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Universiade Federal da Bahia Faculdade de Medicina Sessão do departamento de Pediatria O Recém Nascido que sangra Orientador: Dra. Isa Lyra Apresentadores: André Maurício Souza Fernades Anne Karinne Ladeia André Borges Paes Coelho Identificação: TSS, 09 dias de vida, sexo masculino, branco, nascido e procedente de Tucano Admissão: 12/04/2002 Queixa principal: Enterorragia há cerca de 07 dias HMA: paciente internado com história de enterorragia, vômitos sanguinolentos há cerca de 01 semana evoluindo nesse período com febre e taquipneia. Procurou serviço médico de emergência em sua cidade sendo transferido para o CPPHO onde fez uso de plasma, vitamina K, ranitidina e antibioticoterapia. IS: Genitora relata edema de face e membros inferiores desde o nascimento. Anamnese Anamnese (cont.) Antecedentes Pré-natais Gesta 06 Para 06 – 01 natimorto do sexo masculino Relata que fez pré-natal ( não realizou sorologias). Parto natural a termo eutócico. Antecedentes natais: peso = 3.570 gramas. Genitora relata que o RN nasceu dispnéico porem corado. Não fez uso de vitamina K no berçário Antecedentes Familiares: NDN Exame físico da Admissão Paciente em péssimo estado geral, descorado +++/IV, ictérico +++/IV, hidratado , fácies sindrômica ( nariz em cela, implantação baixa de orelha, palato em ogiva) Dados vitais: FC: 148bpm FR: 52ipm Pele e TSC: Nódulos subcutâneos cerca de 1cm no maior diâmetro em região de escapular (uma em cada lado) e ao nível da LAP / 7° EICE Segmento cefálico: escleras ictéricas +++/IV Tórax: simétrico, expansibilidade preservada ACV: ictus não palpável, sopro sistólica grau II/VI plurifocal AR: Murmúrio vesicular bem distribuído simetricamente sem ruídos adventícios Abdome: Semigloboso, simétrico, indolor a palpação, fígado palpável cerca de 4 cm de RCD de consistência elástica e borda fina, baço palpável 2 cm do RCE. Massa palpável reduzível em FIE, edema em região escrotal Extremidades: tempo enchimento capilar aumentado, edema +/IV Sistema Nervoso: não documentado Exame físico da Admissão Impressões diagnósticas: 1.Hemorragia gastrintestinal no RN sec a : Doença hemorrágica do RN Coagulopatia primaria: -hemofilia? -PTI? Coagulopatia secundaria -Infecções congênitas: CMV? Sífilis? -Doenças linfoproliferativas? -Reacional? 2. Hepatoesplenomegalia + síndrome colestática sec a : TORCH’S? 3.Edema de face e membros inferiores sec a : Hipoalbumnemia séc a Enteropatia perdedora de prot D? Causa secundaria a - infecciosa ? - doenças sistêmicas? 4.Granulomas cutâneos sec a -Doença granulomatosa crônica? -Histiocitose de Langherans? 5. Síndrome genética a esclarecer 6. Hidrocele 7. Hérnia inguinal Exames Sorologias: CMV IgG: positivo Herpes IgG: positivo Toxoplasmose IgM: negativo CMV IgM: negativo Herpes IgM: negativo Rubéola IgM: negativo AgHBS: negativo Anti HCV: negativo Exames (cont.) Hemograma (03/05/2002) HB: 10,3 Ht: 30,6, VCM: 90,5 , HCM : 30, Reticulócitos:1,8, Plaquetas: 171.000 36% de células mielóides atípicas -maioria apresentando grânulos gigantes cobrindo todo o citoplasma -algumas sem grânulos apresentando esboço nuclear, cromatina frouxa e basofilia citoplasmática tênue. 