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Serviço Social na Justiça de Família - Capítulo 2

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49 
i c~-~~~~-1-~--~·-······················ ···· ·········· ··· ·· ············· ·· 
··•···oesafios profissionais na 
elaborac;ao de estudo/perf cia 
social e de seus registros e na 
relac;ao entre perito/assistente 
tecnico na Justic;a de Famflia 
P ensar a atuar;ao do assistente social naJustir;a de Familia e um desafio de significativa envergadura. Cientes disso e do restrito acumulo de debate dessa tematica, nossa perspectiva e levantar pontos que 
instiguem os profissionais da area a examina-la com vistas a ultrapassar 
a imediaticidade, a generalizar;ao e a interpretar;ao dos litigios como algo 
pontual e "problema" daquele individuo ou familia. 
Partimos do entendimento de que a contribuir;ao do Servir;o Social 
para definir;oes judiciais que respeitem direitos de crianr;as e adolescentes e 
atentem para seu bem-estar, mesmo com a separar;ao dos pais, pode resul-
tar tanto do processo de realizar;ao da pericia social como de seu parecer 
final D il' d ' . · urante o processo, procedimentos comumente ut 1za os na penc1a 
social · d' · ' · ' como entrevistas individuais e conjuntas, nos espar;os JU 1C1ano e 
50 Dalva Azevedo de Go· . 15 • Rita c 
. S. Oliveira 
domiciliar, podem oportunizar reflexoes e dialogos come 
d
. . d. . . d . entre os env l 
vidos em 1sputas JU 1cta1s, o que po ena ser propicio para o -
a constru -
algum entendimento entre eles, em prol do bem-estar dos filhos. r;ao de 
d 
, . d . 1 d Quando d conclusao a penc1a e e seu reg1stro em au o, com O pert" a . inente Pare 
social, tem-se a oportumdade de ofertar analise fundamentada de as cer 
sociais da situac;ao objeto da lide, o que podera ampliar a pectos 
( ) 
.d d ( ) . d. . , . ( ) b compreensao 
da s auton a e s JU iciana s so re o assunto e dos suJ· eit 
os envolvid 
no processo judicial. 
0
s 
Contudo, para que uma pericia social assim se processe h, d 
. . , a e se ter 
clareza quanto ao papel do ass1stente social nessa atribuic;ao e 'fi 
. . . . , . , . , speer 1ca, 0 
que ex1ge delmear duetnzes et1co-poht1cas, teorico-metodolog· , 1cas e tec-
nico-operativas para sua realizac;ao. Considerando as questoes lev d anta as 
no capitulo I, em especial no que diz respeito ao insuficiente acumulo de 
produc;ao do Servic;o Social na Justic;a de Familia, indaga-se se O conjunto 
de assistentes sociais com atuac;ao nessa area tern investido na reflexao e na 
elaborac;ao de questoes preponderantes de seu exercicio profissional. 
Nossa experiencia e o dialogo com colegas dessa area apontam para a 
necessidade de constancia e de aprofundamento no debate dessas diretrizes, 
inclusive pela crescente complexidade das situac;oes que chegam as Varas 
de Familias. Vale ressaltar, tambem, a importancia de o assistente social 
contar com infraestrutura apropriada para a realizac;ao dos procedirnentos 
cornumente utilizados em uma pericia, que deve ser assegurada pela insti-
tuic;ao empregadora, de modo a garantir qualidade etica e tecnica, conforme 
disposto na Resoluc;ao CFESS n. 493/2006. 
2.1 0 estudo/perfcia social na Justi<;a de Famma 
. . . , . m diferentes 
Na hist6ria do Servic;o Social, os estudos socms Ja tivera 
. (2009). Para 
bases analiticas, conforme afirmam Favero (2014) e Mwto d 
. h. , · critica, base 0 
os fins deste texto, centramo-nos na perspectiva 1stonco-
,,.. 
. Justic;a de Famflia 
. 5oc1al no 
5erv1<;0 
51 
, . _ olitico da profissao e, em consequencia, de apreensao e analise 
. tO etICO p , . , . 
pr0Je _ ocial dos lit1g10s de fam1has. 
a dirnensao s , . . , . 
d 
O 
da Justic;a de Familia, o respe1to ao usuano-cidadao passa 
No espa<;: 
I 
·t ra da situac;ao por ele apresentada, tendo como foco a defesa 
urna er u . . . 
por . humanos e, dentre esses, espec1almente os soc1a1s, e o respeito 
direitos _ , . , 
doS ·d d das diferentes configurac;oes de fam1has e de outros nucleos 
cl' rs1 a e a ive . 1 Alem disso, a centralidade no social, que ea area para a qual •da soc1a. 
da Vl ostamente preparados para trabalhar, pode representar eficacia, 
estarnos sup . , . -
d vista tecmco e etico, em nossa atuac;ao. 
do ponto e . 
