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SAMSUNG Respostas para o amanhã Curso: Aprender por projeto Objetivo: • Conhecer os princípios da metodologia do trabalho por projetos e descobrir a melhor forma de usar essa metodologia na escola. Regras: Por onde começar? O Módulo 1 - Introdutório é o ponto de partida e o desafio é chegar até o Módulo 6 – Uma sugestão de roteiro, passando por todos os outros. Percorra o tabuleiro e complete todas as etapas para conquistar seu certificado. Além dos módulos, o tabuleiro também dá acesso ao seu perfil, ao bloco de notas, ao certificado e à avaliação do curso. No rodapé das páginas existe um menu que dá acesso direto a cada módulo, ao Tabuleiro e à Biblioteca. Na Biblioteca estão indicados os textos que serviram de referência para o curso e que podem ser muito úteis para aprofundar seu conhecimento sobre o trabalho com projetos. Que caminho seguir? Feito o Módulo 1- Introdutório, o caminho é livre, mas, lembre-se: para obter o certificado, é preciso passar por todos os outros módulos, não importando a ordem. O que devo fazer durante o caminho? Escolha o módulo que quer fazer. Para ler seu conteúdo e fazer as atividades, role a página pela barra lateral direita ou navegue pelos capítulos pela numeração superior: Cada módulo é formado por leituras, vídeos, hipertextos, exercícios de múltipla escolha, anotações (Bloco de Notas) e conversas no fórum. Fazer anotações no bloco de notas tem como objetivo um exercício de reflexão sobre o que foi aprendido: anotar é uma prática de estudo! Suas anotações ficarão registradas. Depois de fazer as anotações ao longo do curso, você pode revê-las a partir do Tabuleiro. Em alguns módulos há indicações para discussões no fórum do curso. Essas discussões não são obrigatórias para o certificado, porém elas podem ser muito ricas para ampliar ainda mais seu conhecimento sobre essa metodologia. Participe! Para voltar ao Tabuleiro ou a qualquer outro módulo, utilize os ícones no rodapé da página. Quem ganha este jogo? São muitos os vencedores. Ganha você, ganham os alunos, ganha a escola! O professor ganha ao desenvolver, em sua prática, o trabalho com projetos. Seus alunos ganham ao exercitarem um jeito envolvente para a construção de seus conhecimentos. Ganha a escola como um ambiente dinâmico que contagia outros professores e mobiliza mais estudantes a vivenciarem essa experiência. Como me identificar? No tabuleiro, clique em Perfil – Minhas informações, se precisar alterar seus dados de cadastro. Como obter o certificado de participação? Não há restrição de prazo para realizar o curso, mas para obter o certificado, as anotações no Bloco de Notas e os exercícios de múltipla escolha (nos módulos 1, 3 e 5) são obrigatórios. No Módulo 6 – Sugestão de roteiro, a atividade obrigatória é a leitura do infográfico com o roteiro para o trabalho com projetos. FINALIZAR MÓDULO Ao clicar em Finalizar módulo, se aparecer uma mensagem avisando que você não finalizou as atividades, volte aos capítulos do módulo e procure por um exercício de múltipla escolha ou uma área para anotações e realize essas atividades. Se preferir, você poderá voltar em outro momento para completar as atividades, mas não deixe de concluí-las, pois só assim receberá seu certificado. javascript: Ao completar as atividades obrigatórias de todos os módulos, o certificado, com carga horária de 20 horas, estará disponível para você no Tabuleiro. Para emitir o certificado é preciso antes responder à avaliação do curso. O que fazer em caso de dificuldade? O curso é autoformativo, o que significa que não há mediador da aprendizagem. Caso tenha alguma dificuldade ou dúvida envie um e-mail para faleconosco@respostasparaoamanha.com.br Módulo 1 O que é o projeto? Antes de começar o curso vamos pensar o que caracteriza o trabalho por projetos? 1. Conheça os professores e as escolas cujos projetos inscritos no Prêmio Respostas para o Amanhã 2019 nos inspiraram a criar dois exemplos fictícios de projetos de trabalho, para pensarmos o que caracteriza essa metodologia. 2. Veja abaixo como imaginamos que o trabalho dessas duas turmas aconteceu, e se de fato seguiram a metodologia de projetos. Em seguida, anote suas reflexões. COCOPACK: A química transformando Saberes e fazeres Escola Estadual de tempo Integral Tristão de Barros Proteção dos pés para a cabeça: um capacete sustentável para ciclistas Escola Estadual Ângelo Scarabucci COCOPACK: A Química transformando saberes e fazeres Exemplo de relato de prática baseado no projeto da Profª. Vanessa Cristina de Medeiros Silva, Escola Estadual de Tempo Integral Tristão de Barros, Currais Novos (RN) inscrito no Prêmio Respostas para o Amanhã 2019 O presente relato é fruto de um trabalho de investigação desenvolvido por mim, professora da disciplina de Química, juntamente com um grupo de estudantes da escola de Ensino Médio a qual atuo. A Instituição atende, em média, 400 alunos. Destes, a maior parte é residente no próprio município e uma minoria advém de municípios circunvizinhos. Do ponto de vista econômico, as famílias dos nossos estudantes têm suas rendas originadas dos serviços derivados do comércio ou serviço público. A nossa escola tem, como uma das estratégias metodológicas, as eletivas que consistem em disciplinas temáticas cujo objetivo é diversificar e aprofundar os conteúdos e temas trabalhados nas disciplinas da Base Nacional Comum Curricular¹. Nesse sentido, buscando despertar o empreendedorismo nos estudantes com foco na sustentabilidade, desenvolvi juntamente com um grupo de alunos e apoio do professor de matemática, uma eletiva denominada SUSTENTUP´S, através da qual teve como inspiração, as Startups Sustentáveis - empresas jovens e inovadoras preocupadas em proteger o ambiente e promover a inclusão social. A pesquisa teve como atividade impulsionadora o filme “O menino que descobriu o vento”, o qual possibilitou que os estudantes refletissem sobre as dificuldades enfrentadas por muitos povos e constatassem que, em meio às adversidades e buscando solucionar um problema cotidiano, é possível ter ideias inovadoras. Na continuidade, temas como empreendedorismo, sustentabilidade, energias renováveis e problemas ambientais foram debatidos com os alunos. Foi então, a partir das discussões e reflexões surgidas, que os estudantes foram desafiados a “criar” empresas fictícias, preencher ferramentas como o CANVAS² e fazer análise de impactos ambientais. Todos esses desafios foram impulsionados ao mesmo tempo em que eram estimulados a observar os problemas que eles enfrentam no dia a dia, na escola, na comunidade, na cidade, em casa. Como atividade seguinte, os estudantes tiveram que propor soluções para os problemas encontrados, o que envolvia a aprendizagem de conteúdos curriculares distintos. Em meio às atividades propostas, foi trazida a problemática o grande número de resíduos sólidos que se acumula pelos aterros sanitários, em especial os resíduos plásticos. Foi observado que uma bandejinha de isopor, por exemplo, muito usada para armazenar queijos, presuntos e frutas em supermercados, era utilizada apenas uma única vez antes de ir para o lixo. Nas pesquisas realizadas foi identificado que o isopor é um tipo de plástico e que seu tempo de decomposição é considerado indeterminado e, por esse motivo, acaba poluindo o meio ambiente e abarrotando os aterros sanitários. Tentando solucionar (ou amenizar) o problema descrito surgiu a ideia de produzir uma bandeja biodegradável que pudesse substituir as bandejas de isopor, utilizadas para guardar alimentos, em supermercados. Nos debates sobre a escolha da matéria-prima para produção das bandejas, foi sugerido o uso das cascas de coco seco, uma vez que essas são compostas basicamente por fibras orgânicas,seriam encontradas com facilidade na feira livre da cidade e seriam encaminhadas ao lixo, caso não fossem reaproveitadas. Uma outra discussão surgiu quanto à cola que iriam utilizar e, após pesquisas na internet, decidiram testar “colas orgânicas” feitas com farinha de trigo, amido ou goma. A esse projeto atribuímos o nome de COCOPACK. Organizada essa primeira etapa da pesquisa, os estudantes continuaram em seguida com a atividade, a partir da coleta das cascas do coco na feira da nossa cidade fazendo parceria com uma feirante que forneceu a matéria-prima durante todo o projeto. Para produzir a bandeja misturaram o pó de coco (obtido a partir das cascas de coco seco) à cola orgânica e transferiram a mistura para uma forma. A cola orgânica foi feita através da mistura de água com amido de milho, goma ou farinha de trigo, levados ao fogo. Os estudantes realizaram vários testes variando a composição da bandeja (percentual de pó de coco em relação à cola usada) em busca de uma que permitisse sua utilização no mercado. Estas embalagens passaram por teste de resistência a água. No processo de investigação constataram que algumas bandejas produzidas apresentavam rachaduras quando secavam e outras se desmanchavam ao mínimo contato com a água. Diante dos obstáculos envolvendo a pesquisa, os alunos não desistiram e foram em busca de soluções para deixar a bandeja mais uniforme e resistente. Passaram a adicionar substâncias que não estavam descritos no projeto inicial, como a glicerina e o fermento biológico. O desenvolvimento desse projeto permitiu que as estudantes vivenciassem a concepção das Ciências da Natureza como um processo criativo e imaginativo, constatando que não há um único método para se responder às questões, nem uma sequência fixa de etapas a qual eles devem passar para realizar uma investigação. Aprenderam que o resultado, embora não o esperado, também é um