27% de linfócitos 37% de células linfóides granulares atípicas Hemograma - evolução (09/04 a 04/05) ∆ Leuco: 5100- 8000 ∆ Plaq: 89 – 171.000 18,7 19 6,4 6,4 9,7 54 87,4 36 10,30 11,6 0 20 40 60 80 100 14/ 04/ 02 16/ 04/ 02 18/ 04/ 02 20/ 04/ 02 22/ 04/ 02 24/ 04/ 02 26/ 04/ 02 28/ 04/ 02 30/ 04/ 02 02/ 05/ 02 Ht Hb Segmentados Linfócitos30,6 Bioquímica – evolucão (09/04 a 04/05) • Bilirrubina totais= 4,97 • Indireta = 0,6 • Direta = 4,3 • Gama = GT657 • FA = 322 • AST = 63 • ALT= 45 • Cl = 106 • Na =138 • K = 3,6 • Mg =1,9 • Ca = 8,7 • Ureia = 7 • Creatinina = 0,3 5,1 3,64,3 4,8 4,2 3,4 3,4 1,5 2,61,4 0 1 2 3 4 5 6 09 /ab r 14 /ab r 19 /ab r 24 /ab r 29 /ab r 04 /m ai 09 /m ai 14 /m ai 19 /m ai datas Prot totais Albumina Exames (cont.) Avaliação da função neutrofílica para o teste de NBT: Padrão: 34% Estimulado LPS: 74% - resultado afastou doença granulocítica USG trans-fontanela (09/05/2002 ): Normal Bioquímica e Citologia do Líquor (15/05/2002): Aspecto límpido incolor, 3 células/mm2 – linfócitos, glicose 62mg%, globulinas – negativa, proteínas 30, VDRL – negativo Mielograma Série granulocítica: maturação preservada Série granulocítica:escalonamento maturativo preservado. Presença de inclusões granulares grosseiras no citoplasma da maioria das células, existindo também granulações finas em menor proporção de células. Presença de células imaturas ( cerca de 5% de blastos) Série Linfoplasmocitária e Megacariocítica: mantidas CONCLUSÃO: Medula óssea com alteração no setor granulocítico, sugerindo anomalia genética? Reacional? Leucemia Congênita? Exames (cont.) Evolução Durante o internamento houve melhora do quadro hemorrágico, porém evoluindo com piora do edema de face e membros inferiores tendo feito uso de albumina humana. Associado ao quadro persistia a hepatoesplenomegalia e os nódulos. Surgiram também descamaçõa em maõs e pés Houve involução clínica da icterícia mantendo, porém níveis elevados de bilirrubina direta, sem apresentar em qualquer momento colúria ou acolia fecal. Atualmente o paciente encontra-se com clínica de ITR em uso de amicacina, ceftriaxine e vancomicina Impressões diagnósticas atuais 1. Hemorragia gastrintestinal no RN séc a: Doença hemorrágica do RN Coagulopatia primaria: -PTI -hemofilia Coagulopatia secundaria Infecções congênitas: - CMV? - Sífilis? Doenças linfoproliferativas? Reacional? 2. Hepatoesplenomegalia + síndrome colestática + alterações hematológicas séc a: Reacional? Infecções congênitas do grupo TORCH’S? Doença Linfoproliferativa?LMA? LLA? 3. Edema de face e membros inferiores séc a: 4. Hipoalbuminemia séc a Enteropatia perdedora de prot D Causa secundaria – infecciosa - doenças sitêmicas 5. Granulomas cutâneos séc a Doença granulomatosa crônica - afastado 6. Síndrome genética a esclarecer 7. Hidrocele 8. Hernia inguinal 9. ITR Causas de plaquetopenia no RN Plaquetopenia 1.PTI ou LES 2.Purpura por droga 3.Purpira hereditaria Normal Purpuras isoimunes, uso de tiazidicos, purpura hereditaria e anemia aplstica cong. precoce Infecçoes Septicemia, sifilis, herpes, CMV, Toxoplasmose Anomaias congenitas hemangioma, sindrome de rubeola, anemia de Fanconi Exame fisico do RN Plaquetas normais Mae do RN 1. Sangramento previ, drogas, filhos com purpur, rubeola no primeiro trimestre 2. Teste para LUES 3. Contagem de plaquetas Doença Hemorrágica do Recém -Nascido Definição: distúrbio hemorrágico causado nos primeiros dias de vida devido a deficiência de vitamina K e caracterizado pela diminuição dos fatores de coagulação (fatores II,VII,IX e X). Considerações A incidência é de 0,3 a 1,7 % dos RN que não receberam vit k ao nascimento Ocorre em RN à termo ou prematuro (mais comum devido a imaturidade hepática. Os RN que nascem tem 50% dos fatores K- dependentes que tendem a decair nos rimeiros dias de vida. A doença hemorrágica ocorre quando os fatores k - dependentes diminuem em 25%. Considerações Fatores agravantes(prematuridade ; ingestão de drogas pela mãe (fenitoínicos, dicumarínicos); trauma; hipóxia ; parto cesáreo. Acomete cianças do 2o ao 5o dia de vida ou lactentes na 4a a 6a semanas e que não receberam vit K ao nascimento. Fatores predisponentes (diarréia crônica , hepetite e atresia de vias biliares ) Principais