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1 Anatomia Médico-Cirúrgica Anatomia Médico-Cirúrgica Prof.º José Kawazoe – 07/08/2019 Anatomia aplicada ao exame radiológico 1. Telerradiografia - Método inventado em 1895 pelo físico alemão Wilhelm Roentgen (Roentgenology, em alguns países de língua inglesa); - Princípios físicos: a imagem é formada por raios-x (radiação ionizante); quanto mais raios chegam ao filme, mais escura a imagem; conforme sua estrutura, um objeto absorverá mais ou menos radiação; os raios-x, um tipo de radiação eletromagnética, atravessam o corpo, perdendo energia para determinados tecidos e apenas os fótons que possuem energia suficiente para atravessar os tecidos chegam à folha de raio-x; - Características: a imagem é bidimensional; constituído de uma ampola de raio-x e um filme radiográfico; imagens mais próximas do filme sofrem menor distorção; nomenclatura das incidências é dada pela direção dos raios. Entre as quais: * PA: posteroanterior, ampola posterior e filme anterior ao paciente, adequado para a visualização da silhueta cardíaca; * AP: adequado para visualização de coluna vertebral). * Laurell: decúbito lateral com raios horizontais. - Técnica: posição: simetria das clavículas, traqueia e coluna vertebral; penetração: a penetração ideal para o pulmão ocorre quando, da coluna situada por trás da imagem cardíaca, apenas uma tênue faixa se deixa ver; inspiração: o diafragma deve situar-se entre o 10º e 11º arcos costais posterior; Suspeita de pneumonia: aerobroncograma ou broncograma aéreo. 2. Tomografia computadorizada - Princípio físico: assim como na telerradiografia, o princípio físico da TC é a radiação ionizante, com a diferença de que as imagens obtidas com a TC possuem resolução melhor. As imagens são obtidas por sensores conectados a um computador, obtendo cortes transversais e podendo-se adotar a utilização de contraste à base de iodo. - Vantagens: capacidade de, através da análise dos valores numéricos dos coeficientes de absorção, identificar os componentes dominantes das estruturas; possibilidade de processar as imagens a qualquer momento, através de dados armazenados em discos magnéticos; baixo custo e fácil acesso; indicado para fraturas articulares e complexas (reconstrução); - Tomografia computadorizada quantitativa (osteoporose) / densitometria óssea; - Desvantagens: utiliza radiação ionizante (em alta quantidade) e meio de contraste iodado. Ex.: angiotomografia para quantificação da obstrução de um vaso; limitação de planos de corte em aparelhos mais antigos que não fornecem boas imagens de reconstrução; 3. Ultrassonografia - Princípio físico: usa um princípio parecido com o princípio do sonar > o tempo que uma onda emitida com uma determinada frequência leva para ser refletido é conertido em distância; na USG, feixes de ultrassom (2- 14 MHz) são emitidos por um cristal piezoelétrico localizado no interior do transdutor; antigamente, o cristal imóvel oferecia a imagem de estruturas ao longo de um segmento de reta; à medida que os cristais passam a ter movimento, as imagens varrem um plano; - Vantagens: quanto maior a frequência, mais nítida a imagem; fornece imagens em tempo real; não utiliza radiação ionizante; - Limitações: não serve para sólidos e para ar; frequência de onda não atravessa ossos (para ecocardiograma, colocar o transdutor no EIC; derrame pleural pode ser visualizado, mas parênquima pulmonar, não); é um procedimento examinador-dependente; serve 2 Anatomia Médico-Cirúrgica principalmente para vísceras parenquimatosas e para locais onde há líquidos; - Efeito Doppler: mudança aparente na frequência de uma onda produzida pelo movimento relativo entre a fonte emissora da onda e o observador; pelo efeito Doppler, é possível criar imagens tridimensionais; utilizado para ver direção e velocidade de fluxo (as hemácias funcionam como um anteparo que promove o efeito Doppler), usado na ecocardiografia (USG aplicada ao coração; usada na quantificação de doenças valvares – estenoses e insuficiências – cuja confiabilidade da estimativa é tão alta que possui indicação cirúrgica); 4. Ressonância nuclear magnética (RNM) - Princípio físico: o meio físico que permite a formação da imagem é um campo magnético muito forte (o campo magnético da Terra é de cerca de 0,5 Gauss; 1 Tesla = 10.000 Gauss; a maioria dos aparelhos de ressonância possuem campo magnético de 1,5 Tesla); - Sequência de eventos para a formação da imagem: Uma bobina de radiofrequência emite um campo magnético capaz de promover o alinhamento dos núcleos de hidrogênio constituintes dos tecidos corporais. Os núcleos que se alinham no mesmo sentido do campo magnético são de baixa energia, enquanto os que se alinham no sentido oposto são de alta energia. Os núcleos excedentes de baixa frequência captam energia de radiofrequência e invertem a direção do spin, tornando-se de alta frequência. A aplicação intermitente de corrente derivada do liga-e-desliga dessa bobina permite que os núcleos de baixa frequência, que absorveram energia enquanto a bobina emitia o campo magnético, ou seja, estava ligada, liberem a energia recebida e se tornem novamente núcleos de baixa frequência. Esta energia é captada por uma bobina receptora, que converte as ondas de energia em sinais numéricos, que são transformadas em imagens em diferentes planos (cortes sagitais, coronais ou oblíquos) por um computador. A imagem é formada pela seleção de “fatias”, por meio do processamento da captação de energia em cada segmento; - Frequência de ressonância: pressuposto no qual os núcleos de hidrogênio absorvem energia apenas em uma determinada frequência, conhecida como frequência de ressonância; é diretamente proporcional à força do campo magnético; - Um gradiente de ressonância pode ser gerado ao longo da área de estudo para “selecionar” uma fatia pelas bobinas de gradiente; - Vantagens: como não utiliza radiação ionizante, então risco de iatrogenia é menor; não usa contraste de iodo; contraste não nefrotóxico; imagens possuem maior sensibilidade e evidenciam melhor detalhes anatômicos; oferecem cortes sagitais, coronais, oblíquos e transversais sem necessidade de reposicionar o paciente; lesões ligamentares, musculares, fraturas por estresse, lesões neurológicas e medulares (em casos de AVE, é muito mais sensível para diferenciar AVE isquêmico de hemorrágico) são bem visualizadas; bom para ver tecidos moles. - Desvantagens: alto custo; dificuldade para identificar pequenas calcificações patológicas nos tecidos; maior tempo de realização do procedimento; imagens ruins para ossos; maior chance de artefatos na imagem por causa do movimento do paciente. - Contraindicações: pacientes com claustrofobia e síndrome do pânico, próteses cocleares, marcapassos, clips de aneurisma, pacientes com monitorização intensiva (como ventilação mecânica), ferimentos por arma de fogo, próteses antigas (que geram halo ao redor da área); 3 Anatomia Médico-Cirúrgica Anatomia Médico-Cirúrgica Prof.º: André Marcondes – 12/08/2019 Anatomia aplicada ao exame dos nervos cranianos OCULOMOTOR (III), TROCLEAR (IV) E ABDUCENTE (VI) - Anamnese: Homem de 38 anos admitido no hospital da Universidade de Kyoto em 1976, com queixa de visão dupla (diplopia) inicialmente desencadeada por mirada lateral direita há 10 meses, enquanto dirigia; - HPP: nada digno de notas; - Exame físico: a sensibilidade da face era normal e não havia sinais de doença cerebelar ou de aumento da PIC (pressão intracraniana); Algumas definições: - Estrabismo: assimetria do desvio entre os olhos; pode ser convergente ou divergente; Musculatura intrínseca M. esfíncter da pupila: funcionalidade é avaliada através dos reflexos fotomotores diretos e consensuais; depende da integralidade das fibras parassimpáticas do nervo oculomotor (III);constrição da pupila = miose; M. dilatador da pupila: inervado por fibras simpáticas dos gânglios cervicais; dilatação da pupila = midríase; Músculo ciliar: inervado por fibras parassimpáticas do nervo oculomotor (III); realiza a acomodação visual; Musculatura extrínseca do olho M. reto medial Reto lateral Reto inferior Reto superior Oblíquo inferior Oblíquo superior - Primeira divisão do nervo oculomotor: divisão em ramos superior e inferior; - A musculatura ocular possui a menor relação de placa motora, são muito específicos: uma fibra nervosa para cada fibra muscular; - Continuação do exame: - Paralisia do reto lateral, sem nenhum outro sinal de doença; - Sinais cerebelares enfatizados: o cerebelo é o órgão que integra e coordena o funcionamento dos músculos; uma lesão nesse órgão poderia promover uma dissociação da musculatura medial de um olho e lateral do outro; - Hemicampos visuais laterais são monoculares, enquanto hemicampos visuais mediais são binoculares; - Se houvesse o crescimento de um tumor ou sangramento no interior do crânio, levaria ao aumento da pressão intracraniana (PIC); - Exames complementares: - Na tomografia computadorizada (TC): tumoração no SNC que invade a órbita e compromete o trajeto do nervo oculomotor (III), que emerge na transição entre a ponte e o mesencéfalo, na fossa interpeduncular; a lesão do nervo é sempre ipsilateral; - Considerações anatômicas: - Vias motoras são basicamente cruzadas; - Pela fissura orbital superior emergem o III, IV e VI pares de nervos cranianos, que se originam de locais diferentes do tronco encefálico; - O nervo abducente (VI) possui um trajeto peculiar, faz uma curva/angulação no ápice da parte petrosa do osso 4 Anatomia Médico-Cirúrgica temporal (ápice do