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PLANEJAMENTO ESTRATÉGICO ORÇAMENTÁRIO W BA 00 65 _v 2. 1 © 2018 POR EDITORA E DISTRIBUIDORA EDUCACIONAL S.A. Todos os direitos reservados. Nenhuma parte desta publicação poderá ser reproduzida ou transmitida de qualquer modo ou por qualquer outro meio, eletrônico ou mecânico, incluindo fotocópia, gravação ou qualquer outro tipo de sistema de armazenamento e transmissão de informação, sem prévia autorização, por escrito, da Editora e Distribuidora Educacional S.A. Presidente Rodrigo Galindo Vice-Presidente de Pós-Graduação e Educação Continuada Paulo de Tarso Pires de Moraes Conselho Acadêmico Carlos Roberto Pagani Junior Camila Braga de Oliveira Higa Carolina Yaly Danielle Leite de Lemos Oliveira Juliana Caramigo Gennarini Mariana Ricken Barbosa Priscila Pereira Silva Coordenador Tayra Carolina Nascimento Aleixo Revisor Nelson Bueno de Oliveira Editorial Alessandra Cristina Fahl Daniella Fernandes Haruze Manta Flávia Mello Magrini Hâmila Samai Franco dos Santos Leonardo Ramos de Oliveira Campanini Mariana de Campos Barroso Paola Andressa Machado Leal Dados Internacionais de Catalogação na Publicação (CIP) Luz, Lucineide Bispo dos Reis D979p Planejamento estratégico orçamentário/ Lucineide Bispo dos Reis Luz. – Londrina: Editora e Distribuidora Educacional S.A., 2018. 113 p. ISBN 978-85-522-1035-1 1. Planejamento estratégico. 2. Orçamento. I. Lus, Lucineide Bispo dos Reis. II. Título. CDD 300 Responsável pela ficha catalográfica: Thamiris Mantovani CRB-8/9491 2018 Editora e Distribuidora Educacional S.A. Avenida Paris, 675 – Parque Residencial João Piza CEP: 86041-100 — Londrina — PR e-mail: editora.educacional@kroton.com.br Homepage: http://www.kroton.com.br/ mailto:editora.educacional%40kroton.com.br?subject= http://www.kroton.com.br/ PLANEJAMENTO ESTRATÉGICO ORÇAMENTÁRIO SUMÁRIO Apresentação da disciplina 04 Tema 01 – Orçamento e Planejamento 06 Tema 02 – Budget, forecast, rolling e orçamento base zero 19 Tema 03 – Gestão por atividades, Controle Matricial, Balanced Scorecard, Beyond Budgeting 33 Tema 04 – Orçamento de produção e vendas 47 Tema 05 – Orçamento das atividades financeiras 63 Tema 06 – Orçamento de caixa 79 Tema 07 – Projeção orçamentária 94 Tema 08 – Controlando e monitorando orçamentos 110 Planejamento Estratégico Orçamentário 3 Apresentação da disciplina Poucas pessoas têm conhecimento suficiente para realizar um orçamento pessoal! Muitos têm a facilidade para executar um orçamento a partir de um pro- jeto, mas esquecem de se preocupar se terão condições financeiras para arcar e até mesmo executar o que se está planejando. Muitas vezes, levamos em consideração o que devemos ou temos que adquirir e não pensamos detalhadamente na forma como iremos pagar. Outras tantas vezes pensamos ser possível mudar de um emprego fixo para um temporário, mesmo tendo dívidas de longo prazo para quitarmos. E ainda, diversas vezes assumimos dívidas que vão muito além do nosso orçamento e somos obrigados a renegociarmos por motivos variados. Passamos situações como estas quando planejamos a realização de um curso dentro ou fora do país; um período de férias; uma viagem com a fa- mília; a abertura de um negócio; a compra de uma casa; de um carro; de uma moto; no planejamento de um casamento, entre outras situações. Dentro das empresas que trabalhamos, independentemente de sua es- trutura organizacional, também ocorrem situações como estas. Vemos que a todo momento que pensamos sobre orçar a aquisição de algum bem ou serviço, devemos planejar o impacto que esta decisão terá sobre o nosso bolso e sobre as finanças das empresas. E é neste contexto que esta disciplina se insere! A disciplina de Planejamento Estratégico Orçamentário apresentará exa- tamente essa relação importante e necessária de se vincular a prática constante do planejamento ao pensar e realizar o orçamento. Planejamento Estratégico Orçamentário 4 Você irá estudar a importância de realizar um orçamento que antes foi pensado e planejado de forma confiável pelos gestores das empresas. Não somente pela obrigação de se ter um orçamento, mas verá que a fase de planejamento, quando seguida adequadamente, torna possível a reali- zação de vários projetos orçados por você e pela empresa. Certamente esta disciplina o ajudará a ter mais “disciplina”, propriamen- te dita, no momento em que for fazer um orçamento estratégico bem planejado. Bons estudos! Planejamento Estratégico Orçamentário 5 TEMA 01 ORÇAMENTO E PLANEJAMENTO Objetivos • Conceituar o planejamento; • Conceituar o orçamento; • Entender a importância do orçamento empresarial e seu controle permanente; • Conectar o controle orçamentário ao planejamento. Planejamento Estratégico Orçamentário 6 Planejamento Estratégico Orçamentário 7 Introdução Desde meados da década de 1990, empresas têm procurado se adaptar às mudanças do mercado adotando técnicas que lhes permitam um con- trole melhor das atividades que exercem. Uma das formas mais eficazes que tem trazido resultados positivos para os empresários é a adoção do planejamento empresarial. Muitos estudiosos e gestores apresentaram obras ao longo do tempo a fim de apresentar aos gestores possíveis caminhos de como planejar me- lhor seus negócios e, consequentemente, obter melhores resultados, de- vendo estes ser positivos, ao longo do tempo. Assumir riscos, ter experiência e conhecer o negócio de forma detalhada nem sempre são suficientes para que o gestor tome as melhores deci- sões. Ou, ainda, ter algum entendimento específico sobre gestão e não se atentar a outras ferramentas gerenciais traz um risco muito grande ao negócio da empresa. A primeira unidade da disciplina Planejamento Estratégico Orçamentário apresentará a importância de pensar sobre o ato de plane- jar de forma estratégica. Atentando para a necessidade de tomar decisões levando em consideração as pessoas e setores envolvidos no processo. A ferramenta gerencial orçamento é abordada como uma das formas mais simples, utilizadas pelas empresas, com o objetivo de controlar as ações financeiras futuras da empresa propriamente dita. Você verá, inclu- sive, como o processo de planejamento e suas fases se relaciona com a elaboração de um orçamento eficiente para a empresa. Não deixe de responder às perguntas propostas na parte final do mate- rial, bem como consultar o link sugerido com o objetivo de ampliar seus conhecimentos acerca do assunto. 