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“Atuando na Materialização da Proteção Social Básica” São Luís- MA, 2018 EQUIPE TÉCNICA RESPONSÁVEL PELA SISTEMATIZAÇÃO DO MATERIAL: Instrutoras (Assistentes Sociais): Márcia Barbalho Teixeira Rêgo Kelem Regina Lima da Silva Rosângela da.S de Lima Silvana Silva REVISÃO FINAL: Arlete de Brito Abreu Superintendente da Gestão do SUAS NOTA TÉCNICA DE ESCLARECIMENTO Esta apostila reúne conteúdo sobre o SCFV, prestando-se a subsidiar os participantes da capacitação realizada com enfoque no Serviço de Convivência e Fortalecimento de Vínculos-SCFV, sendo o conteúdo uma sistematização/adaptação das fontes teóricas utilizadas no percurso formativo da capacitação. Tendo a equipe técnica, responsável por ministrar a capacitação, realizado um trabalho pedagógico de planejamento do curso, sistematizando o conteúdo em uma sequência coerente, com a finalidade de alcançar o objetivo pretendido pelo curso ministrado. Assim sendo, justificamos a utilização do conteúdo presente nesta apostila, prezando pelo reconhecimento e veracidade dos direitos autorais do conteúdo, onde serão citadas as fontes “Referência” ao final da explanação. SCFV IDENTIFICAÇÃO DA CAPACITAÇÃO Órgão Responsável: Secretaria Estadual de Desenvolvimento Social – SEDES/MA Nome: Capacitação sobre o Serviço de Convivência e Fortalecimento de Vínculos - SCFV Carga Horária: 40 horas Público-alvo: Orientadores sociais, coordenadores e técnicos de referência do SCFV Ementa: Política de Assistência Social e as seguranças afiançadas; Serviço de Convivência e Fortalecimento de Vínculo; Convivência Familiar e Comunitária; Metodologia e Planejamento das ações socioeducativas. Temas transversais e o SCFV. Objetivos do Curso: Contribuir para fortalecer e aprimorar o trabalho dos profissionais que atam diretamente na gestão, planejamento e execução do SCFV, a partir da compreensão da concepção de convivência familiar e comunitária e das ações de proteção social que viabilizam um conjunto de bens sociais, serviços e benefícios não materiais que se situam no conjunto dos serviços socioeducativos que se constituem no caráter principal do SCFV. • Fornecer aos participantes conhecimentos teórico-metodológicos e práticos para a execução do SCFV nos municípios. • Aprimorar o processo de planejamento do SCFV com base nos eixos estruturantes do serviço: CONVIVÊNCIA SOCIAL; DIREITO DE SER; PARTICIPAÇÃO; • Promover a integração e a troca de experiências entre os participantes. Metodologia: Exposição teórica com uso de slides, seguida de debate, dinâmicas de grupo e oficinas de trabalho. SUMÁRIO 1 - A POLÍTICA DE ASSISTÊNCIA SOCIAL E AS SEGURANÇAS AFIANÇADAS: SEGURANÇA DE CONVÍVIO NA PROTEÇÃO SOCIAL 2 - CONVIVÊNCIA E FORTALECIMENTO DE VÍNCULOS: O QUE É O SCFV? 3 - METODOLOGIA E PLANEJAMENTO DO SCFV COM BASE EM PERCURSOS E NOS EIXOS NORTEADORES REFERÊNCIAS ANEXOS APRESENTAÇÃO Partindo da perspectiva político-pedagógica apoiada nos princípios e diretrizes da Política de Educação Permanente dos Trabalhadores do Sistema Único da Assistência Social-SUAS, que visa o aprimoramento da gestão, a qualificação dos serviços, programas, projetos e benefícios socioassistenciais. E considerando a importância precípua do trabalho social preventivo, implementado através da Proteção Social Básica-PSB, sobretudo, da execução dos serviços, é que foi elaborada a proposta de capacitação sobre o Serviço de Convivência e Fortalecimento de Vínculos – SCFV, de forma que este seja melhor compreendido na sua inteireza dos conceitos, e de como na prática as ações e o percurso metodológico desse serviço devem ser executados, de modo a colaborar com a materialização da Proteção Social Básica-PSB. 1 A POLÍTICA DE ASSISTÊNCIA SOCIAL E AS SEGURANÇAS AFIANÇADAS: SEGURANÇA DE CONVÍVIO NA PROTEÇÃO SOCIAL 1. A POLÍTICA DE ASSISTÊNCIA SOCIAL E AS SEGURANÇAS AFIANÇADAS: SEGURANÇA DE CONVÍVIO NA PROTEÇÃO SOCIAL 1.1. A POLÍTICA DE ASSISTÊNCIA SOCIAL Principais Marcos Normativos e Regulatórios da Assistência Social: 1. Constituição Federal – 1988 nos art. 203 e 204 2. LOAS – 1993 3. PNAS – 2004 4. NOB/SUAS – 2005 5. Tipificação Nacional de Serviços Socioassistenciais – através da resolução 109/ 2009 6. Protocolo de Gestão Integrada entre Serviços e Benefícios no SUAS– 2009 7. Lei Nº 12.435, de 06 de julho de 2011 (Altera a LOAS e dispõe sobre a organização da Assistência Social). A Política Nacional de Assistência Social – PNAS foi aprovada em 22 de setembro de 2004, pelo Conselho