios que 0 . - d . . 1 p dern. contribuir para ahcerc;ar a atuac;ao o ass1stente socia naJustic;a de Fa,.,..., 1 . «d Ia Acrescente-se que, no ambito do Servic;o Social, o estudo/per' . · . . . - ic1a social tern como particulandade a mvest1gac;ao de express6es da quesc . . . . ao sacral Presentes nas situac;oes que const1tuem obJeto da d1sputa judicial . . para as quais esta voltado o trabalho do ass1stente social, cabendo ao profi . 1ss1ona] identifica-las e analisa-las fundamentadamente. Esse nos parece ser 0 grande desafio de assistentes sociais, quando da realizac;ao de estudos/peri'c• 1as so- ciais ea analise de alguns aspectos pode contribuir para seu enfrentam ' ento. A contextualizac;ao social da vivencia conjugal e a analise dos p actos estabelecidos para a organizac;ao familiar na vigencia da uniao conjugal, assim como da organizac;ao de vida p6s-separac;ao, podem favorecer a apreensao de possiveis reproduc;oes de desigualdades no ambito da ocupac;ao profi.ssionaI, de rendimentos, <las relac;oes de genero no casamento (assimetrias de poder na definic;ao de quest6es da vida familiar, como a administrac;ao de atividades domesticas e das relac;oes com o meio social), autoritarismo ou ate violencias nas relac;oes parentais, alem de outras associadas a questoes etnico-raciais. Nesse sentido, Favero (2013, p. 523) refere-se a importancia de uma "[ ... ] investigac;ao rigorosa da realidade social vivida pelos sujeitos e grupos sociais envolvidos nas ac;oes judiciais, desvelando a dimensao hist6rico-social que constr6i as situac;oes concretas atendidas no trabalho cotidiano". Espera-se que a analise dessas quest6es possa resultar em contribuic;ao, por meio de estudos/pericias sociais, para o acesso, a promoc;ao ea defesa de direitos dos sujeitos envolvidos na disputa judicial, em especial de crianc;as e adolescentes. Dentre esses direitos, esta o de convivencia social, que cons- titui, em nossa perspectiva,