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EXTENSÃO OU COMUNICAÇÃO CAPITULO I

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CAPITULO I 
a) APROXIMAÇÃO SEMÂNTICA AO TERMO EXTENSÃO. Análise crítica do termo 
extensão 
O termo extensão por si só tem diversos significados semânticos: extensão no sentido de dimensão 
ou tamanho; duração; gravidade; prolongamento; extensionista * 
*Esse é o conceito e definição em que iremos estudar a palavra extensão; temos que é algo que se 
estende e chega até algo ou alguém; apesar disso, o papel do extensionista é de estender suas técnicas 
e conhecimentos. O profissional de extensão geralmente age de forma direta sobre o problema 
naquela área, sem considerar o ser humano que vive no local. No entanto, a ação do extensionista 
não é capaz de dominar o que é natural/natureza, mas pode levar informação para os habitantes da 
região a fim de que os próprios transformem, dentro do possível, a realidade em que vivem. 
Ainda, a palavra extensão como queremos emprega-la, pode ser analisada segundo seu “campo 
linguístico”, ou seja, observa-se a palavra analisando as demais que se associam ou podem se 
associar com a mesma, estabelecendo diversos sentidos à palavra. Seguindo essa linha de raciocínio 
é possível fazer a analise semântica da palavra segundo seus “campos associativos”, de modo que a 
palavra seja associada aos diversos papeis que executa a extensão, como por exemplo “transmissão”, 
“conteúdo”, “superioridade” (do que leva a informação), “inferioridade” (do que recebe a 
informação), “invasão cultural” (quando o conteúdo ou informação levada ao produtor é imposto 
sem considerar a visão dos que recebem a mesma), etc. 
Partindo-se da analise de campo associativo tem-se que a extensão é algo que impõe, transformando 
o assistido em coisa, no sentido que deve acatar o que é sugerido sem poder expressar opinião ou até 
adequar ao seu cotidiano. No entanto, a extensão é ou deveria ser educativa, portanto a própria 
palavra tem essência e sentido semântico que não representa seu real significado e papel. 
Na obra “Planejamento do trabalho de extensão agrícola: bases e diretrizes da agronomia social 
aplicada com referência especial ao Brasil e outros países da América Latina”, o autor Willy 
Timmer afirma que “persuadir as populações rurais a aceitar nossa propaganda e aplicar estas 
possibilidades - refere-se às possibilidades técnicas e econômicas – é uma tarefa das mais difíceis e 
esta tarefa é justamente a do extensionista que deve manter contato permanente com as populações 
rurais”; no entanto, o ato de persuadir o produtor a aceitar uma propaganda não é um papel 
educativo, uma vez que a educação é efetiva quando o ser engloba em seus hábitos e valores o que 
lhe foi ensinado, transformando-o de dentro pra fora de modo que seja capaz de modificar as 
experiências vividas com base no que foi aprendido. Ainda, a propaganda tem objetivo de influenciar 
a opinião do receptor daquela informação o que também não é educar! Ao observar a frase do autor 
como um todo, entende-se que o papel do extensionista é de convencer o camponês de modo 
impositivo e pré-determinado, quando na verdade é necessário transmitir o conhecimento de forma 
adaptável a sua vivência e de modo que faça da essência do produtor. 
Segundo a análise de Paulo Freire, a ação do extensionista no Brasil baseia-se numa postura de 
domesticação do camponês, o que de fato não é a atribuição do educador. Sendo assim, a atribuição 
de comunicação -que é partilhar diferentes informações entre si- é mais apropriada que a definição 
de extensão para o que deveria ser o papel do extensionista. 
b) O EQUIVOCO GNOSIOLÓGICO DA EXTENSÃO. 
A gnosiologia pode ser entendida como a teoria geral do conhecimento; refletindo sobre a 
concordância entre os pensamentos do sujeito e objeto, de modo que o sujeito veja de forma 
consciente a ideia ou conceito, por exemplo. 
O primeiro passo foi entender que a palavra extensão tem sentido de “domesticação” do ser, ou seja, 
não tem caráter libertador. No entanto, educar é uma prática capaz de desencarcerar o ser humano. 
Para educar e ser educado de forma libertadora faz-se mister assumir que não é detentor de todo o 
conhecimento e/ou compreender que o que se sabe é pouco e é possível saber mais, sempre! Assim, 
em diálogo e por meio de troca de experiências, os indivíduos sempre serão capazes de aprender 
mais. Da mesma maneira que o técnico é capaz de transmitir conhecimento, o produtor também é! 
Portanto, a aproximação e o ensino, na prática da extensão, devem ser feitos de forma associada e 
reflexiva. 
O conhecimento não deverá ser transmitido de forma mecânica, afinal, educar não é ter alguém para 
escutá-lo e aceitar o que foi dito de forma estática! Deve ser algo tratado de forma dinâmica, sempre 
buscando a participação do produtor. 
Segundo o conceito de extensão, o papel do profissional é substituir o conhecimento primitivo do 
produtor pelo técnico. Todavia, a instrução é dada para o camponês, a fim de que o mesmo a utilize 
como alicerce para desenvolver suas próprias metodologias e soluções, de modo que atenda demanda 
da sua propriedade. O ser vivo é moldado segundo o ambiente em que habita, desse modo não é 
possível desenvolver uma “fórmula mágica” que seja capaz de sanar todas as solicitações das 
propriedades e dos indivíduos que a habitam. 
Ainda, deve-se levar em conta uma análise da cultura, tradições e das crenças do individuo; existem 
povos que agem de maneira supersticiosa e acreditam que certos rituais podem solucionar problemas. 
O extensionista deve ter sensibilidade ao abordar cada situação, a fim de evitar a recusa por parte do 
produtor e este seja capaz de compreender a importância e aplicabilidade de técnicas e da ciência, 
que são favoráveis e ampliam a viabilidade e qualidade da produção. A estrutura social do homem 
pode ser uma adversidade na implementação de novas técnicas; no entanto, o papel do educador é 
empenhar-se em proporcionar capacitação técnica enquanto promove a ultrapassagem da abordagem 
mística/mágica da realidade. É essencial promover uma reflexão racional da situação por parte do 
camponês, invés de abordagens sensíveis; para atingir esse objetivo deve-se desenvolver um 
processo de conscientização. 
Portanto o extensionista-educador deve sempre observar de forma holística a existência do produtor, 
considerando todas as partes que constituem a formação daquele indivíduo, inclusive o sincretismo e 
cultura local. Além da intervenção técnica é preciso trabalhar a abordagem humanista. Dessa 
maneira a atuação será efetiva e promoverá mudanças positivas no local.

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