Baixe o app para aproveitar ainda mais
Prévia do material em texto
1 SUMÁRIO 1 INTRODUÇÃO ............................................................................................ 2 2 A IMPORTÂNCIA DO PLANEJAMENTO NO CONTEXTO ESCOLAR ...... 3 3 A APLICAÇÃO DO PLANEJAMENTO NO CONTEXTO ESCOLAR ........... 7 4 ESCOLAS PRECISAM DE ESTRATÉGIA PARA VIVER ........................... 8 5 7 ERROS PARA EVITAR NO PLANEJAMENTO ESTRATÉGICO DE EDUCAÇÃO .............................................................................................................. 13 6 ORIGEM, CONCEITO E EVOLUÇÃO DE PLANEJAMENTO ................... 18 7 PLANEJAMENTO ESTRATÉGICO NA ÁREA EDUCACIONAL ............... 22 8 PLANEJAMENTO E EDUCAÇÃO ............................................................ 23 8.1 Planejar em Coletivo .......................................................................... 24 9 NÍVEIS DE PLANEJAMENTO .................................................................. 26 10 O PLANEJAMENTO DIALÓGICO COMO OPÇÃO PARA A MUDANÇA ESCOLAR 28 10.1 A imprescindível participação de todos ........................................... 30 11 O PLANEJAMENTO DE ENSINO COMO ESTRATÉGIA DE POLÍTICA CULTURAL 30 12 PLANEJAMENTO EDUCACIONAL: ORGANIZAÇÃO DE ESTRÁTEGIAS E SUPERAÇÃO DE ROTINAS OU PROTOCOLO INSTITUCIONAL? ..................... 32 13 A IMPORTÂNCIA DO PLANEJAMENTO ESTRATÉGICO NAS UNIVERSIDADES PÚBLICAS BRASILEIRAS .......................................................... 37 14 REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS ...................................................... 44 15 BIBLIOGRAFIA ...................................................................................... 45 2 1 INTRODUÇÃO Prezado aluno! O Grupo Educacional FAVENI, esclarece que o material virtual é semelhante ao da sala de aula presencial. Em uma sala de aula, é raro – quase improvável - um aluno se levantar, interromper a exposição, dirigir-se ao professor e fazer uma pergunta , para que seja esclarecida uma dúvida sobre o tema tratado. O comum é que esse aluno faça a pergunta em voz alta para todos ouvirem e todos ouvirão a resposta. No espaço virtual, é a mesma coisa. Não hesite em perguntar, as perguntas poderão ser direcionadas ao protocolo de atendimento que serão respondidas em tempo hábil. Os cursos à distância exigem do aluno tempo e organização. No caso da nossa disciplina é preciso ter um horário destinado à leitura do texto base e à execução das avaliações propostas. A vantagem é que poderá reservar o dia da semana e a hora que lhe convier para isso. A organização é o quesito indispensável, porque há uma sequência a ser seguida e prazos definidos para as atividades. Bons estudos! 3 2 A IMPORTÂNCIA DO PLANEJAMENTO NO CONTEXTO ESCOLAR Planejamento Educacional O Planejamento de um Sistema Educacional consiste na tomada de decisões sobre a educação no conjunto do desenvolvimento geral do país. A elaboração desse tipo de planejamento requer a proposição de objetivos em longo prazo que definam uma política da educação. O planejamento é um meio para se programar as ações docentes, mas é também um momento de pesquisa e reflexão intimamente ligado à avaliação. Planejamento Curricular O problema central do planejamento curricular é formular objetivos educacionais a partir daqueles expressos nos guias curriculares oficiais. Nesse sentido, a escola não deve simplesmente executar o que é prescrito pelos órgãos oficiais. Embora o currículo seja mais ou menos determinado em linhas gerais, cabe à escola interpretar e realizar estes currículos. A escola deve procurar adaptar os conteúdos às situações concretas, selecionando aquelas experiências que mais poderão contribuir para alcançar os objetivos dos alunos, das suas famílias e da comunidade. Planejamento de Ensino O planejamento de ensino configura-se como um roteiro organizado de unidades didáticas para um ano ou semestre composto dos seguintes elementos: justificativa da disciplina; conteúdos; objetivos gerais e específicos; metodologia e avaliação, todos ligados à concepção que a escola e os professores têm como princípio básico a função da educação, da escola, das especificidades das disciplinas e sobre seus objetivos sociais e pedagógicos. Tais elementos visam a assegurar a racionalização, a organização e a coordenação do trabalho docente, de modo que a previsão das ações docentes possibilite ao professor a realização de um ensino de qualidade e evite a improvisação e a rotina. Sobre esses elementos materializam-se os referenciais político-pedagógicos da prática pedagógica dos professores. Podemos dizer que o planejamento de ensino é a especificação do planejamento de currículo. Onde traduz em termos mais concretos e operacionais o 4 que o professor fará na sala de aula, para conduzir os alunos a alcançar os objetivos educacionais propostos. É preciso assumir que é possível e desejável superar os obstáculos colocados pelo tradicional formulário, previamente traçado, fotocopiado ou impresso, onde são delimitados para os “objetivos, conteúdos, estratégias e avaliação”. Um planejamento de ensino deverá prever: Objetivos (para que ensinar e aprender?); Conteúdos (o que ensinar e aprender?); Métodos (como e com o que ensinar e aprender?); Tempo (quando e onde ensinar e aprender?) e Avaliação (como e o que foi efetivamente ensinado e aprendido?). É extremamente necessário assumir qual ação pedagógica, que necessita de um mínimo de preparo, mesmo tendo livro didático como um dos instrumentos comunicacionais no trabalho escolar em sala de aula. Existem três tipos de planejamento didático ou de ensino: planejamento de curso, planejamento de unidade e planejamento de aula. 1- Plano de Curso O planejamento de curso é necessariamente uma breve amostra do que será desenvolvido e das atividades que serão realizadas em uma classe, por certo período de tempo, normalmente durante o ano ou semestre letivo. O plano de curso tem por objetivo levantar dados sobre as condições dos alunos, fazendo uma sondagem inicial; propor objetivos gerais e definir os objetivos específicos a serem atingidos durante o período letivo estipulado; indicar os conteúdos a serem desenvolvidos durante o período; estabelecer as atividades e procedimentos de ensino e aprendizagem adequados aos objetivos e conteúdos propostos; selecionar e indicar os recursos a serem utilizados; escolher e determinar as formas de avaliação mais coerentes com os objetivos definidos e os conteúdos a serem desenvolvidos. 2- Plano de Unidade O plano de unidade refere-se aos assuntos da disciplina que forma um todo completo e que são desenvolvidos no espaço correspondente a uma ou algumas 5 aulas. Importante notar que a elaboração de planos de unidade não impede que o professor proceda também ao planejamento de cada aula. Ao planejar a unidade de ensino, deve estabelecer três etapas: Apresentação – onde o professor vai tentar identificar e estimular os interesses dos alunos, a fim de aproveitar seus conhecimentos anteriores e relacioná-los ao tema da unidade; Desenvolvimento – nesta etapa o professor deverá apresentar e organizar uma situação de ensino-aprendizagem para então estimular a participação dos alunos em sala de aula, tornando a aula mais ativa, dinâmica e ao mesmo tempo poder testar os conhecimentos, habilidades e atitudes de cada aluno e a Integração – nesta fase será necessário que o aluno mostre tudo que aprendeu durante o desenvolvimento da unidade em forma de síntese. Em todas as profissões o aprimoramento profissional depende da acumulação de experiências, conjugando a prática e a reflexão criteriosa sobre a ação e na ação, tendo em vista uma prática constantemente transformadora para melhor. 3- Plano de Aula Na elaboração do plano de aula,deve-se levar em consideração, em primeiro lugar, que a aula é um período de tempo variável, as características dos alunos, suas possibilidades, necessidade e interesses. Por isso é importante que o professor faça uma sondagem do que os alunos já sabem sobre os conhecimentos a serem abordados. Dificilmente completamos numa só aula o desenvolvimento de uma unidade didática ou tópico de unidade, pois o processo de ensino e aprendizagem se compõe de uma seqüência articulada de fases: Preparação e apresentação dos objetivos, conteúdos e tarefas; Desenvolvimento da matéria nova; Consolidação (fixação, exercícios, recapitulação, sistematização); Síntese integradora e aplicação e Avaliação. Isto significa que não devemos preparar uma aula, mas um conjunto de aulas e em geral, o plano de aula do professor assume a forma de um diário ou de um seminário. A aula é a forma predominante de organização didática do processo de ensino. É na aula que organizamos ou criamos as situações docentes, isto é, as condições e 6 meios necessários para que os alunos assimilem ativamente conhecimentos, habilidades e desenvolvam suas capacidades cognoscitivas. Fonte: www.somospar.com.br Um plano para ser considerado adequado deve seguir alguns princípios, como: Coerência e unidade; Continuidade e sequência; Flexibilidade; Objetividade e funcionalidade e a Precisão. Como o planejamento requer que se pense no futuro. Ele é formado também pelos componentes básicos do planejamento de ensino, onde o objetivo é a descrição clara do que se pretende alcançar como resultado da nossa atividade, eles nascem da própria situação da comunidade, da família, da escola, da disciplina, do professor e principalmente do aluno. Os objetivos, portanto, são sempre do aluno e para o aluno. Os objetivos educacionais são as metas e os valores mais amplos que a escola procura atingir, e os objetivos-instrucionais são proposições mais específicas referentes às mudanças comportamentais esperadas para um determinado grupoclasse. O conteúdo refere-se à organização do conhecimento em si, porém, com base nas suas próprias regras, ele é um instrumento básico para poder atingir os objetivos. Torna-se necessário um bom critério de seleção na escolha dos conteúdos mais centrados, mais importantes e mais atuais. O conteúdo selecionado precisa estar 7 relacionado com os objetivos definidos. O mais importante é o fato do professor estar apto a levantar a ideia central do conhecimento deve trabalhar em sala de aula. O plano didático, sendo a culminância desse total processo, não deve ser estático e rígido, em contato direto com os planos, novas idéias nos podem ocorrer, e com certeza novos enfoques nos parecerão mais oportunos. Dessa forma enfatizamos que os procedimentos existem e cabe utilizá-los da melhor forma possível, para que ao final os bons resultados sejam obtidos, para isso basta comparar a grande diferença que existe entre um professor bem preparado, que faz seu planejamento de acordo com todos os aspectos que compõem a sala de aula, e um profissional que não dá atenção as mudanças que ocorrem no processo educativo. 