Nessa direc;:ao, cabe ao profiss1onal se perguntar: que expressoes da 
_ cial estao embutidas na lide posta pelo processo judicial em questao? 
questao so . . _ . . . 
d
. itos estao preservados e que dire1tos estao v10lados? A mvest1gac;ao 
Que ire 
, . rnetodol6gica sobre temas que tern emergido nas disputas entre ex-
teonco-
-conjuges faz parte de nosso cotidiano de trabalho? Na elaborac;ao de laudos, 
buscamos privilegiar a analise social da situac;ao em vez de sua descric;ao? 
Nossas analises guardam pertinencia com a especificidade do Servic;o Social? 
Se ha necessidade de descrever algo da situac;ao em analise, fazemos isso de 
forma a evitar a exposic;ao dos sujeitos e o acirramento do litigio? 
0 debate sobre estudo/pericia social, atribuic;ao privativa do/a assis-
tente social, conforme estabelecido no artigo 5° da Lei n. 8.662/ 199 3, esta 
consideravelmente subsidiado nas produc;oes de Favero (2013 e 2014), de 
Mioto (2009), de CFESS (2014), de Martins (2017) e de Fuziwara (prelo), 
restando aqui levantar alguns pontos para reflexao sobre sua especificidade 
no Judiciario. A Resoluc;ao CFESS n. 557 /2009, que dispoe sobre a emissao 
conjunta de pareceres, laudos, opinioes tecnicas entre o assistente social e 
outros profissionais, tambem alicerc;a esse debate, assim como o Comuni-
~ado CG n. 1.749/2017 (TJSP), que trata da prerrogativa de escolha dos 
10strumentos de avaliac;ao dos Setores Tecnicos. 
d 
As _produc;oes aqui referidas deixam claro ser indispensavel, em estu-
os/pencias s · · . 
ocia1s e seus reg1stros, analises sociais, devidamente funda-
mentadas, da realidade soc1·al d . . 1 .d - . d. . . d m d os SUJe1tos envo VI os nas ac;oes JU 1cia1s, e 
0 0 a contrib · u1r para o acesso, a promoc;ao e a defesa de seus direitos. 
52 Dalva Azevedo de Gois • Rita C 
· S. Olive· 
lrQ 
Nesse sentido, 0 conteudo deste texto visa a oferecer subsidios que 
0 . - d . . 1 p dern. 
contribuir para ahcerc;ar a atuac;ao o ass1stente socia naJustic;a de Fa,.,...,
1
. 
«d Ia 
Acrescente-se que, no ambito do Servic;o Social, o estudo/per' . · 
. . . - ic1a social 
tern como particulandade a mvest1gac;ao de express6es da quesc . 
. . . ao sacral 
Presentes nas situac;oes que const1tuem obJeto da d1sputa judicial . . para as 
quais esta voltado o trabalho do ass1stente social, cabendo ao profi . 1ss1ona] 
identifica-las e analisa-las fundamentadamente. Esse nos parece ser 
0 grande 
desafio de assistentes sociais, quando da realizac;ao de estudos/peri'c• 
1as so-
ciais ea analise de alguns aspectos pode contribuir para seu enfrentam 
' ento. 
A contextualizac;ao social da vivencia conjugal e a analise dos p 
actos 
estabelecidos para a organizac;ao familiar na vigencia da uniao conjugal, assim 
como da organizac;ao de vida p6s-separac;ao, podem favorecer a apreensao de 
possiveis reproduc;oes de desigualdades no ambito da ocupac;ao profi.ssionaI, 
de rendimentos, <las relac;oes de genero no casamento (assimetrias de poder 
na definic;ao de quest6es da vida familiar, como a administrac;ao de atividades 
domesticas e das relac;oes com o meio social), autoritarismo ou ate violencias 
nas relac;oes parentais, alem de outras associadas a questoes etnico-raciais. 
Nesse sentido, Favero (2013, p. 523) refere-se a importancia de uma 
"[ ... ] investigac;ao rigorosa da realidade social vivida pelos sujeitos e grupos 
sociais envolvidos nas ac;oes judiciais, desvelando a dimensao hist6rico-social 
que constr6i as situac;oes concretas atendidas no trabalho cotidiano". 
Espera-se que a analise dessas quest6es possa resultar em contribuic;ao, 
por meio de estudos/pericias sociais, para o acesso, a promoc;ao ea defesa de 
direitos dos sujeitos envolvidos na disputa judicial, em especial de crianc;as 
e adolescentes. Dentre esses direitos, esta o de convivencia social, que cons-
titui, em nossa perspectiva,sua finalidade no ambito da Justic;a de Familia. 
A convivencia social, enquanto processo sociorrelacional, da qual faz 
parte a convivencia familiar e comunitaria, transcende responsabilidades 
individuais e familiares por ser tambem de responsabilidade publica esta-
tal. Com efeito, a convivencia pode se constituir em espac;o de protec;ao e 
de reconhecimento, mas tambem de humilhac;ao, de desqualificac;ao e de 
. social no Justic;a de Fomflio 
5erv1c;o 
53 
balternizac;ao, conforme refere Torres (2013)1 • stt , . d . . Por tars razo . 
