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A EDUCAÇÃO INFANTIL E SUA IMPORTÂNCIA PARA A FORMAÇÃO DO INDIVIDUO

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UNIVERSIDADE TIRADENTES 
CURSO DE PEDAGOGIA 
 
 
ANA GLORIA DANTAS CHAVES 
MARIA GORETE SANTANA DOS SANTOS 
 
 
 
 
 
A EDUCAÇÃO INFANTIL E SUA IMPORTÂNCIA PARA A 
FORMAÇÃO DO INDIVIDUO 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
POÇO VERDE – SE 
2016 
 
 
ANA GLORIA DANTAS CHAVES 
MARIA GORETE SANTANA DOS SANTOS 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
A EDUCAÇÃO INFANTIL E SUA IMPORTÂNCIA PARA A 
FORMAÇÃO DO INDIVIDUO 
 
Trabalho de Conclusão de Curso, sob a forma de 
Artigo Científico, apresentado a Universidade 
Tiradentes, como requisito final obrigatório para 
conclusão do curso de Pedagogia, na modalidade 
ead. 
 
 
Orientador: Prof. Esp. Irazano Figueiredo 
. 
 
 
 
 
 
POÇO VERDE – SE 
201
2 
 
A EDUCAÇÃO INFANTIL E SUA IMPORTÂNCIA PARA A FORMAÇÃO DO 
INDIVIDUO 
 
1 ANA GLORIA DANTAS CHAVES 
2MARIA GORETE SANTANA DOS SANTOS 
 
RESUMO: O presente documente de estudo traz por título A Educação Infantil e sua 
importância para a formação do Individuo, objetiva analisar como tem sido o ensino 
infantil no Brasil, suas mudanças, práticas educacionais e importância para o ensino 
básico. Evidencia que a educação infantil é de suma importância para a formação do 
individuo, e que se esta for de qualidade produzirá cada vez mais seres humanos 
capazes de lidar as mais variadas situações de vida, seja escolar, cultural ou social. 
Aqui também será apresentada a metodologia de pesquisa, as considerações finais e 
os capítulos, que serão três: A Educação Infantil e seus avanços; Os Profissionais da 
Educação Infantil e sua formação e Uma visão aguçada sobre a Educação Infantil. 
 
Palavras-chave: Educação Infantil; Profissionais; Formação. 
 
ABSTRACT: This document study brings by title Preschool education and its 
importance for the formation of Individuo, objective analysis as has been the children's 
education in Brazil, its changes, educational practices and importance to basic 
education. Shows that early childhood education is of paramount importance for the 
formation of the individual, and that if it is quality produce increasingly human beings 
capable of handling the most varied situations of life, whether school, cultural or social. 
Here also will be presented the research methodology, conclusions and chapters, 
which will be three: The Early Childhood Education and its progress; Professionals of 
early childhood education and their training and a keen insight into the childhood 
education. 
Keywords: Early Childhood Education; Professionals; Training. 
 
1 Graduanda em Pedagogia pela Universidade Tiradentes, modalidade ead; Professora da Educação 
Infantil no Centro de Educação Infantil Claudiana de Almeida – E-mail: @hotmail.com 
2 
 
