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Funções Psíquicas e sua Psicopatologia Enf. Samuel Pontes Enf. Polyanne Aparecida Moita Universidade de Brasília Enfermagem Psiquiátrica e Estágio Introdução • Psicopatologia e Psiquismo Alterado • Relação entre ciência e o seu objeto • Importa-se fundamentalmente com a FORMA de cada função, os conteúdos têm uma importância secundária. • Forma é a espécie e a ordem de atributos que nos permite definir o Objeto, identificando-o e dizendo que ele é. O Conteúdo é o sentido que definimos do objeto através dos sentidos dos seus atributos Fenomenologia • Do grego: Fenômeno=Phainomenom = Parecer • Ou seja, é uma investigação que busca a essência inerente da APARÊNCIA. • Características intrínsecas do Objeto • A aparência assume 2 concepções simetricamente opostas: - Ato de ocultar a realidade - Manifestação ou revelação da mesma realidade Importante!!! • Não se pretende reduzir o indivíduo humano a uma mera somatória de funções psíquicas • É essencial para a prática clínica a avaliação do doente mental como um todo biológico, psicológico e social • A descrição das funções psíquicas e sua patologia é feita separadamente, porém todas elas são estreitamente interligadas!!!! • A alteração isolada de uma delas nem sempre significa Patologia. Funções Psíquicas • Consciência • Atenção • Orientação • Memória • Pensamento • Linguagem • Juízo • Crítica • Sensopercepção • Inteligência • Conação • Psicomotricidade • Impulsividade • Afetividade • Prospecção • Pragmatismo Consciência Consciência • “ Atividade integradora dos fenômenos psíquicos, é o todo momentâneo que possibilita que se tome conhecimento da realidade naquele dado instante” • Pode ser dividida: - Na interioridade real da vivência - Na relação dicotômica sujeito/objeto - No conhecimento da consciência de si mesmo real----agora Consiste na via de inserção do ser no mundo Consciência “Palco onde os fenômenos psíquicos ocorrem” • Possui 2 dimensões: Vertical e Horizontal Dimensão vertical- grau de claridade ou nível de consciência/ alterações quantitativas/ nitidez da vivencia dos fenômenos psíquicos. Dimensão horizontal- amplitude do campo/ alterações qualitativas/ elo com o mundo exterior. Consciência • Alterações Patológicas : quantitativas e qualitativas Quantitativas: Decorrentes da variação do nível de consciência. Claridade com que os fenômenos psíquicos são vivênciados Consciência • Hipervigilância (mania, estados obsessivos, uso de drogas, crises epiléticas) • *Lucidez • Sonolência • Obnubilação ( diminuição da nitidez, acompanha a sonolência e a lentidão do pensamento, se prende a representações isoladas) • *Delirium • Coma ( ausência de vida psíquica) Consciência DICAS!!! Lucidez: conteúdos possuem nitidez e claridade médias, há a manutenção da orientação, memória, humor estável, comportamento social adequado Alterações: o indivíduo apresenta fala, pensamento e emoções que dificilmente podemos entender. Confunde percepções com representações, não consegue fixar atenção, e está desorientado no tempo e no espaço. Delirium: grau intenso, alterações da atenção, memória de fixação, e da orientação temporo-espacial, ilusões, falsas percepções, lentificação do pensamento. Consciência Qualitativas Decorrem da variação de amplitude do campo. Perdem o elo com o mundo exterior. Quase não falam, e agem como se estivessem ausentes, praticam atos estranhos ao conteúdo habitual. Consciência objetiva e Consciência do eu Consciência Qualitativas Decorrem da variação de amplitude do campo. Perdem o elo com o mundo exterior. Quase não falam, e agem como se estivessem ausentes, praticam atos estranhos ao conteúdo habitual. Consciência objetiva e Consciência do eu Propriedades da consciência do eu - Propriedade da identidade do eu: o eu é consciente de que é o mesmo que antes, e de sempre foi a mesma pessoa “Não sou o mesmo que antes, agora sou Napoleão Bonaparte” - Unidade do eu: reflete a consciência de que o eu é um todo no mesmo momento, é uno e indivisível. “ A moça loira luta