rochedo); se origina na transição entre a ponte e o bulbo, no sulco bulbo-pontino; - O nervo troclear (IV) é o único que emerge da porção dorsal do tronco encefálico; - Inervação motora passa sempre por dentro do anel tendíneo; - Inervação sensitiva (dada por divisão superior, ou oftálmica, do nervo trigêmeo); - Complicações clínicas - Na HIC, há risco de compressão do centro respiratório, localizado no bulbo, e ruptura de alguns nervos cranianos, como o nervo abducente, no ápice do rochedo > estrabismo convergente, com perda do tônus da musculatura do reto lateral e visão turva; - A neuropatia do nervo abducente pode ser decorrente de complicações diabéticas; - A inervação simpática geralmente chega ao músculo através de vias que acompanham as camadas adventícias das artérias, ou seja, quando se pensa na lesão de um nervo, fibras simpáticas geralmente não são acometidas; - Acometimento parassimpático: ação não confrontada do simpático > midríase; - Pupilas de diâmetros diferentes: anisocoria; NERVO TRIGÊMIO (V) - Responsável pela inervação sensitiva da pele da face; - Divisão oftálmica também leva inervação sensitiva à córnea e à conjuntiva; - Os dermátomos das divisões do trigêmeo podem ser acometidos em casos de herpes-zóster; NERVO FACIAL (VII) - Carreia fibras motoras para os músculos da mímica – cuticulares da face; - Origem aparente: forame estilomastóideo; - Tronco principal se divide em dois troncos, dentro da glândula parótida: cervicofacial (ramos: temporal, zigomático e bucal) e temporofacial (ramos: marginal da mandíbula e cervical); - Todo nervo craniano tem três origens: origem real – lugares de onde os axônios saem, onde estão localizados os corpos celulares dos neurônios; origem aparente no tronco encefálico; origem no crânio – passa por forame ou fissura no crânio; - Os nervos cranianos podem ter até cinco tipos de fibras em sua composição; - Fibras motoras do nervo facial saem do núcleo do nervo facial, que possui relação de grande proximidade com o núcleo do nervo abducente; - Núcleo do nervo facial se divide em dois subnúcleos: um superior (origem real das fibras que inervam o tronco temporofacial - roxo) e outro inferior (origem real das fibras que inervam o tronco cervicofacial - verde); - O nervo facial e o nervo oculomotor possuem dupla representação cortical; o tronco temporofacial possui dupla representação cortical, enquanto o tronco cervicofacial é coordenado pelo hemisfério contralateral; - Paralisia facial: em sua maioria é causada por infecção viral por Herpes Vírus; os olhos não fecham, porque a musculatura orbicular do olho não funciona bem; pode ser periférica ou central; Paralisia facial periférica: depois da origem real do nervo; compromete toda a musculatura ipsilateral; Paralisia facial central: é supranuclear, geralmente hemisférico; afeta musculatura inervado por tronco cervicofacial contralateral; Paralisia de Bell: neurite do nervo facial (VII), paralisia da musculatura de um lado inteiro; NERVO VAGO (X) Exame da musculatura do véu palatino - Suspensão do véu palatino e da úvula Músculo levantador do véu palatino Músculo palatoglosso Músculo palatofaríngeo Lesão de nervo vago (X) esquerdo – contralateral ao desvio NERVO ACESSÓRIO (XI) - Inerva músculos trapézio e ECM; NERVO HIPOGLOSSO (XII) 5 Anatomia Médico-Cirúrgica - Inerva musculatura extrínseca da língua – principal movimento: protrusão; - Lesão provoca desvio para o lado da lesão; Anatomia Médico-Cirúrgica Prof.º José Kawazoe – 14/08/2019 Anatomia aplicada à inervação dos membros superiores 1. Revisando a anatomia a. Plexo braquial: - Emerge do sulco interescalênico; - É formado por raízes ventrais de C5 a T1; pode ser pré-fixado (com boa contribuição de C4 e pouca contribuição de T1) ou pós-fixado (pouca ou nenhuma contribuição de C5 e boa contribuição de T2); - Superior à clavícula e posterior ao ECM; - Pode ser palpado no ângulo entre a borda superior da clavícula e posterior ao esternocleidomastóideo; - Formação de três troncos (C5 + C6 = tronco superior; C7 = tronco médio; C8 + T1 = tronco inferior); - Cada tronco dá uma divisão anterior e uma divisão posterior; - As divisões anteriores do tronco superior e do tronco médio foram o fascículo lateral, enquanto a divisão anterior do tronco superior forma o fascículo medial e as três divisões posteriores formam o fascículo posterior (em relação à artéria axilar ou aos vasos axilares); b. Ramos do plexo braquial: ⎯ Ramos ventrais Nervo escapular dorsal (C5) Nervo torácico longo (C5-C7) ⎯ Ramos do tronco Superior: Nervo para o musculo subclávio Nervo supraescapular ⎯ Ramos dos fascículos Fascículo lateral: Nervo peitoral lateral Fascículo medial: Nervo peitoral medial Nervo cutâneo medial do braço Nervo cutâneo medial do antebraço Fascículo posterior: Nervo subescapular superior Nervo toracodorsal Nervo subescapular inferior ⎯ Ramos terminais: Fascículo lateral: Nervo musculocutâneo Raiz lateral do nervo mediano Fascículo medial: Nervo ulnar Raiz medial do nervo mediano 6 Anatomia Médico-Cirúrgica Fascículo posterior: Nervo axilar Nervo radial Algumas observações: - O mediano e o radial possuem fibras de todos os níveis vertebrais de formação do plexo braquial (C5-T1); - A formação do ulnar é mais restrita, só possui fibras de C8 e T1; - O nervo cutâneo medial do braço pode estar fundido com o nervo intercostobraquial (ramo direto do plexo braquial); 2. Análise a partir dos nervos NERVO ORIGEM ESTRUTURA PARTE FUNCIONAL Ramos ventrais dos nervos espinhais Escapular dorsal C5 Romboide menor (C7-T1) Romboide maior (T2-T5) Retração da escápula Torácico longo C5-C7 Serrátil anterior Rotação da escápula Elevação do braço Ramos do tronco superior Supraescapular C5-C6 M. supraespinhal e m. infraespinhal (sensibilidade da articulação do ombro) Abdução do braço e rotação lateral do braçoSubclávio C5-C6 M. subclávio (sensibilidade da articulação esternoclavicular) Depressão da clavícula Funciona como ligamento Ramo do fascículo medial Peitoral lateral C5-C7 Peitoral maior > peitoral menor Rotação medial, flexão e adução do braço Ramos do fascículo lateral Peitoral medial C8 Peitoral menor > peitoral maior Estabiliza articulação do ombro Cutâneo medial do braço C8-T1 Pele e SC da porção medial do braço Inervação sensitiva da porção medial do braço Cutâneo medial do antebraço C8-T1 Pele e SC da porção medial do antebraço Inervação sensitiva da porção medial do antebraço Ramos do fascículo posterior Subescapular superior C5 M. subescapular (porção alta) Faz parte do manguito rotador; Rotação medial do braço Toracodorsal C6-C8 M. latíssimo do dorso Adução do braço Extensão do braço Limite posterior da axila Subescapular inferior C6 M. subescapular (parte inferior) e m. redondo maior Adução do braço Rotação medial do braço Ramo terminal do fascículo lateral Musculocutâneo C5-C7 Loja anterior do braço Pele e SC da face lateral do antebraço Flexão do antebraço Sensibilidade da face lateral do antebraço Possui raízes dos fascículos lateral e medial Mediano1 C6-T1 Loja anterior do antebraço (6,5), 5 mms intrínsecos na metade tenar da mão, pele da palma da mão Flexão do punho, flexão e adução do polegar, flexão dos dedos 2-3, pronação, sensibilidade da palma de metade do anular para lateral Ramo do fascículo medial Ulnar2 C8-T1 Loja anterior do antebraço (1,5), a maior parte dos músculos intrínsecos da mão, pele da palma e do dorso Flexão do punho, flexão dos dedos 4-5, movimento dos dedos 2-5, sensibilidade da palma (4º dedo para medial) e do dorso (3º dedo para medial) Ramos do fascículo posterior Axilar3 C5-C6 M. deltoide, m. redondo menor, pele da parte superior lateral do braço Abdução do braço, rotação lateral do braço, sensibilidade da parte superior lateral do braço Radial4 C5-T1 Todos os músculos das lojas posteriores do braço e do antebraço; pele da região posterior e inferior lateral do braço, região posterior do antebraço e dorso da mão Extensão do antebraço, da mão e dos dedos, supinação, sensibilidade das áreas citadas 1 A lesão do nervo mediano pode ser provocada por fratura supracondiliana do úmero; mão em bênção; 2 Em lesões baixas de plexo braquial, deve-se esperar comprometimento das estruturas inervadas pelo ulnar; contusão ou fratura no epicôndilo medial; pode ser palpado no exame clínico para constatação de espessamento nervoso em pacientes com Hanseníase; mão em garra; 3 Lesão em fratura do colo cirúrgico do úmero; 7 Anatomia Médico-Cirúrgica 4 Lesão em fraturas da diáfise do úmero; 3. Análise a partir dos movimentos MOVIMENTOS DA ESCÁPULA MOVIMENTO MÚSCULO INERVAÇÃO Elevação Trapézio (porção superior) Levantador da escápula Nervo acessório (XI) Plexo cervical (C3 e C4) Depressão Ação da gravidade Peitoral maior e menor Latíssimo do dorso Trapézio – porção inferior Nervos peitorais Nervo toracodorsal Nervo acessório (XI) Protração Serrátil anterior Peitorais Nervo torácico longo Nervos peitorais Retração Trapézio – porção transversa Romboides Latíssimo do dorso Nervo acessório (XI) Nervo escapular dorsal Nervo toracodorsal Rotação lateral/superior (elevação do braço) Serrátil anterior Trapézio – porção superior Trapézio – porção inferior Nervo torácico longo Nervo acessório (XI) Rotação medial/inferior Latíssimo do dorso Ação da gravidade Romboides Nervo toracodorsal Nervo escapular dorsal MOVIMENTOS DO OMBRO Flexão do braço Peitoral maior Deltoide – porção anterior (parte clavicular) Nervos peitorais medial e lateral Nervo axilar (C5-C6) Extensão do braço Latíssimo do dorso Deltoide – porção posterior Nervo toracodorsal (C6-C8) Nervo axilar (C5-C6) Abdução Deltoide Supraespinhal Nervo axilar (C5-C6) Nervo supraescapular (C5-C6) Adução Peitoral maior Latíssimo do dorso Redondo maior Nervos peitorais Nervo toracodorsal (C6-C8) Nervo subescapular inferior (C5-C6) Abdução > elevação Início: supraespinhal e deltoide Cont.: serrátil anterior Nervo supraescapular (C5-C6) Nervo axilar (C5-C6) Nervo torácico longo (C5-C7) Rotação medial Infraespinhal Redondo menor Deltoide – parte posterior Nervo supraescapular Nervo axilar Rotação lateral Subescapular Redondo maior Latíssimo do dorso Deltoide – parte anterior Nervos subescapulares (C5-C7) Nervo toracodorsal (C6-C8) Nervo axilar (C5-C6) MOVIMENTOS DO COTOVELO E DO PUNHO Flexão do antebraço Braquial Bíceps braquial Braquiorradial Nervo musculocutâneo (C5-C7) Nervo radial (C5-C7) Extensão do antebraço Tríceps braquial Ancôneo Nervo radial (C6-C8) Nervo radial (C7-T1) Pronação Pronador redondo Pronador quadrado Nervo mediano (C6-C7) Nervo interósseo anterior (n. mediano) (C8-T1) Supinação Supinador Bíceps braquial Ramo profundo do n. radial (C7-C8) Nervo musculocutâneo (C6-C7) Flexão da mão Flexor radial do carpo Flexor ulnar do carpo Nervo mediano Nervo ulnar Extensão da mão Extensor radial longo do carpo Extensor radial curto do carpo Extensor ulnar do carpo Nervo radial (C6-C7) Ramo profundo do nervo radial (C7-C8) Abdução da mão Flexor radial do carpo Extensor radial longo do carpo Nervo mediano Nervo radial 8 Anatomia Médico-Cirúrgica Extensor radial curto do carpo Adução da mão Flexor ulnar do carpo Extensor ulnar do carpo Nervo ulnar Ramo profundo do nervo radial - A articulação do ombro (escapuloumeral) é triaxial, sinovial do tipo esferoide que faz flexão e extensão, abdução e adução e rotação lateral e medial; - Nas lesões proximais de plexo braquial, a abdução do ombro fica abolida; INERVAÇÃO MOTORA DOS MÚSCULOS QUE AGEM SOBRE A MÃO NERVO MÚSCULOS MOVIMENTOS Radial Extrínsecos: Extensor dos dedos Extensor longo do polegar Extensor curto do polegar Abdutor longo do polegar Extensor do índex Extensor do dedo mínimo Extensão dos dedos Extensão do polegar Idem Abdução do polegar Extensão do índex Extensão do dedo mínimo Mediano Extrínsecos: Flexor superficial dos dedos Flexor profundo dos dedos (2-3) Flexor longo do polegar Intrínsecos: Tenares: Oponente do polegar Abdutor curto do polegar Flexor curto do polegar – cabeça superficial Lumbricais 1 e 2 Flexão dos dedos – falange média Flexão dos dedos 2 e 3 – falange distal Flexão do polegar Oponência do polegar Abdução do polegar Flexão do polegar Flexão das articulações metacarpofalângicas Ulnar Extrínsecos: Flexor profundo dos dedos (4-5) Intrínsecos: Tenares: Flexor curto do polegar (cabeça profunda) Adutor do polegar) Hipotenares: Abdutor do dedo mínimo Flexor curto do dedo mínimo Oponente do dedo mínimo Curtos: Lumbricais 3 e 4 Interósseos dorsais (1-4) Interósseos palmares (1-3) Flexão dos dedos 4-5 Flexão do polegar Adução do polegar Abdução do dedo mínimo Flexão da falange proximal do dedo 5 Oponência do dedo mínimo Flexão art. metacarpofalângicas 3-4 Abdução dos dedos 2 e 4 Flexão lateral do dedo 3 Adução dos dedos 2, 4 e 5 4. Tipos de lesões neurológicas a) Neuropraxia: lesão fechada, com interrupção da condução neuronal, sem perda da continuidade anatômica dos axônios; traumática ou por agentes ambientais, como o frio; é reversível; lesões contusas ou compressão; b) Axonotmese: envolve degeneração axonal, com perda da continuidade do axônio e da sua bainha de mielina, mas com preservação da “embalagem” de tecido conjuntivo (perineuro e epineuro); tende a melhorar, mas leva mais tempo que a recuperação da neuropraxia; c) Neurotmese: lesão completa, por contusão, tração ou laceração, como no trauma de parto; podeser irreversível; 5. Lesões do plexo braquial a) Completas b) Proximais ou craniais ou altas (de Erb-Duchenne): lesão do garçom; acontece comumente durante o trabalho de parto; cursa com déficits relacionados aos nervos musculocutâneo e axilar; pode haver alteração pupilar, por conta dos 9 Anatomia Médico-Cirúrgica gânglios simpáticos cervicais; apresentação: retração do ombro, com atrofia do deltoide e dos músculos da loja anterior do braço (inervados pelo musculocutâneo); atrofia de alguns músculos do antebraço com predomínio de flexão sobre extensão > rotação medial, anteriorização do ombro e mão “para fora”, escápula alada (por conta da inervação do serrátil anterior pelo nervo torácico longo); c) Distais ou caudais ou baixais (de Kumpke): possíveis lesões: nervos ulnar e parte distal de mediano e de radial; cursa com paralisia dos músculos intrínsecos da mão (tenares, hipotenares e interósseos) > “mão em garra” = supinação + flexão do punho e dos dedos; predomínio de flexão no antebraço e no braço, por falta de tônus extensor; Anatomia Médico-Cirúrgica Prof.º André Marcondes – 19/08/2019 Anatomia aplicada a lesões arteriais do MMSS - A primeira coisa a se pensar quando há uma oclusão arterial é se há a existência de uma via de circulação colateral; - O território vascularizado pela artéria em questão sofrerá um processo de isquemia, que pode culminar em necrose isquêmica (infarto); - A oclusão arterial coronariana é uma das situações mais frequentes em relação a lesões arteriais; Caso Clínico - Título do artigo: Lesão da artéria axilar secundária a fratura do terço proximal do úmero: relato de caso. - Anamnese: paciente, sexo feminino, de 84 anos, admitida no pronto socorro após ter sofrido queda ao solo com fratura do terço proximal do úmero direito (FTPU) e TCE (traumatismo crânio encefálico), evoluindo para um quadro de hematoma subdural agudo; - Ao exame físico: edema, hematoma e dor para movimentar o MSD (membro superior direito); - Exame neurológico: paresia na mão e no cotovelo; - Aa exame da articulação, a palpação dos pulsos distais (artérias radial, ulnar e ramo superficial da artéria radial na tabaqueira anatômica, no caso do membro superior) e a perfusão periférica estão presentes; - A radiografia do ombro direito evidenciava uma FTPU (fratura do colo do úmero direito), com acentuado desvio medial da metáfise; - Foi proposto tratamento cirúrgico, mas, por conta do TCE, o procedimento foi adiado; - O úmero foi desviado medialmente por conta da tração dos músculos latíssimo do dorso, peitoral maior e redondo maior > fratura de difícil tratamento conservador; - Estruturas que podem ser lesadas com esta fratura: artéria axilar, artéria braquial, artérias circunflexas anterior e posterior do úmero, nervo axilar (passa no espaço quadrangular e tem íntima relação com artéria circunflexa posterior do úmero); - Se a lesão fosse mais baixa, o nervo radial poderia ser lesado > não havia diminuição de força muscular localizada, mas sim difusa (indicativo de aporte arterial inadequado); - No terceiro dia de internação observou-se diminuição da temperatura no MSD, perfusão distal diminuída e ausência de pulsos distais > suspeita de trombose da artéria axilar; - Se houver trauma arterial, a rotura do vaso pode produzir lesão endotelial e, posteriormente, trombose na região (trombo branco > trombo vermelho); - Através da via deltopeitoral (sulco deltopeitoral) foi feita uma artroplastia por ressecção da epífise umeral; - À exploração cirúrgica, a artéria axilar estava íntegra, com pulso presente na região proximal ao foco de fratura e ausente na região distal à lesão; - Endarteriectomia = remoção cirúrgica da placa que obstrui a passagem do sangue; uso de contraste para visualização do fluxo arterial; - Cateter de Fogarty = fio que consegue vencer a resistência do trombo; - Uso de trombolíticos (estreptoquinase, por exemplo) para a eliminação de trombos não cirurgicamente; contraindicações da trombólise da paciente em questão: idade e hematoma subdural; - Paciente faleceu no pós-operatório após ter sido levada a UTI, onde chegou intubada e com instabilidade hemodinâmica; evoluiu com bradicardia seguida de assistolia que não pôde ser revertida > causa mortis: tromboembolismo pulmonar (provavelmente trombose venosa profunda nos MMII – por conta da instabilidade no pós-operatório - que não pôde ser evitada por conta do hematoma subdural); - Profilaxia de TVP: anticoagulantes, compressor pneumático dos membros superiores; Alguns conceitos... - Paresia = diminuição da força muscular; ocorre quando há fluxo arterial inadequado; - Parestesia = sensação subjetiva de formigamento; - Dispersão de sangue no tecido subcutâneo = equimose; - Bolsão de sangue = hematoma; superficialmente ao hematoma, pode haver uma equimose; - Um hematoma galeal pode originar uma equimose peri-orbital, por conta da frouxidão do tecido conjuntivo no local; 10 Anatomia Médico-Cirúrgica - Todo e qualquer exame de órgão par é COMPARATIVO; - Redução da fratura = posicionar os fragmentos ósseos em sua localização de origem; - Sinais de uma oclusão arterial = paresia, diminuição da temperatura, palidez e pulso impalpável ou filiforme assimetricamente; Caso Clínico 2 - Título do artigo: Fratura do acrômio associada a lesão arterial: relato de caso. - Anamnese: após sofrer queda sobre MSE, o paciente foi atendido em outro serviço onde recebeu anestesia para colocar o ombro no lugar; a mãe do paciente referiu diminuição da temperatura da mão (indicativo de lesão arterial); - Ao exame físico: dor à palpação da região posterior do acrômio, edema importante de todo o MSE e hematoma na face medial do braço; completa incapacidade funcional do membro associada a pulso radial normal e diminuição da temperatura da