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1 EXTINÇÃO DO CONTRATO DE TRABALHO A extinção do contrato de trabalho pode ocorrer em quatro situações: a) Por iniciativa do empregador; b) Por iniciativa do empregado; c) Por iniciativa de ambos os contratantes (acordo); d) Em decorrência de ato ou fato de terceiro. Cesarino Júnior distingue os casos de extinção do contrato de trabalho em rescisão e cessação. A denominação de rescisão do contrato de trabalho estaria reservada aos casos de extinção do contrato de trabalho por conta das partes (empregado, empregador, ou ambos), e a cessação seria a hipótese em que a extinção resulta de um fato (incluindo ato de terceiro) que independe da vontade das partes contratantes, como, por exemplo, morte do empregado, falência do empregador, entre outros. Extinção por iniciativa do empregador. A extinção do contrato de trabalho por iniciativa do empregador é denominada despedida ou dispensa, e pode ocorrer com ou sem justa causa. 2 Despedida sem justa causa. A despedida sem justa causa não se confunde com ato ilícito praticado pelo empregador, na medida em que se trata de direito potestativo, que encontra seus limites nas hipóteses em que o empregado goza de alguma espécie de estabilidade no emprego (exemplos: dirigente sindical, membro da Comissão Interna de Prevenção de Acidentes – CIPA, gestante etc). Desde que o empregado não seja portador de estabilidade no emprego, poderá ser despedido sem justa causa. E, neste caso, o empregador deverá conceder aviso prévio de, no mínimo, 30 dias, nos termos do art. 7º, XXI, da CF, e observar o pagamento de todas as verbas rescisórias (13º salário e férias proporcionais, saldo salarial, indenização de férias proporcionais, saldo salarial, indenização de férias vencidas e não gozadas, acréscimo de 40% sobre os depósitos do FGTS, a ser depositado na conta vinculada do empregado), além de entregar o termo de rescisão contratual para movimentação da conta vinculada do FGTS e as guias do seguro-desemprego para que o empregado possa se habilitar ao recebimento do referido benefício. Despedida por justa causa. Nas palavras de Wagner Giglio, a justa causa se traduz no “ato faltoso grave, praticado por uma das partes, que autorize a outra a rescindir o contrato sem ônus para o denunciante”. 3 Conforme o conceito acima é possível afirmar que nem toda falta justifica a rescisão do contrato de trabalho. A justa causa caracteriza- se pelo dolo ou culpa grave. No sistema taxativo a lei enumera de forma exaustiva todas as hipóteses de faltas ensejadoras da ruptura do contrato de trabalho por uma das partes. Todavia, este sistema não dispensa a figura do juiz, a quem competirá, sempre que provocado, a valoração do ato faltoso na hipótese de inconformismo do empregado em relação à justa causa imposta pelo empregador. O sistema exemplificativo coloca-se em nível intermediário. A lei se revela genérica no enunciado básico, mas arrola exemplificativamente, algumas hipóteses de justa causa de forma a orientar o intérprete. O legislador pátrio optou pelo sistema taxativo, sem detrimento do genérico e do exemplificativo. No Brasil, a lei enumerou as hipóteses de justa causa, motivo pelo qual não se permite inovar motivos não previstos legalmente para justificar a rescisão do contrato de trabalho. No diploma consolidado encontramos os principais motivos da rescisão contratual nos arts. 482 e 483, sem prejuízo da justa causa específica, que se encontra prevista no parágrafo único do art. 240 da CLT, que se destina ao ferroviário que, sem motivo justificado, se recusa a cumprir horas extras para atender os casos de urgência ou de acidentes capazes de afetar a segurança e a regularidade do serviço. 4 Ao lado da taxatividade e da gravidade do ato, imperioso destacar, como requisito para a configuração da justa causa a imediação e a proibição de se punir duplamente o empregado pela mesma falta. Isto significa que a despedida por justa causa requer atuação imediata do empregador, a partir da ciência do ato faltoso, sob pena de configurar o perdão tácito; e não se pode despedir por justa causa quando o empregador já puniu a falta com advertência ou suspensão. Figuras típicas de justa causa do empregado. Nos termos do art. 482 da CLT, constituem justa causa para rescisão do contrato de trabalho pelo empregador: a) Ato de improbidade – Considera-se ato de improbidade aquele que indica caráter desonesto do empregado, traduzindo- se em ato que atenta contra o patrimônio do empregador (furto, roubo, apropriação