3 
 
1. INTRODUÇÃO 
 
 
A educação infantil no Brasil tem passado por períodos de grandes 
transformações desde o tocante a leis como a métodos, instituições e profissionais. 
Muitos têm sido os investimentos neste campo de ensino, que se pressupõem ser a 
base para toda a via educacional do indivíduo. 
Tendo em vista tamanha importância do ensino infantil, é que o presente artigo 
reafirma de acordo com FARIA (1999) que a criança é um sujeito social e histórico 
que está inserido em uma sociedade na qual partilha de uma determinada cultura. É 
profundamente marcada pelo meio social em que se desenvolve, mas também 
contribui com ele. A criança, assim, não é uma abstração, mas um ser produtor e 
produto da história e da cultura. Portanto, deve ser vista como um ser capaz e que 
dará continuidade a uma nação e para isso precisa de uma excelente educação. 
Deste modo entende-se que a criança é um ser competente para interagir e 
produzir cultura no meio em que se encontra. VYGOTSKI (1986, 1989 e 1991), diz 
que a interação social é um processo que se dá a partir e por meio de indivíduos com 
modos histórica e culturalmente determinados de agir, pensar e sentir, sendo inviável 
dissociar as dimensões cognitivas e afetivas dessas interações e os planos psíquico 
e fisiológico do desenvolvimento decorrente. Nessa perspectiva, a interação social 
torna-se o espaço de constituição e desenvolvimento da consciência do ser humano 
desde que nasce. 
Entendendo a criança como um ser competente, foi que surgiu o interesse em 
realizar uma pesquisa a partir da inquietação acadêmica e profissional de investigar a 
importância da educação infantil na formação educacional do indivíduo. Surgindo 
assim o título do presente artigo: “A Educação Infantil e sua Importância para a 
Formação do Indivíduo, sob a inquietação:‘A Educação Infantil tem sido vista como 
fator preponderante para o decorrer de toda ensino básico?’. Não deixando de ter uma 
suposta resposta para tal indagação – uma educação infantil de qualidade produz uma 
educação básica de sucesso. 
Tomando por base este questionamento, será feito um estudo bibliográfico com 
fonte primária e documental, de cunho qualitativo, objetivando analisar como tem sido 
o ensino infantil no Brasil, suas mudanças, práticas educacionais e importância para 
4 
 
o ensino básico. “Os procedimentos deste tipo de pesquisa permitem ao pesquisador 
a cobertura de amplo leque de acontecimentos e de grandes faixas territoriais”. 
(SIENA, 2007, p.67) 
Notoriamente que por se tratar de uma pesquisa documental e qualitativa, 
foram e serão utilizadas obras concernentes ao tema: Parâmetros Nacionais de 
Qualidade para a Educação Infantil; Referencial Curricular Nacional para Educação 
Infantil; Legislação brasileira que trata da Educação Infantil; autores como: 
ANDRADE; VYGOTSKI, Levy; FARIA; FREIRE, SIENA, entre outros que aqui serão 
citados, incluindo pesquisas em internet e bibliotecas. 
 
 
2. A EDUCAÇÃO INFANTIL E SEUS AVANÇOS 
 
Em estudos realizados nota-se que, muito outrora o sentido de infância não 
existia, pois, não se dava a devida importância ao ser criança. De Acordo ARIÉS 
(1981), basicamente em torno do século XVI, não se tinha consciência a cerca do 
universo infantil. A visão de infância, nesta época tinha por base o abandono, pobreza, 
favor e caridade, deste modo era ofertado um atendimento bastante subjetivo as 
crianças; além do mais o número de mortalidade infantil era alarmante, por conta do 
grande risco de morte logo depois de seu nascimento devido às péssimas condições 
de saúde e higiene da população em geral, que se agravava ainda mais com as 
crianças. Ainda em consonância com ARIÉS (1981), em decorrência de tais 
condições, quando uma criança era morta simplesmente era substituída por outros e 
desta forma sucessivos nascimentos ocorriam, pois ainda não existia, como hoje, o 
sentimento de “cuidado, ou paparicação”, pois as famílias, conforme ARIÉS (1981) 
interpretavam que a criança que morria notoriamente não faria falta e poderia ser 
substituída por outra a qualquer momento. 
 Dando continuidade ao pensamento de ARIÉS (1981), para complementar 
este breve pincelar do surgimento do conceito de infância, somente a partir do século 
XIX e XX é que a infância passa a ter um lugar de notável importância para a família 
e é claro para a sociedade. É neste momento que se começa a pensar na criança 
como ‘ser’ que necessita de cuidados diferenciados, tempo, lugar e espaço. Dando 
início o que hoje se entende como infância. 
5 
 
Importa dizer que o conceito de infância é resultante de uma construção social, 
contudo, é notório que nunca deixou de existir criança, porém nem sempre houve a 
consciência de infância. 
 