resultado. Diante do exposto, dos processos de ensino-aprendizagem, os estudantes se sentiram capazes, valorizados e desafiados a encontrar soluções ainda não existentes, para contribuir na melhoria da qualidade de vida das pessoas. ¹ A Base Nacional Comum Curricular (BNCC) traz uma referência nacional comum e obrigatória para a elaboração de currículos e propostas pedagógicas em todas as etapas e modalidades da educação básica e está em fase de implementação. Para saber mais consulte no site do MEC o documento na íntegra, as ferramentas e estratégias que apoiam essa implementação. ² Canvas - é uma ferramenta que, por meio de um mapa visual, propõe uma estrutura fixa a ser preenchida com o objetivo de planejar, refletir e facilitar a resolução de uma situação/problema específico de maneira rápida e garantindo uma cocriação, fluidez na comunicação e relação entre os blocos que a estrutura traz. Proteção dos pés para a cabeça: um capacete sustentável para ciclistas Exemplo de relato de prática baseado no projeto do professor orientador Henrique Pereira da Escola Estadual Ângelo Scarabucci, Franca (SP), inscrito no Prêmio Respostas para o Amanhã 2019 Inicialmente os estudantes foram instigados a realizar uma problematização de questões do seu dia a dia para a posterior busca criativa de soluções para estes problemas. Para isso, solicitei aos alunos que registrassem em seus cadernos os problemas e dificuldades encontradas em seu cotidiano. Entre os registros, os alunos destacaram: falta de acessibilidade para cadeirantes; dificuldade de locomoção de deficientes visuais; complicações de saúde provenientes de hábitos alimentares inadequados; elevado custo de fertilizantes utilizados em lavouras de café; elevada temperatura nas salas de aula; e falta de segurança no trânsito. Com relação à falta de segurança no trânsito, os estudantes refletiram sobre as causas para tal condição, como por exemplo a falta de obediência às leis de trânsito, falta de atenção dos motoristas, ausência de ciclovias e do uso de equipamentos de segurança pelos ciclistas. Esta última situação foi discutida por um grupo de alunos e alunas que relatou que, ao observarem a saída de funcionários das fábricas de calçados da cidade de Franca, boa parte utilizavam a bicicleta como meio de transporte, porém não faziam uso de nenhum equipamento de segurança. Alguns estudantes também relataram que já haviam presenciado alguns acidentes envolvendo ciclistas, com graves complicações para os envolvidos. Questionei se essas observações poderiam ser confirmadas e, se sim, de que forma. A fim de obter dados concretos para a validação de tal condição observada, os estudantes escolheram uma empresa calçadista e fizeram um levantamento sobre seus funcionários por meio de um questionário para diagnóstico com perguntas sobre faixa etária, grau de instrução/escolaridade, renda, meios de transporte utilizados, condições do trânsito, acidentes no trânsito e utilização de equipamentos de segurança quando utilizada a bicicleta. A partir da análise dos dados coletados, foi possível perceber que nenhum dos funcionários da empresa utilizava equipamentos de segurança pessoal ao andar de bicicleta, e que cerca de 44% dos que utilizavam a bicicleta como seu principal meio de transporte já haviam sofrido algum tipo de acidente no trânsito o que levou a 16% destes o afastamento do trabalho por pelo menos um dia. Tendo essas informações como base, os estudantes realizaram um mapeamento de hipóteses sobre o que fazer diante do problema constatado com o intuito de contribuir com a segurança destes funcionários. Entre as hipóteses discutidas, destacou-se a produção de equipamentos de segurança. A partir deste momento teve início uma etapa de investigação em que os alunos realizaram uma pesquisa sobre como é produzido um capacete para ciclistas. Elencaram as seguintes perguntas investigativas: os funcionários da indústria calçadista de Franca que utilizam a bicicleta como seu principal meio de transporte, utilizam equipamentos de segurança? Seria possível construir um capacete para ciclistas sustentável a custo praticamente zero? Quais são os resíduos produzidos ao longo do processo de fabricação dos calçados? Seria possível construir um produto a partir dos resíduos produzidos na indústria calçadista que possa beneficiar os funcionários do próprio setor? Os resíduos produzidos ao longo do processo de fabricação dos calçados podem ser reutilizados na fabricação de um capacete para ciclistas? Os capacetes para ciclistas produzidos a partir dos resíduos da indústria calçadista atendem às normas técnicas exigidas para o produto? A partir dessas perguntas, a fim de se obter um produto sustentável e a custo zero, a equipe realizou o levantamento de possíveis materiais que poderiam ser reutilizados/reciclados para a produção do capacete. O material escolhido foi o isopor, utilizado em uma infinidade de situações, mas que depois de descartado pode apresentar um grande impacto ambiental. A ideia era mergulhar o isopor em uma solução de acetona para que fosse possível moldá-lo no formato de uma cabeça. O experimento deu certo, porém, dias depois, o isopor enrijeceu, o que o tornou inviável para utilização como uma camada absorvente de impactos. Foram muitos os testes, mas os alunos não desanimaram. Sugeri que realizássemos mais pesquisas sobre possíveis materiais a serem utilizados para a construção do capacete. Foi aí que fizemos uma visita técnica a uma empresa calçadista com o intuito de conhecer o processo de fabricação dos calçados. Nesta visita houve a identificação de diferentes resíduos produzidos ao longo deste processo. Após entrevistas, foi constatado que estes resíduos eram destinados em aterros sanitários, pois não apresentavam mais nenhuma utilidade para o setor calçadista. Para se ter uma ideia, nesta fábrica, com uma produção por volta de 1500 pares de sapatos por dia,são gerados cerca de 315 kg de resíduos diariamente! A partir desta constatação, a ideia foi transformar o problema do descarte de resíduos em uma solução para a segurança dos trabalhadores. Para isso, foi realizado um levantamento de possíveis resíduos gerados no processo de fabricação dos calçados que poderiam ser reutilizados na fabricação de um capacete sustentável para ciclistas. No desenvolvimento do projeto houve integração de diversos conteúdos curriculares. No campo das Ciências da Natureza e da Matemática, a disciplina de química abordou a composição dos materiais; os conhecimentos da Matemática, com a realização de medições de crâneos e capacetes, de cálculos envolvendo misturas de diferentes materiais passíveis de serem utilizados na fabricação do produto e da tabulação dos dados levantados em questionários aplicados. De acordo com a abordagem STEM, o projeto contou com a contribuição da Tecnologia, para o desenvolvimento do protótipo. As disciplinas de História e Geografia também foram trabalhadas na construção do perfil social e econômico da cidade de Franca. Os conteúdos no campo das Linguagens e Códigos foram acessados para os registros das pesquisas. O capacete foi desenvolvido dentro das normas técnicas exigidas por Lei, seguiu a Norma ABNT NBR 16175:2013 – Veículo de duas rodas – Bicicletas – Capacete para condutores de bicicleta e usuários de patins, skates e semelhantes. O projeto não para por aqui, estamos nos debruçando na realização de testes de segurança, que incluem teste de resistência, para a determinação da capacidade de absorção de impactos, entre outros. Desta maneira, o produto idealizado oferece a possibilidade de beneficiar: o meio ambiente, ao retirar de circulação materiais que poderiam comprometer a qualidade dos ecossistemas; os funcionários, ao fornecer um equipamento de segurança capaz de evitar possíveis complicações em eventuais acidentes; e também as empresas, em função da diminuição do número de acidentes de trabalho e licenças médicas em decorrência de acidentes sofridos por seus funcionários. 3. Vamos pensar no que vimos até aqui. I. Indique de três a cinco pontos comuns entre as práticas escritas. II. Agora, observe, pelo menos, duas diferenças. III. As duas práticas podem ser chamadas de "projetos"? Procure pensar no que caracteriza um projeto e justifique sua resposta. 