1. Um pouco de história O orçamento é visto como uma das ferramentas de mais fácil compreen- são e adaptação nas organizações nos dias atuais. Mas, antes de se tornar útil, passou pela história de alguns governos mundo afora. Você sabia que a Constituição inglesa instituiu o uso do orçamento ao exigir do rei e primeiro ministro que só poderiam gastar o que havia sido autorizado pelo Parlamento da época? Era assim no século XVIII, ao se cumprir o que exigia o Parlamento, o governo da Inglaterra devia enviar para análise do Parlamento, em uma bolsa de couro, os seus projetos e previsão de gastos (LUNKES, 2009). Já na França, no ano de 1804, época do governo de Napoleão, era exigido um controle sobre os gastos militares, com foco principal nas despesas. Pouco tempo depois, em 1860, foi instituído, na Segunda República na França, o ano fiscal padrão e um sistema de conferência e validação dos dados, com o objetivo de avaliar os gastos ocorridos no ano fiscal, passan- do a ser um instrumento de tomada de decisão do governo. PARA SABER MAIS A França era muito endividada quando Napoleão Bonaparte assumiu o poder pelo período de 15 anos como governador absolutista. Uma das suas decisões, para equilibrar esta situ- ação e ter dinheiro em caixa, foi tirar as isenções de impostos que o Clero e os nobrestinham na época. Esta prática pro- piciou a redução de dívidas e a prática de políticas públicas importantes para a França. No Reino Unido, século XIX, houve a criação do Comitê de Contas Públicas no Parlamento, com o objetivo principal de controlar as contas públicas (LUNKES, 2009). Planejamento Estratégico Orçamentário 8 No continente americano, a prática iniciou no século XX com o governo elaborando seus planos anuais de acordo com a teoria proposta pelo or- çamento, sendo que, em 1921, Nova York se torna a primeira cidade a adotar de forma clara a ferramenta. LINK O orçamento teve seu pensamento inicial formado por ne- cessidades governamentais. Mas como será que funciona no Brasil nos dias de hoje? Acesse a Cartilha do Orçamento ela- borada pela Câmara dos Deputados, disponível na internet.Ainda nos Estados Unidos, mas saindo um pouco do ambiente governa- mental e para entendermos como começaram a ser aplicados nas insti- tuições privadas, a primeira empresa (que se tem histórico comprovado) a implantar o orçamento foi a Du Pont, no ano de 1919. No Brasil, a prática passou a ser adotada a partir do ano de 1940 e, depois de uma longa divulgação sobre suas funcionalidades, nos anos de 1970 atingiu seu apogeu (LUNKES, 2009). Assim, com o passar dos anos, o uso do orçamento passou a ser comum a todas as empresas, independentemente do seu tamanho ou da área em que atuam. Isso se deve principalmente pelo fato de poder as necessida- des gerenciais, de maneira geral e ampla, fazer parte da gestão de qual- quer ambiente corporativo (MUCCI, FREZZATI e DIENG, 2016). O orçamento nos dias de hoje é utilizado como peça administrativa que auxilia no processo de planejamento estratégico das empresas, como ve- remos em seguida e também nas próximas aulas. Planejamento Estratégico Orçamentário 9 1.1. Planejamento Parte fundamental do processo orçamentário de uma empresa, o plane- jamento, quando bem definido e realizado pelos gestores, é usado como base para a realização de um orçamento confiável. PARA SABER MAIS No Brasil, temos o Ministério do Planejamento, Desenvol- vimento e Gestão gerenciado pelo Governo Federal. Em Instrução Normativa nº 01/2018, de 2 de abril de 2018, o governo apresentou uma ferramenta que permite o plane- jamento de compras governamentais. Uma das vantagens apontada pelo governo federal é prover o “fortalecimento da fase de planejamento” deste setor. Mas, antes de você ter acesso aos conceitos relacionados ao orçamento, coloco aqui uma questão: você já pensou no significado da palavra plane- jamento? E na importância que há em se planejar? Frezatti (2015, p. 7) conceitua planejamento como a importância de se antever uma situação, de forma a permitir a tomada de decisão prévia a fim de evitar problemas futuros. Seria isso possível? Evitarmos problemas futuros a partir da realização de um planejamento? É um processo que demanda muito tempo e dedicação dos profissionais envolvidos. Principalmente no ambiente de decisões, não é mesmo? Padoveze (2015, p. 24) complementa afirmando que, ao adotar o planeja- mento, a empresa tem a possibilidade de obter resultados positivos, uma vez que o ambiente em que o negócio está envolvido sofre constantes alterações. Planejamento Estratégico Orçamentário 10 Segundo Welsch (2009, p. 50), para se obter o sucesso completo na fase de planejamento e controle das informações, deve-se criar condições am- bientais observando a participação da administração, principalmente em: • Envolvimento administrativo. • Adaptação organizacional. • Contabilidade por áreas de responsabilidades. • Orientação para objetivos. • Comunicação integral. • Acompanhamento. Uma equipe engajada envolve toda a empresa na hora que está realizan- do um planejamento, orientando a todos sobre os objetivos que devem ser atingidos e cobrando acompanhamento dos envolvidos. Mas sabemos que não é tão simples assim! Diversos são os modelos de planejamento que existem e devem ser adap- tados à realidade da empresa. É muito importante atentar para que um planejamento não “engesse” o processo administrativo de tomada de decisão. Pelo contrário! O planejamento deve ser elaborado para auxiliar em todo o processo interno. Padoveze (2015, p. 24) afirma que uma empresa pode optar em utilizar o modelo de planejamento estratégico por acreditar ser o mais adequado e adaptável à empresa. Da perspectiva de Frezatti (2015), há sim um modelo de visão estratégica projetado que auxilia na preparação de um plano estratégico que pode ser adaptado a qualquer empresa. Este modelo vislumbra, inclusive, as- pectos como missão, visão e valores da empresa. Planejamento Estratégico Orçamentário 11 ASSIMILE Visão e Missão de uma empresa são bases que a empresa define para direcionar os seus objetivos de existência. É a bússola de qualquer empresa. A partir do momento em que a empresa estabelece a visão que tem de seu negócio e qual a missão principal de sua existência, ela determina qual o plano estratégico irá seguir. E isto direciona seus gestores, empregados e norteia sua relação com a sociedade. Podemos avaliar a partir daí o quanto é importante ter uma visão geral sobre os valores da empresa, bem como seus objetivos e estratégias que auxiliarão na definição de um planejamento que será determinante na hora de elaborar um orçamento eficiente para a empresa. Você irá estudar que uma das ferramentas mais utilizadas em um plane- jamento estratégico é o orçamento. Muito se deve pela força que o orça- mento tem em permitir o controle sobre os dados gerencias da empresa. 