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1 Ética e Moral

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1 Ética e Moral. 
2 Princípios e Valores Éticos. 
3 Ética e Democracia: exercício da cidadania. 
4 Ética e Função Pública. 5 Ética no Setor Público.
5.1 Código de Ética Profissional do Serviço Público – Decreto n.º 1.171/94. 5.2 Exercícios e questões de concurso sobre Ética
1 Ética e Moral
A confusão que acontece entre as palavras Moral e Ética existem há muitos séculos. A própria etimologia destes termos gera confusão, sendo que Ética vem do grego “ethos” que significa modo de ser, e Moral tem sua origem no latim, que vem de “mores”, significando costumes.
Esta confusão pode ser resolvida com o esclarecimento dos dois temas, sendo que Moral é um conjunto de normas que regulam o comportamento do homem em sociedade, e estas normas são adquiridas pela educação, pela tradição e pelo cotidiano. Durkheim explicava Moral como a “ciência dos costumes”, sendo algo anterior a própria sociedade. A Moral tem caráter obrigatório.
Já a palavra Ética, Motta (1984) defini como um “conjunto de valores que orientam o comportamento do homem em relação aos outros homens na sociedade em que vive, garantindo, outrossim, o bem-estar social”, ou seja, Ética é a forma que o homem deve se comportar no seu meio social.
A Moral sempre existiu, pois todo ser humano possui a consciência Moral que o leva a distinguir o bem do mal no contexto em que vive. Surgindo realmente quando o homem passou a fazer parte de agrupamentos, isto é, surgiu nas sociedades primitivas, nas primeiras tribos. A Ética teria surgido com Sócrates, pois se exigi maior grau de cultura. Ela investiga e explica as normas morais, pois leva o homem a agir não só por tradição, educação ou hábito, mas principalmente por convicção e inteligência. Vásquez (1998) aponta que a Ética é teórica e reflexiva, enquanto a Moral é eminentemente prática. Uma completa a outra, havendo um inter-relacionamento entre ambas, pois na ação humana, o conhecer e o agir são indissociáveis.
Em nome da amizade, deve-se guardar silêncio diante do ato de um traidor? Em situações como esta, os indivíduos se deparam com a necessidade de organizar o seu comportamento por normas que se julgam mais apropriadas ou mais dignas de ser cumpridas. Tais normas são aceitas como obrigatórias, e desta forma, as pessoas compreendem que têm o dever de agir desta ou daquela maneira. Porém o comportamento é o resultado de normas já estabelecidas, não sendo, então, uma decisão natural, pois todo comportamento sofrerá um julgamento. E a diferença prática entre Moral e Ética é que esta é o juiz das morais, assim Ética é uma espécie de legislação do comportamento Moral das pessoas. Mas a função fundamental é a mesma de toda teoria: explorar, esclarecer ou investigar uma determinada realidade.
A Moral, afinal, não é somente um ato individual, pois as pessoas são, por natureza, seres sociais, assim percebe-se que a Moral também é um empreendimento social. E esses atos morais, quando realizados por livre participação da pessoa, são aceitas, voluntariamente.
Pois assim determina Vasquez (1998) ao citar Moral como um “sistema de normas, princípios e valores, segundo o qual são regulamentadas as relações mútuas entre os indivíduos ou entre estes e a comunidade, de tal maneira que estas normas, dotadas de um caráter histórico e social, sejam acatadas livres e conscientemente, por uma convicção íntima, e não de uma maneira mecânica, externa ou impessoal”.
Enfim, Ética e Moral são os maiores valores do homem livre. Ambos significam "respeitar e venerar a vida". O homem, com seu livre arbítrio, vai formando seu meio ambiente ou o destruindo, ou ele apóia a natureza e suas criaturas ou ele subjuga tudo que pode dominar, e assim ele mesmo se torna no bem ou no mal deste planeta. Deste modo, Ética e a Moral se formam numa mesma realidade. ÉTICA E MORAL Qual a diferença entre moral e ética?
Em primeiro lugar, observe-se a origem das palavras. „Ética“ vem do grego „ethos“, e significa hábito. „Moral“ vem do latim „mores“ e significa „hábito, costumes“. Ou seja, do ponto de vista puramente filológico não haveria motivo para se distinguir as duas expressões (a não ser, é claro, que se faça estudos filológicos muito precisos e se estude a diferença entre o significado de „ethos“ para gregos e „morus“ para os latinos).
Fato é que mesmo no mundo filosófico existe um certo caos terminológico neste respeito. Especialmente na tradição teológica: o que os protestantes chamam de ética, os católicos chamam de moral.Em geral, procura-se seguir a seguinte distinção: enquanto a moral é uma ciência descritiva (descreve como os seres humanos de uma determinada cultura de fato agem) a ética é normativa (ele determina como eles deveriam agir). Dando um exemplo: sair nu pela Rua da PRAIA(RUA MOVIMENTADA EM PORTO ALEGRE. (em geral não se faz isso), mas não antiético (afinal, não se está fazendo mal a ninguém!). Mas observe: nem todos os filósofos fazem tal distinção: o grande Kant, por exemplo, tende a usar „moral“ no sentido que aqui explico como „ética“! Portanto: sempre observe de quem se está a falar.
Além disso, as coisas não são tão fáceis como na distinção proposta: o que em geral não se faz numa sociedade pode ser prejudicial e assim talvez automaticamente anti-ético (a nudez na Rua:DA PRAIA(RUA DE MAIOR MOVIMENTO DE PESSOAS EM PORTO ALEGRE), poderia estar pervertendo adolescentes, levando-os para um „mau caminho“, por exemplo, e isto já seria antiético). Além disso chama-se ética, em geral, diferindo novamente da moral, a ciência que trata apenas do conhecimento natural (não aquele revelado por Deus na Bíblia) sobre o Bem e o Mal. Ou seja, um ateu deveria por si só, sem crer na Bíblia, saber o que é Bem e o que é Mal. A ética se basearia portanto apenas na capacidade individual e natural da razão.
Nada mais belo e cativante quando buscamos inspiração para executarmos uma tarefa, por mais singela que seja. São nessas obrigações acadêmicas que temos a oportunidade de mostrar, aquilo que foi assimilado em sala de aula, a dedicação de quem repassa e a assimilação de quem aprende. Falar em moral nos dias atuais é meio complicado ou complicado e meio, seria talvez uma deletéria função que destrói ou danifica; prejudicial, danoso: nocivo à saúde: que corrompe ou desmoraliza, para os que não são acostumados a ela, e bastante altruístas para quem prima pela mesma. É como espírito de responsabilidade e funcionalidade que estou tentando “apor” os questionamentos, em número de nove, a disposição de minha memória incontida, mas muitas vezes falha. A realidade é o preço da dignidade humana. É estimulo para os doentes de presunção. É a bússola imantada à busca do azimute magnético (direcionamento). É tudo. Que é o Senso Moral? Dê exemplos? É uma situação que o ser humano passa nascendo ou evoluindo de uma opção para que não classificar de uma dicotomia, método de classificação em que cada uma das divisões e subdivisões não contém mais de dois termos. Uma repartição dos honorários médicos, à revelia do doente, entre o médico assistente e outro chamado por este. Aspecto de um planeta ou de um satélite quando apresenta exatamente a metade do disco iluminada. Divisão lógica de um conceito em dois outros conceitos, em geral contrários, que lhe esgotam a extensão. Ex.: animal = vertebrado e invertebrado. Tipo de ramificação vegetal em que a ponta do órgão (caule, raiz, etc.) se divide repetidamente em duas porções idênticas, e que é próprio dos talófitos e briófitos, sendo muito raramente observado nas plantas floríferas; dicopodia. Princípio que afirma a existência única, no ser humano, de corpo e alma. É bom frisar que algumas dessas significações não se enquadram bem, principalmente no assunto que estamos diluindo. No nosso caso seria o bem e o mal. O exemplo que mais se afine com o questionamento (opinião minha), seria o livre-arbítrio. Podemos nos prolongar ainda acrescentando que também são ações que dependem de nós mesmos, de nossa capacidade de avaliar e desenvolver e discutir, nesta aposição poderá ser citadocomo exemplo a educação familiar, a colegial, o meio social, os amigos, vícios e os procedimentos de cada ser. No Senso Moral não somos levados a agir por outros ou obrigados por eles. É visível esta colocação, se somos levados a agir por outros ou obrigados por eles, à conseqüência natural será a exterminação cruel de nosso Senso Moral, transformando-o em imoral com certeza. Nos assassinatos por encomenda o mandante consegue dominar o Senso Moral do que vai efetuar o crime, domina seu senso moral através do convencimento e do dinheiro, mesmo que isto venha a lhe custar caro. Pode ser a avaliação do certo e errado, esta avaliação será feito por mim ou por outrem. A conduta do ser humano é constantemente avaliada, juizes todos são, mérito não se compra, adquire e com muito sacrifício e grandeza da alma depende de muitos fatores, sociais e religiosos. *Que é a Consciência Moral? Dê exemplos? Quando o Senso Moral falha a Consciência moral se ressente e de pronto. Quando faço algo de errado vem o sentimento de culpa e a minha consciência fica atribulada, minhas atitudes acabrunhadas e o resultado quando para combater o resultado, que é o arrependimento, é dar a volta por cima e praticar uma boa ação. A educação familiar, O convívio, as amizades, uma boa escolarização e uma relação saudável, a ausência de estresse, angústias, preocupações, depressões e outras mazelas contribuem para convivermos bem ou mal com a consciência moral. As nossas decisões extemporâneas, os conflitos, devem assumir a consciência pelos atos que praticamos. Não poderemos deixar que a avaliação, certa ou errada transforme nossa vida e passarmos a outro fator chamado dilema moral. Pelo que expomos chegamos à conclusão que normalmente um fato, uma conseqüência tem ligação direta ou são compactuadas. A que se refere o Senso Moral e a Consciência Moral? Como citei antes nas