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ANÁLISE DAS DEMONSTRAÇÕES FINANCEIRAS Professor: Robson Simões e-mail: professor.contabilidade@yahoo.com.br Análise das Demonstrações Financeiras Professor: Robson Simões Página 2 SUMÁRIO Assunto Pag. 1 - DEMONSTRAÇÕES CONTÁBEIS (FINANCEIRAS) 1.1 - Introdução 1.2 - Balanço Patrimonial 1.3 - DRE – Demonstração do Resultado Do Exercício 1.4 - DLPA – Demonstração dos Lucros e Prejuízos Acumulados 1.5 – Demonstração das Mutações do Patrimônio Líquido 1.6 - Demonstração dos Fluxos De Caixa 1.7 - Demonstração do Valor Adicionado 1.8 – Notas Explicativas 2 – ANÁLISE DAS DEMONSTRAÇÕES FINANCEIRAS (CONTÁBEIS) 2.1 – Introdução 2.2 – Motivos para a Análise Financeira 2.3 – Estática Patrimonial 2.4 – Dinâmica Patrimonial 2.5 – Ajustes e Reclassificações Contábeis 3 – ANÁLISE VERTICAL E HORIZONTAL 3.1 - Análise Vertical 3.2 – Análise Horizontal 4 – ESTUDO DA SITUAÇÃO FINANCEIRA 4.1 – Introdução 4.2 – Índices de Liquidez 4.2.1 – ILC - Índice de Liquidez Corrente 4.2.2 – ILS - Índice de Liquidez Seca 4.2.3 – ILG - Índice de Liquidez Geral 4.2.4 – ILI - Índice de Liquidez Imediata 4.3 – Índices de Estrutura do Capital 4.3.1 – Imobilização do Patrimônio Líquido 4.3.2 – Imobilização dos Recursos a Longo Prazo e do PL 4.3.3 – Particip. de Capital de Terceiros s/Recursos Próprios 4.3.4 – Composição de Endividamento 4 4 4 11 14 17 15 15 16 16 16 17 18 18 19 25 25 29 35 35 35 35 37 38 40 44 44 44 45 46 Análise das Demonstrações Financeiras Professor: Robson Simões Página 3 4.4 - Índices de Atividade 4.4.1 – Prazo Médio de Recebimento de Vendas 4.4.2 – Prazo Médio de Pagamento de Compras 4.4.3 – Prazo Médio de Renovação de Estoques 4.4.4 – Ciclo Financeiro 4.4.5 – Ciclo Operacional 4.4.6 – Quociente de Posicionamento Relativo 5 – ESTUDO DA SITUAÇÃO ECONÔMICA 5.1 – Introdução 5.2 – Índices de Lucratividade 5.2.1 – IMB – Índice de Margem Bruta 5.2.2 – IML – Índice de Margem Líquida 5.2.3 – IMO – Índice de Margem Operacional 5.3 – Índices de Rentabilidade 5.3.1 – TRI (ou ROI) – Taxa de Retorno Sobre Investimento 5.3.2 – TRPL (ou ROE) – Taxa de Retorno Sobre o P.L. 6 - PLANO DE CONTAS BIBLIOGRAFIA 47 47 47 48 48 49 50 53 53 53 53 53 54 56 56 56 59 64 Análise das Demonstrações Financeiras Professor: Robson Simões Página 4 1 DEMONSTRAÇÕES CONTÁBEIS (FINANCEIRAS) 1.1 INTRODUÇÃO O Artigo 176 da Lei nº 6.404/76 estabelece que, ao final de cada Exercício Social, a diretoria da empresa deve elaborar, com base na Escrituração mercantil, as seguintes Demonstrações Financeiras, que deverão exprimir com clareza a situação do Patrimônio da empresa e as mutações ocorridas no Exercício: a) Balanço Patrimonial; b) Demonstração de Lucros ou Prejuízos Acumulados; c) Demonstração das Mutações do Patrimônio Líquido d) Demonstração do Resultado do Exercício; e) Demonstração dos Fluxos de Caixa; f) Demonstração do Valor Adicionado; g) Notas Explicativas. Em substituição à Demonstração de Lucros ou Prejuízos Acumulados, as empresas podem elaborar a Demonstração das Mutações do Patrimônio Líquido. A Demonstração do Valor Adicionado é obrigatória somente para as Sociedades Anônimas de Capital Aberto. Todas as Demonstrações Financeiras elaboradas pela empresa deverão ser transcritas no livro Diário. As Sociedades Anônimas de Capital Aberto (que têm autorização para negociar seus títulos no mercado de capitais) são obrigadas a publicar seus Resultados anualmente, nos jornais de maior circulação do país. Assim, as Demonstrações de cada Exercício devem ser publicadas com a indicação dos valores correspondentes às Demonstrações do Exercício anterior. As Demonstrações Financeiras devem ainda ser complementadas por Notas Explicativas e por outros quadros analíticos ou Demonstrações Contábeis necessários ao bom esclarecimento da Situação Patrimonial e do Resultado do Exercício. Nas Demonstrações, as contas semelhantes podem ser agrupadas e os pequenos saldos podem ser agregados, desde que sua natureza seja indicada e que não ultrapassem um décimo do valor do respectivo grupo de contas. Mas é vedada a utilização de designações genéricas, como Diversas Contas ou Contas- correntes. 1.2 BALANÇO PATRIMONIAL O Balanço Patrimonial é a Demonstração Financeira que evidencia, resumidamente, o Patrimônio da empresa, quantitativa e qualitativamente. Veja o que estabelece o artigo 178 da Lei nº 6.404/76. Análise das Demonstrações Financeiras Professor: Robson Simões Página 5 “Art. 178. No balanço, as contas serão classificadas segundo os elementos do patrimônio que registrem, e agrupadas de modo a facilitar o conhecimento e a análise da situação financeira da companhia. §1º No ativo, as contas serão dispostas em ordem decrescente de grau de liquidez dos elementos nelas registrados, nos seguintes grupos: I – ativo circulante; II – ativo não circulante, composto por ativo realizável a longo prazo, investimentos, imobilizado e intangível. §2º No passivo, as contas serão classificadas nos seguintes grupos: I – passivo circulante; II – passivo não-circulante; e III – patrimônio líquido, dividido em capital social, reservas de capital, ajustes de avaliação patrimonial, reservas de lucros, ações em tesouraria e prejuízos acumulados.” Veja a seguir um modelo do Balanço Patrimonial no qual apresentamos os grupos e os subgrupos em que se dividem o Ativo e o Passivo, bem como as Contas Redutoras (ou Retificadoras) mais comuns do Ativo e/ou do Passivo. A relação das demais contas você encontra no tópico 9 (Plano de Contas) de nossa apostila. CONTAS EXERCÍCIO ATUAL $ EXERCÍCIO ANTERIOR $ ATIVO ATIVO CIRCULANTE DISPONIBILIDADES Caixa Bancos conta Movimento Aplicações de Liquidez Imediata CLIENTES Duplicatas a Receber (-) Provisão p/Créditos de Liq. Duvidosa OUTROS CRÉDITOS Promissórias a Receber IMPOSTOS A RECUPERAR ICMS a Recuperar INVEST. TEMP. A CURTO PRAZO Ações de Outras Empresas Análise das Demonstrações Financeiras Professor: Robson Simões Página 6 ESTOQUES Estoque de Mercadorias DESPESAS DO EXERCÍCIO SEGUINTE Aluguéis Passivos a Vencer Juros Passivos a Vencer Prêmios de Seguros a Vencer Propagandas e Publicidade a Vencer ATIVO NÃO-CIRCULANTE ATIVO REALIZÁVEL A LONGO PRAZO Duplicatas a Receber Promissórias a Receber Créditos com Pessoas Ligadas Outros Créditos INVESTIMENTOS Participação na Empresa A IMOBILIZADO Computadores (-) Depreciação Acum. de Computadores Imóveis (-) Depreciação Acumulada de Imóveis Instalações (-) Depreciação Acumulada de Instalações Móveis e Utensílios (-) Deprec. Acum. de Móveis e Utensílios Veículos (-) Depreciação Acumulada de Veículos INTANGÍVEL Fundo de Comércio (-) Amort. Acum. de Fundo de Comércio Marcas e Patentes (-) Amort. Acum. de Marcas e Patentes TOTAL DO ATIVO Análise das Demonstrações Financeiras Professor: Robson Simões Página 7 CONTAS EXERCÍCIO ATUAL $ EXERCÍCIO ANTERIOR $ PASSIVO PASSIVO CIRCULANTE OBRIGAÇÕES A FORNECEDORES Duplicatas a Pagar EMPRÉSTIMOS E FINANCIAMENTOS Bancos conta Empréstimo OBRIGAÇÕES TRIBUTÁRIAS Impostos e Taxas a Recolher Provisão para Imposto de Renda Provisão para Contribuição Social OBRIG. TRABALH. E PREVIDENC. Salários a Pagar Encargos Sociaisa Recolher OUTRAS OBRIGAÇÕES Contas a Pagar Aluguéis a Pagar PARTICIPAÇÕES E DEST. DO LUCRO Partic. dos Empregados a Pagar Dividendos a Pagar PASSIVO NÃO-CIRCULANTE PASSIVO EXIGÍVEL A LONGO PRAZO Duplicatas a Pagar Promissórias a Pagar Empréstimos/Financiamentos a Pagar Débitos com Pessoas Ligadas Outros Débitos PATRIMÔNIO LÍQUIDO CAPITAL SOCIAL Capital Social (-) Capital a Integralizar RESERVAS DE CAPITAL AJUSTES DE AVALIAÇ. PATRIMONIAL Análise das Demonstrações Financeiras Professor: Robson Simões Página 8 RESERVAS DE LUCROS (-) AÇÕES EM TESOURARIA (-) PREJUÍZOS ACUMULADOS TOTAL DO PASSIVO Você pode observar no modelo de Balanço Patrimonial que tanto no Ativo quanto no Passivo, existem contas precedidas de sinal negativo (-). São as Contas Redutoras ou Retificadoras do Ativo e do Passivo. ATIVIDADE PRÁTICA: Com base no Balancete de Verificação abaixo, retirado do Razão da empresa Office Blanc S/A., levantado em 31 de dezembro de x1, elabore o Balanço Patrimonial: Nº CONTAS SALDO DEVEDOR CREDOR 01 Caixa 30.000 02 Bancos conta Movimento 706.000 03 Duplicatas a Receber 400.000 04 Provisão p/Crédito de Liquidação Duvidosa 6.000 05 Estoque de Mercadorias 1.663.500 06 Prêmios de Seguros a Vencer 21.500 07 Móveis e Utensílios 800.000 08 Depr. Acumul. de Móveis e Utensílios 240.000 09 Veículos 960.000 10 Depr. Acumul. de Veículos 576.000 11 Fundo de Comércio 144.000 12 Amort. Acumul. de Fundo de Comércio 14.400 13 Duplicatas a Pagar 686.100 14 Impostos e Taxas a Recolher 19.000 15 INSS a Recolher 8.000 16 FGTS a Recolher 2.400 17 Salários a Pagar 30.000 Análise das Demonstrações Financeiras Professor: Robson Simões Página 9 Nº CONTAS SALDO DEVEDOR CREDOR 18 Dividendos a Pagar 268.355 19 Capital Social 2.700.000 20 Reservas de Lucros 174.745 TOTAIS 4.725.000 4.725.000 Lembretes: 1) Atentar para as contas de natureza devedora e credora, lembrando-se sempre que o total dos débitos deve ser igual ao total dos créditos; 2) Verificar quais contas que pertencem ao Ativo e quais contas pertencem ao Passivo, sem se esquecer das contas