Nacional de Assistência Social. Busca incorporar as demandas presentes na sociedade brasileira no que tange à responsabilidade política, objetivando tornar claras suas diretrizes na efetivação da assistência social como direito de cidadania e responsabilidade do Estado. Trata-se de uma política pública não contributiva, que visa garantir o atendimento das necessidades básicas dos segmentos populacionais que vivenciam situação de risco, pobreza e/ou vulnerabilidade social. É, portanto, direito do cidadão e dever do estado, assim como a educação, a saúde, o trabalho. Artigo 1º da Lei Orgânica de Assistência Social - LOAS É uma política realizada através de um conjunto integrado de ações de iniciativa pública e da sociedade, para garantir o atendimento às necessidades básicas NOB/SUAS – 2005 /2012 Publicado em 15/07/05, a Norma Operacional Básica do Sistema Único de Assistência Social – NOB/SUAS, regulamente o disposto da PNAS e define os parâmetros para a regulamentação do Sistema Único de Assistência Social - SUAS. O SUAS Representou: Um novo modelo de gestão: Supõe um pacto federativo, com definição de competências dos entes das esferas de governo; Nova lógica de organização das ações: por níveis de complexidade, por território, considerando regiões e portes de municípios; Forma de operacionalização da LOAS, que viabiliza o sistema descentralizado e participativo e a regulação, em todo o território nacional. Sistema articulador e provedor de ações em diferentes níveis de complexidade: Proteção Social Básica e Proteção Social Especial; A Resolução Nº 109, de 1 de novembro de 2009 aprova a Tipificação Nacional de Serviços Socioassistenciais. Art. 1º. Aprovar a Tipificação Nacional de Serviços Socioassistenciais, conforme anexos, organizados por níveis de complexidade do SUAS: Proteção Social Básica e Proteção Social Especial de Média e Alta Complexidade, de acordo com a disposição abaixo: SU A S PROTEÇÃO SOCIAL BÁSICA PROTEÇÃO SOCIAL ESPECIAL MÉDIA COMPLEXIDADE ALTA COMPLEXIDADE RISCO VULNERABILIDADE Proteção Social Básica A Proteção Social Básica que tem como objetivo prevenir situações de RISCO por meio do desenvolvimento de potencialidades e aquisições, e o fortalecimento de vínculos familiares e comunitários. Destina-se à população que vive em situação de VULNERABILIDADE SOCIAL decorrente da pobreza, privação (ausência de renda, precário ou nulo acesso aos serviços públicos, dentre outros) e, ou fragilização de vínculos afetivos – relacionais e de pertencimento no TERRITÓRIO. Proteção Social Especial É a modalidade de atendimento assistencial destinado à famílias e indivíduos que se encontram em situação de risco pessoal e social, por ocorrência de abandono, maus tratos, abuso sexual, uso de substâncias psicoativas, cumprimento de medidas socioeducativas, situação de rua e situação de trabalho infantil. CONCEITOS DISTINTOS, MAS INTRISECAMENTE RELACIONADOSFATORES DE RISCO EX: • Violência intrafamiliar; • Negligência; • Maus tratos; • Violência, abuso ou exploração sexual; • Trabalho infantil; • Discriminação por gênero, etnia ou qualquer outra condição ou identidade; • Fragilização ou rompimento de vínculos familiares ou comunitários; • Vivência em situação de rua; • Afastamento de crianças e adolescentes do convívio familiar em decorrência de medidas protetivas; • Atos infracionais de adolescentes com consequente aplicação de medidas socioeducativas; • Privação do convívio familiar ou comunitário de idosos, crianças ou pessoas com deficiência em instituições de acolhimento; • qualquer outra privação do convívio comunitário vivenciada por pessoas dependentes (crianças, idosos, pessoas com deficiência), ainda que residindo com a própria família. RISCO RISCO Probabilidade ou a eminência de um evento acontecer e, consequentemente, está articulado com a disposição ou capacidade de antecipar- se para preveni-lo, ou de organizar-se para minorar seus efeitos VULNERABILIDADE Segundo a PNAS (2004), a vulnerabilidade se constitui em situações ou ainda em identidades (características) que podem levar a exclusão social dos sujeitos. TERRITÓRIO Enquanto espaço vívido, incorporando as relações sociais, no qual se materializam desigualdades, relações de poder, riscos, vulnerabilidades e potencialidades. A VULNERABILIDADE PODE OCORRER EM DIFERENTES SENTIDOS EX: QUANTO AO TERRITÓRIO?.. • Insuficiência de Renda • Relações familiares fragilizadas • Presença de tráfico no território • Presença de pessoa incapaz de desenvolver