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Izabel Christina Ribeiro Vianna - 32086849 Direito noturno – 01U Relatório do Texto – Raça e História de Claude Lévi-Strauss O texto “Raça e História” foi escrito pós 2ª Guerra Mundial, onde o número de mortes estava altíssimo devido a diferenças raciais. Então, por solicitação da UNESCO muitos pensadores e estudiosos escreveram sobre esse tema, um deles foi Lévi-Strauss que defende em seu texto que a humanidade não possui uma superioridade entre raças, já que biologicamente todos são iguais. Capítulo I Neste primeiro capítulo Claude inicia o texto com a afirmação de que não há possibilidade de haver uma superioridade de raças, onde uma torna-se intelectualmente inferior a outra, já que comprovadamente todas as culturas acabaram trazendo algo para a modernidade num sentido de bem comum. Cada lugar do mundo possui um povo original deste lugar, ou seja, que possui características próprias advindas de circunstâncias geográficas, históricas e sociológicas, e não de características anatômicas, internas ao ser. Claude observa aspectos importantes como a existência de muito mais culturas que raças humanas. Capítulo II O conceito de diversidade cultural, leva em conta as diferenças entre as culturas contemporâneas, que coexistem num determinado período de tempo. Entre as culturas que ocupam momentos históricos diversos salienta que no caso dessas últimas não temos acesso ao seu conhecimento pela experiência direta, o que acaba prejudicando a observação de toda sua riqueza e complexidade. Strauss chama a atenção para a existência de povos que não adotaram a escrita, fato que inviabiliza o conhecimento preciso de suas formas anteriores. Inviabilizando assim a elaboração de um inventário completo das culturas no espaço e no tempo. Jamais seremos capazes de conhecer toda a riqueza cultural que esteve (e está) presente no planeta. Feitas essas considerações, o autor questiona no que consistem culturas diferentes. Tal questionamento conduz à constatação de que sociedades que “derivam de uma mesma raiz” não apresentam tantas diferenças quanto sociedades que apresentam origens completamente diferentes, embora se constituam em sociedades distintas. É constatado que em alguns casos vê-se um processo de aproximação entre duas culturas, mesmo quando essas apresentam “origens distintas”. Por trás dessas constatações revela-se uma tensão observada dentro das sociedades humanas, entre uma força que trabalha no sentido de manter as tradições culturais, e outra força que atua no sentido de promover a aproximação com outras culturas. Tal revelação leva à conclusão de que a diversidade cultural não se apresenta de maneira estática e é antes produto de contato entre culturas do que do isolamento. Capítulo III Strauss descreve que no etnocentrismo, há uma postura de rejeição e de menosprezo perante formas culturais diferentes, é um traço cultural estranho comum entre a maioria das culturas. O autor fornece uma série de exemplos de posturas etnocêntricas adotadas por diferentes sociedades como na antiguidade onde os povos que não compartilhavam da cultura greco-romana eram considerados “bárbaros”, da mesma forma a civilização ocidental costuma se referir aos povos que não adotam seus valores como “selvagens”. Nesse contexto, a cultura ocidental, marcada pelo advento das revoluções industrial e científica, tomando como base especulações filosóficas, estabelece um sistema “evolutivo” que procura abarcar toda a diversidade cultural do planeta, como se fosse uma manifestação de diferentes “estágios de desenvolvimento”: toda a humanidade estaria destinada a atingir, em seu ápice, o mesmo “nível” do Ocidente. Este é o conceito de evolucionismo social, criticado por Strauss. Dada a diversidade cultural no tempo e no espaço, e os vários aspectos que apresentam cada civilização, Lévi-Strauss pondera que a tentativa de estabelecer analogias entre diferentes culturas a partir de um de seus aspectos pode nos levar a conclusões equivocadas. Para tanto, menciona como exemplo o paralelo que muitas vezes é estabelecido entre sociedades paleolíticas e sociedades indígenas contemporâneas, que por apresentarem como traço comum a utilização de instrumentos de pedra talhada, conduzem a afirmações errôneas de que ambas se constituem em culturas semelhantes, quando na verdade não existem subsídios concretos, principalmente em relação às sociedades paleolíticas, cujo comportamento não pode ser precisamente reproduzido, para se estabelecer tal relação. A partir dessas constatações, critica