_0 ea anahse a conVIvencia social da f; ,1
. es, a rnvesti-
ga<;a . . s am1 1as em liti i 
rte dos profiss1ona1s1 apropriac;ao de conteud d . g os requer, por pa os as d1mensoe t , · 
dol6gica e etico-politica que possam iluminar a - s eonco-me-
to . . , apreensao dessas questoes 
A responsab1hdade publica estatal relativa a . . . · 
1, • 'b . conVIvencia social esta aldada nas po ltlcas pu hcas, entre elas a p l't' N . 
resp . o i ica ac1onal de Assisten-
. Social - PNAS, que se const1tui em politica d S . 
c1a e egundade Social nao 
contributiva, e tern como um de seus objetivos a protec;ao social de familias, 
. dividuos e grupos que dela necessitarem. Os servi" d _ . 
in . .,.os a protec;ao social 
·sam a garantir a seguranc;a de Sobrevivencia de Co , . d 
VI 1 IlVlVIo e e Acolhida. 
A Seguranc;a de Convivio, de acordo com a PNAS (2004) _ . _ , pressupoe a 
na-0 aceitac;ao de s1tuac;oes de reclusao e de perda <las rel - 1 ac;oes e ressa ta na 
Perspectiva do direito ao convivio, as interac;oes multicultura· . ' . 1s, gerac1ona1s, 
territoriais, entre outras. Acrescentamos aqui as intera"o-es r 1· • .,. e 1g1osas e ra-
ciais, que tambem sao significativas quando se trata de convivencia social. 
E possivel que, nos litigios de familias, para alem das desigualdades 
socioecon6micas e de genero, as quais resultam, geralmente, em desi-
gualdade de poder, estejam condensadas muitas dessas outras questoes, 
independentemente da camada social a que pertenc;a a familia. Aspectos 
relativos a interac;6es multiculturais, geracionais, territoriais, religiosas e 
raciais que, por vezes, geram desagregac;ao entre as familias, nem sempre 
se expressam claramente e, por isso mesmo, requerem dos profissionais 
cuidadosa investigac;ao, de modo a preservar ou a restabelecer o direito de 
crianc;as e adolescentes a convivencia social, quer nos dois ramos parentais, 
quer em seus territ6rios de vivencia anteriores a separac;ao dos pais, ou seu 
afastamento em caso de situac;oes cujo convivio constitua risco. 
Estamos, assim, nos movimentando no terreno <las expressoes da 
questao social, conforme definic;ao constante no item 1.2 do Capitulo I, cujo 
1. Sobre convivencia social, ver tambem O Caderno do MDS "Concepc;ao de Convivencia 
e Fortalecim , . • 
. ento de Vinculos", disponivel em: http://www.mds.gov.br/webarqu1vos/publlcacao/ 
assistencia s . . 
- ocial/Codernos/concepcao_fortalecimento_vinculos.pdf. Acesso em: 04 JUI. 2018. 
54 Dalva Azevedo de Gois • Rita C 
· S. Olivo· 
"'ra 
rebatimento no ambito familiar acarreta restri<;ao de muitos d ' . 
. . . ireitos. E 
relac;:ao a cnan<;as e adolescentes tern, h1stoncamente, resultado em . rn 
, . d' dis tan ciamento cerceamento e ate mesmo 1mpe 1mento do convivio . -
, . . - , . social deia 
com os do1s ramos parenta1s. Isso e expresso, mmtas vezes por s 
, l . . d ' um dos Pais 
ou por outra pessoa responsave , persistm o em afastar O outr . ' 0 genitor d 
contato direto e frequente com o filho. Embora isso tenha oc .d 0 
. . . orn o desde 
sempre na atuahdade, existe uma nova leitura em curso impul . 
, , sionada po 
uma parcela de pessoas, talvez mais comumente de camadas soc· . , . r 
iais media 
mas tambem de camadas populares, que busca a manutenc;:ao d s, 
. . , . , e um con-
vivio paterno-fihal ma.is proximo, no pos-separac;:ao conjugal 1 , . . . sso talvez 
seja reflexo de uma possivel mudanc;:a sobre idea1s relativos a pare t 
1
.d 
n a i ade 
conforme consta do capitulo IV. ' 
Retomando aspectos que dizem respeito a condic;:oes para realizac;ao de 
estudo/pericia social, em especial no TJSP, o Comunicado CG n. 1.749/
2017 
recomenda aos juizes que facultem aos assistentes sociais "a prerrogativa de 
escolha dos instrumentos de avalia<;ao (analise de documenta<;ao, observac;ao, 
entrevista, visita domiciliar, entre outros)". Em tese, esse comunicado seria 
desnecessario, tendo em vista que essa garantia esta prevista no artigo 20 do 
Codigo de Etica do/a Assistente Social. Contudo, a excessiva hierarquiza-
<;ao do Foder Judiciario abre espa<;o para a nao preserva<;ao da autonomia 
profissional, resultando em comunicados de teor dessa natureza. 