atividades de autocuidado. RESPONDA: Quais os fatores de vulnerabilidade cujo enfrentamento e superação requerem, fundamentalmente, ações específicas da Política de Assistência Social? ATIVIDADE EXEMPLIFICADA A compreensão do conteúdo até aqui apresentado... Analise as duas famílias a seguir, e identifique a Vulnerabilidade e Risco Social presente em cada uma: QUESTÕES NORTEADORAS: O CARÁTER DAS AÇÕES DA PROTEÇÃO SOCIAL BÁSICA PROTETITIVA •Centra esforços em intervenções que visam amparar, apoiar, auxiliar, resguardar, defender o acesso das famílias e seus membros aos direitos. PROATIVA •Compreende a tomada de iniciativa e promoção de ações antecipadas ou imediatas frente a situações de vulnerabilidades e risco. PREVENTIVA •Ação antecipada baseada no conhecimento do território, dos fenômenos e de suas características específicas culturais, econômicas e sociais. No Sistema Único de Assistência Social – SUAS –, a Proteção Social Básica opera garantindo seguranças de convívio, acolhida e sobrevivência, ou seja, evitando, prevenindo riscos sociais, perigos e incertezas para grupos vulneráveis, tanto do ponto de vista material quanto do ponto de vista relacional. ➢ Dimensão relacional: apoia-se no direito ao convívio e é assegurada ao longo do ciclo de vida por meio de um conjunto de serviços locais que visam à convivência, à socialização e ao acolhimento em famílias cujos vínculos familiares e comunitários não foram rompidos (PNAS, 2004). ➢ Dimensão material: condições precárias de vida, privação de renda e privação de acesso aos serviços públicos. RESPONDA: QUEM SÃO OS GRUPOS CONSIDERADOS VULNERAVÉIS DEVIDO AO SEU CICLO DE VIDA? 1.2.SEGURANÇAS SOCIOASSISTENCIAIS/AFIANÇADAS A provisão das Seguranças Socioassistenciais pressupõem que as ofertas disponibilizadas pelo SUAS contribuam para o desenvolvimento das capacidades e autonomia dos usuários, o fortalecimento das relações no âmbito da família e da comunidade e a ampliação do acesso a direitos socioassistenciais e das redes de relacionamento no território onde vivem e convivem. Segurança de Convívio Diz respeito à efetivação do direito à convivência familiar e à proteção da família, com vistas ao enfrentamento de situações de isolamento social, enfraquecimento ou rompimento de vínculos familiares e comunitários, situações discriminatórias e estigmatizantes. O reconhecimento de situações de desproteção social cujo impacto é maior entre pessoas ou grupos familiares que apresentam características socialmente desvalorizadas e discriminadas (deficiência, raça-etnia, religião, orientação sexual, situação civil, etc.), agravadas por condições precárias de vida, pela privação de renda ou de acesso aos serviços públicos. A segurança de convívio, garantida aos usuários pela PNAS, diz respeito à efetivação do direito à convivência familiar e à proteção da família, com vistas ao enfrentamento de situações de isolamento social, enfraquecimento ou rompimento de vínculos familiares e comunitários, situações discriminatórias e estigmatizantes. O enfrentamento a essas situações é realizado por meio de ações centradas no fortalecimento da autoestima, dos laços de solidariedade e dos sentimentos de pertença e coletividade. O direito ao convívio é assegurado, ao longo do ciclo de vida, por meio de um conjunto de serviços locais que visam à convivência, à socialização e à acolhida de famílias cujos vínculos familiares e comunitários devem ser protegidos. No âmbito da assistência social, há o reconhecimento de situações de desproteção social cujo impacto é maior entre pessoas ou grupos familiares que apresentam características socialmente desvalorizadas e discriminadas (deficiência, raça-etnia, religião, orientação sexual, situação civil, etc.), agravadas por condições precárias de vida, pela privação de renda ou de acesso aos serviços públicos. Segurança de Renda Operada por meio da concessão de auxílios financeiros e da concessão de benefícios continuados, nos termos da lei, para cidadãos não incluídos no sistema contributivo de proteção social, que apresentem vulnerabilidades decorrentes do ciclo de vida e/ou incapacidade para a vida independente e para o trabalho; Segurança de Acolhida Provida por meio da oferta pública de espaços e serviços para a realização da Proteção Social Básica e Especial, devendo as instalações físicas e a ação profissional conter: a) condições de recepção; b) escuta profissional qualificada; c) informação; d) referência; e) concessão de benefícios; f) aquisições