redutoras ou retificadoras que, pertencem a um determinado grupo de contas (Ativo ou Passivo), mas possuem saldo inverso ao da natureza de saldo do seu grupo, ou seja, uma conta retificadora do Ativo possui saldo credor, justamente para reduzir ou retificar as contas do Ativo que possuem saldo devedor. Da mesma forma, as contas redutoras ou retificadoras do Passivo possuem saldo devedor, inversamente a natureza de saldo das contas do Passivo que é credora. Companhia: Office Blanc S/A. BALANÇO PATRIMONIAL Exercício Findo em: 31 de dezembro de x1. Análise das Demonstrações Financeiras Professor: Robson Simões Página 10 Análise das Demonstrações Financeiras Professor: Robson Simões Página 11 1.3 DRE – DEMONSTRAÇÃO DO RESULTADO DO EXERCÍCIO Essa Demonstração evidencia o Resultado que a empresa obteve (Lucro ou Prejuízo) no desenvolvimento de suas atividades durante um determinado período, geralmente igual a um ano. Veja o que estabelece o artigo 187 da Lei nº 6.404/76: “Art. 187. A demonstração do resultado do exercício discriminará: I – a receita bruta de vendas e serviços, as deduções das vendas, os abatimentos e os impostos; II – a receita líquida das vendas e serviços, o custo das mercadorias e serviços vendidos e o lucro bruto; III – as despesas com as vendas, as despesas financeiras, deduzidas das receitas, as despesas gerais e administrativas, e outras despesas operacionais; IV – o lucro ou prejuízo operacional, as outras receitas e as outras despesas; V – o resultado do exercício antes do Imposto sobre a Renda e a provisão para o imposto; Análise das Demonstrações Financeiras Professor: Robson Simões Página 12 VI – as participações de debêntures, empregados, administradores e as partes beneficiárias, mesmo na forma de instrumentos financeiros e de instituições ou fundos de assistência ou previdência de empregados que não se caracterizem como despesa; VII – o lucro ou prejuízo líquido do exercício e o seu montante por aço do capital social.” EXEMPLO PRÁTICO: Com base na relação de contas a seguir, extraída do livro Razão da empresa Office Blanc S/A., em 31/12/x1, na qual constam contas já encerradas (Contas de Resultado) e abertas (Contas Patrimoniais), elaborar a Demonstração do Resultado do Exercício. Vendas................................................................... Impostos e Contribuições sobre Vendas...................... Custos das Mercadorias Vendidas (CMV)...................... Fretes e Carretos..................................................... Despesas com Créditos de Liquidação Duvidosa........... Juros Passivos......................................................... Juros Ativos............................................................. Aluguéis Passivos..................................................... Amortização............................................................ Depreciação........................................................... Encargos Sociais...................................................... Material de Expediente.............................................. Prêmios de Seguro................................................... Salários.................................................................. Provisão para Contribuição Social............................... Provisão para o Imposto de Renda............................ Número de ações em circulação que compõem o Capital Social, para o cálculo do Lucro Líquido por Ação do Capital: 1.650.000 ações. 1.929.975 496.000 336.500 30.000 6.000 5.000 45.000 139.000 11.925 225.250 71.000 25.000 15.000 200.000 37.663 94.159 Para elaborar a Demonstração do Resultado do Exercício, devemos reunir as contas de Despesas e de Receitas em seus respectivos grupos, conforme conta da própria demonstração. Para isso é sempre aconselhável o uso do Plano de Contas. Veja como devemos agrupar as contas para a solução deste exemplo: Análise das Demonstrações Financeiras Professor: Robson Simões Página 13 Despesa com Vendas Fretes e Carretos Despesas com Créditos de Liquidação Duvidosa Total 30.000 6.000 36.000 Despesas Gerais e Administrativas Aluguéis Passivos Encargos Sociais Material de Expediente Prêmios de Seguro Salários Depreciação Amortização TOTAL 139.000 71.000 25.000 15.000 200.000 225.250 11.925 687.175 Despesas Financeiras Juros Passivos Total 5.000 5.000 Receitas Financeiras Juros Ativos Total 45.000 45.000 Uma vez reunido os principais grupos de contas, podemos elaborar agora a Demonstração do Resultado do Exercício, conforme abaixo: Companhia: Office Blanc S/A. DEMONSTRAÇÃO DO RESULTADO DO EXERCÍCIO Exercício findo em 31 de dezembro de x1. 1 RECEITA OPERACIONAL BRUTA 1.929.975 Venda de Mercadorias e/ou Prestação de Serviços 1.929.975 2 DEDUÇÕES E ABATIMENTOS (496.000) Abatimentos Concedidos Vendas Canceladas Descontos Incondicionais Concedidos Impostos e Contribuições sobre Vendas(496.000) 3 RECEITA OPERACIONAL LÍQUIDA (1 – 2) 1.433.975 Análise das Demonstrações Financeiras Professor: Robson Simões Página 14 4 CUSTOS OPERACIONAIS (336.500) CMV e/ou Custo dos Serviços Prestados (336.500) 5 LUCRO BRUTO (3 – 4) 1.097.475 6 DESPESAS OPERACIONAIS (683.175) Despesas com Vendas (36.000) Despesas Gerais e Administrativas (687.175) Despesas Financeiras (5.000) ( + ) Receitas Financeiras 45.000 Outras Despesas Operacionais 7 OUTRAS RECEITAS OPERACIONAIS 8 LUCRO (PREJUÍZO) OPERACIONAL (5 – 6 + 7) 414.300 9 OUTRAS RECEITAS 10 OUTRAS DESPESAS 11 RESULTADO DO EXERC. ANTES DO IR (8 + 9 – 10) 414.300 12 PROVISÃO PARA CONTRIBUIÇÃO SOCIAL (37.663) 13 PROVISÃO PARA IMPOSTO DE RENDA (94.159) 14 RESULTADO DO EXERCÍCIO APÓS IR ( 11 – 12 – 13) 282.478 15 PARTICIPAÇÕES Debêntures Empregados Administradores Partes Beneficiárias Contrib. p/Instit. ou Fundos de Assist. ou Previd. de Empreg. 16 REVERSÃO DE JUROS SOBRE CAPITAL PRÓPRIO 17 LUCRO LÍQUIDO DO EXERCÍCIO (14 – 15 + 16) 282.478 18 LUCRO LÍQ. OU PREJ. POR AÇÃO DO CAPITAL 0,1711987 1.4 DLPA – DEMONSTRAÇÃO DOS LUCROS E PREJUÍZOS ACUMULADOS A Demonstração de Lucros ou Prejuízos Acumulados (DLPA) é um relatório contábil que tem por finalidade evidenciar o saldo inicial da Conta “Prejuízos Acumulados”, os ajustes de Exercícios anteriores, as reversões de reservas, o Lucro Líquido do Exercício e a sua destinação. A definição está prevista no artigo 186 da Lei nº 6.404/76. 1.5 DEMONSTRAÇÃO DAS MUTAÇÕES DO PATRIMÔNIO LÍQUIDO A Demonstração das Mutações do Patrimônio Líquido (DMPL) é um relatório contábil que visa evidenciar as variações ocorridas em todas as contas que compõem o Patrimônio Líquido em um determinado período. Análise das Demonstrações Financeiras Professor: Robson Simões Página 15 A Lei nº 6.404/1976 não fixa um modelo de DMPL que deva ser utilizado pelas empresas; entretanto, menciona essa demonstração no §2º do artigo 186, quando permite que a DLPA seja incluída nela, se elaborada e publicada pela companhia. Assim, as mesmas informações que a Lei determina para a DLPA, devem constar na DMPL, considerando que nesta, as informações serão relativas à movimentação de todas as contas do Patrimônio Líquido. 1.6 DEMONSTRAÇÃO DOS FLUXOS DE CAIXA A Demonstração dos Fluxos de Caixa (DFC) é um relatório contábil que tem por fim evidenciar as transações ocorridas em um determinado período e que provocaram modificações no saldo da conta Caixa e equivalentes de Caixa. Trata-se de uma demonstração sintetizada dos fatos administrativos que envolvem os fluxos de dinheiro ocorridos durante um determinado período, devidamente registrados a débito (entradas) e a crédito (saídas) da conta Caixa e equivalentes de Caixa. Fluxos de Caixa, portanto, compreendem o movimento de entradas e saídas de dinheiro da empresa. A Lei nº 6.404/1976 também não fixou um modelo de DFC a ser observado por todas as empresas. Ela limitou-se a estabelecer no inciso I do artigo 188, que a DFC deverá indicar no mínimo as alterações ocorridas durante o Exercício, no saldo de Caixa e equivalentes de Caixa, segregando-se essas alterações em, no mínimo, três fluxos: das operações, dos financiamentos e dos investimentos. Existem dois métodos que podem ser adotados para a estruturação da DFC: Indireto e Direto. O § 6.º do art. 176 estabelece que a companhia fechada com patrimônio líquido (PL), na data do balanço, inferior a R$ 2.000.000 (dois milhões de reais) não será obrigada a elaborar e publicar a DFC. 1.7 DEMONSTRAÇÃO DO VALOR ADICIONADO A Demonstração do Valor Adicionado (DVA) é um relatório contábil que evidencia o quanto de riqueza uma empresa produziu, isto é, o quanto ela adicionou de valor aos seus fatores de produção, e o quanto e de que forma essa riqueza foi distribuída (entre empregados, Governo, acionistas, financiadores de Capital), bem como a parcela da riqueza não distribuída. Deste modo, a DVA tem por fim demonstrar a origem da riqueza gerada pela entidade, e como essa riqueza foi distribuída entre os diversos setores que contribuíram, direta ou indiretamente, para sua geração. Análise das Demonstrações Financeiras Professor: Robson Simões Página 16 O valor adicionado que é demonstrado na DVA, corresponde à diferença entre o valor da Receita de vendas e os Custos dos recursos adquiridos de Terceiros. Assim, o valor adicionado gerado em cada empresa em um determinado período representa o quanto essa empresa contribuiu para a formação do Produto Interno Bruto (PIB) do país no referido período. Segundo o inciso “V” do artigo 176 da Lei nº 6.404/1976, somente as companhias de capital aberto estão obrigadas a elaboração da DVA. 1.8 NOTAS EXPLICATIVAS As Notas Explicativas são esclarecimentos que visam complementar as Demonstrações Financeiras e informar os critérios contábeis utilizados pela empresa, a composição dos saldos de determinadas contas, os métodos de depreciação, os principais critérios de avaliação dos elementos patrimoniais etc. As Notas Explicativas facilitam a interpretação dos dados contidos nas Demonstrações Financeiras. Para fins de publicação, elas devem ser apresentadas logo após as Demonstrações Financeiras. As Notas Explicativas estão previstas nos parágrafos 4º e 5º do artigo 176 da Lei nº 6.404/1976. 