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História Contemporânea

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História
Contemporânea
GERARDO ACERVES CONDE
HISTÓRIA CONTEMPORÂNEA
1ª EDIÇÃO
Sobral/2016
GERARDO ACERVES CONDE
| História Contemporânea4
INTA - Instituto Superior de Teologia Aplicada
PRODIPE - Pró-Diretoria de Inovação Pedagógica
Diretor-Presidente das Faculdades INTA 
Dr. Oscar Rodrigues Júnior 
Pró-Diretor de Inovação Pedagógica 
Prof. PHD João José Saraiva da Fonseca 
Coordenadora Pedagógica e de Avaliação 
Profª. Sonia Henrique Pereira da Fonseca 
Professor Conteudista
Gerardo Acerves Conde
Assessoria Pedagógica 
Sonia Henrique Pereira da Fonseca 
Evaneide Dourado Martins 
Juliany Simplício Camelo
Design Instrucional
Sonia Henrique Pereira da Fonseca
Revisora de Português 
Neudiane Moreira Félix
Analista de Qualidade
Anaisa Alves de Moura
Diagramador 
José Edwalcyr Santos 
Diagramador Web 
Luiz Henrique Barbosa Lima
Analista de Tecnologia Educacional
Juliany Simplicio Camelo 
Produção Audiovisual
Francisco Sidney Souza de Almeida (Editor)
Operador de Câmera 
José Antônio Castro Braga
| História Contemporânea6
Sumário
1
2
3
4
Palavra do Professor-Autor ................................................................................... 09
Biografia do autor .................................................................................................. 11
Ambientação ........................................................................................................... 12
Trocando ideias com os autores ........................................................................... 16
Problematizando .................................................................................................... 18
A Historiografia da Revolução Francesa
Revolução Francesa ...........................................................................................................................23
Neocolonialismo e Imperialismo
Conceito ................................................................................................................................................33
As causas do novo Imperialismo .................................................................................................35
Imperialismo no Extremo Oriente e no Pacífico ....................................................................36
A Questão Nacional no século XIX
Nacionalismo e Liberalismo no século XIX ..............................................................................41
O Liberalismo no século XIX ..........................................................................................................41
O Nacionalismo no século XIX......................................................................................................44
A onda revolucionária: 1820 1830 e 1848 ................................................................................45
As unificações da Alemanha e da Itália .....................................................................................48
Nacionalidade e minorias nacionais
Nacionalidade e minorias nacionais ...........................................................................................59
5
6
Mundos entre Guerras
A Primeira Guerra Mundial ...........................................................................................................65
A antessala da I Guerra Mundial ..................................................................................................66
As causas imediatas à Primeira Guerra Mundial ....................................................................68
As alianças no conflito .....................................................................................................................70
As etapas da guerra ..........................................................................................................................71
Consequências da Primeira Guerra Mundial ...........................................................................72
Os tratados de paz ............................................................................................................................73
A Segunda Guerra Mundial............................................................................................................76
As causas da Guerra ..........................................................................................................................76
Antecedentes imediatos à Guerra ...............................................................................................78
Guerras por etapas ............................................................................................................................80
Consequências da Segunda Guerra Mundial ..........................................................................97
Tensões sociais e processo imigratório
A transição demográfica mundial ............................................................................................103
As grandes migrações internacionais .....................................................................................104
 
Leitura Obrigatória ..............................................................................................108
Revisando ..............................................................................................................110
Autoavaliação .......................................................................................................112
Bibliografia ...........................................................................................................114
Bibliografia Web ..................................................................................................119
História Contemporânea | 9
Palavra do Professor-autor
Olá, caros estudantes!
Fazemos parte de uma sociedade voltada para a satisfação imediata dos 
desejos do aqui e do agora, onde se nega o futuro - que ainda não existe-, e se 
ignora o passado porque já ficou para trás. O presente nega a História. Por isso, a 
importância da História, e de seu intérprete, o historiador.
É importante que você, estudante da História, se coloque perante o TEMPO 
e os ACONTECIMENTOS com uma atitude diferente daquela que assumem os que 
não conhecem seu passado. Não somente por revalorizar a sua futura profissão, 
mas, principalmente, por recuperar a memória que nos identifica socialmente, nos 
constrói como membros ativos de nosso grupo humano e nos previne de repetir os 
mesmos erros.
Apesar das discrepâncias em torno da nomenclatura dada a esta etapa da 
História, é de comum acordo entre os historiadores que a História Contemporânea 
é a etapa mais veloz e mais dramática que a humanidade já vivenciou. Nunca houve 
tanta produção científica, técnica, literária e industrial. O desenvolvimento humano 
foi tão grande e tão veloz, que muitos sociólogos e filósofos hoje se questionam 
sobre o rumo que as ciências e a técnica irão tomar, e sobre seus perigos para o 
futuro da humanidade. A sociedade humana cresceu em saúde, esticou seu tempo 
de vida, diminuiu radicalmente o analfabetismo e a mortalidade infantil e aproximou-
se por meio das TIC’s, superando as fronteiras. Porém, ao mesmo tempo, nunca o ser 
humano se colocou tão perto de sua própria extinção. 
Qual foi o caminho para o ser humano olhar para sua própria dignidade, se 
tornar independente das ideologias e os mitos, proclamar e defender sua dignidade? 
Quais foram as causas pelas quais se voltou contra si mesmo? Quais os pensamentos 
que fundamentaram o agir das forças que levaram a humanidade ao extremo de 
sua aniquilação? E sobretudo, como evitar que isso volte a acontecer? Na leitura 
dos acontecimentos passados é possível encontrar respostas a essas perguntas. Por 
isso é necessário olhar para trás no tempo, sem negá-lo. Ele faz parte de nossa 
identidade e, ao mesmo tempo, é lição que adverte sobre as consequências futuras 
do agir recorrente da humanidade. Por isso é verdadeira a sentença que diz que 
desconhecer o passado, é condenar-se a repeti-lo.
| História Contemporânea10Portanto, preparamos este material para orientar o seu estudo, sem limitar-se 
a ele. Ele não esgota de forma nenhuma a tremenda quantidade de informações 
que a historiografia contemporânea nos oferece. No entanto, ele é uma boa síntese 
de alguns de seus mais importantes assuntos, escolhidos para incentivar você a 
construir seu próprio conhecimento. Realize suas atividades, suas leituras e assista 
as vídeoaulas.
O autor!
História Contemporânea | 11
Biografia do autor
Gerardo Acerves Conde, Bacharel em Filosofia pela Universidade 
Pontifí cia. Licenciado em Ciências Eclesiásticas pela Universidade 
de Navarra, Espanha. Bacharel em Teologia. Especialista em 
Psicopedagogia Clínica e Institucional pelas Faculdades INTA. 
Licenciado em Letras Espanholas, pela Universidade Federal do 
Ceará. Mestrando em Gerontologia, pela Universidade Aveiro-
Portugal. Atualmente é professor de Língua Espanhola e Formação 
Humana na Escola Profissionalizante Dom Walfrido T. Vieira e 
professor universitário, lecio nando várias disciplinas na área de 
humanas.
aAMBIENTAÇÃO À DISCIPLINAEste ícone indica que você deverá ler o texto para ter uma visão panorâmica sobre o conteúdo da disciplina.
História Contemporânea | 13
Olá, sejam bem-vindos à disciplina....
Imagine um indivíduo que perdeu totalmente sua memória. Ele vivenciará o 
drama de ter que recomeçar a viver aprendendo tudo, desde as atividades mais 
básicas, como segurar os talheres na hora da refeição ou fazer as necessidades 
fisiológicas, até as mais complexas, como comunicar-se ou ter que conviver 
familiarmente com quem desconhece, ou pior ainda, identificar-se a si mesmo. 
Perder a memória é perder a própria identidade.
Analogamente, um povo que perdeu sua memória histórica perdeu sua 
identidade cultural e está condenado a repetir os mesmos erros e a padecer os 
mesmos dramas. Crescemos sobre aquilo que já sabemos. Sem a história não há 
progresso. Por isso, a melhor maneira de usufruir do conhecimento, da técnica e da 
riqueza que a humanidade já foi capaz de criar nos últimos séculos, é conscientizar-
se do que a humanidade é capaz de fazer, de bom e de ruim, e a partir da análise do 
que a humanidade já experimentou deduzir as consequências às quais as atitudes 
presentes poderão levar à sociedade.
Para isso serve a História da humanidade que é relativamente breve. Omo I 
e Omo II, os esqueletos de Homo Sapiens mais antigos que se conhecem, foram 
encontrados na Etiópia em 1967 e revelam uma data de cento e noventa e cinco 
mil anos. Mas essa breve existência sempre foi uma história de confrontação onde 
os ideais de convivência pacífica, igualdade de oportunidades, recompensa justa 
ao esforço pessoal e bem-estar viram-se constantemente ofuscados no drama dos 
diferentes conflitos em que as sociedades se embrenharam. Eles, no entanto, não 
ceifaram de raízes os mais íntimos anseios da humanidade pela felicidade, os quais 
levaram os povos a procurarem se organizar às vezes de forma acertada, e outras, 
de forma mortalmente equivocada.
Em seu afã, por organizar-se foi necessário justificar a autoridade dos que 
mandavam e fundamentar seu poder. Apelou-se à origem divina da autoridade, 
com mitos e com religiões, e utilizou-se a razão para organizar sistemas de governo, 
de administração, de aplicação da justiça e de defesa dos territórios. Entre acertos 
e equívocos, os pensadores das diferentes culturas influenciaram a edificação das 
sociedades, e com elas, o devir da História.
Um dos pontos de inflexão mais transcendentes para a humanidade aconteceu 
na última década do século XVIII, ao grito de igualdade, liberdade e fraternidade. 
| História Contemporânea14
O slogan que sobreviveria à Revolução converteu-se na sua época no compromisso 
coletivo de burgueses, militares, camponeses empobrecidos e miseráveis famintos 
dos becos parisienses, politizados pelos ideólogos revolucionários, que em seu 
afã por construir um novo sistema levariam suas cidades ao Terror, na tentativa 
de reconstruir a Nação. Nenhum daqueles personagens viram, na época, seu 
sonho realizado, mas, sem sabê-lo, eles construíam já os fundamentos de todas as 
democracias atuais, tanto na Europa, quanto nas Américas, embora tenham tido que 
pagar para isso o preço do sangue derramado nas cabeças decepadas dos senhores 
do Antigo Regime.