Nessa discussao sobre instrumentais do Servi<;o Social, o que nos 
parece merecer reflexao e a forma como os profissionais os manejam na 
realizac;ao de estudos/pericias sociais. A entrevista, por exemplo, constitui 
um processo de dialogo? A entrevista no domicilio tem privilegiado a 
compreensao da ambiencia familiar e do territ6rio de vivencia das familias 
d . - . 1 . d o a servic;:os derivados e suas me ia<;oes nesse espa<;o, me um o o acess 
d I, . . . ., A . . de convivio de crian~as as po ltlcas sociaisr v1sita a outros espa<;os 
. . I , . .. t oportunizado a e adolescentes SUJe1tos de estudos penc1as s0C1a1s em 
c c T ;i Esses aspectos 
apreensao da convivencia social para alem da es,era 1am1 iar. 
. . de forma clara, 
sao registrados e analisados em relat6rios e laudos soCiais 
coerente e consistente? 
. social no Justi<;a de Famflia 
5erv1~0 
55 
para alem do laudo resultante de estudo/perici . 
1 
. 
, . . a socia , CUJO teor deve ser 
d minantemente anaht1co e finahzar com um p . pre o . arecer social da situac;:ao 
inada, ex1stem certas demandas na J ustic;a de Fam ,1., . exam . 1 1a que podenam ser 
·das por um parecer social. 
supn 
Sobre isso, Favero (2014, p. 58) afirma que: 
0 parecer social diz respeito a esclarecimentos e analises c b , om ase em conhe-
cimento espedfico do Servic;:o Social, a uma questao ou quest- 1 . oes re ac1onadas 
a decis6es a serem tomadas. Trata-se de exposic;:ao e man1·rest - . • • 11 ac;ao sucmta, 
enfocando-se ob1et1vamente a questao ou situac;ao analisada e os b. . 
o Jet1vos 
do trabalho solicitado e apresentado; a analise da situac;ao, referenciada em 
fundamentos te6ricos, eticos e tecnicos, inerentes ao Servic;o Social_ por-
tanto com base em estudo rigoroso e fundamentado - e uma finalizac;ao, de 
carater conclusivo ou indicativo. 
O dialogo em espa<;os coletivos de profissionais atuantes em Varas de 
Familias e tambem com colegas no cotidiano de trabalho tern nos indicado 
que, por vezes, o Servi<;o Social recebe demandas que requerem um parecer 
sobre o assunto, devidamente fundamentado em produ<;oes da profissao 
sobre a questao, mas nao exigem, necessariamente, a realiza<;ao de uma 
pericia ou a apresenta<;ao de um laudo social. Nessa dire<;ao, Ferreira (2018) 
refere-se a oferta de parecer nas situa<;oes de retifica<;ao do registro civil para 
pessoas transexuais e travestis. 0 autor cita que um grupo de profissionais 
do Servic;o Social e de outras areas do saber, com experiencia em Porto 
Alegre nos proc · d ' . . I 
' essos JU 1cia1s re ativos a essas situa<;oes, propos o uso de 
parecer em vez de laudo. 
Em relarao a . l M . 
. .,. parecer socia, ore1ra e Alvarenga (2014, p. 102), ao 
reflettrem b . 
'b . so re O tema a part1r de experiencia na politica previdenciaria 
pu hca, afirmam 
. que o parecer social deve estar fundamentado em estudo 
social da situa<;ao fi . . " . ·- . 
refi .d . em oco e expnm1r [ ... ] a opm1ao profiss1onal sobre a 
en a s1tuac;:ao . . . . . . 
do em consonancia com o obJet1vo que gerou a sohc1ta<;ao 
parecer social" 
56 Dolvo Azevedo de Go·is R· • 1ta c · S 01· . iveiro 
Os posicionamentos dos autores relacionados nessa disc _ 
. - ussao leva 
ao entend1mento de que, para elabora<;ao de um parecers •a1 Ill-nos oc1 ad" 
te6rica, a etica e a tecnica, assim como o objetivo para O q 1 ; . irnensao ua !01 sor . 
0 referido procedimento, sao elementos-chave desse proc icitado esso. A a 
analise social da situa<;ao em foco emerge como aspecto primordial Puracta 
fi · al d fi · d" 'cabend ao pro 1ss1on e mir os proce 1mentos a serem utilizado 0 
· d ' t- t al d 't - 1· s, 
0 
que estara· assoc1a o a ques ao cen r a s1 ua<;ao em ava 1a<;ao Tambe 
. . d J . d F 'l' al" . m compete aos 
assistentes socia1s a ust1<;a e am1 ia av 1ar e definir as dema d n asnasqu. 
seria indicada a apresenta<;ao de um parecer social em vez de um 1 d ais 
I 
, . I d 'al . , . au o social. 
O re atono ou au o soc1 , como Ja vimos, constitui prov .. a penc1a} no 
processo judicial, mas nao podemos perder de vista o clever de d . . . . _ pro uz1-lo 
na dire<;ao da garant1a de dire1tos e nao como instrumento de cl .fi . . . ass1 1cai;ao 
e disciplinamento dos suJe1tos envolvidos. 
Embora os aspectos aqui referidos tenham sido apresentado s para 
alicer<;ar a discussao sobre pericia social, muitos deles podem ser pensados 
tambem para a atua<;ao do assistente tecnico da area de Servi<;o Social nos 
processos de Justi<;a de Familia, conforme veremos no t6pico seguinte. 
