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CAPITULO II a) Extensão e Invasão Cultural Sobre o homem como um ser de relações e o animal como um ser de contactos; as conotações dêstes conceitos: Paulo Freire O educador deve compreender a ação que está executando, de modo que entenda a teoria onipresente entre os homens ou “o verdadeiro conhecimento”, e não algo elaborada segundo as convicções daquela sociedade em um determinado período. É preciso realizar uma reflexão dessa teoria, a fim de que as ações sejam aplicadas nos processo e nos objetivos a serem alcançados. O domínio da teoria reflete diretamente na eficiência do educador; a teoria e a prática são inerentes, logo o conhecimento teórico prévio transforma plenamente a prática. Todavia, há contradição, o que será discutido nesse capítulo. No capítulo anterior foi falado sobre como o extensionista deve estar aberto ao dialogo para atender de forma efetiva a propriedade. Para educar deve-se primeiramente dominar a teoria; no entanto para ser extensionista deve-se estar transitável para atender às demandas de cada propriedade. São definições e terminologias que não se encaixam, no entanto são interdependentes. Para ser extensionista é preciso ser educador e aprender a dialogar, desta maneira o produtor fará parte da formação das resoluções e de fato aplicará na sua propriedade. Porém, para ser educador é preciso ter domínio da teoria. No entanto, ao dominar a teoria é estabelecida uma metodologia “enrijecida” que pode não se aplicar a realidade daquela propriedade. A relação do homem com o mundo não se trata do seu relacionamento com a natureza, mas sim dos resultados herdados de sua cultura e história. A percepção e ações dos homens são diferentes entre si, uma vez que as condições vividas pelos mesmos também são. Portanto, entende-se que os seres humanos são dotados de consciência distinta à medida que as influências sobre os mesmos também são. Sendo assim, mais uma contradição é vista para o extensionista; afinal, parte-se de um princípio antidialógico, ou seja, que não favorece o diálogo e a interação, chamada pelo autor de “teoria antidialógica da ação”. Uma das características dessa teoria é a “invasão cultural”. O produtor é invadido por relações autoritárias, onde o extensionista busca impor seu ponto de vista superpondo a cultura e história do camponês. Outras características antidialógicas são as manipulação e massificação; na primeira, há exploração emocional dos indivíduos, que pensam estar participando das decisões e atuações, porém não estão. Na massificação, o indivíduo não é capaz de tomar decisões, ainda que pense diferente. Trata-se de caminhos de domesticação do ser; para ser dialógico não se pode ser invasivo, é preciso construir ideias e formá-las por meio do diálogo. O diálogo é uma ferramenta que humaniza as ações. Por vezes o extensionista indaga sobre como não praticar a invasão cultural, uma vez que é difícil dialogar tecnicamente com um camponês. Pode-se haver uma subestimação da capacidade intelectual e compreensiva do camponês; no entanto trata-se de um equívoco achar que todos os produtores são ignorantes, considerando perda te tempo tentar dialogar com os mesmos. Todavia, o ser humano é capaz de aprender e raciocinar; ainda, deve-se entender que ninguém sabe tudo e que sempre se está em busca de conhecimento, inclusive o camponês. A estrutura latifundiarista já impõe e estabele classes/status, considerando o ser nos estratos mais baixos como inferiores. Essa maneira enrijecida de pensar não favorece o diálogo com o camponês. A dificuldade em dialogar do camponês não está associada à ignorância atribuída ao mesmo, mas sim à estrutura social em que vive; estrutura essa que faz com que o próprio camponês subestime sua capacidade de dialogar e participar das decisões, de modo que acatem o que lhe é dito de forma impositiva e opressiva. O extensionista considera esse diálogo com o produtor como “tempo perdido”, no entanto trata-se de um método dialógico de ação. Certas coisas são fato e não podem ser mudadas; é preciso ter sensibilidade de transmitir isso ao produtor, o que pode ser feito através do diálogo utilizando inclusive fatos históricos e experiências para essa indagação. O educador não deve impor um pensamento ou termos e normas técnicas, mas sim estimular através do diálogo um raciocínio correto e consciente para ambos, estabelecendo uma reação dialógica entre educador e educando. b) REFORMA AGRÁRIA, TRANSFORMACÃO CULTURAL E O PAPEL DO AGRÓNOMO EDUCADOR. O extensionista e camponês devem sempre trabalhar junto, estabelecendo relação dialógica entre si; apenas entender e aplicar as técnicas são uma forma simplória de projetar. Ambos devem entender-se como transformadores da sociedade e capaz de mudá-la. A modernização e tecnificação dos processos não são garantia de desenvolvimento; portanto é preciso trabalhar junto na busca por resultados. No processo de reforma agrária não é diferente; trata-se de um movimento que não deve limitar-se ao domínio de técnicas e de comercialização; é preciso unir todos os saberes e esforços, a fim de promover transformação de modo geral (cultura, sistema, programa). O assentamento foi um método da reforma agrária chilena que é definida como uma unidade de produção. Todavia, deve ser ainda uma unidade pedagógica onde todos os que são capazes de transformar e agregar conhecimento possam participar do desenvolvimento e não só os professores que atuam na escola. A atuação do extensionista não pode se dar de forma mecânica e unicamente técnica. É preciso ter uma visão holística e ser capaz de entender diversos fundamentos a fim de que não seja uma formação estritamente técnica. É necessário se embasar em todo um contexto histórico, afinal, o homem é moldado segundo a forma como foi criado e ninguém é igual ao outro. O conceito de estrutura vertical é definido como a transformação do mundo criada pelo homem, e que se prolonga de maneira quase imutável, fazendo com que não haja continuidade ao longo da história; semelhante à estrutura latifundiária, em que se enrijece uma estrutura e hierarquia tornando os processos mecanizados. A estrutura horizontal é a capacidade de intercomunicar diferentes épocas de modo que haja transformação .
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