Na luta pela felicidade, as sociedades desenvolvidas do século XIX perceberam 
que as fontes de energia que utilizavam (carvão e petróleo), eram escassas. Sua 
superioridade técnica e econômica levou-as a pensar alto, e em nome do pretendido 
direito da supervivência do mais forte, lançaram-se à conquista de territórios onde 
pode ampliar seu espaço vital. Enquanto houve terras para conquistar, as potências 
suportaram-se umas às outras. Quando aquelas terminaram, as potências decidiram 
confrontar-se em duelo mortal. 
Guerras sempre houve. Homo homini lupus (diria Plauto, dois séculos antes de 
Cristo, e o repetiria Hobbes, no XVII, para justificar o absolutismo da monarquia). O 
homem sempre foi um lobo para o homem. Todavia, o século XX foi especialmente 
trágico, tanto pela crueldade das mortes infringidas às pessoas, quanto pela 
capacidade de ampliar cada vez mais sua fatal eficácia e sofisticar sua letífica 
capacidade destrutiva. O resultado dos dois confrontos bélicos internacionais, 
acontecidos entre Agosto de 1914 e Setembro de 1945 foi o quase extermínio das 
sociedades europeias ocidentais. Isso evidenciou a inutilidade dos sistemas éticos 
tradicionais e impôs uma nova ordem mundial, a qual colocou em xeque a segurança 
do mundo com a ameaça real do cataclismo nuclear.
Mas o século XX findou, e entramos no novo século carregando os desafios 
que as duas centúrias anteriores nos deixaram em herança. As relações sociais e 
afetivas, as transações econômicas, a realidade como um todo, se tornaram virtuais, 
mas o medo diante da insegurança, o temor à fome, e os desejos mais íntimos de 
realização, bem-estar e felicidade, ainda continuam sendo uma realidade utópica na 
maioria dos povos democráticos, quanto mais naqueles onde imperam sistemas de 
governo absolutistas.
Este material não pode pretender extenuar tudo o que no período conhecido 
como Contemporaneidade a humanidade já vivenciou. Serve como marco para 
História Contemporânea | 15
apresentar alguns dos mais significativos fatos neste período que começa com a 
Revolução Francesa, passa pela formação dos impérios nacionalistas, os confrontos 
internacionais identificados como Guerras Mundiais e se estende até a universalização 
do comércio e das relações que hoje caracterizam nosso tempo. Ela constitui um 
grande esforço sintético de vários artigos e livros acerca dos assuntos tratados. 
Durante sua formação constatamos a grande divergência que há nos autores acerca 
das cifras oficiais e de opiniões e julgamentos, sobre tudo quando se trata das 
Guerras Mundiais, ainda que elas se fundamentem nos registros das diversas nações 
beligerantes
Para agilizar a leitura, fizemos um esforço por evitar citações diretas e, ao 
mesmo tempo, evitar o uso indevido das referências utilizadas. Desejamos que este 
material inspire você a tomar a iniciativa na procura de novas leituras e possa lhe 
oferecer uma visão de conjunto que possa favorecer seu estudo pessoal.
O autor!
tiTROCANDO IDEIAS COM OS AUTORES A intenção é que seja feita a leitura das obras indicadas pelo(a) professor(a) autor(a), numa tentativa de dialogar com os teóricos sobre o assunto. 
História Contemporânea | 17
Agora é o momento de você trocar ideias com os autores
Propomos que você leia a obra 1808: como uma rainha 
louca, um príncipe medroso e uma corte corrupta enganaram 
Napoleão e mudaram a história de Portugal e do Brasil. O autor 
relata a história da coroa portuguesa no Brasil, especificamente 
pouco antes dos franceses invadirem a península ibérica, até 
pouco antes da independência. Descreve os costumes da classe 
política, dos cidadãos, dos nativos mais conhecidos pelosportugueses e dos escravos. Sua obra é um retrato dos anos da 
coroa portuguesa na Colônia. 
O autor soube conjugar a pesquisa bibliográfica e documental, com a qual 
fundamentou sua narração, e a arte de uma escritura erudita e ágil, às vezes dramática 
e outras, inclusive, engraçada. Isso ajudou a fazer de 1808 um Best seller dentre os 
livros de divulgação do conhecimento da história do País.
GOMES, Laurentino. 1808: como uma rainha louca, um príncipe medroso e 
uma corte corrupta enganaram Napoleão e mudaram a história de Portugal e do 
Brasil. São Paulo: Planeta Brasil, 2007.
Propomos também a leitura da obra 1822: como um 
homem sábio, uma princesa triste e um escocês louco por 
dinheiro ajudaram D. Pedro a criar o Brasil - um país que tinha 
tudo para dar errado. Esta obra é a sequência de 1808. Nesta 
ocasião, o autor narra a história da política no Brasil pouco 
antes do Grito até a morte de Dom Pedro. Fala das diferenças 
socioeconômicas no Brasil de D. João, da situação em Minas 
Gerais e do grito no Ipiranga, a situação política na Bahía, a 
Constituição, a Maçonaria e sua influência no Trono, e outros 
assuntos, que se tornam interessantes pelo esforço do autor por desmascarar os 
mitos que se propagaram na história oficial em torno dos personagens e dos fatos 
que construíram a independência brasileira. No entanto, 1822 ganhou à força da 
atitude crítica contra a autoridade, sua hipocrisia, seus desvios morais e suas alianças 
criminosas pelas quais foi gerado um Brasil ‘que tinha tudo para dar errado’.
GOMES, Laurentino. 1822: como um homem sábio, uma princesa triste e um 
escocês louco por dinheiro ajudaram D. Pedro a criar o Brasil - um país que tinha 
tudo para dar errado. Rio de Janeiro: Nova Fronteira, 2010.
GUIA DE ESTUDO
Após a leitura das obras, escolha uma e faça uma resenha crítica e 
comente com seus colegas. 
PLPROBLEMATIZANDOÉ apresentada uma situação problema onde será feito um texto expondo uma solução para o problema abordado, articulando a teoria e a prática profissional.
História Contemporânea | 19
GUIA DE ESTUDO
Baseado na situação acima reflita:
Qual é o perigo da ignorância sobre a história? Se o estudante tivesse sido 
branco, rico, do sexo masculino, teria tido razão em abraçar a ideologia nazista? 
Até onde chega o direito de expressar nossas ideologias e a partir de que 
momento isso se torna apologia ao crime?
Na procura da própria identidade, os adolescentes tendem a afiliar-se a 
grupos, a imitar ídolos, e abraçar ideologias. Em uma Escola Estadual de Educação 
Profissional do Ceará, um estudante afrodescendente, morador de uma favela e 
homoafetivo, expôs a suástica enfeitando seu armário. Poucos dias depois colocou-
se uma medalha com o emblema nazista e com o tempo declarou-se abertamente 
neonazista. Era lógico que não sabia o que dizia. O professor mandou-lhe pesquisar 
como foram tratados os militares argelinos pelos nazistas, como foram utilizados os 
negros nas pesquisas sobre “raças”, e qual era o fim dos pobres e os homossexuais 
durante a ditadura do III Reich. No dia seguinte, o estudante chamou o professor à 
parte, pediu-lhe perdão e chorou agradecendo-lhe ter lhe aberto os olhos.
ApAPRENDENDO A PENSARO estudante deverá analisar o tema da disciplina em estudo a partir das ideias organizadas pelo professor-autor do material didático.
História Contemporânea | 21
1
A HISTORIOGRAFIA DA 
REVOLUÇÃO FRANCESA
 
CONHECIMENTOS
Conhecer a Historiografia da Revolução Francesa, considerando as grandes linhas 
historiográficas e as diferentes perspectivas desde as quais a Revolução francesa 
tem sido estudada.
HABILIDADES
Identificar as linhas historiográficas de forma a fundamentar o julgamento pessoal 
a respeito desse assunto.
ATITUDES
Desenvolver um senso crítico a respeito da Revolução Francesa.
História Contemporânea | 23
Revolução Francesa
Poucos acontecimentos na história da humanidade foram tão significativos 
quanto a Revolução Francesa. Ela é um desses fatos que por serem tão importantes 
geraram em torno de si, muitas controvérsias acadêmicas e políticas, prolongando-
se no tempo e exigindo das pessoas uma tomada de posição em torno do modelo 
de sociedade pelo qual pretende-se optar. Assim, como atualmente o mundo 
parece continuar a estar dividido entre capitalismo e socialismo, da mesma maneira 
a Revolução Francesa dividiu (e atualmente é dividida) em escritores e políticos 
representantes de extremos opostos. A historiografia acerca da Revolução Francesa 
é produto da postura tomada pelos autores no meio da luta de poder, acontecido no 
contexto histórico social, específico no contemporâneo e subsequente à Revolução.
Em 1789 o sistema produtivo e econômico dominante era o feudalismo. 
Taracena (1994), menciona que nesse ano os camponeses formavam 85% da 
população francesa, os grãos estavam escassos e as necessidades básicas eram cada 
vez mais difíceis, o que fez a indústria nascente recuar.
 No entanto, a aristocracia crescia. Ela possuía 30% da terra produtível, 
mantinha uma pesada taxa de tributos feudais e controlava a distribuição da água, 
a utilização dos moinhos de grão, os fornos e a distribuição de justiça para as 
classes populares. Nessas circunstâncias, o denominado “Antigo Regime”(sistema 
de governo monárquico representado na França pelos reis absolutistas Luis XIV – 
XVI, totalmente concentrada na figura do rei com acúmulo de riquezas) sobrevivia 
de um sistema social hierarquizado onde a base camponesa mantinha uma cúpula 
formada pela nobreza e pelo alto clero, beneficiados pela isenção de impostos e pelo 
revestimento dos títulos honoríficos que lhes garantiam a proteção militar da coroa. 