entrelinhas deste trabalho estas duas palavras estão interligadas e vai desembocar de maneira violenta ou não no Senso Moral. A importância é por demais real que Põe em prova nossa consciência moral, a idéia de liberdade do agente causador e paralelamente às relações que mantemos com os outros, ou seja: O sujeito moral. É muito comum pessoas confundirem moral com costumes, com a tradição cultural de um determinado povo, com código de leis, regras, com as obrigações e deveres impostos pela sociedade, pela igreja e pelo governo. Boa pergunta: quem seria o sujeito moral na minha ótica, posso até estar equivocado, mas é a pessoa que convive diariamente com estas nuances e sofrendo as conseqüências delas. Quais nossas relações com a Moral? É uma situação estritamente, vinculante. Muitas das vezes não conseguimos fazer distinção e desvencilharmos, é um ponto sem nó, apesar de a nossa consciência trabalhar com responsabilidade e avaliar e julgar nossas ações, o nosso agir passa sempre pelo crivo da análise e avaliação dela. Parar para pensar é bom, não, é ótimo. Só que as pessoas de um modo geral possuem a velha preguiça mental. Qual o principal pressuposto da Consciência Moral? A consciência moral é resultado operativo de nosso Senso Moral. É a subjetividade valorativa que adquirimos no processo de formação familiar, escolar e nas relações cotidianas. O ser humano está nesta batalha dia-a-dia, poderá torná-lo forte, experiente ou então totalmente desvalorizado. Quantas vezes julgamos a conduta das pessoas? Inúmeras vezes. Podemos também afirmar que as ações podem ser legais ou não, lícitas ou ilícitas dependendo de quem as praticam. Se nos damos conta de que isso está presente em nossa vida, esta intuição nos leva a questão central da moral. Os principais pressupostos da Consciência moral são as próprias morais, pois se a moral não existisse não existiriam também as ações. Consciência é natural de nosso ego, da introspecção, ele vem de dentro para fora e de fora para dentro. Esta na qualidade do ser, nos sentimentos morais, nas avaliações de conduta, nas decisões que tomamos por nossa livre e espontânea vontade e agir de acordo com normas e decisões e responder perante elas e perante os outros. É o assumir o que fez, é a responsabilidade. O que é Juízo de Fato e de Valor? Dê Exemplos? São dois juízos que se confrontam e podem causar polêmicas. Coisa ou ação feita; sucesso, caso, acontecimento, feito. Aquilo que realmente existe que é real. Fato jurídico. Acontecimento de que decorrem efeitos jurídicos, independentemente da vontade humana (por oposição a ato). De fato. Com efeito; realmente, efetivamente; de feito, e estar ao fato de ciência com o que acontece; ser sabedor da distinção do que seria fato e valor? Leitura atenta dá para decifrar e incluir ou nominar a sinonímia correta. Já o valor pode ser considerado como qualidade de quem tem força; audácia, coragem, valentia, vigor; qualidade pela qual determinada pessoa ou coisa é estimável em maior ou menor grau; mérito ou merecimento intrínseco; valia; importância de determinada coisa, estabelecida ou arbitrada de antemão; o equivalente, em dinheiro ou bens, de alguma coisa; preço; poder de compra; papel; validade; estima apreço; importância, consideração; significado rigoroso de um termo; significância. Mas na concepção dos estudiosos: juízo de fato é aquele que diz algo que existe, diz o que as coisas são como são e porque são. Imitando o velho jargão popular: “matando a cobra e mostrando o pau”. Já o Juízo de Valor pode avaliar as coisas, pessoas, ações, experiências, acontecimentos, sentimentos, estado de espírito, intenções e decisões.
Pelo que vemos e notamos o Juízo de Valor e é mais criterioso não desconsiderando o de fato. Tem outras qualidades entre elas às normativas e avaliativas. As diferenças entre um e outro pode estar na natureza e na cultura das pessoas, da população, das classes sociais, na sociedade que tende a neutralizá-los, isto porque a sociedade em si é injusta e egoísta. Por que os juízos de Valor são Normativos? Este questionamento praticamente já foi respondido, mas nunca é tarde revisar conceitos. Por que enunciam normas que determinam o dever ser, de nossos sentimentos, atos e comportamentos. É um regulamento, é uma lei que obriga todos andarem na linha, corretos, obediente, conhecedores de seus direitos e deveres e não agir assim será com certeza discriminada pela sociedade e por ela punida. Eles avaliam as nossas intenções e ações do correto e do incorreto para não dizer errado, nos dizem o que é bem e mal ou o que são; o mal e a felicidade. Os normativos também estão entre os éticos: sentimentos, intenções, atos e comportamentos devem ter ou fazer para alcançarmos o bem e a felicidade; olha que não é fácil. O povo brasileiro está carente de afeto e a fraternidade e a caridade cairia muito bem neste momento crucial. A origem destes juízos está nos atos e fatos do cotidiano, e no sentimento e na responsabilidade dos que fazem as leis que nos julgam absolvendo ou punindo, toldando nossa liberdade. Explique origem da diferença entre Juízo de Fato e Juízo de Valor? A diferença entre um e outro já pode está inserida nas entrelinhas, porém vamos tentar colocar da maneira mais simples a diferente dos dois, e que, não sejam prolixos, nem rebuscados. O juízo de fato é aquele que exprime sensação de concreto, algo que está a nosso alcance, as coisas são como foram feitas, nem existe variáveis para elas, e de lambuja ainda se dá o direito de uma explicação gratuita de como são (Constituição, formação, qualidade). É um tiro certeiro, não há meio termo. Já o Juízo de Valor é mais intelectualizado, atingem e avaliam as nossas coisas, pessoas, ações, experiências, acontecimentos, sentimentos, estados de espírito, intenções e decisões. Tem poder de decisão pelo exposto acima. O que é Naturalização da Vida Moral? A naturalização da vida está arraigada nos pressupostos aqui enunciados, é um somatório do que chamamos de moral, sendo que esta moral pode ser qualidade e destrinchada, caso haja necessidade. Somos educados para enfrentar a vida moral, pois está abarrotada por sentimentos de solidariedade,fraternidade e respeito pelo ser humano. A moral se forma na história de vida cotidiana. Podemos até citar uma passagem bíblica quando Jesus afirma: “Amar o próximo como a si mesmo”. Quem pratica com avidez e seriedade as normas acima enunciadas pode ter certeza de que está naturalizando a Vida Moral, quem não procede assim vai esbarrar no Dilema e na Consciência Moral. Explique o Sentido das Palavras Moral e Ética. Explicar moral e ética pode gerar um conflito de opiniões: porém existem nuanças que diminuem ou extinguem estas particularidades. Moral pode ser definida a nossa consciência e as qualidades boas que temos entre elas o respeito pela vida, ao ser humano, fraternidade, solidariedade e a moral é formada numa universidade da vida: “O Cotidiano”. Pode variar de pessoa a pessoa, pois todo ser humano não possuem as mesmas qualidades, há uma variação muito grande, talvez exagerada. Ética nada mais é do que o estudo dos juízos de apreciação referentes à conduta humana suscetível de qualificação do ponto de vista do bem e do mal, seja relativamente a determinada sociedade, seja de modo absoluto. Está cimentada no bem e na moral. Para confeccionar este trabalho tive que usar a moral, o senso moral, a ética, a consciência e fazer um trabalhado relativo, senão iria cair no dilema moral.
Comentários:
Não tenho dilema moral, pois não posso julgar o esquecimento momentâneo, como moral, e sim mais de constituição orgânica. Apesar de ser possuidor desta síndrome procuro sempre está abalizado, lendo, relendo para que minha memória e consciência não atinjam um patamar dilacerante. Este trabalho foi um trabalho misto de pesquisa, de sabedoria, de conotação própria e de uma qualidade que não podemos colocar em xeque. Foram nove questionamentos bem preparados, que nos deixou a vontade para “apormos” nossas idéias e também emitir opiniões sobre o assunto. Estamos precisando cada vez mais de tarefas deste naipe. Aqui assimilamos o que é de bom no comportamento do ser humano, bem como saber como ele é possuidor de um livre-arbítrio.
Seus sentimentos, suas ações, personalidade, educação, sociedade e o permeamento de homem com a finalidade que Deus o criador, de sempre evoluir e não retrogradar. Ética, Moral e Direito É extremamente importante saber diferenciar a Ética da Moral e do Direito. Estas três áreas de conhecimento se distinguem, porém têm grandes vínculos e até mesmo sobreposições.
Tanto a Moral como o Direito baseiam-se em regras que visam estabelecer uma certa previsibilidade para as ações humanas. Ambas, porém, se diferenciam.
A Moral estabelece regras que são assumidas pela pessoa, como uma forma de garantir o seu bem-viver. A Moral independe das fronteiras geográficas e garante uma identidade entre pessoas que sequer se conhecem, mas utilizam este mesmo referencial moral comum.
O Direito busca estabelecer o regramento de uma sociedade delimitada pelas fronteiras do Estado. As leis tem uma base territorial, elas valem apenas para aquela área geográfica onde uma determinada população ou seus delegados vivem. O Direito Civil, que é referencial utilizado no Brasil, baseia-se na lei escrita. A Common Law, dos países anglo-saxões, baseia-se na jurisprudência. As sentenças dadas para cada caso em particular podem servir de base para a argumentação de novos casos. O Direito Civil é mais estático e a Common Law mais dinâmica.
Alguns autores afirmam que o Direito é um sub-conjunto da Moral.
Esta perspectiva pode gerar a conclusão de que toda a lei é moralmente aceitável. Inúmeras situações demonstram a existência de conflitos entre a Moral e o Direito. A desobediência civil ocorre quando argumentos morais impedem que uma pessoa acate uma determinada lei. Este é um exemplo de que a Moral e o Direito, apesar de referirem-se a uma mesma sociedade, podem ter perspectivas discordantes.