contra a morena dentro de mim, para possuir o controle de minha razão” - Propriedade da atividade do eu: estar consciente de que nós mesmos que realizamos as nossas atividades. “ Você domina as minhas pernas quando ando” - Oposição do eu em relação ao outro e ao exterior: atividade de delimitar-se ao mundo circundante. “ Eu sou aquela árvore” Consciência - Propriedade da atividade do eu: estar consciente de que nós mesmos que realizamos as nossas atividades. “ Você domina as minhas pernas quando ando” - Oposição do eu em relação ao outro e ao exterior: atividade de delimitar-se ao mundo circundante. “ Eu sou aquela árvore” Atenção Atenção • “ Capacidade de focalizar a atividade psíquica, de discriminar os conteúdos na consciência, dirigindo-se a determinados estímulos” Quem dirige a atenção? Interesse Pensamento Intensidade» grau de concentração Amplitude» número de representações úteis recrutadas Atenção • Tenacidade da atenção: capacidade de mantê-la dirigida continuamente • Vigilância: capacidade de voltar-se para objetos novos. • Pode ser classificada: Concentrada (dirigida a 1 ou 2 objetos)/ Dispersa (quando repartida em mais de 2 objetos) Reflexiva (sobre si mesma)/ Dirigida (atenção voluntária) Espontânea (involuntária)/ Automática (atenção mínima)/ Vivido e não experenciado (atenção nula) Atenção • Alterações: Hipoprosexia» diminuição da atenção. Ocorre por: falta de interesse, deficit intelectual ou por alteração de consciência. Hiperprosexia ou distrabilidade» nos estados maníacos, histéricos ou paranóides Pseudo-aprosexia» deficit aparente de atenção Orientação Orientação • “ Capacidade de situar-se em relação a si e ao mundo no tempo e no espaço” • DICAS!!! • Necessita de relacionar vários dados psíquicos/ está condicionada a outras funções psíquicas • Só é possível estar orientado temporo espacialmente se a atenção, memória e o pensamento estão íntegros http://images.google.com.br/imgres?imgurl=http://nautilus.fis.uc.pt/astro/hu/magn/images/imagem59.jpg&imgrefurl=http://nautilus.fis.uc.pt/astro/hu/magn/bussola_orientacao.html&h=1050&w=945&sz=113&hl=pt-BR&start=6&tbnid=Fw8MC54-oGkmUM:&tbnh=150&tbnw=135&prev=/images%3Fq%3Dorienta%25C3%25A7%25C3%25A3o%26gbv%3D2%26svnum%3D10%26hl%3Dpt-BR http://images.google.com.br/imgres?imgurl=http://br.geocities.com/contadores_ufrgs/relogio-doido1.gif&imgrefurl=http://br.geocities.com/contadores_ufrgs/parlendas.htm&h=252&w=330&sz=37&hl=pt-BR&start=2&tbnid=6JBB9ciQ0GqynM:&tbnh=91&tbnw=119&prev=/images%3Fq%3Drel%25C3%25B3gio%26gbv%3D2%26svnum%3D10%26hl%3Dpt-BR Orientação • Autopsíquica: Em relação a própria pessoa • Alopsíquica: em relação às pessoas circundantes • Temporo espacial: relacionada ao tempo e ao espaço A desorientação ocorre de forma gradual: Tempo Espaço Autopsíquica Memória Memória • “Capacidade de registrar, fixar e reproduzir os vestígios da experiência anterior” • Dividida em: Fixação e Evocação http://www.ufmg.br/online/arquivos/Memoria grafica.JPG Memória • Memória de fixação/ capacidade de levar o material novo ao campo campo mnêmico • Memória de evocação/ capacidade de trazer material passado deste reservatório até a consciência Memória • DICAS!!! • A memória está na dependência da atenção, da motivação e da aprendozagem do sujeito. • Tem relação com a afetividade, significação dos dados e a vontade de esquecer • Esquecemos: - O que nos é indiferente - O que nos é desagradável - Vivências prazerosas Memória• Alterações: Quantitativas (totais ou parciais) - amnésias: transtornos que atingem certo tempo limitado, do qual pouco ou nada é recordado Anterógradas (de fixação) Retrógradas (de evocação) Hipomnésias (diminuição da memória) Hipermnésias ( aumento da capacidade mnéstica) Estado crepuscular histérico e epilético Memória • Qualitativas Paramnésia ou confabulação: preenchimento de lacunas mnésticas com fatos criados e fantasiosos Síndrome de Korsakoff» O que você fez de manhã? Fui passear na floresta Criptomnésia: Súbito esquecimento de determinados períodos do passado individual Ecmnésia: Súbita