No centro do sistema encontrava-se o rei, cujo poder tinha sido fundamentado na 
crença da origem divina de sua autoridade. Por isso, quando a violência estourou 
contra o sistema político-econômico, o sistema religioso dominante também foi 
atingido.
A seguir, confrontaremos os autores e sua produção historiográfica com o 
contexto histórico-social. Porém, os limites próprios de nossa metodologia não nos 
permitem abranger o amplo repertório escrito acerca do tema da Revolução. Com 
o estouro da Revolução foi produzida literaturas de diversos gêneros: acusações, 
panfletos, artigos jornalísticos, charges, e discursos dos mais diversos tons e 
posições políticas. Porém, foi no começo do século XIX que, por várias razões, toda 
essa literatura se multiplicou. Entre essas razões, destacou-se o Romantismo que 
| História Contemporânea24
floresceu nessa época, o radicalismo com o qual a Revolução constituiu ruptura e 
a incerteza econômica e social que ela provocou. Mas, o que está por trás de tudo, 
em última instância, é o conceito de ‘nação’ que está a se formar, e com ele, o futuro 
da França.
O esforço fundamental dos revolucionários foi destruir a ordem social, inclusive 
pela via das armas. No entanto, antes de estourar o conflito armado, o grosso 
da população das cidades teve que ser conscientizada politicamente. A nobreza 
chamou a esses revolucionários de ‘sans culottes’, livremente traduzido como os 
“sem calção”, em referência às calças curtas usadas pela nobreza. Os revolucionários, 
por sua vez, utilizaram as calças próprias dos trabalhadores artesãos, compridas e 
mais resistentes. Eles eram a massa da população que apoiaria a facção política 
republicana conhecida como os jacobinos por se abrigarem em um antigo convento 
dominicano dedicado a Saint Jackes (São Jacob), e que promoveram a execução 
de Luis XVI, enfrentando-se a grupos mais moderados como os Feuillants, que se 
conformavam com modernizar a monarquia.
Nesse âmbito compreende-se que os escritos acerca da Revolução Francesa 
tenham sido produzidos dentro de um ambiente de contestação e controvérsia. 
Taracena (2004), cita como referência obrigatória um livro de 1790, Reflexões sobre 
a Revolução Francesa, cujo autor irlandês, Edmund Burke, vê na Revolução “o 
triunfo da demagogia (arte ou poder de conduziro povo) e o despotismo (forma de 
governo onde todo o poder está concentrado em apenas um governante) sobre o 
contrato social”. Para ele, o povo não tinha o direito de modificar sua Constituição, 
e para demonstrá-lo, compara a Revolução Francesa com a inglesa, “sabiamente 
empírica e capaz de consolidar a herança dos costumes nacionais”. No entanto, 
a francesa aplicou a noção ‘tabula rasa’ para justificar o delírio selvagem de seus 
personagens no seu esforço por apagar os vestígios da sociedade do antigo regime.
Outro exemplo dessa corrente literária denominada conspiração é Memórias 
para servir à história do jacobismo, de Barruel, um sacerdote jesuíta que em 1799 
pretendeu demonstrar que os jacobinos eram uma “seita devoradora que se 
levantava contra a ordem estabelecida”, e convidava os países europeus a refletir 
sobre a experiência sofrida na França.
No entanto, outra corrente historiográfica contemporânea à Revolução é a 
teoria da força das coisas, cujos representantes são Mallet Du Pan, Condorcet 
e Rabaut Sain-Etienne, os dois últimos decapitados na guilhotina, vítimas dessa 
mesma “força das coisas” (TARACENA, 2004). Segundo o seu pensamento, a história 
estava determinada a seguir seu caminho e a Revolução teria que sucumbir à ordem 
História Contemporânea | 25
estabelecida. Frente a essa doutrina determinista, os escritos da burguesia posterior 
ao mês de Termidor se esforçaram por fazer um inventário da herança revolucionária, 
porém, descriminando suas fases violentas, sobretudo a de 1793, conhecida como 
a época do Terror. 
A historiografia posterior a 1815 (ano da Restauração) encaixa-se numa 
classificação conhecida como Mitológica, e estende-se até as revoluções de 1830 e 
1848. A tendência desta época, tanto para os liberais quanto para os românticos, é 
demonstrar historicamente a necessidade da luta violenta na Revolução. O principal 
representante dos liberais é o advogado Louis Adolphe Thiers, que escreveu 
História da Revolução (1823-1827). O advogado reuniu uma grande quantidade 
de documentação para justificar que os autores da Convenção tinham sido 
exclusivamente os burgueses, que a violência desatou-se por culpada resistência 
dos aristocratas à mudança e que as massas populares (das cidades e dos campos) 
não tinham lugar na cena histórica nem na soberania popular.
Auguste Mignet, autor ligado à corrente historiográfica Mitológica, ele destaca 
a necessidade das duas revoluções, a de 1789, como boa e necessária e a de 1793 
como “nefasta, porém inevitável”, e reforça a “teoria das circunstâncias de ordem 
interno e externo” (TARACENA, 1994).
Em 1843 foram publicadas, em caráter póstumo, as anotações feitas na prisão 
por um orador famoso, morto na guilhotina, Antoine Pierre Barnave. Ele analisou pela 
primeira vez a existência da luta de classes dentro da Revolução de 1789. Barnave 
diz que as classes sociais dominantes na economia mantinham também o poder 
político e resistiam a serem removidos do poder, terminando por serem anulados 
ou derrubados por meio de ações políticas, expressadas “algumas vezes por uma 
progressão doce e insensível, outras vezes por comoções violentas” (FONTANA, 
Apud TARACENA, 1994, p. 4).
Na década de 1840 teve início a celebração popular da Revolução, a qual 
coincidiu com o apogeu do romantismo literário. Daí que, em 1847 surgiram as 
três obras mais famosas da historiografia da Revolução Francesa: A História da 
Revolução Francesa (de Louis Blanc) A História da Revolução Francesa (de Jules 
Michelet) e a História dos Girondinos (de Alphonse de Lamartine), que tiveram 
a originalidade de recuperar a tradição oral, entrevistando os descendentes dos 
revolucionários. Ao fazê-lo, recuperaram o papel do povo e, por sua perspectiva 
romântica, justificaram a violência popular pela pureza dos motivos republicanos, 
em detrimento das causas históricas, que serão retomadas na corrente literária 
seguinte, a corrente positivista.
| História Contemporânea26
A derrota da revolução de 1848 e a posterior instauração do Segundo 
Império vão animar, na historiografia da Revolução francesa, a refutação 
das tradições e dos mitos herdados até esse momento. A erudição irá 
substituir a encrespação ideológica. A obra de Alexis de Tocqueville, O 
Antigo regime e a Revolução (1815), marcada pela polêmica europeia entre 
a ‘liberdade democrática’ e a ‘tirania dos Césares’, entre a prática cívica 
descentralizadora e o centralismo monárquico, será a que inaugure o novo 
período. Tocqueville renova a historiografia revolucionária investigando 
suas origens, distantes e próximos, sendo o primeiro em dar consistência 
ao conceito de ‘Antigo Regime’ e ao de ‘pré-revolução’, individualizando o 
período de conjuntura histórica de 1787 a 1789 e dando importância, pela 
primeira vez, ao fato de que a revolução administrativa tinha precedido 
à revolução política. Além do mais, insiste na importância dos ativismos 
institucionais e sociológicos. (TARACENA, 1994, pg. 6).
Saiba mais: 
Alexis de Tocqueville (1805-1859) foi um pensador político e 
estadista francês. Foi considerado um dos grandes teóricos sobre a 
democracia americana. Especulou sobre a natureza essencial da própria 
democracia, suas vantagens e perigos.
Depois de Tocqueville, seu aluno, Ernest Renan, já no auge do positivismo, diz 
que “pelo momento não se trata de continuar a Revolução, senão de criticá-la e de 
corrigir os seus erros”, e inicia um debate acerca da historiografia da Revolução, no 
qual sobressai Danton, radicalizando sua postura contra Robespierre e evidenciando 
a oposição entre jacobinos e girondinos. Danton sentenciou que a descristianização 
era necessária para fazer surgir o Estado Cívico, além de ser necessário concentrar 
o poder político diante dos perigos revolucionários. Em outras palavras, Danton 
justifica as propostas positivistas da desamortização e o centralismo, a ordem e o 
progresso.
GUIA DE ESTUDO
Sugerimos que pesquise sobre Ernest Renan, Georges 
Jacques Danton e Robespierre.
História Contemporânea | 27
A seguinte corrente historiográfica foi a denominada Científica. Esta iniciou 
às portas do primeiro centenário da Revolução, com a obra As Origens da França, 
de Henri Taine (1894). Este livro foi uma das mais sérias tentativas de construir 
uma história esclarecedora da luta de classes subjacente à Revolução, luta antes 
encoberta sob os conceitos de “Terceiro Estado” e “povo”.
Já no século XX, Jean Jaurès escreveu A História Socialista da Revolução 
(1901-1904), e criou a Comissão de Investigação e Publicação dos textos e 
documentos relativos à História econômica e social da Revolução Francesa. A 
esta comissão deve-se, entre outras coisas, a explicação da Revolução como um 
fenômeno burguês apoiado pelas massas populares, da cidade e dos campos. Este 
modelo, de influência marxista, explica a Revolução como uma forma de mudança 
das estruturas sociais e das forças de produção acontecida na metade do século 
XVIII, e dá importância causal à crise da produção de grãos, ao peso da carga fiscal, 
ao crescimento demográfico e ao surgimento de novos setores sociais.
Na metade do século XX, Fernand Braudel publicou na revista Annales o 
famoso artigo “Longa duração” onde diminui a importância das conjunturas sociais 
francesas, e explica a Revolução como um fenômeno resultante da longa duração 
da história francesa, produto da história da civilização material e das mentalidades 
sociais e políticas conviventes ao longo do tempo. Esse artigo influenciou tanto os 
historiadores, que durante a seguinte década a historiografia dedicou-se a trabalhar 
a longa duração.