A Ética é o estudo geral do que é bom ou mau. Um dos objetivos da Ética é a busca de justificativas para as regras propostas pela Moral e pelo Direito. Ela é diferente de ambos - Moral e Direito - pois não estabelece regras. Esta reflexão sobre a ação humana é que a caracteriza. Afinal, o Que é Ética? "A ética é daquelas coisas que todo mundo sabe o que são, mas que não são fáceis de explicar, quando alguém pergunta".(VALLS, Álvaro L.M. O que é ética. 7a edição Ed.Brasiliense, 1993, p.7) Segundo o Dicionário Aurélio Buarque de Holanda, ÉTICA é "o estudo dos juízos de apreciação que se referem à conduta humana susceptível de qualificação do ponto de vista do bem e do mal, seja relativamente à determinada sociedade, seja de modo absoluto". Alguns diferenciam ética e moral de vários modos: 1. Ética é princípio, moral são aspectos de condutas específicas; 2. Ética é permanente, moral é temporal; 3. Ética é universal, moral é cultural; 4. Ética é regra, moral é conduta da regra; 5. Ética é teoria, moral é prática. Etimologicamente falando, ética vem do grego "ethos", e tem seu correlato no latim "morale", com o mesmo significado: Conduta, ou relativo aos costumes. Podemos concluir que etimologicamente ética e moral são palavras sinônimas. Vários pensadores em diferentes épocas abordaram especificamente assuntos sobre a ÉTICA: Os pré-socráticos, Aristóteles, os Estóicos, os pensadores Cristãos (Patrísticos, escolásticos e nominalistas), Kant, Espinoza, Nietzsche, Paul Tillich etc. Passo a considerar a questão da ética a partir de uma visão pessoal através do seguinte quadro comparativo:
Ética Normativa Ética Teleológica Ética Situacional Ética Moral Ética Imoral Ética Amoral
Baseia-se em princípios e regras morais fixas
Baseia-se na ética dos fins: "Os fins justificam os meios".
Baseia-se nas circunstâncias. Tudo é relativo e temporal.
Ética Profissional e Ética Religiosa: As regras devem ser obedecidas.
Ética Econômica: O que importa é o capital.
Ética Política: Tudo é possível, pois em política tudo vale.
	Ninguém cumpre à risca
	
Conclusão: Afinal, o que é ética? ÉTICA É ALGO QUE TODOS PRECISAM TER. Alguns dizem que têm. Poucos levam a sério. ÉTICA E ASSÉDIO MORAL: UMA VISÃO FILOSÓFICA
1 – INTRODUÇÃO O assédio moral nas relações de trabalho é um fenômeno que vem ocorrendo com freqüência, tanto na iniciativa privada quanto nas instituições públicas.
Na verdade, o assédio moral nada mais é do que a imposição aos trabalhadores de situações constrangedoras e vexaminosas, no transcorrer de sua jornada de trabalho, ou mesmo em razão desta, de maneira reiterada e contínua, perfazendo uma relação de submissão, onde há a gradual degradação dos sentimentos internos do trabalhador, em virtude da desestabilização do ambiente de trabalho. Esta relação é mais comum envolvendo posições hierárquicas (chefe x subordinado); mas que também pode ser imposta dentro da própria relação entre pares (colegas de trabalho) e, excepcionalmente na modalidade ascendente (subordinado x chefe).
As repercussões do assédio moral no cotidiano do trabalhador são avassaladoras, gerando danos físicos e psicológicos tão surpreendentes que podem até mesmo resultar na loucura ou morte, tanto por razões clínicas quanto por suicídio. A capacidade laborativa do trabalhador é atingida sobremaneira e, quando este permanece na empresa, esta também é prejudicada, uma vez que um de seus integrantes não possui as condições ideais para continuar realizando sua produção com qualidade.
Importantes pesquisas na área de saúde têm comprovado os efeitos danosos do assédio moral. Em especial podemos referenciar as pesquisas realizadas por Heinz Leymann e Andrea Adams. Mais recentemente destacam-se os trabalhos realizados pela Drª. Marie- France Hirigoyen, autora de duas importantes obras sobre o tema; pela
Drª. Margarida Barreto, que em sua dissertação de mestrado em Psicologia Social, na PUC-SP, entrevistou cerca de 2.0 trabalhadores de 97 grandes indústrias paulistas, que de alguma maneira tinham passado pela experiência do assédio moral; além das pesquisas realizadas pela Organização Internacional do Trabalho, que traz informações alarmantes acerca da saúde mentalno trabalho na Alemanha, EUA, Polônia, Finlândia e Reino Unido. Para se ter uma idéia, em razão principalmente dos danos causados pelo assédio moral nas relações trabalhistas, os Países da União Européia gastam de 3% a 4% de seu PIB com problemas envolvendo a saúde mental dos trabalhadores. Os EUA desembolsam de 30 a 4 milhões de dólares anuais com tratamento da depressão associada aos trabalhadores. Dados alarmantes dão conta que de 10 a 15% dos suicídios ocorridos na Suécia são ocasionados pelo assédio moral.
Uma vez apresentado o problema, ressaltamos que o objetivo do presente trabalho é demonstrar que o assédio moral, muito embora se constituindo um fenômeno inerente ao mundo moderno, produto das políticas neoliberais e psicopatias cotidianas, pode ser explicado dentro de um enfoque filosófico construído há vários séculos atrás. Entender um fenômeno que já estava presente no início das relações de trabalho, mas só recentemente identificado, pois se apresentava em uma sociedade impregnada por outros valores, onde a massa de produção era tida como classe inferior; sob o prisma do pensamento filosófico, é entender quais as motivações que impulsionam o assediador; quais os componentes que trabalham a mente deste e qual o conteúdo ético que é por ele desprezado.
É na filosofia que encontramos respostas para tais indagações.
	que é a Filosofia a não ser imaginar e relatar o óbvio
	mas o óbvio que 
Afinal, as respostas são mais óbvias do que podemos imaginar. Mas, o ninguém havia pensado formuladamente (que me perdoem os filósofos pelo simplismo). Portanto, filosofar é mergulhar no íntimo dos sentimentos e dos fenômenos que nos cercam e extrair deles seu significado mais lógico.
Neste enfoque, utilizaremos o pensamento de um referencial da filosofia: Aristóteles. Pensador nascido em época longínqua (384 a.C.), cuja obra pode explicar de forma perfeita alguns referenciais que envolvem a construção do assédio moral nas relações trabalhistas de nosso mundo do século XXI. Assim sendo, através da análise do pensamento de Aristóteles encontraremos respostas para a ocorrência de um fenômeno que aflige toda sociedade moderna: o assédio moral, especialmente tendo como foco a análise das motivações do assediador.
Buscar no pensamento filosófico explicações para o assédio moral é, em parte, buscar as causas longínquas para tal violência, tendo como enfoque preponderante o conteúdo ético da questão.
Segundo Confúcio, “uma injustiça feita a um só homem é uma ameaça para toda gente” (PESSÔA, 2001, p. 95). Tais ensinamentos demonstram a repercussão no seio da sociedade em relação a determinados atos, mesmo quando cometidos contra uma só pessoa. Assim o é em relação ao assédio moral, direcionado a uma vítima, mas com repercussões sociais devastadoras. Portanto, revelar as motivações que impulsionam o assediador moral a agir, utilizando um referencial filosófico, estabelece significativa relevância ao estudo do fenômeno. Analisar o assediador e entender suas atitudes é um primeiro passo para incrementar o combate ao assédio moral no ambiente de trabalho. 2 – ARISTÓTELES E A ÉTICA VOLTADA PARA A ANÁLISE DO ASSEDIADOR MORAL
Aristóteles teve suas idéias fomentadas no pensamento de Platão, muito embora a partir daí tenha seguido caminhos opostos ao de seu mestre. Com uma ampla produção intelectual, revelando-se um pensador eclético, já que tratou sobre física, ética, política, metafísica, retórica e poesia; Aristóteles formulou toda uma reflexão ética, partindo dos fenômenos que emergiam da Ciência Política, base da Ciência Social. A Ética Aristotélica vê o homem individual essencialmente como um integrante da sociedade, determinando, assim, o seu caráter político, alinhado à Ciência Social.
Com fundamento nesta idéia inicial, podemos perceber que o tema pode ser muito bem adequado aos fenômenos inerentes ao assédio moral nas relações trabalhistas no mundo moderno, também fruto de acontecimentos político-sociais. O homem não pode ser visto somente como um ser individual, que o é; mas também como uma peça formadora da engrenagem da sociedade. Neste contexto, as relações trabalhistas exercem papel preponderante, uma vez que se constituem na “mola mestra” de todo esse sistema, ao lado das relações familiares. A partir desta formulação podemos constatar que todos os acontecimentos que derivam das relações trabalhistas repercutem com grande intensidade na vida do homem, quer sejam eles positivos ou negativos.
O assédio moral, a princípio, traz repercussões extremamente negativas ao homem, repercutindo na seara física, psicológica, social e econômica. Indagar os motivos que levam o assediador a agir de forma tão violenta (uma “violência sutil”) nos remete aos caminhos da ética e da moral. O assediador é essencialmente um indivíduo destituído de ética e de moral. O assediador age por impulsos negativos e sem nenhuma nobreza de caráter, revelando seu lado perverso ao verificar sua vítima sucumbir aos poucos diante de sua iniqüidade.
Com grande propriedade, Marie-France Hirigoyen cita Pierre
Desproges na introdução de sua primeira obra sobre o assunto: “Uma palavra contundente é algo que pode matar ou humilhar, sem que se sujem as mãos. Uma das grandes alegrias da vida é humilhar seus semelhantes.” (HIRIGOYEN, 2002, p. 9)
Poderíamos afirmar que esta é uma visão simplificada do sentimento atroz que domina o assediador. Envolto, portanto, numa obscura crise ética e moral, o assediador é impulsionado a agir. Se analisarmos a construção do pensamento ético de Aristóteles, em especial aquele contido na obra “Ética a Nicômaco”, certamente encontraremos os pontos de ausência que motivam a conduta caracterizadora do assédio moral.