materiais e sociais; g) abordagem em territórios de incidência de situações de risco; h) oferta de uma rede de serviços e de locais de permanência de indivíduos e famílias sob curta, média e longa permanência. PENSE!!!! Como você avalia a oferta das seguranças afiançadas em seu Município? COM RELAÇÃO À SEGURANÇA DE CONVÍVIO, quais os pontos positivos e que precisam melhorar? RESPOSTA: 2 CONVIVÊNCIA E FORTALECIMENTO DE VÍNCULOS: O QUE É SCFV? “A arte de viver é simplesmente a arte de conviver... simplesmente, disse eu? Mas como é difícil!” Mário Quintana 2. CONVIVÊNCIA E FORTALECIMENTO DE VÍNCULOS: O QUE É SCFV? CONCEPÇÃO DE CONVIVÊNCIA Convivência é a ação de conviver (viver em companhia de outro ou outros). No seu sentido lato, trata-se de um conceito relacionado com a coexistência pacífica e harmoniosa de grupos humanos num mesmo espaço. O ser humano é um ser social. Nenhuma pessoa vive absolutamenteisolada do resto, uma vez que a interação com outros indivíduos é imprescindível para o bem-estar e a saúde. A convivência, de qualquer forma, pode ser difícil devido às diferenças de todo o tipo (sociais, culturais, económicas, etc.) que existem entre os homens. CONCEPÇÃO DE VÍNCULO Um vínculo (do latim vincŭlum) é uma união, relação ou ligação de uma pessoa ou coisa com outra. A noção de vínculo, sinônimo de “laço”. Convivência é forma Vínculo é resultado ATENTE PARA OS CONCEITOS!!! As ações de PSB organizam-se em torno do CRAS, uma unidade pública estatal e descentralizada da Política de Assistência Social. Cabem aos CRAS duas funções exclusivas: gestão territorial e execução do PAIF. “A construção da concepção de convivência e Fortalecimento de Vínculos é de extrema relevância porque contribui para o entendimento de que lidar com vulnerabilidades do campo relacional é uma responsabilidade pública e que uma política que busca combater a desigualdade e promover o desenvolvimento humano tem o papel central nesse diálogo” (Aldaíza Sposati). Convivência e Fortalecimento de Vínculos Atributo da condição humana e da vida moderna, que se dá entre sujeitos de direito, que se constituem na medida em que se relacionam. 2.1.Estrutura do SCFV O que é o SCFV? É um serviço da PSB do SUAS, regulamentado pela Tipificação Nacional de Serviços Socioassistenciais (Resolução CNAS nº 109/2009). Foi reordenado em 2013 por meio da Resolução CNAS nº 01/2013. É um serviço ofertado de modo contínuo e ininterrupto e está associado principalmente com a segurança de convívio. Tem por objetivo estimular o fortalecimento de vínculos familiares e comunitários. A fim de complementar o trabalho social com famílias realizado pelo PAIF¹ e PAEFI², há o SCFV, que também compõe a proteção social básica, com vistas a prevenir a ocorrência de situações de risco social e fortalecer os vínculos familiares e comunitário. ¹Serviço de Proteção e Atendimento Integral à Família (PAIF), e o ²Serviço de Proteção e Atendimento Especializado a Famílias e Indivíduos (PAEFI). O SCFV organiza-se em grupos, de modo a ampliar as trocas culturais e de vivências entre os usuários, assim como desenvolver o seu sentimento de pertença e de identidade. É fundamental não perder de vista o caráter preventivo e proativo desse serviço que, como os demais serviços de Proteção Social Básica, antecipa-se às situações de desproteção familiar e àquelas constatadas no âmbito público, oferecendo aos usuários alternativas emancipatórias para o enfrentamento da vulnerabilidade social. Os encontros do SCFV são situações de convivência para diálogos e fazeres que constituem algumas dessas alternativas. Nessa direção, esses encontros são um espaço para promover: processos de valorização/reconhecimento: estratégia que considera as questões e os problemas do outro como procedentes e legítimos; escuta: estratégia que cria ambiência – segurança, interesse, etc. – para que os usuários relatem ou partilhem suas experiências; produção coletiva: estratégia que estimula a construção de relações horizontais – de igualdade -, a realização compartilhada, a colaboração; exercício de escolhas: estratégia que fomenta a responsabilidade e a reflexão sobre as motivações e interesses envolvidos no ato de escolher; tomada de decisão sobre a própria vida e de seu grupo: estratégia que desenvolve a capacidade de responsabilizar-se, de negociar, de compor, de rever e de assumir uma escolha; diálogo para a resolução de conflitos e divergências: estratégia que favorece o aprendizado e o exercício de um