mão; - À radiografia simples do ombro: fratura da base do acrômio, desviada inferior e medialmente; - Foi encaminhado para serviço de angiologia para avaliação; foi realizado exame de Doppler colorido com transdutor linear nos vasos profundos do MSE, constatou-se ausência de sinais sugestivos de trombose venosa profunda aguda; - Doppler: uso de um feixe direcionado para um ponto específico; estima o fluxo em um ponto específico; menos anatômico que arteriografia, mas mais inócuo; - Angiografia digital no MSE (contraste > radiografia): artéria subclávia pérvia, artéria braquial pérvia, artéria radial pérvia, artéria ulnar ocluída logo após sua origem, com enchimento retrógrado; arco palmar superficial pérvio e arco palmar profundo opacificado parcialmente. - Se houvesse agenesia do arco palmar superficial > necrose dos dedos; - Mecanismo mais provável: trauma indireto do MMSS com cotovelo levemente flexionado e punho dorsofletido, pela presença de uma lesão arterial no antebraço distal à fratura do ombro (acrômio), apesar de não haver lesão do manguito rotador, por isso a lesão arterial não ocorreu por um desvio da fratura, o que aconteceria caso a lesão fosse mais proximal. A alta energia do trauma deve ser o primeiro parâmetro para pensarmos na possibilidade de uma associação entre as lesões > a projeção e a transmissão do vetor de força de impacto da lesão original levariam à ruptura arterial; 11 Anatomia Médico-Cirúrgica Anatomia Médico-Cirúrgica Prof.º José Kawazoe – 21/08/2019 Anatomia aplicada à inervação do membro inferior 1. Revisão de anatomia 2. Análise a partir dos nervos 2.1. Plexo lombossacral 2.1.1. Plexo lombar: formado por ramos ventrais de L2-L4. NERVO ORIGEM ESTRUTURA PARTE FUNCIONAL Genitofemoral L1-L2 Ramo genital: inerva cremaster, bolsa escrotal ou lábios maiores Ramo femoral: inerva pele e SC do trígono femoral Sensibilidade do trígono femoral Cutâneolateral da coxa L2-L3 Inerva pele e SC da região lateral da coxa Referência: espinha ilíaca antero-superior Femoral1 L2-L4 Motor: inerva todos os músculos da loja anterior da coxa (sartório e quadríceps femoral), ilíaco e pectíneo. Sensitivo: pele e SC da região anterior da coxa (cutâneos medial e intermédio da coxa) e nervo safeno. Flexão da coxa. Quadríceps: extensão da perna; reto femoral → músculo biarticular. Obturatório L2-L4 Inerva loja medial da coxa (loja dos adutores – adutor longo, curto e adutor magno (porção adutora), grácil e obturador externo); pele e SC da região medial da coxa Adução da coxa Grácil: auxilia na flexão da perna; forma pato de ganso - O músculo psoas maior, que se origina dos processos transversos das vértebras lombares e se insere no fêmur, depois de ter se associado ao músculo ilíaco, dando origem ao músculo iliopsoas, atua na flexão da coxa sobre a pelve e na estabilização da articulação coxofemoral; - 1Está localizado no trígono femoral, lateral à artéria femoral (NAV, de lateral para medial); 2.1.2. Plexo sacral: formado por ramos ventrais de L4-L5 (tronco lombossacral) e por fibras sacrais (S1-S3); topograficamente está localizado anteriormente ao músculo piriforme. NERVO ORIGEM ESTRUTURA PARTE FUNCIONAL Isquiático L4-S3 Componentes tibial (L4-S3) e fibular comum (L4-S2). Inerva os músculos do jarrete3 (e porção extensora do músculo adutor magno) e todos os músculos da perna e do pé; se divide em tibial e fibular comum na altura da fossa poplítea; Tibial: extensão da coxa, flexão da perna, flexão plantar, flexão dos dedos e do hálux; Glúteo superior L4-S1 Músculos glúteos médio, mínimo e tensor da fáscia lata (TFL) Estabilização da pelve durante a marcha; abdução da coxa e rotação medial da coxa; flexão da coxa (TFL) Glúteo inferior L5-S2 Músculo glúteo máximo Extensão da coxa; pouco utilizado na marcha normal; auxilia na rotação lateral da coxa Cutâneo posterior da coxa S1-S3 Passa na borda inferior do m. piriforme Inerva pele e SC da região posterior da coxa Nervo para o piriforme - Inerva o músculo piriforme Rotação lateral do fêmur Nervo para o quadrado da coxa e o gêmeo inferior - Inerva os músculos quadrado da coxa e gêmeo inferior Rotação lateral da coxa Nervo para o obturatório interno e gêmeo superior - Inerva os músculos obturatório interno e gêmeo superior Rotação lateral da coxa 12 Anatomia Médico-Cirúrgica - Músculos rotadores laterais da coxa: piriforme, obturador interno, obturador externo, quadrado da coxa, gêmeo superior e gêmeo inferior. - 3 Componente tibial do nervo isquiático (L4-S3): na região posterior da coxa, inerva os músculos semitendíneo, semimembranáceo e a porção longa do bíceps femoral; é responsável, também, pela inervação dos músculos da região posterior da coxa (atravessa o anel tendíneo do sóleo, inervando o tríceps sural, o poplíteo e outros músculos profundos), sendo passível de ser lesado em fratura de diáfise da tíbia; auxilia na flexão do joelho, na flexão plantar e na flexão do hálux e dos dedos; emite o nervo cutâneo medial da perna, que se junta ao comunicante fibular, formando o nervo sural (inerva pele da face lateral do dorso do quinto dedo do pé; possui trajeto superficial, por isso é usado para a investigação histopatológica de neuropatias periféricas), que acompanha a veia safena parva, passando posteriormente ao maléolo lateral; o nervo tibial passa pela goteira retromaleolar medial juntamente com a artéria tibial posterior e os tendões dos flexores longo do hálux e longo dos dedos, dividindo-se em plantar medial (abdutor do hálux, flexor curto dos dedos, 1º lumbrical e flexor curto do hálux) e plantar lateral (possui uma distribuição maior que plantar medial) → inervam todos os músculos intrínsecos da planta do pé (abdução e adução dos dedos do pé). Expressão sensitiva dos plantares: divisão no quarto dedo (o que é medial é do plantar medial e o que é lateral é do plantar lateral). Componente fibular comum do nervo isquiático (L4-S2): na região posterior da coxa, inerva a porção curta do bíceps femoral; ainda como fibular comum, emite o cutâneo lateral da perna (cutâneo sural lateral) e comunicante fibular, que se junta com o cutâneo medial da perna, para formar o nervo sural; Nervo fibular profundo: inerva loja anterior da perna (tibial anterior → dorsiflexão, extensores longos do hálux e dos dedos e fibular terceiro); no dorso do pé, inerva extensores curtos do hálux e dos dedos; é mais superficial no colo da fíbula → uma lesão nesse sítio pode causar, pelo menos, uma neuropraxia do nervo; encontrado na borda lateral do músculo tibial anterior; Nervo fibular superficial: inerva loja lateral da perna (fibulares longo e curto → eversão do pé); • Inervação sensitiva do dorso do pé: divisão no terceiro dedo; faces adjacentes do hálux e do segundo dedo → fibular profundo (nervo da Havaiana); cutâneos medial e lateral do dorso do pé são ramos do nervo fibular superficial e inervam porção medial e lateral do terceiro dedo do pé, respectivamente; face lateral do dorso do quinto dedo → contribuição do nervo sural; 3. Análise a partir dos movimentos MOVIMENTOS DO QUADRIL4 MOVIMENTO GRUPO MUSCULAR INERVAÇÃO Rotação lateral Piriforme, obturatórios interno e externo, gêmeos superior e inferior, quadrado femoral (6) e glúteo máximo Ramos do plexo lombossacral Nervo glúteo inferior Rotação medial Glúteos médio e mínimo e tensor da fáscia lata (primariamente flexor da coxa) Nervo glúteo superior Abdução Glúteos médio e mínimo e tensor da fáscia lata Nervo glúteo superior Adução Adutores longo, curto e magno (porção adutora) e pectíneo Nervo obturatório Flexão Psoas maior e ilíaco (iliopsoas), reto femoral, pectíneo, sartório e tensor da fáscia lata (se houver resistência ao movimento) Plexo lombar, nervo femoral e glúteo superior Extensão Glúteo máximo, isquiotibiais e porção extensora do adutor magno Nervos glúteo inferior, isquiático (componente tibial, exceto porção curta do bíceps femoral) MOVIMENTOS DO JOELHO5 Flexão 120º com quadril estendido, 140º com quadril fletido e 160º passivo; músculos isquiotibiais (biarticulares), gastrocnêmios, poplíteo, grácil e sartório Nervo isquiático (quase todos por componente tibial), tibial, obturatório e femoral Extensão Quadríceps femoral Nervo femoral Rotação lateral (em flexão) Bíceps femoral Nervo isquiático Rotação medial (em flexão) Poplíteo, sartório e grácil Nervo tibial, femoral e obturatório MOVIMENTOS DO TORNOZELO Flexão plantar Tríceps sural, tibial posterior, flexores dos dedos e flexor do hálux Nervo tibial Dorsiflexão Tibial anterior, extensores longos do hálux e dos dedos, fibular terceiro Nervo fibular profundo Inversão (planta para medial) Tibiais anterior e posterior Fibular profundo e tibial Eversão (planta lateral) Fibular longo (até base do 1º metatarso) e fibular curto (até base do 5º metatarso) Fibular superficial MOVIMENTOS DOS DEDOS Extensão dos dedos Extensores longos e curtos do hálux e dos dedos Fibular profundo Flexão dos dedos Flexores longos e curtos do hálux e dos dedos Tibial 13 Anatomia Médico-Cirúrgica Abdução dos dedos Plantares medial e lateral Adução dos dedos Interósseos dorsais Plantar lateral 4 Como a articulação coxofemoral é uma articulação do tipo sinovial esferoide, é capaz de realizar movimentos nos três eixos (triaxial). 5 Articulação condilar que prioriza os movimentos de extensão e flexão. Anatomia Médico-Cirúrgica Prof.