indébita) ou até mesmo de colegas de trabalho, além de outros atos que possam abalar a fidúcia que se deve fazer presente no contrato de trabalho (apresentação de atestados médicos falsos ou adulterados para justificar uma falta ao serviço, por exemplo). b) Incontinência de conduta ou mau procedimento – A incontinência de conduta está relacionada ao desregramento do empregado na sua vida privada que possa interferir na relação de emprego, no seu trabalho, ou colocar em risco o bom nome 5 do empregador. A doutrina costuma indicar que referida justa causa estaria ligada ao desregramento do empregado em relação à vida sexual, tais como a exibição pública com meretrizes, a pratica de atos obscenos e outros, que possam afetar a imagem do empregador. Sérgio Pinto Martins cita a hipótese do assédio sexual como configuradora desta justa causa. Por outro lado, impõe-se observar que a incontinência de conduta nada tem a ver com a opção sexual do empregado. O mau procedimento, por sua vez, possui caráter genérico, sendo que todas as faltas indicadas no art. 482 da CLT se inserem no referido contexto. Assim, podemos afirmar que seria o ato faltoso que não se enquadra especificamente em qualquer das hipóteses do art. 482 da CLT, traduzindo atitude reprovável e incompatível com a permanência no emprego. A jurisprudência cita os casos em que o empregado viola correspondência, utiliza veículos da empresa sem autorização para fins particulares etc. c) Negociação habitual por conta própria ou alheia sem permissão do empregador – A negociação indicada no dispositivo consolidado traduz atos do comércio praticados pelo empregador, restando tipificada a justa causa se não houver permissão do empregador. A preocupação do legislador reside, basicamente, no dever de fidelidade, objetivando coibir que o empregado na mesma jornada de trabalho (quando está à disposição do empregador), exerça o comércio (ainda que não 6 traduza concorrência ao empregador). A caracterização de referida falta depende da habitualidade. Em princípio nada impede que o empregado possa exercer o comércio nas horas que não está à disposição do empregador, que tenha outra atividade (até mesmo em empresas concorrentes), desde que inexista cláusula contratual estabelecendo a proibição. d) Condenação criminal do empregado – A condenação criminal do empregado, ensejadora de referida justa causa, deve estar transitada em julgado e não precisa ter relação com o contrato de trabalho. E, ainda, que haja o trânsito em julgado, é necessário que o empregado não tenha obtido o benefício da suspensão da execução da pena (sursis). Isto significa afirmar que a condenação deve ser correspondente à pena privativa de liberdade, e não à pena restritiva de direitos. Adalberto Martins discorda de Wagner Giglio, Carlos Henrique de Oliveira Mendonça e Domingos Sávio Zainaghi quando afirmam que a pena restritiva de direitos poderá acarretar a despedida sob o fundamento mencionado, desde que implique eventual impossibilidade de execução de funções contratadas, tais como a cassação da carteira de habilitação de motorista ou restrição ao exercício da profissão médica, advogado, engenheiroetc. Isto porque apenas as penas privativas de liberdade comportam sursis, não comportando interpretação 7 extensiva ou aplicação analógica o dispositivo consolidado que alude a despedida por justa causa, a exemplo do que ocorre com as normas de caráter penal. E neste sentido o ensinamento de Antônio Lamaraca que “as penas acessórias (interdição de direitos) não entram na “justa causa” prevista na letra “d” do art. 482 da CLT”. Adalberto Martins entende que a impossibilidade de prestação de serviços em virtude de pena restritiva de direitos imposta ao empregado acarreta a dissolução do contrato em moldes semelhantes à hipótese de morte do empregado, acarretando o direito ao saldo salarial, 13º salário e férias proporcionais, sem a possibilidade de movimentação da conta vinculada do FGTS. e) Desídia no desempenho das funções - A desídia do empregado traduz-se em desleixo, má vontade e desinteresse pelo serviço e se externa, via de regra, sob a forma de reiterados atrasos e faltas injustificadas, produção imperfeita etc., e que persistem mesmo após a ocorrência de advertências e suspensões. Contudo, excepcionalmente poderá restar configurada a desídia como ato único, desde que suficientemente grave, a exemplo de um acidente de trabalho que vitime colega, em face de descuido do empregado. f) Embriaguez habitual ou em serviço – Adalberto