4. A partir da reflexão anterior, tente pensar sobre o que já conhece sobre o trabalho com projetos em sala de aula e indique a frase que melhor define essa prática: A javascript: javascript: javascript: javascript: javascript: javascript: javascript: javascript: Trabalhar com projetos é garantir que os alunos resolvam problemas práticos, que afetam o dia a dia deles. Resposta correta! Para trabalhar com projetos é preciso partir de questões reais que afetam o cotidiano dos alunos mesmo que indiretamente (como uma questão de política nacional ou internacional). Em algumas situações, basta elaborar bons argumentos para responder ao problema, em outras, é preciso desenvolver um material, organizar um evento, elaborar ações específicas. Falaremos mais sobre essa questão no Módulo 4 - Da indagação à argumentação. As experiências do Prêmio Respostas para o Amanhã nos mostram que os jovens hoje costumam se envolver muito mais nos processos de aprendizagem quando podem associar os conteúdos curriculares a situações significativas e quando são desafiados a encontrar respostas para elas. Leia também as outras afirmações e saiba por que elas são igualmente corretas. B Em todo o trabalho com projetos, os alunos precisam fazer pesquisas em pequenos grupos, lendo textos informativos. Resposta correta! Em todos os projetos, alguma forma de pesquisa ou de investigação é realizada, mas isso pode acontecer de diferentes formas: conversas com pessoas da comunidade, entrevista com especialistas e elaboração de registros de experiências. A leitura de textos é uma parte importante do trabalho com projetos, mas pode e deve ser complementada. Essa questão será revista no Módulo 6 - Uma sugestão de roteiro. Leia também as outras afirmações e saiba por que elas são igualmente corretas. C Os alunos definem o que querem investigar, por isso, para trabalhar com projetos, o currículo precisa ser muito flexível. Resposta correta! Para trabalhar com projetos é importante que o currículo tenha alguma flexibilidade. Também é verdade que os alunos são responsáveis por indicar caminhos e conteúdos que precisam ser aprendidos para resolver determinada questão. Contudo, cabe ao professor definir a pertinência do desenvolvimento de um projeto e, mais do que isso, estabelecer uma relação prévia entre o currículo escolar e as aprendizagens necessárias ao desenvolvimento de um projeto. Esse é o tema do Módulo 5 - Projeto e currículo predefinido. Leia também as outras afirmações e saiba por que elas são igualmente corretas. D O essencial no trabalho com projetos é envolver os alunos na solução de uma questão que exige a compreensão de diferentes pontos de vista sobre o mesmo tema. Resposta correta! De fato, esse é um aspecto essencial no trabalho com projetos em sala de aula. No decorrer do curso, você terá diferentes oportunidades de refletir sobre essa afirmação. Leia também as outras afirmações e saiba por que elas são igualmente corretas. Módulo 2 Investigar para produzir conhecimento Por que trabalhar com projetos no Ensino Médio? 1. Contexto Entre 2005 e 2014 aumentou em quase cinco milhões o número de jovens de 18 a 29 anos que concluiu o Ensino Médio. Considerando a população nessa faixa e idade, houve um aumento de 15% no percentual de atendimento na última década. Hoje temos pouco mais de 60% de jovens concluindo o Ensino Médio até os 29 anos. Apesar do avanço, estamos longe de garantir o direito à conclusão da Educação Básica, pois temos quase metade dos jovens dessa idade fora da escola. Em 2015 o Cenpec iniciou uma pesquisa com jovens do Ensino Médio e os resultados trouxeram pistas importantes para entendermos as razões que justificam números tão baixos de concluintes da Educação Básica. Quais você imagina serem os fatores que contribuem para isso? Registre aqui sua opinião, citando alguns fatores. Em seguida, leia a pesquisa realizada e compare com suas ideias. Pesquisa: A conlusão da educação básica entre os jovens de 18 a 29 anos. Link: < https://www.legado.cenpec.org.br/boletim/boletim01/> https://www.legado.cenpec.org.br/boletim/boletim01/ https://www.legado.cenpec.org.br/boletim/boletim01/ 2. O que está ao nosso alcance para melhorar a situação do Ensino Médio? Se, por um lado, cabe a nós entendermos as dinâmicas (às vezes perversas) que podem se estabelecer nas salas de aula, por outro, temos um grande desafio. Rever os processos de ensino e de aprendizagem que desenvolvemos. Ao fazer isso, certamente, iremos nos deparar com a organização do currículo escolar e com a definição dos objetivos de aprendizagem que passam a ser considerados prioritários. Essa é uma questão que vem sendo debatida por vários agentes educacionais preocupados com a ampliação da qualidade da educação, especialmente no Ensino Médio. 3. Reorganização curricular Segundo a pesquisa citada no capítulo anterior, para melhorar as condições de aprendizagem, várias medidas precisam ser tomadas, e a reorganização curricular é apenas uma delas. Contudo, trata-se de uma etapa essencial e, provavelmente, a que pode ser revista mais rapidamente. Veja o que diz a pesquisa A conclusão da educação básica entre os jovens de 18 a 29 anos sobre essa questão: “Há, ainda, o currículo. É certo que, proximamente, teremos uma Base Nacional Comum Curricular. Mas, como o nome bem diz, trata-se de uma base. Ela é um ponto de partida para que as unidades da Federação façam seusdocumentos curriculares, e as escolas, seus projetos pedagógicos. É especialmente no caso desses projetos que os currículos passam a ganhar vida, pois é então que um conjunto de conhecimentos gerais, de natureza comum, vai, em primeiro lugar, associar-se a conhecimentos e saberes de natureza específica. Por um lado, são conhecimentos que fazem parte de uma demanda local – originada de uma história, de uma conjuntura, de uma busca de saber, ganhando uma perspectiva política, econômica, cultural e pedagógica. É esse horizonte que, em parte, permite aos jovens (mas também aos docentes) fazer com que conteúdos curriculares ganhem sentido. Em segundo lugar, por outro lado, cada escola ou grupo de escolas está firmemente ancorado num território social, cultural, político – imerso numa cultura a ela preexistente. Cabe à escola também não meramente valorizar essa cultura, mas contribuir para tornar esse conjunto de saberes parte dos saberes sistematizados à luz das disciplinas científicas, linguísticas e artísticas, a fim de que também integrem o patrimônio não somente dessa comunidade, mas do próprio País.” A conclusão da educação básica entre os jovens de 18 a 29 anos. Boletim Educação e Equidade, Cenpec, SP, Jul 2016 Há consenso de que o Brasil precisa remodelar o Ensino Médio e alguns fatores relacionados aos conteúdos de ensino também contribuem para essa necessidade: ➢ Conhecimentos e habilidades exigidos e ensinados pela escola não costumam se relacionar aos desafios enfrentados pelos alunos em seus cotidianos, tampouco às necessidades e às potencialidades dos locais em que os estudantes vivem. ➢ De modo geral, o currículo escolar é fragmentado, distanciado das transformações sociais, das mudanças dos saberes disciplinares e das vidas dos alunos, sobretudo dos adolescentes. ➢ A tecnologia está em constante modificação e os professores nem sempre têm condições de acompanhar o surgimento de novidades. ➢ O conhecimento se reformula constantemente e, com tantos avanços científicos e tecnológicos, torna-se obsoleto no momento em que é impresso nos livros. 4. Só selecionar conteúdos resolve o problema? Se quisermos oferecer possibilidades de os jovens construírem a própria identidade como cidadãos e como sujeitos históricos, é necessário repensar e reinventar a escola. Nessa época de excesso de informação e de muita mudança é preciso muito mais do que selecionar e ensinar fatos e conceitos. É preciso ensinar a estabelecer relações entre: E, DESSE MODO, AMPLIAR AS POSSIBILIDADES DE COMPREENDER E INTERPRETAR AS INFORMAÇÕES. Várias têm sido as mudanças educacionais em todo o mundo em busca de uma educação que aproxime os conhecimentos aprendidos na escola do cotidiano dos alunos e dos saberes construídos em cada local, bairro ou comunidade. Nas últimas décadas, educadores da Espanha, dos Estados Unidos e de outros países, inclusive do Brasil, desenvolveram processos de ensino que envolvem a concepção de Projeto, com o objetivo de fazer essas aproximações. →Trabalhar com projetos → Utilizar a pedagogia de projetos → Estimular a aprendizagem baseada em projetos Essas três expressões não são sinônimas. Cada uma delas foi cunhada por diferentes estudiosos do tema. No entanto, ainda que partam de questões, de preocupações e até de objetivos diferentes, é possível enxergar muitos pontos de convergência e de complementaridade entre eles. 5. Referenciais teóricos sobre projetos Neste curso, utilizamos como principais referenciais teóricos os materiais produzidos pelo educador catalão Fernando Hernandez e pelo Buck Institute for Education (BIE), uma organização sem fins lucrativos sediada na Califórnia (EUA), que pesquisa e trabalha com professores e com outros agentes educacionais com o objetivo de tornar escolas e salas de aula mais eficazes, por meio do uso de aprendizagem baseada em projetos. Assim, nosso material não se atém a uma ou outra concepção, nem tem a intenção de explicitar suas convergências ou divergências, ainda que isso seja brevemente tratado no Módulo Diferentes definições de projetos: breve histórico. Entendemos que o trabalho com projetos traz possibilidades de alunos e professores reverem, reorganizarem e reinventarem percursos de ensino e de aprendizagem, tornando-os mais significativos. Nessa concepção, cabe ao professor: ➢ Aproximar-se da identidade dos alunos e favorecer a construção da subjetividade. Isso implica compreender que a aprendizagem de fatos, de conceitos e de procedimentos (ou de competências e habilidades) associada à busca de solução para um problema real confere significado ao ensino. ➢ Considerar o que acontece fora da escola: o As transformações políticas e sociais do território e do Município, Estado e País; o A enorme produção de informação - que caracteriza a sociedade atual. É preciso dialogar de maneira crítica com todos esses fenômenos. ➢ Vincular a aprendizagem a situações e problemas reais, trabalhando a partir da pluralidade e da diversidade. ➢ Introduzir, diante do estudo de qualquer fenômeno, opiniões diferenciadas – de maneira que o aluno comprove que a realidade se constrói a partir de pontos de vista diferentes, produzidos por pessoas que olham o fenômeno de um lugar socialmente determinado. ➢ Compreender que o conhecimento não é aprendido em fragmentos, ainda que os conteúdos de ensino possam sofrer diferentes organizações curriculares. Buscar caminhos para formar indivíduos com uma visão mais global da realidade, ou seja, que percebam relações entre as disciplinas no momento de enfrentar os temas de estudo. ➢ Entender que a escola também gera cultura, e que não é apenas um espaço de aprendizagem de conteúdos previamente determinados. ➢ Compreender a indagação como uma forma de produção de conhecimento. 