São vários os tempos da infância, estes apresentam realidades e 
representações diversas, porque nossa sociedade foi constituindo-se de uma 
forma, em que ser criança começa a ganhar importância e suas necessidades 
estão sendo valorizadas, para que seu desenvolvimento seja da melhor forma 
possível, e que tudo aconteça no seu verdadeiro tempo. A infância precisa 
ser entendida como categoria socialde efetiva importância para a sociedade, 
com a sua valorização e respeito, construirá uma história diferenciada. 
(AHMAD (2009) Disponível em 
<www.partes.com.br/educacao/historicoinfancia.asp) 
 
Contudo, conforme o RCNEI (1998) a educação e o cuidado na primeira 
infância vêm sendo tratados como assuntos primordiais de governo, organizações da 
sociedade civil e organismos internacionais, por um número crescente de países em 
todo o mundo. No caso específico do Brasil, a Educação Infantil, ou seja, o 
atendimento a crianças de zero a seis anos (agora até os cinco anos) em creches e 
pré-escolas é um direito assegurado pela Constituição Federal. 
De acordo com VYGOTSKI (1986, 1989 e 1991), os seis primeiros anos de vida 
são fundamentais para o desenvolvimento humano, e a formação da inteligência e da 
personalidade. Entretanto, até 1988, a criança brasileira com menos de sete anos de 
idade não tinha direito à Educação. Fui então que a Constituição atual reconheceu, 
pela primeira vez, a Educação Infantil como um direito da criança, opção da família e 
dever do Estado. A partir daí, a Educação Infantil no Brasil deixou de estar vinculada 
somente à política de assistência social passando então a integrar a política nacional 
de educação. 
A Constituição Federal de 1988 criou a obrigatoriedade de atendimento em 
creche e pré-escola às crianças de zero a seis anos de idade em seu artigo 208, 
culminando e sendo assegurada pela LDB. 
 
A educação infantil, primeira etapa da educação básica, tem como finalidade 
o desenvolvimento integral da criança até os seis anos de idade, em seus 
aspectos físico, psicológico, intelectual e social, complementando a ação da 
família e da comunidade. (LDB 9394/96, art. 29) 
 
Com a Constituição Federal veio o Estatuto da Criança e do adolescente (ECA) 
sobe a forma de Lei nº 8.069, na qual consta que os Municípios passarão a ter 
http://www.jusbrasil.com/legislacao/1027008/constituição-da-republica-federativa-do-brasil-1988
http://www.jusbrasil.com/legislacao/1027008/constituição-da-republica-federativa-do-brasil-1988
http://www.jusbrasil.com/legislacao/1027008/constituição-da-republica-federativa-do-brasil-1988
http://www.jusbrasil.com/topicos/10650040/artigo-208-da-constituição-federal-de-1988
http://www.jusbrasil.com/legislacao/1028079/estatuto-da-criança-e-do-adolescente-lei-8069-90
6 
 
responsabilidade pelos direitos da infância e adolescência, através da criação do 
Conselho Municipal, do Fundo Municipal e o Conselho Tutelar (em seu artigo 227). 
Consequentemente veio a Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional (LDB) Lei 
nº 9.394de 20 de dezembro de 1996, passando a estender a garantia da gratuidade 
para as creches e pré-escolas, pois a Constituição no seu artigo 208 inciso IV prevê 
apenas o atendimento em creche e pré-escola às crianças daquela idade, silenciando 
quanto à gratuidade, qualidade e desenvolvimento de habilidades psico-físico-social 
que é a proposta dos RCNEI (1998). 
Com esta visão cabe aqui a ideia de AHMAD (2009) disponível em 
<www.partes.com.br/educacao/historicoinfancia.asp, quando apresenta a ideia de 
propostas pedagógicas que fomentem o conhecimento das crianças na educação 
infantil. 
 
...à Educação Infantil cabe um entendimento acerca de propostas 
pedagógicas consistentes no sentido de fomentar a transformação dos 
conhecimentos intuitivos em científicos, capazes de promover um trabalho 
para que as crianças desenvolvam atividades de caráter interativo; capaz 
também de produzir discussões acerca de seu desenvolvimento intelectual 
no sentido de ampliar sua experiência sensorial e reflexiva sobre o mundo 
físico e social, considerando as marcas de suas origens culturais bem como 
seus conhecimentos prévios, estabelecendo-se aí, processos de 
subjetivação, de constituição ativa de sujeitos desde a mais tenra idade. 
 
