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Tradição Nordeste

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UNIVERSIDADE FEDERAL DO VALE DO SÃO FRANCISCO 
ARQUEOLOGIA E PRESERVAÇÃO PATRIMONIAL 
REGISTRO RUPESTRE 
 
Alunos: Danielle Pinto Viana, Izabela Hernandez Cortez Lima, Thayane Bueno Andrade. 
 
INTRODUÇÃO 
 
As pinturas rupestres começaram a ser estudadas com mais afinco no meio acadêmico no fim 
do século XIX e início do século XX, as análises e suas interpretações foram feitas dentro dos 
parâmetros de história da arte, segundo Niède Guidon (2003 apud PESSIS, 2003, p.11); tendo 
sua mudança com os estudos de Annete Laming-Empreraire e André Gourham atribuindo novas 
interpretações desses registros. 
 
O estudo sobre registro rupestre no Brasil passou por um longo caminho até chegar no que 
conhecemos hoje, começando academicamente nos meados do século XX com o início da 
missão franco brasileira no Brasil. 
 
Em relação a seriação, podemos classificar os registros nas ordens de: 
 
Tradição – “faz referência à prática de uma recorrência estilística por um grupo cultural em um 
determinado período cronológico e em espaço geográfico circunscrito (grandes regiões 
rupestres)” (MARTIN, 2008, apud JUSTAMAND et al., p.155); 
 
Subtradição – “diz respeito a uma especialização de uma tradição rupestre, mantendo um padrão 
geral estético, mas contendo elementos diferenciados” (MARTIN, 2008, apud JUSTAMAND 
et al., p.155); 
 
Estilo – “maior especialização da tradição, de modo que possui mais elementos diferenciadores, 
mas mantém um uma recorrência técnica” (MARTIN, 2008, apud JUSTAMAND et al., p.155). 
 
 
 
 
 
 
 
 
TRADIÇÃO NORDESTE 
 
Determina seguramente uma das mais antigas representações rupestres do continente 
sul-americano, com cronologias que se remontam a 1200 BP, definida pela primeira 
vez na década de 70 na área arqueológica de São Raimundo Nonato, no Se do estado 
de Piauí. (MARTIN; ASÓN, p. 100). 
 
Como uma das tradições mais antigas de registro rupestre dentro do continente sul-americano, 
localizadas no Brasil, sertão do Piauí e dispersas por outras localidades: Região do Seridó, 
Estado do Rio Grande do Norte; na Chapada Diamantina e área de Central, Estado da Bahia, 
no vale do médio São Francisco, Estado de Sergipe, no sertão do Estado da Paraíba, e nos 
municípios de Buíque e Afogados de Ingeria, Estado de Pernambuco1. 
 
Dentre todas essas localizações foram encontradas uma grande diversidade de registros 
rupestres, aonde pode-se dividir em: Subtradição Várzea Grande no Piauí, Subtradição Seridó 
no Rio Grande do Norte e outra subtradição conhecida como Central, segundo Martin (1993). 
 
A missão franco-brasileira, Annete Laming-Empreraire e André Gourham, traz uma análise 
teórico-metodológico estruturalista. Influenciados por Lévi-Strauss, o grafismo deveria ser 
compreendido pelos seus próprios termos, num enfoque estritamente empírico, com espaço para 
experimentação, mas sem analogias etnográficas. 
 
Porém foi o André Prous e a Guidon que começam a trabalhar com os registros de uma forma 
voltada para a montagem de um quadro de referência de acordo com as características das 
pinturas e suas distribuições pelo país. 
 
A tradição Nordeste foi a mais representada (na área do Parque nacional da serra da 
capivara), caracterizando-se pela presença de figuras humanas e de animais, bem 
como de objetos e plantas. Essas figuras compõem ações que se referem a técnicas de 
subsistência, atividades cotidianas e cerimoniais. As pesquisadoras apontam sua 
origem na região sudeste do Piauí, tendo depois se difundido por todo Nordeste 
(GASPAR, p. 67). 
 