Martins entende que atualmente a tipificação da embriaguez como justa causa não se justifica. A embriaguez habitual pressupõe que o 8 empregado é alcoólatra; vale dizer, um doente que necessita de tratamento. Nesse sentido vem se pronunciando a Organização Mundial de Saúde por meio de sua Classificação Internacional de Doenças – CID. Na verdade, o dispositivo legal revela-se injusto, traduzindo uma lacuna axiológica, motivo pelo qual jamais deveria ser aplicado, seja pelo empregador ou pelo órgão jurisdicional. As outras formas de dependência química não se inserem no contexto do referido dispositivo legal, haja vista o próprio conceito de embriaguez, não se permitindo a interpretação extensiva de norma que consagra uma punição ao trabalhador, a exemplo do que ocorre no direito penal. Ao contrário do que vem afirmando a doutrina majoritária, Adalberto Martins entende que a embriaguez é uma intoxicação proveniente do álcool, e jamais de outras drogas. g) Violação de segredo da empresa – A violação de segredo da empresa não deixa de ser um mau procedimento, até mesmo se equiparando ao ato de improbidade. Cometerá referida falta o empregado que divulgar a terceiros (empresas concorrentes ou não) algum segredo da empresa, carecendo de relevância se o faz com o intuito de obter vantagem ou gratuitamente. 9 h) Ato de indisciplina ou de insubordinação – A indisciplina do empregado ocorre quando descumpre ordens gerais de serviço, a serem observadas por todos os empregados. É o caso do empregado que fuma em local proibido, descumpre normas de regulamento da empresa, recusa-se a usar equipamentos de proteção individual em locais, cujo uso é obrigatório etc. A insubordinação ocorre quando o empregado descumpre ordens pessoais de serviço. Seria a hipótese do empregado que se recusa a cumprir ordens de serviços passadas pelo chefe imediato. Por outro lado, é óbvio que o empregado jamais será obrigado a cumprir ordens que sejam ilegais ou imorais; e, caso as cumpra, não se eximirá de eventuais sanções legais, juntamente com o mandante. i) Abandono de emprego – Não obstante a hipótese de abandono de emprego se encontrar arrolada na alínea “i” do art. 482 da CLT (justa causa do empregado), o fato é que se trata de típica modalidade de extinção do contrato de trabalho por iniciativa do empregado, e que se configura a partir do momento em que deixa de comparecer ao trabalho com ânimo de não mais retornar (animus abandonandi). Contudo, é sabido que o princípio da continuidade do contrato de trabalho milita em favor do empregado, e não é possível presumir 10 que houve abandono de emprego. O empregador deverá provar a ocorrência em eventual demanda trabalhista. Na prática, o empregado que abandona o emprego não costuma manifestar verbalmente referida intenção. Simplesmente deixa de comparecer ao trabalho e, não raro, surpreende o empregador com uma ação trabalhista, na qual postula o pagamento de verbas rescisórias que decorrem da despedida sem justa causa. Adalberto Martins entende que a melhor maneira de configurar o abandono de emprego por meio de carta registrada ou telegrama, tão logo o empregador perceba que ele esteja faltando sem qualquer justificativa. E, se possível, deve colocar o emprego à disposição na primeira audiência que, eventualmente, se verificar na Justiça do Trabalho. j) Ofensas físicas ou ato lesivo da honra e da boa fama praticados no serviço contra qualquer pessoa – A configuração da referida justa causa pressupõe a pratica de ofensas físicas ou atos lesivos a honra contra qualquer pessoa, mas sempre no serviço (não necessariamente nas dependências do empregador, eis que o empregado pode trabalhar externamente). Na valoração da referida falta deverão ser levados em consideração o ambiente de trabalho e o nível de instrução do empregado. A legítima defesa (própria ou de outrem) elide a justa causa. 