Todavia não se pode deixar de citar que os avanços continuam, pois a LDB 
determina que a União estabeleça, em colaboração com os Estados, o Distrito Federal 
e os Municípios, as diretrizes curriculares para toda a Educação Básica (Educação 
Infantil, Ensinos Fundamental e Médio). O que compreende fixar as normas mínimas 
que garantam uma formação comum em todo o território nacional. Chegando deste 
modo a abril de 1999, período no qual o Conselho Nacional de Educação (CNE) 
estabeleceu as Diretrizes Curriculares Nacionais (DCN) para a Educação Infantil. 
Esta breve retrospectiva, (aqui não será feito um estudo aprofundado) deixa 
claro que por meio de tais leis e pesquisas nacionais percebe-se que está ocorrendo 
em maior escala investimentos públicos na primeira infância e têm sido notórios os 
seus benefícios, pois a criança tem sido enxergada, não apenas no Brasil, mas em 
âmbito internacional como um ser de plenos direitos. 
 
Atualmente, o reconhecimento da criança enquanto sujeito social e histórico, 
detentora de direitos sociais, faz da educação infantil uma exigência social, 
ocupando no cenário da educação brasileira um espaço significativo e 
relevante. Paralelamente ao quadro de transformações societárias aliadas 
http://www.jusbrasil.com/topicos/10644726/artigo-227-da-constituição-federal-de-1988
http://www.jusbrasil.com/legislacao/109224/lei-de-diretrizes-e-bases-lei-9394-96
http://www.jusbrasil.com/legislacao/109224/lei-de-diretrizes-e-bases-lei-9394-96
http://www.jusbrasil.com/legislacao/1027008/constituição-da-republica-federativa-do-brasil-1988
http://www.jusbrasil.com/topicos/10650040/artigo-208-da-constituição-federal-de-1988
http://www.jusbrasil.com/topicos/10649866/inciso-iv-do-artigo-208-da-constituição-federal-de-1988
7 
 
aos movimentos sociais e estudos acerca da infância, tem sido intensificado 
o reconhecimento da importância da educação das crianças para o pleno 
desenvolvimento das potencialidades do ser humano. (ANDRADE, 2010, 
p.23) 
 
 Isso significa que o país tem percebido que o melhor investimento para o futuro 
da educação brasileira é investir na formação da primeira infância, o que requer uma 
atenção especial na educação infantil, pois esta é a válvula propulsora para todo o 
decorrer da educação básica. 
 
 
3. OS PROFISSIONAIS DA EDUCAÇÃO INFANTIL E SUA FORMAÇÃO 
 
Falar de educação, de imediato lembra-se dos educandos e educadores; de 
fato, para que haja um espaço especifico para educação escolar, sempre se pensa 
em quem vai estudar e em quem vai ensinar. Contudo, De Acordo com GIL (1997) as 
preocupações educacionais não se restringem unicamente a estes dois elementos, 
requer um estudo a cerco do espaço físico, materiais pedagógicos, métodos de 
ensino, profissionais do corpo docente e administrativo, dentre inúmeras outras coisas 
que irá depender da forma de condução do trabalho educativo. 
Apesar de saber que uma das maiores preocupações das políticas públicas 
educacionais, ser quem irá trabalhar com o aluno, infelizmente o que parece, ainda, é 
querer encontrar material humano para suprir necessidades profissionais. Pois ainda 
se encontra pessoas de outras formações em sala de aula atuando como professor; 
até mesmo em turmas de educação infantil, contrariando o que assegura a LDB 
9394/96, em seu artigo 61:. 
“Art. 61 - A formação de profissionais da educação, de modo a atender aos 
objetivos dos diferentes níveis e modalidades de ensino e as características 
de cada fase do desenvolvimento do educando, terá como fundamentos: 
I - a associação entre teorias e práticas, inclusive mediante a capacitação em 
serviço; 
II - aproveitamento da formação e experiências anteriores em instituições de 
ensino e outras atividades”. 
 