º André Marcondes – 02/09/2019 Anatomia aplicada ao exame das articulações - Cada parte do corpo tem uma sequência própria de exame físico, porque esse conjunto de procedimentos é um produto direto da anatomia da área; 1. Inspeção (ou ectoscopia) - Observação da forma e do volume; posiçãode repouso das estruturas (não é a posição anatômica, no caso dos antebraços) → reflete o tônus muscular que é exercido sobre a articulação; - Na posição ortostática, a articulação fica “trancada”, na qual os movimentos estão limitados; - Notar a presença do osso sesamoide, se houver, como a patela; - Ver sinais inflamatórios: dor, calor, rubor e edema; - As articulações possuem temperatura mais baixa que restante do segmento anatômico; - Algumas doenças possuem posicionamentos articulares muito típicos, como a artrite reumatoide; Artrite reumatoide → cursa com alterações do formato da mão: desvio ulnar das articulações metacarpofalângicas e flexão das articulações interfalângicas distais. A aponeurose extensora dos dedos cede e se abre no meio, formando uma fenda longitudinal, através da qual a base da falange distal migra, entre as duas lâminas que aparecem com a fenda das articulações, gerando uma deformidade em pescoço de cisne. Início do comprometimento: inflamação das articulações interfalângicas proximais propicia o aparecimento de um edema fusiforme; Artrose dos dedos: independe da existência de artrite reumatoide; os dedos mudam seu formato porque as cartilagens articulares se desgastam ao longo do tempo → estímulo osteogênico → neoformação óssea; proeminência nas articulações interfalângicas proximais → nódulos de Bouchard; proeminência nas articulações interfalângicas distais → nódulos de Heberden; frequente em indivíduos cuja ocupação dependeu muito das mãos. Joanete: muito comum em mulheres, por conta do uso de sapatos de salto; os ligamentos intermetatársicos cedem e a resistência que o calçado faz e o peso jogando para diante desvia medialmente o hálux; a proeminência observada não é uma neoformação óssea, mas sim o desvio medial da cabeça do primeiro metatarso; exige a realização de cirurgia. Geno varo: não é apenas uma modificação no alinhamento das peças articulares do joelho → há um movimento correspondente no tornozelo e no quadril; mudança no eixo longitudinal do fêmur; Geno valgo: geralmente se associa a deformidades do pé (joanete → todo o peso jogado no arco plantar medial; aplainamento do arco plantar medial → pé chato); deslocamento lateral do eixo de sustentação do MMII; - Os arcos plantares são os “amortecedores” dos pés; 14 Anatomia Médico-Cirúrgica Alguns conceitos... - Posição antálgica: determinada posição que o segmento faz para “evitar” a dor → produzida por lesões articulares. - Luxação → deslocamento dos constituintes da articulação da posição original; - Quirodáctilo → dedo da mão; - Pododáctilo → dedo do pé; - Artrite → processo inflamatório em uma articulação; cursa com aumento da temperatura e vermelhidão da pele sobrejacente; - Artrite séptica → há a formação de um bolsão de pus; 2. Palpação - Todas as manobras que são feitas com as mãos na região; - Palpação inespecífica: temperatura, dor, quantidade e flutuação de líquido (derrame articular → aumento expressivo no volume do líquido sinovial; sangue, pus, líquido inflamatório transudativo); - Movimentação da articulação (própria de cada articulação): é necessário conhecer os planos e eixos de movimentos de cada uma das articulações; 1. Movimentação ativa: o paciente deve tentar fazer a movimentação; 2. Movimentação passiva: se houver dificuldade, o examinador deve fazer o movimento (para saber se a limitação é óssea ou articular); ⎯ Uma mão é usada para fazer o movimento e a outra mão é posicionada sobre a articulação, para constatar a existência ou não de crepitações (aparece quando há desgaste das cartilagens articulares); 3. Avaliar todo o arco do movimento Exame da articulação do joelho a) Anatomia do joelho: - Peças ósseas: côndilos femorais, patela, côndilos tibiais e cabeça da fíbula; - As superfícies articulares que compõem a articulação do joelho são totalmente revestidas por cartilagens articulares; - O encaixe melhor dos côndilos femorais e dos côndilos tibiais é proporcionado pelos meniscos lateral (mais fechado, alto e móvel em relação ao menisco medial) e medial, que possuem formato de C; - Os ligamentos cruzados se fixam nos tubérculos anterior e posterior da eminência intercondilar; o LCA vai de trás para diante e o LCP, de diante para trás (conforme inserção na tíbia); - O ligamento colateral medial (mais plano que o colateral lateral) e o ligamento colateral lateral (de formato cilíndrico, está preso no ápice da fíbula) limitam os movimentos da articulação do joelho); b) Inspeção do joelho - Artrite do joelho: aumento de volume por derrame articular; rubor → inflamação; só há indicação de drenagem se houver abcessos purulentos ou sangue na cavidade articular; - A vascularização dos ossos é mais pobre que a de músculos, por isso em muitos casos os antibióticos têm pouco efeito; - A maioria dos casos de artrite é inflamatória, não séptica, não necessitando de procedimentos cirúrgicos para a resolução do caso; - Algumas condições reumatológicas, produzem artrites simétricas; - Rotação medial da perna ou rotação lateral do fêmur produz com muita frequência lesões no LCA; - Abdução excessiva → lesão do ligamento colateral medial; esmagamento do menisco lateral e lesões dos ligamentos cruzados anterior e posterior; Manobras de exame físico - Teste da gaveta anterior: joelho em flexão a 90º, paciente em decúbito dorsal; o examinador segura a tíbia e traciona anteriormente; verifica integridade do LCA; 15 Anatomia Médico-Cirúrgica - Teste de Lachman: paciente em decúbito dorsal, com membro inferior em semiflexão; verifica integridade do LCA; - Teste da gaveta posterior: testa integridade do LCP; - Abdução forçada: verifica integridade do ligamento colateral medial; bocejo articular → pequeno movimento forçado que acontece quando há lesão completa da articulação; estresse em valgo; - Adução forçada: verifica integridade do ligamento colateral lateral → estresse em varo; - Teste em pivô: verifica integridade do mesnisco; o joelho deve estar semiflexionado; o examinador segura o tornozelo do paciente e faz rotação medial do joelho; - Teste de McMurray: rotação lateral do joelho; 16 Anatomia Médico-Cirúrgica Anatomia Médico-Cirúrgica Prof.º José Kawazoe – 04/09/2019 Anatomia aplicada ao exame dos pulsos periféricos 1. Introdução 2. Definição técnica Expansão repentina da parede arterial resultante da ejeção de sangue na aorta e sua transmissão ao longo do sistema arterial. O impulso que vem do ventrículo esquerdo pode ser transmitido em uma velocidade até 20 vezes maior que a própria velocidade do sangue ejetado. Não é a passagem de sangue na artéria naquele momento, mas sim a pressão que altera a parede a artéria assim que o sangue é ejetado do ventrículo esquerdo. - Técnica: paciente reclinado ou em repouso e o examinador deve utilizar sempre o dedo indicador ou o dedo médio. Por que não usar o polegar? Apesar de ser o dedo com maior expressão cortical, a aferição do pulso com o polegar pode sabotar o exame, pois o examinador pode sentir o pulso do próprio dedo. - Imagem mental do pulso: fase ascendente, pico e fase descendente. 3. Caracterização do pulso FRATECS = frequência, ritmo, amplitude, tensão, estado da parede arterial, controle de onda e simetria. Frequência: número de pulsações em um minuto. O ideal é aferir, pelo menos, durante um minuto. Ritmo: regular ou irregular. O ritmo irregular pode ser regularmente irregular ou irregularmente irregular. Amplitude: volume de uma onda; pode ser alta ou baixa. Tensão: força que o sangue realiza na parede da artéria. Estado da parede da artéria: na manobra de Osler, o manguito é insuflado paraque o examinador possa sentir o estado da parede. Contorno de onda: contorno que a onda faz entre o pico e a incisura dicrótica. Simetria: palpar os dois pulsos ao mesmo tempo, com exceção da palpação das artérias carótidas. 4. Limites anatômicos a) Artéria radial: pulso de acesso mais comum; Lateralmente: tendão do musculo braquiorradial; Medialmente: tendão do músculo flexor radial do carpo; Altura: região das pregas flexoras do punho. b) Artéria ulnar: em muitos casos, a artéria ulnar se encontra abaixo do tendão do músculo flexor ulnar do carpo, por isso sua palpação pode ser mais difícil. Tendão do músculo flexor ulnar do carpo → identificar o osso pisiforme; Tendão do músculo flexor superficial dos dedos. Altura: pregas flexoras do punho. c) Artéria braquial: importante para a aferição de pressão arterial pelo método auscultatório. Medial e abaixo ao tendão do músculo bíceps braquial; Aponeurose do músculo bíceps braquial; Sulco bicipital medial; Septo intermuscular medial. - Pedir ao paciente para fazer flexão do braço; d) Artéria femoral - Identificar região média entre segmento de reta que vai espinha ilíaca ântero-superior ao tubérculo púbico; - Importante para punção da veia femoral, localizada medialmente ao pulso da artéria femoral; e) Artéria poplítea: paciente sentado com a perna fletida; Borda lateral dos músculos semitendíneo e semimembranáceo; Borda medial do músculo bíceps femoral; Bordas das cabeças do músculo gastrocnêmio. f) Artéria tibial posterior: importantes para avaliar isquemia do paciente em casos de amputação traumática, por exemplo. 