a concepção de que existem “povos sem história”, em que nada teria acontecido ao longo dos milênios que essas sociedades ocupam o planeta. Capítulo IV O autor sugere que toda sociedade segundo seu próprio ponto de vista pode dividir a cultura como sendo as que são suas contemporâneas que também se encontram num outro lado do globo, as que foram manifestadas próxima do mesmo local, mas que a precederam no tempo e as que existiram num tempo anterior ao seu e num lugar diferente ao que está situada. Vimos que estes três grupos podem ser conhecidos de forma desigual. No último caso e quando se trata de culturas sem escrita, sem ter deixado algum tipo de construção, e com técnicas rudimentares, não temos conhecimento sobre elas e tudo o que tentamos saber a seu respeito não passam de hipóteses. Por outro lado, tenta-se estabelecer, entre as diversas culturas do primeiro grupo, relações que correspondem a uma ordem de sucessão no tempo. O autor questiona de forma de forma relevante: Como é que sociedades contemporâneas, que continuam a ignorar a eletricidade e a máquina a vapor, não evocariam a fase correspondente do desenvolvimento da civilização ocidental? Como não comparar as tribos indígenas, sem escrita e sem metalurgia, gravando figuras nas paredes das rochas e fabricando utensílios de pedra, com as formas antigas das nossas civilizações, cuja semelhança é atestada pelos vestígios encontrados nas grutas da França e Espanha? Capítulo V Para uma melhor análise, devemos considerar inicialmente as culturas pertencentes ao segundo grupo que distinguimos: as que precederam historicamente a cultura –qualquer que seja - sob cujo ponto de vista nos colocamos. É preciso ressaltar a coexistência das culturas, como por exemplo as indústrias de “ lamínulas”, de “lascas” e de “lâminas”. O progresso (se é que que este termo ainda convém para designar uma realidade bem diferente a qual se dedicaram inicialmente) não é nem necessário, nem contínuo; procede por vários saltos, pulos, ou como diriam os biólogos, por mutações. Esses saltos não consistem em ir sempre além na mesma direção; acompanham-se de mudanças de orientação, um pouco à moda do cavalo do xadrez, que tem sempre diversos progressos à sua disposição, mas nunca no mesmo sentido. A humanidade em progresso em nada se parece com uma personagem subindo uma escada, acrescentando por cada um de seus movimentos, um novo degrau a todos os outros que já tivesse conquistado. Capítulo VI " Interpretar tal sociedade como estacionária ou cumulativa? Tudo depende da ótica e educação que temos ". A interpretação de qual cultura é estacionária ou cumulativa, depende muito dos olhos com que a vemos, da educação que tivemos, e mais, da proximidade com a nossa cultura. As culturas parecem tanto mais ativas quanto mais se deslocam no sentido da nossa, estacionárias quando sua orientação diverge. Cada vez que somos levados a qualificar uma cultura humana de inerte ou estacionária, devemos, portanto, nos perguntar se este imobilismo aparente não resulta da ignorância que temos de seus interesses verdadeiros, conscientes ou inconscientes, e se, tendo critérios diferentes dos nossos, esta cultura não é, a nosso respeito, vítima da mesma ilusão. Ou seja, apareceríamos um ao lado do outro como desprovidos de interesse, muito simplesmente porque não nos parecemos. Capítulo VII O consentimento da maioria – da própria civilização ocidental-, atesta a superioridade da civilização ocidental sobre a oriental, seja ela caracterizadapela industrialização, cultura ou tecnologia. É verdade que certos espíritos têm uma desagradável tendência para reservar o privilégio do esforço, da inteligência e da imaginação às descobertas recentes, ao passo que as que foram realizadas pela humanidade no seu período “bárbaro” seriam obra do acaso, - havendo aí, em suma, apenas um pequeno mérito. Esta aberração nos parece tão grave e divulgada, e se presta tão profundamente a impedir uma visão exata da relação entre as culturas, que o autor acredita ser indispensável dissipá-la completamente. Capítulo VIII " O progresso alienado a maior cumulação de conhecimento. Toda história é cumulativa, com diferenças de grau ". Lê-se nos tratados de Etnologia, que o homem deve o conhecimento do fogo ao acaso do raio ou um incêndio na mata; que o achado de uma caça acidentalmente assada nestas condições lhe revelou a cocção dos alimentos. Esta visão ingênua é resultado de uma total ignorância da complexidade e da diversidade das operações implicadas nas técnicas mais elementares. Do mesmo modo, os