Atualmente, a falta de formação específica dos profissionais de educação, tem 
causado inquietação ao governo brasileiro, que vem promovendo variados meios para 
a formação específica desses, sem tirá-los de suas práticas pedagógicas. Em especial 
8 
 
o que aqui está em foco, os educadores da educação infantil, que assim como os 
demaistem o seu ampara através da LDB. 
 
A distância entre a realidade de nossos profissionais - que há anos foi 
cultivada por descaso e incentivos negativos das políticas públicas - e as 
novas questões a eles impostas são bastante grandes. Sem formação, esses 
profissionais, “alheios às imposições de regras e normas”, construíram no dia-
a-dia “um saber-fazer carregado das experiências e contradições inerentes 
às práticas sociais”. (DEMO, 1996, p.8). 
 
A preocupação com os profissionais da educação infantil, que é a base da 
formação do individuo, esta expressa na LDB de 1996, dizendo que alguns cursos de 
pedagogia passam a se ocupar da formação de profissionais para a educação infantil, 
incluindo as crianças de 0 a 6 anos, situando-a como primeira etapa da Educação 
Básica (Art.24). Ela caracteriza o professor, como docente, cuja formação se fará em 
nível superior, admitindo-se como formação mínima a oferecida em nível de ensino 
médio - modalidade Normal (Art.62). Nas disposições transitórias determina que “até 
o fim da década da Educação somente serão admitidos professores habilitados em 
nível superior ou formados por treinamento em serviço”. (LDB. Art.87) 
Sendo assim, não se pode deixar de requerer profissionais qualificados para 
atuar na educação infantil, visto que esta é a primeira etapa da Educação Básica, e 
que, portanto necessita de maior atenção. 
Como se tem notado de acordo com a LDB para a atuação na educação infantil 
não basta ao educador ter formação específica é preciso saber como atuar e lidar com 
a infância. 
 
Organizar situações de aprendizagem adequadas à criança de quatro a seis 
anos a partir da compreensão de que vivem um processo de ampliação de 
experiências com relação à construção das linguagens e dos objetos de 
conhecimento, considerando o desenvolvimento, em seus aspectos afetivo, 
físico, psico-social, cognitivo e linguístico “[...]planejar pedagogicamente a 
educação infantil, elegendo conteúdos a ensinar e suas didáticas, 
gerenciando o espaço escolar na educação infantil, levando em conta o 
desenvolvimento e aprendizagem específicos nas faixas etárias de 0 a 3 anos 
e de 4 a 6 anos (MEC/SEMTEC, 2000, p. 73) 
 
Para isso no Brasil, em 1998 o Ministério da Educação e Cultura publicou, em 
três volumes, o Referencial Curricular Nacional para a Educação Infantil, constituindo-
se apenas de um conjunto de sugestões e subsídios para os professores de creches 
e pré-escolas. Em seguida, 1999, veio a aprovação das Diretrizes Curriculares 
Nacionais para a Educação Infantil na qual as creches e pré-escolas são reconhecidas 
9 
 
como espaços de construção da cidadania infantil, onde as ações cotidianas junto às 
crianças devem, sobretudo, assegurar seus direitos fundamentais, subsidiadas por 
uma concepção ampla de educação e no questionamento constante sobre que 
educação queremos para as crianças hoje e no futuro. Os espaços institucionais 
devem ser seguros, estimuladores, acolhedores, oportunizando aprendizagens e 
experiências múltiplas, respeitando as crianças em suas capacidades, necessidades 
e contribuindo para o desenvolvimento de suas potencialidades. 
 
Ao reconhecer a importância da qualidade do atendimento das instituições de 
educação infantil, as Diretrizes Curriculares reafirmam a necessidade de 
qualificação dos profissionais envolvidos no trabalho educativo com as 
crianças, pois, para transformar espaços institucionais em espaços de 
exercício da cidadania das crianças é necessário que os profissionais estejam 
qualificados para a defesa e promoção dos direitos da infância. (ANDRADE, 
2010, p.103) 
 
Fica deste modo, evidente que para que haja sucesso na prática da educação 
infantil, é de extrema importância com os profissionais sejam qualificados e que 
efetivamente defendam a infância com conhecimento de causa, sabendo que dela 
depende o futuro de um ser humano que está em constante formação e que de sua 
consciência formativa depende a sociedade. 
 