conjunto de habilidades e capacidades de compartilhamento e engajamento nos processos resolutivos ou restaurativos; reconhecimento de limites e possibilidades das situações vividas: estratégia que objetiva analisar as situações vividas e explorar variações de escolha, de interesse , de conduta, de atitude, de entendimento do outro; experiências de escolha e decisão coletivas: estratégia que cria e induza atitudes mais cooperativas a partir da análise da situação, explicitação de desejos, medos e interesses; negociação, composição, revisão de posicionamentos e capacidade de adiar realizações individuais. Objetivos do SCFV: • Complementar o trabalho social com famílias, prevenindo a ocorrência de situações de risco social e fortalecendo a convivência familiar e comunitária; • Prevenir a institucionalização e a segregação de crianças, adolescentes, jovens e idosos, em especial, das pessoas com deficiência, assegurando o direito à convivência familiar e comunitária; • Promover acessos a serviços setoriais, em especial das políticas de educação, saúde, cultura, esporte e lazer existentes no território, contribuindo para o usufruto dos usuários aos demais direitos; • Oportunizar o acesso às informações sobre direitos e sobre participação cidadã, estimulando o desenvolvimento do protagonismo dos usuários; • Possibilitar acessos a experiências e manifestações artísticas, culturais, esportivas e de lazer, com vistas ao desenvolvimento de novas sociabilidades; • Promover acesso a benefícios e serviços socioassistenciais, fortalecendo a rede de proteção social de assistência social nos territórios; • Favorecer o desenvolvimento de atividades intergeracionais, propiciando trocas de experiências e vivências, fortalecendo o respeito, a solidariedade e os vínculos familiares e comunitários. A natureza do SCFV O SCFV possui caráter PREVENTIVO e PROATIVO, assim como os demais serviços da PSB, antecipa-se às situações de desproteção familiar e àquelas constatadas no âmbito público. • Pautado na defesa e afirmação de direitos; • Desenvolvimento de capacidades e potencialidades; • Enfrentamento das vulnerabilidades sociais. O SCFV se articula com o PAIF e tem em comum o objetivo de fortalecer vínculos; Todo o grupo familiar poderá ser atendido e/ou acompanhado pelo PAIF ou PAEFI, quando for o caso, e ter paralelamente um ou mais membros participando do SCFV. Não há impedimentos para que os usuários do SUAS participem de ambos os serviços simultaneamente, já que o SCFV é complementar ao trabalho social realizado com as famílias no PAIF e PAEFI e cada um deles tem frentes de atuação distintas. . RESPONDA: Como você compreende a relação do SCFV com o PAIF? Qual a diferenciação quanto as ações desenvolvidas por cada Serviço? PAIF Consiste em um serviço de acompanhamento às famílias no CRAS. Entre os propósitos do PAIF está o de fortalecer o papel protetivo das famílias, de maneira que sejam protagonistas sociais e capazes de responder pelas atribuições de sustento, guarda e educação de suas crianças, adolescentes e jovens, bem como de garantir a proteção aos seus demais membros. SCFV é a promoção de momentos de convivência entre os usuários nos grupos, encontros por meio dos quais seja possível exercitar escolhas, reconhecer limites e possibilidades, produzir coletivamente, valorizar o outro, construir projetos de vida, entre outras vivências que encaminharão os usuários para conquistas pessoais e coletivas no decorrer de sua vida COMPLEMENTARIEDADE PÚBLICO PRIORITÁRIO DO SCFV EXEMPLIFICANDO ALGUMAS SITUAÇÕES PRIORITÁRIAS: RESPONDA: Quais as principais situações prioritárias atendidas no SCFV do seu município? Como se dá a articulação entre o SCFV e o PAIF no trabalho para com esse público?Ressalta-se que há relação do SCFV com o PETI e a Proteção Social Básica- PSB, tem um papel fundamental na prevenção do ingresso e da reincidência de crianças e adolescentes no trabalho, inserindo no SCFV, com prioridade, aqueles retirados do trabalho precoce. Assim, a participação das crianças e dos adolescentes retirados do trabalho infantil no Serviço de Convivência e Fortalecimento de Vínculos e/ou em outras atividades socioeducativas da rede é considerada estratégia fundamental para a interrupção do trabalho infantil e para a oferta de novas oportunidades de desenvolvimento às crianças e aos adolescentes. A equipe técnica (PAIF e PAEFI) ao fazer encaminhamentos de usuários para o SCFV deve avaliar e indicar a situação vivenciada que o trouxe até o