3 A APLICAÇÃO DO PLANEJAMENTO NO CONTEXTO ESCOLAR As observações e experiências em nossa formação docente nos levaram a questionar a eficiência da aprendizagem por abordagens essencialmente práticas. Este estudo analisa como é trabalhada a relação teoria-prática na dinâmica do contexto escolar. O planejamento escolar para os professores é como uma bússola, serve para orientar em plena sala de aula, é nele que colocam tudo que acham necessário para ter uma aula com bons êxitos, desde atividades a materiais que norteiam e ajudam o professor para aulas, plano de escolas e planos de ensino nos quais são fundamentais a objetividade, a coerência, e a flexibilidade. (Apud SANTOS J. F. 2018) A objetividade tem muito a ver com a realidade dos alunos e materiais da escola, já a coerência é a atual relação entre as ideias e as práticas faladas e feitas em sala de aula, ou seja, usadas ou dados exemplos que tenham coerência que se relacionem umas com as outras (ideias-práticas) e por último a flexibilidade que não é nada mais que ter consciência de que o planejamento escolar pode ser mudado de acordo com algum tipo de situação que possa ocorrer, não é necessário ser sempre inflexível, tudo poderá mudar para melhor atendimento, tanto da parte do professor como dos alunos, porque ao fim de tudo temos que ter a grande responsabilidade de que nossos alunos saiam prontos para viver o mundo lá fora extraescolar, para que 8 possa lidar não só com os conteúdos escolares mas também com as pessoas e situações diferentes em todos os aspectos. Mas, o planejamento não garante um bom desempenho por si só, é preciso que ele venha acompanhado de conhecimentos didáticos e de sua experiência prática, à medida que ele for feito e praticado nós só temos a adicionar vivências em sala de aula e com o tempo ficaremos aptos para exercer algum tipo de atividade ou não, em geral o planejamento realmente resume-se em bússola que nos dá um alicerce para praticarmos a nossa profissão, se com bom desempenho ou não caberá a cada um individualmente, mas ele continuará sendo uma grande arma para nós. No cotidiano dos educadores, todos têm por obrigação elaborar o plano de aula para a regência de uma aula, sentimos muita dificuldade em montar uma aula clara e objetiva para alunos de ensino fundamental e médio. O não saber como transformar o conteúdo científico estudado durante o nosso curso de Pedagogia numa linguagem acessível a esses alunos. Percebemos que durante o nosso curso trabalhamos muitas atividades práticas voltadas para a educação básica, mas as abordagens teóricas ficaram bastante restritas ao âmbito científico, dividindo dessa forma a prática da teórica, que muitas vezes não são utilizadas por diversos fatores como: tempo, material não acessível, acompanhamento indevido. O planejamento deve ser o alicerce na realização de qualquer atividade a ser desenvolvida, seja ela a curto, médio ou longo prazo e, no contexto educacional, este tem grande importância no andamento das práticas pedagógicas, visando melhorias na educação do país. Entretanto, não adianta só discutirmos sobre a importância do planejamento e seus aspectos, é necessário que estejamos abertos a novos conhecimentos que nos possibilitem inovar as práticas pedagógicas e o planejamento deve ser, acima de tudo, um veículo para alcançarmos tais objetivos. 4 ESCOLAS PRECISAM DE ESTRATÉGIA PARA VIVER Num contexto de significativas transformações econômicas, políticas, sociais e culturais, perpassadas sobretudo por avanços tecnológicos, é cada vez mais complexo pensar os contornos e o sentido da escola contemporânea. Não bastasse a velocidade das mudanças, que desafia educadores a superarem o gap existente entre sua formação acadêmica e as novas demandas que 9 se lhe apresentam, é comum identificar nos ambientes educacionais um preocupante conjunto de características (Bowman, 1990, p.9): a) falta de conscientização da equipe de gestão sobre a real situação da escola; b) modelos mentais muito enraizados na liderança, que compartilha uma visão fechada e estereotipada, reinterpretando ou ignorando informações desagradáveis que não se enquadram em sua maneira de ver o mundo; c) status quo, que desencoraja o pessoal a fazer perguntas desafiadoras e a mudar a estratégia da instituição; d) instituições que se posicionam com respostas reativas e incrementais, em vez de apresentarem-se com um enfoque estratégico; e) excessivo foco dos gestores nas questões do dia-a-dia, sobrando-lhes pouco tempo para considerar questões de maior prazo; f) apego às glórias do passado e o decorrente receio de investir em mudança de rota. Realidades como essas têm contribuído decisivamentepara a perda de relevância da instituição escolar, preocupação que foi circunscrita pela OCDE (2001) ao pesquisar e identificar seis cenários possíveis como o futuro da educação no mundo. Notadamente, as instituições de ensino em geral são pouco afetas à mudança, preferindo trilhar caminhos já bastante conhecidos, mesmo que estes levem a resultados insuficientes. As escolas muitas vezes contentam-se em apenas estabelecer definições sobre currículo, métodos, estratégias de avaliação discente e logística de organização das práticas pedagógicas, atendo-se basicamente às suas crenças fundadoras, aos procedimentos legais que normatizam o segmento e aos fundamentos epistemológicos que orientam e respaldam o fazer institucional. A essa prática de planejamento – essencial para o funcionamento da escola – costumam somar-se tão somente definições orçamentárias, sem que essas, contudo, dialoguem efetivamente com as definições da área fim e menos ainda se constituam como elementos para o desenvolvimento de uma estratégia organizacional. Ficam ainda de fora do escopo do planejamento a análise de tendências, os estudos de benchmarking e a prospecção e gerenciamento da inovação, por exemplo. Após o surgimento de abordagens mais sistêmicas de planejamento institucional, desenvolvidas prioritariamente na área da Administração, as instituições 10 de ensino se viram impelidas a extrapolar suas tradicionais formas de planejamento e incorporar às suas práticas de gestão ferramentas mais elaboradas, tais como o Planejamento Estratégico e a gestão por indicadores de desempenho. Tratam-se de procedimentos que se conectam ao Projeto Político-Pedagógico da instituição e ao contexto socioeconômico e cultural em que a organização está inserida. Fonte: https: www.teachermagazine.com.au O fato é que a escola do século XXI já não pode mais olhar apenas para si própria ou apartar em dois mundos a administração e a pedagogia. A relevância da instituição escolar só é constituída hoje em dia através do emprego de uma gestão integrada, estratégica, em que a administração de recursos financeiros e materiais está primeiramente a serviço da aprendizagem. A superação das práticas intuitivas de gestão é hoje um dos maiores desafios para as escolas. Se continuarem a não perceber as interdependências de seus processos internos e destes para com o ambiente externo, muitas possivelmente tornem-se insustentáveis em pouco tempo. Por medo de perderem sua identidade e suas práticas fundadoras, exitosas no passado, mas insuficientes no presente, escolas deixaram de ressignificar a si próprias, tornando-se obsoletas e incapazes de responder às demandas do seu tempo. 11 Além disso, a contemporaneidade exige-lhes que não apenas acompanhem o acelerado ritmo da realidade, mas que também se coloquem como propositoras de novos significados. Cresce a demanda por levarem à frente sua identidade e sua missão por meio de uma sólida e diferenciada estratégia e por boas práticas de gestão. “A formação de estratégia é um desígnio arbitrário, uma visão intuitiva e um aprendizado intuitivo; ela envolve transformação e também perpetuação; deve envolver cognição individual e interação social, cooperação e conflito; ela tem que incluir análise antes e programação depois, bem como negociação durante; e tudo isso precisa ser em resposta àquele que pode ser um ambiente exigente” (MINTZBERG; AHLSTRAND; LAMPEL, 2000, p. 274). Assim, para que se ressignifique permanentemente, é importante a escola: Entender-se como um complexo sistema, no qual convergem processos em interdependência com o ambiente interno e externo (LIBÂNEO; OLIVEIRA; TOSCHI, 2012); Assumir a ideia de que as pessoas, estejam elas nos níveis estratégico, tático ou operacional, mobilizam ou não seus próprios interesses na consecução de objetivos comuns (MINTZBERG, 2000); Conceber-se como uma comunidade de aprendizagem, onde não apenas os alunos aprendem, mas toda a organização (SENGE, 2004); Identificar as principais chaves de leitura da realidade em que está inserida a escola, visando ao estabelecimento de práticas de acompanhamento e avaliação que instrumentalizem e qualifiquem a tomada de decisão (OLIVEIRA, 2007) e a implementação da estratégia. Ainda que o conceito de estratégia não esteja tão internalizado na dinâmica das escolas de educação básica, o fato é que essas organizações, a seu modo, estabelecem os meios pelos quais deve se concretizar o bom funcionamento da instituição escolar. Esses meios referem-se “ao conjunto de normas, diretrizes, estrutura organizacional, ações e procedimentos que asseguram a racionalização do uso dos recursos humanos, materiais, financeiros e intelectuais assim como a coordenação e o acompanhamento do trabalho das pessoas” (LIBÂNEO; OLIVEIRA; TOSCHI, 2012, p. 411). 