4. UMA VISÃO AGUÇADA SOBRE A EDUCAÇÃO INFANTIL 
 
Em tempo algum, no Brasil, a educação infantil foi vista como hoje. Como algo 
mágico, ímpar e fundamental na vida do ser humano, que “canta e encanta” a quem 
a dela faz parte, sendo rico e engrandecedor acompanhar o desenvolvimento e 
desempenho desses pequenos seres durante essa etapa de sua vida, conhecida 
como infância. “Atualmente emerge uma nova concepção de criança como criadora, 
capaz de estabelecer múltiplas relações, sujeitos de direitos um ser sócio-histórico, 
produtor de cultura e nela inserida”. (BRASIL, 2006, p.10) 
No decorrer do ensino infantil as percepções da capacidade de aprendizado 
das crianças, sua receptividade, seu carinho e sua pureza são incríveis, e só podem 
ser percebidas através do olhar de um verdadeiro educador, e por intermédio de uma 
educação de qualidade vivenciada por elas e devidamente adequada ao 
desenvolvimento cognitivo, motor, social e emocional. 
10 
 
 
Tudo que eu precisava realmente saber sobre como viver, o que fazer e como 
ser, aprendi no jardim de infância. A sabedoria não estava no topo da 
montanha mais alta, no último ano de um curso superior, mas, sim, no tanque 
de areia do pátio da escolinha maternal. (FULGHUM, Robert. 2004. p. 16) 
 
O dia a dia na Educação Infantil precisa ter algo conhecido como sentimento 
de infância, deve basear-se em uma rotina previamente estabelecia objetivando o 
desenvolvimento da criança, que futuramente, terá o conhecimento e a sabedoria de 
reconhecer a importância dos valores morais, da ajuda, da partilha, dos direitos e 
deveres e da responsabilidade. Tudo isso, obviamente devido ao fato de que, nas 
pequenas atitudes, formam-se grandes cidadãos, que estarão prontos para lidar com 
os mais variados níveis de dificuldades. “O sentimento de infância resulta, pois, numa 
dupla atitude com relação à criança, preservá-la da corrupção do meio, mantendo sua 
inocência, e fortalecê-la desenvolvendo seu caráter e sua razão” (KRAMER, 1987, p. 
2). 
Evidentemente a Educação Infantil assume um papel de máxima importância 
para a formação do indivíduo, e o prepara ativamente para a progressão dos demais 
níveis de ensino e da vida. É ai que FULGHUM (2004), constrói um significado sobre 
a Educação Infantil e cria o Credo do Jardim de Infância: 
 
O que aprendi: dividir tudo com os companheiros; jogar conforme as regras 
do jogo; não bater em ninguém; guardar as coisas onde as tivesse 
encontrado; arrumar a bagunça feita por mim; não tocar no que não é meu; 
pedi desculpas quando machucasse alguém; lavar as mãos antes de comer; 
apertar a descarga da privada; biscoito quente e leite frio fazem bem à saúde; 
fazer de tudo um pouco — estudar, pensar, desenhar e pintar, cantar e 
dançar, brincar e trabalhar —, todos os dias; tirar uma soneca todas as tardes; 
ao sair pelo mundo, ter cuidado com o trânsito; saber dar a mão e ter amigos; 
peixinhos dourados, porquinhos da índia, esquilos, hamsters e até a 
sementinha no copinho de plástico, tudo isso morre, nós também; lembrar 
dos livros de histórias infantis e de uma das primeiras palavras aprendidas, a 
mais importante de todas: — Olhe! (FULGHUM, Robert. 2004. p.16) 
 
Certamente que, se a fase da infância for entendida com o sentido apresentado 
por FULGHUM (2004), e a sua importância em relação à formação do ser humano, a 
educação terá condições de enveredar por novos rumos que enriqueçam a sua prática 
com as crianças, entrando em consonância com MORENO (2007) que fala da 
educação infantil como um lugar de respeito aos direitos e espaços adequados para 
o desenvolvimento pleno e construção dos saberes da criança. 
 