Essas pesquisas foram utilizadas com mais ênfases no Piauí e em Minas Gerais. E tinham quatro 
princípios orientadores: a identificação das estruturas regentes da organização gráfica do sítio; 
 
1 MARTIN; ASÓN. A TRADIÇÃO NORDESTE NA ARTE RUPESTRE DO BRASIL. Clio Serie Arqueológica 
N. 14. P. 100. 
 
 
 
 
 
 
a incorporação etnográfica como suporte; a interpretação dos significados dos grafismos; a 
busca de visualização da padronização, no registro gráfico, para a formulação de classificações 
culturais através de análises formais e a organização das unidades classificatórias em sequencias 
cronológicas relativas regionais. 
 
Apesar desses princípios e da própria classificação dos registros, detalhes característicos de 
cada arte podem variar segundo o ponto de vista do pesquisador. 
 
“A construção de um arcabouço teórico e metodológico e uso de categorias abstratas 
como tradição, subtradição e estilo contribuíram para o avanço dos estudos de arte 
rupestre, mas o significado dos termos pode sofrer variações a depender do 
pesquisador, de perspectiva teórica ou de região (NETTO, 2001; REIS, 2010 apud 
JUSTAMAND et al., p. 154)” . 
 
De caráter claramente essencialista, essa tradição caracteriza-se pela utilização de 
elementos gráficos mínimos, embora com traços tão precisos, que permitem a 
identificação das figuras e dos indicadores emblemáticos. Essa economia de traços 
descritivos permite maior precisão na hora de salientar diferenças. O hermetismo, que 
caracteriza a tradições nordeste, nos permite o reconhecimento das figuras, mas a 
mensagem nelas contida esta perdia para sempre (GUIDON, 2003 apud PESSIS, 
2003, p.12). 
 
Cada tradição tem seu conjunto de características marcantes mais presentes, conhecidos como 
elementos emblemáticos. A tradição nordeste conta com “figuras de antropomorfos, zoomorfos 
e fitomorfos, com um fácil reconhecimento visual e temático de cenas de caça, dança, 
cerimonias religiosas e cenas sexuais” (JUSTAMAND et al., p. 159-160). 
 
Estima-se que a tradição teria ocorrido entre 12 mil e 6 mil anos na região da serra da capivara. 
 
Os vestígios arqueológicos descobertos nas escavações indicam que, antes do 
aparecimento das pinturas da tradição nordeste, existiram outras formas de registro 
gráfico faz quais não se dispõe de dados suficientes para estabelecer suas 
características típicas (...) São marcas simples não reconhecíveis e que atestam que 
grupos humanos tinham essa prática pictural desde períodos muito recuados, no 
pleistoceno, há 29mil anos (PESSIS, p. 85). 
 
SUBTRADIÇÃO VÁRZEA GRANDE 
 
Na região sudeste do Piauí, especificamente na área arqueológica de São Raimundo Nonato, 
verificou-se a subtradição Várzea Grande, da qual se expande por 40.000 km² e resistiu por 
 
 
 
 
 
 
muito tempo no território piauiense. Dentre as pinturas rupestres dessa subtradição, as temáticas 
são geralmente representações de aspectos aparentemente reconhecíveis, como as figuras 
humanas, animais, plantas, e as não reconhecíveis, como algumas representações geométricas. 
 
Dentro da Subtradição Várzea Grande há três períodos de divisões bem definidos: o mais antigo 
tem em torno de 12.000 anos BP, “observam-se representações dinâmicas individuais que 
mostram aspectos lúdicos formados por casais ou grupos humanos e de animais”2; no segundo 
período tem em torno de 8.000 anos BP, “temática representada mais complexa, aumentam os 
atributos e os adornos nas figuras humanas e aparecem cenas de sexo grupal”3; o terceiro e 
último período o movimento das figuras é mais suavizado, tendem à geometrização das formas, 
há também o aumento de cenas de violência “aparecem claramente desenhados diversos tipos 
de armas, tais como machado, bordunas, propulsores e azagaias, mas não aparecem arcos e 
flechas.”4 A temática de guerra é uma forma de representação de parte desse cotidiano e da 
complexidade dos indivíduos. 
 