12 É por isso que a gestão assume caráter diferenciador para a realização da atividade fim: uma escola precisa funcionar bem para que os alunos aprendam. Impacta decisivamente a qualidade da educação o ato de congregar pessoas na consecução de objetivos coletivos, seja através da criação conjunta de condições propícias para o ensino e a aprendizagem, da promoção de cultura organizacional aprendente ou da constituição de momentos para reflexão e formação dos profissionais. Professores precisam estar preparados para o exercício da docência, tendo clareza de seus objetivos e dos conteúdos a serem desenvolvidos. Precisam de espaços de autoria para evidenciar a capacidade de estruturar planos de aula e materiais didáticos de apoio, liderança para envolver os alunos no processo de construção do conhecimento e rigor científico para acompanhar e avaliar permanentemente as condições de aprendizagem dos alunos. O tema da avaliação – importante que se diga – não pode ficar circunscrito ao universo dos alunos; no entanto, quando as avaliações de desempenho docente ou institucional começam a se integrar ao universo da escola, a resistência logo se apresenta. Parece até um contrassenso que o tema avaliação, típico de ambientes educacionais, seja demonizado por tantos educadores quando este é associado à identificação do impacto da docência na aprendizagem dos estudantes. Argumentos de toda a ordem – muitas vezes não sem razão – são trazidos para anular, por exemplo, práticas de avaliação de performance. Alguns grupos aludem ao reducionismo dos modelos; outros, à competição e ao medo que avaliações provocam no ambiente corporativo. A superação dessas resistências passa pela sabedoria para lidar com indícios, para buscar o fundamental no particular, para distinguir a sutileza decisiva do pormenor irrelevante e pela valorização da avaliação como uma forma de acompanhar a implementação da estratégia de uma instituição de ensino. Muitos dos insucessos da educação têm como fator associado a falta de consciência sobre a qualidade do projeto realizado pelas escolas. Não aferir o valor e as repercussões do trabalho escolar impede o desenvolvimento da aprendizagem organizacional e minimiza as possibilidades de qualificação permanente das práticas administrativo-pedagógicas. “A competência com a qual a escola é organizada e mantida (isto é, a administração e o gerenciamento da escola) afeta vitalmente as vidas de 13 todos que lá trabalham e aprendem. A organização e o gerenciamento deficientes são debilitantes, constantemente drenando energia e motivação. Em contraste, uma escola que realmente pensou detalhadamente na sua organização, provendo e mantendo aspectos do gerenciamento, estabeleceu as bases para o sucesso” (BRIGHOUSE; WOODS, 2010, p. 56, Apud CARVALHO M. T. 2019). Assim, definir formas de detectar evidências sobre os atos de gestão é uma necessidade, posto que não se gerencia aquilo que não se mede. Por consequência, quanto mais bem articulados estiveremos indicadores de desempenho de natureza administrativa ou pedagógica, melhor poderá ser descrita e acompanhada a realidade e a estratégia da escola. Práticas dessa natureza geram foco, atenuando do campo de visão a “poeira de informações” que assola diariamente a organização. Educação é meio, e não fim. Sua finalidade é a aprendizagem, a formação integral dos sujeitos, sua participação produtiva para o exercício pleno da cidadania. Relevantes são as escolas que identificam e se comprometem com uma estratégia que é só sua e com práticas de gestão que sustentem seu posicionamento. Escolas assim tornam-se referência, inspiração, impactando decisivamente a vida dos que que têm o privilégio de delas partilhar e nelas se desenvolver. 5 7 ERROS PARA EVITAR NO PLANEJAMENTO ESTRATÉGICO DE EDUCAÇÃO Com o término do período de captação do primeiro semestre, é chegado o momento de observar os resultados e traçar o planejamento estratégico de educação para os próximos meses. Por meio dele, serão definidas novas metas, bem como as estratégias que vão ser utilizadas para atingi-las. Contudo, muitos gestores acabam não dando a devida importância a esse processo, que é essencial para instituições de ensino que desejam manter-se competitivas no mercado. Isso porque a quantidade de instituições de ensino privadas continua crescendo e, dessa forma, tomar as decisões certas torna-se questão de sobrevivência. Por que é importante elaborar um planejamento de educação eficiente? 14 Estamos vivenciando um momento em que o mundo está cada dia mais digital e conectado, o que propicia o surgimento constante de inovações. Nos mais, diversos setores e empresas têm se adaptado a essa realidade para manterem-se competitivas, passando por um processo de transformação digital. Com isso, novas soluções surgem a todo instante – inclusive na área da educação. Entre elas estão tecnologias que facilitam o atendimento, softwares de gestão educacional e métodos de ensino diferenciados. Fonte: www.emarket.ppg.br Assim, oportunidades são geradas, mas somente para aqueles que estão preparados para aproveitá-las. E a única forma de estar pronto para essas mudanças é desenvolvendo um planejamento estratégico eficiente, que deve ser revisado periodicamente. Esse processo consiste, basicamente, em entender a situação atual de sua instituição, estabelecer onde sua equipe deseja chegar e descrever as estratégias que serão utilizadas para isso. Dessa maneira, evita-se ameaças e aproveita-se oportunidades. Com ele, você consegue posicionar a sua IE no mercado, assegurando crescimento contínuo por meio do alcance de objetivos. 15 Alguns dos benefícios que o planejamento de educação proporciona para as instituições de ensino são: Possibilidade de entender pontos de melhoria para otimizar processos, por meio da análise das fraquezas e forças da instituição; Conhecimento acerca do mercado e dos fatores externos que influenciam em seus resultados, o que permite se preparar e reagir a mudanças; Engajamento dos colaboradores de diversas áreas, que passam a conhecer os objetivos da IE e o caminho que devem seguir para alcançá-los; Melhoria no processo de tomada de decisão, que se torna mais efetivo ao se basear em dados concretos e nas metas estabelecidas. O que não fazer Com todos esses benefícios, fica claro que a definição do planejamento de educação é essencial para o sucesso de uma instituição de ensino, permitindo fazer projeções corretas acerca da captação e de sua receita. Entretanto, existem alguns erros comuns cometidos durante esse processo que podem prejudicar seus resultados. 1 – Não analisar o mercado Um erro muito comum – e que pode ser extremamente prejudicial – no planejamento de educação é olhar somente para dentro da instituição e esquecer-se dos fatores externos. Certamente, analisar indicadores e históricos internos é indispensável para definir estratégias e orçamentos. Contudo, os dados de seu setor de atuação são igualmente importantes. Somente por meio de uma análise do mercado é possível estar preparado para aproveitar oportunidades e saber lidar com possíveis ameaças. Além disso, estar atento ao que ocorre no ambiente externo permite identificar tendências e aderir a elas para sair à frente da concorrência. Sabendo disso, busque obter informações acerca do mercado da educação constantemente, consultando fontes confiáveis de dados, como panoramas e estudos estatísticos realizados por instituições renomadas. Estude, também, a atuação da 16 concorrência e o comportamento dos estudantes. Assim, você estará preparado para lidar com as mudanças que podem impactar em sua IE. 2 – Não estabelecer prioridades Durante a análise das informações e a elaboração do plano, é comum que sejam identificados diferentes pontos de melhoria e, assim, surjam diversas ideias de ações que podem ser realizadas para o sucesso da instituição. Contudo, é preciso ter cautela e selecionar prioridades, caso contrário, pode haver um desperdício de recursos. O ideal é conhecer as principais necessidades da IE. Se seu problema mais sério consiste na ociosidade de vagas em determinados cursos, por exemplo, cabe priorizar ações voltadas à captação e uma reavaliação do portfólio de cursos. Se sua maior dificuldade é a inadimplência, é possível priorizar ações que facilitem o pagamento e incentivem os pagamentos no prazo. Sabendo identificar as prioridades, é possível manter o foco nas ações indispensáveis para a melhoria na situação da instituição. Lembre-se de que é melhor executar com excelência poucas estratégias do que tentar estabelecer diversas iniciativas e deixá-las incompletas. 