Aula 1_Introdução à Farmacobotânica

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INTRODUÇÃO À 
FARMACOBOTÂNICA
Disciplina: Farmacobotânica
Professora: Larissa Trigueiros
INTRODUÇÃO
O que é Farmacobotânica?
Área da Farmacologia que estuda as características morfológicas 
e estruturais das plantas, considerando aspectos macro e 
microscópicos, que possuem interesse terapêutico e toxicológico
INTRODUÇÃO
Uso de plantas medicinais ainda é muito amplo
Cerca de 80% da população de países em desenvolvimento
Desmistificação da prática
Orientação para o correto uso → evitar casos de intoxicação
INTRODUÇÃO
Urbana
75%
Rural
15%
Ignoradas
10%
Casos de intoxicações por plantas no período 2010 a 2016 
por área, de acordo com a SINITOX
Urbana Rural Ignoradas
0 200 400 600 800 1000 1200 1400 1600 1800
2010
2011
2012
2013
2014
2015
2016
Casos de intoxicação por plantas no Brasil, de acordo 
com a SINITOX de 2010 a 2016 
Total 0 a 4 anos
BREVE HISTÓRICO
Antiguidade
Mesopotâmia (2.600 a.C.)
Glycyrrhiza glabra (alcaçuz)
Papaver somniferum (papoula)
BREVE HISTÓRICO
Antiguidade
Papiro de Ebers (1.550 a.C.)
- Cerca de 800 fórmulas
mágicas e remédios populares;
- Descrição de 100 doenças,
aproximadamente.
Foeniculum vulgare (erva-doce)
Coriandrum sativum
(coentro)
BREVE HISTÓRICO
Antiguidade
Criação da Ayurveda (1.500 a.C.)
Glycyrrhiza glabra (alcaçuz) Zingiber ofiicinale (gengibre)
Ocimum bassilicum (manjericão)
Alium sativum (alho)
BREVE HISTÓRICO
Grécia antiga
Hipócrates (460 – 377 a.C.): pai da
medicina
Dioscórides (Materia Medica), Galeno...
Síntese do conhecimento médico até então,
indicando para cada enfermidade um
remédio vegetal e o tratamento adequado.
BREVE HISTÓRICO
Idade Moderna
Paracelso (1493 – 1541)
Doutrina das assinaturas: semelhante cura semelhante
BREVE HISTÓRICO
Idade Contemporânea
Progresso científico na
área química.
BREVE HISTÓRICO
Brasil: miscigenação do conhecimento sobre plantas
medicinais
Século XVI – XX
- José de Anchieta: primeiro boticário do Brasil.
Copaifera langsdorffii (copaíba)
Senna alexandrina (sene)
BREVE HISTÓRICO
Brasil: miscigenação do conhecimento sobre plantas
medicinais
Século XVI – XX
- 1926: publicação da primeira Farmacopeia
Brasileira (183 espécies botânicas).
Rodolpho Albino Dias
CONCEITOS IMPORTANTES
RDC 26/2014 – ANVISA
- Definições de categorias e conceitos relacionados a área de Fitoterapia;
- Diferenciação entre Medicamentos Fitoterápicos e Produtos Tradicionais
Fitoterápicos.
Dispõe sobre o registro de medicamentos fitoterápicos e o
registro e a notificação de produtos tradicionais fitoterápicos.
CONCEITOS IMPORTANTES
RDC 26/2014 – ANVISA
Planta medicinal
Espécie vegetal, cultivada ou não, utilizada com propósitos terapêuticos
Camomila (Matricaria chamomilla)
Alho (Allium sativum)
CONCEITOS IMPORTANTES
RDC 26/2014 – ANVISA
Droga vegetal
Planta medicinal, ou suas partes, que contenham as substâncias 
responsáveis pela ação terapêutica, após processos de coleta/colheita, 
estabilização, quando aplicável, e secagem podendo estar na forma 
íntegra, rasurada, triturada ou pulverizada
CONCEITOS IMPORTANTES
RDC 26/2014 – ANVISA
Derivado vegetal
Produto da extração da planta medicinal fresca ou da droga vegetal, que 
contenha as substâncias responsáveis pela ação terapêutica, podendo 
ocorrer na forma de extrato, óleo fixo e volátil, cera, exsudato e outros
CONCEITOS IMPORTANTES
RDC 26/2014 – ANVISA
Marcador
Fitocomplexo
Substância ou classe de substâncias (ex.: alcaloides, flavonoides, 
ácidos graxos, etc.) utilizada como referência no controle da qualidade
da matéria-prima vegetal e do fitoterápico, preferencialmente tendo 
correlação com o efeito terapêutico
Conjunto de todas as substâncias, originadas do metabolismo primário 
ou secundário, responsáveis, em conjunto, pelos efeitos biológicos de 
uma planta medicinal ou de seus derivados
CONCEITOS IMPORTANTES
RDC 26/2014 – ANVISA
Fitoterápico
Produto obtido de matéria-prima ativa vegetal, exceto substâncias 
isoladas, com finalidade profilática, curativa ou paliativa, incluindo 
medicamento fitoterápico e produto tradicional fitoterápico.
Simples Composto
CONCEITOS IMPORTANTES
RDC 26/2014 – ANVISA
Obtidos com emprego exclusivo de
matérias-primas ativas vegetais cuja
segurança e eficácia sejam baseadas
em evidências clínicas e que sejam
caracterizados pela constância de
sua qualidade.