Os historiadores ingleses dos anos 60 inauguraram uma historiografia crítica 
(atualmente denominada revisionismo) que chegou a duvidar da existência de uma 
verdadeira burguesia francesa pré-revolucionária, o que implicava uma posição 
totalmente oposta à interpretação jacobinista do século anterior. Segundo os 
jacobinistas a nobreza possuía uma parte importantedo capital da indústria francesa, 
o que permitiria que os nobres progressistas e a burguesia mais acomodada 
entrassem em consenso. Isso poderia ter evitado a radicalização do conflito. Nessa 
hipótese, os críticos ingleses se questionam sobre as causas dessa radicalização, a 
qual de fato aconteceu. Os principais autores da linha crítica ou revisionista são 
Alfred Cobban, autor de O mito da Revolução francesa (1955) e G. Taylor que 
escreveu O capitalismo doente e as origens da Revolução.
Os autores que seguiram essa linha de pesquisa concluíram com bases sólidas, 
através de documentos que o compromisso entre burguesia e nobreza foi, de fato, 
possível, mas que não aconteceu. François Furet e Daniel Richet explicam esse fato 
| História Contemporânea28
pela entrada em cena das massas populares, do campo e da cidade, seduzidas pelo 
jacobismo, que prometiam mudanças sociais e econômicas. Isso destruiu as teorias 
que defendiam a ascensão da revolução burguesa e as que defendiam a teoria das 
circunstâncias. Segundo esta teoria, a radicalização do processo revolucionário teria 
acontecido pelo movimento contrarrevolucionário dos conservadores, a nobreza e 
os agricultores, que se coligaram com os reinos vizinhos à França para defender 
a monarquia. Segundo essa teoria, as massas populares teriam extravasado 
provocando a desordem violenta que levaram à ditadura.
Os jacobinos responderam, liderados por Seboul, que investigou sobre a história 
agrária e urbana da França do século XVIII, especializando-se nos movimentos sociais 
da Capital. Régine Robin, também do movimento jacobino, estudou o estágio de 
transição da burguesia da época imediatamente prévia à Revolução, que dava maior 
importância à renda do que à ganância capitalista. E Serge Bianchi buscou “restituir 
à Revolução cultural de 1791 sua verdadeira dimensão histórica, ocultada por uma 
historiografia que lhe era hostil” (TARACENA, 1994, p. 8).
A última corrente historiográfica, denominada contrarrevolucionária surgiu 
com os estudos feitos para a celebração do bicentenário da Revolução. Estes 
estudos concentram-se no movimento opositor o qual concentrou em suas fileiras 
aos aristocratas, aos católicos e aos camponeses, turma que provocou o chamado 
‘genocídio franco-francês’ onde se calculam mais de cento e vinte mil mortes. Por 
outro lado, a corrente contrarrevolucionária nega que a Revolução tenha assentado 
as bases do liberalismo do século XIX.
Esta última corrente historiográfica deixa de considerar a Revolução Francesa 
como a mãe do Estado Civil moderno, onde se reconhecem os valores humanos, 
dá-se a liberdade religiosa, proíbe-se a escravidão, promovem-se as liberdades e 
os direitos humanos. Em contrapartida, vê na Revolução um movimento selvagem 
que banhou de sangue a Nação, e que foi provocado pela desunião entre os povos 
participantes na contenda (guerra, violência, lutas, combate).
Nessa linha de pensamento encontram-se autores como Vovelle e Eric 
Hobsbawm, que na obra Nações e Nacionalismos depois de 1780 ensina que os 
teóricos revolucionários franceses procuraram alicerçar seu sentimento nacional no 
critério de ‘cidadania’, e que logo passaram a insistir nos elementos culturais da 
uniformidade linguística, possibilitando criar uma nação de acordo à eleição de seus 
políticos, rompendo radicalmente com a lealdade ao sistema anterior.
História Contemporânea | 31
2
NEOCOLONIALISMO E 
IMPERIALISMO
CONHECIMENTOS
Compreender a relação entre o Colonialismo e o Imperialismo dos séculos XIX e 
XX e superar os preconceitos que o fundamentaram.
HABILIDADES
Identificar os elementos antropológicos, políticos, ideológicos e militares que 
sustentaram o Colonialismo e o Imperialismo.
ATITUDES
Desenvolver um senso crítico a respeito dos preconceitos que fundamentaram o 
Colonialismo e o Imperialismo.
História Contemporânea | 33
Conceito
Para estudarmos sobre o Colonialismo teremos primeiro que conceituá-lo. Em 
torno do conceito colonialismo existem hoje muitas polêmicas, mas há um consenso 
em que ele leva consigo a prática de dominação de uma nação poderosa sobre 
uma nação frágil, por diferentes motivações, porém quase sempre econômicas e 
geograficamente estratégicas. O colonialismo no fim do século XIX e começo do 
século XX foram motivados por essas razões, e teve como consequência a exploração 
de milhares de habitantes do chamado Terceiro Mundo e a deflagração dos maiores 
conflitos bélicos, que a humanidade já conheceu.
Veremos durante o estudo a forma como o colonialismo dos anos 1875-1914 
adquiriu as características anacrônicas que o identificaram, e nas quais os governantes 
se autoproclamavam imperadores: Alemanha, Áustria, Rússia e Turquia proclamaram-
se Império. A Grã Bretanha também, com relação à Índia. França já vinha fazendo 
desde a era napoleônica. Além das fronteiras europeias, os governantes da China, 
o Japão, Etiópia e Marrocos fizeram o mesmo, embora, antes de 1918 já tivessem 
desaparecido cinco desses impérios.
O imperialismo era um conceito aplicado especialmente à França no século 
XIX, sobretudo para se falar da era de Napoleão III. Porém, em 1869 começou a 
utilizar-se a expressão “imperialismo no bom sentido” para justificar a presença dos 
países europeus nas relações com países dentro e fora da Europa, como a presença 
europeia no Canadá ou o governo inglês na Irlanda. Porém, além do subterfúgio 
citado, essa época se caracterizou pelo esforço continuado das potências europeias 
por conquistar novos territórios, principalmente na África e na Oceania, dos quais 
extraia as riquezas naturais, o minério e as fontes de energia como o carvão e o 
petróleo. 
Mas, não somente as grandes potências europeias empenharam-se no 
colonialismo imperialista, como também potências nascentes, e até então pouco 
influentes, como Estados Unidos e Japão, que entraram com força na carreira 
imperialista da época, atrás dos recursos naturais dos países conquistados e na 
procura de novos compradores. Diz Hobsbawm: 
Para alguns Estados europeus, como Inglaterra e França, já fazia tempo 
que realizavam uma política de expansão colonial. Para 1885 este processo 
de expansão da civilização europeia por todo o globo sofre uma violenta 
| História Contemporânea34
aceleração; em poucos anos converteu-se numa autêntica carreira das 
potências europeias em pós dos territórios de ultramar ainda ‘livres’, à 
qual, a partir de 1894, somaram-se também Japão e os Estados Unidos 
(HOBSBAWM, 1998, p. 88).
Até o momento, as potências europeias tinham deixado a iniciativa colonial 
para às empresas que comercializavam seus produtos, tentando reduzir o risco da 
intervenção militar, mas os nacionalismos estimularam a intervenção. Adquirir novos 
territórios tornou-se um imperativo para os países fortes, financiaram conquistas 
e penetraram na economia dos países subdesenvolvidos. O colonialismo levou ao 
imperialismo, “e entre 1876 e 1915 uma quarta parte do planeta foi distribuído e 
redistribuído em forma de colônias entre meia dúzia de Estados” (HOBSBAWM, 
1998).
Sobre a novidade do imperialismo, Briggs comenta:
Embora os imperadores e os impérios fossem instituições antigas, o 
imperialismo era um fenômeno totalmente novo. Era uma voz nova 
idealizada para descrever um fenômeno novo. A análise do imperialismo, 
fortemente crítico, realizado por Lênin converter-se-ia num elemento 
central do marxismo revolucionário dos movimentos comunistas a partir 
de 1917 e também nos movimentos revolucionários do terceiro mundo. 
Efetivamente, para Lênin, o imperialismo era a etapa final e cume do 
capitalismo. Para ele, a expansão do modo de produção capitalista leva 
inexoravelmente a seu estágio supremo e último, (sua fase superior), o 
imperialismo, em cujo interior se produz a exacerbação das contradições 
do sistema que darão como fruto o triunfo das classes menos favorecidas. 
A concentração monopolista dos capitais financeiros, os quais devem ser 
colocados nos territóriosdominados pelas principais potências, supõe o 
incremento das lutas internacionais pela obtenção dos distintos mercados, 
dando assim como resultado a definitiva aparição das condições necessárias 
para a transformação da sociedade segundo o modelo revolucionário 
socialista (BRIGGS, 1989, p.148).
História Contemporânea | 35
As causas do novo imperialismo
O principal argumento para justificar o imperialismo era a procura de 
novos mercados. Para Hobsbawm (1988), a criação da economia global penetrou 
progressivamente nos cantos mais distantes do mundo, “com um tecido cada vez 
mais denso de transações econômicas, comunicações e movimento de produtos, 
dinheiro e seres humanos que vinculava os países desenvolvidos entre si e com o 
mundo subdesenvolvido”. Se não tivesse sido por essas motivações econômicas e 
a necessidade de possuir lugares estratégicos para defendê-las, não teria havido 
interesse pelas ilhas rochosas do Pacífico ou pelas selvas impenetráveis do Congo.
As vias de transporte e comunicação possibilitaram que lugares antes marginais 
se tornassem mercados desejados pelas potências. O principal país investidor e 
também imperialista foi à Inglaterra. Ela investiu principalmente na região alta do 
rio Nilo e na Índia, enquanto que os impérios tradicionais de Espanha e Holanda 
permaneceram ainda durante um tempo na América do Sul. Portugal e Itália cresceram, 
embora em 1896 fracassasse a tentativa italiana de se apoderar de Abissínia (nome 
dado a uma região da atual Etiópia). Também Bélgica, que hipoteticamente não era 
um império, gerenciava o Congo (por isso chamado Congo Belga). E “até os Estados 
Unidos, com um absoluto histórico de anticolonialismo adquiriu colônias na década 
de 1890” e tirou da Espanha suas últimas colônias (BRIGGS & CALVÍN, 1997).