6. Como trabalhar com projetos? O ensino, nessa perspectiva, deve estar em função de uma aprendizagem que leve à indagação, à compreensão e à ação. É preciso refletir sobre como os alunos aprendem. Acreditamos que, ao trabalhar com projetos, é possível estabelecer relação entre o processo de aprendizagem e a experiência escolar, possibilitando que os alunos aprendam a: Confrontar questões e problemas presentes no local onde vivem e buscar caminhos para interpretá-los, abordá-los e, se possível, solucioná-los, agindo de forma cooperativa. Questionar toda forma de pensamento único – o que significa introduzir suspeitas/dúvidas sobre as representações da realidade baseada em verdades estáveis e objetivas. Reconhecer concepções que regem determinado fenômeno, versões da realidade e representações que infuenciem a compreensão dessa realidade. Compreender que toda realidade pode admitir diversas interpretações e que essas não são inocentes, objetivas ou puramente científicas – ou seja, incorporar uma visão crítica que leve o aluno a perguntar-se a quem beneficia determinada visão. Para trabalhar dessa forma é preciso dar importância tanto à aquisição de estratégias cognitivas de ordem superior como possibilitar que o estudante seja responsável pela própria aprendizagem. Isso significa que caberá ao professor proporcionar o planejamento e as situações-problema reais – oferecendo oportunidades para que os alunos investiguem um tema, relacionando conteúdos e metodologias de diferentes disciplinas. Esse tipo de trabalho costuma ser motivador para o aluno, pois o envolve no processo de aprendizagem e o instiga a investigar um tema ou uma questão relevante para a comunidade. Os projetos “Como podemos nos proteger dos mosquitos?” e “Bambu: uma solução para diminuir os alagamentos?”, apresentados no Módulo Introdutório deste curso, partem da seguinte premissa: Rever os processos de ensino e de aprendizagem que desenvolvemos. Nesse sentido, Hernandez afirma,sobre “vida real” “Entendo por ‘vida real’ não só o próximo, mas também o modo em que hoje os saberes disciplinares propõem a pesquisa em seus respectivos domínios. Tudo isso como forma de enfrentar o dilema da seleção de alguns conteúdos diante da multiplicidade de possíveis matérias e temas de estudo que hoje são oferecidos pelas diferentes disciplinas, os saberes organizados e as diferentes realidades sociais e culturais.” HERNANDEZ, Fernando. Transgressão e Mudança na Educação: Os Projetos deTrabalho.Tradução Jussara Haubert Rodrigues. Porto Alegre: Artes Médicas Sul,1998. Ainda segundo Hernandez, o trabalho com projetos traz flagrantes benefícios ao processo de ensino e aprendizagem e possibilita aos alunos desenvolver maior autonomia em buscar determinados conteúdos. Ainda assim, é imprescindível ter em mente que essa forma de prática educativa não é ”A” solução para as dificuldades de aprendizagem, tampouco para os problemas das instituições escolares, muito menos para as dificuldades do contexto em que ela está inserida. Contudo, na medida em que instiga a interpretação dessa realidade, pode proporcionar mudanças mais ou menos pontuais. 7. Agora é com você! Em sua opinião, qual a vantagem de trabalhar com projetos em sala de aula? E quais os principais desafios que você identifica? Módulo 3 Visão Histórica do Trabalho Com Projetos 1. Contexto O trabalho com projetos na escola responde bastante bem às demandas atuais e pode até ser considerado inovador. Contudo, não se trata de um conceito novo. No final do século 19, início do 20, essa concepção começou a ser divulgada. A seguir, acompanhe um histórico resumido dessa metodologia de trabalho. 2. Final do século XIX e início do XX A industrialização e a democratização política, em muitos países ocidentais, levaram a importantes mudanças de paradigmas no campo da educação. Foi nesse período que surgiu o movimento da Escola Nova, ou Escola Ativa. O filósofo americano John Dewey foi um dos idealizadores desse movimento, que creditava os resultados das ações educacionais aos processos experimentados pelos alunos, e não apenas aos resultados obtidos. Segundo ele, as ações escolares não podem se desvincular da vida cultural e social da criança, essas devem ser consideradas os pontos de partida. John Dewey, na Universidade de Chicago (1902). Uma das chaves da proposta de Dewey é a renúncia à separação entre conhecer e fazer. Por outro lado, a ciência é exatamente a conjugação entre a teoria e a prática como um resultado de operações experimentais dirigidas. Para esse filósofo (e tantos outros considerados pragmatistas) as questões práticas não se resolvem por meio de teorias, mas pela aplicação de formulações teóricas a situações reais. Para Dewey o pensamento sempre se origina a partir de uma situação problemática, que se deve resolver mediante uma série de atos voluntários.Trata-se de uma forma de raciocinar segundo a lógica intuitiva, que pode ser estendida em algumas etapas, até que seja encontrada a solução. Essa ideia de solucionar um problema é o fio condutor de diferentes concepções atuais sobre projeto. https://pt.wikipedia.org/wiki/John_Dewey https://pt.wikipedia.org/wiki/John_Dewey Reconhecer um problema Analisar seus elementos Elaborar uma hipótese Comprovar a hipótese ou retomar o processo Encontrar a solução 3. Anos 1920 A partir das ideias de Dewey, o também americano Willian Heardth Kilpatrick levou às salas de aula uma forma de trabalho denominada Método de Projetos. O principal objetivo era relacionar as atividades que os estudantes realizavam na escola com a vida fora dela. Assim, as atividades escolares deveriam ser organizadas na forma de projetos, para que a escola se tornasse um lugar de vida e de experiência, em que os alunos fossem ativos. Nesse método, o currículo não estava organizado por disciplinas. No decorrer dos anos, tanto Dewey como Kilpatrick foram desenvolvendo melhor essa abordagem. Dewey estabeleceu quatro condições para se trabalhar com o Método de Projetos: ➔ Ainda que o interesse do aluno seja fundamental, o educador precisa definir que tipo de objetivo de aprendizagem e de atividade o projeto deve conter. ➔ A atividade desenvolvida precisa ter um valor intrínseco, ou seja, deve-se exluir aquelas que têm como consequência o prazer imediato produzido pela execução da tarefa. ➔ No decorrer de seu desenvolvimento, o projeto deve apresentar problemas que despertem novas curiosidades. ➔ Para a execução do projeto, deve-se prever uma margem de tempo. Os críticos diziam que, ao se trabalhar dessa forma, perdia-se o rigor do ensino disciplinar, podendo-se gerar uma caótica mistura de informações difusas. Além disso, essa forma de trabalho poderia influir na organização geral da escola, deixando de existir uma ordenação geral dos processos envolvidos na aprendizagem, implicando em outros agrupamentos de alunos, não por anos escolares. Você costuma ouvir essas mesmas críticas, ainda hoje, sobre o ensino com projetos? Você acha que elas são pertinentes para a nossa época? 4. Um longo intervalo Após a Segunda Guerra Mundial, a racionalidade tecnológica passou a ser a ideologia dominante no mundo ocidental. Aliada à situação política e socioeconômica, essa ideologia impactou a educação enormemente, levando a processos de condução da aprendizagem e de psicometrização. Com isso, por mais de trinta anos, a concepção de aprendizagem que originou a Metodologia de Projetos ficou adormecida. 5. Décadas de 1960 e 1970 Depois da metade de 1960, uma série de conflitos sociais na Europa e Estados Unidos coincidem com a divulgação das ideias de Piaget sobre o desenvolvimento da inteligência e sobre o papel que ocupa a aprendizagem de fatos e conceitos. O psicólogo americano Jerome Bruner estabelece que o ensino deve centrar-se em facilitar a aprendizagem de conceitos-chave a partir das estruturas das disciplinas. O Método de Projetos seria uma alternativa metodológica para essa organização curricular. Aos poucos, Jerome Bruner desenvolve a ideia de Currículo em Espiral, em que o primeiro encontro dos alunos com os conceitos-chave se dá de maneira primitiva e, aos poucos, de formas mais complexas. https://pt.wikipedia.org/wiki/Jerome_Bruner Ainda que tenha sido aplicada em diferentes escolas, essa forma de organização curricular levava a diferentes indagações que não eram respondidas pela prática observada. Veja o que diz Hernandez: “A visão de Bruner não explicava por que, muitas vezes, não se aprende ou se produzem interpretações inadequadas, ou custa tanto transferir de uma situação a outra um conhecimento que parece aprendido. Mas, sobretudo, essa visão confundia aprendizagem com desenvolvimento e os conteúdos disciplinares com a escolaridade.” HERNANDEZ, 1998, p. 71 6. De 1980 até hoje - Projetos de trabalho Fatores sociais - como o controle da economia por parte dos mercados financeiros, mudanças nas relações de trabalho, revisão do papel do Estado na provisão das necessidades dos cidadãos - aliados ao impacto de estudos que buscam entender a relação entre ensino e aprendizagem, fazem com que se crie novo campo para o desenvolvimento de projetos de trabalho. Foi nesse período que Fernando Hernandez trabalhava como formador e assessor no campo da pesquisa educativa no Instituto de Educação da Universidade de Barcelona. O grupo ao qual ele pertencia acreditava que era possível utilizar uma metodologia de pesquisa, a pesquisa-ação, para auxiliar na melhoria da qualidade dos processos de ensino aprendizagem que acontecia nas escolas. Então, em uma escola de Barcelona, Hernandez propõe uma nova forma de trabalho, na qual o