A partir disso a Subtradição Várzea Grande tem dois estilos e um complexo estilístico (Anne-
Marie Pessis, 1992), cada estilo corresponde a uma unidade cultural somada ao contexto 
arqueológico: estilo Serra da Capivara, fase inicial da Tradição Nordeste, característica 
principal é o enriquecimento dos componentes gráficos, aparecem às representações de ações 
de violência individual e coletiva; estilo Serra Branca, fase final da Tradição Nordeste, 
característicadesse estilo são as figuras humanas simples e ações dinâmicas; a fase 
intermediaria é o Complexo Estilístico Serra Talhada há variações gráficas impedindo se tornar 
um estilo. 
 
SUBTRADIÇÃO CENTRAL 
 
Pinturas localizadas em abrigos na Chapada Diamantina nos municípios de Lençóis e Morro do 
Chapéu, no sertão da Bahia. 
 
(...) numa extensa área, do sertão baiano, nas serras fronteiriças da depressão 
sanfranciscana, instalaram-se grupos étnicos que conheciam e representavam o seu 
 
² ³ ⁴ Tradição Nordeste na Arte Rupestre do Brasil, Anais da X Reunião Científica da SAB, pg. 102 
 
 
 
 
 
 
 
mundo espiritual com técnicas e temática da tradição Nordeste. A qualidade do traço, 
o movimento das figuras humanas, o tamanho reduzido dos grafismos, a identificação 
das espécies animais e certos grafismos “heráldicos” asseguram, sem dúvida, a 
existência de uma subtradição da grande tradição Nordeste, na Bahia (MARTIN, p. 
268). 
 
SUBTRADIÇÃO SERIDÓ 
 
Localizada na região entre os estados do Rio Grande do Norte e Paraíba, tem datação de cerca 
de 9.000 anos. Suas figuras são semelhantes “às da Serra da Capivara, com traços finos, figuras 
de tamanhos pequenos e pintadas nas cores vermelha, amarela e branca. [A diferença está nos 
temas próprios da região, como por exemplo as representações] de pirogas, um tipo de 
embarcação rústica feita de um só tronco de árvore cavado e que ainda são muito comuns pelo 
interior do Brasil” (Ensinar História, 2019). 
 
Apesar da subtradição Seridó e Várzea Grande possuírem semelhanças, uma vez que pertencem 
a mesma tradição (Nordeste), foi observada diferenças nas representações gráficas de figuras 
humanas. 
“As figuras humanas representadas nos sítios rupestres apresentam características visíveis que 
são opções de apresentação gráfica típicas, manifestas pelas escolhas culturais no plano técnico, 
temático e cenográfico.” (LEITE, p. 2) 
Detalhes emblemáticos na representação da subtradição são vistos na presença de cocares, 
superposições, cenas de dança e perspectiva. 
 
CONCLUSÃO 
 
Depois de exaustivas analises e leituras, podemos concluir que a analises/ leituras de registos 
gráficos rupestres entrou em um certo tipo de estagnação, fazendo com que os pesquisadores 
não olhem mais com um amplo olhar/ponto de vista e se foquem apenas em analises estilísticas, 
utilizando o que antes era um marcador/guia e transformando-o em objetivo. 
 