Territórios com minas foram os mais procurados no novo imperialismo, pois 
os benefícios eram tão importantes que justificavam o investimento na construção 
de vias ferroviárias, estradas e portos. Em segundo lugar eram almejadas as terras 
cultiváveis, e em terceiro lugar, quando já satisfeitas as duas primeiras prioridades, 
objetivavam-se os centros comerciais e financeiros. Para Hobsbawm, “a pretensão de 
explicar o novo imperialismo desde uma ótica não econômica é tão pouco realista 
quanto o intento de explicar a aparição dos partidos operários, sem ter em conta 
para nada os fatores econômicos” (HOBSBAWM, 1998, p. 80).
A rivalidade entre as nações imperialistas era inevitável. O nacionalismo gerava 
cada vez mais necessidade de conquistar territórios, e quando não houve mais terra 
independente a conquistar, a solução foi conquistar as colônias dos outros. Na 
prática, essa seria a principal causa, se não a única, das guerras mundiais, ou seja, 
o imperialismo esteve estreitamente unido ao capitalismo. “Todos os intentos de 
separar a explicação do imperialismo dos acontecimentos específicos do capitalismo 
na última fase do século XIX devem ser considerados como meros exercícios 
ideológicos, embora muitas vezes ocultos e em ocasiões agudas” (HOBSBAWM, 
1998, p. 82).
| História Contemporânea36
Outros autores afirmam que o imperialismo estimulou às massas, em especial 
os elementos potencialmente descontentes, a identificar-se com o Estado e a Nação 
imperial, dando assim de forma inconsciente, justificação e legitimidade ao sistema 
social e político representado por esse Estado. “O imperialismo ajudava a criar um 
bom cimento ideológico. Em alguns países alcançou uma grande popularidade nas 
classes médias cuja identidade social descansava na pretensão de serem os veículos 
elegidos do patriotismo” (BRIONES & MEDEL, 2010, p. 6).
Por outro lado, o imperialismo foi estimulado pelas ideias racistas amplamente 
difundidas na época, como salienta Hobsbawm: “Não pode negar-se que a ideia de 
superioridade e de domínio sobre um mundo povoado por gentes de pele escura 
em lugares remotos tinha arraigo popular e que, por tanto, beneficiou a política 
imperialista” (HOBSBAWM, 1998, p. 80).
Imperialismo no Extremo Oriente e no Pacífico
O imperialismo também se desenvolveu em outras partes do mundo, assim 
como no Japão, que na época vivia sua Revolução Industrial, precisava das minas 
da China, para o desenvolvimento de sua indústria, e das suas estepes (um tipo de 
vegetação própria de grandes planícies) para alimentar sua crescente população. A 
indústria bélica e a comercial encontraram-nas com o apoio do Estado, ou seja, do 
Imperador. Entre os anos 1894 - 1895, a guerra entre as duas nações deu a conhecer 
ao mundo a fortaleza do pequeno Japão e a debilidade da grande China.
No final do século, os bóxers revelaram-se. Segundo Mommsen (1971), 
o movimento dos bóxers foi esmagado relativamente cedo por um exército 
internacional, e, no entanto, ele produziu consideráveis complicações a nível mundial. 
A Rússia aproveitou-se da situação para reforçar sua posição na Manchúria e, caso 
alguma potência quisesse tirar vantagem do conflito, Inglaterra e Alemanha estavam 
dispostas a tomar iniciativas comuns para garantir seus interesses (MOMMSEN, 
1971, apud BRIONES & MEDEL, p. 7).
Saiba mais: 
Bóxers: Foi uma sociedade secreta politizada, formada por praticantes de ar-
tes marciais que, cansada da ingerência das potências estrangeiras semeou 
o terror no norte da China, agindo principalmente contra os missionários 
cristãos (em 1899) e depois em Pekin, contra as delegações internacionais. 
Eram subsidiados pela imperatriz CiXi, da dinastia Manchú.
História Contemporânea | 37
Briggs & Calvin (1997), ressaltam o lado antropológico do colonialismo 
- imperialismo na África, na Oceania, na Ásia e no Pacífico. Entre todos os que 
participaram do processo de expansão, havia exploradores, botânicos, antropólogos, 
missionários cristãos com suas diferentes versões do evangelho e com outras 
coisas, como a educação, emigrantes, aventureiros, homens de negócios em busca 
de novos mercados e matérias primas, atravessadores, construtores, e soldados, 
muitos soldados “porque os anais do imperialismo estão manchados do sangue 
derramado no que veio ser chamado, muitas vezes de forma enganosa, ‘pequenas 
guerras’”. Os autores concluem: “Toda essa gama de personagens levaria exploração, 
a submissão e abuso de poder em nome da civilização cristão-ocidental ao terceiro 
mundo africano e asiático, mudando radicalmente a vida de milhões de habitantes 
subjugados pelo progresso” (BRIGGS & CALVIN, 1997).
História Contemporânea | 39
3
A QUESTÃO NACIONAL 
NO SÉCULO XIX
CONHECIMENTOS
Compreender a relação entre o Nacionalismo e o Liberalismo dos séculos XIX e XX. 
HABILIDADES 
Identificar os elementos antropológicos, políticos, ideológicos e militares que o 
sustentaram o Nacionalismo e o Liberalismo, assim como suas consequências na 
queda das monarquias tradicionais e na formação da Europa Contemporânea.
ATITUDES
Desenvolver um senso crítico sobre o Nacionalismo e o Liberalismo e sobre a 
unificação da Alemanha e Itália.
História Contemporânea | 41
Nacionalismo e Liberalismo no século XIX
A História está permeada de ideologias, conjunto de pensamentos ou de 
doutrinas que influenciam a vida social e as orientações políticas. O nacionalismo e o 
liberalismo são duas ideologias conviventes que influenciaram as grandes mudanças 
sociais, econômicas, culturais e políticas que caracterizaram o século XIX, desde 
a queda do parlamentarismo norte-americano, até o triunfo da industrialização 
capitalista e o nascimento dos novos Estados.
A primeira metade do século XIX será identificada como a época da onda 
revolucionária de 1820, nome dado à série de revoluções (1820, 1830 e 1848) que 
enfrentaram monarquistas e liberais, e que concluíram na restauração da monarquia, 
porém orientada por princípios constitucionais de caráter liberal. A burguesia fará 
triunfar o liberalismo nestas revoluções e ficará dominando a sociedade e a produção 
cultural, até perder a sua índole revolucionária e ser contestada por outras duasideologias, o marxismo e os monarquistas.
O liberalismo reagiu contra o absolutismo no momento em que a burguesia 
estava a se consolidar e não pretendia perder sua influência política. O nacionalismo 
fortaleceu-se depois da Revolução Francesa e do Império Napoleônico, que fizeram 
acordar a consciência nacionalista nos Estados europeus e da necessidade do 
equilíbrio de poder para evitar o desastre da guerra. Diante da necessidade de 
reorganizar as fronteiras europeias, Napoleão I é derrotado, as Nações reuniram-se 
na capital Austríaca entre outubro de 1814 e junho de 1815 e buscaram retornar 
à organização europeia anterior à Revolução. Mas nem os liberalistas, nem os 
nacionalistas ficaram contentes com as decisões do congresso de Viena, e a partir de 
1820 enfrentaram-se violentamente contra os princípios da Restauração e, enquanto 
ideologias tornaram-se mais complexas.
O Liberalismo no século XIX
O liberalismo é simplesmente a ideologia que defende a liberdade individual 
em todos os sentidos. De forma mais estrita, o liberalismo é um conjunto de ideias 
políticas, intelectuais, religiosas e econômicas que refletiram os ideais burgueses do 
século XIX, opondo-se ao despotismo ilustrado e ao absolutismo. Porém, conforme 
o tempo avançou, aquela famosa definição de Benjamin Constant, deixou de ser 
suficiente para compreender as características específicas, que cada uma daquelas 
dimensões propostas por ele foi adquirindo de forma independente.
| História Contemporânea42
O Liberalismo Econômico nasceu com a Revolução Industrial. Seu sustento 
filosófico é que a motivação para o agir do ser humano é o interesse individual, por 
isso apoia radicalmente a iniciativa privada e ensina que o Estado deve interferir na 
economia o menos possível, pois ela rege-se pelas suas próprias leis: a livre iniciativa 
individual, a livre competência e o livre funcionamento das leis do mercado.
O antecedente imediato do liberalismo econômico encontra-se no liberalismo 
agrário (ou fisiocrata) que já defendia a não intervenção do estado, a livre iniciativa 
e a existência das ‘leis naturais’ do mercado dos produtos agrícolas (a principal fonte 
de riqueza). Elas, segundo os teóricos do liberalismo agrário, permitiam a circulação 
dos produtos pelos quais se reparte a riqueza à sociedade toda. 
O principal representante desta doutrina econômica foi o francês Quesnay, 
embora o liberalismo econômico tenha encontrado seu máximo desenvolvimento 
na Inglaterra, guiado pela escola clássica do liberalismo, formada por Adam Smith, 
David Ricardo, Tomas Robert Malthus e J. Stuart Mill. Seus ensinamentos levaram às 
transformações econômicas e políticas que colocaram a Ilha no topo do mundo no 
começo do século XX. O liberalismo político rege-se pelos princípios a seguir:
•	 A Liberdade Individual de expressão, de imprensa e religiosa, pelas quais 
se rejeita a censura e se defende a laicidade do Estado e do ensino, assim 
como a desamortização dos bens eclesiásticos.
•	 A Constitucionalidade: A Carta Magna de cada país deve conceder e 
proteger todas essas liberdades nos seus cidadãos, limitando o poder do 
monarca.
•	 A Soberania Nacional pela qual se constrói a autonomia do país e se 
reconhece os direitos da legítima defesa nacional, o serviço militar, etc.
•	 A Divisão de Poderes: Seguindo a Montesquieu, se defende a divisão e 
independência dos poderes legislativo, executivo e judiciário.