grupo de professores deveria chegar, coletivamente, a uma questão instigadorapara todos. Estamos ajudando nossos alunos a globalizar, a estabelecer relações entre as diferentes disciplinas, a partir do que fazemos na sala de aula? Na sua opinião, para ajudar os alunos a globalizar, qual deveria ser a tarefa do professor mediador? A Deixar que os alunos tomem as próprias decisões, mas responder às perguntas que forem feitas por eles. Resposta parcialmente correta. Nesta concepção de ensino, o professor deve atuar como um mediador do ensino-aprendizagem ou do conhecimento. Ele deve orientar os alunos e estimulá-los a construírem conceitos, valores, atitudes e habilidades. Em alguns momentos, pode deixar os alunos tomarem as próprias decisões, em outros, deverá auxiliá-los a revê-las para garantir que atinjam determinados objetivos ou revejam conceitos. B Acompanhar o trabalho e mostrar o caminho mais adequado para não induzir os alunos a conclusões erradas. Resposta parcialmente correta. Nesta concepção de ensino, o professor deve atuar como um mediador do ensino aprendizagem ou do conhecimento. Ele deve orientar os alunos e estimulá-los a construírem conceitos, valores, atitude s e habilidades. Em alguns momentos, pode permitir que os alunos cometam erros, desde que preveja momentos para fazer correções e que esses erros sejam "construtivos", ou seja, façam parte do processo de ensino e aprendizagem. C Acompanhar o trabalho, problematizar conclusões do grupo e oferecer novas informações. Resposta correta! Responder a essa pergunta gerou uma colaboração entre Hernandez, pesquisadores e professores da Educação Básica na busca de possíveis respostas, a partir de uma dupla perspectiva: Organização dos conhecimentos escolares no currículo da instituição e Concepções em torno da aprendizagem em sala de aula. Aos poucos, perceberam que era necessário mudar a forma como os conteúdos eram apresentados aos alunos, tornando-os muito mais significativos. Desde então, o pesquisador catalão vem trabalhando sob essa perspectiva. Seus estudos chegaram ao Brasil no início da década de 1990 e estão sendo revisitados até hoje. Para Hernandez, o desenvolvimento de projetos de trabalho pressupõe determinada concepção de ensino e aprendizagem, o que impacta numa organização curricular específica para, depois, chegar ao trabalho desenvolvido nas salas de aula por meio de projetos. Selecionamos alguns links, com entrevistas ou trechos de palestras (em espanhol), nos quais o autor trata esse assunto, que se encontram no Youtube, mas você pode buscar muitos outros! ✓ Numa entrevista à apresentadora catalã Maria Domigo Coscololla, em menos de sete minutos, Hernandez fala sobre a escola como um espaço de construção de investigação, de diálogo. Link: <https://www.youtube.com/watch?v=NsTlPwTW__s>. ✓ "Pedagogías de la cultura visual: expandir el saber a partir de crear relaciones" Conferencia de Fernando Hernández en la Casa Nacional del Bicentenario de Buenos Aires - 2011 Conferência organizada em quatro partes. Link: <https://www.youtube.com/watch?v=eVtNBO8WYCg>. ✓ “Cultura, conhecimento e poder” Trecho de Seminário realizado no Uruguai em 2010. Link: <https://www.youtube.com/watch?v=sRAPt0lTHFU>. 7. Década de 1990/Anos 2000 Aprendizagem baseada em projetos Nas últimas décadas, muitos modelos de aprendizagem baseada em projetos vêm sendo desenvolvidos. Segundo os grupos que os desenvolvem, os processos educacionais precisam ser revistos para se adaptar a um mundo em https://www.youtube.com/watch?v=NsTlPwTW__s https://www.youtube.com/watch?v=NsTlPwTW__s https://www.youtube.com/watch?v=NsTlPwTW__s https://www.youtube.com/watch?v=NsTlPwTW__s https://www.youtube.com/watch?v=NsTlPwTW__s https://www.youtube.com/watch?v=NsTlPwTW__s https://www.youtube.com/watch?v=NsTlPwTW__s https://www.youtube.com/watch?v=eVtNBO8WYCg https://www.youtube.com/watch?v=eVtNBO8WYCg https://www.youtube.com/watch?v=eVtNBO8WYCg https://www.youtube.com/watch?v=sRAPt0lTHFU constante transformação. Trata-se de uma tentativa de criar práticas de ensino que reflitam o ambiente no qual as crianças vivem e aprendem. Neste curso, selecionamos como referência o trabalho que vem sendo desenvolvido pelo Buck Institute for Education, uma organização de pesquisa e de desenvolvimento, sediada na Califórnia e sem fins lucrativos. Seu objetivo é tornar escolas mais eficazes, por meio da utilização da aprendizagem baseada em projetos. Para isso, cria materiais didáticos e curriculares, desenvolve ações de formação profissional, realiza e publica resultados de pesquisas e trabalha com professores americanos e de outros países. ❖ Buck Institute for Education. Link: <https://www.pblworks.org/> Em 1999 o BIE publicou a segunda edição de “Aprendizagem baseada em projetos – Guia para professores do Ensino Fundamental e do Médio”, que está traduzido em mais de 30 idiomas. De acordo com essa publicação, a aprendizagem baseada em projetos é “um método sistemático de ensino que envolve os alunos na aquisição de conhecimentos e de habilidades por meio de um extenso processo de investigação estruturado em torno de questões complexas e autênticas e de produtos e tarefas cuidadosamente planejados” Aprendizagem Baseada em Projetos - Guia para Professores de Ensino Fundamental e Médio, Buck Institut for Education. Porto Alegre: Artmed, 2008, p. 18 Neste curso, a principal referência teórica é o catalão Fernando Hernandez, mas se utilizam também estratégias e protocolos elaborados pelo BIE. No módulo Projetos e currículo pré-definido: uma parceria possível? esse tema será tratado novamente. https://www.pblworks.org/ http://www.bie.org/ https://www.pblworks.org/ https://www.youtube.com/watch?v=sRAPt0lTHFU https://www.youtube.com/watch?v=sRAPt0lTHFU https://www.youtube.com/watch?v=sRAPt0lTHFU https://www.youtube.com/watch?v=sRAPt0lTHFU https://www.youtube.com/watch?v=sRAPt0lTHFU https://www.youtube.com/watch?v=sRAPt0lTHFU https://www.youtube.com/watch?v=sRAPt0lTHFU https://www.youtube.com/watch?v=sRAPt0lTHFU https://www.youtube.com/watch?v=sRAPt0lTHFU https://www.youtube.com/watch?v=sRAPt0lTHFU https://www.youtube.com/watch?v=sRAPt0lTHFU https://www.youtube.com/watch?v=sRAPt0lTHFU https://www.youtube.com/watch?v=sRAPt0lTHFU https://www.youtube.com/watch?v=sRAPt0lTHFU https://www.youtube.com/watch?v=sRAPt0lTHFU https://www.youtube.com/watch?v=sRAPt0lTHFU https://respostasparaoamanha.com.br/cursos/aprender-projeto/modulo5 https://www.youtube.com/watch?v=sRAPt0lTHFU https://www.youtube.com/watch?v=sRAPt0lTHFU Módulo 4 Da indagação à argumentação: principais características de um projeto 1. O que há de comum entre essa imagens? Possíveis respostas Representam mulheres nuas Os penteados são quase iguais Estão com as genitálias cobertas, ou quase cobertas São esculturas claras e têm uma base de apoio Representam a deusa Afrodite/Vênus Essas estátuas (ou suas réplicas) estão em museus da Europa Trazem ideais de beleza bastante similares As esculturas originais têm mais de 1.500 anos 2. Estabelecer relações Todas as respostas apresentadas sobre as estátuas, no capítulo anterior, indica que foi preciso estabelecer alguma relação entre as imagens. No livro transgressão e mudança na educação: os projetos de trabalho, Fernando Hernandez conta que gosta de fazer uma atividade como essa para convidar seus alunos a olhar objetos e imagens cotidianas em função das relações que em torno deles possam ser estabelecidas. O objetivo desse exercício é mostrar a importância da capacidade humana para realizar interpretações a partir da observação da realidade, por meio do estabelecimento de relações. Para Hernandez, aprender significa garantir um diálogo entre o saber acumulado e a necessidade humana de estabelecer relações para compreender e interpretar a realidade.Responder que as imagens representam mulheres nuas, ou que são esculturas brancas, requer apenas olhá-las; as demais respostas exigem informações de diferentes naturezas. Ou seja, 3. Interpretar De acordo com Hernandez, trabalhar com projetos é criar condições para que os alunos façam interpretações, essência do aprendizado escolar. Leia a seguir um trecho do livro Transgressões e mudança na educação – Os projetos de trabalho, em que o autor espanhol trata disso, e anote em seu Bloco de Notas as frases que considera mais importantes sobre a compreensão do papel da interpretação no processo de ensino e aprendizagem segundo Hernandez. Depois vamos comparar suas anotações com as nossas. Meus grifos em negrito no texto abaixo: I. Interpretar vem a ser compreender e manifestar explicitamente essa compreensão. Sempre estamos interpretando, mas nem toda atividade vital nem intelectual é interpretativa. Só se interpreta quando se entende o produto como portador de um conteúdo (ou intenção), ou seja, como objeto gerado por alguém em determinadas circunstâncias, com a intenção de manifestar algo. Para que se interprete, aquele que interpreta deve sentir-se interpelado, ou seja, interessado ou envolvido no sentido do produto. II. Expressar o sentido de uma coisa supõe poder apreciar nela uma intenção a respeito de um valor e descrever sua gênese em virtude do valor a que se entende dirigida de maneira intencional. III. A interpretação se refere sempre a uma produção humana (artificial, gestual...). O ser humano se expressa modificando o meio ambiente por meio de artifícios. Esses artifícios, que são seu meio de expressão, constituem a cultura. IV. O ser humano se expressa configurando produtos que são organizações intencionais de elementos articulados em totalidades concretas. Os produtos culturais constituem representações ou expressões de experiências por