O conteúdo analisado está repleto de designações éticas e morais.
Por óbvio, ética e moral não são sinônimos, muito embora venham a refletir uma mesma mensagem cultural, de vida e de sentimentos:
Ética e moral não são a mesma coisa. A moral explicita-se através de enunciados que dão valor a certas condutas, aprovando-as ou rejeitando-as. A ética é composta de enunciados que são gerados em uma investigação a respeito da validade ou não dos enunciados morais. A ética é, por assim dizer, uma filosofia moral. (GHIRALDELLI JR, 2002)
Na ética aristotélica possui mais valor um cidadão formado nas virtudes, especialmente aquelas relacionadas ao conceito de Justiça, do que as prescrições objetivas estabelecidas pela lei. Quando falamos de assédio moral, desponta um conteúdo ético bastante exacerbado, no qual nos focalizamos para identificar a carência de virtudes que toma conta do assediador. O contexto estabelecido pelas leis, como instrumento de coerção e contenção dos avanços do assédio moral, em que pese os inúmeros projetos de lei sobre o assunto e algum outro punhado de leis, já em vigor, ainda é muito tênue. No entanto, independente da existência de qualquer normatização que tenha por objetivo coibir o assédio moral, as reflexões éticas sobre o problema já posicionam o assediador como o tirano da relação. Este, na visão ética de Aristóteles, estaria destituído das virtudes típicas dos cidadãos de alma nobre, mesmo que suas atitudes não fossem contempladas com uma reprimenda das leis.
O que notamos na evolução atual do fenômeno do assédio moral não é um abandono da tutela legal em relação ao tema. Na Europa, muitas legislações já cuidam dos efeitos do assédio moral, tanto na esfera penal, quanto na esfera da responsabilidade civil. No Brasil, diversos municípios já aprovaram leis voltadas a coibir o assédio moral, especificamente na Administração Pública, tais como: São Paulo, Cascavel, Natal, Americana, Jaboticabal, Guarulhos, Iracemápolis e Sidrolândia, além dos Estados do Rio de Janeiro e Sergipe. Existe, ainda, em tramitação no Congresso Nacional, uma proposta de criminalização do assédio moral, de iniciativa do deputado Marcos de Jesus. Convenhamos que manifestações ainda pouco expressivas, diante dos gigantescos efeitos provocados pelo assédio moral. Portanto, mesmo com a tutela da lei,permanece como tônica o conteúdo ético que circunda o fenômeno.
A Ética aristotélica realiza uma interpretação das ações humanas fundamentadas em análises de meio e de fim, resultando da definição de determinadas práticas humanas onde o conteúdo moral estará relacionado à prática de ações específicas. Tais ações devem ser implementadas não apenas por parecerem corretas aos olhos de quem as pratica, mas porque através dessas ações o homem estará mais próximo do bem. O manipulador do assédio moral é movido por diversas motivações, que variam da inveja ao desejo de poder. Porém, qualquer que seja a motivação, revela um desvirtuamento de caráter; deixa de praticar certas ações que contemplam a ética e a moral, para realizar propósitos mesquinhos e sem nenhum conteúdo de nobreza, afastandose assim da busca e da conquista do bem. Na verdade, todo homem, quer seja ele um tirano ou um santo, busca, da sua forma, alcançar o bem. Ocorre que muitos até desejam serem vistos como homens que praticam o bem, pois isto representa um ponto de admiração aos olhos de seus semelhantes. Quando falamos do assédio moral, talvez o pior dos assediadores seja o que não abre mão das suas condutas iníquas, mas deseja parecer, perante os demais, como aquele que pratica o bem. No entanto, Aristóteles já havia concebido este tipo de perfil, alertando que o simples falar e pensar em relação ao que é bom, não faz com que esse homem seja justo e bom, não o aproxima do bem. Mesmo que para alguns aparentem praticar o bem, sua imagem interior será sempre obscura e nefasta. Se externamente isto o regozija, internamente o faz sofrer. Portanto, por mais que aos olhos da vítima do assédio moral, seu algoz pareça triunfante e feliz, este, no seu íntimo, sofre tanto quanto sua vítima, mesmo que disso não se aperceba.
Aliás, este é um ponto interessante de interseção entre o pensamento ético de Aristóteles e o fenômeno do assédio moral. Isto porque o bem seria o referencial em cujo interesse incidiria todas as ações do homem. Logo, o bem seria a finalidade das ações. O bem supremo é absoluto, sendo desejável em si mesmo e não funcionando como instrumento para se alcançar outros interesses menos nobres.
Aristóteles, em seu livro “Ética a Nicômaco” (1097 b), afirma que esse bem supremo nada mais é do que a felicidade. Através das ações positivas, praticadas num contexto ético e moral, o homem materializa o bem, alcançando a felicidade: (1097 b) Ora, parece que a felicidade, acima de qualquer outra coisa, é considerada como esse sumo bem. Ela é buscada sempre por si mesma e nunca no interesse de outra coisa; enquanto que a honra, o prazer, a razão, e todas as demais virtudes, ainda que as escolhamos por si mesmas (visto que as escolheríamos mesmo que nada dela resultasse), fazemos isso no interesse da felicidade, pensando que por meio dela seremos felizes. Mas a felicidade, ninguém a escolhe tendo em vista alguma outra virtude, nem, de uma forma geral, qualquer coisa além dela própria.
Ressalte-se, no entanto, que estamos nos referindo à verdadeira felicidade, aquela que abranda almas e corações, e não à pseudofelicidade, que advém de conquistas e atitudes que massacram o semelhante e determinam um mórbido prazer ao algoz. É nesta posição que se encontra aquele que implementa o assédio moral. É um infeliz, pois busca a felicidade com instrumentos equivocados e atitudes desvirtuadas. Experimenta de um prazer perverso, imaginando erroneamente que conseguiu a felicidade. No entanto, sendo a felicidade uma manifestação perfeita, que torna a vida desejável e destituída de qualquer carência, por óbvio que o assediador não a terá conquistado, uma vez que repetirá, certamente, sua conduta agressiva e tirânica, fazendo outras vítimas.
Detectamos, portanto, o estado em que verdadeiramente se encontram aqueles que protagonizam no pólo ativo o assédio moral: a infelicidade. Certamente procuram na opressão, àqueles que se encontram hierarquicamente num patamar inferior, suprir carências e traumas suportados em suas vidas, tanto no contexto pessoal, quanto no contexto profissional. Com o assédio moral, sentem-se poderosos, inatingíveis, donos do destino de seus semelhantes. No entanto, Aristóteles, referindo-se à prática da atividade virtuosa, já alertava (“Ética a Nicômaco” - [1099 a]):
E do mesmo modo como nos Jogos Olímpicos não são os homens mais belos e os mais fortes que conquistam a coroa, mas os que competem (pois é no meio destes que surgirão os vencedores), assim também as coisas nobres e boas da vida só são conquistadas pelos que agem retamente.
Portanto, sendo a vida desencadeada com base em atitudes virtuosas, será aprazível por si mesma, sendo o prazer um estado próprio da alma. Aristóteles afirma que “para cada homem é agradável aquilo que ama...”, mas não somente as coisas relacionadas à matéria ou aos prazeres materiais, como também a prática da justiça e da virtude. No entanto, adverte que somente ao término de uma vida reta o homem poderá dizer-se feliz. Enquanto vive na virtude, o homem estará construindo sua felicidade, mesmo quando se defronta com grandes percalços em sua vida. É neste ponto que o homem de bem revela seu caráter, pois a nobreza de sentimentos é melhor perceptível diante dos grandes reveses que a vida impõe. Neste ponto podemos questionar: em que se relaciona este raciocínio com o assédio moral? Ora, uma vez definido que o assediador é um ser humano infeliz, que utiliza o assédio moral para suprir carências da alma, provocadas por experiências traumáticas, podemos concluir ainda que o assediador é um fraco, pois não utilizou as experiências negativas em sua vida como instrumento solidificador de seu caráter, mas sim se deixou corromper e dominar por suas fraquezas e pela prepotência.
Certo é que a virtude moral é decorrente do hábito e não da natureza do ser humano. É o exercício contumaz da virtude moral que arraigará no homem o seu espectro, posto que o hábito não modifica a natureza. Portanto, a prática da virtude moral, que conduz o homem à verdadeira felicidade, não nasce com ele, mas é construída a partir de condutas positivas reiteradas. Não basta uma atitude virtuosa isolada para determinar o alcance do bem, mas sim fazer desta um estilo de vida. O assediador moral, via de regra, segue caminho contrário ao pregado pela Ética aristotélica; pois faz das atitudes nefastas e prepotentes seu modo de vida, mesmo que eventualmente pratique algumas atitudes virtuosas, que por serem escassas estarão longe de conduzi-lo à felicidade.
O assediador moral é um ser humano que perdeu, ou nunca teve, o sentido de equilíbrio (mediania). Geralmente, ao analisarmos a conduta e as motivações do assediador, poderemos detectar um perfil que se aproxima dos extremos. Quando afirmamos que o assediador é, antes de tudo, um fraco, não falamos sem razão. Duas virtudes enunciadas por Aristóteles estão relacionadas a esta característica do assediador: a coragem e a temperança. No pensamento de Aristóteles (“Ética a Nicômaco” [1104 a/20]) podemos identificar o perfil do assediador, que se entrega aos extremos, gerando reprimendas internas que são exteriorizadas através do assédio moral, como uma espécie de válvula de escape:
O homem que tem medo de tudo e de tudo foge, não enfrentando nada, torna-se um covarde; e de outro lado, o homem que não teme absolutamente nada e enfrenta todos os perigos, torna-se temerário. De modo análogo, o homem que se entrega a todos os prazeres e não se abstém de nenhum torna-se intemperante, ao passo que o homem que evita todos os prazeres, como fazem os rústicos, torna-se de certo modo insensível.