recordação destes. Presentificação do vivido ( processos demenciais) Mentira patológica: O paciente altera, em pensamento, acontecimentos passados e presentes no sentido de “conto de fadas” com a finalidade de satisfazer seus desejos e necessidades. Pensamento Pensamento • “ Consiste na atividade de suceder idéias expressas através da linguagem” • Processo constituído por dois componentes: Associativo e Tendência determinante Pensamento • Associativo: conecta as idéias de modo passivo Pensamento • Tendência determinante: ordena e direciona ativamente o pensamento, de acordo com os interesses e necessidades Observação: No pensamento, não juntamos apenas, damos forma! Pensamento • É através do pensamento que compreendemos o mundo, asseguramos nossa existência, dirigimos nosso comportamento e nos adaptamos Pensamento autista, pensamento mágico e os sonhos diurnos» criar um mundo novo que se adapte melhor aos desejos do que à realidade • O que é avaliado no estudo do pensamento: Curso (velocidade), Forma e Conteúdo Pensamento • Curso (velocidade) Diminuída» lentificação do pensamento ( transtornos depressivos, em alguns casos de esquizofrenia e de neurose, em transtornos orgânicos). Permanece vinculado a determinada ideação e não consegue se livrar. “Eu sou feia” Escassez de idéias---mutismo Aceleração do pensamento» Fuga de idéias----a produção verbal se dá por temas---- incapacidade de concluir o pensamento----a todo momento o paciente muda de um tema para outro (estupor maníaco) Pensamento Alterações formais do pensamento: Arborização: perda de direcionalidade, segue diferentes caminhos, não consegue concluir um pensamento. (mania) Reverberação: Intencionalidade do pensamento, o tema persiste Perseveração: dificuldade de desvincular de uma idéia (transtornos mentais orgânicos) Prolixo: apego a idéias que se repetem com redundância supérfluas Pensamento Bloqueio do pensamento: corte brusco no curso habitual das idéias “ Eu gostava muito de pescar, nadar, subir em árvores.........” Inserção do pensamento: introdução de idéias que não são do próprio indivíduo (o paciente refere que tais pensamentos foram colocados em sua mente por radares, telepatia) Pensamento Condensação do pensamento: palavras inventadas sem significação “ biostato sódico” “Cosmicação” Pensamento Paralógico: “Eu sou a Grécia”, querendo dizer “ Eu amo a cultura grega” Sonorização do pensamento: seus pensamentos se repetem fora de sua cabeça (esquizofrenia) “ Você sabe o que estou pensando” Desagregação do pensamento: perda da unidade, sintaxe e do fluxo do discurso, as idéias perdem a ligação, ficam sem nexo. Pensamento • Alterações severas» Sintaxe destruída: “Aqui está tudo como sempre esteve. Gosto das maças e das rosas, porém Zeus, no caminho das montanhas, disse que os fazedores de espírito e os acrobatas sentem a pulsação” Pensamentos ambivalentes: idéias contraditórias “ Tenho uma amiga muito honesta que é uma ladra” Pensamento autista: é mais influenciado por motivações internas do que pela realidade exterior Pensamento Pensamento prevalente: idéias supervalorizadas---- -relacionadas à afetividade (pessoa apaixonada) Pensamento Obsessivo: idéias que se impõem involuntariamente e que são reconhecidas como próprias. Incômodas e ansiogênicas. Pensamento empobrecido: possui poucas representações e idéias, é simplista, rasteiro, não é crítico. Pensamento • Os conteúdos dos pensamentos: • Por si só não caracterizam alteração psicopatológica • Em Síndrome Depressivas: idéias de ruína, culpa, tristeza • Na mania: idéias alegres, de grandeza e de poder. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS • LOUZA NETO, M. R., ELKIS, H. Psiquiatria básica. 2 ed. Porto Alegre: Artmed, 2011. • TOWNSED, M. C. Enfermagem psiquiátrica: conceitos e cuidados. 7 ed. Rio de Janeiro: Guanabara Koogan, 2014. • KAPLAN, H. I.; SADOCK, B. J.; GREBB, J. A. Compêndio de psiquiatria: ciência do comportamento e psiquiatria clínica. 9 ed. Porto Alegre: Artmed, 2010.
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