O liberalismo político uniu os interesses da burguesia, dos camponeses, dos 
operários e dos intelectuais em torno da luta comum contra o absolutismo da 
Restauração. No entanto, as revoluções de 1830 revelaram as contradições dessa 
ideologia com os interesses da grande maioria da população e evidenciaram que no 
sistema proposto por essa ideologia unicamente um grupo social sai favorecido: a 
burguesia.
História Contemporânea | 43
A partir de 1830, o liberalismo se dividiu em moderado (também conhecido 
como doutrinário) e progressista (também conhecido como democrático). Estas 
são suas características:
Liberalismo moderado ou doutrinário: 
•	 Sufrágio censitário, ou seja, restrito aos cidadãos que cumprissem 
os requisitos para adquirirem o direito de votar (ser homem, com um 
determinado nível econômico e de formação, tipo de profissão, e outros).
•	 Soberania nacional.
•	 Monarquia Constitucional (com superioridade do rei sobre o Parlamento). 
O liberalismo moderado ascendeu ao poder político na França com a Revolução 
de 1830, e seu teórico mais importante foi Tocqueville. Este liberalismo francês 
caracterizou-se por centrar-se nos problemas políticos e fazer apelos aos ideais da 
Revolução Francesa, que ainda não se consolidavam. Na Inglaterra o liberalismo 
moderado caracterizou-se por preocupar-se mais pelos assuntos econômicos, pois 
já tinha vivido sua Revolução Política em 1688 e agora estava em plena Revolução 
Industrial.
Liberalismo democrático ou progressista: 
•	 Sufrágio Universal (ainda que na época fosse um direito exclusivamente 
masculino).
•	 Soberania popular. 
•	 Monarquia Constitucional (com superioridade do Parlamento sobre o 
rei), ou República.
Os liberais da segunda metade do século XIX tiveram que enfrentar o dilema 
de permanecerem liberais e defender os direitos democráticos, ou apoiar o 
imperialismo, pois a realização das reivindicações liberais tocantes à ordem política, 
como o sufrágio, a liberdade de associação, e outros, enfrentaram-se às formas de 
exercício do poder que caracterizaram os nacionalismos imperialistas.
| História Contemporânea44
O nacionalismo no século XIX
O patriotismo nacionalista nasceu talvez na Idade Média, entre os grupos de 
camponeses que, revoltados contra o feudalismo, encontraram nas suas origens uma 
fonte comum de identidade e de coerção social. Já no século XVIII, o nacionalismo 
foi, durante a Revolução Francesa, o sentimento que permitiu considerar a Pátria 
como uma entidade soberana, em oposição ao monarca. Durante o século XIX, o 
nacionalismo se desenvolveu inspirado em uma dos principais ideais da Revolução 
Francesa, o qual diz que todos os povos tem o direito de determinar-se a si mesmos. 
Ironicamente, as tropas de Napoleão disseminaram as ideias nacionalistas ao tempo 
que, por serem invasoras, acordaram os sentimentos nacionalistas nos povos 
subjugados, fazendo-os reagir contra o Império Napoleônico.
Por outro lado, o Congresso de Viena (1814-1815) tinha traçado arbitrariamente 
fronteiras que deixaram descontentes várias nações e tinha imposto às nações 
vencidas governantes absolutos. Tudo isso foi fermento para que os sentimentos 
nacionalistas cobrassem força.
As correntes artísticas também fortaleceram os sentimentos nacionalistas. Em 
concreto, o Romantismo, entre cujas características destacam sua oposição às formas 
estereotipadas do neoclassicismo, o racionalismo e a ilustração. Em contrapartida, 
defende a expressão dos sentimentos do artista na sua obra, a liberdade de criação 
e a ruptura dos moldes clássicos. Antropologicamente caracteriza-se também 
por expressar a consciência do Eu, dar a primazia ao espírito criador, valorizar a 
expressão dos sentimentos perante a frialdade da razão, promover a originalidade 
e promover os valores e ideais da terra, perdidos durante o absolutismo, como o 
folclore nacional e os costumes antigos, fonte da identidade nacional. 
Paris e Inglaterra foram os principais centros europeus onde se desenvolveu 
o nacionalismo, embora tenha sido Alemanha o berço dos seus principais teóricos, 
Herder e Fitche. Herder foi o criador da ideia de Nação como grupo histórico 
(Volkstum), oposta à ideia de Estado, que é uma criação artificial. Fitche propôs 
nos Discursos à Nação Alemã a resistência contra Napoleão. Motivadas por essa 
literatura, formaram-se associações nacionalistas secretas, como a Jovem Alemanha 
e a Jovem Itália. Se considerarmos que o Romantismo teve, além do mais, sua origem 
na Alemanha, é fácil concluir que os sentimentos nacionalistas na Alemanha enos 
países vizinhos cresceram facilmente.
Embora os movimentos nacionalistas se tornassem virulentos na primeira 
metade do século XIX, tiveram que esperar a unificação italiana (1861) e alemã 
História Contemporânea | 45
(1871) para começarem a ter êxito, e embora tivessem surgido do liberalismo, os 
nacionalistas permaneceram liberais somente até depois da revolução de 1848. 
Iniciada a segunda metade desse século, os nacionalistas se tornaram conservadores 
e fundamentaram a expansão imperialista.
Para a metade do século XIX, portanto, antes dos movimentos revolucionários, 
o mapa europeu encontrava-se assim:
Alemanha e Itália ainda eram Estados divididos. Nove nações estavam 
submetidas a outras: Irlanda estava submetida à Grã Bretanha, Noruega à Suécia, 
Bélgica à Holanda, Scheliewig e Holstein (territórios alemães) pertenciam à 
Dinamarca, e Finlândia, Estônia, Letônia, Lituânia e Polônia, à Rússia.
Havia dois impérios compostos com várias nações: O Império Austro-Húngaro 
(com territórios em Alemanha, Hungria, Checoslováquia, Polônia, Eslováquia, 
Eslovênia, Croácia, Sérvia, Romênia e Itália). E o Império Turco, limitado à região dos 
Bálcãs (ou seja, com territórios em Grécia, Bulgária, Sérvia, Albânia e Romênia).
A onda revolucionária: 1820, 1830 e 1848
Europa enfrentou uma grave crise econômica a partir de 1816, surgida, em 
parte, pela reestruturação da economia que estava a se adaptar aos tempos de paz. 
Os preços nos produtos agrícolas oscilaram gravemente, a indústria parou, as forças 
da Restauração, ainda presentes, impediram implantação dos planos econômicos 
dos Estados e as massas populares estavam descontentes. Os movimentos 
revolucionários de 1820 foram instigados pela burguesia com o intuito de promover 
os ideais do liberalismo e o nacionalismo em um ataque frontal contra o Antigo 
Regime e a Restauração. As revoltas ocorreram na Península Ibérica, na Rússia, nos 
Estados Pontifícios, nos Reinos de Nápoles e Sicília, no Piemonte, na Grécia e nas 
Colônias Espanholas.
Em 1830, as lutas antiabsolutistas iniciaram na França, também movidas 
pela burguesia. Rapidamente estenderam-se à Bélgica, Itália, Alemanha, Polônia, 
Áustria, e a Península Ibérica. A jornada revolucionária de 1830 congregou liberais e 
nacionalistas, a baixa burguesia, o baixo clero e as massas populares, que padeciam 
com a fome desde 1827.
Na França, houve vários dias de revoltas e enfrentamentos encarniçados, 
motivados pelas restrições à liberdade e pela fome ocasionada pela crise, Luis 
| História Contemporânea46
Felipe de Orleans foi entronado contrariando o Congresso de Viena e substituindo 
a dinastia dos Borbones. Felipe de Orleans era burguês e liberal, o que representou 
o triunfo do liberalismo e da grande burguesia.
Depois do triunfo liberal em Paris, os liberais belgas sentiram-se fortalecidos. 
Além do mais, contavam com a anuência do Congresso de Viena e com o clero 
católico que arengava os cristãos, em apoio aos liberais contra o rei holandês, quem 
enviou suas tropas contra as massas, que revidaram fazendo os militares fugirem. 
Bélgica declarou sua independência e instituiu um governo provisório. A nova 
Constituição, de caráter liberal, estabeleceu um governo parlamentar e a Nação 
declarou-se imparcial, como a Suíça, status que permaneceu até 1914. 
Holanda reconheceu a independência da Bélgica somente em 1839, no entanto, 
a influência dos movimentos franceses e belgas refletiria na Europa inteira. Os 
nacionalistas alemães aglutinaram-se em torno da União Alfandegária, movimento 
prussiano que agrupou os Estados da Confederação, e que promoveu a unificação 
nacional. Na Itália, as cidades de Parma, Módena e Romagna rebelaram - se contra 
o papado. Fracassaram diante do exército austríaco, que apoiou o papa, porém 
ficaram à espreita do momento oportuno para o Risorgimento, que por fim terá 
êxito sob o comando de Garibaldi.
Ao norte da península italiana, os liberalistas venceram em Zúrich, Ginebra 
e Basiléia. Embora os cantones suíços não fossem unânimes em sua opção pelo 
liberalismo e iniciasse uma guerra civil, as famílias tradicionais terminaram perdendo 
seus privilégios, implantou-se a liberdade jurídica, a liberdade de imprensa e a anistia 
para os vencidos, que puderam retornar a sua terra.
Na Espanha também houve guerra civil. Ao morrer o rei Fernando VII, os 
moderados apoiaram a entronização de Isabel II. Os absolutistas queriam entronar 
seu irmão Carlos, e deram início às guerras carlistas. Ali perdeu o liberalismo. Os 
nacionalistas polacos também perderam. Eles levantaram-se contra os russos em 
várias ocasiões, entre 1830 e 1832. Esse último ano a repressão das tropas russas 
será pesada, e a Polônia ficaria novamente submetida aos russos.
Até a tradicional Inglaterra viu-se afetada pelo liberalismo. No parlamento 
os shigs (nome dado a ladrões de cavalos presbiterianos que viviam na Escócia) 
fortaleceram-se o suficiente para enfrentar os tories (salteadores fora da lei própria 
da região do Reino Unido) e conseguir a reforma eleitoral necessário para favorecer 
a burguesia e ampliar o voto censitário.