Ora, basta analisar o perfil de cada um dos assediadores que certamente identificaremos uma das características acima definidas. São pessoas ligadas aos extremos, que não conseguem definir equilíbrio em suas relações de vida. Ou é um covarde que, acomodado em seu cargo, não se lança em projetos de vanguarda, ficando a temer a ascensão de outros companheiros (que geralmente se tornam vítimas do assédio moral),que podem com mais competência vir a conquistar seu cargo ou mesmo um lugar de mais destaque; ou, da mesma forma, é um covarde porque foge de seus próprios preconceitos ou invés de lutar contra eles e dominá-los. Desta modalidade de covardia surge o assédio moral provocado por motivações racistas (cor, religião, raça etc). Do outro lado encontramos a pessoa extremamente voluntariosa, que nada teme, enfrentando todos os perigos de forma temerária, sem ponderações. Estes são os assediadores impulsionados pelo desejo de eliminar qualquer tipo de obstáculo ou problema em seu caminho. Não tenta contorná-los, nem tampouco resolvê-los; não auxilia ao subordinado que está envolvido na questão; simplesmente opta por eliminar o problema. O instrumento para concretizar tal intento, não raras as vezes, é o assédio moral. Muitas vezes encontramos um trabalhador que passou por problemas envolvendo sua saúde ou de pessoa da família, perda de entes queridos, perdas financeiras, dentre outras, que necessitam de apoio, respeito e compreensão. O assediador moral temerário sente-se incomodado em ter que administrar tais problemas que, por evidente, afetam o bom desenvolvimento do trabalho podendo colocar seu negócio ou seu cargo em xeque. Portanto, para atingir seus objetivos, prefere eliminar o problema a solucioná-lo. Nesse jogo, acaba por destruir a vida de sua vítima, já fragilizada pelas próprias vicissitudes do cotidiano pessoal, ainda se vê obrigado a suportar uma carga de humilhações no trabalho. Tais vítimas, em especial, são aquelas com maior propensão ao suicídio. A intemperança também figura como uma característica peculiar de determinado tipo de assediador moral. Tal indivíduo se entrega totalmente a qualquer tipo de prazer, sem realizar ponderações. Quando o prazer está relacionado a qualquer fator do ambiente de trabalho ou até mesmo relacionado à vítima do assédio, o assediador tudo faz para alcançar ou preservar o seu objeto de prazer. Não raramente este tipo de assédio moral configura-se em um momento posterior ao que poderia ser um assédio sexual. Quando o objeto de prazer está concentrado em um trabalhador, poderia o assediador valerse de sua posição para compeli-lo a ceder a seus intentos românticos, caso tenha sido repelido. No entanto, esse tipo de intemperante, via de regra, é um covarde. Sequer possui a “coragem” para capitanear um assédio sexual. Mas, passa a fomentar, com base em seu desejo de vingança por não ter sido aceito, uma série de perseguições e humilhações, muitas delas veladas, protagonizando, assim, o assédio moral. Por outro lado, o assediador moral também pode apresentar um perfil contrário ao do intemperante, rejeitando todo e qualquer tipo de prazer. Esse tipo de indivíduo fica extremamente incomodado quando percebe que seus subordinados estão experimentando de qualquer espécie de prazer. Ficam indignados com a alegria do semelhante, não suportando constatar que alguém com menos expressão profissional possa experimentar da alegria e do prazer que ele ao fundo deseja, mas não consegue alcançar porque se deixa dominar pela repressão interior. Para este tipo de pessoa é inadmissível a alegria do subordinado por ter ido a um baile, a uma festa, praticado esportes, viajado, tomado uma cerveja ou mesmo por ter brincado com um filho. Isto tudo constrói um desejo oculto de vingança, que é implementado através do assédio moral.
De uma forma ou de outra, qualquer que seja o perfil do assediador, tudo converge para uma mesma constatação: é ele um fraco, porque demonstrou ser incapaz de construir sua própria felicidade, deixando de praticar atitudes que o conduziriam à conquista do bem.
Tal realidade demonstra que Aristóteles estava correto quando afirmou que “a virtude deve ter a qualidade de visar ao meio-termo” (“Ética a Nicômaco” - [1106 b/15)]). Isto porque a virtude moral está relacionada com as paixões e ações; portanto, qualquer desvirtuamento do sentido de equilíbrio, quer seja por excesso ou por carência, resultará no desvirtuamento do próprio sentido da virtude, que pode ser materializado de diversas formas, inclusive, conforme acima relatado, pelo assédio moral. Portanto, muitas são as maneiras de se chegar ao erro, mas somente uma de atingir o acerto. O excesso e a carência conduzem ao erro, uma vez que são dois vícios, mas a mediania introduz a virtude moral. Ao assediador moral falta exatamente este sentido de equilíbrio, posto que sempre é pessoa ligada aos extremos. Logo, não existe virtude ou equilíbrio em relação às paixões e atos extremados. Ressalte-se, no entanto, que a mediania que determina a virtude, não é exatamente a posição central entre os extremos, mas sim a posição de equilíbrio. Logo, a coragem, que representa uma das medianias da virtude, está bem mais próxima do extremo temerário, que do extremo covarde.
Outro ponto de apoio relacionado à análise do caráter do assediador moral reside na contraposição deste ao conceito aristotélico de magnanimidade. Aristóteles assim descreveu tal característica, em “Ética a Nicômaco” - [1123 b]:
Chamamos magnânimo o homem que se considera digno de grandes coisas e está à altura delas; pois aquele que se arroga uma dignidade da qual não está a altura é um tolo, e nenhum homem virtuoso é tolo ou ridículo.
Portanto, podemos aí verificar mais uma característica do assediador moral. Geralmente considera-se digno de grandes realizações e grandes homenagens, enxergando-se como alguém acima do bem e do mal, mesmo que a função a qual ocupe não seja de tanta relevância no contexto da empresa. Com base nesta falsa percepção o indivíduo passa a subjugar seus subordinados e em relação àqueles que mais o incomodam, por diversos motivos já expostos, passa a gerar o assédio moral, como instrumento de afirmação de sua “grandiosidade”. Na verdade, este tipo de assediador, o qual, sem dúvida, a maioria dos trabalhadores bem conhece, nada mais é do que um tolo, um ridículo, encarcerado em um mundo irreal, algemado em valores pífios, prepotentes e imaginários. Como todos os assediadores, é um covarde, um fraco, que utiliza uma relação funcional para, através de uma violência perversa, minar seus subordinados e os levarem a uma situação de desqualificação e desestabilização emocional em relação à organização e ambiente de trabalho, determinando, assim, conseqüências físicas, psicológicas, sociais e financeiras terríveis, que podem até mesmo conduzir a vítima à morte.
Segundo a Ética aristotélica, a honra é a finalidade de todas as virtudes. Se o homem virtuoso é conduzido ao bem, logicamente é também um homem honrado. O assediador moral é destituído da virtude moral, não busca o bem na sua essência, sendo, portanto, um homem sem honra. A honra é o maior de todos os bens exteriores, sendo ela o prêmio dos virtuosos, somente concedido aos bons. Já a magnanimidade é o ápice das virtudes; no entanto, não é possível ser verdadeiramente magnânimo sem ser detentor de um caráter bom e nobre. Daí confirmarmos ser o assediador moral também é destituído da magnanimidade; mesmo porque o magnânimo age sempre com justiça, fator este completamente ausente no assédio moral. Sendo assim, o magnânimo relaciona-se com a honra em grande escala, enquanto que o vaidoso e prepotente ignora a si mesmo, buscando a honra sem merecêla. Esta faceta pode ser atribuída a grande parte dos assediadores, uma vez que o produto de suas atitudes é reflexo de seu caráter vaidoso e prepotente.
Na verdade, o assediador moral, em relação ao desejo da honra, pode apresentar características extremas, quer desejando-a em demasia e buscando-a em fontes distorcidas, quer a rejeitando até mesmo quando merecida. Conforme já nos referenciamos, os extremos constituem o vício. O indivíduo pode protagozinar o assédio moral motivado pela ambição desmedida, acreditando que sua vítima é um obstáculo a seu acesso ou manutenção em relação ao poder. Isto porque confunde honra com poder. Assim, aniquilando o obstáculo imagina estar mais próximo da honra. No entanto, aquele destituído de qualquertipo de ambição em relação à honra pode se transformar também num assediador, na medida em que, aprisionado em um falso conceito de humildade, vê a ascensão de um subordinado como um fator de ameaça a sua função, que é para ele seu “porto seguro”. Assim, utiliza-se da relação hierárquica para desestabilizar o subordinado perante o ambiente de trabalho. Muito embora possa parecer exagerado estabelecer tais características em relação ao assediador moral, se realizarmos uma análise profunda das motivações e do caráter comportamental de tal indivíduo, poderemos verificar a pertinência dessa afirmação. É possível, então, em se tratando de ambição, imaginar-se que difícil é encontrar um ponto de equilíbrio ideal, mas Aristóteles tem a resposta (“Ética a Nicômaco - [1125 b]):
Mas onde há excesso e falta, há também um meio-termo. Ora, os homens desejam a honra tanto mais do que devem, como também menos do que devem; portanto, é possível desejá-la também como se deve.
Se o indivíduo que com sua conduta produz o assédio moral, motivado pela ambição ou falta de ambição, encontrasse a medida correta e equilibrada do desejo de honra, certamente não mais agiria de forma a massacrar seu subordinado, pois estaria destituído do propulsor de sua atitude desvirtuada.