3 – Traçar metas de captação incoerentes Um dos maiores erros no planejamento de educação é a definição de metas impossíveis de serem alcançadas. Ao estipular um número de matrículas muito maior do que aquilo que realmente se espera, ao invés de incentivar suas equipes de marketing e captação, você estará fazendo com que elas desanimem e até mesmo desistam de atingir essas metas. Sabendo disso, é importante definir um número estimado de novos alunos com base em dados reais, estipulando datas. Para isso, você deve pensar nos gastos fixos e variáveis de sua IE e em qual seria o montante ideal de estudantes x total de mensalidades necessárias para sanar essas despesas, obtendo, ainda, uma margem de lucro. Essa estratégia deve estar bem alinhada com a sua precificação, conforme veremos a seguir. 4 – Não otimizar os preços Planejar os preços para o próximo semestre ou ano letivo não é uma tarefa fácil. Isso porque a precificação envolve a análise de diversos fatores, como os custos 17 diversos da instituição, a demanda de alunos esperada, a margem de lucro que se espera obter, as práticas dos concorrentes, entre outros. Uma definição de preços inadequada pode ser muito prejudicial. Afinal, grande parte dos alunos que decidem se matricular em uma universidade levam em conta esse fator em sua escolha. Além disso, os valores só poderão ser alterados novamente no próximo semestre. Por isso, é importante ter uma boa estratégia de precificação, que busque otimizar os valores de acordo com o que seus estudantes em potencial estejam dispostos a pagar, de modo a maximizar a captação. 5 – Deixar de engajar as diversas áreas da IE É comum que a elaboração do planejamento fique restrita aos gestores e diretores da instituição – e, em muitos casos, as decisões contidas no documento nem sequer chegam ao conhecimento de todos os profissionais. Um planejamento eficiente deve envolver os representantes de diferentes equipes, permitindo que todos os setores façam parte desse processo. Dessa forma, ficará muito mais fácil implementar as novas ações e iniciativas ao longo da execução de seu plano. Afinal,todos saberão o caminho que devem percorrer para alcançar os objetivos. 6 – Esquecer-se da tecnologia Muitos gestores em instituições de ensino ainda têm receio de implementar novas tecnologias, considerando-as apenas como gastos adicionais no orçamento da organização. Contudo, a adoção de soluções tecnológicas tem se tornado indispensável para a sobrevivência de qualquer IE no cenário em que vivemos. Sabendo disso, busque conhecer novas opções e tendências tecnológicas que podem ser aplicadas nas diferentes áreas de sua instituição, como atendimento, ensino, financeiro e marketing. Isso possibilitará a melhoria desses processos, o que vai se traduzir em vantagem competitiva. O próprio planejamento estratégico pode ser otimizado por meio de softwares de gestão que permitam obter informações acerca da IES de uma forma dinâmica, melhorando a tomada de decisões durante esse processo. 7 – Deixar de mensurar os resultados Por fim, um erro muito comum – e, certamente, um dos mais prejudiciais – consiste em negligenciar o monitoramento e a análise de indicadores. Isso vale tanto https://gestores.queroeducacao.com.br/termometro-de-precificacao/ 18 para os números referentes ao semestre anterior, cuja análise deve servir como base para as novas decisões estratégicas, quanto para os resultados referentes à fase de execução do planejamento. É essencial analisar as métricas e fazer um acompanhamento das estratégias para compreender quais táticas estão trazendo os resultados esperados, verificar se os cronogramas estão sendo cumpridos, identificar possíveis falhas e fazer melhorias. Assim, será possível trabalhar, efetivamente, para alcançar as metas. 6 ORIGEM, CONCEITO E EVOLUÇÃO DE PLANEJAMENTO Trata-se de um processo de deliberação abstrato e explícito que escolhe e organiza ações, antecipando os resultados esperados. Esta liberação busca alcançar, da melhor forma possível, alguns objetivos pré-definidos. Chiavenato (2001) cita que um dos fundadores da administração científica, Frederick W. Taylor, considerava que o planejamento se fundava na busca dos melhores métodos de trabalho, principalmente no princípio do estudo do tempo e padronização dos métodos e instrumentos, uma vez que o trabalho requisitava os estudos preliminares para determinar a metodologia a ser empregada. Chiavenato (2001) também cita Henri Fayol, outro fundador da administração científica, que buscou a eficácia da produtividade, partindo do nível gerencial, analisando as funções situadas no cume da pirâmide estrutural de uma indústria. Fayol considerou que o ato de administrar era constituído pelas funções de prever, organizar, comanda e controlar. Para Drucker (1984) apud Chiavenato (2001), autor contemporâneo, planejamento estratégico é o processo contínuo e sistemático de tomar decisões que envolvem riscos; organizar sistematicamente as atividades necessárias à execução destas decisões e, através de uma retroalimentação organizada e sistemática, medir o resultado dessas decisões, em confronto com as expectativas alimentadas. (Apud BRITO R. O. 2011) Na área educacional, o planejamento é considerado como fator imprescindível à mudança, renovação e progresso. Para tais circunstâncias, o planejamento se impõe como recurso de organização, constituindo o fundamento de toda ação educacional. De acordo com Parra (1972, p. 15), as ideias de planejamento são discutidas amplamente em nossos dias, entretanto, por si só, não constituem a 19 fórmula mágica que soluciona ou muda a problemática a ser resolvida, o que “exige uma busca cada vez maior de estudos científicos que favorecem o estabelecimento de diretrizes realistas”. Fonte: www.correio24horas.com.br Planejamento estratégico e planejamento convencional O planejamento é uma ação social intencional e reflexiva que pode ser uma ação interativa entre as pessoas. Deverá, portanto, ser articulado de modo a escolher o caminho de ação mais eficaz e, consequentemente, deverá seguir as seguintes etapas: definição de estratégias conflitivas, cooperativas e comunicativas. De acordo com Arguin (1978, p. 19), a abordagem convencional de planejamento pressupõe que o sistema universitário seja um sistema fechado, onde é possível a elaboração de um plano articulado e definitivo. Enquanto, para o autor, o planejamento estratégico se apoia em um sistema aberto, onde a organização é chamada a mudar na medida em que integra diversas informações provenientes, tanto do ambiente interno quanto do externo. Para Arguin (1978, p. 19), o planejamento universitário sempre existiu pois, desde a sua origem, os responsáveis por esta instituição tentaram definir sua missão e suas metas, projetando a imagem que eles queriam que esta instituição tivesse. 20 Com o passar do tempo, as universidades se afastaram progressivamente do aspecto convencional do planejamento para aderir ao novo enfoque, o planejamento estratégico, que produz um documento com uma lista considerável de contingências, periodicamente modificado, na medida em que as informações evoluem. Enquanto isso, segundo o autor, o planejamento convencional chega a resultados estáticos, apresentando complicadas construções intelectuais que, na prática, são pouco utilizadas. De acordo com Pessoa (1978, p. 100), a palavra estratégia originou-se da palavra grega strategos, que se referia ao papel do general no comando de um exército. A palavra strategos, por sua vez, deriva de stratos que significa exército; e agein, que significa conduzir. Na origem, por conseguinte, associa-se à guerra, tal como o vocabulário estratagema. Arguin (1978, p. 19) explica que o planejamento é necessário quando a adaptação das ações é coagida, por exemplo, por um ambiente crítico, envolvendo alto risco e custo; por uma atividade em parceria; ou por uma atividade que necessite estar sincronizada com um sistema dinâmico. Uma vez que o planejamento é um processo complexo que, usualmente, consome muito tempo e dinheiro, recorre-se ao planejamento apenas quando é realmente necessário ou quando a relação entre custo e benefício obriga a planejar. De acordo com Arguin, 1978, p. 19), o planejamento convencional funda-se sobre fórmulas ou modelos, pretende captar a realidade, porém, fazendo pouco caso dos valores e das situações em mudança. Já o planejamento estratégico, por outro lado, incorpora no seu processo a realidade e transformação, à qual considera uma situação lógica. Pode- -se dizer que o planejamento convencional se preocupa, sobretudo, com o estudo e a análise interna da empresa e tende a utilizar, para isso, modelos quantitativos. Enquanto isso, o planejamento estratégico volta-se para a análise exterior, sem, contudo, negligenciar o aspecto interno. Favorecendo o pensamento intuitivo e a informação qualitativa, apela para o conjunto da comunidade no processo de planejar o circuito fechado. Planejamento e estratégia 21 Para Estevão (1997), a gestão está ligada ao planejamento, sendo este uma das principais funções do gestor, segundo o autor: A natureza do planejamento, entretanto, evoluiu, passando de uma visão inicial que a restringia às preocupações orçamentais, com motivações claras de controle financeiro a curto prazo, para a acentuação de perspectivas mais sofisticadas que ampliaram os horizontes e realçaram a capacidade de previsão (Estevão, 1997, p.). Na década de 50, o planejamento adquiriu a dimensão de longo prazo, desdobrando-se depois, nos anos 60, em planejamento estratégico e planejamento operacional, referindo-se, este último, à integração da análise dos fatores ambientais na definição da estratégia organizacional. O planejamento passa, a partir de então, a ser entendido, sobretudo, como assentando: (...) num processo de recolha e tratamento da informação sobre o ambiente e a empresa, tendo em vista atomada de decisão através das quais a