História Contemporânea | 47
Portanto, a onda de revoluções da década de 30 trouxe consigo a independência 
da Bélgica e a Constituição Suíça, mas enfraqueceu a Polônia, a qual não poderá 
gozar de sua independência (embora momentânea) senão até depois da 1ª Grande 
Guerra. Os levantamentos de 1820 semearam o liberalismo doutrinário, moderado, 
aliado à alta burguesia, enquanto que os de 1830 consolidaram à alta burguesia 
no poder e deixaram insatisfeita à baixa burguesia, que pugnava pelo liberalismo 
democrático.
No final dessas ondas revolucionárias, o Continente Europeu ficou dividido 
em dois bandos doutrinários e políticos. No oeste, a Europa liberal de Grã Bretanha, 
Bélgica, França, Portugal e Espanha. No oriente, Áustria, Rússia e Prússia, ainda 
dominando Europa central e oriental. Mas o nacionalismo continuou a fermentar, 
preparando as revoluções de 1848. Nesse ano, a crise agrícola, a falta de crédito, 
a ausência de liberdade, a influência do romantismo e o desejo de criar Estados 
liberais fizeram explodir uma nova onda revolucionária. Ela estourou em alguns dos 
países que já tinham padecido a guerra, como a França, Itália e Alemanha. Bélgica 
já tinha conseguido o que queria. Suíça também, e por isso ficaram em paz. Polônia 
estava afogada pelos russos. Não utilizou armas, porque não podia. As lutas mais 
fortes aconteceram nos lugares mais distantes dos ideais liberais, ou seja, na Europa 
dominada pelo Império Austríaco.
Os motivos das revoltas nas revoluções de 1848 obedecem às circunstâncias 
políticas diferentes a cada nação e estão localizados em zonas geográficas também 
diferentes. No oriente europeu o liberalismo democrático lutou por abolir as 
estruturas arcaicas da monarquia. No ocidente, a guerra substituiu às dinastias 
monárquicas pelas repúblicas. Ou seja, dentro do liberalismo como um todo existia 
um enfrentamento interno: os moderados (doutrinários) enfrentaram os democratas. 
A pequena burguesia, que tinha ficado descontente, e sem poder nas revoluções de 
1830, conseguiu o apoio dos operários e atacou a alta burguesia doutrinária. Os 
democratas lutaram pela abolição do voto censitário e por estabelecer o sufrágio 
universal. Eles “criticam o liberalismo moderado de pregar somente uma igualdade 
jurídica e esquecer-se dos fortes contrastes sociais entre ricos e pobres” (LARA, 
2012).
O ano de 1848 é o ano das primeiras reivindicações operárias. A Europa está 
se industrializando a níveis cada vez mais acelerados. As cidades estão crescendo 
formando bairros operários e junto com o liberalismo democrático e o nacionalismo, 
surge uma nova força política, ainda que incipiente: o socialismo.
| História Contemporânea48
Na França, a Revolução de 1848 destronou o rei Luis Felipe e instaurou a Segunda 
República, de índole democrática, que será derrotada pelo nacionalismo autoritário 
do Segundo ImpérioNapoleônico. Nos países mediterrâneos e no centro europeu a 
onda revolucionária foi mais violenta. Contudo, a historiografia da época nega que 
se tenham alcançado os resultados esperados, mas a partir da segunda metade de 
1848 as colheitas melhoraram, o desemprego diminuiu, os burgueses ficaram sem 
o apoio do proletariado, que por crescer cada vez mais se fez, para os empresários 
e pequenos burgueses, um peso insustentável. Por outro lado, essas forças, antes 
unidas, ficaram sem um motivo comum que as aglutinasse, impossibilitando-lhes 
chegarem ao poder e constituir um Estado soberano e autônomo.
No entanto, as revoluções de 1848 não podem considerar-se um fracasso 
explícito, pois conseguiram alguns avanços sociais como o sufrágio universal 
(masculino) na França, a abolição da servidão e a libertação dos camponeses no 
Império Austríaco, a experiência piemontesa italiana, antecedente da unificação do 
País, o fortalecimento do Estado Prussiano e o Parlamento de Frankfurt. 
As unificações da Alemanha e da Itália
O momento mais forte dos nacionalismos aconteceu na metade do século 
XIX. Uma de suas consequências mais notáveis foi a da formação de Nações a partir 
da unificação de Estados. Isso aconteceu na Alemanha e na Itália, que ainda tinha 
algumas regiões sob o domínio austríaco.
O nacionalismo alemão já vinha se formando desde a existência do Sacro 
Império, na Idade Média (o I Reich), mas na Itália não existiu nenhum projeto 
unificador importante senão até o século XIX. No entanto, o reino de Piemonte e 
Sardenha conseguiu dirigir a unificação da Itália. O mesmo sucedeu com o Reino 
de Prússia que promoveu a unificação Alemã. Ambos os acontecimentos foram 
possíveis porque se deram alguns elementos que possibilitaram essas uniões. Lara 
(2010) cita:
•	 O impacto da Revolução Francesa e do Império Napoleônico.
•	 As diversas concepções do nacionalismo, surgidas entre 1815 e 1870.
•	 A expansão econômica em ambos os casos e a união comercial como 
prelúdio da unificação política, no caso alemão.
•	 A disposição de um exército moderno e o agir de políticos audazes.
História Contemporânea | 49
Desde 1815 a Península Italiana estava dividida em oito Estados: O reino de 
Piemonte e Sardenha, ao Norte; os Estados de Lombardia e Veneza submetidos ao 
Império Austro-Húngaro; Parma, Módena e Toscana, sob o domínio da Áustria; os 
Estados Pontifícios, regidos pelo Papa, e o reino das duas Sicílias, sob a dinastia dos 
Bourbons. 
A unificação não foi um processo fácil, mas doloroso e sujeito à oposição dos 
monarquistas e dos impérios austríaco, russo e prussiano, a Santa Aliança-, cuja 
intervenção fez fracassar todas as tentativas de unificação realizadas entre 1815 
e 1849 (a chamada ‘primeira fase da unificação’). As lideranças das primeiras 
tentativas, exiladas em Paris e Londres, cultivam o sentimento nacionalista e 
começam a planejar o Risorgimento, movimento que nos anos trinta e quarenta se 
concretizaria em diferentes projetos para lograr a reunificação. Mazzini e Garibaldi 
projetaram a formação da República Unitária; Gioberti, a República Federal e Victor 
Manoel e Cavour o projeto de uma Monarquia Constitucional.
No norte, o reino de Piemonte e Sardenha é o território mais liberal, pois 
contava com uma burguesia crescente. As revoluções de 1848 tinham deixado para 
os Piemonteses uma Constituição Liberal, mas a insurreição contra os austríacos 
fracassou em Lombardia e Veneto, assim como as tentativas de unificar Nápoles e 
de tomar do Papa os territórios pontifícios.
Saiba mais: 
Santa Aliança - Acordo político assinado em 26 de setembro de 1815 
pelos impérios Russo (Alexandre I), Austríaco (Francisco I) e Prussiano 
(Frederico Guilherme III), logo depois da derrota definitiva de Napo-
leão. Essa aliança objetivou frear as ideias liberais francesas e inglesas 
e fazer manter as monarquias absolutistas na Europa enfrentando a 
onda revolucionária.
Na segunda fase da unificação (1859-1861) destacam personagens como 
Vítor Manoel II (Rei de Sabóia) e seu ministro, o Conde Cavour, que planejou a 
unificação de forma muito realista, pois percebeu que esta não seria concretizada sem 
a anterior expulsão dos austríacos, o apoio diplomático da França e o crescimento 
econômico da região do Piemonte.
O levantamento contra Áustria iniciou em 1859. Com a expulsão de seus 
exércitos dos territórios de Lombardia, esta se unificou ao território de Piemonte. 
Porém não foi possível vincular Veneza. 
| História Contemporânea50
Em 1860 o centro da Itália (Parma, Módena e Toscana) uniu-se ao Piemonte (no 
norte) pacificamente, através da realização de plebiscitos populares e da formação 
de um parlamento comum. França apoiou politicamente a adesão, em troca dos 
territórios de Niza e Saboya, cedidos no Tratado de Turim. 
O resto do território, na parte meridional, conseguirá sua unificação a partir 
de 1960 até 1961. Os liberais, com mais de mil soldados comandados por Garibaldi 
e Cavour, avançaram para Sicília. Esses militares eram, na maioria, descendentes da 
burguesia italiana, e estavam decididos a apoiar aos sicilianos contra o rei Francisco 
II. Garibaldi entrou em Nápoles e destituiu a dinastia Bourbon em setembro de 1860, 
anexando as duas Sicílias (A ilha de Sicília e o reino de Nápoles, no sul da Itália). 
Ao mesmo tempo, um exército de voluntários vindos do Piemonte atravessou os 
Estados Pontifícios e chegou ao sul da Itália, anexando a região de Marcas e da 
Úmbria. 
Garibaldi não conseguiu chegar a Roma, mas os representantes dos Estados já 
anexados enviaram a Turim seus representantes, formando o primeiro parlamento 
do novo reino, o qual proclamou a Vítor Manoel II, da dinastia dos Saboya, como rei 
da Itália. Cavour tornou-se ministro de governo e terá a difícil tarefa de consolidar 
a unificação, fazer desenvolver a economia interna e procurar o reconhecimento 
internacional do novo reino.
A terceira fase do processo de unificação da Itália (1861-1870) se 
caracterizou pela incorporação de Veneza e a solução do conflito com o Vaticano, a 
chamada questão Romana. A unificação de Veneza deu-se dentro do contexto da 
guerra austro-prussiana. Itália apoiou à Prússia e quando ela venceu em Sadowa, 
Itália tomou posse de Veneza para si, expulsando os austríacos definitivamente da 
Península.