Quando Aristóteles trata do problema da cólera, destina esta a vários tipos de pessoas. Dependendo do perfil de cada uma, pode a cólera ser positiva (quando tomada por uma causa justa); negativa, mas de efeitos rápidos (quando tomada pelos irascíveis, que se encolerizam com facilidade com pessoas e coisas erradas, mas também cessam tal estado com rapidez) e negativa, mas com efeitos duradouros. Destas categorias, a que se encaixa perfeitamente no perfil de determinado grupo de assediadores morais é, sem dúvida, a última. Atribuída às pessoas rancorosas, encolerizam-se com facilidade, alimentando-se de situações geralmente de somenos importância, mas que de alguma forma atingem seu ego. O protagonista de tal “ofensa” é um subordinado nas relações trabalhistas, geralmente porque de alguma forma mereceu elogios de outros superiores, destacou-se em determinado trabalho mais que o assediador ou mesmo ousou discordar de seu algoz. Estas meras ocorrências, sem importância pela sua própria natureza, não raras as vezes geram a cólera por parte do assediador que, envolto por todos os desvirtuamentos de caráter aqui já relacionados, é impulsionado a dar início às humilhações no ambiente de trabalho, sempre valendo-se de sua ascendência hierárquica em relação à vítima. O assédio moral, neste contexto, funciona como instrumento de afirmação do assediador, além de proporcionar-lhe a “válvula de escape” que precisa para retornar à normalidade. Permitimo-nos transcrever precisa abordagem de Aristóteles acerca do perfil desse tipo de indivíduo (“Ética a Nicômaco - [1126 a/20-25]):
As pessoas rancorosas são difíceis de apaziguar e conservam por mais tempo a sua cólera, uma vez que a reprimem; porém a cólera se dissipa quando revidam, pois a vingança os alivia, substituindo-lhes a dor pelo prazer. Se não revidam, continuarão a carregar o fardo do ressentimento, pois como sua cólera não é visível, ninguém pensa em apaziguá-las, e digerir a cólera sozinho é coisa que leva muito tempo. Esse tipo de pessoa causa grandes incômodos a si mesma e a seus amigos mais próximos. Chamamos de mal-humorados aqueles que se encolerizam com o que não devem, mais do que devem e durante mais tempo, e não podem ser apaziguados enquanto não se vingam.
E finalmente chegamos ao último ponto de análise a que se propõe o presente trabalho: os conceitos de justiça e injustiça construídos pelo pensamento ético de Aristóteles, como interseção ao fenômeno do assédio moral.
Aristóteles adotou, como base geral, a seguinte definição de justo e injusto (“Ética a Nicômaco - [1129 a]): ...a justiça é aquela disposição de caráter que torna as pessoas propensas a fazer o que é justo, que as faz agir justamente e a desejar o que é justo; e de modo análogo, a injustiça é a disposição que leva as pessoas a agir injustamente e a desejar o que é injusto.
A Justiça, neste enfoque, é considerada a maior das virtudes, posto que representa a virtude como um todo, pois incide sobre quem a pratica e sobre o semelhante. Portanto, o justo é um seguidor das leis, sendo um homem probo. O injusto desconsidera a lei, sendo um homem ímprobo, representando o vício também como um todo. Não se pode falar em virtude se a atitude é injusta. Logo, o homem injusto é, por essência, ganancioso, estando esta questão relacionada, por evidente, com os bens. Mas, não são todos os bens que influenciam nas atitudes injustas, mas particularmente aqueles relacionados à prosperidade e a adversidade. É neste ponto que buscamos a compreensão da conduta que envolve o assédio moral. Ganância e vaidade são impulsionadores constantes do assédio moral. As atitudes do assediador são essencialmente injustas, porque destituídas de qualquer conteúdo legal ou moral. Sendo os atos injustos atribuídos a alguma espécie de maldade, concluímos que o assediador, antes de tudo, é um injusto, não se constituindo somente num indivíduo que deixa de buscar o bem, mas sendo aquele que consagra a maldade.
Desta forma, o assediador age voluntariamente tomado por uma deficiência moral, produzindo a injustiça, quer seja o assédio moral. Conhece ele muito bem seus objetivos, não ignora a vítima, nem tampouco o instrumento utilizado e o fim a ser alcançado. Portanto, o assediador age de forma injusta por escolha e não por ignorância. Conforme já revelamos, muitas são as motivações que impulsionam o agir no assédio moral. Todas essa motivações demonstram uma fraqueza de caráter, um desvirtuamento no conteúdo ético e moral do assediador. Todo seu conjunto de ações desponta desprovido da virtude, divorciado da busca pelo bem, consagrador da injustiça.
Portanto, é esta a realidade que se esconde nas atitudes de um assediador moral. Antes de tudo é ele um fraco, um covarde, que não soube ponderar os valores de sua existência e necessita utilizar-se da iniqüidade para subjugar aqueles que se encontram em um patamar hierárquico subordinado, nas relações trabalhistas. Evidentemente, o assediador moral também revela sua faceta perversa em outros segmentos de sua vida. Porém, encontra terreno mais propício aos seus intentos nas relações de trabalho que encerra com suas vítimas.
A solução para tão grave problema que aflige a sociedade globalizada está na criação de instrumentos de coerção e reprimenda aos assediadores, quer seja responsabilizando-os criminalmente, quer seja desenvolvendo um sistema de responsabilidade civil e administrativa, que os faça sentir no aspecto financeiro e de sua vaidade pessoal a repercussão pelos atos nefastos que cometeu. Importante também estabelecer a visibilidade social do fenômeno, esclarecendo a massa trabalhadora a respeito do assédio moral e de suas conseqüências danosas a toda sociedade.
Poderíamos sintetizar todo pensamento aqui desenvolvido com as singelas palavras do Papa Gregório XIII:
Amai a justiça e odiai a iniqüidade. (PESSÔA, 2001, p. 96)
3 – CONCLUSÃO Por intermédio da análise de fragmentos do pensamento ético de
Aristóteles, revelado na obra “Ética a Nicômaco”, pretendemos traçar um paralelo com um dos fenômenos relacionados às relações de trabalho que mais vem afligindo a sociedade moderna: o assédio moral no ambiente de trabalho.
O enfoque foi direcionado às atitudes e motivações típicas do assediador moral, revelando distorções e desvirtuamento de caráter, que servem para explicar a conduta que envolve o assédio moral, muitas vezes não entendida pela própria vítima.
A busca incessante pelo bem deve ser o objetivo de cada indivíduo em sua existência. Quando não se está alinhado a este pensamento universal, as atitudes acabam por ser destituídas de virtude, o que provoca um sério abalo no conteúdo ético e moral do ser humano. Os efeitos dessa realidade podem ser sentidos em diversas searas. Especialmente tratamos darepercussão desse desvirtuamento nas relações de trabalho, que vem capitaneando o assédio moral. No entanto, a repercussão transcende os limites da relação trabalhista, uma vez que atinge a saúde física e psíquica da vítima, alastrando-se em relação a seus familiares, afetando a convivência social e suas condições financeiras, sendo que muitas vezes direciona o trabalhador à loucura ou, até mesmo, à morte (por suicídio ou por moléstias derivadas do problema).
O interessante, ao se abordar o problema sob o enfoque proposto, é verificar como pensamento de Aristóteles alastrou-se pelos séculos, sendo capaz de explicar condutas que envolvem um fenômeno atual. Mas, isto é plenamente explicável, pois estamos analisando condutas de indivíduos. Estes permanecem com suas virtudes e vícios, qualquer que seja o tempo em que viveram. Obviamente os valores tendem a variar de acordo com a época; mas existem valores atribuídos ao caráter do ser humano que são invariáveis. São justamente esses valores que são tocados pelo assédio moral. Portanto, nada mais atual que o pensamento ético de Aristóteles.
Com o presente trabalho não encontramos a solução acabada para o problema, e nem essa foi nossa intenção. No entanto, pretendemos provocar uma reflexão em relação ao desvirtuamento dos valores, que acabam por impulsionar o indivíduo a implementar o assédio moral. Assim, apontando tal faceta, é possível que muitos assediadores sejam chamados à consciência e acabem por reconstruir o seu caráter e seus valores; quer seja pela profunda reflexão, quer seja pela contrapartida determinada pela Justiça, indenizando substancialmente a vítima pelas conseqüências determinadas pelo assédio moral. Direito e Filosofia se unem em busca da prevenção e repressão do “psicoterror laboral”.
“Tu és justo, tu és um homem bom” Teognis
2 Princípios e Valores Éticos
Difundindo princípios e conceitos éticos Rotary Club de São Paulo-Pacaembu, D.4610, desenvolveu no ano rotário 2003-04 um projeto de difusão de princípios e conceitos éticos. O projeto procura responder a uma das frases mais relevantes de Paul Harris: “O Rotary continuará a ser caridoso, mas pode fazer mais do que isso: façamos com que o Rotary extermine a causa que faz necessária a caridade”. A que se referia Paul Harris? Após profunda reflexão, por vários caminhos, surgiu a resposta: a maior vivência dos preceitos éticos. Assim nasceu a idéia do projeto. O primeiro passo foi a escolha de conceitos simples, de fácil mas ampla aplicação, e profundos em sua essência. Resultou na escolha dos princípios da universalidade e do respeito enunciados por Emmanuel Kant.
Princípios da universalidade e do respeito de Kant
Princípio da Universalidade: quando você quiser saber se uma ação é ética ou não, suponha que essa ação se tornará um padrão universal de comportamento, ou seja, a partir de agora, esse será o modelo de comportamento. Imagine, então, todos agindo dessa forma.
Se não gostar de viver numa sociedade com todas as pessoas agindo dessa forma, pode-se concluir que a ação em questão não é ética.
Em resumo, a pergunta é: e se todos agissem assim? Princípio do
Respeito: todo ser humano deve ser considerado como um fim em si mesmo. Os aspectos que mais caracterizam o Princípio do Respeito são: • Não negar informações pertinentes e
Poderíamos afirmar que esta é uma visão simplificada do sentimento atroz que domina o assediador. Envolto, portanto, numa obscura crise ética e moral, o assediador é impulsionado a agir. Se analisarmos a construção do pensamento ético de Aristóteles, em especial aquele contido na obra “Ética a Nicômaco”, certamente encontraremos os pontos de ausência que motivam a conduta caracterizadora do assédio moral.
O conteúdo analisado está repleto de designações éticas e morais.