atendimento socioassistencial, assumindo a responsabilidade pelo acompanhamento familiar. As situações prioritárias devem ser documentadas em prontuários ou registros específicos, resguardando o sigilo profissional, tanto do ponto de vista da formalização e documentação do atendimento ao usuário e acompanhamento técnico quanto para fiscalização externas. EQUIPE DO SERVIÇO DE CONVIVÊNCIA E FORTALECIMENTO DE VINCULOS – SCFV. • Técnico de Referência – profissional de nível superior que integra a equipe do CRAS para ser referência aos grupos do SCFV. Conforme a Resolução CNAS nº 17/2011; • Orientador Social – função exercida por profissional de, no mínimo, nível médio. Conforme a descrição apresentada na Resolução CNAS nº 9/2015. • Facilitadores de Oficinas – função exercida por profissional com formação mínima de nível médio, de contratação opcional. ATRIBUIÇÕES DOS TÉCNICOS DE REFERÊNCIA • Planejamento do SCFV; (em conjunto com orientadores e educadores sociais e usuários da PAS) • Atividades com os familiares dos usuários do SCFV; • Realização de reuniões periódicas (SCFV e PAIF); • Acompanhamento dos usuários do serviço; • Encaminhamento para acesso aos direitos sociais e inserção em outras políticas públicas; • Acompanhar a execução do planejamento e do serviço. ATRIBUIÇÕES DO FACILITADOR DE OFICINAS Responsável pela realização de oficinas de convívio por meio do esporte, lazer, arte e cultura e outras. É de contratação opcional. ACESSO AO SCFV: LOCAL DO SCFV • No CRAS, desde que tenha espaço compatível para desenvolver o serviço sem prejudicar a oferta do PAIF. • Outra unidade pública como Centro de Convivência. • Entidade de assistência social inscrita no Conselho de Assistência Social do município, que esteja na área de abrangência do CRAS e seja a ele referenciada. O referenciamento na PSB visa, sobretudo, tornar factível a articulação dos demais serviços ao PAIF. Tal articulação possibilita a operacionalização e a organização do atendimento e/ou acompanhamento das famílias dos usuários do SCFV e dos participantes de outros programas, projetos e benefícios da PSB. Assim, é preciso o estabelecimento de fluxos de encaminhamento e de repasse de informações sobre as famílias entre o PAIF e esses serviços. RESPONDA : Elabore o fluxograma e/ou mapa da Rede Socioassistêncial do seu munícipio. EX: 3 METODOLOGIA E PLANEJAMENTO DO SCFV COM BASE EM PERCURSOS E NOS EIXOS NORTEADORES. PLANEJAMENTO DO SCFV EM PERCURSOS, OBSERVANDO O CICLO DE VIDA DOS USUÁRIOS. CRIANÇAS DE ATÉ 6 ANOS Busca desenvolver atividades com as crianças, seus familiares e a comunidade, a fim de fortalecer vínculos de afetividade e cuidado e prevenir a ocorrência de situações de exclusão social e de risco, em especial a violência doméstica e o trabalho infantil, sendo complementar e diretamente articulado ao PAIF. CRIANÇAS E ADOLESCENTES DE 6 A 15 ANOS Objetiva promover a convivência, a formação para a participação e cidadania, o desenvolvimento do protagonismo e da autonomia das crianças e adolescentes, a partir dos interesses, das demandas e das potencialidades dessa faixa etária. As intervenções devem ser pautadas em experiências lúdicas, culturais e esportivas como formas de expressão, interação, aprendizagem, sociabilidade e proteção social, ADOLESCENTES DE 15 A 17 ANOS Objetiva fortalecer a convivência familiar e comunitária e contribuir para o retorno ou a permanência dos adolescentes na escola, por meio do desenvolvimento de atividades que estimulam a convivência social, a participação cidadã e uma formação geral para o mundo do trabalho. JOVENS DE 18 A 29 ANOS Objetiva fortalecer vínculos familiares e comunitários, assegurando espaços de referência para o convívio grupal, comunitário e social e o desenvolvimento de relações de afetividade, solidariedade e respeito mútuo, de modo a desenvolver a sua convivência familiar e comunitária. ATIVIDADE - Tomando por referência um CICLO DE VIDA, elabore um planejamento, de modo a obter o alcance do objetivo de trabalho com a faixa etária específica. Considere na elaboração do planejamento o trabalho com base nos EIXOS norteadores do SCFV. ADULTOS DE 30 a 59 ANOS Objetiva fortalecer vínculos familiares e comunitários, desenvolvendo ações complementares, assegurando espaços de referência para o convívio grupal, comunitário e social; Desenvolve relações de afetividade, solidariedade e encontros intergeracionais de modo a desenvolver a convivência familiar e comunitária. PESSOAS IDOSAS Deve estar pautado