2.2 A atua~ao do perito social e do assistente tecnico 
A atua<;ao do assistente social como perito social e como assistente 
tecnico esta respaldada na Lei n. 8.662, de 7 de junho de 1993, que dispoe 
sobre a profissao de Assistente Social, em especial, no artigo 5°, que define as 
atribui<;oes privativas do Assistente Social. Os dois profissionais respondem, 
igualmente, aos preceitos do C6digo de Etica do Assistente Social, de 
13 
de 
mar<;o de 1993. Tambem o CPC, Lein. 13.105, de 16 de mar<;o de 
201
_
5
' 
"A d. · · a de Instru~ao 
trata dessa materia no artigo 361, ao dispor sobre u 1enc
1 
. . ,, 
,, . b "P ova Penc1al • 
e Julgamento e, nos artigos 464 a 480, ao d1spor so re r 
. . . , · rocedimentos 
A explmtai;ao da presern;a do ass1stente tecmco em P . ma1s 
r . dos pontos 
tecnicos do perito, conforme § 2° do art. 466, 101 um 
.01 no Justic;a de Famflio . 50CI 
5er111c;o 
57 
·dos no Judiciario paulista e polemico em relarao as m d d d" cutl ,,. u an<;as a -
'.:das do cPC (2015). A discordancia profissional quanta a participa<;ao 
v1,, d · , . 
d g
ados ou e ass1stentes tecmcos em procedimentos tecni·co-o 
de a vo . . , pera-
entrev1stas reahzadas no Forum ou no domicilio com os su· ·t 
tiVOS - . . . _ Jel OS 
rocesso jud1c1al -, para a reahza<;ao de estudo social, resulta de um 
do P _ , . . 
P
autado em questoes et1cas merentes ao sigilo e a autonomia 
ernbate 
rofissional. 
p 
O 
entendimento e que isso contribuiria para o agravamento do liti-
. viola<;ao de direitos da parte contraria envolvida na a<;ao i· udicial 
g10 e a . - . . , . ' 
odendo reproduzir rela<;ao des1gual de poder Ja ex1stente entre os sujeitos 
~ rocesso judicial. E, ainda, atinge o principio do sigilo profissional des-
~ p nos artigos 15 a 17 do C6digo de Etica do Servi<;o Social e contraria 
cnto 
0 
artigo 11, ao qual esta sujeito inclusive o assistente tecnico dessa area, 
que veda ao assistente social "intervir na presta<;ao de servi<;os que estejam 
sendo efetuados por outro profissional, salvo a pedido desse profissional; 
ou quando se tratar de trabalho multiprofissional ea interven<;ao fizer parte 
da metodologia adotada". 
Para melhor compreender o que se processou a partir da publica<;ao 
do ultimo CPC, e interessante revisitar normativas anteriores sobre esse 
assunto. Nesse sentido, vemos que o antigo CPC (1973) regulava alguns 
aspectos relativos a pericia judicial e ao papel do perito e do assistente tec-
nico, prevendo ate mesmo um trabalho conjunto, desde que nao houvesse 
divergencia entre ambos. Os artigos 430/431 (CPC-1973) indicavam que 
0 perito e os assistentes tecnicos, depois de averigua<;ao individual ou em 
conjunto, dialogariam reservadamente e, havendo acordo, elaborariam 
laudo unanime. Se houvesse divergencia entre ambos, cada qual escreveria 
0 ~audo em separado, dando as razoes em que se fundamentou. Entretanto, 
tais artigos foram revogados com a aprovai;ao da Lein. 8.455/ 1992. 
Nesse contexto legal anterior a mudarn;a do CPC (2015), atendendo 
a de~ao<las eticas apontadas especialmente por psic6logos do Judiciario 
pauhsta foi p bl' d . 
S 
. ' u 1ca o o Comumcado do Nucleo de Apoio Profissional de 
efVJ.<;o S . 1 
ocia e Psicologia do TJSP, no Diario da J usti<;a Esta dual - D JE, 
58 Dolvo Azevedo de G . 
o1 s • Rita C · s or . iveira 
de 16/ 12/2008, trac;:ando algumas diretrizes para a r I -
. . , . - e ac;:ao entre o a . 
social el ou ps1cologo na pos1<;ao de perito e de assi t , ssistente s ente tecnico 
Embora seja evidente que o assistente tecnic d · 
fi 
- . . d ' . I . , o eva ser da me 
pro JSSao que o pento JU 1c1a , Ja que emitira seu par · srna 
. . ecer a respeito d 
balho penc1al, nem sempre essa premissa era respe ·t d 0 . 
0 
tra-1 a a. 1ante d' 
documento registra que deve ser "[ ... ] 0 Assistente S . 1 / isso, tal 
A 
. T , . fi . I oc1a e ou Psic6Jo 
ss1stente ecmco o pro 1ss10na capacitado para quest' . go 
, . - . ionar tecn1came 
anahse e conclusoes reahzadas pelo Assistente Social e/ p . , nte a ou s1cologo Pe . 
