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DOENÇA ULCEROSA PÉPTICA - RESUMO Ana Beatriz Tenório – Turma 06 1. Anatomia e fisiologia do estômago: Estômago é dividido em 3 terços: 1º: Fundo – possui uma área de transição esôfago- estômago (Cárdia) 2º: Corpo 3º: Antro + piloro (musculatura especializada) O epitélio do estômago possui uma série de invaginações, e na parte mais profunda dessas encontram-se as fossetas gástricas, cujas células produzem diversas substâncias envolvidas na manutenção do pH do lúmen e da mucosa do estômago, com cada região sendo responsável pela produção de algumas mais do que outras. No fundo e no corpo do estômago: - Céls. Parietais: produção de ácido e fator intrínseco - Céls. Principais: produção de pepsinogênio - Céls. Enterocromafim like: produção de histamina No antro: - Céls. G: produção de gastrina - Céls. D: produção de somatostatina Na célula parietal existem receptores de Gastrina, Histamina e Acetilcolina, cada um estimulado de uma forma diferente. Acetilcolina: liberada pelo nervo Vago de forma autonômica, através da visão, cheiro e sabor do alimento. Além disso, é responsável pela produção ácida noturna. Histamina: estimula a produção ácida ao se ligar ao receptor. Gastrina: age diretamente na célula parietal estimulando a produção de HCl e indiretamente na enterocromafim like estimulando a produção de histamina. Os estímulos para a cél. G produtora são: • pH elevado (+ básico) no lúmen • Presença de peptídeos no lúmen • Distensão estomacal (tanto pelo alimento quanto por balão gástrico de cirurgia bariátrica, por exemplo) Somatostatina: inibe tanto a célula G quanto a célula Parietal, em resposta à diminuição do pH. As prostaglandinas também inibem a secreção ácida. Barreira mucosa gástrica: O pH no lúmen do estômago se encontra por volta de 1-2, o que num tecido exposto teria ação bastante corrosiva. Porém, graças à barreira mucosa gástrica, o pH do estômago próximo ao epitélio fica ao redor de 7 (neutro). Isso é possível devido à produção de bicarbonato associada à produção de muco, que aprisiona esse nas vizinhanças do epitélio. Além disso, esse tecido possui uma microcirculação muito rica, que garante uma boa nutrição para as células epiteliais e um alto poder de regeneração das mesmas. Todas essas ações são mediadas pelas prostaglandinas, que se encontram inibidas no paciente em uso de AINEs, o que predispõe a lesão da mucosa por quebra da barreira. Obs: a primeira porção do duodeno apresenta estrutura muito semelhante à barreira, o que explica a ausência de úlceras numa pessoa saudável nessa região que não recebe nem a bile nem o suco pancreático, responsáveis por elevar o pH do bolo alimentar no momento em que o mesmo sai do estômago. Já a lesão promovida pelo H. pylori na barreira se dá pela: - Produção de fator de crescimento plaquetário (que estimula a trombose da microcirculação) - Queda da produção de bicarbonato, especialmente no duodeno - Ação da urease, produzindo amônia (composto tóxico para o epitélio) - Estímulo para produção de interleucina-8, que atrai neutrófilos para o local da infecção (liberação de enzimas proteolíticas no epitélio) 2. Definição: Solução de continuidade da mucosa gastrointestinal secundária ao efeito corrosivo do HCl e pepsina, estendendo-se através da camada muscular da mucosa, atingindo submucosa e mesmo a muscular própria. 3. Epidemiologia: - Prevalência variável - A úlcera duodenal é a forma predominante - Mais frequente nos homens (1,5 a 3x) • UD: 30-55 anos • UG: 50 a 70 anos Localizações mais comuns: - UD na primeira porção do duodeno (bulbo duodenal) - UG na pequena curvatura (no antro) Complicações: - Sangramento (15-20%) - Perfuração (5%) - Estenose (2%) 4. Etiologia: Comuns: - H. Pylori - AINEs Raras: - Sd. de Zollinger-Ellison (gastrinoma) - Doenças granulomatosas (Crohn, sarcoidose) - Neoplasias (carcinoma, linfoma) - Infecções (TB, sífilis, herpes simples, CMV) - Mastocitose sistêmica - Drogas (micofenolato, bifosfonados, clopidogrel, quimioterapia, glicocorticoides associados a AINEs) - Isquemia - Idiopática 5. Etiopatogenia/Fisiopatologia: Multifatorial: 1. Fatores genéticos (fenótipo secretório – variação de células parietais e sensibilidade das células envolvidas) 2. Fatores ambientais (H. pylori, medicações, cigarro) Uso de AINEs x HDA: - Risco 4x maior de desenvolver HDA - Condições que aumentam as chances: • Idade avançada • Associação com CE, AAS, anticoagulantes e antiagregantes plaquetários • Infecção por H. pylori • Antecedentes de úlcera Lesão induzida por AINEs: - Supressão da síntese de prostaglandinas - Agressão de neutrófilos à microcirculação gástrica - Redução na produção de muco - Circulação da mucosa e defesa celular comprometidas (mucosa mais vulnerável à agressão de fatores intraluminais) 6. Quadro clínico: Úlcera duodenal: - Dor epigástrica em queimação - Melhora clara com as refeições e uso de antiácidos - Despertar noturno pela dor Úlcera gástrica: - Dor epigástrica em queimação - Anorexia e perda ponderal Obs: complicações - Sangramento: hematêmese e melena - Perfuração: sinais de peritonismo e instabilidade hemodinâmica - Obstrução: náuseas, vômitos, distensão abdominal 7. Diagnóstico: - EDA: padrão-ouro - Exame histopatológico - Exame radiológico contrastado - Gastrina - Pesquisa do H. pylori Classificação de Sakita: estado da úlcera A1 A2 H1 H2 S1 S2 Exame radiológico contrastado 8. Diagnóstico diferencial: úlcera benigna x maligna Úlcera benigna: • Base: o Plana, lise, regular, na maioria recoberta por exsudato fibrinoide branco o Pode ser espessa, com restos necróticos e hematina na fase inicial • Bordas: o Nítidas, regulares, bem delimitadas, um pouco elevadas em relação à base • Mucosa adjacente: o Presença de tecido de regeneração ao redor da úlcera • Pregas gástricas: o Convergem para a úlcera de maneira regular • Número: o Geralmente únicas • Localização: o Pequena curvatura, incisura angular, terço inferior de corpo, antro proximal e região pré- pilórica • Diâmetro: < 2 cm Úlcera maligna: • Base: o Fundo sujo, necrótico, com áreas irregulares, elevadas ou deprimidas • Bordas: o Irregulares, mal delimitadas • Mucosa adjacente: o Infiltrada o Presença de áreas deprimidas ou elevadas, irregulares • Pregas gástricas: o Interrupção abrupta o Terminação em baqueta ou em ponta de lápis o Fusão de duas pregas • Número: o Múltiplas: pensar em linfoma • Localização: o Grande curvatura • Diâmetro: > 2 cm 9. Tratamento: - Medicações que promovem a cicatrização da úlcera: • Pró-secretores: antiácidos, sucralfato, sais de bismuto coloidal • Antissecretores: bloqueadores dos receptores H2 da histamina e IBP - Erradicação da H. pylori - Evitar/suspender o uso de AINEs - Endoscópico ou cirúrgico na presença de complicações Obs: Se uso do AINE é necessário, de forma contínua ou intermintente, para pacientes de risco: - Profilaxia com IBP - Trocar AINE não-seletivo por inibidor da COX-2 10. Seguimento:
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