A questão romana foi mais complicada. O novo reino da Itália, com apoio 
quase unânime da população, se apossou da Cidade de Roma como sua capital. Mas 
o Papa Pio IX desejava conservar a autonomia da Igreja e a soberania sobre Roma e 
o Lácio. Napoleão III apoiou o Papa, buscando ganhar para si o apoio dos católicos 
franceses. A solução veio como resultado da guerra entre Prússia e a França, onde 
Napoleão III teve que abdicar (outubro de 1870). Já sem o perigo do exército francês 
apoiando o Papa, o exército italiano invadiu Roma, e em 2 de outubro de 1871 a 
Cidade Eterna foi proclamada capital do Reino.
O Papa, que tinha protestado perante o mundo dizendo sentir-se prisioneiro dos 
italianos no Vaticano, não verá solucionada sua questão. Seu sucessor, Pio XI, será o 
responsável de assinar o tratado de Letrão diante de Mussolini, em fevereiro de 1929. 
História Contemporânea | 51
A unificação da Alemanha foi possível pela comunhão de várias circunstâncias: 
A presença da dinastia Hohenzollern, o reino de Prússia, os junkers prussianos, a 
burguesia industrial e força de Bismarck.
Como foi visto nesta unidade, ao estudar a unificação italiana, a Alemanha 
também foi dividida em três fases:
A primeira fase da unificação alemã (1815-1848) foi motivada pela anterior 
ocupação francesa, a qual fez desenvolver a consciência nacional na região prussiana. 
Como consequência do Congresso de Viena, o território alemão ficou dividido em 
39 Estados, os quais formaram a Confederação Germânica. Eles eram os reinos de 
Baviera, Hannover, Saxônia, Wutemberg e Prússia, o Império Austríaco, 29 ducados 
e principados (chamados também grandes ducados), e quatro CidadesLivres.
O século XIX foi favorável ao desenvolvimento alemã. Economicamente 
desenvolveu-se através da construção das vias férreas e a organização de bancos 
e associações. O nacionalismo germano tinha sido semeado pelos intelectuais e 
políticos do tamanho de Schiller, Arndt, Kleist e Fichte, de tal forma que, apesar da 
grande variedade de fronteiras, todos os territórios souberam reconhecer o valor 
comum que os unia: a língua.
Os centros acadêmicos alemães, principalmente Bonn, Jena, Heidelberg e Kiel 
converteram-se em centros propagadores do idealismo e do nacionalismo de tal 
forma que os intelectuais terminaram por abraçar essas ideias e difundi-las entre 
os jovens estudantes. Nesse ambiente, Áustria foi, aos poucos, ficando fora do jogo 
político, cedendo espaço para Prússia, que a partir de 1815 promoveu o crescimento 
econômico e a unificação alemã: 
“(Prússia) toma a iniciativa de agir com suas lideranças e sua burguesia, 
protestante e intelectual, a favor da consolidação política e do progresso 
socioeconômico com a aspiração à unidade, e iniciando um desenvolvimento 
econômico que haverá de abranger vários aspectos: o inicio da 
industrialização em regiões como o Ruhr, Silesia e Berlim, o incremento do 
transporte ferroviário, e especialmente com a União Alfandegária, que cria 
uma zona de livre comércio com os Estados alemães” (LARA, 2010, p. 13).
| História Contemporânea52
A segunda fase da unificação alemã estende-se desde 1848 até 1862, e 
correspondem à fase bélica do processo. Os levantamentos iniciam mais ou menos 
simultaneamente em Baviera, Baden, Hannover, Saxônia e Prússia, onde os liberais 
conseguiram algumas concessões e cátedras nos ministérios. 
Em maio de 1848 o Parlamento de Frankfurt, que já estava integrado por 
representantes eleitos nos diferentes Estados alemães e que eram majoritariamente 
nacionalistas liberais e democratas moderados, encontrava-se ideologicamente 
dividido.
A unidade alemã era assunto comumente aceito, porém havia diferentes 
posições contraditórias acerca da forma em que essa unificação devia acontecer. 
Em um grupo estavam os partidários da “Grande Alemanha”, que incluía Áustria. 
Em outro, os partidários da “Pequena Alemanha”, que excluía Áustria e pugnava 
pelo predomínio da Prússia. Em um grupo estavam os partidários de um Estado 
autoritário. No outro, os que queriam um governo liberal. E entre os que queriam 
um Estado liberal as opiniões se dividiam: “Censitário ou democrático, centralizado 
ou federal, império eletivo ou hereditário” (LARA, 2010). No meio dessa variedade 
de opiniões, o Parlamento viu-se incapaz de organizar a almejada união alemã, e 
ficou sem autoridade moral perante os Estados.
Nesse ambiente produziram entre dezembro de 1848 e maio de 1849 novos 
levantamentos armados promovidos por milícias armadas advindas do ambiente 
popular, dos campos e das cidades, e inclusive participaram de movimentos operários 
influenciados por Marx, de tal forma que o Parlamento chegou a ser dissolvido em 
maio de 1849. Desde esse ano, até 1862, Alemanha viverá um período de paz e 
de crescimento econômico e industrial no qual Prússia irá congregando através de 
diversas iniciativas, as forças dispersas do nacionalismo, o liberalismo e a unificação 
econômica. Entre 1851 e 1852 essa união econômica estará consolidada (zollverein).
Saiba mais: 
Zollverein é o nome da aliança aduaneira que teve como meta a liberdade 
alfandegária para os 39 estados alemães, o que favoreceu a liberdade entre 
as suas fronteiras internas facilitando assim o maior comércio e uma maior 
estrutura para os processos industriais, excluindo a Áustria, que era rival da 
Prússia.
História Contemporânea | 53
A unificação política e geográfica (terceira fase da unificação alemã) haveria 
de esperar até 1871, e haverá de realizar-se sob o comando de Bismark, chanceler 
de Guilherme I, entronado em 1861.
O projeto político de Bismark tinha um objetivo fundamental: realizar a união 
alemã beneficiando a Prússia e excluindo a Áustria. Para fazer isso, Bismark teve 
que rodear-se de ministros fortes, capazes de suportar a oposição, reorganizar e 
fortalecer o exército e agir diplomaticamente para conseguir a neutralidade da 
Prússia, da França e da Rússia, e neutralizar a Áustria, colocando Prússia a frente do 
Estado Alemã Unificado. Bismark conseguirá tudo isso entre 1864 e 1871, a custa de 
três guerras sucessivas:
•	 A guerra dos ducados (1864): Em 1 de fevereiro de 1864 Bismarck, 
comandando os exércitos de Prússia, com o apoio do imperador austríaco 
Francisco José, decide invadir dois ducados dinamarqueses, Schleswig-
Holstein e Saxônia-Lauenburgo, que tinham sido unidos por Dinamarca 
no Protocolo de Londres (1852). A guerra foi relativamente rápida, e 
encerrou-se em 30 de outubro do mesmo ano, com o tratado de Viena, 
que cedeu a administração dos territórios ocupados as duas potências. 
Prússia e Áustria tentaram administrar conjuntamente o território, 
conforme os acordos que assinaram na Convenção de Gastein, em 14 
de agosto de 1865, porém as divergências ideológicas-políticas levariam 
ambos os países a guerra.
•	 A guerra Áustro-Prusiana (1866): O papel diplomático de Bismark nesta 
guerra foi decisivo, pois ele conseguiu a neutralidade da Rússia, da França 
e da Inglaterra, e conseguiu o apoio da Itália contra os austríacos, porque 
eles mantinham a posse da Venécia. Bismark invadiu o lado austríaco de 
Hostein e venceu seu exército numa só batalha, em Sadowa (Königgrätz, 
para os alemães). Apesar de breve (14 de junho a 23 de agosto), esta 
batalha significou para Prússia passar a ser o Estado preponderante e 
supremo na confederação germânica.
•	 A guerra entre França e Prússia (1870-1871): Foi a guerra europeia 
mais importante desde as guerras napoleônicas e uma das causas da 
primeira Guerra Mundial. Iniciou em 19 de julho de 1870 e terminou em 
10 de maio de 1871.
Com a França seccionada e humilhada a guerra franco-prussiana ocorreu 
assim: depois da vitória em Sadowa, Bismarck estendeu rapidamente seu domínio 
| História Contemporânea54
aos territórios do norte da Alemanha, consolidando o controle alfandegário em toda 
a fronteira mediante o Zollparlament (o Parlamento de Alfândega), o que preocupou 
o Imperador Napoleão III. Ele mobilizou o exército, ameaçando a Bismark para que 
não anexasse os territórios do sul da Alemanha (Baviera, Wurtemberg y Baden) 
nos quais a França tinha influência e interesses econômicos, em Luxemburgo. Mas, 
apesar das tensões, a guerra não foi declarada senão até a famosa manobra de 
Bismark, quem de fato tinha interesse no conflito bélico, e publicou na imprensa o 
resumo manipulado de um telegrama do rei prussiano, que provocou a guerra.
Acontece que o trono espanhol estava vazio, e o General Prim procurava 
candidatos ao trono, mas os franceses pediram que o candidato alemão (Leopoldo 
de Hohenzollern-Sigmarigen) renunciasse a sua candidatura. O rei Guilherme se opôs 
a isso e escreveu um telegrama a Bismark expondo sua posição, porém Bismark o 
manipulou excluindo os parágrafos que o faziam politicamente e diplomaticamente, 
correto, resultando em um texto depreciativo que exaltou a ira do imperador da 
França. Ele declarou aguerra em 19 de julho.
Os franceses, que já estavam posicionados na fronteira, foram os primeiros a 
movimentar-se adentrando nos territórios fronteiriços, porém os alemães revidaram 
e, em menos de uma semana, já tinham recuperado os territórios invadidos, e fizeram 
recuar a França, a qual se viu surpreendida com o apoio maciço de todos os Estados 
alemães, inclusive os do sul. Os alemães foram ocupando França, derrotando seus 
exércitos em Froeschwiller-Woerth, Mars-la-Tour, Saint-Privat-la-Montagne, Loigny 
e em 1 de setembro, em Sedan.
A batalha de Sedan foi a mais importante e decisiva. Depois de perder em 
Loignny os franceses somente contavam com a companhia comandada pelo Marechal 
Patrice de MacMahon e uma outra companhia sitiada em Metz. MacMahon,

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