2 cm posterior à borda posterior do maléolo medial (em situações de edema, esse pulso pode desaparecer); Antes do feixe vascular, posteriormente ao maléolo medial, há os tendões dos músculos tibial posterior e flexor longo do hálux, seguidos do feixe vascular e do nervo tibial. g) Artéria dorsal do pé Tendão do músculo extensor longo do hálux Tendão do musculo extensor longo do segundo pododáctilo → tendões mais mediais no dorso do pé; Altura da linha de Chopart; 17 Anatomia Médico-Cirúrgica h) Artéria carótida: alterações cardíacas são mais percebidas nessa região. Lateralmente à proeminência laríngea em direção ao esternocleidomastóideo, afastando-o; Avaliar sempre um por vez; Trígono carotídeo: delimitado pelo ECM, ventre posterior do músculo digástrico e ventre superior do músculo omo-hióideo; i) Artéria temporal superficial Imediatamente anterior ao tragus; Síndrome do túnel do carpo ⎯ Caso clínico Anamnese: paciente do sexo feminino, 52 anos, lavadeira; Queixa principal: “alfinetadas e agulhadas na mão direita” (parestesia na face palmar da mão direita, primeiro, segundo e terceiro dedos), iniciada doze meses antes, com piora nos últimos cinco meses → compressão do nervo mediano ao nível do punho; Diagnóstico: síndrome compressiva distal do nervo mediano; Epidemiologia: mais frequente em indivíduos do sexo feminino, com idade entre 40 e 50 anos; está ligada a movimentos ocupacionais repetitivos; é a neuropatia periférica mais prevalente na população (chegando até 5% dos indivíduos em idade produtiva); Anatomia da região: túnel osteofibroso inextensível; conteúdo: tendões do flexores e nervo mediano; Fisiopatologia: compressão e, eventualmente, tração do nervo mediano; pode criar problemas na microcirculação sanguínea dentro do nervo; pode haver lesões de bainha de mielina, do axônio e do tecido conjuntivo de suporte; Etiologia: pode ser idiopática, por problemas de conteúdo, como tendinite com espessamento dos tendões dos flexores, hipertrofia tenossinovial, tenossinovite, variações anatômicas, tumor dentro do túnel, obesidade, gravidez e diabetes ou por problemas do continente, como artrose do punho, artrite reumatoide e acromegalia; pode ser aguda (por trauma ou hemorragia, por exemplo) ou por movimentos repetitivos; Manifestações clínicas: parestesia, perda de sensibilidade cutânea do território inervado pelo mediano, dor localizada na mão, que pode irradiar para o antebraço, paresia nos movimentos de adução e abdução do polegar, perda do tato; a longo prazo, o paciente pode desenvolver atrofia da musculatura tenar, apresentando dificuldades para a realização de movimentos de pinça; Exame clínico: dedo em gatilho (dedo que trava em flexão), sinal de Tinel (parestesia quando o martelo de percussão é aplicado no punho) e teste de Phalen (parestesia após flexão do punho por 60 segundos). Ao exame clínico, a pesquisa de sensibilidade pode ser feita por discriminação de dois pontos, de temperatura e de dor. O teste de pinçamento também pode ser feito. 18 Anatomia Médico-Cirúrgica Tratamento conservador: injeção local de corticoides (ação anti-inflamatória); Tratamento cirúrgico: descompressão cirúrgica por secção do retináculo dos flexores; Anatomia aplicada ao exame da marcha 1. Conceitos básicos - A marcha é um ato automático, faz parte do cotidiano; - Diferença entre passo e passada: Passo: desde o momento em que um pé toca o chão até que o outro pé toque o chão; Passada: desde o momento em que um pé toca o chão até o momento em que esse mesmo pé toque o chão novamente; 2. Fases da marcha Didaticamente, pode ser dividida em duas fases: a fase de apoio e a fase de balanço. a) Fase de apoio (como é maior que a fase de balanço, eventualmente haverá superposição de duas fases de apoio subsequentes) b) Fase de balanço (ou de oscilação) FASE DA MARCHA OBJETIVOS MECÂNICOS GRUPOS MUSCULARES EXEMPLOS F A S E D E A P O IO Toque do calcâneo (contato inicial) Tocar o solo com a parte anterior do pé Dorsiflexores (contração excêntrica) Tibial anterior Desaceleração contínua (reversão do avanço do pé) Extensores do quadril Glúteo máximo Preservar o arco longitudinal do pé Músculos intrínsecos do pé Tendões longos do pé Flexor curto dos dedos Tibial anterior Resposta à carga (pé apoiado) Aceitar o peso1 Extensores do joelho Quadríceps femoral Desacelerar a massa (retardar a dorsiflexão) Flexores plantares Tríceps sural Estabilizar a pelve Abdutores do quadril Glúteos médio e mínimo Preservar o arco longitudinal do pé Músculos intrínsecos do pé Tendões longos do pé Flexor curto dos dedos Tibial posterior Flexores longos dos dedos Apoio médio Estabilizar o joelho Extensores do joelho Quadríceps femoral Controlar a dorsiflexão (preservar o momento) Flexores plantares (contração excêntrica) Tríceps sural Estabilizar a pelve Abdutores do quadril Glúteos médio e mínimo Preservar o arco longitudinal do pé Músculos intrínsecos do pé Tendões longos do pé Flexor curto dos dedos Tibial posterior Flexores longos dos dedos Apoio terminal (saída do calcâneo) Acelerar a massa (deslocar o centro de gravidade para frente) Flexores plantares (contração concêntrica) Tríceps sural Estabilizar a pelve Abdutores do quadril Glúteos médio e mínimo Preservar o arco longitudinal do pé; fixar a parte anterior do pé Músculos intrínsecos do pé Tendões longos do pé Flexor curto dos dedos Tibial posterior Flexores longos dos dedos 19 Anatomia Médico-Cirúrgica Pré-balanço (saída dos dedos) Acelerar a massa Flexores longos dos dedos Flexor longo do hálux Flexor longo dos dedos Preservar os arcos dos pés: fixar a parte anterior do pé Músculos intrínsecos do pé Tendões longos do pé Adutor do hálux Tibial posterior Flexores longos dos dedos Desacelerar a coxa: preparar para o balanço Flexor do quadril (contração excêntrica) Iliopsoas Reto femoral F A S E D E B A L A N Ç O Balanço inicial Acelerar a coxa; variar a cadência Flexor do quadril (contração concêntrica) IliopsoasReto femoral Elevar o pé Dorsiflexores Tibial anterior Balanço médio Elevar o pé Dorsiflexores Tibial anterior Balanço terminal Desacelerar a coxa Extensores do quadril (contração excêntrica) Glúteo máximo Isquiotibiais Desacelerar a perna Flexores do joelho (contração excêntrica) Isquiotibiais Posicionar o pé Dorsiflexores Tibial anterior Estender o joelho para posicionar o pé; preparar para contato Extensores do joelho Quadríceps femoral - O objetivo da marcha é deslocar o centro da gravidade para frente (e um pouco para cima); - O centro de gravidade do corpo está localizado 1 cm a frente do promontório sacral; dependendo da fase da marcha, o centro de gravidade ultrapassou o membro inferior que está em contato com o solo, por isso a fase de balanço se inicia, para que o membro apoiado anteriormente ultrapasse novamente o centro da gravidade. - Contração excêntrica: contrai alongando (dorsiflexores após toque do calcâneo, permitindo o toque suave do pé no chão); contração concêntrica: contrai encurtando (flexores do antebraço, por exemplo). 1 Se o nervo femoral não estiver íntegro, o peso não é aceitado; - Alavanca inter-resistente: resistência ao peso = tíbia (no meio); potência = tendão do tríceps sural; onde a força é exercida = no antepé; 3. Diferença entre marcha e corrida - Na marcha, sempre um dos pés está em contato com o chão; - A corrida é uma sucessão de pequenos saltos → haverá partes do seu ciclo em que nenhum dos pés está no chão; 4. Marchas normais e patológicas a) Cerebelar ou ebriosa: oscilante, instável e de base larga. Dificuldade exagerada ao fazer curvas. Exemplos: doenças do cerebelo ou dos tratos associados; pacientes embriagados; b) Hemiplégica / ceifante / helicópede: um braço flexionado em 90º imóvel e próximo ao corpo. A perna do mesmo lado fica espástica com flexão plantar e o joelho não se move. O pé descreve uma trajetória em foice. Exemplo: doenças do trato córtico-espinal, como AVC. c) Escarvante: em função de um déficit na dorsiflexão do pé, ao caminhar, a pessoa arrasta o mesmo e eleva-o bem alto, com os joelhos flexionados. O pé retorna ao chão com uma batida. Exemplos: lesões do nervo fibular, isquiático ou na raiz de L5, doenças do neurônio motor inferior. 20 Anatomia Médico-Cirúrgica d) Anserina: quando a pessoa dá o passo, o quadril oposto cai em função de uma fraqueza nos músculos da região, lembrando a marcha de um ganso. Exemplo: distrofias musculares, outras miopatias e luxação do quadril. e) Tabética: durante a marcha a pessoa mantém o olhar fixo no chão e levanta abruptamente os membros inferiores do mesmo e, ao serem realocados, os calcanhares tocam o solo pesadamente. Exemplos: lesão do corno posterior da medula, com perda da propriocepção; f) Parkinsoniana: hesitação ao iniciar a caminhada, os passos são rápidos, curtos e os pés arrastam no chão. “Robotizada”, com o tórax e a cabeça inclinados para frente. Ocorrem paradas súbitas sem motivo aparente, fenômeno conhecido como “feeezing”. Exemplos: doença de Parkinson e outras demências em estado avançado. g) Espástica / espasmódica: os membros inferiores ficam enrijecidos, permanecem semifletidos, os pés se arrastam e as pernas se cruzam ao andar. Exemplos: alguns casos de esclerose múltipla, paraparesias dos membros inferiores. h) Vestibular: o paciente apresenta lateropulsão quando anda. Quando tenta se manter andando em linha reta, é como se fosse empurrado para o lado. Se fechar os olhos e for solicitado que caminhe indo e vindo de costas, desenhará uma estrela no chão. Exemplos: labirintopatias. i) Antálgica: diminuição do comprimento do passo; dor em MMII. j) de Trendenlemburg ou do glúteo médio 21 Anatomia Médico-Cirúrgica Anatomia Médico-Cirúrgica Prof.