1.2. Orçamento Orçamento é uma palavra bem conhecida por todos nós. Quando pensamos em adquirir algo, já vem à nossa mente: “Preciso con- sultar algumas empresas para saber qual oferece um preço que cabe no meu orçamento. Ou melhor: que eu consiga pagar, à vista, a prazo ou de forma parcelada. O importante é que a forma como vou adquirir o bem não me faça perder o sono!” E quando pensamos assim, estamos planejando a aquisição de um bem a partir da prática de se fazer um orçamento, principalmente quando esta- mos consultando diversos lugares que oferecem o bem. E não podemos deixar de pensar no processo de aquisição. A importância de analisar os meios de pagamento. Planejamento Estratégico Orçamentário 12 É desta forma que pensa o autor Welsch (1983) quando afirma que o or- çamento tem a função de planejamento e deve coordenar e controlar as decisões administrativas, além de ser denominado como o orçamento de controle de resultados. Utiliza-se ainda os nomes de orçamentos globais, orçamentos para fins administrativos e, por último, chama-se os orça- mentos de controle orçamentário, simplesmente. Lunkes (2009) corrobora com a forma de pensar supracitada, quando co- menta que os objetivos do orçamento são centrados em realizar um pla- nejamento com foco em ajudar na coordenação, comunicar os planos às equipes, auxiliar no processo de motivação, controlar todas as atividades da empresa e, por fim, avaliar cada gestor com foco nas metas da empre- sa. Completa com essa visão Figueiredo e Caggiano (2008) ao definirem que o orçamento é direcional por apresentar planos específicos com foco em atender os empresários e seus projetos. Viu como as palavras planejamento e orçamento se encontraram? Ressaltando este encontro de conceitos, Frezatti (2015, p. 48) salienta que o orçamento está ligado diretamente ao planejamento estratégico. O au- tor destaca quais são as etapas para se montar um orçamento: • Plano de marketing. • Plano de suprimentos, produção e estocagem. • Plano de investimentos nos ativos de longo prazo. • Plano de recursos humanos. • Plano financeiro. E para completar e ligar todas as informações da empresa, Frezatti (2015, p. 52) esquematiza a relação que existe entre o planejamento e o sistema de informações gerenciais, como demonstraa figura abaixo: Planejamento Estratégico Orçamentário 13 ~ .... ·····~ r .... ~ . . . . . . . . ~ 1 = ~ .. -► ..... ~~í. _r .... ·~~~~----------------~ .... ·~~~= - ~ ..... ~ I ·• .. . . . . . . . . ·• ... ~--------~--------➔•••••• : • • • • • • • . . . . ····················'·······················-······················ . . . .. ·• .. .. . . . . . . .. ···-~ '--------------'~.::·~'------ Figura 2 - Sistema de informações e relacionamento entre a contabilidade e planejamento Sistema Fiscal Faturamento Contas a Receber Suprimentos Estocagem Produção Contas a Pagar Contabilidade Custeio Ativo Fixo Orçamento Controle Orçamentário Fonte: Adaptado de Frezatti (2015, p.52). EXEMPLIFICANDO A empresa produz cadeiras que têm como uma das suas ma- térias-primas a madeira. O setor de suprimentos entra em contato com o fornecedor para realizar a compra do mate- rial. O material, quando chega à empresa, é levado direta- mente para o setor de estoques. Por sua vez, a nota fiscal que acompanhou o material é registrada no sistema fiscal e enviada para o setor de contas a pagar que deve realizar a quitação da obrigação. Paralelamente a toda as fases, o se- tor de contabilidade fará todo o registro a fim de apurar, no fim do período, o lucro da empresa após considerar todas as operações. Planejamento Estratégico Orçamentário 14 QUESTÃO PARA REFLEXÃO Se você estivesse diante da seguinte situação: Comprar um carro ou economizar o valor depositando-o em uma conta de investimento, seria de curto ou longo prazo? Qual seria a sua decisão? Repense agora, utilizando os conceitos apresentados nesta unidade 1. A sua decisão seria outra? Quais são os motivos que você levou em consideração para tomar esta decisão? 2. Considerações finais Este capítulo foi destinado a apresentar diversos conceitos sobre o orça- mento e planejamento. Você viu: • Um pouco de história sobre o surgimento da ideia do orçamento, passando por países como Inglaterra, França, Reino Unido, Estados Unidos até chegar ao Brasil. • O que é um planejamento e sua importância dentro de uma empresa. • A relação direta que há entre planejamento e orçamento. • Que o planejamento está ligado aos sistemas responsáveis em pro- cessar as informações gerenciais. Glossário • Apogeu: “o mais alto grau de elevação, o auge” (Larousse Cultural, 1999, p. 175). • Sistema de informações gerenciais (SIG): “sistema concebido para fornecer aos níveis gerenciais informações tempestivas e Planejamento Estratégico Orçamentário 15 confiáveis, necessárias ao planejamento, controle e avaliação de desempenho. Espera-se que um SIG gere relatórios, auxilie na ava- liação de cursos alternativos de ação e forneça apoio à tomada de decisão.” (SALIM, 2017, p. 122) • Orçamento: “plano financeiro que uma empresa elabora e utiliza para estimar resultados de operações futuras. Frequentemente é utilizado para monitorar tais operações.” (SALIM, 2017, p. 30) VERIFICAÇÃO DE LEITURA TEMA 01 1. O planejamento permite: a) Analisar somente as decisões tomadas no passado. b) Assumir os erros de gestão no passado, somente. c) Pensar em uma situação futura e antever possíveis problemas. d) Tomar sempre as melhores decisões sem consultar a equipe envolvida. e) Assumir que nunca terei riscos. 2. Para Welsch (2009, p. 50), é fundamental que o gestor se preocupe com o ambiente empresarial. Aponte a alternati- va que apresenta os pontos que devem ser observados pelo gestor internamente, antes de se realizar um orçamento: a) Envolvimento administrativo, contabilidade por áreas de responsabilidades e ausência dos empregados. b) Orientação para objetivos, não envolvimento adminis- trativo e acompanhamento. c) Comunicação parcial, acompanhamento e orientação sem objetivos. Planejamento Estratégico Orçamentário 16 d) Orientação para objetivos, comunicação integral e acompanhamento. e) Envolvimento administrativo, contabilidade por áreas de responsabilidades e comunicação parcial. 3. A respeito do conceito de orçamento, aponte a única alter- nativa incorreta: a) O orçamento fornece, somente a níveis operacionais de chão de fábrica, informações tempestivas necessárias ao planejamento, controle e avaliação de desempenho. b) O orçamento é direcional por apresentar planos es- pecíficos com foco em atender os empresários e seus projetos. c) O orçamento tem a função de planejamento e deve co- ordenar e controlar as decisões administrativas. d) O orçamento está ligado diretamente ao planejamento estratégico. e) O orçamento é um plano financeiro que uma empresa elabora e utiliza para estimar resultados de operações futuras. Frequentemente é utilizado para monitorar tais operações. Referências Bibliográficas FREZATTI, F. Orçamento empresarial: planejamento e controle gerencial. 6. ed. São Paulo: Atlas, 2015. GRANDE Enciclopédia Larousse Cultural. São Paulo: Nova Cultural, 1998, 24v. LUNKES, R. J. Manual de orçamento. 