_ . nto ". 
Sobre a rela<;ao entre o pento e o assistente tee · . mco, o comunicado 
destaca a perspect1va da colabora<;ao, recomendando que· "[ ] 
. . _ . · .. · 0 material 
coletado provemente da avaha<;ao social ou psicol6gica se· . . . . , Ja compart1lhado 
com o outro ass1stente social ou ps1cologo1 mediante anue · d . " . . nc1a as partes 
por escnto [ ... ] . A troca de 1deias entre os dois profissionais t b, . am em fo, 
prevista no referido documento: "[ ... ].sendo indicado tarnbern a 1· -rea 1za~ao 
de reunioes para inicio e conclusoes dos trabalhos." 
A partir dessa regulamenta<;ao, os conflitos entre perito e assistente tec-
nico foram amenizados, ate que foi aprovado o CPC (2015), renovando-se a 
demanda quanto a presen<;a do assistente tecnico nas entrevistas sociais e 
tambem nas visitas domiciliares. Em seu artigo 466, § 2°, esta explicito que "o 
perito deve assegurar ao assistente <las partes o acesso e o acompanhamento 
<las diligencias e exames que realizar, com previa comunica<;ao nos autos". 
A mobiliza<;ao dos assistentes sociais que atendem exclusivamente 
demanda da Justi<;a de Familia na capital foi importante para a retomada da 
discussao por parte do Nucleo de Apoio Profissional, cujo parecer resultou 
na publica<;ao do Provimento CG n. 12/2017, que incluiu paragrafo unico 
no art. 803 do Torno I das NSCGJ, esclarecendo que o acompanhamento 
das diligencias, mencionado no§ 2° do art. 466 do C6digo de Processo Civil, 
"[. .. ] nao inclui a efetiva presen<;a do assistente tecnico durante as entreviS
t
a~ 
do~ psic6logos e assistentes sociais com as partes, crianc;:as e adolescent~s-
. . stente tecn1co, 
ln clui , porem, a possibilidade de reuniao entre pento e assi 
~e ho uver interesse deste, com a devida informa<;ao nos autos. 
..,,. 
•al na Justi~o de Familia 
·ro 5oc1 
serv1 .,. 
59 
A publicac;:ao do Provimento CG n. 12/2017 tern amparado a prer-
·va da etica e da autonomia profissional, mas a constru<;ao da r 1 -rogatt . . , e a~ao 
fi 
·onal entre pen to e ass1stente tecnico e um campo abert t d 
pro 1ss1 . . . . , o, en o 
coJll0 no rte a perspect1v~ d~ ga~a~tia d,o. dire1to a convivencia familiar e 
nitaria e da competencia teonca e etico-politica. Enquanto O papel da 
coJllU . . _ 
, ·a social tern ma10r defimc;:ao, o mesmo nao ocorre com o trabalho d 
peflCI , . 0 
. rente tecnico. ass1s 
0 
perito social e o assistente social que realiza estudo/pericia social 
abrangendo tanto os sujeitos que desencadearam o processo judicial como 
aqueles a quern o processo esta direcionado, sendo sua nomeac;:ao prerro-
gativa do juiz. 0 produto final de seu trabalho e o laudo social eseu cor-
respondente parecer, que abordara, portanto, a situa<;ao social de todos os 
envolvidos naquele processo. Alem das normativas legais citadas, a atuac;:ao 
do profissional, no caso de assistentes sociais do TJSP, tarnbem tern por 
base as atribuic;:oes definidas por essa institui<;ao, conforme ja mencionado 
no capitulo inicial deste livro. 
0 assistente tecnico, por sua vez, e o assistente social contratado pela 
pessoa que desencadeou o processo ou pela pessoa a quern se dirige o processo 
ou, ainda, no caso de assistencia juridica gratuita, por assistentes sociais que 
fazem parte do quadro da Defensoria Publica, devendo ele realizar estudo 
social somente daquele que lhe contratou e apresentar o correspondente 
relat6rio sociaF. Considerando os ritos processuais que preveem o amplo 
direito de defesa e do co t d't , · • . - d . n ra 1 ono, a part1cipa<;ao o ass1stente tecnico no 
proce · d · · l · . sso JU icia Vlsa a responder a esses direitos "[ ... ] que se propoem sin-
tomzados com O · , · d d prmc1p1O a emocracia, em que as partes podem usufruir 
2. Conforme ja informomo . . sinonim s. eSt omos ut1hzondo os termos "estudo" e "perfcio" sociois como 
os, emboro em Favero (2014 54 . . -social re r · p. ) conste, como d1stinc;ao entre um e outro. que o perfcia 
, a izada por meio de t d . , . 
parecer cu· t · . es u O social, e oss1m denominado "( ... ] por se trota r de estudo e 
Ja inohdade e sub .d. . -
"laudo social" si ior uma dec1sao. gerolmente, judicial ". Quando usamos o termo 
, estamos nos referi d d . . do assistente t , . n ° 00 ocumento produz1do pelo pento social: ao registro escrito 
ecn1co da area . I socio , estamos nomeando de relot6rio socia l. 