11 k) Ofensas físicas ou ato lesivo da honra ou boa fama praticados contra o empregador e superiores hierárquicos – Referida justa causa diverge da anterior, eis que não se limita a configuração ao ambiente de trabalho. A prática de ofensas físicas e atos lesivos da honra e boa fama contra o empregador ou superiores hierárquicos se consubstanciará em justa causa ainda que a ocorrência se dê em local totalmente diverso do local de trabalho e em situação absolutamente alheia ao contrato de trabalho, mesmo quando este esteja interrompido ou suspenso. A legítima defesa afasta a justa causa. l) Prática constante de jogos de azar – A configuração desta justa causa pressupõe a habitualidade e objetiva coibir práticas de jogos de azar não autorizados legalmente (“jogo do bicho”, rifas não autorizadas, carteado etc). O entendimento é que referida justa causa só se configura quando há prejuízo para o trabalho. Se o empregado pratica jogos de azar, mesmo com habitualidade, fora do ambiente de trabalho não há justa causa autorizadora da ruptura do contrato. Com a reforma trabalhista houve a introdução do inciso “m”. m) Perda da habilitação ou dos requisitos estabelecidos em lei para o exercício da profissão, em decorrência de conduta dolosa do empregado. Parágrafo único - A hipótese do art. 482, parágrafo único, da CLT – Referido dispositivo consolidado arrola como justa causa 12 para a despedida do empregado a “prática”, devidamente comprovada em inquérito administrativo, de atos atentatórios contra a segurança nacional. O entendimento é que o inquérito administrativo não é prova cabal e inequívoca de prática delituosa, militando em favor de qualquer cidadão a presunção de inocência que decorre do art. 5º, LVII, da CF (ninguém será considerado culpado até o trânsito em sentença penal condenatória). Em síntese há o entendimento que o parágrafo único do art. 482 da CLT se encontra revogado tacitamente. Extinção por iniciativa do empregado. A extinção do contrato de trabalho por iniciativa do empregado pode ocorrer em três situações: a) pedido de demissão; b) rescisão indireta do contrato de trabalho; c) abandono de emprego. 1- Pedido de demissão – é a modalidade de extinção do contrato de trabalho por iniciativa do empregado e sua ocorrência impossibilita a movimentação da conta vinculada do FGTS e obriga o empregado à dação do aviso prévio do empregador, sob pena de ter descontado o saláriocorrespondente ao período (art. 487, parágrafo 2º da CLT). 2- Rescisão indireta do contrato de trabalho – denomina-se rescisão indireta, a hipótese em que o contrato de trabalho se extingue 13 por iniciativa do empregado, mas em face de justa causa praticada pelo empregador. As hipóteses de rescisão indireta estão arroladas taxativamente no art. 483 da CLT. A rescisão indireta do trabalho equipara-se à despedida sem justa causa no que respeita aos direitos do trabalhador e obrigações trabalhistas do empregador. O empregado tem direito ao aviso prévio de 30 dias, ao acréscimo de 40% sobre os depósitos do FGTS, ao seguro-desemprego, ao 13º salário e férias proporcionais (estas acrescidas de um terço) e a movimentação da conta vinculada do FGTS – além, é claro, do saldo salarial e eventuais indenizações que decorram de férias não gozadas e outros direitos não observados pelo empregador ao longo do período contratual. Dentre os casos de rescisão indireta do contrato de trabalho revelam- se mais comuns aqueles previstos nas alíneas “d” (“não cumprir o empregador as obrigações do contrato”) e “g” (“o empregador reduzir o seu trabalho, sendo este por peça ou tarefa, de forma a afetar sensivelmente a importância dos salários”), ambas dos art. 483 da CLT. Uma das principais obrigações do empregador é o pagamento regular do salário ao empregado (até o quinto dia útil do mês subsequente ao trabalhado – art. 459, parágrafo único da CLT -, se outra data mais favorável não for prevista em norma coletiva ou não for pactuada pelas partes). Esta obrigação é a mais descumprida e que acarreta, na prática, a maior parte dos pedidos de rescisão indireta do contrato de trabalho, com fundamento nas alíneas “d” e “g”, mencionadas. 14 O parágrafo 3º do art. 483 da CLT assegura ao empregado a faculdade de permanecer ou não no emprego após pleitear a rescisão indireta de seu contrato de trabalho, com fundamento nas alíneas “d” e “g”. Nos demais casos o empregado deve se afastar imediatamente do emprego após pleitear referida modalidade de rescisão do contrato de trabalho. Na prática, dificilmente o empregador concordará com o pedido de rescisão indireta do empregado, motivo pelo qual a Justiça do Trabalho deve ser provocada pelo empregado a fim de declarar a rescisão do contrato e condenar o empregador a satisfazer as obrigações legais. Contudo, o empregado deve se possível, dar ciência inequívoca ao empregador (no caso de se afastar do emprego) da sua intenção de rescindir indiretamente o contrato de trabalho – ato de vontade que não s confunde com o pedido de demissão. Morte do empregado O contrato de trabalho é intuitu personae em relação ao empregado, motivo pelo qual sua morte acarreta a extinção do vínculo laboral, não se transferindo as obrigações dele decorrentes aos sucessores. No caso de falecimento do empregado os direitos trabalhistas são devidos aos dependentes habilitados perante a Previdência Social, em cotas iguais: e, na falta destes, aos herdeiros indicados na legislação civil. 