tipos de vitamina K: vitamina K1(kanakion); vitamina K2(menaquiona);K3(menadiona). Fisiopatologia Tansformação de proteínas precursoras (PIVKA)------» proteínas de atividade anticoagulante Quadro clínico Hemorragia do trato gastrointestinal (mais comum) Hemorragia do coto umbilical Hemorragia sob o couro cabeludo Epistaxis Equimoses Extavasamentode sangue pós punção CIVD (prematuros ; com nutrição parenteral total) Achados laboratoriais Aumento do TP Alargamento do TTPa Diminuição dos fatores vit K-dependentes Eletroforese e radioimunoensaio normais para (PIVKA Diagnóstico Diferencial Deficiência de fatores da coagulação Púrpura trombocitopênica idiopátiaca Depressão medular CIVD( nesta condção ocrre uma diminuição dos fatores V,VIII e de plaquetas) Tratamento RN normais: 1 a 5 mg de VIT K1 (kanakion), EV ou IM RN Prematuros: 5 a 10 mg de VITK1 Nos grandes sangramentos deve-se fazer até 15mg/kg e associar plasma fresco(15mg/kg) ou sangue total (20ml/kg) Prevenção Vitamina k para todas as crianças após o nascimento: –1mg ,IM –1 a 2mg, via oral Aplicação de vitamina k, em suplementação semanal, a todos os RN com NPT Púrpuras Trombocitopênicas Definição: são entidades caracterizadas pela diminuição dos níveis plaquetários ; causados por vários mecanismos. Mecanismos causadores de púrpuras 1. Doenças Infiltrativas 2.Substituição da medula vermelha por tecido gorduroso da medula óssea (aplasia medular) 3.Trombose ineficaz (predomiínio de formas imaturas e atípicas) 4.Raras trombocitopenias amegacariocíticas hereditárias em RN ,trombocitopenia com agenesia bilateral do rádio(TAR-síndrome) amegacariose congênita). 5.Trombocitopenias por hiperesplenismo(esquitossomose, calazar salmonelose septicêmica prolongada e doenças de depósito) Púrpura Trobocitopênica Idiopática Definição: distúrbio hemorrágico caracterizado pelo aumento das plaquetas no sangue periférico ,causada pela açào do anticorpo antiplaquetário do tipo Ig G. Considerações Diminuição abrupta de plaquetas Número normal ou aumentado de megacariócitos Redução da plaquetogênese Crianças de dois a seis anos de idade, PT em RN e pequenos lactentes Não há predileção por sexo Precedida por uma infecção viral Remissão espontânea em 80 a 90 % dos casos Mecanismos de Formação 1. Formação de Imunocomplexos Prurpura trombocitopenica no RN Mecanismos autoimuno Isoimune 2. Alteração da estrutura plaquetária tornando- a mais antigênica. 3.Produção desequilibrada de auto anticorpos plaquetários específicos Características clínicas Período de incubação: 1 a 3 semanas Petéquias e equimoses disseminadas Sangramento por mucosas Petéquias no SNC com as mesmas características das petéquias em mucosas Achados Laboratoriais Tempo de Sangramento Prolongado Prova do Laço positiva Plaquetopenia Retração do Coágulo Deficiente Hemograma: afasta processos de natureza neoplásica Mielograma :hiperplasia dos 3 setores da hematopoiese (hiperplasia do setor megacariocitico com predomínio de elementos imaturos e aplaquetogênicos) Tratamento 80 a 90 % : remissào espontânea, 50% em 6 semanas e 85 a 90% em 6 meses. Manifestações Hemorrágicas: prednisona 2mg/Kg /dia, devendo ser mantida por 4 a 6 semanas, quando se inicia o desmame. Gama Globulina (casos hemorrágicos severos) .Elevação plaquetária rápida e pouca toxicidade X preço e resposta temporária. Concentrado de Plaquetas (diminui os episódios hemorrágicos severos com risco de vida.. Esplenectomia : falha da terapêutica convencional PTI: os costicoesteroides não tem efeito ne plaquetopenia ou sangramento. Terapia de suporte Sífilis Congênita Agente etiológico: Treponema Pallidum - 1905 SCP e SCT SCP: 02 primeiros anos de vida -Formas graves: primeiros dias de vida