empresa se adapte, modifique e atue sobre o contexto em que está inserida. (Cardoso, 1992, p. 23-24) É na sequência desta função que a gestão começa, nos anos 70, a se assumir como estratégica também, como um processo de formulação e implantação de planos que orientam a organização, englobando que o planejamento estratégico quer as decisões operacionais e o funcionamento da organização. Ainda nos anos 70, verificar-se-á, por razões várias, a crise da noção de planejamento, acusado de veicular uma visão de estabilidade, de ter-se transformado num processo administrativo, que não privilegia o desenvolvimento de novas operações ou atividades, que limita o diagnóstico do contexto aos fatores econômicos, reduzindo, por conseguinte, a criatividade e a utilização de métodos modernos de análise estratégica (Estevão, 1997, p. 2). É neste sentido que Mintzberg (1994) apud Estevão (1997) afirma que a “queda” do planejamento e a “ascensão” da estratégia se propõe, congruentemente, à separação do planejamento da estratégia. Isso porque o planejamento se apresenta como um processo baseado na análise que deve acompanhar a estratégia, estando ligada, sobretudo, à de controle e de coordenação de atividades para a consecução dos objetivos, ao passo que a estratégia se baseia na síntese e deve refletir sobre o que está na base da vantagem competitiva de uma organização. Assim, a partir dos anos 70, a reflexão estratégica orienta-se para a análise, sobretudo do contexto concorrencial e da tipologia dos sistemas concorrenciais; fala- 22 se de mercado e mais de organização, compreendida como um fator capaz de desenvolver uma estratégia. Não obstante a importância que essas meta-análises alcançaram, elas acabaram também por ser alvo de dúvidas e de críticas por poderem se revelar demasiado estáticas, face a um mundo dinâmico e imprevisível. Neste, por vezes, o êxito pode emergir de decisões de gestores intermédios, ou não, e obedecer a qualquer estratégia escrita ou intencionalmente planejada. Outro grupo de investigadores prefere, neste mesmo espaço, abordar a estratégia de um modo menos formalizado, destacando-se aí o trabalho de Peters & Waterman (1987) que, numa abordagem psicossociológica, sublinha a função da cultura no êxito das organizações. Não obstante esta nova proposta, estes autores também não ficaram imunes a críticas, uma vez que as suas receitas para a obtenção da excelência das organizações pareciam obedecer a um processo de nivelamento, cujos efeitos reverteriam a favor da consolidação da posição no mercado das organizações líderes, ao mesmo tempo em que reduziriam as iniciativas estratégicas. 7 PLANEJAMENTO ESTRATÉGICO NA ÁREA EDUCACIONAL Segundo Santana (1986, p. 14), “a educação é hoje concebida como fator de mudança e progresso. Por ser considerada um investimento indispensável à globalidade desenvolvimentista, passou, nos últimos decênios, a merecer maior atenção das autoridades, legisladores e educadores”. Amparados em legislação pertinente, foram desencadeados, desde a década de 80 do século passado, processos de aceleração, principalmente no que diz respeito à expansão e melhoria da rede escolar e preparação de recursos humanos (Santana et al., 1986, p. 14). O planejamento educacional põe em relevo esta área, integrando-a, ao mesmo tempo, no progresso global do país. Nessa perspectiva constata-se que o planejamento educacional é processo contínuo que se preocupa com o “para onde ir” e quais as maneiras adequadas para chegar lá, “tendo em vista a situação presente e possibilidades futuras, para que o desenvolvimento da educação atenda às necessidades do desenvolvimento da sociedade, quanto às do indivíduo institucional. Coaracy (1972, p. 78) também considera que é condição primordial do processo de planejamento integral da educação que, em nenhum caso, interesses 23 pessoais possam desviá-los de seus fins essenciais que vão contribuir para a dignificação do homem e para o desenvolvimento cultural, social e econômico do país. Drucker (1984, p. 62), referindo-se à escola em particular, enfatiza que o planejamento estratégico é necessário em instituições de ensino para mapear a concorrência e, com isso, mapear a concorrência, montando diversos cenários frente à atual conjuntura econômica a fim de minimizar os prejuízos em caso de crise mercadológica. Além, é claro, de dar um relato real aos proprietários e acionistas da situação do mercado e suas previsões futuras. Ao que se refere ao projeto pedagógico, que consubstancia o planejamento da escola, Barroso (1992, p. 47) afirma: Um dos documentos essenciais que na escola deve consubstanciar os aspectos estratégicos aqui referenciados é o projeto educativo ou o projeto de escola precisamente porque nele se definem as ambições, os fins e os objetivos, se pressupõe um diagnóstico e uma avaliação das estratégias, se exprime a decisão estratégica e as prioridades de desenvolvimento (...). A partir da escola é que, por esse fato, pode transformar esta organização numa verdadeira plataforma de intervenção cívica, ou, então, segundo a lógica reguladora de mercado, numa empresa prestadora de serviços, num espaço de concorrência. 8 PLANEJAMENTO E EDUCAÇÃO O ato de planejar é tão recorrente no agir humano que chega a ser confundido com atos instintivos tais como respirar – já que, via de regra, ações cotidianas como vestir e comer exigem um mínimo de capacidade de decisão fundamentada nas mais simples ações humanas do dia-a-dia, quando o homem pensa de forma a atender seus objetivos, ele está planejando, sem necessariamente registrar de forma técnica as ações que irá realizar durante o dia (KLOSOUSKI; REALI, 2008, p. 2). Compreendendo o conceito amplo do planejar como ato inerente à própria vida, como justificar a recorrente dificuldade e resistência aos mecanismos de planejamento que é frequentemente observada na prática docente? Algumas pistas para justificar tais posturas certamente podem ser encontradas em processos centralizadores e autoritários, que não são incomuns na gestão pública e/ou privada. Padilha (2001) vai além ao lembrar que: 24 Os termos “Planejamento”, “Plano” e “Projeto” têm sido compreendidos de muitas maneiras. Durante o regime autoritário (1964-1985), eles foram utilizados com o sentido autocrático. Toda decisão política era centralizada e justificada tecnicamente por tecnoburocratas à sombra do poder (PADI-LHA, 2001, p. 29, Apud ROCHA M. R. C.). Fonte: https: gestaoescolar.org.br Outra situação que pode estar envolvida na dificuldade de efetivar planejamentos ascendentes e baseados na realidade local é o fato de que o planejamento em educação pressupõe a articulação entre diferentes níveis: os níveis macro, como as decisões políticas nas esferas Federal, Estaduais e Municipais de governo; o nível global da escola, que envolve desde seu Regimento Escolar, passando pela construção do Projeto Político Pedagógico (PPP); indo até os níveis mais próximos da vida docente, tais como os planejamentos curriculares, de ensino e de aula. 8.1 Planejar em Coletivo Em um Estado Democrático de Direito, a participação social deve estar prevista e ser garantida em todos os níveis de planejamento de qualquer política pública, em especial as da área da educação, como preconiza a Constituição Federal, em seu Artigo 205: A educação, direito de todos e dever do Estado e da família, será promovida e incentivada com a colaboração da sociedade, visando ao pleno 25 desenvolvimento da pessoa, seu preparo para o exercício da cidadania e sua qualificação para o trabalho (BRASIL, 1988). Contudo, a cultura nacional ainda carece de uma compreensão mais ampla, mesmo entre os próprios docentes, do que seja participar e colaborar com os processos políticos que elencam e definem asgrandes políticas públicas, que impactam a realidade de todos. Por outro lado, ainda se convive com o permanente receio entre os docentes de que o ato de bem planejar o seu cotidiano pedagógico possa ser usado como um instrumento de controle e cerceamento da própria atividade docente. O reconhecimento das dificuldades dos docentes – e, como consequência, de toda a comunidade escolar – em participar como protagonista no planejamento das ações e atividades educacionais deve ser entendido como um estímulo à mudança de atitude e um caminho aberto para a real planificação participativa. Transversalmente a todo o processo pedagógico é imprescindível garantir a máxima e real participação de todos os atores envolvidos no processo, sempre atendendo ao preceito da construção coletiva. Com vistas a isso, a participação social, já citada como dispositivo constitucional, está claramente orientada na Lei de Diretrizes e Bases da Educação (LDB – Lei nº 9.394/1996) em seu Artigo 14: Os sistemas de ensino definirão as normas da gestão democrática do ensino público na educação básica, de acordo com as suas peculiaridades e conforme os seguintes princípios: I participação dos profissionais da educação na elaboração do projeto pedagógico da escola; II participação das comunidades escolar e local em conselhos escolares ou equivalentes. (BRASIL, 1996). No âmbito da educação pública do Distrito Federal, a participação social foi devidamente regulamentada, por meio da Lei nº 4.751/2012, conhecida como Lei da Gestão Democrática, que define como primeiro princípio, em seu Artigo 2º, item I: Participação da comunidade escolar na definição e na implementação de decisões pedagógicas, administrativas e financeiras, por meio de órgãos colegiados, e na eleição de diretor e vice-diretor da Unidade Escolar. Subsequentemente a esta definição, segue, no Artigo 3º, a definição da amplitude do termo Comunidade Escolar, que deve incluir os estudantes, seus 26 responsáveis legais, os integrantes da Carreira Magistério e da Carreira Assistência à Educação que atuam na Unidade Escolar, incluindo os docentes temporários em atividade na escola por dois bimestres ou mais. Tal especificação deve ser plenamente atendida em todas as fases do processo que envolve o planejamento, compreendendo todos os produtos daí oriundos. 