60 
Dolvo Azevedo de Gois • Rita 
c. s or . IVeira 
0 
direito de opinarem e questionarem afirmac;oes feitas no processo 
caso, afirmai;oes que tenham carater tecnico" (CFESS, 2014, p. 49)_ e, no 
A atuai;ao do assistente tecnico em um processo de Vara de Fa , . 
c 1 - d · rn11ta omera geralmente, com a 1ormu ac;ao e ques1tos e sua posterio . c .,. , r Indus· 
nos autos pelo advogado da parte contratante. Resguardar a espe .fi . ao . . . . c1 ic1dade 
do Servii;o Social e pnvileg1ar aspectos preponderantes do objeto d . . , a s1tua. 
i;ao social da disputa na formulai;ao dos ques1tos e uma forma de contrib . 
P
ara 
O 
aprimoramento das pericias sociais. Nessa direc;ao a form 1 _ uir . . , . ' u ai;ao e 
exame a apresentai;ao de pertmentes ques1tos requer prev10 e cuidadoso 
dos autos alem de investigac;ao te6rica dos principais temas da si·t _ ' uai;ao 
social em causa, com vistas a favorecer analises sociais primordiais a lide e 
a oferecer efetiva contribui<;:ao para que as autoridades judiciarias tomem 
decisoes que assegurem os direitos e o bem-estar de crianc;as e adolescentes, 
sujeitos daquele processo. 
A postura do perito social frente a quesitos formulados pelo assistente 
tecnico tern sido, costumeiramente, a de aborda-los no corpo do laudo, 0 que 
nos parece coerente. 0 assistente social, de acordo com o C6digo de Etica, 
tern 
O 
clever de "desempenhar suas atividades profissionais, com eficiencia 
e responsabilidade, observando a legislac;ao em vigor" (Art. 3°, item a), o 
que e precedido por seu direito a "liberdade na realizac;ao de seus estudos e 
pesquisas, resguardados os direitos de participac;ao de individuos ou grupos 
envolvidos em seu trabalho" (Art. 2°, item i). 
Reinterpretar os quesitos resguardando a dimensao tecnica e etica do 
Servi<;o Social e papel do perito social ( CFESS, 2014). A considera<;ao e 
0 
respeito ao trabalho do colega assistente tecnico devem se concentrar na 
observa<;ao <las questoes subjacentes aos quesitos levantados e na abordagem 
de tais questoes no laudo social e nao necessariamente em respostas pontuais. 
A possibilidade de agendamento de reuniao entre perito social e 
. , . . d 1 . d" sao do caso, 
ass1stentes tecmcos para exposu;ao da meto o og1a e 1scus 
• · d rece de de-
confo rm e estabelecido no Provimento em referenc1a, am a ca ar oes 
bate para que possa se constituir em contribuic;ao efetiva para as av ia<; 
·al no Justic;o de Fomflio 
'rO SoCI 
serv'~ 
61 
. . do perito e dos assistentes tecnicos. Considerando a c 1 ·d d cia1s omp ex1 a e 
so ocessos atuais, a pr6pria pluralidade de formas de ser familia ea at I 
dos pr . . ua 
realidade social bras_1leira, ent~e ~utros aspectos, isso talvez exija multiplos 
b 
rados proced1mentos tecmcos para a realiza<;:ao de uma pericia social 
e ela O , . . 
ntemple as vanas nuances da s1tua<;:ao. Afinal a reflexao coni·unta que co . . . ' 
sses profiss1ona1s, desde que todos esteJam compromissados com a 
entre e . . . 
c e a protei;ao de dire1tos de cnan<;:as e adolescentes poderia promover 
de1esa . , 
tendimento ma1s aprofundado <las questoes preponderantes do obi· eto umen . 
't arao social que enseJOU o processo judicial. 
da s1 u .,. 
E possivel que os diferentes entendimentos sobre o teor do documento 
a ser apresentado em juizo pelo assistente tecnico, por vezes pautado tambem 
na ideia de fiscaliza<;ao ou de avalia<;ao do trabalho do perito, dificultem um 
dialogo fecundo com o perito social. Temos observado que parcela dos assis-
tentes tecnicos apresenta um relat6rio social cujo teor privilegia a discussao 
do constante no laudo social e, em alguns casos, de modo adversario, o que 
pode resvalar em desqualificac;ao do trabalho realizado pelo perito social, 
deixando de registrar analise fundamentada do estudo por ele realizado. 
Outros assistentes tecnicos retratam, em seu relat6rio social, tanto uma 
analise social especifica e pormenorizada da situac;ao da parte contratante, 
fruto do estudo social por ele realizado, quanto uma discussao sobre o teor 
do constante no laudo apresentado, salientando pontos levantados pelo 
perito social, afirmando-os ou divergindo deles. Desse modo, evidenciam 
os direitos da crianc;a/adolescente, em conformidade com as especificidades 
da configurac;ao daquela familia a quern corresponde seu trabalho. 