Medicamento Fitoterápico Produto Tradicional Fitoterápico
Obtidos com emprego exclusivo de
matérias-primas ativas vegetais cuja
segurança e efetividade sejam baseadas em
dados de uso seguro e efetivo publicados na
literatura técnico-científica e que sejam
concebidos para serem utilizados sem a
vigilância de um médico para fins de
diagnóstico, de prescrição ou de
monitorização.
CONCEITOS IMPORTANTES
RDC 26/2014 – ANVISA
Medicamento
Fitoterápico
Registro
comum ou
simplificado
Registro comum: baseado na apresentação de dados de eficácia
e segurança (estudos)
Registro simplificado: se for uma das plantas da lista de
Simplificados
Produto
Tradicional
Fitoterápico
Pode ser
notificado ou
registrado
Notificação: vale para os produtos listados no Formulário
Fitoterápico Nacional (automático)
Registro: feito por meio de literatura que comprove o uso há pelo
menos 30 anos OU se for uma das plantas da lista de
Simplificados
CONCEITOS IMPORTANTES
RDC 26/2014 – ANVISA
Dispõe sobre o registro de medicamentos fitoterápicos e o registro
e a notificação de produtos tradicionais fitoterápicos.
Art. 2
§ 6º Os medicamentos e produtos obtidos de fungos multicelulares e algas
deverão ser avaliados conforme esta Resolução até que tenham regulamentação
específica.
CONCEITOS IMPORTANTES
RDC 26/2014 – ANVISA
Dispõe sobre o registro de medicamentos fitoterápicos e o registro
e a notificação de produtos tradicionais fitoterápicos.
Art. 2
§ 9º Não são objeto de registro ou notificação as preparações elaboradas pelos
povos e comunidades tradicionais do país sem fins lucrativos e não
industrializadas
Art. 2
§ 7º [...] as plantas medicinais sob a forma de droga vegetal, doravante
denominadas chás medicinais, serão dispensadas de registro, devendo ser
notificadas de acordo com o descrito nesta Resolução na categoria de produto
tradicional fitoterápico.
ESCOLHA DA PLANTA
Como escolher uma planta para estudar?
Abordagem 
etológica
Abordagem 
quimiosistemática
Abordagem 
etnodirigida
Abordagem 
randômica
ESCOLHA DA PLANTA
Estudo 
fitoquímico
Estudos 
farmacológicos
ESCOLHA DA PLANTA
POR QUE USAR PLANTAS?
Produção de metabólitos secundários!
Metabolismo secundário
Produção de compostos que, mesmo não sendo essenciais 
para o organismo produtor, garantem vantagens para sua 
sobrevivência e perpetuação da espécie
ATENÇÃO!
Não são apenas plantas que produzem metabólitos
secundários → fungos, micro-organismo, animais (menor
escala).
POR QUE USAR PLANTAS?
Quem são as principais classes de metabólitos
secundários produzidas por plantas?
Alcaloides
Cumarinas
Flavonoides
Taninos
Terpenos e esteroides
Saponinas
Heterosídeos cardiotônicos
Heterosídeos cianogenéticosQuinonas
POR QUE USAR PLANTAS?
Funções dos metabólitos secundários
FATORES INFLUENTES
FATORES INFLUENTES
Sazonalidade, ritmo circadiano e desenvolvimento
Quantidade de constituintes químicos não é constante ao longo do ano
Digitalis obscura
Verão
Inverno
FATORES INFLUENTES
Sazonalidade, ritmo circadiano e desenvolvimento
Quantidade de constituintes químicos não é constante ao longo do ano
Hypericum perforatum (Erva de São João)
3.000 ppm no verão
100 ppm no inverno
Antidepressivo
FATORES INFLUENTES
Sazonalidade, ritmo circadiano e desenvolvimento
Quantidade de constituintes químicos pode variar de acordo com o ciclo 
dia/noite 
Ocimum gratissimum (Alfavaca)
12h: 98% de óleo essencial
17h: 11% de óleo essencial
FATORES INFLUENTES
Sazonalidade, ritmo circadiano e desenvolvimento
A idade e desenvolvimento da plantapodem influenciar na quantidade e 
nas proporções relativas de metabólitos
Arnica montana
Plantas jovens
Plantas mais velhas (quase zero)
Anti-inflamatória
FATORES INFLUENTES
Temperatura
Variações anuais, mensais e diárias afetam diretamente o 
desenvolvimento da plantas → metabólitos secundários
Artemisia annua (absinto) 
Queda de temperatura
Aumento de ≈ 60% na produção de 
artemisina
Antimalárica
FATORES INFLUENTES
Disponibilidade hídrica
Fatores fisiológicos → estresse hídrico → produção de metabólitos 
secundários
Maior estresse hídrico
Maior produção de glicosídeos cianogênicos,
glicosinolatos, terpenoides, antocianinas,
alcaloides...
Efeitos a curto prazo
Efeitos a longo prazo
FATORES INFLUENTES
Radiação ultravioleta
Em geral, há uma correlação positiva
Aumento de compostos fenólicos, como
flavonoides, taninos e antocianinas
- Tecidos epidérmicos;
- Proteção UV;
- Antioxidante.
FATORES INFLUENTES
Nutrientes: macronutrientes
Estresse nutricional normalmente resulta em aumento nas 
concentrações de metabólitos secundários
Exceção: deficiência de nitrogênio e enxofre
Diversos metabólitos 
são nitrogenados
FATORES INFLUENTES
Estímulos mecânicos ou ataque de patógenos
Causam uma resposta bioquímica que reduz a aceitabilidade do 
órgão ou de todo organismo para ataques futuros
Nicotiniana sylvestris (tabaco)
Aumento da síntese de nicotina nas raízes