nas características, interesses e demandas dessa faixa etária e levar em consideração que a vivência em grupo, as experimentações artísticas, culturais, esportivas e de lazer, bem como a valorização das experiências vividas constituem formas privilegiadas de expressão, interação e proteção social. As atividades com os participantes dessa faixa etária devem incluir vivências que valorizem as suas experiências e que estimulem e potencializem a capacidade de escolher e decidir. • Para crianças de até 6 anos: As atividades podem ser realizadas em dias úteis, feriados ou finais de semana, diariamente ou em dias alternados. Os grupos devem ter atividades previamente planejadas em turnos de até 1h30 por dia. • Para adolescentes e jovens de 15 a 17 anos: As atividades podem ser realizadas em dias úteis, feriados ou finais de semana, em turnos de até três horas. • Para jovens de 18 a 29 anos: Atividades em dias úteis, feriados ou finais de semana, em horários programados, conforme demanda. • Para adultos de 30 a 59 anos: Atividades em dias úteis, feriados ou finais de semana, em horários programados, conforme demanda. • Para adultos de 30 a 59 anos: Atividades em dias úteis, feriados ou finais de semana programados, conforme demanda. • Para crianças e adolescentes de 6 a 15 anos: De acordo com a Tipificação Nacional de Serviços Socioassistenciais, as atividades poderão ser realizadas em dias úteis, feriados ou finais de semana, em turnos diários de até quatro horas. DIREITO DE SER EIXOS NORTEADORES DO SCFV PARTICIPAÇÃO CONVIVÊNCIA SOCIAL DIREITO DE SER METODOLOGIA DE PLANEJAMENTO COM BASE EM PERCURSOS E NOS EIXOS NORTEADORES DO SCFV. O SCFV necessita ser planejado de forma coletiva, com a participação ativa do técnico de referência, dos orientadores sociais e dos usuários, buscando assegurar a qualidade e efetividadedos objetivos do serviço. Os grupos do SCFV não são aglomerados aleatórios de usuários. A composição dos grupos deve estar alinhada aos objetivos específicos do SCFV para cada faixa etária, A constituição dos grupos demanda a avaliação do técnico de referência do CRAS, a fim de que os usuários sejam inseridos em grupos mais adequados às suas vivências, necessidades e potencialidades. Nessa avaliação, o profissional deverá considerar o ciclo de vida do usuário, as vulnerabilidades e as situações de risco por ele vivenciadas, as características dos demais integrantes do grupo, a quantidade mínima de tempo em que o usuário deverá permanecer no serviço – por dia, por semana -, a quantidade máxima de usuários por grupo, entre outros aspectos. Na fase de planejamento das atividades, devem ser identificadas as demandas de cada grupo em específico e quais atividades serão desenvolvidas para que determinados objetivos sejam alcançados, considerando os eixos orientadores do serviço. Também deve ser estipulado um cronograma para a execução das atividades do grupo com prazo de finalização. EXEMPLO: Um percurso para um grupo de usuários de 6 a 9 anos, em que se pretenda trabalhar aspectos do eixo “Convivência Social”, pode ter previsão de duração de um semestre (seis meses), No planejamento desse percurso, a partir do conhecimento que a equipe de referência tem dos usuários do grupo – tanto das vulnerabilidades que vivenciam, quanto de suas potencialidades, da qualidade das interações realizadas entre os usuários, entre outros fatores, deverá identificar os objetivos que pode e/ou deve atingir, considerando as aquisições previstas para os usuários na Tipificação Nacional dos Serviços Socioassistenciais. Pode-se dizer, então, que o percurso diz respeito aos objetivos a serem alcançados por um grupo, por meio de algumas atividades, no decorrer de um período determinado. Assim, será possível, ao final do percurso, avaliar se os objetivos foram alcançados e se os usuários daquele grupo continuarão a participar do serviço em um próximo percurso. As atividades são planejadas a partir de três eixos norteadores: • Convivência social; • Direito de ser; • Participação. CONVIVÊNCIA SOCIAL É o principal eixo do serviço, traduz a essência dos serviços da PSB e volta-se ao fortalecimento de vínculos familiares e comunitários. As ações e atividades inspiradas nesse eixo devem estimular o convívio social e familiar, aspectos relacionados ao sentimento de pertença, à formação da identidade, à construção de processos de sociabilidade, aos laços sociais, às relações de cidadania, etc. Convivência Social SUBEIXOS DO EIXO “CONVIVÊNCIA