11 
 
Uma educação infantil que respeite direitos da criança em um espaço 
adequado, rico em estímulos, agradáveis aos olhos infantis num tempo bem 
planejado capaz de satisfazer suas necessidades em busca da construção 
de novos saberes e da descoberta do mundo a sua volta [...] O trabalho 
pedagógicona educação infantil deve respeitar a criança quanto aos seus 
direitos e especificidades, isto é sua essência lúdica; sua constante 
curiosidade; seu desenvolvimento físico, cognitivo, afetivo e social; sua 
dependência e / ou necessidade de ajuda no cuidado com seu corpo, com 
sua alimentação, seus pertences etc. (MORENO, 2007, p. 55 e 57). 
 
 
O Credo do Jardim de Infância apresentado por FULGHUM (2004) revela que 
na Educação Infantil há uma preocupação em formar seres autônomos. E que a 
autonomia é essencial à vida, pois o homem enquanto cidadão e sujeito agente da 
comunidade precisa ser capaz de governar a si mesmo, buscando seu bem estar e o 
do outro, podendo agir com segurança e eficácia, na busca por seus sonhos e sua 
realização pessoal, sem medo errar, pois, aprendeu que com os erros se chega ao 
acerto. 
 
5. CONSIDERAÇÕES FINAIS 
 
Com o presente estudo percebe-se que nem sempre a Educação Infantil no 
Brasil foi vista ou entendida como fator de estrema importância para a educação 
básica e tão pouco como fundamental a formação do indivíduo. Todavia com o passar 
dos anos, e muitos estudos e pesquisas o país, começa a investir e criar leis que 
amparam e asseguram a educação infantil. 
 A partir de 1994, pela primeira vez, foi formulada uma política nacional de 
educação infantil, com diretrizes para a formação dos profissionais, com a finalidade 
de que a educação infantil de qualidade fosse de fato direito de todos. Formação 
entendida como qualificação, na melhoria da qualidade do trabalho pedagógico (lidar 
com crianças pequenas), e de profissionalização, garantindo avanço na escolaridade, 
carreira e consequentemente salário. 
Assim, a Educação Infantil passa a ser entendida como uma etapa de suma 
importância em relação à formação completa do ser humano. Partindo deste 
entendimento a educação disponibilizará de novos rumos e avanço que enriquecerão 
a sua ação para com as crianças, em especial em sua primeira infância. 
Conclui-se deste modo que, uma vez os Planos Educacionais sendo 
adequados e implementados na realidade educativa de profissionais, instituições, 
forma de trabalho e em especial das crianças, mais eficientemente se reconhecerá a 
12 
 
relevância e importância da educação como instrumento de mudança da supra e infra-
estrutura do país, contribuindo assim para a formação crítica e reflexiva do cidadão. 
Isso significa que, a formação cultural das crianças e seus professores, bem como os 
que estão ao seu redor, é direito de todos, pois são sujeitos históricos e sociais, 
cidadãos cultivados na cultura e produzidos de cultura, que possuem direitos sociais, 
entre eles o direito à educação de qualidade, que marcará e fará parte de sua história. 
 
 
REFERÊNCIAS 
 
 
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Educação Infantil. P@rtes (São Paulo). V.00 p.eletrônica. Junho de 2009. Disponível 
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MEC/SEF,1998. 
 
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http://www.jusbrasil.com/legislacao/1027008/constituição-da-republica-federativa-do-brasil-1988
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FULGHUM, Robert. Tudo o que eu devia saber na vida aprendi no jardim-de-
infância: ideias comuns sobre coisas banais. 3.ed. São Paulo: Best Seller, 2004. 
 
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simpósio latino-americano de atenção à criança de 0 a 6 anos. Brasília: MEC, 1996. 
 
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KRAMER, Sonia. A política do pré-escolar no Brasil: Arte do disfarce.3.ed. Dois 
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