º André Marcondes – 09/09/2019 Obstrução nasal e sinusite de repetição - Anamnese: paciente do sexo feminino, branca, 35 anos, advogada, moradora de Niterói; - Queixa principal: “dificuldade para respirar e sinusite”; - HDA: dificuldades para inspirar apenas pela narina esquerda há cerca de seis meses, três episódios de sinusite nos últimos 12 meses, todos do lado esquerdo; - HPP: episódio de sangramento nasal espontâneo, rinite alérgica, cirurgia para correção do tornozelo direito há 10 anos; - História fisiológica/social: nega tabagismo, etilista de pequenos volumes; - História familiar: irmão com neoplasia do cólon aos 44 anos, pai com DM e HAS; Alguns conceitos... - A rinite alérgica é a principal causa de obstrução nasal crônica → inflamação e edema de mucosa → obstrução da drenagem; a maior parte das obstruções não tem qualquer implicação mecânica; - O episódio de sangramento nasal espontâneo pode ser consequente da rinite alérgica, porque a mucosa fica mais friável, sensível; - Uma informação muito significativa na história do paciente é a existência de neoplasia do cólon em parente direto → é recomendada a realização de colonoscopia a cada cinco anos, ainda que assintomática (a história deve ser completa); - Outro conceito que merece atenção é o de tumoração que, literalmente, remete a crescimento do tecido e, no linguajar médico, representa o crescimento de um tecido diferente do tecido de origem (tumoração do tipo benigna ou maligna); quanto mais diferenciado é uma tumoração, mais semelhante ao tecido de origem; - Neoplasias múltiplas ou tumores sincrônicos: tumores primários em mais de um órgão ao mesmo tempo; - No linguajar médico, um pólipo nasal representa um tumor benigno da região. Literalmente, representa o crescimento de algum tipo de tecido, que é classificado conforme seu formato. Um crescimento de formato polipoide é caracterizado por um colo estreito e uma extremidade superior alargada; - Há três pilares de sustentação da face, criados pelos vetores de força da mastigação – partes ósseas mais rígidas; Exame clínico - Observação das cavidades nasais do paciente com a utilização de um espéculo – exame feito pelo médico especialista → é possível visualizar o septo nasal (parede medial da cavidade nasal) e a parede lateral da cavidade nasal (as três conchas e os três meatos nasais); - Uma fibra ótica é introduzida através da narina e a cavidade nasal é observada → rinoscopia; - Ao exame clínico, foi identificada a presença de uma estrutura de formato polipoide no meato nasal médio, obstruindo o orifício de drenagem do seio maxilar e dos seios etmoidais. Como a secreção não pode ser drenada adequadamente, a proliferação de microrganismos da microbiota nasal é facilitada. Eventualmente, o edema de mucosa pode provocar congestão nasal e, assim, dificultar a drenagem das secreções. - Outra causa de obstrução nasal bem frequente é a sinusite crônica com cisto de retenção (não possui nível hidroaérea), formado a partir da secreção nasal que descola parte da mucosa e cria uma espécie de pseudomembrana. - Desvio de septo: o paciente não obrigatoriamente possui uma obstrução da cavidade nasal, mas esteticamente não é agradável; de fato, o formato do nariz não é um bom parâmetro para saber se há obstrução ou não da cavidade nasal; 22 Anatomia Médico-Cirúrgica Epistaxe – sangramento nasal - Independente da causa, sendo as mais frequentes as condições alérgicas – como rinite alérgica -, que irritam e ressecam a mucosa; - Eventualmente, esse sangramento precisará ser cauterizado; Existem áreas que estão mais sujeitas a sangramentos: Área de Little: área de intersecção entre a artéria labial superior e a artéria etmoidal anterior, na porção mais anterior da cavidade; área muito rica em vascularização, por conta da necessidade de aquecimento e umidificação do ar que entra na cavidade nasal; eventualmente sangramentos necessitam de cauterização; muito relacionada ao arseco, profundamente às cartilagens alares do nariz, no vestíbulo nasal; Área de Kisselbach: intersecção da artéria incisiva com o ramo terminal da artéria maxilar, a esfenopalatina, e com as artérias etmoidais posteriores; área mais posterior e com volume maior de sangue; posteriormente ao processo alveolar; frequentemente necessita de rinoscopia para visualização; 23 Anatomia Médico-Cirúrgica Anatomia Médico-Cirúrgica Prof.º André Filipe – 16/09/2019 Anatomia aplicada ao exame físico do tórax EXAME FÍSICO DO TÓRAX O exame físico do tórax deve ser feito em etapas, mas a ordem não interfere na acurácia do exame, dentre as quais: 1) Inspeção 1.1) Inspeção estática 1.2) Inspeção dinâmica 2) Palpação 2.1) Palpação inespecífica 2.2) Expansibilidade 2.3) Elasticidade 2.4) Frêmito toraco-vocal 3) Percussão 4) Ausculta 1) Inspeção (ectoscopia) 1.1) Estática (principalmente formato do tórax): visualização de alterações cutâneas, abaulamentos, da forma do tórax, retrações e alterações grosseiras, implantação de pelos, cicatrizes, existência de drenos e cateteres etc. 1.1.1) Formatos do tórax: normalmente tem um formato de “triângulo invertido”, com ápice voltado para baixo; MMSS implantados na parte mais posterior de uma divisão anteroposterior do tronco; - Anormalidades do formato do tórax: a) Tórax em tonel: aumento significativo do diâmetro anteroposterior, também conhecido por tórax hiperinsuflado, típico de DPOC (sobretudo, enfisema), condição comum em indivíduos com idade mais avançado, quando presente em crianças pode ser resultado de alteração congênita na síntese de alfa-1 tripsina (?); na imagem radiográfica, visualização de aplainamento das cúpulas diafragmáticas. b) Tórax cifótico: grande projeção posterior, produto da acentuação da curvatura primária da coluna vertebral, que possui dois tipos de curvatura, as de concavidade anterior (cifose ou curvatura primária) e de concavidade posterior (lordose ou curvatura secundária); ombros em protração, produto de deformidades posturais; na radiografia, recesso retrocardíaco aumentado no tórax cifótico; Raios-X: normalmente em AP e perfil, mas radiografias do tórax (com paciente em posição ortostática) são feitas em PA e perfil (!) c) Escoliose: pode aumentar o diâmetro anteroposterior do tórax; processos espinhosos das vértebras estão desalinhados na anatomia de superfície. Mecanismo: uma vez que processos transversos impedem flexão lateral, uma pequena rotação das vértebras gera desalinhamento dos processos laterais e, assim, possibilita flexão lateral. Há duas curvaturas: primária, mais inferior, e curvatura secundária, gerada por uma tentativa de equilíbrio da musculatura paravertebral. Pacientes com grande inclinação possuem uma angulação das costelas muito grande, projeção posterior de um lado e anterior do outro. Giba escoliótica = proeminência mais posterior gerada pela projeção dos arcos costais para trás. Manobra de exame físico: pedir ao paciente para se inclinar para diante e posicionar-se tangenciando o olhar para observar a giba escoliótica. d) Alterações por posicionamento inadequado do esterno - Pectus excavatum, do sapateiro ou infundiliforme: esterno projetado posteriormente, bastante comum, pode estar relacionado a síndromes obstrutivas respiratórias, desde a infância, por conta da intensificação dos movimentos da alça de balde (que aumentam o diâmetro latero-lateral do tórax durante respiração), que são acentuados para vencer a obstrução; pode haver malformações associadas. (Alça de bomba é outro movimento do tórax realizado durante movimento respiratório, para aumentar o diâmetro anteroposterior da cavidade torácica; cartilagens costais permitem deformação do tórax a cada movimento respiratório) - Pectus carinatum: esterno projetado anteriormente. - Esterno bífido: esterno dividido em dois em sua parte superior; dobramento lateral do embrião inadequado; 24 Anatomia Médico-Cirúrgica aprofundamento pronunciado da incisura do esterno (fúrcula esternal); 1.2) Inspeção dinâmica (principalmente observação da movimentação do tórax): tipo e padrão respiratórios, uso dos músculos acessórios (peitoral maior, escalenos, latíssimo do dorso), movimentação; 1.2.1) Tipos (padrões) de respiração: - Respiração torácica ou costal na posição ortostática ou sentada: sexo feminino; acentuada no sétimo mês de gestação, quando útero gravídico dificulta movimento do diafragma; - Respiração diafragmática (abdominal) em decúbito dorsal: sexo masculino. 1.2.2) Linhas de referência: uso de acidentes anatômicos como pontos de referência; linhas horizontais são traçadas utilizando-se como referência os espaços intercostais anteriormente, enquanto as linhas verticais possuem limites anatômicos pouco definidos; • Anteriormente: linha média (ou plano sagital), linha hemiclavicular, linha axilar anterior (margem do peitoral maior ou extremidade lateral da clavícula). • Lateralmente: linhas axilares média e posterior. • Posteriormente: linha média, usando como referência processos espinhosos das vértebras, linha escapular (ângulo inferior da escápula como referência, não margem medial da escápula) Definições importantes: - Proeminência esternal, ângulo de Louis ou articulação manúbrio-esternal: ao nível de T4, lateralmente: segunda cartilagem costal (acima do segundo espaço intercostal). - Ângulo entre duas margens costais ou infracostal ou subcostal ou de Charpy: aproximadamente 90º, definição do tipo físico do indivíduo, ângulo obtuso: indivíduos brevilíneos, ângulo agudo: indivíduos longilíneos. - Projeção de superfície do coração: também chamada de região precordial, definida por polígono criado pelas áreas usadas para realização da ausculta cardíaca. Dentre as quatro áreas de ausculta (percepção com maior clareza dos fenômenos relacionados a cada uma das regiões) estão: 1) área aórtica: 2º EICD, por conta da curvatura para o lado direito da aorta; 2) área pulmonar: 2º EICE, embora artéria pulmonar saia do ventrículo direito; 3) tricúspide: próximo ao apêndice xifoide; 4) mitral: linha hemiclavicular, quarto ou quinto EIC esquerdo; 5) aórtica acessória: 3º EICE, área dentro do VE, verificação do fenômeno de insuficiência aórtica; - Ausculta pulmonar: fisiologicamente, presença de ruído próprio, murmúrio vesicular. Como bases são mais ventiladas que ápices, há diferença na percepção desses ruídos. Ausculta comparativa nos espaços intercostais; face lateral também deve ser examinada. - Percussão da parede torácica: área sólida (lado direito do tórax, por conta do fígado): macicez; timpânica: percussão de estruturas ocas. Pulmão: ruído atimpânico, órgão nem maciço nem oco, exame não pode ser feito em cima da escápula, dedo deve estar adaptado ao espaço intercostal, horizontalmente posicionado. Percussão do tórax: sempre nos espaços intercostais. PARA TODO ÓRGÃO PAR EXAME É COMPARATIVO. 