E certo que tanto o perito social quanto o assistente tecnico devem 
"empenhar-se na viabilizac;ao dos direitos sociais dos/as usuarios/as atra-
, d ' ves os programas l't· · · " c , . _ e po 1 1cas socia1s , con1orme preceitua o artigo 8° do 
Codigo de Etica do(a) Assistente Social, neste caso na defesa de direitos 
de crianc;a(s) d 1 ( ) ' , . ea o escente s . Tambem nao pode restar duvida de que as 
possive1s critica d · , . d s O ass1stente tecmco sobre o teor constante do laudo social 
evem ser 
t . apresentadas em seu relat6rio social, de forma "objetiva, cons-
rut1va e compro , I" d vave , e acordo com o estabelecido no item f, do artigo 
D2 Dalva Azevedo de Go· 15 • Rita c 
· S 01· . l\lo · 
-1r0 
10 do C6digo de Etica do(a) Assistente Social, que trata <las Rel _ 
· S · · I P fi · · ac;:oes Ass1stentes oc1a1s e outros as ro 1ss10na1s. corn. 
Por essas razoes e por entender que os relat6rios dos . 
assistente . 
nicos tambem podem ser fonte para as autoridades J. udicia' . s tee. 
nas ampI· 
e aprofundarem seu entendimento, no ambito social sob Iarero. 
d
. . d .. I .d 'd d ' re o objeto da 
1sputa JU 1cia , cons1 eramos que o conteu o esse documento dev 
permeado por analise social da situa(;'.ao da parte contratante E e e
st
ar 
. fu d d d" . , . l' . . essa analise 
prec1sa ser n amenta a em iretnzes et1co-po 1t1cas te6rico m t d 
' - e o olog· , . . , . . Icas 
e tecmco-operat1vas compat1ve1s com o proJeto etico-politico d 
. , . a profissao 
Ass1m, concebemos o relatono a ser apresentado pelo assiste t , . · 
. , . . . n e tecn1co 
como o reg1stro de uma anahse social da s1tua(;'.ao objeto do est d . 
u o soc1aI 
realizado, havendo um item especifi.co no qual se dialoga funda , mentada-
mente, sobre o constante no laudo apresentado pelo perito, constando, ao 
termino, a analise final e o parecer social do assistente tecnico. 
Nessa mesma linha de defesa do rigor tecnico e eticona atuac;:ao dos 
profissionais em processes daJusti(;'.a de Familia, entendemos que a realizac;:ao 
de estudos sociais e seu registro em laudo/relat6rio/parecer sociais requer 
aprimoramento do conhecimento em Servi(;'.o Social, alinhamento ao projeto 
etico-politico da profissao e dominio de temas relativos a questao-foco da 
situac;:ao social que motivou o processo judicial. 
Tambem se deve considerar o possivel (auto)impedimento do assis-
tente tecnico para assumir determinada causa. Embora no artigo 466, § 1 °, 
do CPC/2015, conste que "Os assistentes tecnicos sao de confian(;'.a da parte 
e nao estao sujeitos a impedimento ou suspei(;'.ao", cabe ao profissional in-
dagar-se quanto a assumir toda e qualquer causa, sendo oportuno refletir 
sobre seu preparo tecnico para assumir aquela determinada causa, sabre a 
necessidade de busca de supervisao, com vistas a aprimorar seu trabalho e 
se, do ponto vista etico, todas as causas sao aceitaveis, mesmo considerau<lo 
o direito a ampla defesa. 
Por fim, ha de se considerar que a participa(;'.ao do perito social e do 
assiStente tecnico, amparada em norrnativas legais, aponta para a possibilidade 
. 1 no Justic;a de Familia ·ro socio 
5erv1.,. 
63 
reta!;:6es de uma mesma situac;:ao social a partir de diferentes 
e interp , 
d e visoes. Nesse sentido, o documento do CFESS (2014 p 49) 
ectos ' · 
asP tea atua(;'.ao de assistentes sociais na area socioJ·uridica refere· "A 
disco · 
que a do/ a assistente tecnico/ a e a expressao maxima de que nao existe 
[!gur . . , l 
<lade absoluta e mquest1onave - tampouco aquela produzida pela 
uJlla ver · d s v d 1: d d' '1 b" · 'cia" Acrescenta, am a, a nos o er em e1esa e um ia ogo O Jetivo e 
pert . · ' . . ·a1 "A d d 
t
·vo entre ass1stente tecmco e pento soc1 : epen er dos inte-
constru 1 . , . . 
disputa, do referenc1al teonco, d1ferentes narrativas e conclusoes 
resses ern . " 
r produzidas sobre um determmado fato (CFESS, 2014, p. 49). 
podern se 
Aqui estao expostas questoes complexas, que ensejam continuada 
fl 
- e nossa pretensao foi a de instigar a problematiza(;'.ao desse tema, 
re ex:ao, 
Cl
.al por se tratar de contribui(;'.6es de assistentes sociais, mesmo 
eIIl espe , 
ue posicionados em diferentes lugares de uma mesma disputa judicial, 
;ara efetiva(;'.a.O do direito de crian(;'.as e adolescentes a convivencia social 
(familiar e comunitaria) em condi!;:6es dignas.

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