2. ed. São Paulo: Atlas, 2009. MUCCI, D. M.; FREZATTI, F.; DIENG, M. As Múltiplas Funções do Orçamento Empresarial. Rev. adm. contemp., Curitiba, v. 20, n. 3, p. 283-304, junho 2016. PADOVEZE. C.L. Planejamento Orçamentário. 3. ed. São Paulo: Cengage, 2015. Planejamento Estratégico Orçamentário 17 SALIM, J.J. Contabilidade & Finanças de A a Z: guia prático de termos técnicos inglês- -português-inglês. São Paulo, SP: Cengage, 2017. WELSCH, G. A. Orçamento empresarial. 4. ed. São Paulo: Atlas, 2009. WELSCH, G. A. Orçamento empresarial. São Paulo: Atlas, 1983. Gabarito – Tema 01 Questão 1 – Resposta: C O planejamento nos permite pensar sobre o futuro da empresa, au- xiliando diretamente no processo de tomada de decisão. Envolve toda a equipe na sua elaboração, mas não permite que os riscos se- jam eliminados. Questão 2 – Resposta: D É muito importante que o gestor observe a equipe e se o clima or- ganizacional da instituição está preparado para realizar um planeja- mento. Casos em que se identifiquem situações como comunicação parcial e orientação sem objetivo podem levar ao fracasso completo do planejamento e à perda preciosa de tempo do gestor. Questão 3 – Resposta: A A opção A trata do conceito parcial dado ao SIG - Sistema de Informações Gerenciais. As outras opções retratam as definições da- das pelos autores sobre o orçamento. Planejamento Estratégico Orçamentário 18 TEMA 02 BUDGET, FORECAST, ROLLING E ORÇAMENTO BASE ZERO Objetivos • Apresentar os tipos de orçamento. • Compreender os conceitos de 4 tipos de orçamento: Budget, Forecast, Rolling e Orçamento base zero. • Analisar em qual contexto deve se utilizar os tipos de orçamentos expostos nesta aula. • Evidenciar a utilidade de cada tipo de orçamento. Planejamento Estratégico Orçamentário 19 Introdução Seja muito bem-vindo(a) a mais uma parte do conteúdo da disciplina de Planejamento Estratégico Orçamentário. Nesta unidade você terá aces- so aos 4 tipos de orçamentos mais antigos e mais conhecidos no Brasil: Budget, Forecast, Rolling e Orçamento base zero. A próxima unidade é complemento desta, onde você estudará outros 4 modelos mais sofisticados de orçamento: gestão por atividades, controle matricial, balanced scorecard e beyond budgeting (assim, o assunto de tipos de orçamento não se esgota nesta unidade). É importante buscar familiaridade com esses termos, pois fazem parte da realidade das empresas. Portanto, esta unidade mostrará que os modelos de orçamento já são utilizados de modo bem rotineiro em nosso dia a dia. Mas, antes de detalharmos os modelos de orçamento, gostaria que re- fletisse comigo um pouquinho: para que as empresas fazem orçamento, mesmo? Muitos profissionais passam dias e dias projetando números e resultados para anos seguintes e sabem que projetar a longo prazo sempre envolve incertezas.E, embora projetem com base no passado e no presente (o que não é errado, é apenas uma diretriz), muitas vezes as projeções não se efetivam e passam a maior parte do tempo futuro em reuniões justifi- cando os ajustes e alterações necessários para o andamento do processo de tomada de decisão. Portanto... para que, mesmo? Resposta bem simples, que você certamente já antecipou em sua men- te: para saber controlar o fluxo de caixa da empresa. Mas, além disso, o orçamento empresarial é o instrumento que as empresas possuem para Planejamento Estratégico Orçamentário 20 porem em prática o Planejamento Estratégico. Por exemplo, o planeja- mento financeiro da empresa (ou de cada um de seus departamentos), e dentro desse, especificamente, o planejamento do fluxo de caixa precisa estar aderente ao Planejamento Estratégico. O orçamento empresarial ex- pressa - em números e em datas – o que se pretende com o Planejamento Estratégico. Assim, o orçamento contemplará as receitas, as despesas e os investimentos necessários para que os objetivos do Planejamento Estratégico sejam alcançados e as datas em que tais fatos devem ter sido realizados. O orçamento prevê as entradas e saídas em determinado período (geral- mente 1 ano), e com isso a empresa pode ter conhecimento de quanto terá de recursos em caixa para tomar algumas decisões gerenciais. Com base nesta realidade que nos cerca, aluno(a), vamos estudar os tipos de orçamento para saber aquele que mais atende às necessidades das empresas onde atuamos profissionalmente. Bons estudos. 1. Tipos de orçamento Muitos modelos de orçamentos foram apresentados pela literatura de forma geral ao longo dos últimos anos. Esta disciplina irá lhe apresentar os mais conhecidos tipos de orçamento e você verá que são fáceis de serem elaborados e acompanhados pelos gestores responsáveis, desde que haja um constante processo de planejamento e controle. Como vimos na unidade anterior, o orçamento começou há muito tempo. A figura 1, elaborada por Lunkes (2009), sintetiza e demonstra um pouco da história dos processos orçamentários. Planejamento Estratégico Orçamentário 21 ~ 1 1 1 / 1 1 1 1 1 Figura 1 – Histórico EVOLUÇÃO DOS PROCESSOS ORÇAMENTÁRIOS 1919 1970 1980 2000 Beyond Budgeting Projeção dos recursos de forma descentra- lizada e flexível, guiada por um conjunto de princípios. Orçamento por atividades Projeção dos recursos nas atividades por meio de direciona- dores de custos. Orçamento Flexível Projeção dos recursos para vários níveis de atividade. Orçamento de Base Zero Projeção dos recursos baseada em pacotes de decisão da estaca zero e com justificativa para todos os novos gastos. Orçamento Contínuo Renovação do período concluído e acréscimo do mesmo período no futuro. Orçamento Empresarial Projeção dos recursos baseada na estrutura organizacional e acompanhamento pelos departamentos. Fonte: Adaptado de Lunkes (2009). O processo orçamentário teve sua evolução principalmente pela necessi- dade que as empresas têm em controlar os dados e informações do pas- sado, presente e futuro. O budget (orçamento original) teve seu surgimento dentro desta realidade e os outros modelos de orçamento acompanharam esta regra, e por isso começamos detalhando a importância deste modelo em todo o processo orçamentário. PARA SABER MAIS Para entendermos como ocorreu essa evolução dos orçamentos nas empresas privadas, consulte como ocorreu a evolução nas empresas públicas brasileiras por meio do histórico em: <https://www.classecontabil.com.br/origem-e- evolucao-do-orcamento-publico/>. Acesso: 18 mai. 2018. Planejamento Estratégico Orçamentário 22 https://www.classecontabil.com.br/origem-e-evolucao-do-orcamento-publico/ https://www.classecontabil.com.br/origem-e-evolucao-do-orcamento-publico/ 1.1. Budget Conhecido também como orçamento original ou orçamento estático, é o tipo de orçamento mais utilizado pelas instituições públicas ou privadas. O nome de