intermédio de sistemas codificados de símbolos. Os sistemas de símbolos são o fundamento das culturas. Diante da produção (configuração expressiva, ou representação, ou organização simbólica), produz-se a interpretação. V. Interpretar é, portanto, decifrar. Significa decompor um objeto (a representação) em seu processo produtivo, descobrir sua coerência e outorgar aos elementos e às fases obtidas significados intencionais, sem perder nunca de vista a totalidade que se interpreta. VI. A interpretação é um procedimento quase automático no diálogo. Isso faz com que dialogar signifique reconhecer a linguagem e os gestos do outro como um anúncio para estabelecer uma forma de relação. Mas esse processo não se produz de maneira automática. O que é ouvido e visto deve ser reconstituído do interior daquele que o recebe. Para poder integrá-lo, o receptor tem que retraduzir e reexpressar linguagem e gestos com suas próprias categorias mentais. Nesse esforço, o receptor hipotetiza a intenção e a ideia a que possa responder à expressão recebida. Essa hipótese interpretativa configura sua resposta, que não é mais do que a expressão representada do efeito que a comunicação do outro teve nele. VII. Toda interpretação é uma representação, mediante símbolos, de uma concepção de algo. Cada nova contribuição cultural implica uma nova concepção e uma resposta a alguma ou a todas as representações anteriores. Isso nos leva a considerar que, por exemplo, um artista e um cientista partem de uma experiência própria vinculada à reconstrução de alguma teoria alheia, a sua análise, da qual surge uma versão que é uma reelaboração entre uma experiência alheia e a versão personalizada da mesma. VIII. Também é necessário reconhecer que existem graus de interpretação. Depende da familiaridade, da competência, do conhecimento que o intérprete tenha da situação. Grifos do curso: Trabalhar com projetos é criar condições para que os alunos façam interpretações, essência do aprendizado escolar. As partes assinaladas foram as que consideramos as mais importantes no texto. Interpretar vem a ser compreender e manifestar explicitamente essa compreensão. Sempre estamos interpretando, mas nem toda atividade vital nem intelectual é interpretativa. Só se interpreta quando se entende o produto como portador de um conteúdo (ou intenção), ou seja, como objeto gerado por alguém em determinadas circunstâncias, com a intenção de manifestar algo. Para que se interprete, aquele que interpreta deve sentir-se interpelado, ou seja, interessado ou envolvido no sentido do produto. Expressar o sentido de uma coisa supõe poder apreciar nela uma intenção a respeito de um valor e descrever sua gênese em virtude do valor a que se entende dirigida de maneira intencional. A interpretação se refere sempre a uma produção humana (artificial, gestual...). O ser humano se expressa modificando o meio ambiente por meio de artifícios. Esses artifícios, que são seu meio de expressão, constituem a cultura. O ser humano se expressa configurando produtos que são organizações intencionais de elementos articulados em totalidades concretas. Os produtos culturais constituem representações ou expressões de experiências por intermédio de sistemas codificados de símbolos. Os sistemas de símbolos são o fundamento das culturas. Diante da produção (configuração expressiva, ou representação, ou organização simbólica), produz-se a interpretação. Interpretar é, portanto, decifrar. Significa decompor um objeto (a representação) em seu processo produtivo, descobrir sua coerência e outorgar aos elementos e às fases obtidas significados intencionais, sem perder nunca de vista a totalidade que se interpreta. A interpretação é um procedimento quase automático no diálogo. Isso faz com que dialogar signifique reconhecer a linguagem e os gestos do outro como um anúncio para estabelecer uma forma de relação. Mas esse processo não se produz de maneira automática. O que é ouvido e visto deve ser reconstituído do interior daquele que o recebe. Para poder integrá-lo, o receptor tem que retraduzir e reexpressar linguagem e gestos com suas próprias categorias mentais. Nesse esforço, o receptor hipotetiza a intenção e a ideia a que possa responder a expressão recebida. Essa hipótese interpretativa configura sua resposta, que não é mais do que a expressão representada do efeito que a comunicação do outro teve nele. Toda interpretação é uma representação, mediante símbolos, de uma concepção de algo. Cada nova contribuição cultural implica uma nova concepção e uma resposta a alguma ou a todas as representações anteriores. Isso nos leva a considerar que, por exemplo, um artista e um cientista, partem de uma experiência própria vinculada à reconstrução de alguma teoria alheia, a sua análise, da qual surge uma versão que é uma reelaboração entre uma experiência alheia e a versão personalizada da mesma. Também é necessário reconhecer que existem graus de interpretação. Depende da familiaridade, da competência, do conhecimento que o intérprete tenha da situação. 4. Sinco ações relacionadas ao processo investigativo Como vimos antes, para interpretar é preciso ter informações relacionadas ao saber acumulado por aquele grupo (e pela humanidade, numa concepção mais genérica) e estabelecer relações. Um dos principais trunfos do trabalho com projetos é ensinar os alunos a interpretar, para que possam desenvolver bons argumentos. Mas, nas salas de aula em que os alunos trabalham com projetos, além de interpretar, eles costumam desenvolver mais quatro ações relacionadas ao processo investigativo, como nos exemplos Como podemos nos proteger dos mosquitos? e Bambu, uma solução para diminuir alagamentos? 5. Professor mediador Para que essas ações possam ser desenvolvidas pelos alunos, caberá ao professor atuar como mediador e/ou coordenador do processo de investigação. O objetivo é fornecer subsídiospara que os estudantes tenham cada vez mais autonomia para selecionar, para compreender e para interpretar diferentes fontes de informações, mas é inevitável que isso seja construído paulatinamente, conforme se trabalha com projetos. Interpretar e argumentar são habilidades complexas e exigem grande quantidade de informações – nem todos os alunos terão condições de desenvolvê-las da mesma forma. Por isso, é possível que na mesma sala de aula o grau de complexidade das interpretações e argumentações seja bastante variável, porém, todas as contribuições devem ser levadas em conta. 6. Quinze pontos comuns aos projetos Os percursos para desenvolver projetos em sala de aula podem ser muito variáveis, mas selecionamos 15 aspectos comuns entre eles. INÍCIO DO PROJETO: ESTABELECER UM PROBLEMA – o estabelecimento de um problema, de uma questão instigante, é o início de um projeto. O problema pode ser indicado pelos alunos ou estabelecido pelo professor, mas deve dialogar com o currículo escolar. Assim, caberá ao professor definir quais conteúdos precisam ser trabalhados para que um projeto possa ser desenvolvido pelos alunos. No módulo Uma sugestão de roteiro refletiremos mais sobre isso. COLABAORAÇÃO ENTRE OS ALUNOS – a colaboração entre os alunos é um aspecto essencial do trabalho com projetos. É preciso encontrar caminhos para que cada um avance em seus conhecimentos e contribua para a conclusão do grupo. Comunicação dos resultados – a comunicação dos resultados deve estar relacionada ao processo de produção (tal como acontece com a comunicação de resultados de pesquisa na comunidade científica). Oportunidade de reflexão – durante o percurso é preciso estimular os alunos a desenvolver as cinco ações essenciais: indagar, investigar, relacionar, interpretar e argumentar. Ou seja, encorajar os estudantes a desenvolver processos reflexivos sobre a realidade que os cercam é a essência do trabalho com projetos. Projeto é mutável e dialoga com o contexto – Segundo Hernandez, projeto é um procedimento de trabalho em que se dá forma a uma ideia que está no horizonte, mas que admite modificações porque está em diálogo permanente com o contexto, com as circunstâncias e com os indivíduos que, de uma maneira ou outra, contribuiem para esse processo. O PROCESSO DE INVESTIGAÇÃO – o processo de investigação, de coleta e de seleção de informações deve ser de responsabilidade dos alunos. Deixar que os estudantes descubram caminhos investigativos, mesmo que tortuosos, é um dos desafios que se coloca aos professores. O papel do docente é fornecer subsídios para que os alunos realizem as atividades com qualidade, de modo a promover aprendizagens – ao fazer isso, o educador atua como mediador. Solução de problema – normalmente, a solução de um problemas não emerge da simples aplicação de conhecimentos já adquiridos pelos alunos; deve compreender componentes empíricos e teóricos. A interpretação dos fatos é fundamental. A conclusão é instável – o problema geralmente é “móvel”, uma vez que está relacionado a determinada realidade, portanto, sua solução tende a ser instável. A mesma solução, ou questão, pode servir como ponto de partida ou de conclusão – por isso, é difícil prever o desenvolvimento da pesquisa. GLOBALIZADOR – um dos objetivos do trabalho com projetos deve ser ajudar os alunos a globalizar, a estabelecer relações entre as diferentes disciplinas. Globalizar, nesse contexto, é buscar relações entre os conteúdos no momento de enfrentar os temas de estudo. No módulo Uma sugestão do roteiro, apresentamos como estratégia a elaboração de Mapas Conceituais, estratégia que pode auxiliar no processo de globalização. Apresentar a cultura que nos rodeia – o termo cultura aqui está sendo compreendido como um conjunto de valores, de crenças e de