2 – ANÁLISE DAS DEMONSTRAÇÕES FINANCEIRAS (CONTÁBEIS) 2.1 INTRODUÇÃO A análise financeira (contábil) é o exame das informações obtidas por meio das demonstrações financeiras (contábeis). No entanto ela não deve ser restrita a isto, devendo abranger todos os fatores que possam interferir na situação financeira de uma empresa. Sendo assim, o analista deve ter compreensão de outras disciplinas como economia, administração geral, marketing, algumas particularidades de direito, entre outros conhecimentos. Os motivos para a análise das demonstrações contábeis podem ser variados. Podemos tentar entender a evolução dos números durante o planejamento estratégico da empresa, para a elaboração de um plano de negócios ou de um plano de ação, para a avaliação de uma empresa, para a análise de competitividade, em atividades de fusões ou aquisições, para a concessão de créditos ou para a análise da criação de valor – que demanda o estudo das rentabilidades do negócio. Também é preciso compreender que, nem sempre, o futuro é continuação do passado e que, nem sempre, as informações contábeis passadas refletem o que irá ocorrer depois. É preciso ter senso crítico para identificar as mudanças Análise das Demonstrações Financeiras Professor: Robson Simões Página 17 contextuais que podem atrapalhar a análise da evolução dos números passados apresentados nas demonstrações contábeis. 2.2 MOTIVOS PARA A ANÁLISE FINANCEIRA Os objetivos da análise das demonstrações contábeis podem assumir diferentes configurações. A análise financeira pode ser empregada para mensurar riscos de créditos de correntes e potenciais clientes; julgar o desempenho esperado das firmas ou monitorar o progresso da firma em alcançar os objetivos desejados. Uma grande quantidade de exemplos com diferentes motivos para a condução da análise de demonstrações pode ser apresentada: a) Planejamento estratégico: envolveria a necessidade de identificação da estrutura econômica do negócio, da mensuração da performance das diferentes unidades da empresa e da análise de competitividade. Para isso seria preciso entender o crescimento das vendas e a evolução da rentabilidade, dos fluxos de caixa e do nível de utilização dos ativos; b) Desenvolvimento do plano de negócios: associado à projeção dos demonstrativos financeiros de projetos, à avaliação da viabilidade econômica do negócio, com a análise das projeções de fluxo de caixa, estimativas de valor terminal e obtenção de taxas de descontoajustadas ao risco; c) Avaliação do negócio: envolveria a estimativa de um preço para a operação, geralmente por meio de um fluxo de caixa descontado, da análise de transações comparáveis e de padrões financeiros; d) Análise de competitividade: associada à estimativa da estrutura de custo para os competidores e à identificação de restrições financeiras; e) Fusões e aquisições: envolveria a busca pela estimativa de um preço de negociação, associado à quantificação do valor da decisão estratégica de aquisição. Envolve projeções sobre o fluxo de caixa combinado e o valor conjunto do negócio, o que também demanda o cálculo de taxas de desconto e análise de índices. Embora muitas possam ser as razões apontadas para a análise das demonstrações contábeis do negócio, dois principais grupos de motivos podem ser caracterizados. f) Análise de crédito: preocupa-se com o curto prazo, focando-se na análise da liquidez e do fluxo de caixa, preocupando-se com uma eventual incapacidade do negócio em honrar suas obrigações; Análise das Demonstrações Financeiras Professor: Robson Simões Página 18 g) Análise de criação de valor: enfatiza o longo prazo e se preocupa com a discussão dos efeitos sobre a rentabilidade do negócio. 2.3 ESTÁTICA PATRIMONIAL Na Análise das Demonstrações utilizamos os mais variados meios para proporcionar aos usuários os conhecimentos que necessitam em seu processo decisório. Um desses meios sãos os demonstrativos da estática patrimonial. A estática patrimonial é o estudo do patrimônio considerado sem movimento em um dado momento na sua estrutura qualitativa e quantitativa, isto é, nos seus elementos e nos seus componentes e valores. A estática patrimonial procura demonstrar num dado momento, a estrutura e a composição patrimonial da empresa. A principal demonstração da estática patrimonial e que iremos trabalhar no desenvolvimento do nosso programa é o Balanço Patrimonial. O Balanço Patrimonial é a demonstração utilizada para refletir a posição financeira e patrimonial da empresa em dado momento e que também procura demonstrar a posição de bens, direitos e obrigações da empresa, demonstrando e evidenciando a situação líquida do patrimônio. 2.4 DINÂMICA PATRIMONIAL A dinâmica patrimonial estuda as variações da situação líquida da empresa com a finalidade de demonstrar como os diversos fatos ocorridos durante um determinado período de tempo podem ter provocado alterações na situação líquida das entidades em duas características distintas, a saber: a) Variações provenientes das operações com os sócios; b) Variações provenientes das operações da empresa. Operações com os sócios da entidade representam, basicamente, aumentos ou retiradas de capitais e distribuições de lucros. São eventos que não alteram a elaboração da demonstração do resultado do exercício. Operações com a empresa provocam a geração de riqueza e derivam de uma série de conceitos fundamentais para a apuração do resultado de uma entidade num determinado período de tempo. As demonstrações contábeis da dinâmica patrimonial têm por objetivo apresentar a evolução dos fenômenos patrimoniais em determinado período, evidenciando as variações provocadas pelos fatos ocorridos neste mesmo período. Dentre as demonstrações Dinâmicas existentes, iremos trabalhar com a Demonstração do Resultado do Exercício. Análise das Demonstrações Financeiras Professor: Robson Simões Página 19 A Demonstração do Resultado do Exercício caracteriza-se por ser um relatório contábil que procura demonstrar o resultado obtido em determinado período de tempo através da confrontação entre as receitas e despesas/custos desse mesmo período. 2.5 AJUSTES E RECLASSIFICAÇÕES CONTÁBEIS As particularidades das demonstrações contábeis demandam cuidados adicionais, anteriores ao estudo dos números nelas contidos. É preciso conferir a coerência de alguns valores e de algumas informações. Ajustes diversos podem ser precisos, como os que envolvem movimentação de contas do curto para o longo prazo ou vice-versa ou ainda a correção de valores imprecisos, como os ativos de realização difícil ou impossível. Após os ajustes é que podemos dar início à análise dos números contidos nas demonstrações contábeis das empresas. Para poder estudar com maior confiabilidade os dados apresentados nos demonstrativos contábeis e financeiros de qualquer entidade são necessários alguns cuidados, ajustes e reclassificações. Veja os exemplos apresentados a seguir: a) Duplicatas Descontadas: representam, na verdade, um empréstimo para o capital de giro. Caso os emitentes das duplicatas descontadas junto às instituições financeiras não as quitem, caberá à entidade que as descontou assumir estes compromissos. Logo, devem ser retiradas do ativo circulante e alocadas no passivo circulante; b) Empréstimos feitos a interligadas: se estiverem classificados no ativo circulante, deverão ser alocados para o realizável a longo prazo. Como existe uma relação direta entre credores e devedores, normalmente as operações não têm data fixa para a quitação. Por precaução, devem ser transferidos para longo prazo; c) Empréstimos recebidos de diretores ou interligadas: se existirem valores registrados no exigível a longo prazo, deverão ser realocados no passivo circulante. Corresponde a uma situação inversa à anterior. Já que existe uma relação direta entre a entidade devedora e seus credores, estes valores podem ser exigidos a qualquer momento. Logo, torna-se necessário o ajuste; d) Deduções do Patrimônio Líquido: correspondem a contrapartida a valores não realizáveis do ativo e que devem ser baixados do balanço Análise das Demonstrações Financeiras Professor: Robson Simões Página 20 patrimonial. As principais retificações dos ativos patrimoniais estão presentes a seguir: Bens