orçamento estático é dado pelo fato de que a empresa, ao selecionar suas pretensões para o próximo período, não pode realizar alterações futuras, tratando os dados de forma “estática”. Você deve pensar neste momento: “Será possível atingir exatamente o que foi proposto em um período anterior como orçamento?” Sabemos que vários fatores devem ser levados em consideração para que os empregados atinjam o orçamento aprovado! Para que seja elaborado o budget, a empresa deve estipular a quantidade de vendas que pretende realizar em determinado período. Depois disso, analisa quais as atividades que terá que exercer para atingir o objetivo. Estas atividades são exercidas por áreas da empresa e por isso devem ser incluídas no modelo orçamentário. Exemplo: A empresa Simples Assim Indústria e Comércio de Roupas Ltda., localizada em Minas Gerais, produz e vende somente bermudas femini- nas e apurou os seguintes gastos: Custo com material direto (matéria-prima) $ 30,00 Mão de obra direta (empregados) $ 20,00 Outros custos (embalagem e indiretos) $ 10,00 Total de variáveis: $ 60,00 Os custos e despesas fixas mensais para produção de 500 unidades por mês são: Aluguel da fábrica $ 2.000,00 Salários indiretos $ 5.000,00 Gastos administrativos $ 4.000,00 Gastos com vendas $ 3.000,00 Total de fixos: $ 14.000,00 Planejamento Estratégico Orçamentário 23 PARA SABER MAIS Os termos variáveis e fixos são utilizados na ciência de cus- tos para classificar os gastos em relação a quantidade que a empresa pretende produzir. As variáveis são conhecidas por aqueles gastos que variam muito se a empresa produzir mui- to, ou pouco, se a empresa produzir pouco. Como exemplo podemos citar os gastos com mão de obra direta. Já os gastos fixos devem ser considerados sempre nas contas das empresas, independentemente do volume produzido ou comercializado. A empresa, produzindo ou não, deve quitar essas contas, como é o caso do aluguel e IPTU da fábrica. A empresa pretende vender 500 unidades praticando o preço de venda unitário de $ 200,00. ASSIMILE O lucro da empresa, de acordo com o exemplo apresentado, pode ser apurado da seguinte forma: Receita (500 unidades x $ 200,00) $ 100.000,00 Subtrair: Variáveis (500 unidades x $ 60,00) $ 30.000,00 Fixas $ 14.000,00 = Lucro Operacional Orçado $ 56.000,00 Perceba que a empresa detalhou todos os gastos que pretende ter. Inclusive o preço de venda que deve praticar. Este é o budget! A questão, neste tipo de orçamento, é que o gestor deve, a todo momen- to, justificar os motivos que levaram a cumprir ou não o orçamento. E isso pode levar a várias reuniões e discussões administrativas. Esta é uma das críticas a este tipo de orçamento! Planejamento Estratégico Orçamentário 24 Vamos analisar as próximas propostas de modelos de orçamento? 1.2. Forecast Após obter a compreensão sobre o primeiro e mais utilizado modelo de orçamento, você perceberá que o forecast é uma continuação do budget. O forecast é conhecido como orçamento ajustado e tem por função apre- sentar alterações necessárias ao budget, quando ocorrem situações onde os gestores devem justificar devidamente. Como exemplo, podemos citar: a empresa assinou um novo contrato com determinado cliente e para isso precisa contratar mais 2 empregados e comprar uma nova máquina e, como esta situação irá gerar impacto no caixa da empresa, deve se realizar ajuste no budget. Outro exemplo: Veja no quadro 1 que a empresa orçou obter a receita de $ 5.000,00 por mês, este é o budget estabelecido e aprovado anteriormen- te pela empresa. No entanto, em alguns meses, este valor variou (o que é completamente normal!). Assim, há a necessidade de realizar o ajuste. Veja que no primeiro mês o ajuste foi positivo em $ 100,00 e no décimo mês foi negativo em $ 1.000,00. Quadro1 - Previsão de Receitas no ano 1 da empresa PERÍODOS BUDGET VARIAÇÃO FORECAST Mês 1 5.000,00 100,00 5.100,00 Mês 2 5.000,00 (500,00) 4.500,00 Mês 3 5.000,00 300,00 5.300,00 Mês 4 5.000,00 ( 1.650,00) 3.350,00 Mês 5 5.000,00 500,00 5.500,00 Mês 6 5.000,00 600,00 5.600,00 Mês 7 5.000,00 ( 1.200,00) 3.800,00 Mês 8 5.000,00 400,00 5.400,00 Mês 9 5.000,00 1.000,00 6.000,00 Mês 10 5.000,00 ( 1.000,00) 4.000,00 Mês 11 5.000,00 ( 700,00) 4.300,00 Mês 12 5.000,00 900,00 5.900,00 Fonte: Elaborado pela autora. Planejamento Estratégico Orçamentário 25 O valor ajustado passa a ser chamar forecast, que nada mais é que um orçamento mais próximo da realidade da empresa, mas que tem como base o budget. Veja o próximo modelo de orçamento proposto. 1.3. Rolling Existe tanto o rolling budget como o rolling forecast. Pela semelhança com os dois modelos anteriores, certamente já se pode perceber que o modelo de orçamento rolling propõe alguma melhoria para o budget e forecast. O rolling é conhecido como orçamento contínuo e tem a função de flexibi- lizar o orçamento estático que você estudou até o momento. O budget e forecast são realizados pelo período de 12 meses dentro de um ano. O rolling propõe que, conforme os meses vão passando dentro de um ano, os meses do ano seguinte sejam incluídos no orçamento. E, ao serem incluídos, terão valores orçados de acordo com a realidade da empresa. No quadro 2, veja um exemplo: no momento 1, a empresa teve como ajuste de sua receita o valor $ 5.100,00. A partir do momento 2, o mês 1 é desconsiderado no orçamento da empresa, mas o mês 1 do ano seguinte passa a fazer parte do quadro, considerando a alteração proposta pelo forecast. Veja as mesmas operações nos momentos 2, 3 e 4. Claro que pode haver uma alteração para o orçamento do ano seguinte para um valor acima ou abaixo de $ 5.100,00, mas a empresa passa a ter um novo parâmetro para discutir seus números no orçamento. Planejamento Estratégico Orçamentário 26 Quadro 2 - Previsão de Receitas no ano 1 e 2 da empresa Ano Períodos Momento 1 Momento 2 Momento 3 Momento 4 Budget Forecast Budget Forecast Budget Forecast Budget Forecast X 1 Mês 1 5.000,00 5.100,00 - - X 1 Mês 2 5.000,00 5.000,00 4.500,00 X 1 Mês 3 5.000,00 5.000,00 5.000,00 5.300,00 X 1 Mês 4 5.000,00 5.000,00 5.000,00 5.000,00 3.350,00 X 1 Mês 5 5.000,00 5.000,00 5.000,00 5.000,00 X 1 Mês 6 5.000,00 5.000,00 5.000,00 5.000,00 X 1 Mês 7 5.000,00 5.000,00 5.000,00 5.000,00 X 1 Mês 8 5.000,00 5.000,00 5.000,00 5.000,00 X 1 Mês 9 5.000,00 5.000,00 5.000,00 5.000,00 X 1 Mês 10 5.000,00 5.000,00 5.000,00 5.000,00 X 1 Mês 11 5.000,00 5.000,00 5.000,00 5.000,00 X 1 Mês 12 5.000,00 5.000,00 5.000,00 5.000,00 X 2 Mês 1 5.100,00 5.100,00 5.100,00 X 2 Mês 2 4.500,00 4.500,00 X 2 Mês 3 5.300,00 Fonte: Elaborado pela autora. Ainda nesta unidade, precisamos analisar o Orçamento Base Zero. LINK O governo federal não utiliza os tipos de orçamentos que as empresas privadas utilizam. Seus orçamentos são realizados com base na Lei de Diretrizes Orçamentárias. O orçamento público também é revisto continuamente como o orçamento das empresas privadas. 