9 NÍVEIS DE PLANEJAMENTO O planejamento da educação brasileira atualmente é feito com uma organização por níveis que se inter-relacionam e são indissociáveis. Esses níveis podem ser agrupados em três: O planejamento educacional, o planejamento curricular e o planejamento de ensino. No que se refere ao planejamento educacional, é considerado o mais amplo, geral e abrangente. Prevê a estruturação e o funcionamento da totalidade do sistema educacional. Determina as diretrizes da política nacional de educação. O planejamento curricular posiciona-se, ante ao planejamento Educacional, com “uma tarefa multidisciplinar que tem por objeto a organização de um sistema de relações lógicas e psicológicas dentro de um ou vários campos do conhecimento, de tal modo que se favoreça ao máximo o processo ensino-aprendizagem. ” (MOREIRA, 1998, p. 29). No planejamento de ensino, é explicitado o planejamento curricular. Portanto, é no planejamento curricular que surge, em nível mais específico, o planejamento de ensino. Este é a tradução, em termos mais próximos e concretos, da ação que ficou configurada em nível de escola. Indica a atividade direcional, metódica e sistematizada que será empreendida pelo professor junto a seus alunos, em busca de propósitos definidos. Diferentes concepções (Tendências Pedagógico-Filosóficas) do Planejamento de Ensino As concepções de planejamento de ensino adentraram as escolas, no decorrer dos tempos, apresentando-se com maneiras de pensar e prescrever modos de planejar um “bom” ensino de qualidade. Entretanto, no meio escolar, quando se fala 27 em planejamento, são comuns as opiniões e reclamações dos atores da educação em dizer que são práticas burocráticas, sinônimo de mais trabalho ou que não condizem com a prática vivida. Diante de tais discursos, mapearemos a seguir as diferentes perspectivas de planejamento de ensino que adentraram a escola nos últimos tempos, citando as perspectivas: tradicional, tecnicista, crítico-dialético (planejamento participativo), e o planejamento de ensino como estratégia de política cultural. A Concepção tecnicista do Planejamento de ensino emerge no início dos anos 70. O planejamento de ensino, dentro dessa concepção, é visto como processo “sistematizado, mediante o qual se pode conferir maior eficiência as atividades educacionais para em determinado prazo alcançar o conjunto de metas estabelecidas. ” (GIL, 1994, p.34). A concepção crítico-dialético (Planejamento Participativo) surge nos anos 80 e 90, em oposição aos modelos anteriores. Acolhido pelos educadores progressistas, o saber passa a valorizar a participação, o diálogo, o poder coletivo local, a formação da consciência crítica a partir da reflexão sobre a prática transformadora. A Concepção tecnicista do Planejamento de ensino emerge no início dos anos 70. O planejamento de ensino, dentro dessa concepção, é visto como processo “sistematizado, mediante o qual se pode conferir maior eficiência as atividades educacionais para em determinado prazo alcançar o conjunto de metas estabelecidas. ” (GIL, 1994, p.34). A concepção crítico-dialético (Planejamento Participativo) surge nos anos 80 e 90, em oposição aos modelos anteriores. Acolhido pelos educadores progressistas, o saber passa a valorizar a participação, o diálogo, o poder coletivo local, a formação da consciência crítica a partir da reflexão sobre a prática transformadora. O planejamento participativo constitui-se numa estratégia de trabalho que se caracteriza pela integração de todos os setores da atividade humano-social, num processo global para a solução de problemas comuns. Essa perspectiva adota o planejamento dialógico como estratégia de mudança da educação escolar, assumindo, como um de seus objetivos, promover maior participação e interação entre os membros de uma comunidade escolar no ambiente educacional que lhe é específico, a fim de criar soluções, ou tentativas resolutivas, para os problemas oriundos ou presentes no contexto do processo educativo que ocorre no interior da escola. 28 Nesse sentido, é importante a participação de todos e todas para a construção do planejamento escolar – e por que não dizer da vida escolar, pois nada melhor do que ter os envolvidos no processo educacional (alunos, alunas; professores e professoras; técnicos pedagógicos; pais e mães; pessoal de apoio da escola) como conhecedores e atuantes na/da realidade que os cerca, só assim passa a ter sentido a denominação a este tipo de planejamento educacional de Planejamento Dialógico. Fonte: ava2.ifma.edu.br 10 O PLANEJAMENTO DIALÓGICO COMO OPÇÃO PARA A MUDANÇA ESCOLAR Essa perspectiva propõe que consideremos de modo bastante geral, a seguinte definição de planejamento: O ato de planejar é sempre processo de reflexão, de tomada de decisão sobre a ação, processo de previsão de necessidades e racionalização de emprego de meios (materiais) e recursos (humanos) disponíveis, visando a concretização de objetivos, em prazos determinados e etapas definidas, a partir do resultado das avaliações. (PADILHA, 2001, p. 30). Muito embora possamos concordar com essa definição e até afirmarmos que ela se aplica a toda modalidade de planejamento – no sentido da importância da definição de necessidades de se planejar ações de modo reflexivo, proceder ao 29 acompanhamento das ações a serem desenvolvidas com vistas ao atendimento de objetivos em prazos previamente definidos, e realizar avaliação dos resultados alcançados e aserem alcançados, e ainda considerarmos as vantagens de tomarmos atitudes a partir de um planejamento prévio –, não podemos negligenciar que, quando a confrontamos com determinados tipos de planejamento, a diferença salta aos olhos. Tal é o caso do planejamento educacional de tipo dialógico. A definição apresentada é bastante geral, mas não suficiente quando consideramos o ambiente no qual ela se aplica. E, se considerarmos o ambiente escolar, ela pouco tem a nos oferecer, na medida em que se direciona a um tipo de planejamento de certo modo engessado e que não define papéis e atribuições sociais aos atores que fazem parte da realidade escolar, e muito menos o faz de modo colegiado pautado na dialogicidade entre estes mesmos atores educativos. Resumidamente, a diferença pode ser encontrada: no modo como se planeja; quem participa ou não do processo de planejamento; de que modo se executa o planejamento; o envolvimento ou não da coletividade; a democratização ou não da definição; participação e execução dos ideais, ideias, desejos, objetivos e ações planejadas. No âmbito escolar, o reconhecimento dessas diferenças é primordial, pois, assim, se pode optar pela adoção entre um tipo de planejamento e outro, e ter a clareza de que, a partir de tal escolha, irá depender em grande medida o sucesso ou o fracasso dos ideais de uma educação democrática, participativa, que toma como ponto de partida o caráter dialógico nas tomadas de decisões que têm impacto direto na qualidade do processo de ensino-aprendizagem e no processo de gestão escolar. Além disso, a escola, ao assumir o planejamento dialógico como o tipo de planejamento educativo a ser adotado em todas as dimensões do processo educativo (desde o planejamento de aula até a definição da Proposta Pedagógica Escolar), deverá também – e isso o distingue dos demais tipos de planejamento educacional – desenvolver e incentivar o diálogo como estratégia para a resolução de problemas, o respeito à diversidade e à liberdade, seja cultural, religiosa, ética, econômica, social ou política. 30 10.1 A imprescindível participação de todos Sabemos que essas necessidades apresentadas pelo planejamento educacional dialógico não estão ainda presentes na maioria de nossas escolas. O atendimento a elas requer, entre outras coisas, uma mudança de perspectiva a respeito do ato de educar e se educado, ou seja, requer uma conversão do olhar para a função social do ato de educar tanto da escola quanto do professor, requer também participação ativa daqueles que necessitam da escola como espaço possível de construção da transformação social. Não podemos mais buscar justificativas paliativas para a não adoção de estratégias mais dialógicas, participativas e democráticas no contexto da escolarização e das instituições onde ocorre o fenômeno educativo. Não podemos (ou não devemos) aceitar atitudes antidemocráticas, egoístas, interesseiras, centralizadoras, etc., venham de onde vierem. O que devemos (e podemos) fazer de modo cotidiano é desenvolver atitudes e ações participativas e incentivar a imprescindível participação de todos nas decisões que nos atingem direta e indiretamente. Sem essa atitude, pouco ou nada se garante a respeito da instauração de uma gestão democrática da escola, se entendermos gestão em seu sentido educativo mais amplo. De outro modo, nada garante que haverá interesse, envolvimento, participação nas elaborações de projetos educativos e tomadas de decisões na vida da escola por parte daqueles que dão existência a ela. 11 O PLANEJAMENTO DE ENSINO COMO ESTRATÉGIA DE POLÍTICA CULTURAL Esta perspectiva de Planejamento de ensino é discutida por Sandra Mara Corazza a partir de teorias pós-críticas, pensando em uma Pedagogia Cultural, a partir de práticas culturais de pesquisa e ensino que centram seus esforços em ver o que está definido e como os eventos foram definidos na sociedade. Com tal olhar aposta em mudanças