Por óbvio, ética e moral não são sinônimos, muito embora venham a refletir uma mesma mensagem cultural, de vida e de sentimentos:
Ética e moral não são a mesma coisa. A moral explicita-se através de enunciados que dão valor a certas condutas, aprovando-as ou rejeitando-as. A ética é composta de enunciados que são gerados em uma investigação a respeito da validade ou não dos enunciados morais. A ética é, por assim dizer, uma filosofia moral. (GHIRALDELLI JR, 2002)
Na ética aristotélica possui mais valor um cidadão formado nas virtudes, especialmente aquelas relacionadas ao conceito de Justiça, do que as prescrições objetivas estabelecidas pela lei. Quando falamos de assédio moral, desponta um conteúdo ético bastante exacerbado, no qual nos focalizamos para identificar a carência de virtudes que toma conta do assediador. O contexto estabelecido pelas leis, como instrumento de coerção e contenção dos avanços do assédio moral, em que pese os inúmeros projetos de lei sobre o assunto e algum outro punhado de leis, já em vigor, ainda é muito tênue. No entanto, independente da existência de qualquer normatização que tenha por objetivo coibir o assédio moral, as reflexões éticas sobre o problema já posicionam o assediador como o tirano da relação. Este, na visão ética de Aristóteles, estaria destituído das virtudes típicas dos cidadãos de alma nobre, mesmo que suas atitudes não fossem contempladas com uma reprimenda das leis.
O que notamos na evolução atual do fenômeno do assédio moral não é um abandono da tutela legal em relação ao tema. Na Europa, muitas legislações já cuidam dos efeitos do assédio moral, tanto na esfera penal, quanto na esfera da responsabilidade civil. No Brasil, diversos municípios já aprovaram leis voltadas a coibir o assédio moral, especificamente na Administração Pública, tais como: São Paulo, Cascavel, Natal, Americana, Jaboticabal, Guarulhos, Iracemápolis e Sidrolândia, além dos Estados do Rio de Janeiro e Sergipe. Existe, ainda, em tramitação no Congresso Nacional, uma proposta de criminalização do assédio moral, de iniciativa do deputado Marcos de Jesus. Convenhamos que manifestações ainda pouco expressivas, diante dos gigantescos efeitos provocados pelo assédio moral. Portanto, mesmo com a tutela da lei, permanece como tônica o conteúdo ético que circunda o fenômeno.
A Ética aristotélica realiza uma interpretação das ações humanas fundamentadas em análises de meio e de fim, resultando da definição de determinadas práticas humanas onde o conteúdo moral estará relacionado à prática de ações específicas. Tais ações devem ser implementadas não apenas por parecerem corretas aos olhos de quem as pratica, mas porque através dessas ações o homem estará mais próximo do bem. O manipulador do assédio moral é movido por diversas motivações, que variam da inveja ao desejo de poder. Porém, qualquer que seja a motivação, revela um desvirtuamento de caráter; deixa de praticar certas ações que contemplam a ética e a moral, para realizar propósitos mesquinhos e sem nenhum conteúdo de nobreza, afastandose assim da busca e da conquista do bem. Na verdade, todo homem, quer seja ele um tirano ou um santo, busca, da sua forma, alcançar o bem. Ocorre que muitos até desejam serem vistos como homens que praticam o bem, pois isto representa um ponto de admiração aos olhos de seus semelhantes. Quando falamos do assédio moral, talvez o pior dos assediadores seja o que não abre mão das suas condutas iníquas, mas deseja parecer, perante os demais, como aquele que pratica o bem. No entanto, Aristóteles já havia concebido este tipo de perfil, alertando que o simples falar e pensar em relação ao que é bom, não faz com que esse homem seja justo e bom, não o aproxima do bem. Mesmo que para alguns aparentem praticar o bem, sua imagem interior será sempre obscura e nefasta. Se externamente isto o regozija, internamente o faz sofrer. Portanto, por mais que aos olhos da vítima do assédio moral, seu algoz pareça triunfante e feliz, este, no seu íntimo, sofre tanto quanto sua vítima, mesmo que disso não se aperceba.
Aliás, este é um ponto interessante de interseção entre o pensamento ético de Aristóteles e o fenômeno do assédio moral. Isto porque o bem seria o referencial em cujo interesse incidiriatodas as ações do homem. Logo, o bem seria a finalidade das ações. O bem supremo é absoluto, sendo desejável em si mesmo e não funcionando como instrumento para se alcançar outros interesses menos nobres.
Aristóteles, em seu livro “Ética a Nicômaco” (1097 b), afirma que esse bem supremo nada mais é do que a felicidade. Através das ações positivas, praticadas num contexto ético e moral, o homem materializa o bem, alcançando a felicidade: (1097 b) Ora, parece que a felicidade, acima de qualquer outra coisa, é considerada como esse sumo bem. Ela é buscada sempre por si mesma e nunca no interesse de outra coisa; enquanto que a honra, o prazer, a razão, e todas as demais virtudes, ainda que as escolhamos por si mesmas (visto que as escolheríamos mesmo que nada dela resultasse), fazemos isso no interesse da felicidade, pensando que por meio dela seremos felizes. Mas a felicidade, ninguém a escolhe tendo em vista alguma outra virtude, nem, de uma forma geral, qualquer coisa além dela própria.
Ressalte-se, no entanto, que estamos nos referindo à verdadeira felicidade, aquela que abranda almas e corações, e não à pseudofelicidade, que advém de conquistas e atitudes que massacram o semelhante e determinam um mórbido prazer ao algoz. É nesta posição que se encontra aquele que implementa o assédio moral. É um infeliz, pois busca a felicidade com instrumentos equivocados e atitudes desvirtuadas. Experimenta de um prazer perverso, imaginando erroneamente que conseguiu a felicidade. No entanto, sendo a felicidade uma manifestação perfeita, que torna a vida desejável e destituída de qualquer carência, por óbvio que o assediador não a terá conquistado, uma vez que repetirá, certamente, sua conduta agressiva e tirânica, fazendo outras vítimas.
Detectamos, portanto, o estado em que verdadeiramente se encontram aqueles que protagonizam no pólo ativo o assédio moral: a infelicidade. Certamente procuram na opressão, àqueles que se encontram hierarquicamente num patamar inferior, suprir carências e traumas suportados em suas vidas, tanto no contexto pessoal, quanto no contexto profissional. Com o assédio moral, sentem-se poderosos, inatingíveis, donos do destino de seus semelhantes. No entanto, Aristóteles, referindo-se à prática da atividade virtuosa, já alertava (“Ética a Nicômaco” - [1099 a]):
E do mesmo modo como nos Jogos Olímpicos não são os homens mais belos e os mais fortes que conquistam a coroa, mas os que competem (pois é no meio destes que surgirão os vencedores), assim também as coisas nobres e boas da vida só são conquistadas pelos que agem retamente.
Portanto, sendo a vida desencadeada com base em atitudes virtuosas, será aprazível por si mesma, sendo o prazer um estado próprio da alma. Aristóteles afirma que “para cada homem é agradável aquilo que ama...”, mas não somente as coisas relacionadas à matéria ou aos prazeres materiais, como também a prática da justiça e da virtude. No entanto, adverte que somente ao término de uma vida reta o homem poderá dizer-se feliz. Enquanto vive na virtude, o homem estará construindo sua felicidade, mesmo quando se defronta com grandes percalços em sua vida. É neste ponto que o homem de bem revela seu caráter, pois a nobreza de sentimentos é melhor perceptível diante dos grandes reveses que a vida impõe. Neste ponto podemos questionar: em que se relaciona este raciocínio com o assédio moral? Ora, uma vez definido que o assediador é um ser humano infeliz, que utiliza o assédio moral para suprir carências da alma, provocadas por experiências traumáticas, podemos concluir ainda que o assediador é um fraco, pois não utilizou as experiências negativas em sua vida como instrumento solidificador de seu caráter, mas sim se deixou corromper e dominar por suas fraquezas e pela prepotência.
Certo é que a virtude moral é decorrente do hábito e não da natureza do ser humano. É o exercício contumaz da virtude moral que arraigará no homem o seu espectro, posto que o hábito não modifica a natureza. Portanto, a prática da virtude moral, que conduz o homem à verdadeira felicidade, não nasce com ele, mas é construída a partir de condutas positivas reiteradas. Não basta uma atitude virtuosa isolada para determinar o alcance do bem, mas sim fazer desta um estilo de vida. O assediador moral, via de regra, segue caminho contrário ao pregado pela Ética aristotélica; pois faz das atitudes nefastas e prepotentes seu modo de vida, mesmo que eventualmente pratique algumas atitudes virtuosas, que por serem escassas estarão longe de conduzi-lo à felicidade.
O assediador moral é um ser humano que perdeu, ou nunca teve, o sentido de equilíbrio (mediania). Geralmente, ao analisarmos a conduta e as motivações do assediador, poderemos detectar um perfil que se aproxima dos extremos. Quando afirmamos que o assediador é, antes de tudo, um fraco, não falamos sem razão. Duas virtudes enunciadas por Aristóteles estão relacionadas a esta característica do assediador: a coragem e a temperança. No pensamento de Aristóteles (“Ética a Nicômaco” [1104 a/20]) podemos identificar o perfil do assediador, que se entrega aos extremos, gerando reprimendas internas que são exteriorizadas através do assédio moral, como uma espécie de válvula de escape:
O homem que tem medo de tudo e de tudo foge, não enfrentando nada, torna-se um covarde; e de outro lado, o homem que não teme absolutamente nada e enfrenta todos os perigos, torna-se temerário. De modo análogo, o homem que se entrega a todos os prazeres e não se abstém de nenhum torna-se intemperante, ao passo que o homem que evita todos os prazeres, como fazem os rústicos, torna-se de certo modo insensível.