15 Nesta hipótese de rescisão do contrato de trabalho são devidas as seguintes parcelas: 13º salário proporcional, férias proporcionais (e vencidas se houver), saldos salariais (inclusive horas extras e adicionais devidos); bem como há direito ao levantamento do FGTS. Não há direito ao aviso prévio nem ao acréscimo de 40% sobre o FGTS. Morte do empregador (art. 483, parágrafo 2º da CLT). No caso de morte do empregador constituído em empresa individual, o diploma consolidado faculta ao empregado rescindir o contrato de trabalho (art. 483, parágrafo 2º da CLT) – hipótese que se encontra inserida no artigo que disciplina a rescisão indireta do contrato de trabalho. Entendemos que não se trata de hipótese de pedido de demissão, pois do contrário a preocupação do legislador não teria sentido algum. E a lei não contém palavras inúteis. Portanto, a faculdade de considerar rescindido o contrato de trabalho na hipótese de falecimento do empregador constituído em empresa individual equipara-se a rescisão indireta do contrato de trabalho, daí decorrendo todos os direitos inerentes a esta modalidade de rescisão do contrato de trabalho. 16 Cessação das atividades do empregador A cessação das atividades do empregador – que pode decorrer de falência, insolvência civil ou fechamento do estabelecimento sem a transferência para outra unidade – acarreta a rescisão do contrato de trabalho. Nesta hipótese compreende-se que a extinção do contrato de trabalho se equipara à despedida sem justa causa, não militando em favor do empregador a alegação de que a rescisão tenha se dado por motivo de força maior. É do empregador o risco da atividade econômica (art. 2º da CLT). – entendimento que não resta mitigado nem mesmo diante da decretação de falência do empregador e argumento de que o síndico da massa falida não pode dispor de acervo da massa para satisfazer os créditos trabalhistas. Serão devidos, pois, todas parcelas advindas de uma despedida sem justa causa (aviso prévio, férias, 13º salário proporcional, FGTS mais multa de 40%, seguro-desemprego, saldo salarial e multa por eventual atraso na quitação das verbas trabalhistas. Término do contrato por prazo determinado. O término do contrato por prazo determinado implica a extinção do vínculo de emprego e consequente satisfação de 13º salário proporcional, férias proporcionais acrescidas de um terço, saldos salariais (inclusive horas extras e adicionais porventura devidos); bem como assegura o levantamento dos depósitos do FGTS. 17 Como não se trata de ruptura do contrato por iniciativa de qualquer das partes, inexistirão o direito ao acréscimo de 40% sobre os depósitos do FGTS e a obrigação de dação do aviso prévio. Contudo, a extinção do contrato por prazo determinado antes do termo final acarretará ao empregador a obrigação de indenizar o empregado no valor correspondente à metade da remuneração a que teria direito até o término do contrato (art. 479 da CLT); e, se a iniciativa for do empregado, deverá indenizar o empregador pelos prejuízos que resultarem desse fato – indenização que não poderá superar aquela que seria devida pelo empregador em idêntica situação (art. 480 da CLT). Aposentadoria espontânea Existe discussão na doutrina e na jurisprudência em torno dos efeitos da aposentadoria espontânea no contrato de trabalho, uma vez que a legislação previdenciária não mais exige o desligamento do emprego no período em que tramita o pedido de aposentadoria, consoante se infere dos arts. 49 e 54 da Lei 8.213 de 1991. Por outro lado, o art. 453 da CLT deixa clara a ideia de que a aposentadoria espontânea traduz uma hipótese de extinção do contrato de trabalho, tanto que alude o cômputo de períodos descontínuos no caso de readmissão no emprego. Em relação à aposentadoria por idade nenhuma dúvida remanesce em face da 18 extinção do vínculo laboral, já que o art. 51 da Lei 8.213 de 1991 estabelece que será “considerada como data da rescisão do contrato de trabalho a imediatamente anterior à do início da aposentadoria. No caso da aposentadoria por tempo de contribuição, não obstante o silêncio da lei, sempre entendeu-se que a extinção do vínculo laboral se operava da mesma forma. Em verdade, o legislador objetivou não privar o trabalhador do recebimento dos salários