obsoletos: bens sem valor de uso ou venda, que, porém, continuam registrados no balanço patrimonial. Devem ser excluídos da análise financeira, da mesma forma que a contrapartida no patrimônio líquido; Débitos não cobráveis: feitos por diretores, cotistas e solidários ou de empresa do mesmo grupo econômico cuja realização seja duvidosa; Depósitos judiciais: valores depositados em juízo, enquanto a empresa discute dívidas de caráter fiscal, trabalhista ou de outro tipo; Excessos na reavaliação de bens do imobilizado: quando os ativos estiverem registrados por valor acima daquele considerado razoável, deve ser feita uma retificação; Insuficiência da provisão para devedores duvidosos: ou mesmo no caso da inexistência dessa provisão. Os valores provisionados devem ser coerentes com a situação operacional e financeira da entidade. Quando a provisão for considerada inadequada, deve ser feito ajuste, com a contrapartida devidamente abatida do valor do patrimônio líquido; Outros valores de difícil realização: eventuais bens e direitos de realização impossível ou improvável devem ser excluídos dos ativos, com a conseqüente dedução do patrimônio líquido. e) Despesa do Exercício Seguinte: por se tratar de uma despesa antecipada que será consumida pela empresa no próximo ano, ela é classificada no Ativo Circulante. No entanto, não se transformará em dinheiro. Essa despesa reduzirá o lucro do próximo exercício e, conseqüentemente, o Patrimônio Líquido. Essa despesa, entretanto, de maneira geral tem valor irrelevante, imaterial em relação ao Ativo Circulante, não melhorando por si só a situação financeira da empresa, pois seu acréscimo (ao Ativo Circulante) é, sem dúvida, imaterial. Sendo assim, esse ajuste só deve ser feito em caso de o valor ser relevante. Obs.: os ajustes no Patrimônio Líquido geralmente são feitos em contrapartida a conta reserva de lucros. Análise das Demonstrações Financeiras Professor: Robson Simões Página 21 Para ilustrara importância dos ajustes iniciais feitos antes da análise das demonstrações contábeis, considere o exemplo da Beleléu Indústrias Ltda. Segue abaixo o Balanço Patrimonial apresentado pela contabilidade da empresa. Ativos $ Passivos $ Ativo Circulante Caixa Clientes (-) PDD (-) Duplicatas Descontadas Estoques Empréstimos a Controladas Subtotal AC 800,00 1.800,00 (360,00) (720,00) 2.400,00 800,00 4.720,00 Passivo Circulante Fornecedores Financiamentos CP Salários a Pagar Subtotal PC 1.500,00 800,00 900,00 3.200,00 Ativo Não-Circulante Veículos (-) Depr. Acum. Veículos Subtotal ANC 6.600,00 (1.320,00) 5.280,00 Passivo Não-Circulante Empréstimos de Diretores Financiamentos LP Subtotal PNC 1.200,00 2.800,00 4.000,00 Patrimônio Líquido Capital Reserva de Lucros Subtotal PL 1.000,00 1.800,00 2.800,00 Total dos ativos 10.000,00 Total dos passivos e PL 10.000,00 Uma análise inicial dos números contidos no Balanço Patrimonial da empresa demanda a realização de alguns ajustes iniciais. Ajuste (a). É preciso mover as duplicatas descontadas do ativo circulante para o passivo circulante. As duplicatas descontadas correspondem a empréstimo para o capital de giro e devem ser alocadas no passivo circulante. É preciso observar a mudança do sinal dos números da conta de duplicatas descontadas. Origem ou débito: Duplicatas descontadas (AC) $ 720,00 Destino ou crédito: Duplicatas descontadas (PC) $ 720,00 Ajuste (b). Empréstimos feitos a controladas precisam ser deslocados do ativo circulante para o ativo não circulante, em decorrência da relação direta entre credores e devedores. Análise das Demonstrações Financeiras Professor: Robson Simões Página 22 Destino ou débito: Empréstimos a controladas (ANC) $ 800,00 Origem ou crédito: Empréstimos a controladas (AC) $ 800,00 Ajuste (c). É preciso mover os empréstimos recebidos de diretores ou interligadas do passivo não-circulante para o passivo circulante em função da relação direta entre a entidade devedora e seus credores. Destino ou crédito: Empréstimos de Diretores (PC) $ 1.200,00 Origem ou débito: Empréstimos de Diretores (PNC) $ 1.200,00 ´ Assim ficou o novo balanço após os ajustes “a”, “b” e “c”. Ativos $ Passivos $ Ativo Circulante Caixa Clientes (-) PDD Estoques Subtotal AC 800,00 1.800,00 (360,00) 2.400,00 4.640,00 Passivo Circulante Fornecedores Financiamentos CP Salários a Pagar Duplicatas Descontadas Empréstimos de Diretores Subtotal PC 1.500,00 800,00 900,00 720,00 1.200,00 5.120,00 Ativo Não-Circulante Empréstimos a Controladas Veículos (-) Depr. Acum. Veículos Subtotal ANC 800,00 6.600,00 (1.320,00) 6.080,00 Passivo Não-Circulante Financiamentos LP Subtotal PNC 2.800,00 2.800,00 Patrimônio Líquido Capital Reserva de Lucros Subtotal PL 1.000,00 1.800,00 2.800,00 Total dos ativos 10.720,00 Total dos passivos e PL 10.720,00 Agora, procedam aos ajustes “d”, “e” e “f” abaixo e elaborem o novo balanço após os ajustes. (d) Cerca de 30% do estoque da empresa é formado por mercadorias obsoletas, sem valor de mercado; Análise das Demonstrações Financeiras Professor: Robson Simões Página 23 (e) Do valor existente no grupo contas a receber de clientes, $ 200,00 correspondem ao cliente Trambique é Com. Nós Ltda., que faliu recentemente; (f) Do valor remanescente do contas a receber, é preciso assumir uma provisão para devedores duvidosos igual a 25%. Resolução: Análise das Demonstrações Financeiras Professor: Robson Simões Página 24 Ativos $ Passivos $ Análise das Demonstrações Financeiras Professor: Robson Simões Página 25 3 ANÁLISE VERTICAL E HORIZONTAL As análises horizontal e vertical consistem nas duas formas mais elementares de análise de demonstrativos financeiros que existem. Assumem um parâmetro (ano inicial na análise horizontal ou total dos ativos na análise vertical) como base, calculando os demais dados analisados em relação ao parâmetro estudado. Quando fazemos a divisão de uma grandeza por outra ), nossos olhos lêem no sentido vertical ), daí chamamos de Análise Vertical, considerando dados de um mesmo período (ou de um mesmo ano). Quando comparamos os indicadores de vários períodos (vários semestres, anos...), analisamos a tendência dos índices. Nesse caso, chamamos de Análise Horizontal. Por exemplo: Ano Ano Ano 20x7 20x8 20x9 Índice → 1,50 1,46 1,39 A tendência desse índice é piorar. Assim, fizemos uma Análise Horizontal. Essas técnicas de indicadores, análises vertical e horizontal, serão utilizadas nas Análises das Demonstrações Contábeis. 3.1 ANÁLISE VERTICAL A análise vertical estuda a estrutura de composição dos itens ao longo do tempo. Para isso, como base, assume o total dos ativos ou o total dos passivos e PL igual a 100% no Balanço Patrimonial ou Receitas Líquidas iguais a 100% na DRE e a partir desta conta assumida como base (100%) analisa a evolução dos números. Fórmula: AV = Valor do item do BP ou DRE no ano atual X 100 Valor Base Análise das Demonstrações Financeiras Professor: Robson Simões Página 26 Exemplo: Tomemos como base as demonstrações contábeis abaixo. BALANÇO PATRIMONIAL ATIVO ANO 1 $ ANO 2 $ ANO 3 $ ATIVO CIRCULANTE Disponibilidades Clientes Estoques Subtotal do Ativo Circulante 12 12 12 36 8,25 18 24,75 51 9 15 15 39 ATIVO NÃO CIRCULANTE Aplicações Realizáveis a Longo Prazo Investimentos Imobilizado Subtotal do Ativo Não Circulante 8 9 80 97 7 12 82 101 5 13 84 102 TOTAL DO ATIVO 133 152 141 BALANÇO PATRIMONIAL PASSIVO ANO 1 $ ANO 2 $ ANO 3 $ PASSIVO CIRCULANTE Empréstimos de Curto Prazo Fornecedores Impostos de Curto Prazo Subtotal do Passivo Circulante 11,4 8 3,6 23 24,1 14,85 4,05 43 11,5 10 4,5 26 PASSIVO NÃO CIRCULANTE Empréstimos de Longo Prazo Subtotal do Passivo Não-Circulante 10 10 9 9 15 15 PATRIMÔNIO LÍQUIDO Subtotal do Patrimônio Líquido 100 100 100 TOTAL DO PASSIVO E P.L. 133 152 141 Para análise vertical do Balanço Patrimonial, o total dos ativos e ou dos passivos e P.L. assumem base igual a 100%. A partir desse total todos os demais percentuais são calculados. Veja como fica. Análise das Demonstrações Financeiras Professor: Robson Simões Página 27 BALANÇO PATRIMONIAL ATIVO ANO 1 % ANO 2 % ANO 3 % ATIVO CIRCULANTE Disponibilidades Clientes Estoques Subtotal do Ativo Circulante 9 9 9 27 5,5 12 16,5 34 6 11 11 39 ATIVO NÃO CIRCULANTE Aplicações Realizáveis a Longo Prazo Investimentos Imobilizado Subtotal do Ativo Não Circulante 6 7 60 73 4,5 7,5 54 66 3,5 9 59,5 72 TOTAL DO ATIVO 100 100 100 BALANÇO PATRIMONIAL PASSIVO ANO 1 % ANO 2 % ANO 3 % PASSIVO CIRCULANTE Empréstimos de Curto Prazo Fornecedores Impostos de Curto Prazo Subtotal do Passivo Circulante 8,5 6 2,5 17 16 9,5 2,5 28 8 7 3 18 PASSIVO NÃO CIRCULANTE Empréstimos de Longo Prazo Subtotal do Passivo Não-Circulante 8 8 6 6 11 11 PATRIMÔNIO LÍQUIDO Subtotal do Patrimônio Líquido 75 66 71 TOTAL DO PASSIVO E P.L. 100 100 100 Pela análise acima, no ano 1, é possível percebernos ativos a relevância dos recursos investidos no Imobilizado (60%). Nos Passivos e P.L. é possível perceber a relevância dos recursos captados por meio do P.L. (75%). Porém, uma compreensão mais efetiva da evolução dos números da empresa mediante o uso da análise vertical pode ser feita pela análise da evolução cronológica dos percentuais nos demais anos. Análise