Ora, basta analisar o perfil de cada um dos assediadores que certamente identificaremos uma das características acima definidas. São pessoas ligadas aos extremos, que não conseguem definir equilíbrio em suas relações de vida. Ou é um covarde que, acomodado em seu cargo, não se lança em projetos de vanguarda, ficando a temer a ascensão de outros companheiros (que geralmente se tornam vítimas do assédio moral), que podem com mais competência vir a conquistar seu cargo ou mesmo um lugar de mais destaque; ou, da mesma forma, é um covarde porque foge de seus próprios preconceitos ou invés de lutar contra eles e dominá-los. Desta modalidade de covardia surge o assédio moral provocado por motivações racistas (cor, religião, raça etc). Do outro lado encontramos a pessoa extremamente voluntariosa, que nada teme, enfrentando todos os perigos de forma temerária, sem ponderações. Estes são os assediadores impulsionados pelo desejo de eliminar qualquer tipo de obstáculo ou problema em seu caminho. Não tenta contorná-los, nem tampouco resolvê-los; não auxilia ao subordinado que está envolvido na questão; simplesmente opta por eliminar o problema. O instrumento para concretizar tal intento, não raras as vezes, é o assédio moral. Muitas vezes encontramos um trabalhador que passou por problemas envolvendo sua saúde ou de pessoa da família, perda de entes queridos, perdas financeiras, dentre outras, que necessitam de apoio, respeito e compreensão. O assediador moral temerário sente-se incomodado em ter que administrar tais problemas que, por evidente, afetam o bom desenvolvimento do trabalho podendo colocar seu negócio ou seu cargo em xeque. Portanto, para atingir seus objetivos, prefere eliminar o problema a solucioná-lo. Nesse jogo, acaba por destruir a vida de sua vítima, já fragilizada pelas próprias vicissitudes do cotidiano pessoal, ainda se vê obrigado a suportar uma carga de humilhações no trabalho. Tais vítimas, em especial, são aquelas com maior propensão ao suicídio. A intemperança também figura como uma característica peculiar de determinado tipo de assediador moral. Tal indivíduo se entrega totalmente a qualquer tipo de prazer, sem realizar ponderações. Quando o prazer está relacionado a qualquer fator do ambiente de trabalho ou até mesmo relacionado à vítima do assédio, o assediador tudo faz para alcançar ou preservar o seu objeto de prazer. Não raramente este tipode assédio moral configura-se em um momento posterior ao que poderia ser um assédio sexual. Quando o objeto de prazer está concentrado em um trabalhador, poderia o assediador valerse de sua posição para compeli-lo a ceder a seus intentos românticos, caso tenha sido repelido. No entanto, esse tipo de intemperante, via de regra, é um covarde. Sequer possui a “coragem” para capitanear um assédio sexual. Mas, passa a fomentar, com base em seu desejo de vingança por não ter sido aceito, uma série de perseguições e humilhações, muitas delas veladas, protagonizando, assim, o assédio moral. Por outro lado, o assediador moral também pode apresentar um perfil contrário ao do intemperante, rejeitando todo e qualquer tipo de prazer. Esse tipo de indivíduo fica extremamente incomodado quando percebe que seus subordinados estão experimentando de qualquer espécie de prazer. Ficam indignados com a alegria do semelhante, não suportando constatar que alguém com menos expressão profissional possa experimentar da alegria e do prazer que ele ao fundo deseja, mas não consegue alcançar porque se deixa dominar pela repressão interior. Para este tipo de pessoa é inadmissível a alegria do subordinado por ter ido a um baile, a uma festa, praticado esportes, viajado, tomado uma cerveja ou mesmo por ter brincado com um filho. Isto tudo constrói um desejo oculto de vingança, que é implementado através do assédio moral.
De uma forma ou de outra, qualquer que seja o perfil do assediador, tudo converge para uma mesma constatação: é ele um fraco, porque demonstrou ser incapaz de construir sua própria felicidade, deixando de praticar atitudes que o conduziriam à conquista do bem.
Tal realidade demonstra que Aristóteles estava correto quando afirmou que “a virtude deve ter a qualidade de visar ao meio-termo” (“Ética a Nicômaco” - [1106 b/15)]). Isto porque a virtude moral está relacionada com as paixões e ações; portanto, qualquer desvirtuamento do sentido de equilíbrio, quer seja por excesso ou por carência, resultará no desvirtuamento do próprio sentido da virtude, que pode ser materializado de diversas formas, inclusive, conforme acima relatado, pelo assédio moral. Portanto, muitas são as maneiras de se chegar ao erro, mas somente uma de atingir o acerto. O excesso e a carência conduzem ao erro, uma vez que são dois vícios, mas a mediania introduz a virtude moral. Ao assediador moral falta exatamente este sentido de equilíbrio, posto que sempre é pessoa ligada aos extremos. Logo, não existe virtude ou equilíbrio em relação às paixões e atos extremados. Ressalte-se, no entanto, que a mediania que determina a virtude, não é exatamente a posição central entre os extremos, mas sim a posição de equilíbrio. Logo, a coragem, que representa uma das medianias da virtude, está bem mais próxima do extremo temerário, que do extremo covarde.
Outro ponto de apoio relacionado à análise do caráter do assediador moral reside na contraposição deste ao conceito aristotélico de magnanimidade. Aristóteles assim descreveu tal característica, em “Ética a Nicômaco” - [1123 b]:
Chamamos magnânimo o homem que se considera digno de grandes coisas e está à altura delas; pois aquele que se arroga uma dignidade da qual não está a altura é um tolo, e nenhum homem virtuoso é tolo ou ridículo.
Portanto, podemos aí verificar mais uma característica do assediador moral. Geralmente considera-se digno de grandes realizações e grandes homenagens, enxergando-se como alguém acima do bem e do mal, mesmo que a função a qual ocupe não seja de tanta relevância no contexto da empresa. Com base nesta falsa percepção o indivíduo passa a subjugar seus subordinados e em relação àqueles que mais o incomodam, por diversos motivos já expostos, passa a gerar o assédio moral, como instrumento de afirmação de sua “grandiosidade”. Na verdade, este tipo de assediador, o qual, sem dúvida, a maioria dos trabalhadores bem conhece, nada mais é do que um tolo, um ridículo, encarcerado em um mundo irreal, algemado em valores pífios, prepotentes e imaginários. Como todos os assediadores, é um covarde, um fraco, que utiliza uma relação funcional para, através de uma violência perversa, minar seus subordinados e os levarem a uma situação de desqualificação e desestabilização emocional em relação à organização e ambiente de trabalho, determinando, assim, conseqüências físicas, psicológicas, sociais e financeiras terríveis, que podem até mesmo conduzir a vítima à morte.
Segundo a Ética aristotélica, a honra é a finalidade de todas as virtudes. Se o homem virtuoso é conduzido ao bem, logicamente é também um homem honrado. O assediador moral é destituído da virtude moral, não busca o bem na sua essência, sendo, portanto, um homem sem honra. A honra é o maior de todos os bens exteriores, sendo ela o prêmio dos virtuosos, somente concedido aos bons. Já a magnanimidade é o ápice das virtudes; no entanto, não é possível ser verdadeiramente magnânimo sem ser detentor de um caráter bom e nobre. Daí confirmarmos ser o assediador moral também é destituído da magnanimidade; mesmo porque o magnânimo age sempre com justiça, fator este completamente ausente no assédio moral. Sendo assim, o magnânimo relaciona-se com a honra em grande escala, enquanto que o vaidoso e prepotente ignora a si mesmo, buscando a honra sem merecêla. Esta faceta pode ser atribuída a grande parte dos assediadores, uma vez que o produto de suas atitudes é reflexo de seu caráter vaidoso e prepotente.
Na verdade, o assediador moral, em relação ao desejo da honra, pode apresentar características extremas, quer desejando-a em demasia e buscando-a em fontes distorcidas, quer a rejeitando até mesmo quando merecida. Conforme já nos referenciamos, os extremos constituem o vício. O indivíduo pode protagozinar o assédio moral motivado pela ambição desmedida, acreditando que sua vítima é um obstáculo a seu acesso ou manutenção em relação ao poder. Isto porque confunde honra com poder. Assim, aniquilando o obstáculo imagina estar mais próximo da honra. No entanto, aquele destituído de qualquer tipo de ambição em relação à honra pode se transformar também num assediador, na medida em que, aprisionado em um falso conceito de humildade, vê a ascensão de um subordinado como um fator de ameaça a sua função, que é para ele seu “porto seguro”. Assim, utiliza-se da relação hierárquica para desestabilizar o subordinado perante o ambiente de trabalho. Muito embora possa parecer exagerado estabelecer tais características em relação ao assediador moral, se realizarmos uma análise profunda das motivações e do caráter comportamental de tal indivíduo, poderemos verificar a pertinência dessa afirmação. É possível, então, em se tratando de ambição, imaginar-se que difícil é encontrar um ponto de equilíbrio ideal, mas Aristóteles tem a resposta (“Ética a Nicômaco - [1125 b]):
Mas onde há excesso e falta, há também um meio-termo. Ora, os homens desejam a honra tanto mais do que devem, como também menos do que devem; portanto, é possível desejá-la também como se deve.
Se o indivíduo que com sua conduta produz o assédio moral, motivado pela ambição ou falta de ambição, encontrasse a medida correta e equilibrada do desejo de honra, certamente não mais agiria de forma a massacrar seu subordinado, pois estaria destituído do propulsor de sua atitude desvirtuada.
Quando Aristóteles trata do problema da cólera, destina esta a vários tipos de pessoas. Dependendo do perfil de cada uma, pode a cólera ser positiva (quando tomada por uma causa justa); negativa, mas de efeitos rápidos (quando tomada pelos irascíveis, que se encolerizam com facilidade com pessoas e coisas erradas, mas também cessam tal estado com rapidez) e negativa, mas com efeitos duradouros. Destas categorias, a que se encaixa perfeitamente no perfil de determinado grupo de assediadores morais é, sem dúvida, a última. Atribuída às pessoas rancorosas, encolerizam-se com facilidade, alimentando-se de situações geralmente de somenos importância, mas que de alguma forma atingem seu ego. O protagonista de

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