durante a tramitação do procedimento administrativo para a concessão da aposentadoria. Assim, o vínculo de emprego seria considerado rompido a partir da concessão da aposentadoria, e o período laborado após a data de concessão do benefício importaria novo vínculo de emprego. Admitindo-se a extinção do contrato de trabalho com a aposentadoria espontânea, não haverá direitoao aviso prévio e acréscimo de 40% sobre os depósitos do FGTS. No entanto, diante das decisões proferidas nas ADI 1.721-3 e 1.770-4, publicadas no DOU (edições de 20 de outubro de 2006 e 01 de dezembro de 2006), reconhecendo a inconstitucionalidade dos parágrafos 1º e 2º do art. 453 da CLT, acrescentados pela Lei 9.528 de 1997, a controvérsia perdeu intensidade. Entendeu-se, pois, o STF que a aposentadoria espontânea não extingue o contrato de trabalho, entendimento que vincula a própria Administração Pública e demais instâncias do Poder Judiciário, notadamente a Justiça do Trabalho. 19 Culpa recíproca. A extinção do contrato de trabalho por culpa recíproca ocorre quando existe a concomitância de culpa entre empregado e empregador. Imagine-se a hipótese de o empregador ofender o empregado e, ato contínuo, este último desferir um soco no empregador. Não se poderia afirmar que houve legítima defesa, que pudesse excluir o ilícito do obreiro, tendo em vista a desproporção entre um ato e outro. A culpa recíproca é reconhecida pela Justiça do Trabalho nas demandas sujeitas a apreciação que envolvam a discussão entre despedida por justa causa e rescisão indireta do contrato de trabalho, por exemplo. O art. 484 da CLT estabelece que, havendo culpa recíproca no ato que determinou a rescisão do contrato de trabalho, a Justiça do Trabalho reduzirá pela metade a indenização a que teria direito o empregado em caso de culpa exclusiva pelo empregador. Súmula 14 do TST – “Reconhecida a culpa recíproca na rescisão do contrato de trabalho (art. 484 da CLT), o empregado tem direito a 50% (cinquenta por cento) do valor do aviso prévio, do 13º salário e das férias proporcionais”. O art. 18, parágrafo 2º da Lei 8.036 de 1990 dispõe que na ocorrência de despedida por culpa recíproca ou força maior, reconhecida pela 20 Justiça do Trabalho, o empregador fica obrigado a depositar o acréscimo de 20% sobre os depósitos do FGTS. Contudo, o empregado não terá direito ao seguro desemprego, eis que a extinção do contrato de trabalho por culpa recíproca não se confunde com a dispensa sem justa causa, nem com a rescisão indireta do contrato de trabalho. Com a Reforma Trabalhista foi introduzido o art. 484-A na CLT: O contrato de trabalho poderá ser extinto por acordo entre empregado e empregador, caso em que serão devidas as seguintes verbas trabalhistas: I- Por metade: a) O aviso prévio, se indenizado; e b) A indenização sobre o saldo do Fundo de Garantia do Tempo de Serviço, prevista no parágrafo 1º do art. 18 da Lei nº 8.036, de 11 de maio de 1990; II- na integralidade, as demais verbas trabalhistas. Parágrafo 1º - A extinção do contrato prevista no caput deste artigo permite a movimentação da conta vinculada do trabalhador no Fundo de Garantia do tempo de Serviço na forma do inciso I-A do art. 20 da Lei nº 8.036, de 11 de maio de 1990, limitada até 80% (oitenta por cento) do valor dos depósitos. 21 Parágrafo 2º - A extinção do contrato por acordo prevista no caput deste artigo não autoriza o ingresso no Programa de Seguro-Desemprego. Rescisão Contratual no Trabalho Intermitente Rescisão Contratual no Trabalho Intermitente Art. 452- A, parágrafo 6º. Ao final de cada período de prestação de serviço, o empregado receberá o pagamento imediato das seguintes parcelas: I- remuneração; II- férias proporcionais com acréscimo de um terço; III- décimo terceiro salário proporcional; IV- repouso semanal remunerado; e V- adicionais legais Parágrafo 7º - O recibo de pagamento deverá conter a discriminação dos valores pagos relativos a cada uma das parcelas referidas no parágrafo 6º deste artigo. Parágrafo 8º - O empregador efetuará o recolhimento da contribuição previdenciária e o depósito do Fundo de Garantia do tempo de Serviço, na forma da lei, com base nos valores pagos no período mensal e fornecerá ao empregado comprovante do cumprimento dessas obrigações. 22 Parágrafo 9º - A cada doze meses, o empregado adquire direito a usufruir, nos doze meses subsequentes, um mês de férias, período no qual não poderá ser convocado para prestar serviços pelo mesmo empregador.
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