1.4. Orçamento Base Zero (OBZ) Conhecido pelas iniciais OBZ, este tipo de orçamento é muito utilizado por empresas que gostam de um orçamento mais rígido, sem conside- rar resultados e dados de anos anteriores, e preferem detalhar melhor os gastos. Planejamento Estratégico Orçamentário 27 Como se fosse um orçamento por projeto a partir do zero. Os gestores devem realizar este orçamento com base em diversos crité- rios, chamados por Padoveze e Taranto (2009, p. 46), de “pacote de deci- são”, que compreende, segundo os autores: • Breve descrição da atividade. • Objetivo ou finalidade da atividade. • Gastos e benefícios da atividade. • Consequências da não-execução da atividade. • Medidas de desempenho. • Atividades alternativas. Este tipo de orçamento é mais criterioso e gerencial. O gasto é destinado de acordo com a utilidade que determinada atividade tem para a empresa. Caso não fique evidenciado os benefícios para a destinação de recursos, cer- tamente o gestor não terá seu projeto aprovado no orçamento da empresa. EXEMPLIFICANDO Veja um exemplo no formato passo a passo: em uma empre- sa de sorvetes, um gestor está projetando o investimento em uma nova máquina de sorvete artesanal com o objetivo de aumentar as vendas: 1. Breve descrição da atividade: o local vende doces para clientes da classe média alta no bairro Pinheiros, em São Paulo; 2. Objetivo ou finalidade da atividade: aumentar as vendas; 3. Gastos e benefícios da atividade: gasto orçado de $100.000,00 na compra da máquina e venda aumenta- da em 10% mensalmente até estabilizar após três meses, desconsiderada a sazonalidade; 4. Consequências da não-execução da atividade: as vendas podem estagnar caso a loja não apresente novidades; Planejamento Estratégico Orçamentário 28 5. Medidas de desempenho: acompanhamento do fatura- mento mês a mês; 6. Atividades alternativas: alugar a máquina de sorvete artesanal ou somente revender sorvetes de um outro fornecedor. Observação: para cada etapa, o gestor deve comprovar por meio de documentos a estratégia exposta. QUESTÃO PARA REFLEXÃO O orçamento, desde meados dos anos de 1900, é utilizado como uma das peças fundamentais pelos gestores administrativos no processo decisório. Sempre com a finalidade de auxiliar o controle das receitas e gastos futuros, a fim de prever o caminho que a empresa poderá seguir. Mas... Como seria se não existisse o orçamento como vimos nesta unidade? Sugira uma forma de controle que auxilie o gestor no processo de tomada de decisão, justificando a sua escolha. 2. Considerações finais Esta unidade tratou de alguns modelos de orçamento utilizados pelas em- presas privadas. Apuramos que: • Os 4 primeiros modelos de orçamentos estão diretamente relacio- nados, embora apresentem formas de análises distintas. • O budget deu início ao processo de controle orçamentário de uma forma simples e direta. Planejamento Estratégico Orçamentário 29 • O forecast ajusta o budget permitindo o acompanhamento das varia- ções ocorridas entre o projetado e o realizado. • O rolling permite que a análise do orçamento ultrapasse o exercício anual atual da empresa. • O Orçamento Base Zero propõe a realização de um orçamento sem levar em consideração o passado. Propõe um orçamento com base em metas futuras. Com isso, vimos que são diferentes e interessantes formas de se fazer e controlar um orçamento. Na próxima unidade continuaremos com outros modelos de orçamento. Até logo! Glossário • Orçamento Base Zero: “sistema orçamentário desenvolvido nos EUA, considerado mais adequado para empresas que enfrentam rápidas mudanças.” (SALIM, 2017, p. 198) • Orçamento Contínuo: “orçamento que adiciona um período fu- turo assim que o período corrente termina. Portanto, sempre con- templa a mesma quantidade de períodos.” (SALIM, 2017, p. 48) • Orçamento Fixo: “plano financeiro em que os gastos e recebimen- tos são apresentados em valores fixos, isto é, não variam com o ní- vel de atividades da empresa. Às vezes é denominado “orçamento estático.” (SALIM, 2017, p. 86) • Orçamento Flexível: “orçamento no qual as receitas e despesas são projetadas com base em vários níveis de atividades da empre- sa.” (SALIM, 2017, p. 87) Planejamento Estratégico Orçamentário 30 VERIFICAÇÃO DE LEITURA TEMA 02 1. Conhecido como orçamento original ou orçamento estáti- co, estamos citando o:a) Budget. b) Forecast. c) Rolling budget. d) Rolling forecast. e) Orçamento Base Zero. 2. O tipo de orçamento que é conhecido como orçamento ajustado é o: a) Budget. b) Forecast. c) Rolling budget. d) Rolling forecast. e) Orçamento Base Zero. 3. O orçamento que, ao ser elaborado, não considera resul- tados e dados de anos anteriores é o: a) Budget. b) Forecast. c) Rolling budget. d) Rolling forecast. e) Orçamento Base Zero. Referências Bibliográficas FREZATTI, F. Orçamento empresarial: planejamento e controle gerencial. 6. ed. São Paulo: Atlas, 2015. LUNKES, R. J. Manual de orçamento. 2. ed. São Paulo: Atlas, 2009. Planejamento Estratégico Orçamentário 31 MUCCI, D. M.; FREZATTI, F.; DIENG, M. As Múltiplas Funções do Orçamento Empresarial. Rev. adm. contemp. Curitiba, v. 20, n. 3, p. 283-304, junho 2016. PADOVEZE. C.L. Planejamento Orçamentário. 3. ed. São Paulo: Cengage, 2015. PADOVEZE. C.L.; TARANTO, F. C. Orçamento empresarial: novos conceitos e técni- cas. São Paulo: Pearson Education do Brasil, 2009. SALIM, J.J. Contabilidade & Finanças de A a Z: guia prático de termos técnicos inglês- -português-inglês. São Paulo, SP: Cengage, 2017. WELSCH, G. A. Orçamento empresarial. São Paulo: Atlas, 1983. WELSCH, G. A. Orçamento empresarial. 4. ed. São Paulo: Atlas, 2009. Gabarito – Tema 02 Questão 1 – Resposta: A Trata-se do tipo de orçamento budget. Questão 2 – Resposta: B Trata-se do tipo de orçamento forecast. Questão 3 – Resposta: E Trata-se do tipo de Orçamento Base Zero. Planejamento Estratégico Orçamentário 32 TEMA 03 GESTÃO POR ATIVIDADES, CONTROLE MATRICIAL, BALANCED SCORECARD, BEYOND BUDGETING. Objetivos • Apresentar os tipos de orçamento e compreender os seus conceitos: Gestão por Atividade, Controle Matricial, Balanced Scorecard e Beyond Budgeting. • Analisar a relação de cada tipo de orçamento com o planejamento orçamentário. • Avaliar a aplicabilidade de cada modelo de orçamen- to dentro de uma empresa. Planejamento Estratégico Orçamentário 33 Introdução Seja muito bem-vindo(a) a mais uma parte do conteúdo da disciplina de Planejamento Estratégico Orçamentário. Na unidade anterior, você estudou os quatro tipos de orçamentos mais antigos e mais conhecidos no Brasil (Budget, Forecast, Rolling e Orçamento Base Zero). Nesta unidade, você irá ter acesso a outros quatro modelos de orçamento, que são: • Gestão por atividades; • Controle matricial; • Balanced scorecard; e • Beyond budgeting. Verá que são modelos bem distintos com propostas e questionamentos que divergem muito entre si. Mas o que quer dizer isto? Quer dizer que se a empresa decidir pela adoção de um modelo de orçamento, terá que refletir sobre o uso ou não de outro como complemento. Ou, ainda que pretenda mesclar os modelos, terá muito trabalho para realizar e acomo- dar um modelo ao outro. Em contrapartida, embora seja muito trabalhoso, não é impossível. E isto é justamente o que veremos nesta unidade. Bons estudos. 