significações que nossos alunos utilizam para dar sentido ao mundo em que vivem. Os objetivos de apresentar a cultura que nos rodeia são ensinar os estudantes a interpretá-la, a partir de diferentes pontos de vista, e favorecer a tomada de consciência dos alunos sobre si mesmos e sobre o mundo. PLANEJAMENTO – para planejar o desenvolvimento de um projeto em uma sala de aula, o professor precisa considerar o currículo escolar, o que é possível fazer naquele espaço, num tempo previamente determinado, e quais outros educadores poderão ajudá-lo. Voz e escolha dos alunos – quando os alunos realizam uma experiência dessa natureza, é mais provável que participem ativamente de todas as fases do processo de aprendizagem se tiverem poder de escolha considerável. Cabe aos estudantes determinar as etapas de investigação, poderando o que é necessário saber para chegar às respostas das questões previamente estabelecidas, e avaliar suas escolhas ao longo de todo o processo. Aprendizagem de novos procedimentos – durante o processo investigativo, de coleta de dados ou de registro de conclusões, é possível que os alunos precisem aprender novos procedimentos e habilidades. Para isso, devem contar com os professores. Os docentes, por sua vez, precisam indicar caminhos que façam com que os estudantes aprendam outros conteúdos. É PRECISO OLHAR PARA O TODO! – o todo é muito mais do que a soma das partes! Para interpretar um aspecto da realidade, “se legitimam algumas formas de saber, alguns conhecimentos, alguns indivíduos, enquanto se excluem outros; (...), se pretendemos compreender um fenômeno, não podemos fazer isso a partir de uma só disciplina ou de um único ponto de vista.” (Hernandez, 1998, p. 16). Ou seja, para trabalhar com projetos, é preciso olhar para diferentes pontos de vista que podem estar relacionados a determinados temas. Diálogo com as mudanças – trabalhar com projetos permite a alunos e professores dialogar e construir respostas para uma situação em mudança – que não só está transformando nossa maneira de pensar, mas também como nos relacionarmos com o mundo que nos rodeia. 7. Uma visão menos segmentada do processo de ensino e aprendizagem Para que esses 15 aspectos sejam contemplados de forma adequada em um projeto, é preciso rever alguns conceitos relacionados a uma visão mais segmentada do processo de ensino e aprendizagem: Não existe uma sequência única e geral para todos os projetos. Quando a mesma pesquisa é feita em duas salas de aula distintas, os processos e as conclusões podem ser diferentes. Assim, o mesmo planejamento pode gerar trabalhos muito diferentes. O desenvolvimento de um projeto não é linear, tampouco previsível. Para desenvolver um projeto é preciso questionar as interpretações únicas da realidade – aquilo que se aprende deve ter relação com a vida dos alunos e dos professores – deve instigá-los, ser interessante. Para que seja interessante para os alunos não significa partir dos desejos imediatos deles, muito menos indagá-los sobre o que gostariam de aprender. Seguir esse caminho ao pé da letra reduz enormemente as possibilidades de aprendizagem, pois não há ampliação do repertório dos estudantes. Cabe ao professor, num primeiro momento, problematizar a realidade para que os alunos se sintam instigados a compreendâ-la. Nem sempre é necessário: o Ensinar do mais fácil para o mais difícil o Começar a observar o mais próximo, ou a menor unidade o Ir pouco a pouco para não criar lacunas nos conteúdos o Ensinar das partes ao todo para que, aos poucos, os alunos estabeleçam relações. O estabelecimento de relações é prioritário! Os professores também pesquisam e aprendem conteúdos e procedimentos de ensino. Por isso, é imprescindível manter-se atento ao movimento dos alunos. 8. O que é, o que pode ser e o que não é Um dos caminhos para entender melhor o que caracteriza uma estratégia de ensino é refletir sobre outras estratégias quecontradizem essa forma de trabalho. Veja a seguir estratégias que de fato caracterizam o trabalho com projetos, outras que podem caracterizar e outras que podem parecer que fazem parte dessa metodologia, mas que não fazem parte. Fique atento a esse último grupo de ações, pois costumam ser algumas armadilhas que precisam ser evitadas. O que caracteriza o trabalho por projetos 1. Partir de uma questão, de um problema negociado com os alunos, que remeta a algo do cotidiano deles. 2. Desenvolver, com os alunos, um processo de pesquisa. 3. Professores e alunos buscam fontes de informação. 4. Alunos e professores interpretam informações. 5. Novas dúvidas e perguntas podem surgir no decorrer do processo. 6. O tempo todo se faz relações com conhecimentos de outras áreas. 7. O processo de pesquisa é tão importante quanto a conclusão. 8. O processo de aprendizagem dos alunos é tema de reflexão e de observação deles e do professor. 9. Ao final do processo, os alunos devem ser capazes de dizer o que aprenderam e como aprenderam. O que pode acontecer num projeto de trabalho 1. Desenvolver atividades práticas, “colocar a mão na massa”. 2. Realizar entrevistas e visitas a diferentes lugares. 3. Apresentar um produto final para a comunidade escolar. 4. Fazer uma exposição de todas as etapas da pesquisa. 5. Fazer visitas às casas das vizinhanças da escola e a outras construções para diagnosticar uma determinada situação ou um problema. 6. Envolver os pais e a comunidade em algumas etapas do processo. O que parece um projeto de trabalho, mas não é 1. Partir de assuntos ou de temas que os alunos gostam ou já conhecem. 2. Professores interpretam as informações e as explicam para os alunos. 3. Apenas alunos selecionam fontes de informação. 4. Professores definem as etapas da pesquisa e os grupos as desenvolvem autonomamente. 5. Quem define os conteúdos a serem trabalhados são os alunos, por isso, o currículo não pode ser definido previamente. Módulo 5 Projetos e currículo predefinido: uma parceria possível? 1. Escolha aquela que parece a melhor alternativa: - Para trabalhar com projetos e seguir o currículo, é preciso: a. Reorganizar anualmente o currículo de acordo com os projetos definidos pelas classes. b. Organizá-lo por níveis de ensino e não por anos escolares. c. Saber que a ordem de apresentação dos conteúdos sofrerá alterações. d. Que todos os professores trabalhem dessa forma. Resposta correta ou incorreta? Se você ficou em dúvida na hora de responder, não se preocupe, pois os especialistas também divergem sobre isso. Por que será? Veremos a seguir. 2. Quais conteúdos podem ser trabalhados em projetos? De acordo com Hernandez, o trabalho com projetos, para ser eficaz e efetivo, requer uma revisão bastante profunda do currículo escolar, pois a concepção de aprendizagem que essa prática educativa exige não possibilita uma organização de conteúdos por disciplinas, fragmentando-os. Para esse autor e para seus seguidores, todos os conteúdos de ensino podem ser organizados em forma de projetos de trabalho, mas isso exige um longo e profundo diálogo entre a equipe de professores e a comunidade escolar. Por outro lado, os estudiosos americanos do Buck Institute for Education, que também pesquisam profundamente essa prática, acreditam que nem todos os conteúdos precisam ser ensinados dessa forma e, de modo geral, é possível fazer adequações pontuais em currículos já existentes. Neste curso, nos aproximamos dos americanos na medida em que acreditamos ser possível fazer ajustes no currículo escolar. Contudo, para que o trabalho com projetos seja eficaz e efetivo, esse currículo não deve contradizer a concepção de um processo de ensino e aprendizagem que leve à investigação, como é aqui proposto. Além disso, é essencial que o currículo seja plástico o suficiente para que os professores possam tomar decisões no decorrer do ano letivo. 3. O que, para quem e como ensinar Para planejar qualquer prática de ensino, é preciso responder a três perguntas: o que, para que e como ensinar? O que ensinar não representa uma escolha individual. Deve ser definido pela equipe escolar e registrado no currículo da escola. Para elaborar esse documento, parte-se das referências do Ministério da Educação - dos Planos Nacionais, Estaduais ou Municipais de Educação – e das bases curriculares, que trazem diretrizes de ensino. Na composição do currículo, incluem-se também as indicações do Projeto Político Pedagógico, elaborado a partir de decisões tomadas pela comunidade escolar. Para definir o currículo, é também preciso saber para quem ensinar. Uma parte dos conteúdos é comum a todas as escolas do Brasil. Ainda assim, é essencial conhecer os alunos para definir as melhores estratégias de ensino. É preciso identificar as características do lugar onde os estudantes vivem, da estrutura de atendimento social, do acesso a bens culturais, bem como conhecer as dificuldades e as facilidades locais. Também é preciso considerar as características, as expectativas, os saberes da comunidade escolar e o que os alunos já conhecem sobre o conteúdo que se pretende ensinar, ou sobre as experiências e as vivências que se quer proporcionar. Definidos o que e para quem ensinar, o professor começa a responder à última questão: como ensinar? Nessa etapa, é preciso saber como se dão os processos de aprendizagem e ter acesso a diferentes estratégias, metodologias e práticas de ensino para adaptá-las ao grupo de estudantes. 