incêndios naturais podem as vezes tostar ou assar; mas é dificilmente concebível que façam ferver ou cozinhar no vapor. Ora, estes métodos de cocção não são menos universais que os outros. Portanto, não há razão de excluir o ato inventivo, que foi certamente requerido para esses últimos métodos, quando se quer explicar o primeiro. Cada etapa da invenção, tomada isoladamente, nada significa, e o que permite seu sucesso é sua combinação imaginada, desejada, pesquisada e experimentada. Deve-se distinguir a transmissão de uma técnica de uma geração à outra, sempre com uma facilidade relativa graças à observação e ao exercício quotidiano, e a criação e a melhoria das técnicas no interior de cada geração. Esta supõe sempre a mesma potência imaginativa e os mesmos esforços encarniçados por parte de certos indivíduos. Não é menos verdadeiro –e cremos ser a formulação definitiva que podemos dar ao nosso problema (diz o autor) - que, sob a relação de invenções técnicas (e da reflexão científica que as torna possíveis), a civilização ocidental se mostrou mais cumulativa que as outras: que após ter disposto do mesmo capital neolítico inicial, soube acrescentar-lhe melhorias. Por conseguinte, dias vezes em sua história e com um intervalo de aproximadamente dez mil anos, soube a humanidade acumular uma multiplicidade de invenções orientadas no mesmo sentido. Portanto, a diferença é entre história cumulativa e não cumulativa; toda história é cumulativa, com diferenças de grau. Também quando estamos interessados num certo tipo de progresso, reservamos-lhe o mérito para as culturas eu o realizam em seu mais alto grau, e ficamos indiferentes diante das outras. Assim, o progresso só é máximo de progresso num sentido pré-determinado pelo gosto de cada um. Capítulo IX Como fora possível a humanidade ter permanecido estacionária durante nove décimos da sua história? Uma civilização da cumulação de conhecimentos e mesmo de suas outras tentativas, não mantinham contato umas com as outras, não perpetuando o conhecimento. Há culturas que chegaram a realizar as formas mais cumulativas de história. Essas formas extremas, jamais foram obra de culturas isoladas, mas sim culturas de combinação voluntária ou involuntária, através de meios variados domo as migrações, os empréstimos, as trocas comerciais e as guerras. A sociedade cumulativa resulta de sua conduta mais que de sua natureza, exprime uma certa modalidade de existência das culturas que é apenas sua maneira de ser conjunta. Nesse sentido, pode-se dizer que a história cumulativa é a forma de história cumulativa característica desses superorganismos sociais que constituem os grupos de sociedades, ao passo que a história estacionária –se é que ela existe verdadeiramente- seria a marca desse gênero de vida inferior, que é o das sociedades solitárias. O autor considera a noção de civilização mundial como uma espécie de conceito limite. Não há, não pode haver uma civilização mundial no sentido absoluto que geralmente se atribui a esse termo, porque a civilização implica a coexistência de culturas oferecendo entre si o máximo de diversidade, e consiste mesmo nesta coexistência. A civilização mundial só poderia ser coligação, em escala mundial, de culturas, preservando cada qual a sua originalidade. Capítulo X " As melhorias, as dificuldades e as mazelas advindas das revoluções que deram ao homem as maiores evoluções culturais ". As grandes revoluções como a neolítica e a industrial, se acompanham não apenas da diversificação social, como muito também da instauração de status diferenciais entre os grupos. O surgimento do proletário e ligado a ele, as mais extremadas formas de exploração do homem através do trabalho, o surgimento de castas sociais na Índia, etc. Outro fator é o “alargamento faz coligações” das maiores potências, através de novas parcerias, seja de bom grado ou à força. O auto cita a expansão colonial imperialista europeia sobre os países afro-asiáticos, no século XIX. De qualquer modo, é difícil imaginar, senão sobre forma contraditória, um processo que se pode resumir assim: para progredir, é preciso que os homens colaborem; e, no decorrer dessa colaboração, eles veem identificar-se gradualmente as contribuições, cuja a diferença inicial era precisamente o que tornava sua colaboração fecunda e necessária. A humanidade está constantemente às voltas com dois processos contraditórios, dos quais um tende a instaurar a unificação, ao passo que outro visa a manter ou restabelecer a diversificação.
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