das Demonstrações Financeiras Professor: Robson Simões Página 28 A análise da evolução da composição percentual dos ativos da empresa revela um crescimento notável das contas operacionais relativas a Clientes e Estoques do ano 1 para o ano 2 e uma posterior redução do ano 2 para o ano 3. Por outro lado, a análise da evolução da composição percentual dos passivos e P.L. da empresa igualmente revela um crescimento notável das contas operacionais relativas a fornecedores e impostos de curto prazo do ano 1 para o ano 2 e uma posterior redução do ano 2 para o ano 3. Também é possível perceber uma evolução dos Empréstimos de Longo Prazo, que subiram sua participação de 8% no ano 1 para 11% no ano 3. Quando a análise vertical da Demonstração de Resultados é executada, a receita líquida assume base igual a 100%. Veja o exemplo abaixo. DRE - DEMONSTRAÇÃO DO RESULTADO DO EXERCÍCIO ANO 1 $ ANO 2 $ ANO 3 $ (+) (-) (=) (-) (=) (-) (=) (-) (=) Receita Bruta Deduções Receita Líquida CMV Lucro Bruto Despesas Operacionais Administrativas e Comerciais Financeiras LAIR (Lucro antes do I.R.) I.R. LL (Lucro Líquido) 288 -43,2 244,8 -144 100,8 -13,14 -11 -2,14 87,66 -26,298 61,362 324 -48,6 275,4 -178,2 97,2 -21 -17,69 -3,31 76,2 -22,86 53,34 360 -54 306 -180 126 -14 -11,35 -2,65 112 -33,6 78,4 DRE - DEMONSTRAÇÃO DO RESULTADO DO EXERCÍCIO ANO 1 % ANO 2 % ANO 3 % (+) (-) (=) (-) (=) (-) (=) (-) (=) Receita Bruta Deduções Receita Líquida CMV Lucro Bruto Despesas Operacionais LAIR (Lucro antes do I.R.) I.R. LL (Lucro Líquido) 118 -18 100 -59 41 -5 36 -11 25 118 -18 100 -65 35 -8 27 -8 19 118 -18 100 -59 41 -5 36 -11 25 Análise das Demonstrações Financeiras Professor: Robson Simões Página 29 Percebe-se na análise vertical uma elevação do CMV e das despesas do ano 2 em relação aos demais anos. O percentual das deduções permanece o mesmo ao longo dos anos. NOTA: Na análise vertical, é importante destacar o uso da receita líquida como denominador empregado no cálculo dos percentuais. A forma líquida da receita apresenta um número menos impreciso que a receita bruta, já que traz um número deduzido das eventuais devoluções, descontos ou impostos sobre vendas. Em relação à analise vertical da DRE é importante destacar que alguns números da coluna dos percentuais recebem denominações especiais. Índice de margem bruta: o percentual referente ao resultado ou lucro bruto (lucro bruto por vendas líquidas) costuma ser denominado de índice de margem bruta. Índice de margem líquida: por fim, o percentual referente ao lucro líquido (lucro líquido por vendas líquidas) costuma ser denominado de índice de margem líquida. DRE - DEMONSTRAÇÃO DO RESULTADO DO EXERCÍCIO ANO 1 % ANO 2 % ANO 3 % Lucro Bruto (índice de margem bruta) LL (índice de margem líquida) 41 25 35 19 41 25 3.2 ANÁLISE HORIZONTAL A análise horizontal estuda a evolução das contas patrimoniais e/ou contas de resultados ao longo do tempo, onde o ano inicial assume um valor-base igual a 100% e os valores nos demais anos são calculados em relação ao valor do ano- base. Outra forma seria calcular as variações percentuais em relação ao ano-base. NOTA: O uso da análise horizontal pode ser feito de duas formas distintas: mediante o cálculo de um percentual em relação aos números do ano-base ou mediante o cálculo de uma variação percentual (o percentual subtraído de 100%). No nosso estudo vamos utilizar a primeira forma aqui mencionada. Fórmula: AH = Valor do item do BP ou DRE no ano atual X 100 Valor do item do BP ou DRE no ano base Análise das Demonstrações Financeiras Professor: Robson Simões Página 30 Exemplo: Tomemos como base as mesmas demonstrações utilizadas no exemplo do cálculo da análise vertical. BALANÇO PATRIMONIAL ATIVO ANO 1 % ANO 2 % ANO 3 % ATIVO CIRCULANTE Disponibilidades Clientes Estoques Subtotal do Ativo Circulante 100 100 100 100 69 150 206 142 75 125 125 108 ATIVO NÃO CIRCULANTE Aplicações Realizáveis a Longo Prazo Investimentos Imobilizado Subtotal do Ativo Não Circulante 100 100 100 100 88 133 103 104 63 144 105 105 TOTAL DO ATIVO 100 114 106 BALANÇO PATRIMONIAL PASSIVO ANO 1 % ANO 2 % ANO 3 % PASSIVO CIRCULANTE Empréstimos de Curto Prazo Fornecedores Impostos de Curto Prazo Subtotal do Passivo Circulante 100 100 100 100 211 186 113 187 101 125 125 113 PASSIVO NÃO CIRCULANTE Empréstimos de Longo Prazo Subtotal do Passivo Não-Circulante 100 100 90 90 150 150 PATRIMÔNIO LÍQUIDO Subtotal do Patrimônio Líquido 100 100 100 TOTAL DO PASSIVO E P.L. 100 100 100 Análise das Demonstrações Financeiras Professor: Robson Simões Página 31 DRE - DEMONSTRAÇÃO DO RESULTADO DO EXERCÍCIO ANO 1 % ANO 2 % ANO 3 % (+) (-) (=) (-) (=) (-) (=) (-) (=) Receita Bruta Deduções Receita Líquida CMV Lucro Bruto Despesas Operacionais LAIR (Lucro antes do I.R.) I.R. LL (Lucro Líquido) 100 100 100 100 100 100 100 100 100 113 113 113 124 96 160 161 155 87 125 125 125 125 125 107 103 124 128 Em relação aos ativos, é possível perceber um grande crescimento do ano 1 para o ano 2 das contas clientes (evoluiu para 150%) e estoques (evoluiu para 206% do valor do ano 1). Porém, ambas as contas se reduzem para 125% do valor originalmente apresentado no ano 1. É também notável a evolução dos investimentos, que aumentam para 133% no ano 2 e para 144% no ano 3. Já a análise horizontal dos passivos demonstra uma substancial evolução dos Empréstimos de Curto Prazo (eleva-se para 211%) e dos Fornecedores (evolui para 186%) do ano 1 para o ano 2. Porém, os empréstimos de longo prazo são reduzidos para 90%. Do ano 2 para o ano 3 percebe-se que os Empréstimos de Curto Prazo caem para 101% e a conta Fornecedores cai para 125%. Porém, são elevados para 150% do valor do ano 1 (ano-base). A análise da evolução patrimonial da DRE demonstra uma evolução das vendas brutas e líquidas para 113% no ano 2 (crescimento de 13%) e para 125% no ano 3 (crescimento de 25%). No ano 2 é possível perceber um crescimento mais que proporcional do CMV (evolui para 124%) e a conseqüente redução do lucro bruto para 96%. Este crescimento do CMV poderia ser explicado por piores compras, com custos mais altos, ou piores vendas, com descontos maiores e preços menores. No ano 2, é notável a evolução das despesas (160%), com crescimento (60%) muito maior que o crescimento (13%) das vendas. O lucro é reduzido para 87% (queda de 13% em relação ao ano-base). Porém, no ano 3, a evolução do CMV indica igualdade em relação às vendas (percentuais iguais a 125%) e o lucro líquido evoluiu para 128%. A análise sugere que a empresa “perdeu as rédeas” da sua operação no ano 2, voltando a bem controlá-la no ano 3. A análise vertical e análise horizontal fornecem insights (percepções) iniciais sobre a situação da empresa. Porém, essa análise pode ser ampliada com o uso dos indicadores que veremos mais a frente. Análise das Demonstrações Financeiras Professor: Robson Simões Página 32EXERCÍCIOS: 1) A principal finalidade da análise horizontal é: a. ( ) Determinar a evolução de elementos das Demonstrações Contábeis e caracterizar tendências. b. ( ) Determinar a relação de uma conta com o todo de que faz parte. c. ( ) Determinar quocientes de liquidez, endividamento, rotatividade e rentabilidade d. ( ) Determinar índices-padrão de crescimento de contas do balanço. e. ( ) N.D.A. 2) Preencha as linhas pontilhadas a seguir, fazendo uma análise vertical, considerando: a) Total do ativo igual a 100%. ATIVO Em $ Em % Circulante Disponível Duplicatas a Receber Estoque Aplicações Financeiras 800 1.200 1.500 1.500 __________ __________ __________ __________ Total 5.000 __________ Não Circulante Realizável a Longo Prazo Investimentos Imobilizado Intangível 2.000 2.200 800 1.000 __________ __________ __________ __________ Total 6.000 __________ Total do Ativo 11.000 100 Análise das Demonstrações Financeiras Professor: Robson Simões Página 33 b) Total das vendas líquidas igual a 100%. Demonstração do Resultado do Exercício Em $ Em % Receita Líquida de Vendas ( - ) CMV => Lucro Bruto ( - ) Despesas Operacionais => Lucro Operacional ( - ) Outras Despesas => Lucro Antes do Imposto de Renda ( - ) Provisão para o I.R. e CSLL => Lucro Líquido 10.000 (4.000) 6.000 (2.300) 3.700 1.000 2.700 (288) 2.412 100 __________ __________ __________ __________ __________ __________ __________ __________ 3) Quando buscamos encontrar a relação percentual de um elemento com o todo de que faz parte, estamos utilizando o método de análise de balanço denominado: a. ( ) Análise por meio de quocientes. b. ( ) Análise vertical. c. ( ) Análise horizontal. d. ( ) Índices padrão. e. ( ) N.D.A. 4) Observe a Demonstração abaixo e examine o relatório de Análise da Cia. Bom Preço. 