SOCIAL” • capacidade de demonstrar emoção e ter autocontrole; • capacidade de demonstrar cortesia; • capacidade de comunicar-se; • capacidade de desenvolver novas relações sociais; • capacidade de encontrar soluções para os conflitos do grupo; • capacidade de realizar tarefas em grupo; • capacidade de promover e participar da convivência social em família, grupos e território. PARTICIPAÇÃO O objetivo é estimular, mediante a oferta de atividades planejadas, a participação dos usuários nos diversos espaços da vida pública, inclusive no SCFV, passando pela família, comunidade e escola, tendo em mente o seu desenvolvimento como sujeito de direitos e deveres. O EIXO “PARTICIPAÇÃO” TEM COMO SUB-EIXOS: • Participação no serviço; • Participação no território; • Participação como cidadão Participação. DIREITO DE SER O eixo “direito de ser” estimula o exercício da infância e da adolescência, de forma que as atividades do SCFV devem promover experiências que potencializem a vivência desses ciclos etários em toda a sua pluralidade. SUBEIXOS DO EIXO “DIREITO DE SER” • direito a aprender e experimentar • direito de brincar; • direito de ser protagonista; • direito de adolescer; • direito de ter direitos e deveres; • direito de pertencer; • direito de ser diverso; • direito à comunicação. Podemos dizer, então, que o percurso diz respeito aos objetivos a serem alcançados por um grupo, por meio de algumas atividades, no decorrer de um período determinado. Assim, será possível, ao final do percurso, avaliar se os objetivos foram alcançados e se os usuários daquele grupo continuarão a participar do serviço em um próximo percurso, tem como propósito possibilitar que o Orientador Social possa administrar a execução das atividades em meio ao seu grupo, bem como abrir espaço para que os participantes possam opinar participando do planejamento das atividades do dia, uma vez que, embora o Percurso atenda a uma sequência cronológica em sua disposição, nada impede que os usuários escolham para o dia uma atividade que tenha mais a ver com suas dúvidas ou situações que estejam relacionadas ao dia a dia. O planejamento como base em percursos tem por objetivos: Objetivo Geral • Orientar e avaliar o desenvolvimento das atividades do percurso; Objetivos Específicos • Motivar a participação nas atividades, • Abrir espaço para a participação no planejamento das atividades e escolha dos temas • Acompanhar e registrar a participação individual de cada usuário no percurso Esclarecer os objetivos dos temas sugeridos para serem trabalhados ao longo do ano Por que é importante planejar as ações/atividades dos grupos do SCFV antes de executá-las? A Tipificação Nacional de Serviços Socioassistenciais (2009, p. 9) aponta que o SCFV é uma “forma de intervenção social planejada, que cria situações desafiadoras, estimula e orienta os usuários na construção e reconstrução de suas histórias e vivências individuais e coletivas, na família e no território”. A Tipificação Nacional de Serviços Socioassistenciais (2009, p. 9) aponta que o SCFV é uma “forma de intervenção social planejada, que cria situações desafiadoras, estimula e orienta os usuários na construção e reconstrução de suas histórias e vivências individuais e coletivas, na família e no território”. End. REFERÊNCIAS: Brasil. Ministério do Desenvolvimento Social. Caderno de Orientações. Serviço de Proteção e Atendimento Integral à Família e Serviço de Convivência e Fortalecimento de Vínculos: Articulação Necessária na Proteção Social – Brasília, DF: MDS, Secretaria Nacional de Assistência Social, 2016. Brasil. Ministério do Desenvolvimento Social. Concepção de convivência e fortalecimento de vínculos – Brasília, DF: MDS, Secretaria Nacional de Assistência Social, 2017. Caderno de Orientações Técnicas para o aperfeiçoamento da gestão do Programa de Erradicação do Trabalho Infantil – PETI. Ministério do Desenvolvimento Social. Brasília, 2018. Lei Orgânica de Assistência Social – LOAS (1993); Política Nacional de Assistência Social – PNAS (2004); Norma Operacional Básica do Sistema Único de Assistência Social – NOB/SUAS (2005); Norma Operacional Básica de Recursos Humanos do Sistema Único de Assistência Social – NOB-RH/SUAS (2012) Tipificação Nacional de Serviços Socioassistenciais. Resolução CNAS Nº 109, de 11 de novembro de 2009; “Lei do SUAS”. Lei Nº 12.435, de 6 de julho de 2011 que altera a LOAS e dispõe sobre a organização da Assistência Social. ANEXOS
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