1. Tipos de orçamento 1.1. Gestão por Atividades Como o próprio nome menciona, a empresa que adota este tipo de or- çamento está preocupada em gerir seus negócios a partir das atividades que exerce como fonte para obter lucro. Então, certamente deve surgir uma questão em sua mente: “mas como fazer isso de forma direta e prá- tica no dia a dia da empresa? Planejamento Estratégico Orçamentário 34 A resposta é simples: por meio da análise de todas as atividades que a empresa precisa exercer para conseguir produzir e vender seu produ- to, sempre com o foco em quanto está custando esta fase (atividade) do processo. Partindo da realidade de que as empresas exercem diversas atividades de forma simultânea, Padoveze e Taranto (2009, p. 50) sugerem que a em- presa observe quatro pontos importantíssimos para não deixar escapar nenhum detalhe, são eles: • Orçar os custos para a realização das atividades de cada área (por meio de direcionadores de custos); • Determinar a demanda de cada atividade individualmente, com base, entre outros fatores, no orçamento, na produção e no desen- volvimento de novos produtos; • Calcular os custos de realização de cada atividade; e • Estabelecer o orçamento como o custo de realização de diversas atividades. De forma prática, o próximo quadro demonstra as sugestões acima: Quadro 1: Direcionadores e custos relacionados (área fabril) - mensal SETOR ATIVIDADES EXERCIDAS ORÇAMENTO DE CUSTO NECESSÁRIO $ DEMANDA DA ATIVIDADE CUSTO DE REALIZAÇÃO $ Fabril Manutenção da máquina 80.000,00 1.200 110.000,00 Fabril Limpeza da máquina 20.000,00 1.200 31.000,00 Fabril Organização da máquina 40.000,00 600 39.000,00 Fabril Solicitações de compras 35.000,00 3.000 28.000,00 Fonte: a autora. Planejamento Estratégico Orçamentário 35 EXEMPLIFICANDO Certamente você percebeu que no quadro 1, há a destina- ção de orçamento para a limpeza de máquina no valor de $ 20.000,00. Quer dizer que há a previsão de gasto para que ocorra a limpeza da máquina em determinado mês. Mas per- cebeu também que na última coluna a empresa gastou mais que o valor aprovado. Aqui caberiam outros questionamen- tos, outras análises ou até a continuação deste quadro, tais como: qual o motivo de terem ultrapassado o valor aprova- do em $ 11.000,00? Houve aumento de demanda (acima de 1200 limpezas no mês) ou aumento do custo dos produtos e mão de obra necessária? Qual impacto esse aumento terá sobre o caixa da empresa? Alguma conta poderia deixar de ser paga em virtude deste aumento? O quadro 1 demonstra uma situação comum dentro das empresas que adotam este tipo de orçamento. Você pode perceber que estão relacio- nadas 4 atividades que são praticadas dentro da área da fábrica (setor fabril). Para cada linha apresentada, há uma relação com as informações sobre a quantidade de atividades no mês, o custo orçado, bem como a demanda interna por aquela atividade na empresa e o custo realizado. Detalhando uma das atividades exercidas: para que ocorram todas as ma- nutenções de máquina no mês, a empresa precisa que 1.200 atividades sejam realizadas dentro deste setor, ou seja, devem ocorrer 1200 manu- tenções no período. Em relação ao custo, a empresa está direcionando o recurso total de $ 80.000,00. Após o período, a empresa analisou que o custo de realização não foi de $ 80.000,00 e sim de $ 110.000,00. Com base nessa análise, a empresa buscará diagnosticar o fato e adotar provi- dências apropriadas A mesma análise pode ser aplicada nas outras ativi- dades deste quadro. Planejamento Estratégico Orçamentário 36 Veja como é possível também adotar este modelo de orçamento na área administrativa: Quadro 2: Direcionadores e custos relacionados (área administrativa) - mensal SETOR ATIVIDADE EXERCIDA ORÇAMENTO DE CUSTO NECESSÁRIO $ DEMANDA DA ATIVIDADE CUSTO DE REALIZAÇÃO $ Fabril Emissão de notas fiscais 60.000,00 1.000 60.000,00 Fabril Serviço de expedição 40.000,00 1.000 30.000,00 Fabril Solicitações de vendas solicitadas 30.000,00 400 28.000,00 Fabril Relatórios de resultados 25.000,00 1.000 27.000,00 Fonte: a autora. Você pode entender, a partir desses dois exemplos, que a empresa que adota a gestão por atividade controla não só os gastos do setor, mas ad- ministra os recursos destinados a cada atividade, ao confrontar orçado com realizado, que o setor exerce dentro da empresa. É sem dúvida uma forma mais detalhada e criteriosa de se fazer orçamen- to. Mas temos ainda outras propostas de modelos de orçamento para analisarmos. Vamos a elas... 1.2. Controle matricial O modelo de orçamento baseado no controle matricial gerencial adota o princípio de direcionamento de gastos a partir de metas dadas aos gesto- res principais. A adoção do modelo sugere economia a partir do estabelecimento de quanto cada gestor pode gastar e estabelece metasperiódicas para redu- ção deste valor. Mas não é feito de forma aleatória! Sempre se deve levar em consideração a forma particular de gerir cada empresa. Mas, como fazer esse controle? Planejamento Estratégico Orçamentário 37 ASSIMILE O que são matrizes? A melhor forma de entender é fazer uma relação direta deste nome com uma tabela composta por linhas e colunas. Assim como podemos colocar informa- ções nas linhas, podemos fazê-lo com as colunas. A relação que fazemos da quantidade de linhas com a quantidade de colunas que constam informações, chamamos de matrizes. A ordenação das linhas de uma matriz, por convenção, é dada de cima para baixo, e a ordenação das colunas, da esquerda para a direita. Por meio de uma matriz, onde ocorre o cruzamento dos dados dos gastos (como os custos e despesas), com um gestor responsável por uma coluna e outro responsável por uma linha. Assim, há momentos em que ocorre a dupla responsabilidade, onde um gestor passa a controlar outro gestor quando há o cruzamento de infor- mações relevantes dos dois. Veja um exemplo prático: as despesas com refeições da fábrica são contro- ladas pelo chefe/gestor do setor da fábrica, mas também são controladas pelo setor de recursos humanos na parte de benefícios (para este modelo, considere como se a empresa que fornece refeições fosse terceirizada). Observe que nesta situação há um caso de “cruzamento” de interesses: onde uma única informação (gastos com refeições) interessa