20X1 % 20X2 % Vendas Líquidas 50.000 100 100.000 100 ( - ) CMV (15.000) (30) (40.000) (40) Lucro Bruto 35.000 70 60.000 60 ( - ) Despesas Operacionais De vendas (5.000) (10) (8.000) (8) Depreciação (4.000) (8) (6.000) (6) Despesas Financeiras (1.000) (2) (3.000) (3) Lucro Operacional 25.000 50 43.000 43 ( - ) Imposto de Renda e CSLL (2.000) (4) (13.000) (13) Lucro Líquido 23.000 46 30.000 30 Análise das Demonstrações Financeiras Professor: Robson Simões Página 34 No relatório seguinte, indique o que é Análise Horizontal e Análise Vertical. a) O lucro líquido caiu significativamente de 46% para 30% das vendas líquidas. R.: b) As despesas mais significativas do ano 20X2 são: 8% como Despesa de Vendas; 6% como Depreciação e 3% como Despesas Financeiras. R.: c) A maior queda foi no Lucro Bruto de 70% para 60%. R.: 5) Os ativos da Jabiraca Ltda. correspondem, exclusivamente, ao que a empresa possui em bancos, contas a receber e estoques. Entre o final do ano antepassado e o final do ano passado, a análise horizontal do balanço indicou que o total dos ativos cresceu 30%. Sabendo que o grupo contas a receber e estoques cresceu 20%, calcule o que se pede nas questões seguintes. I. Qual foi o crescimento anual dos valores mantidos na conta bancos? a) Menor que 10%. b) Menor que 20%. c) Entre 20 e 25%. d) Entre 25 e 30%. e) Maior que 30%. II. Na análise vertical do balanço feita no final do ano passado o que é possível perceber quando os números são comparados com a análise vertical do ano antepassado? a) O percentual do grupo contas a receber aumentou. b) O percentual dos estoques aumentou. c) O percentual do grupo contas a receber ficou estável. d) O percentual do contas a receber tornou-se igual ao do estoque. e) O percentual do estoque foi reduzido. Análise das Demonstrações Financeiras Professor: Robson Simões Página 35 4 ESTUDO DA SITUAÇÃO FINANCEIRA 4.1 INTRODUÇÃO Uma das mais desafiadoras tarefas da gestão financeira de qualquer empresa faz referência à gestão dos recursos líquidos capazes de assegurar todos os pagamentos futuros. Uma forma de analisar a solvência ou capacidade de uma empresa realizar os seus pagamentos planejados pode ser feita com o auxílio dos índices de liquidez, também chamados de índices de solvência, que buscam analisar a capacidade da empresa em cumprir seus compromissos acertados, como o pagamento de fornecedores; quitação de empréstimos e financiamentos bancários. O estudo da solvência consiste, basicamente, em analisar o relacionamento entre fontes diferentes de capital. Seus principais quocientes costumam ser apresentados por meio dos índices de liquidez corrente, liquidez seca, liquidez geral e liquidez imediata. 4.2 ÍNDICES DE LIQUIDEZ São utilizados para avaliar a capacidade de pagamento da empresa, isto é, constituem uma apreciação sobre se a empresa tem capacidade para saldar seus compromissos. Essa capacidade de pagamento pode ser avaliada, considerando: longo prazo, curto prazo ou prazo imediato. 4.2.1 ÍNDICE DE LIQUIDEZ CORRENTE Geralmente, a forma mais comum para se analisar a relação entre os ativos e os passivos de curto prazo pode envolver o cálculo simples do capital de giro (CDG), também conhecido como capital circulante líquido (CCL). Embora o CDG, na realidade, não seja um índice, já que apresenta um valor em unidades monetárias, $, ele é comumente usado na medição de liquidez de curto prazo da empresa. O CDG ou CCL pode ser calculado como: CDG ou CCL = Ativo Circulante – Passivo Circulante Outra forma comumente usada para analisar a relação entre ativos e passivos circulantes consiste no cálculo do índice de liquidez corrente (ILC). O ILC mostra a capacidade de pagamento da empresa a Curto Prazo, por meio da fórmula: ILC = Ativo Circulante Passivo Circulante Análise das Demonstrações Financeiras Professor: Robson Simões Página 36 É importante realçar alguns aspectos relativos à liquidez corrente: a) O índice não revela a qualidade dos itens no Ativo Circulante, ou seja, se os estoques estão superavaliados, se são obsoletos, se os títulos a receber são totalmente recebíveis etc. b) O índice não revela o tempo entre os recebimentos e os pagamentos, ou seja, o índice por si só não mostra se os recebimentos da empresa ocorrerão na mesma época dos seus pagamentos, podendo assim uma empresa apresentar um ILC de 2,5 (aparentemente muito bom) e ainda sim estar em crise. Exemplo: Imagine uma empresa com a seguinte composição em seus ativos e passivos de curto prazo. ATIVO 31/12/X4 31/12/X5 PASSIVO 31/12/X4 31/12/X5 Circulante Caixa Dupls.a Rec. Estoques 40.000 150.000 390.000 580.000 10.000 220.000 420.000 650.000 Circulante Fornecedores Salários a PG Impostos a PG Dividendos a PG 200.000 30.000 60.000 50.000 340.000 220.000 40.000 6.000 14.000 280.000 Para análise, vamos considerar: cálculo, interpretação e conceito. Cálculo: ILC = Ativo Circulante Passivo Circulante ILC 20X4 = 580.000 = 1,70 340.000 ILC 20X5 = 650.000 = 2,32 280.000 Interpretação: 20x4 => ILC de 1,70 => para cada $ 1,00 de dívida, há 1,70 de dinheiro e valores que se transformarão em dinheiro (AC). Análise das Demonstrações Financeiras Professor: Robson Simões Página 37 20x5 => ILC de 2,32 => para cada $ 1,00 de dívida, há 2,32 de dinheiro e valores que se transformarão em dinheiro (AC). Conceito: Isoladamente, os índices de liquidez corrente superiores a 1,0, de maneira geral, são positivos. Conceituar o índice, todavia, sem outros parâmetros, é uma atitude bastante arriscada, por isso desaconselhável. Por exemplo: um ILC de 0,86 é deficiente para uma indústria, mas não o será para uma empresa de transporte coletivo. Uma empresa deônibus (transportes) não apresenta itens como Duplicatas a Receber (pois não vende a prazo) e Estoques (pois não opera com mercadorias). Assim, seu Ativo Circulante está enxugado de dois itens que normalmente engordam esse grupo na indústria e no comércio. 4.2.2 ÍNDICE DE LIQUIDEZ SECA Se a empresa sofresse uma total paralisação de suas vendas, ou se seu Estoque se tornasse obsoleto, quais seriam as chances de pagar suas dívidas com Disponível e Duplicatas a Receber? O índice de liquidez seca exclui o Estoque em sua fórmula. Fórmula: ILS = Ativo Circulante - Estoque Passivo Circulante Exemplo: Vamos utilizar os mesmos dados utilizados na composição dos ativos e passivos do cálculo do índice de liquidez corrente acima. Cálculo: ILS = Ativo Circulante - Estoque Passivo Circulante ILS 20X4 = 580.000 – 390.000 = 0,56 340.000 ILS 20X5 = 650.000 – 420.000 = 0,82 280.000 Análise das Demonstrações Financeiras Professor: Robson Simões Página 38 Interpretação: 20x4 => ILS de 0,56 => para cada $ 1,00 de dívida de PC, a empresa dispõe de $ 0,56 de Ativo Circulante, sem os Estoques. 20x5 => ILC de 0,82 => para cada $ 1,00 de dívida de PC, a empresa dispõe de $ 0,56 de Disponível + Duplicatas a Receber. Conceito: Nem sempre um Índice de Liquidez Seca baixo é sintoma de situação financeira apertada. Veja, por exemplo, um supermercado, cujo investimento em Estoques é elevadíssimo, em que não há Duplicatas a Receber (pois só vende a vista). Nesse caso, esse índice só pode ser baixo. Devemos insistir na comparação com índices do mesmo ramo de atividade (índice-padrão), para conceituar qualquer índice. A fim de determinarmos se um índice de liquidez seca de um supermercado é bom, precisamos comparar seu índice com o índice dos demais supermercados. NOTA: O banqueiro gosta muito desse índice, porque se eliminam os estoques. O Estoque é o item mais manipulável no balanço. O Estoque pode tornar-se obsoleto (antiquado) a qualquer momento. Ele ainda é, as vezes, um item perecível. 4.2.3 ÍNDICE DE LIQUIDEZ GERAL O Índice de Liquidez Geral (ILG) possui o propósito de estudar a saúde financeira da empresa no longo prazo. Basicamente, compara todas as possibilidades de realizações de ativos da empresa (a Curto e Longo Prazo), sem incluir aqueles essencialmente necessários para a manutenção da entidade (Investimentos, Imobilizados e Intangíveis), com todas as obrigações de fato existentes da empresa. Porém, há certos investimentos classificados nos ativos não-circulantes que, em caso de extrema necessidade financeira da empresa poderiam ser realizadas para atender estas necessidades. Nesta situação, estes investimentos liquidáveis deveriam fazer parte do numerador do ILG. Fórmula: ILG = Ativo Circulante + Realizável a Longo Prazo Passivo Circulante + Passivo Não-Circulante Podemos entender o ILG como “quanto reais temos a receber para cada um real que temos a pagar”. Em uma análise de evolução temporal da empresa, Análise das Demonstrações Financeiras Professor: Robson Simões Página 39 quanto mais reduzido o índice se tornar, maior a preocupação com as dívidas e as perspectivas de solvência do negócio. Exemplo: Imagine uma empresa com a seguinte composição em seus ativos e passivos de curto e longo prazo. ATIVO 31/12/X4 31/12/X5 PASSIVO 31/12/X4 31/12/X5 Circulante Caixa Dupls.a Rec. Estoques 40.000 150.000 390.000 580.000 10.000 220.000 420.000 650.000 Circulante Fornecedores Salários a PG Impostos a PG Dividendos a PG 200.000 30.000 60.000 50.000 340.000 220.000 40.000 6.000 14.000 280.000 Não-Circulante Real. a LP Investimentos Imobilizado Intangível 50.000 60.000 70.000 30.000 210.000 40.000 50.000 60.000 30.000 180.000 Não-Circulante Financiamentos Patrim. Líquido Capital Social Res. De Lucros 100.000 300.000 50.000 350.000 150.000 340.000 60.000 400.000 Total 790.000 830.000 790.000 830.000 Cálculo: ILG = Ativo Circulante + Realizável a Longo Prazo Passivo Circulante + Passivo Não-Circulante ILG 20X4 = 580.000 + 50.000 = 1,43 340.000 + 100.000 ILG 20X5 = 650.000 + 40.000 = 1,60 280.000 + 150.000 Interpretação: 20x4 => ILG de 1,43 => para cada $ 1,00 de dívida de Curto e Longo prazo, há $ 1,43 de valores a receber a Curto e Longo Prazo. Análise das Demonstrações Financeiras Professor: Robson Simões Página 40 20x5 => ILG de 1,60 => para cada $ 1,00 de capital de terceiros, há $ 1,60 de Ativo Circulante e Realizável a Longo Prazo. Conceito: As divergências em datas de recebimento e de pagamento tendem a acentuar-se quando analisamos períodos longos, ou seja, o recebimento do Ativo pode divergir consideravelmente do pagamento do Passivo; isso, sem dúvida, empobrece o indicador. Todavia, se apreciarmos uma série de vários anos, a análise será enriquecida. Se uma empresa apresentar numa série de anos o índice de LG decrescente, mesmo considerando essas divergências, o indicador se tornará útil, pois podemos compreender a perda paulatina do poder de pagamento geral da empresa. Como os demais, a LG não deve ser vista isoladamente. Pode ser que, num ano em que a empresa adquira um vultuoso financiamento, investindo-o totalmente em seu Ativo Imobilizado, reduza sensivelmente sua LG, o que aumentará consideravelmente o Exigível a Longo Prazo (Passivo Não-Circulante), mas não aumentará o AC e o RLP. Com o tempo, porém, seu Imobilizado deverá gerar Receita (e conseqüentemente Lucro), aumentando o AC e melhorando a capacidade de pagamento a Curto e a Longo Prazo. LEMBRETES: a) Em análise, não devemos considerar qualquer índice isoladamente (devemos associar os índices entre si); b) Devemos apreciar o indicador em uma série de anos, pelo menos três; c) Devemos comparar os índices encontrados com índices-padrão, ou seja, índices das empresas concorrentes (mesmo ramo de atividade). 4.2.4 ÍNDICE DE LIQUIDEZ IMEDITA O Índice de Liquidez Imediata (ILI) representa o valor que a empresa dispõe imediatamente para saldar suas dívidas de curto prazo. As disponibilidades representam os recursos que já estão convertidos em dinheiro como caixa e bancos ou que poderiam ser convertidos em dinheiro com grande liquidez, como as aplicações de liquidez imediata. O ILI é um índice bastante conservador, onde o numerador representa os fundos imediatamente disponíveis e o denominador equivale às obrigações com vencimento de 30, 60, 90 ... até 360 dias. Análise das Demonstrações Financeiras Professor: Robson Simões Página 41 ILI = Disponibilidades (Caixa + Bancos + Aplicações de Curtíssimo Prazo) Passivo Circulante Exemplo: Vamos usar o mesmo balanço que temos usado e que se trata do balanço acima utilizado para o cálculo do ILG. Cálculo: ILI = Disponibilidades (Caixa + Bancos + Aplicações de Curtíssimo Prazo) Passivo Circulante ILI 20X4 = 40.000 = 0,12 340.000 ILI 20X5 = 10.000 = 0,04 280.000 Interpretação: 20x4 => ILI de 0,12 => para cada $ 1,00 de dívida de Curto prazo, há $ 0,12 de disponibilidades. 20x5 => ILI de 0,04 => para cada $ 1,00 de dívida de Curto prazo, há $ 0,04 de valores em caixa e/ou bancos e/ou aplicações de curtíssimo prazo. Conceito: Para efeito de análise, é um índice sem muito realce, pois relacionamos dinheiro disponível com valores, que vencerão em datas das mais variadas possíveis, embora a Curto Prazo. Assim, temos contas que vencerão daqui a 360 dias, e que não se relacionam com a disponibilidade imediata. Sem dúvidas a empresa deverá manter certos limites de segurança, não desejando o analista obter índices altos, pois oCaixa e Bancos perdem o poder aquisitivo com a inflação. Nem sempre reduções sucessivas nesse índice significam situações constrangedoras; podem significar uma política mais rígida de disponível e, até mesmo, uma redução do limite de segurança. Sucessivas reduções na Liquidez Imediata, com constantes e crescentes atrasos no pagamento a fornecedores (detectados mediante informações comerciais obtidas na praça), já são um indicador relevante de dificuldades financeiras. Análise das Demonstrações Financeiras Professor: Robson Simões Página 42 EXERCÍCIOS: 1) Estudos mostram que o índice de Liquidez Corrente é o que menos indica se uma empresa caminha rumo à falência. Por que a Liquidez Corrente não pode ser considerada um bom indicador? R. : 2) O gerente do Banco Precavido S.A. suspende um empréstimo que seria concedido ao Supermercado Progresso Ltda. porque o seu índice de Liquidez Seca é 0,30 enquanto que outras empresas de diversos ramos de atividade tem índice superior a 1,00. A atitude do gerente está correta? Por que? R.: 3) Uma empresa tem Ativo Circulante de $ 1.800.000 e Passivo Circulante de $ 700.000. Se fizer uma aquisição extra de mercadorias, a prazo, na importância de $ 400.000, seu índice de Liquidez Corrente será de: a. ( ) 3,1. b. ( ) 1,6. c. ( ) 4,6. d. ( ) 2,0. e. ( ) N.D.A. 4) A Bordadura Artigos Finos Ltda. apresenta uma evolução crescente do seu Índice de Liquidez Corrente e uma evolução decrescente do seu índice de Liquidez Seca. Assinale a alternativa que seria a melhor explicação para este fato. a. ( ) Redução das Vendas. b. ( ) Aumento das Vendas. c. ( ) Elevação dos estoques. d. ( ) Redução da conta fornecedores. e. ( ) Manutenção das vendas estáveis. Análise das Demonstrações Financeiras Professor: Robson Simões Página 43 5) Todos os ativos de uma empresa cresceram. Porém, o seu ILC aumentou e o seu ILS diminuiu. O que é INCORRETO afirmar? a. ( ) O crescimento do AC foi maior do que o do PC. b. ( ) Os estoques cresceram menos que os demais AC. c. ( ) Os indicadores de liquidez costumam ser associados à solvência da empresa. d. ( ) Estoques e AC cresceram de forma diferente. e. ( ) PC e AC cresceram de forma diferente. 6) Minha empresa acabou de vender a vista uma parcela substancial dos seus estoques. O preço de venda foi igual ao custo unitário de aquisição. O que é correto afirmar? a. ( ) O AC aumentou. b. ( ) O AC diminuiu. c. ( ) O ILC foi reduzido. d. ( ) O ILS aumentou. e. ( ) O CDG aumentou. 7) Os últimos balanços da Tagarela S.A. indicam ILI aumentando e ILC estável. O que pode explicar esta situação? a. ( ) Venda a prazo de estoques sem lucro. b. ( ) Venda lucrativa e a vista de estoques. c. ( ) Venda a vista de estoques sem lucros. d. ( ) Venda de estoques a prazo com prejuízo. e. ( ) Venda de estoques a vista com prejuízo. 8) Uma empresa possui os mesmos valores em todos os anos de ILC e ILS. O que pode explicar este fato? a. ( ) Estoques altos. b. ( ) Ativos maiores que passivos. c. ( ) Estoques baixos. d. ( ) Grandes lucros. e. ( ) Estoques inexistentes. Análise das Demonstrações Financeiras Professor: Robson Simões Página 44 4.3 ÍNDICES DE ESTRUTURA DO CAPITAL Este grupo de índices evidencia a situação financeira da entidade, isto é, procura apontar os grandes caminhos das decisões financeiras em termos de obtenção e aplicação de recursos e também como se encontra o nível de endividamento. Um aspecto importante a se destacar é que o sucesso de muitas empresas depende do sucesso da administração financeira das mesmas, especialmente de um bom gerenciamento, a fim de se obter um equilíbrio, na estrutura de capitais, entre os recursos de terceiros e os recursos próprios. 4.3.1 IMOBILIZAÇÃO DO PATRIMÔNIO LÍQUIDO Este índice, também conhecido como IMOBILIZAÇÃO DO CAPITAL PRÓPRIO, mostra quanto do Patrimônio Líquido foi investido no Ativo Imobilizado. Indica quantos reais a empresa imobilizou para cada $ 1,00 de Patrimônio Líquido. Fórmula: IPL = Imobilizado Patrimônio Líquido (PL) Exemplo: Imagine uma empresa com a seguinte composição: Ativo Imobilizado => $ 4.458,00 Patrimônio Líquido => $ 9.500,00 IPL = 4.458,00 = 0,47 ou 47% 9.500,00 Interpretação: Para cada $ 1,00 do P.L., $ 0,47 foi aplicado no imobilizado. Quanto menor, melhor. É interessante a empresa manter um patrimônio líquido suficiente para cobrir o imobilizado e que haja sobra para financiar o seu ativo circulante. 4.3.2 IMOBILIZAÇÃO DOS RECURSOS DE LONGO PRAZO E DO PL Esse Índice demonstra qual o percentual de recursos Não-Correntes (Passivo Não-Circulante + Patrimônio Líquido) que foram destinados à aplicação no Ativo Imobilizado. Análise das Demonstrações Financeiras Professor: Robson Simões Página 45 A Imobilização de Recursos Permanentes também é conhecida como Imobilização de Recursos Não-Correntes. Indica quantos reais a empresa aplicou no Imobilizado para cada $ 1,00 de Passivo Não-Circulante e de P.L. Fórmula: IRP = Imobilizado PNC + PL Exemplo: Imagine uma empresa com a seguinte composição: Ativo Imobilizado => $ 4.458,00 Passivo Não-Circulante => $ 2.560,00 Patrimônio Líquido => $ 9.500,00 IRP = 4.458,00 = 0,36 ou 36% 2.560,00 + 9.500,00 Interpretação: Para cada $ 1,00 do PNC e do P.L., $ 0,36 foi aplicado no imobilizado. Quanto menor, melhor. 4.3.3 PARTICIPAÇÃO DE CAPITAL DE TERCEIROS SOBRE RECURSOS PRÓPRIOS Neste quociente encontram-se relacionados os dois grandes blocos componentes das fontes de recursos que a empresa possui: Capital de Terceiros e Capital Próprio. Da sua análise é possível se detectar quanto a empresa tomou de capitais de terceiros para cada $ 1,00 de capital próprio investido. Fórmula: PCT = Capital de Terceiros (PC + PNC) Capital Próprio (PL) Exemplo: Imagine uma empresa com a seguinte composição: Passivo Circulante => $ 7.800,00 Passivo Não-Circulante => $ 3.500,00 Patrimônio Líquido => $ 9.500,00 Análise das Demonstrações Financeiras Professor: Robson Simões Página 46 PCT = 7.800,00 + 3.500,00 = 1,1894 ou 118,94% 9.500,00 Interpretação: Para cada $ 1,00 de Capital Próprio, a empresa possui $ 1,18 de Capital de Terceiros. Quanto menor, melhor. 