Ignorando a pluralidade cultural e variação de trocas da mesma, ao analisar os registros de um 
modo histórico-culturalista aplicando a distribuição de estilos por estados diferentes ao 
difusionismo, ou seja, algo que surgiu em um ponto único e foi se expandido para outros lugares 
 
 
 
 
 
 
tendo suas características principais sendo diminutas/acrescentadas por outros elementos do 
ambiente em que os grupos viviam, como no caso da subtradição Seridó (RN), onde pesquisas 
dizem que compartilham traços com a subtradição Várzea Grande (Piauí) porém com acréscimo 
de pirogas, elemento de navegação que não seria utilizável no semiárido. “Essas pinturas da 
subtradição Seridó evoluíram de forma diferente, própria de adaptações ao novo habitat” 
(PESSIS, p. 106). 
 
Colocando em um exemplo claro de Gaspar: 
 
No que se refere à análise de grafismos, é preciso considerar que mesmo as primeiras 
prospecções são procedimentos marcados pela orientação teórica adotada por 
pesquisadores. A sequência de tarefas desenvolvidas no campo que visa estudar da 
melhor maneira possível os grafismos é fruto de escolhas teórico-metodológicas que 
delineiam a produção de conhecimento. 
Em certo sentido, a própria escolha dos sítios estudados já é permeada pelos 
pressupostos teóricos abraçados pelo pesquisador (...) Se o estudioso considera 
grafismos como um sistema de comunicação, uma espécie de linguagem, ao estudar 
gravuras que têm como tema exclusivamente linhas, pontos e círculos, corre o risco 
de se perder num emaranhado de combinações de figuras e, dificilmente, conseguirá 
construir uma interpretação que dê conta da realidade observada. Certamente, seu 
trabalho será mais interessante se estiver estudando uma região onde as pinturas se 
caracterizem por cenas complexas com a participação de vários seres humanos e das 
quais se possa depreender o tipo de atividade ali representado. Quero dizer que alguns 
conjuntos de manifestações artísticas são objeto de estudo muito mais intrigante para 
quem está procurando entender o significado simbólico dos grafismos do que outros 
conjuntos (GASPAR, p. 21). 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
REFERÊNCIAS 
 
ARAUJO, P. & CISNEIROS, D. Apresentação Gráfica dos Antropomorfos Miniaturizados nas 
Pinturas Rupestres Pré-históricas do Parque Nacional Serra da Capivara. Fumdhamentos, 2016, 
vol. XIII. PP. 60-93. 
 
CISNEITOS, D. Similaridades e diferenças nas pinturas rupestres pré-históricas de contorno 
aberto no Parque Nacional Serra da Capivara – PI. Recife: O Autor, 2008. 
 
DOMINGUES, J. E. Pré-história do Brasil (parte 3): Seridó (RN) e Ingá (PB). Ensinar 
História, São Paulo, 9 de dez. de 2014. Disponível em: 
<https://ensinarhistoriajoelza.com.br/pre-historia-parte-3-serido-e-inga/>. Acesso em: 05 de 
nov. de 2019. 
 
GASPAR, MaDu. A arte rupestre no Brasil. Jorge Zahar Ed., 2003. 
 
GUIDON, Niède. Prefácio. In: PESSIS, Anne-Marie. Imagens da pré-história: Parque nacional 
serra da capivara. FUMDHAM/PETROBRAS, 2003. 
 
JUSTAMAND, M; et al. A arte rupestre em perspectiva histórica: uma escrita nas rochas. 
Revista de Arqueologia Publica, v. 11, 2017. 
 
LEITE, M. N., As representações humanas da subtradição Seridó de pinturas rupestre – RN. 
ANPUH, 2004. 
 
MARTIN, G. Pré-história do nordeste do Brasil. Recife: Editora Universitária da UFPE, 1999. 
 
MARTIN, Gabriela. Arte Rupestre e Registro Arqueológico no Nordeste do Brasil. Clio, Série 
Arqueológica, v. 9, 1993. 
 
MARTIN, Gabriela. Os rituais funerários na pré-história do Nordeste. Clio–série arqueológica, 
n. 10, p. 29-46, 1994. 
 
 
 
 
 
 
PESSIS, Anne-Marie. Imagens da pré-história: Parque nacional serra da capivara. 
FUMDHAM/PETROBRAS, 2003.

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