na prática de ensino e na formação dos professores, lançando o desafio de uma “docência artística”, o professor deixa de ser um mero executor de planejamento de “terceiros” (currículo, livros didáticos e 31 discursos pedagógicos), e passa a experimentar, criar, inventar a própria prática em seus movimentos múltiplos. O movimento da Pedagogia Cultural é aqui considerado uma importante prática cultural exercida por meio de análises sobre poder, linguagem, diferença e multiplicidade. É um trabalho por um planejamento de ensino que analisa o “mundo cultural”. (Apud RIBEIRO V. N. C. 2017) Dessa forma, preocupa-se menos com questões metodológicas de transmissão e processos de avaliação, do que com os modos como os saberes e os produtos culturais são fabricados, divulgados e consumidos, caracteriza-se como sendo uma prática que questiona (de forma hipercrítica) os discursos culturais que moldam as experiências, as relações, os gestos e os gostos cotidianos. Assim, propor um planejamento de ensino como estratégia de política cultural é produzir uma visão política e um espaço de lutas culturais. Com isso, essa visão não pretende desprezar os conteúdos universais, nacionais e regionais, mas realizar ajustes e rearticulações de forma que ajude a compreender de que modo o funcionamento do poder, o estabelecimento de privilégios e a constituição de determinadas subjetividades movimenta a vida de uma sociedade em uma dada direção e não de outras. A compreensão da realidade escolar pelos sujeitos da educação é fundamental para que todos tomem conhecimento acerca dos problemas que acontecem na vida escolar. Assim, é fundamental que todos reconheçam a importância de sua atuação no trabalho educativo e assumam com responsabilidade o papel que lhes destina a realidade escolar através da construção coletiva do planejamento escolar como conhecedores das diferentes perspectivas do planejamento de ensino. Conhecendo as perspectivas de planejamento de ensino, o sujeito da sociedade contemporânea tem possibilidades de movimentar sua realidade, perscrutando sobre o que deseja concretizar no ambiente do ensino, para além do que se defronta cotidianamente no contexto escolar. Tanto uma visão crítica – que promove uma dialogicidade – como um planejamento de ensino como política cultural permitem, como condição intrínseca de sua realização, a participação não só na elaboração, mas também nas decisões a serem tomadas. Dessa forma, é preciso avançar no entendimento do que é um planejamento de ensino e desconfiar dos lugares e construções fixas de subjetividades, para centrar esforços em perceber as 32 maneiras como definimos e como nos emocionamos com as produções do nosso tempo, e ainda como se integram tais definições e emoções ao currículo escolar e especificamente ao planejamento de ensino. 12 PLANEJAMENTO EDUCACIONAL: ORGANIZAÇÃO DE ESTRÁTEGIAS E SUPERAÇÃO DE ROTINAS OU PROTOCOLO INSTITUCIONAL? O planejamento é um instrumento que possibilita a superação de rotinas. Visa organizar e disciplinar a ação. É de fundamental importância em toda a Educação Básica e não seria diferente no ensino Superior, uma vez que será o norte do professor, e a qualidade da disciplina ministrada depende tanto do conhecimento dele quanto de um bom planejamento, de forma que o tempo seja adequado ao aprendizado e atividades do discente. O planejamento é um processo de busca de equilíbrio para a melhoria do funcionamento do sistema educacional. Como processo o planejamento não deve ocorrer em um momento único e sim a cada dia. A realidade educacional é dinâmica, os problemas, a reivindicação não tem hora nem lugar para se manifestar. Assim decidimos a cada dia, a cada hora. Por vezes, o planejamento é apresentado e desenvolvido como se tivesse um fim em si mesmo; outras vezes, é assumido como se fosse um modo de definir a aplicação de técnicas efetivas paraobter resultados. LUCKESI (s/a p. 115) afirma: O ato de planejar, como todos os outros atos humanos, implica escolha e, por isso, está assentado numa opção axiológica. É uma "atividade-meio", que subsidia o ser humano no encaminhamento de suas ações e na obtenção de resultados desejados, e, portanto, orientada por um fim. O ato de planejar se assenta em opções filosófico- políticas; são elas que estabelecem os fins de uma determinada ação. E esses fins podem ocupar um lugar tanto no nível macro como no nível mico da sociedade. Situe- se onde se situar, ele é um ato axiologicamente comprometido. Os profissionais que planejam fixam na elaboração do "melhor modelo de projeto": tópicos, divisões, numerações, recursos, fluxos, cronogramas. Os roteiros técnicos de elaboração de planejamentos estão se tornando cada vez mais direcionados aos detalhes de técnicas eficientes. Porém, pouco ou nada se discute a respeito do significado real e aplicável da ação que se está planejando, ou vão além, 33 decidem que não mais precisam planejar, talvez já tenha estagnado suas ações e pensa que não mais podem ou necessitam construir algo. Fonte: horario.com.br Não se deve pensar num planejamento pronto, imutável e definitivo. Deve-se antes acreditar que ele representa uma primeira aproximação de estruturas adequadas a uma realidade, tornando-se, através de sucessivos replanejamentos, cada vez mais apropriado para enfrentar a problemática desta realidade. Estas medidas favorecem a passagem gradativa de uma situação existente para uma situação desejada. Os profissionais da área da educação, em partes, têm um sentimento de “descrença em relação ao planejamento”. Sua origem situa-se “em uma fase marcada pelo excesso do „possível‟, ou seja, onde tudo parecia muito fácil de realizar. ” (VASCONCELLOS, 2000, p.34). Em uma análise sobre a questão em causa, descreve a circunstância afirmando que: inicialmente o professor foi “seduzido” pelas promessas do planejamento, como se através dele tudo pudesse ser resolvido. Só que depois, à medida que as coisas não aconteciam, foi desacreditando, se decepcionou, mas continuou cobrado para que fizesse: caiu-se no vazio do fazer alienado. Deixou de ser uma autêntica elaboração, tornando-se uma prática do fazer por registro. 34 Como consequência, a prática de realizar o planejamento escolar nas unidades passou a representar uma situação não desejada, não valorizada e produzida, apenas, para fazer frente a exigências e requisitos legais. O planejamento sistêmico de uma disciplina por unidades de ensino utiliza a conceituação de serviços profissionais, operações, objetivos comportamentais ou operacionais, objetivos expressivos, experiências, atividades de ensino, realimentação e avaliação. Temos que utilizar todos os itens desta estrutura de planejamento de forma equilibrada e flexível. BORDENAVE E PEREIRA, 2005, sugere pontos principais a serem observados para a escolha de suas atividades que deverão ser contempladas dentro de seu planejamento: “A necessidade de que o aluno tenha alguma participação ativa no processo. Para Ralph Tyler “A aprendizagem se realiza através da conduta ativa do aluno que aprende mediante o que ele fez e não o que faz o professor”. A formulação de critérios de escolha: a escolha de atividades está ligada a diversos pontos de vista, todos pedagogicamente importantes. Cada atividade tem um potencial didático diferente, bem como limitações específicas. Junto a isto, está também a possibilidade de combinar atividades de forma que se complementem umas com as outras, o potencial de uma compensando as limitações de outras. Não é possível oferecer “receitas didáticas” como quem entrega uma receita de cozinha. A razão: os ingredientes são muitos e variam a cada situação de ensino aprendizagem, além de variar a personalidade do professor e as características dos alunos. Se não é possível oferecer receitas aos professores sobre didáticas pode-se divulgar subsídios teórico-prático que permitem analisar algumas bases para escolha de atividades. Os objetivos educacionais e a estrutura do assunto a ser ensinado, determinam o tipo de atividade. As características próprias das atividades de ensino determinam sua escolha. A etapa no processo de ensino determina o tipo de atividade mais indicado. O tempo e as facilidades físicas disponíveis influem sobre a escolha das atividades de ensino. 