4. A revisão do currículo para o trabalho com projetos O trabalho com projetos é um dos caminhos possíveis. Contudo, em função de sua complexidade, ao optar por essa forma de trabalho, é preciso rever o que ensinar em cada momento. Deve-se considerar também a abrangência dessa forma de ensino que: Parte de uma situação cognitivamente desafiadora e complexa – para respondê-la é preciso considerar diferentes variáveis, testar hipóteses e tomar decisões. Exige do aluno certa autonomia na condução do percurso de aprendizagem. Possibilita a aprendizagem de uma série de competências e de habilidades necessárias a praticamente todas as áreas e disciplinas. Por isso, é preciso ter muita clareza sobre os momentos, as situações e os conteúdos que se pretende ensinar por meio de projetos. Conheça algumas características curriculares essenciais para o desenvolvimento do trabalho com projetos: Concepção de ensino e aprendizagem Para que seja possível trabalhar com projetos, é necessário considerar os processos de aprendizagem de cada aluno e do conjunto de estudantes da escola. A experimentação de diferentes estratégias de ensino precisa estar garantida para que os estudantes descubram o que facilita e o que dificulta os próprios percursos de aprendizagem. Aspectos cognitivos, valores e atitudes Para além dos aspectos cognitivos, é fundamental garantir a todos a formação de uma visão crítica e contribuir para a promoção de uma cidadania plena. Isso significa que o currículo deve apresentar a toda comunidade escolar e à sociedade os conhecimentos a serem ensinados, sendo que esses devem abranger não só as/os tradicionais áreas/campos do conhecimento, mas também valores e atitudes, de modo a buscar o desenvolvimento integral do aluno. Disciplinas, conhecimentos, modos de pensamento e modos de transmissão De acordo com a faixa etária dos alunos, as diretrizes e as matrizes curriculares devem prever uma paulatina entrada dos estudantes no universo das disciplinas científicas e dos modos de pensamento que as sustentam, buscando, com isso, favorecer o desenvolvimento de altas habilidades e seu uso em diferentes contextos. Se, inicialmente, essas habilidades são aquelas de observação, de apreensão de regularidades, de formulação e de testagemde hipóteses, elas devem evoluir com o progressivo domínio do método experimental, do raciocínio histórico, de diferentes procedimentos de análise linguístico-discursiva, de processos de apreciação artística, de argumentação científica ou filosófica. Esses modos de pensamento favorecem o desenvolvimento do pensamento crítico e criativo, de natureza abstrata. Dentre esses conhecimentos destacam-se aqueles que levam à conquista de uma autonomia acadêmica e que, em geral, não são objeto de discriminação em currículos: fazer fichas para estudar, organizar listas, fazer resumos, saber realizar pesquisas, localizar fontes etc. 5. Quando usar projetos Segundo os pesquisadores do Buck Institute for Education, conteúdos relacionados a processos e procedimentos previamente definidos, como o ensino de algoritmos, por exemplo, não devem ser ensinados por meio de projetos. Essa não seria a metodologia mais eficaz para essas aprendizagens. Por outro lado, o trabalho com projetos fornece situações propícias para utilização de grande parte desses conhecimentos. Há quem diga que é preciso organizar totalmente o currículo por projetos de trabalho e quem acredite que é possível utilizar essa prática educativa em uma ou mais unidades de ensino. Outra forma de organização que tem sido observada em algumas escolas é determinar períodos do ano, ou do horário semanal, para trabalhar com projetos. Nesse caso, os conteúdos devem dialogar com o que está previsto no currículo das disciplinas. No trabalho com projetos, as aprendizagens previstas devem estar a serviço de auxiliar a resolução de problemas. Uma vez definidos o que, para quem e como ensinar, é hora de iniciar os trabalhos junto aos alunos. Nesse momento, os professores ensinam, medeiam conhecimentos e promovem experiências - procurando garantir que todas as atividades favoreçam as aprendizagens. Quando se trabalha com projetos, parte das atividades é definida em parceria com o grupo de alunos. 6. Avaliar o trabalho com projetos # atividades em grupo # portfólios # atividades individuais #rodas de conversa # provas escritas # observações sobre o desenvolvimento dos alunos Todos esses são caminhos possíveis para avaliar as aprendizagens dos estudantes e variam de acordo com a faixa etária dos alunos e com o currículo escolar. →Os resultados alcançados pelos alunos devem ser observados continuamente. →É preciso considerar o percurso trilhado por cada um, observando como conseguiram avançar em suas aprendizagens. AUTOAVALIAÇÃO No caso do trabalho com projetos, a autoavaliação deve fazer parte do processo de análise dos resultados alcançados. Um dos objetivos desse modo de trabalhar é estimular os alunos a perceber quais os caminhos mais eficazes para promover a aprendizagem de cada um, ampliando a autonomia na busca por conhecimento. 7. Registro do trabalho Cabe ao professor construir conhecimentos sobre didática, o que pode ser feito a partir do registro, de trocas com os colegas e da ampliação de referenciais teóricos. Com essas ações, será possível refletir sobre a prática, sistematizar conhecimentos – identificando acertos e buscando novos caminhos para rever o que não deu certo. O convite que o Prêmio Respostas para o Amanhã faz aos professores de escolas públicas de todo o Brasil é exatamente este: registre e aprimore sua prática! 8. Retomando Vale relembrar os pontos mais importantes que foram abordados neste módulo: Identificar características do lugar onde os estudantes vivem Partir de uma situação cognitivamente desafiadora e complexa Saber o que facilita e o que dificulta o próprio percurso de aprendizagem Fazer autoavaliação Considerar a aprendizagem de uma série de competências e de habilidades Desenvolver autonomia acadêmica → Quando seria adequado usar o projeto na sua escola? Analise o currículo de sua escola e identifique temas, assuntos, conteúdos que podem ser trabalhados por meio de projetos. Procure também relacioná- los aos temas propostos pelo Prêmio Respostas para o Amanhã. Módulo 6 Uma sugestão de roteiro 1. Como devemos usar um roteiro para projetos Apresentar um percurso para desenvolver projetos em sala de aula é uma tarefa delicada, pois a concepção de ensino que embasa esse tipo de trabalho se contradiz com a definição de um trajeto obrigatório, definido por etapas previamente estruturadas e organizadas. Entretanto, por se tratar de uma forma de trabalho que deve ser aprendida, testada, experimentada e reinventada por professores, apresentamos uma sugestão de roteiro e estratégias de trabalho. Ao final deste módulo convidamos para explorar o infográfico que traz, de forma esquemática, os pontos principais do trabalho com projetos. Esse infográfico também oferece uma versão em arquivo do tipo PDF, para impressão, com fichas de acompanhamento e avaliação do trabalho, com estratégias para sua prática em sala de aula e com detalhamento sobre cada etapa de elaboração do projeto. ATENÇÃO! Ao apropriar-se do percurso sugerido, lembre-se de que quando uma concepção de ensino e aprendizagem se transforma num método, com etapas a serem seguidas necessariamente, chega-se a uma situação ilusória em que tudo está previsto, bastaria ao professor seguir determinada receita... ...mas isso se choca com a ideia primordial de um projeto de trabalho, em que o professor atua como mediador do conhecimento – portanto, é necessário rever sempre os passos e tomar novas decisões de acordo com os processos de aprendizagem vividos pelos alunos. NÃO BASTA SEGUIR A RECEITA! Roteiro para trabalhar com projetos 2. Professores e estudantes: quem faz o quê? Você verá que há tarefas dos professores e tarefas dos estudantes. Porém, caberá ao professor coordenar todo o processo e atuar como mediador do conhecimento. As tarefas dos estudantes são bastante desafiadoras, principalmente no que se refere ao desenvolvimento de um processo de trabalho colaborativo com os colegas. Algumas tarefas poderão ser compartilhadas entre os professores e os estudantes, na medida em que eles desenvolvem habilidades e processos específicos para esse tipo de trabalho. Assim, tarefas identificadas como “estudante e professor”, num primeiro momento, caberão exclusivamente ao professor. 3. As etapas do processo 4. Roteiro do projeto Na imagem abaixo você terá um roteiro completo para o trabalho com projeto, com o detalhamento de todas as etapas e ações. Quando tiver dúvidas sobre a prática, consulte os outros módulos do curso, que aprofundam os conhecimentos sobre essa metodologia. Roteiro para trabalhar com projetos na escola Este roteiro apresenta as etapas e um conjunto de ações para a realização do trabalho com projetos na sala de aula. São muitas as especificidades do cotidiano escolar, por isso cabe a você, professor(a), adaptar esta proposta à realidade da escola. Além das orientações específicas em cada ação, você encontrará estratégias didáticas e instrumentos de apoio para contribuir com sua prática educativa. Pasta: roteiro do projeto ou arquivo compactado RoteiroDoProjeto roteiro-projetos-na-escola-completo.zip - siga os botões da cor rosa para visualizar as ações dos professores. Fig. 1. Planejamento pedagógico Fig. 2. Planejamento do projeto - siga os botões azuis para visualizar as ações dos estudantes. Fig. 3. Pesquisa Fig. 4. Produto final Fig. 5. Aprovação Fig. 1 – Professores (1): objetivos • Estratégia: formação dos grupos e seleção dos espaços. • Instrumento de apoio: ficha de planejamento pedagógico. • Saiba mais: entenda com mais profundidade esta ação. RoteiroDoProjeto/1-estrategia-formacao-de-grupos.pdf RoteiroDoProjeto/1-instr-fich-planejamento-pedagogico.pdf RoteiroDoProjeto/1-para-saber-mais.pdf
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