4.3.4 COMPOSIÇÃO DE ENDIVIDAMENTO Indica quanto da dívida total da empresa deverá ser pago em curto prazo, isto é, as obrigações a curto prazo comparadas com as obrigações totais. Fórmula: CE = Passivo Circulante Passivo Circulante + PNC Exemplo: Imagine uma empresa com a seguinte composição: Passivo Circulante => $ 7.800,00 Passivo Não-Circulante => $ 3.500,00 PCT = 7.800,00 = 0,6902 ou 69,02% 7.800,00 + 3.500,00 Interpretação: Para cada $ 1,00 de dívida da empresa, $ 0,69 vence a curto prazo, ou seja, num período inferior a um ano. A interpretação do índice de CE é no sentido de que “quanto maior, pior”, mantidos constantes os demais fatores. A razão é que quanto mais dívidas para pagar a curto prazo, maior será a pressão para a empresa gerar recursos para honrar seus compromissos. Análise das Demonstrações Financeiras Professor: Robson Simões Página 47 4.4 ÍNDICES DE ATIVIDADE 4.4.1 PRAZO MÉDIO DE RECEBIMENTO DE VENDAS O prazo médio de recebimento de vendas é o período compreendido entre o momento em que foram efetuadas as vendas e o momento do pagamento dessas vendas. Indica quanto tempo em média a empresa leva para receber as suas vendas. Neste caso devemos estar atentos para a quantidade de vendas a prazo e os prazos concedidos. Quanto maior os prazos concedidos, e maior a quantidade de vendas a prazo, pior para a empresa, pois o seu prazo de recebimento será bastante dilatado, comprometendo dessa forma o seucapital de giro. A fórmula utilizada para o cálculo do prazo médio de recebimento é a seguinte: Fórmula: PMRV = Duplicatas a Receber x 360 Vendas Brutas Exemplo: Imagine uma empresa com a seguinte composição: Duplicatas a Receber => $ 220.000,00 Vendas Brutas => $ 800.000,00 PMRV = 220.000 x 360 = 99 dias 800.000 Interpretação: A empresa espera, em média, 99 dias para receber suas vendas. De modo geral, quanto menor, melhor. 4.4.2 PRAZO MÉDIO DE PAGAMENTO DE COMPRAS O prazo médio de pagamento é o período compreendido entre o momento em que foram efetuadas as compras e o momento de seu pagamento. Para esse cálculo utilizaremos a seguinte fórmula: Fórmula: PMPC = Duplicatas a Pagar x 360 Compras Exemplo: Imagine uma empresa com a seguinte composição: CMV-Custo da Mercadoria Vendida => $ 650.000,00 Estoque Inicial de Mercadorias => $ 390.000,00 Análise das Demonstrações Financeiras Professor: Robson Simões Página 48 Estoque Final de Mercadorias => $ 420.000,00 Fornecedores => $ 220.000,00 CMV = Ei + Co – Ef 650.000 = 390.000 + Co – 420.000 Co = 650.000 – 390.000 + 420.000 = 680.000 PMPC = 220.000 x 360 = 116 dias 680.000 Interpretação: A empresa demora, em média, 116 dias para pagar suas compras. De modo geral, quanto maior, melhor. 4.4.3 PRAZO MÉDIO DE RENOVAÇÃO DE ESTOQUES Mostra o prazo médio que mercadorias e/ou produtos ficam parados no estoque ao longo do ano, considerando o período desde a entrada da mercadoria e/ou produto até a saída da mercadoria ou produto acabado. Fórmula: PMRE = Estoques (final) x 360 CMV Exemplo: Imagine uma empresa com a seguinte composição: CMV-Custo da Mercadoria Vendida => $ 650.000,00 Estoque Inicial de Mercadorias => $ 390.000,00 Estoque Final de Mercadorias => $ 420.000,00 PMRE = 420.000 x 360 = 232 dias 650.000 Interpretação: Em média, a cada 232 dias a empresa renova o seu estoque. De modo geral, quanto menor, melhor. 4.4.4 CICLO FINANCEIRO Ciclo financeiro, também chamado de ciclo de caixa, é o tempo decorrido do momento em que a empresa efetua o pagamento das compras de mercadorias aos Análise das Demonstrações Financeiras Professor: Robson Simões Página 49 seus fornecedores até o momento em que ela recebe o valor das vendas efetuadas aos seus clientes. Fórmula: CF = PMRV + PMRE - PMPC Exemplo: Imagine uma empresa com a seguinte composição: (valores dos exemplos acima) PMRV => 99 dias PMPC => 116 dias PMRE => 232 dias CF = 99 + 232 - 116 = 215 dias Interpretação: A empresa leva em média 215 dias entre o pagamento das compras até o recebimento das vendas de mercadorias. De modo geral, quanto menor, melhor. 4.4.5 CICLO OPERACIONAL O ciclo operacional (CO) é mais amplo, englobando desde a data das compras até o recebimento de clientes, sem descontar o PMPC. Ele é representado pela soma PMRE + PMRV: Fórmula: CO = PMRV + PMRE Exemplo: Imagine uma empresa com a seguinte composição: (valores dos exemplos acima) PMRV => 99 dias PMRE => 232 dias CO = 99 + 232 = 331 dias Interpretação: A empresa leva em média 331 dias entre as compras até o recebimento das vendas de mercadorias. De modo geral, quanto menor, melhor. Análise das Demonstrações Financeiras Professor: Robson Simões Página 50 4.4.6 QUOCIENTE DE POSICIONAMENTO RELATIVO A relação entre os prazos médios de pagamento e recebimento de uma empresa é de fundamental importância para o bom desenvolvimento da atividade empresarial. A melhor forma de analisar a relação entre esses índices é através do Posicionamento Relativo. O posicionamento relativo confronta os Prazos de Pagamento e Recebimento, demonstrando se a empresa recebe suas vendas antes ou depois de ter que pagar pelas mercadorias e/ou matérias-primas. Este indicador se apresenta favorável quando o quociente entre os Prazos Médios de Pagamento e Recebimento for menor que 1. Fórmula: IPR = PMRV Prazo Médio de Recebimento de Vendas PMPC Prazo Médio de Pagamento de Compras Exemplo: Imagine uma empresa com a seguinte composição: (valores dos exemplos acima) PMRV => 99 dias PMPC => 116 dias PMRV = 99 = 0,85 116 Interpretação: Quanto menor, melhor. Isso implica em uma menor necessidade de capital de giro para a empresa. Se ele for menor que 1, isso demonstra que a empresa recebe de seus clientes em um prazo menor do que paga aos seus fornecedores. Análise das Demonstrações Financeiras Professor: Robson Simões Página 51 EXERCÍCIOS: 1) Uma empresa possui valor médio de Duplicatas a Receber de R$ 4.300.000,00. Sabendo-se que as Vendas Brutas foram na ordem de R$ 24.967.741,94, qual o prazo médio de recebimento das vendas? (a) 60 dias. (b) 61 dias. (c) 62 dias. (d) 63 dias. (e) 64 dias. 2) A Cia. Analistas apresentou os seguintes dados durante o exercício de 2010. Estoque inicial de mercadorias no valor de R$ 300.000,00 e Estoque final de mercadorias no valor de R$ 100.000,00. O CMV (Custo das Mercadorias Vendidas) foi de R$ 700.000,00. Sabendo-se que o saldo médio da conta Fornecedores durante o exercício foi de R$ 159.722,22, qual o prazo médio de pagamento de compras? (a) 192 dias. (b) 575 dias. (c) 82 dias. (d) 115 dias. (e) N.R.A. 3) Usando os dados da questão acima, qual o prazo médio de renovação de estoques, ou seja, o prazo médio que a empresa leva para vender o seu estoque. (a) 72 dias. (b) 154 dias. (c) 257 dias. (d) 504 dias. (e) 51 dias. 4) Uma empresa com PMRE igual a 20 dias e PMRV igual a 45 dias terá um ciclo operacional igual a: (a) 25 dias. (b) 65 dias (c) 35 dias. (d) Impossível calcular. (e) N.R.A. Análise das Demonstrações Financeiras Professor: Robson Simões Página 52 5) A Cia. Modelo possui ciclo operacional igual a 88 dias e PMPC igual a 90 dias. Nesse caso temos que: (a) O ciclo financeiro dessa empresa será de 178 dias. (b) A empresa terá que se financiar em 2 dias. (c) A Cia. tem uma folga financeira de 2 dias. (d) N.R.A. 6) Sabendo-se que o estoque médio mensal estimado para 2011 da empresa Sapopemba S.A. é de R$ 9.836.400 e que a empresa demora, em média, 90 dias para vender seus estoques e 60 dias para recebê-los (vendas a prazo), que o custo da mercadoria vendida representa 60% das vendas, qual será o valor médio de Duplicatas a Receber para 2011? (a) R$ 15.329.500. (b) R$ 12.560.400. (c) R$ 10.929.300. (d) É impossível calcular por falta de dados. Gabarito: 1 - C 2 - D 3 - E 4 - B 5 - B 6 - C Análise das Demonstrações Financeiras Professor: Robson Simões Página 53 5 ESTUDO DA SITUAÇÃO ECONÔMICA 5.1 INTRODUÇÃO Uma importante etapa da análise das demonstrações contábeis diz respeito à compreensão do quanto estamos ganhando. É preciso compreender o lucro, analisando de diferentes formas como o lucro bruto, o lucro operacional ou o lucro líquido. Quando lucros são calculados de forma relativa à receita líquida contida na DRE, podemos apresentar os índices de lucratividade, também denominados margens, e que buscam analisar os resultados auferidos pela empresa, geralmente comparados em relação às vendas. 5.2 ÍNDICES DE LUCRATIVIDADE 5.2.1 IMB – ÍNDICE DE MARGEM BRUTA Este quociente revela o percentual remanescente da receita líquida, após a dedução do custo das mercadorias vendidas. Assim sendo, quanto maior se apresentar este índice, melhor para a empresa. A margem bruta é determinada pela fórmula: Fórmula: IMB = Lucro Bruto Vendas Líquidas Exemplo: Imagine uma empresa com a seguinte composição: Receita Bruta de Vendas => $ 335.300,00 Receita Líquida de Vendas => $ 244.800,00 Lucro Bruto => $ 100.800,00 IMB
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