25 Anatomia Médico-Cirúrgica Anatomia Médico-Cirúrgica Prof.º José Kawazoe – 18/09/2019 Anatomia aplicada aos procedimentos de acessos vasculares - Acessos arteriais 1. Artéria femoral 2. Artéria radial - Acessos venosos 3. Veia subclávia 4. Veia femoral 5. Veia jugular interna 1. Anatomia aplicada à cateterização da artéria femoral 1.1. Indicações: ⎯ Realização de cineangiocoronariografia > acesso ao coração esquerdo; ⎯ Procedimentos endovasculares de um modo geral, como implante percutâneo de válvula aórtica; ⎯ Coleta de gasometria arterial (método menos invasivo e mais fácil): recomendado para a coleta de sangue arterial de pacientes chocados com PA reduzida e quando houver dificuldade para palpar o pulso radial); ⎯ Monitorização de PAM (primeira opção é a radial); 1.2. Técnica: - Geral: 1 - Posicionar o paciente 2 - Prepararo material 3 - Localizar a artéria 4 - Proteção do profissional 5 - Assepsia e antissepsia 6 - Anestesia local - Técnica de Seldinger 1- Punção da artéria com uma agulha acoplada a uma seringa – como a artéria tem pressão, o êmbolo da seringa será empurrado; 2- Retirada da seringa e oclusão da artéria com o dedo e passagem do fio-guia (metálico); 3- Retirada da agulha e inserção de um dilatador (peça plástica utilizada para dilatar o orifício tanto da pele quanto da artéria) – dilatação do trajeto; 4- Retirada do dilatador; 5- Introdução do cateter e retirada do fio-guia; 6- Confirmação da posição do cateter no interior da luz do vaso pelo refluxo do sangue arterial (pulsátil); 7- Fixação do cateter na pele; 8- Realização de curativo compressivo após a retirada do introdutor, que manterá o orifício aberto para angioplastias eletivas posteriores, por exemplo. Serve para evitar a formação de pseudoaneurismas derivados de danos nas paredes dos vasos e equimoses. 2. Anatomia aplicada à cateterização da artéria radial - De fácil palpação, com plano anatômico bem definido: lateral ao tendão do flexor radial do carpo e medial ao processo estiloide do rádio. - Plano anatômico da artéria ulnar: lateral ao tendão do flexor ulnar do carpo; 2.1. Indicações: ⎯ Realização de cineangiocoronariografia > acesso ao coração esquerdo (em pacientes jovens, é o acesso preferencial); ⎯ Gasometria arterial (primeira escolha); ⎯ Monitorização de PAM (via preferida); ⎯ Teste de Allen: feito in vivo; demonstra o suprimento vascular da mão através das duas artérias principais, a radial e a ulnar. Nesse teste, as duas artérias serão ocluídas. Enquanto o examinador pressiona os pulsos das duas artérias, o paciente deve abrir e fechar a mão para que o sangue seja drenado; individualmente, permite-se o retorno do fluxo, para verificar a perfusão e a circulação colateral; - Ténica: semelhante à técnica de cateterização da artéria femoral. 3. Anatomia aplicada à cateterização da veia subclávia A via central de acesso venoso foi utilizada pela primeira vez em 1952. Fornecia líquidos por via venosa e nutrição parenteral; 3.1. Vantagens: ⎯ Facilidade de manter a fixação do curativo; ⎯ É mais confortável para o paciente; ⎯ Em pacientes obesos é mais fácil de identificar anatomicamente que outros sítios de acesso; ⎯ Local de inserção acessível durante estabelecimento da via aérea; 3.2. Desvantagens: ⎯ Maior risco de pneumotórax; ⎯ Possibilidade de compressão em casos de sangramento é menor; ⎯ Menor possibilidade de sucesso em profissionais inexperientes; ⎯ Trajeto mais longo da pele até o vaso; ⎯ Mau posicionamento do cateter é mais comum; ⎯ Cateter pode ser afetado por ressuscitações torácicas; 26 Anatomia Médico-Cirúrgica 3.2. Indicações: ⎯ Hidratação venosa (quando volume é mais alto, como nos casos de grandes queimados, por exemplo); ⎯ Nutrição parenteral total; ⎯ Antibioticoterapia central; ⎯ Quimioterapia; ⎯ Hemodiálise (quando o paciente ainda não possui fístulas arteriovenosas); ⎯ Dificuldade de acesso venoso periférico; ⎯ Implante marcapasso provisório; ⎯ Procedimentos no coração direito, de uma forma geral (prótese de Amplatzer para tratar CIA, por exemplo). 3.2. Contraindicações (são relativas): ⎯ Distorção anatômica; ⎯ Lesão cutânea infecciosa próxima ao local da punção; ⎯ Evitada em pacientes anticoagulados, com alteração do coagulograma ou doença pulmonar unilateral ou bilateral grave (possibilidade de provocar um pneumotórax é alta – uma radiografia deve ser feita após a realização do procedimento de acesso venoso central para controle de qualidade do procedimento); 3.3. Técnica - Geral: 1 - Posicionar o paciente 2 - Preparar o material 3 - Localizar a veia 4 - Proteção do profissional 5 - Assepsia e antissepsia 6 - Anestesia local - Posição do paciente: decúbito dorsal; realizar manobra de Trendenlemburg (torna a veia mais calibrosa), com angulação de 15º; rodar a cabeça do paciente para o lado oposto (acesso é normalmente do lado direito, porque trajeto até o átrio direito é mais curto), com MMSS estendidos ao lado do corpo; pode-se usar um coxim embaixo dos ombros para hiperextensão da cabeça; - Local de punção: na junção do terço médio com o terço medial da clavícula, logo abaixo da clavícula, apontando a agulha em direção à fossa jugular (ângulo de 45º em relação à pele); - Ténica de Seldinger 1- Punção da veia com uma agulha acoplada a uma seringa; 2- Retirada da seringa e oclusão da veia com o dedo e passagem do fio-guia (metálico); 3- Retirada da agulha e inserção de um dilatador (peça plástica utilizada para dilatar o orifício tanto da pele quanto da veia) – dilatação do trajeto; 4- Retirada do dilatador; 5- Introdução do cateter e retirada do fio-guia; 6- Fixação do cateter na pele; 7- Realização de curativo compressivo após a retirada do introdutor. Serve para evitar a formação de pseudoaneurismas derivados de danos nas paredes dos vasos e equimoses. 4. Anatomia aplicada à cateterização da veia femoral *Vídeo do New England Journal of Medicine* - Relação anatômica de lateral para medial: NAV – nervo, artéria e veia (1 cm medial à artéria femoral). 4.1. Vantagens: procedimento rápido, veia de calibre razoável, não tão profunda, localizada ao lado de artéria com pulso fácil de palpar, possibilidade alta de sucesso; não interfere nas manobras de RCP e intubação orotraqueal e não há risco de pneumotórax; não há necessidade de fazer manobra de Trendenlemburg (MMII em nível mais alto que cabeceira do paciente); 4.2. Desvantagens: circulação de drogas durante RCP é mais lenta; a mobilização do paciente é dificultada; há dificuldade para manter local de inserção estéril; possui risco aumentado de trombose venosa; 4.3. Técnica: paciente em decúbito dorsal, elevação da cabeceira em até 15º, com membro inferior rodado lateralmente; local de punção: inferiormente ao ligamento inguinal e 1 cm lateralmente ao pulso da artéria femoral; 4.3. Indicações: acessos venosos: líquidos por via venoso e nutrição parenteral) 27 Anatomia Médico-Cirúrgica 5. Anatomia aplicada à cateterização da veia jugular interna 5.1. Vantagens: ⎯ Menor risco de pneumotórax; ⎯ Abordagem pela cabeceira do leito; ⎯ Compressão direta da artéria em caso de punção acidental (carótida); ⎯ Baixo risco de falha por profissionais inexperientes; 5.2. Desvantagens: ⎯ Não é o ideal para acessos de tempo prolongado; ⎯ Risco de punção da artéria carótida comum; ⎯ Desconforto do paciente; ⎯ Difícil manutenção do cateter e do curativo; ⎯ Risco de perfuração do ducto torácico, se for feito do lado esquerdo; ⎯ Difícil identificação em pacientes obesos ou edemaciados; ⎯ Proximidade do cateter na área de abordagem para pacientes com traqueostomia concomitante; ⎯ Veia propensa a colapsar em estados hipovolêmicos; ⎯ Difícil acesso durante vias emergências enquanto via aérea estiver sendo estabelecida; 5.3. Técnica: - Posição do paciente: decúbito dorsal (Trendenlemburg); cabeça rodada para lado oposto; um coxim pode ser posicionado debaixo para provocar hiperextensão do pescoço; - Local de punção: ápice do ângulo entre as cabeças do ECM; ângulo de 30-45º em relação à superfície da pele; apontar para mamilo ipsilateral; Anatomia Médico-Cirúrgica José Luiz Ramalho – 18/09/2019 Anatomia aplicada aos bloqueios anestésicos periféricos - Importante conhecer a inervação dos membros de acordo com os troncos nervosos e a metamerização: inervação óssea e cutânea; 1. Bloqueio de membro superior (MMSS) 1.1. Bloqueio de plexo braquial (C4-T1) 1.1.1. Acesso por via cervical: injeção única; chance alta de não ter bloqueio pleno do nervo ulnar;
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