A doença guarda relação com o estágio da doença materna -mais recente a infecção materna e mais avançada a gravidez maior o risco de infecção fetal Sífilis Congênita Precoce Quadro clínico: hepatoesplenomegalia, colestase, anemia, alterações no SNC, linfoadenopatia generalizada, alterações ósseas e cutaneomucosas Anemia hemolítica (Coombs direto negativo), leucocitose ( reação leucemóide ) e CIVD ( sangramentos) Retinocoroidite “sal e pimenta” Sífilis Congênita Precoce Diagnóstico • Pesquisa do treponema em campo escuro – padrão ouro • VDRL: alta sensibilidade, baixa especificidade Falso positivos: outras patologias Falso negativo: elevada quantidade de anticorpos • Testes treponêmicos ( FTA- ABS) - confirmação • LCR ( pleocitose – linfomononucleares e elevação das proteínas ), VDRL • ELISA: elevada sensibilidade e especificidade Sífilis Congênita Precoce Tratamento: • penicilina cristalina - 50.000U ou 100.000 ( alt. Neurológicas) 14 a 21 dias • penicilina procaina - 50.000 14 a 21 dias • Eritromicina • Tratar pais: penicilina benzatina 2.400.000 semanais CMV Hespesvírus humano Agentes mais comuns de infecções congênitas no homem Positividade sorológica é muito comum ( 50 – 100%) Prevalência de 0,2 a 3 % dos nascimentos Maioria das infecções é assintomática ou subclínica Cinco a 10% dos RN infectados apresentam a doença, 20 a 30% graves CMV Sinais e sintomas: baixo peso, CIV, icterícia, hepatoespelenomegalia, petéquias e equimoses, microcefalia e coriorretinite Acometimento do SNC: seqüelas Anormalidades laboratoriais: linfocitose atípica, colestase Hiperbilirrubinemia direta ( > 3 )e elevação da ALT (>100), trombocitopenia ( < 75.000/mm3) Diagnóstico: isolamento do CMV ( urina, saliva , sangue ou biopsia) e sorologias ( IgM e IgG ) e PCR CMV Prevalência de 2,6% 3054+/- 525 gramas 86,2% - idade gestacional > 37 semanas Manifestações clinicas Números de casos Hepatoesplenomegalia 9/12 Colestase neonatal 5/12 Prematuridade 3/12 Petequias plaquetopenia 2/12 SNC ( calcificações e outros) 5/12 Coriorretinite 1/12 Pneumonite 2/12 Yamamoto et al. CMV Tratamento Ganciclovir e Foscarnet Virostáticos in vivo e vitro Ambos bastantes tóxicos Screenning Leucemias Agudas Forma mais comum de câncer na criança – 30% das neoplasia malignas na infância LLA: 80% das leucemias agudas na criança • Doença monoclonal • > • Incidência maior entre 03 e 05 nos • História recente de astenia febre, palidez, petéquias, equimoses, linfo adenomegalia e hepatoesplenomegalia • Anemia, neutropenia absoluta, leucocitose ( não é achado muito freqüente ) • Mielograma: medula óssea hipercelular com intensa infiltração por linfoblastos ( > de 30%) Leucemias Agudas ( cont.) LMA : achados lembram aqueles da LLA • Maioria é com ou sem maturação ( M 1 ou M2 ), < de 01 ano = Monoblástica (M5) • Achados mais característicos da LMA: • infiltração de pele ( massas tumorais em órbita, cordão medular ou pele – cloromas) e hipertrofia gengival – achados comuns nas que tem infiltração monocítica (M5) • fenômenos hemorrágicos ( CIVD) • Bastonetes de Auer – patognomonicos Citoquímica LLA LMA PAS + − Peroxidase − + Sudan Black − + Bibliografia • Nathan GD, Oisk FA. Hematology of infancy end childhood. 4. Ed, W.B. Saunders Company,1993 • Yamamoto YA, Figueredo L. Prevalência e aspectos clínicos da infecçõa congênita por citomegalovírus. Jornal de pediatria 1999; 75: 23-7 • Silva LR, Garcia DE, Mendonça DR, Pronto Atendimento em pediatria. 1 ed. MEDSI 1998 • Figueira F, Ferreira O, Alves J. Pediatria – Instituto materno Infantil de Pernambuco. 2 ed. MEDSI, 1996 Agradecimentos À Dra Cândida Maria de Oliveira, Dra Isa Lyra, Dra Cristiana Carvalho
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