35 Cabe aos educadores a decisão e articulação referente ao desenvolvimento das atividades a serem propostas com o conteúdo programático e os aspectos relacionados anteriormente, sem esquecer-se do objetivo primeiro que é a consolidação dos saberes pelos discentes. Vale ressaltar a estrutura de tópicos e elementos necessário e diretivo para o planejamento executável demonstrado por LUCKESSI, 2010. Ementa - Neste momento é apresentado o resumo das finalidades da disciplina, evidenciando a relação desta com as propostas pedagógicas estabelecidas pelo projeto pedagógico de curso. Objetivos - Os objetivos devem ser elaborados conforme a proposta da disciplina, tendo como base a utilização dos critérios finais dos quais resultam progressivamente as respostas de aprendizagem esperada. Os objetivos são redigidos iniciando-se com o verbo no infinitivo, que explicita a operação de pensamento que se pretende desenvolver (exemplo: analisar criticamente, aplicar, compreender, criar. etc. ...) e o conteúdo específico da disciplina. Objetivos gerais - São aqueles mais amplos e complexos, que poderão ser alcançados, por exemplo ao final do curso, ou disciplina, ou semestre, incluindo o crescimento esperado nas diversas áreas de aprendizagem. Objetivos específicos - Referem-se a aspectos mais simples, mais concretos, alcançáveis em menor tempo, como, por exemplo, aqueles que surgem ao final de uma aula ou de um período de trabalho e, em geral, explicam desempenhos observáveis. Características: realismo, viabilidade especificidade, perspectiva com relação ao futuro. Conteúdos programáticos - Trata-se de um conjunto de temas ou assuntos que são estudados durante o curso em cada disciplina. Tais assuntos são selecionados e organizados a partir da definição dos objetivos. Metodologia - A metodologia deve ser apresentada com muita clareza evidenciando a forma como o conhecimento vai ser trabalhado. Deve indicar os movimentos didático-pedagógicos que estarão presentes no desenvolvimento das atividades. Esse componente do plano exige a especificação de como o professor irá valorizar o conhecimento prévio dos alunos, articulando o novo conhecimento com a realidade e analisando-o em 36 relação ao conhecimento anterior do aluno. É importante selecionar as estratégias adequadas para os objetivos propostos. Avaliação - Além das formas e instrumento de avaliação, é necessário especificar os critérios que serão utilizados, os quais devem estar totalmente relacionados com a finalidade da atividade, com os objetivos e com os critérios estabelecidos previamente sobre a construção do conhecimento. Níveis de complexidade: (re) conhecimento, compreensão, aplicação, análise, síntese, julgamento (avaliação). O desafio está posto, de superarmos modelos de planejamentos extremamente técnicos e sem direcionamento e objetivos educacionais. GARAUDY, 1978, nos lembra que, para construir o futuro, não basta estarmos atentos aos meios educativos; temos de estar atentos aos fins. Diz ele: A função primordial da educação já não pode ser adaptar a criança a uma ordem existente, fazendo com que assimile os conhecimentos e o saber destinados a inseri-la em tal ordem, como procederam gerações anteriores, mas, ao contrário, ajudá-la a viver num mundo que se transforma em ritmo sem precedente histórico, tornando-a, assim, capaz de criar o futuro e de inventarpossibilidades inéditas. Que nossos sistemas escolares e universitários atuais não correspondem em absoluto a essa nova necessidade, é uma evidência que as experiências de maio de 1968, nas universidades do mundo inteiro, e nas manifestações de contestação dos estudantes no curso dos anos que se seguiram, foram sintomas brutalmente reveladores. O problema em questão não pode mais ser resolvido simplesmente por uma 'reforma do ensino, isto é, por uma modificação dos meios que permita atingir melhor os fins até aqui visados, mas por uma verdadeira 'revolução cultural; que ponha novamente em questão esses fins, e se oriente para a pesquisa e a descoberta de um novo projeto de civilização. (Apud RIBEIRO V. N. C. 2017) Percebe-se então a reflexão que estamos passando há tempos dos paradigmas educacionais sobre o objetivo do ato de se planejar os trabalhos pedagógicos a serem desenvolvidos na instituição. Levando em consideração toda a dinâmica da necessidade da estruturação de um planejamento, afirmamos que este documento deverá ser mais que um documento institucional a ser preenchido e arquivado e sim uma ferramenta educacional a ser estruturada, avaliada e reavaliada durante todo o percurso da excussão. Não podia deixar de ressaltar a importância do ato avaliativo neste processo, pois a avaliação atravessa o ato de planejar e de executar; por isso contribui em todo o percurso da ação. A avaliação se faz presente não só na identificação da perspectiva político-social, como também na seleção de meios alternativos e na execução do 37 projeto, tendo em vista a sua construção. Ou seja, a avaliação, como crítica de percurso, é uma ferramenta necessária ao ser humano no processo de construção dos resultados que planificou produzir, assim como o é no redimensionamento da direção da ação. A avaliação é uma ferramenta da qual o ser humano não se livra. Ela faz parte de seu modo de agir e, por isso, é necessário que seja usada da melhor forma possível. Diante dos diversificados aspectos organizacionais e estruturais reafirma-se que se deve trabalhar na educação com planejamentos direcionados e aplicáveis, contextualizados na amplitude educacional e objetivados na aquisição e consolidação do saber. 13 A IMPORTÂNCIA DO PLANEJAMENTO ESTRATÉGICO NAS UNIVERSIDADES PÚBLICAS BRASILEIRAS O Planejamento Estratégico nas organizações pode encontrar uma série de interpretações em relação a esta ferramenta da administração. Este tipo de planejamento é voltado para o desenvolvimento de medidas positivas que uma organização poderá tomar para enfrentar ameaças e aproveitar as oportunidades encontradas na constituição em seu ambiente. Planejar significa estabelecer uma formulação sistematizada por regras e ações que permitam normatização estabelecimentos e ou organizações por objetivos almejados. O planejamento deve ser considerado como condição básica para o desenvolvimento de quaisquer atividades na perspectiva da ampliação da qualidade dos serviços oferecidos. Neste interim, é necessário quando se planejar ter uma estratégia, uma linha de ação a segui. Assim, para as Instituições de Ensino Superior (IES) é essencial que se tenha no corpo das suas atuações e serviços oferecidos a comunidade acadêmica um modelo de Planejamento Estratégico que promova o desenvolvimento das suas ações. No que se refere ao Planejamento Estratégico, Kotler (1992) define que “o planejamento estratégico é definido como o processo gerencial de desenvolver e manter uma adequação razoável entre os objetivos e recursos da empresa e as mudanças e oportunidades de mercado”. Nesta direção as IES têm um papel fundamental na formação da sociedade através das ofertas dos seus serviços, e nesta conjuntura, ter no seu escopo procedimentos padrões que 38 auxilie a comunidade acadêmica a alcançar seus objetivos, provoca uma mudança significativa. Deste modo, as instituições ao utilizar o planejamento estratégico como paradigma para tomada de decisões, implica em adequar a proposta de organização, desenvolvendo ações que possam levar a alcançar seus objetivos almejados. Fonte: www.auctus.com.br Dentre as causas mais importantes do crescimento recente do Planejamento Estratégico, pode-se citar que os ambientes de praticamente todas as organizações mudam com surpreendente rapidez. Essas mudanças ocorrem nos ambientes econômico, social, tecnológico e político. A organização somente poderá crescer e progredir se conseguir ajustar-se à conjuntura, e o Planejamento Estratégico é uma técnica comprovada para que tais ajustes sejam feitos com inteligência e eficiência. O Planejamento é conceituado em curto, médio e longo prazo, este último é um instrumento mais flexível, um elemento-chave da estratégia que é a seleção de apenas algumas características e medidas a serem adotadas. É um instrumento que força, ou pelo menos estimula, os administradores a pensar em termos do que é importante ou relativamente importante, e também a se concentrar sobre assuntos de relevância. 39 No Brasil, apesar de muitas organizações já usarem a metodologia do Planejamento Estratégico, ainda pairam dúvidas sobre o que realmente este vem a ser e como deve ser formulado. A maior dúvida diz respeito a uma acentuada tendência para a utilização dos termos “Planejamento Estratégico” e “Planejamento a Longo Prazo” como se fossem sinônimos. De acordo com as noções de Ansoff (1990), somente um número reduzido de empresas utiliza o verdadeiro Planejamento Estratégico. A grande maioria das organizações continua aplicando as antiquadas técnicas do Planejamento a Longo Prazo, que se baseiam em extrapolação das situações passadas. Já Fishmann, propõe o seguinte conceito: Planejamento estratégico é uma técnica administrativa que, através da análise do ambiente de uma organização, cria a consciência das suas oportunidades e ameaças, dos seus pontos fortes e fracos para o cumprimento da sua missão e, através desta consciência, estabelece o propósito de direção que a organização deverá seguir para aproveitar as oportunidades e reduzir riscos. (FISHMANN & ALMEIDA, 1991. p. 25). Uma organização que utiliza a ferramenta planejamento estratégico seguirá a melhor direção, para alcançar a maior interação possível com o ambiente. A direção engloba os seguintes itens: âmbito de atuação, macro políticas, políticas funcionais, filosofia de atuação, macro estratégia, estratégias funcionais, macro objetivos, objetivos funcionais. O grau de interação entre uma organização e o ambiente, que pode ser positivo, neutro ou negativo, é variável dependendo do comportamento estratégico assumido pela organização perante o contexto ambiental. A universidade é uma instituição complexa em várias dimensões: na variedade e quantidade de públicos com os quais se relaciona, nos múltiplos objetivos, diversidade de serviço que oferece, na diversidade de formação de seus recursos humanos, nos diversos tipos de tecnologias que deve dominar e na extensão da infraestrutura que dispõe. Ademais, quando a universidade é uma instituição pública, somam-se a estas características outros elementos peculiares do setor público, entre eles, a profusão de normas emanadas dos poderes centrais, as pressões políticas, a escassez de recursos e a lentidão do processo decisório burocrático. O planejamento estratégico é de forma geral entendido como um processo no qual a instituição busca através da implementação do planejar, formas efetivas de administração que segundo Silva (2001) o planejamento, é a parte fundamental da administração, e tem suas 40 origens nas mais remotas civilizações, desde o momento em que o homem precisou realizar tarefas e organizar recursos disponíveis. São poucas as universidades públicas brasileiras que têm utilizado o planejamento estratégico como instrumento de gestão universitária.
Compartilhar