a 2 setores distintos com gestores distintos. O que torna fácil prever que o gasto com refeição da fábrica está sendo controlado, ou seja, tem um acompanhamento constante e isso permitirá um questionamento maior acerca dos valores. O que pode levar à redu- ção futura dos gastos com refeição. Planejamento Estratégico Orçamentário 38 Usando os mesmos critérios, é possível analisar todos os custos, despe- sas e inclusive as receitas da empresa, por departamento e por produtos. O exemplo citado compreendeu somente os gastos com refeições da fá- brica, mas é possível acompanhar os gastos de todos os departamentos com refeições em determinado período. Certamente, pode-se observar outras despesas mediante outros tantos exemplos, como gastos com manutenção, energia elétrica e serviços de limpeza, por departamento. E na linha e colunas finais, o valor total gasto no período. Graficamente, a forma matricial permite que o gestor tenha uma visão ge- ral dos gastos por departamento e por tipo de despesa. Com isso, é possí- vel apurarmos alguns benefícios com a adoção deste tipo de orçamento: • Apuração e análise: mais de um gestor responsável pela apuração e análise das informações; • Destinação de custos: estabelecimento do quanto cada setor pode gastar; • Gerenciamento: acompanhamento do comportamento do custo ao longo do tempo; • Melhorias propostas: crescente melhoria na forma de apresentar e gerenciar os gastos; • Visão: permite visão global dos gastos da empresa; • Futuro: previsão de gastos para os próximos orçamentos. O próximo modelo de orçamento é bem interessante e diferente dos an- teriores, por tratar da forma como se deve gerenciar as informações dos orçamentos. Planejamento Estratégico Orçamentário 39 1.3. BALANCED SCORECARD (BSC) PARA SABER MAIS O BSC passou a ser conhecido a partir do ano de 1983, por meio de Kaplan e Norton. Os autores, consultores de empre- sas na época, desenvolveram um estudo onde pudessem, a partir do resultado, criar uma nova forma de calcular o de- sempenho de uma empresa em determinado período. Esta curiosidade dos autores surgiu a partir do momento que não acreditaram mais nas medidas propostas pela contabilidade para o gerenciamento de resultados. Com o aperfeiçoamen- to das técnicas utilizadas, surgiu o BSC. As empresas planejam e decidem as formas como devem aplicar suas es- tratégias a fim de obter lucro. Mas, como medir se as estratégias adotadas estão realmente dando retorno para a empresa? Como proposta de res- posta a esta questão surgiu o modelo de orçamento Balanced Scorecard. O modelo propõe acompanhar o gerenciamento estratégico da empresa por meio das seguintes perspectivas: • Financeira: com objetivo em acompanhar os custos, gerenciar as receitas visando aumentar o lucro; • Cliente: atender às expectativas do cliente antes e depois do proces- so de vendas; • Processos internos de negócios: revisar processos e demandas internas que ocasionam problemas, entre outros, com os clientes, como a falta de produtos e o atendimento não eficiente; • Aprendizado e crescimento: com o objetivo de cuidar do emprega- do por meio de treinamentos (interno/externo), evitando a troca de equipes e insatisfações. Mas tem um passo que antecede estas preocupações e traduz o seguinte questionamento: como elaborar o Balanced Scorecard? Planejamento Estratégico Orçamentário 40 Padoveze (2015) sugere que a empresa deve observar alguns pontos, tais como: • Estabelecer a visão e estratégia da empresa; • Divulgar amplamente as metas estabelecidas/aprovadas; • Adotar a prática de recompensas por desempenho; • Planejar as formas como as metas serão alcançadas; • Fornecer retorno (feedback) estratégico a todos os envolvidos. LINK Existe um modelo de orçamento chamado Balanced Scorecard. Vale a pena buscar maiores informações e aplicações para me- lhor compreender o presente tópico. Faça isso utilizando a in- ternet e exercitando a sua postura autônoma e crítica! O quarto e último tema que você vai estudar nesta unidade é o Beyond Budgeting. Você verá neste modelo um caso de crítica ao modelo tradicio- nal do orçamento. Vamos ao estudo do Beyond Budgeting? 1.4. BEYOND BUDGETING PARA SABER MAIS Hope e Frase, criadores do Beyond Budgeting, no ano de 1972, apontam o desgaste do uso do orçamento por meio dos casos de Jan Wallander (CEO da empresa Svenska Handelsbanken), pela referência em 1995, pela empresa Borealis e, em 1999, citando o caso da Rodhia, que desistiu de fazer orçamento. Essas empresas, por serem consideradas potências nas suas respectivas épocas, trouxeram uma nova discussão ao mer- cado: seria o orçamento um modelo insubstituível? Leia mais em: <https://bbrt.org/ >. Acesso em: 23 mai. 2018. Planejamento Estratégico Orçamentário 41 https://bbrt.org/ O mais interessante do Beyond Budgeting (que significa, traduzido do in- glês, “além do orçamento”) é que este modelo se dedica a desclassificar a importância que todos dão aos orçamentos. O Beyond Budgeting acredita que os orçamentos são capazes de manipu- lar dados e informações para se chegar a resultados desejados, além de se perder muito tempo fazendo e discutindo algo que terá uma série de ajustes no futuro. Mas se o Beyond Budgeting se propõe a fazer uma crítica feroz e direta ao orçamento, o que este modelo tem a apresentar de novo? O Beyond Budgeting apresenta um modelo não centralizador, ou seja, não focado na administração central da organização. Esta forma de pensar os resultados estabelece maior autonomia para gestores cuidarem de seus gastos e priorizarem, ou seja, escolherem seus próprios indicadores. Pode-se entender de outra forma também: o Beyond Budgeting tem recur- sos direcionados pela alta administração (como no orçamento), mas não é a alta administração que estabelece e aprova os custos ou despesas do setor em determinado período. Os gestores têm, portanto, maior flexibi- lidade para direcionarem os gastos por necessidades que possam surgir em diferentes momentos. Adicionalmente, o Beyond Budgeting apresenta os seguintes princípios norteadores (Padoveze e Taranto, 2009): • Governança: missão, princípios e valores. • Autonomia: por parte dos gestores. • Responsabilidade pelo desempenho: gestores responsáveis por metas e objetivos. • Organização: criação de centros de custos e unidades de negócios. • Foco nosclientes: atender ao cliente. • Informação: troca de informações por todos que pertencem à empresa Planejamento Estratégico Orçamentário 42 Como forma de exemplificar, veja um quadro comparativo proposto no ano de 2003 pelo Beyond budgeting Round Table (BBRT): Há, portanto, a proposta de mudança na forma de pensar e se comportar diante dos modelos preestabelecidos que estudamos nesta unidade e na unidade anterior. Não quer dizer que tudo que estudamos está completamente errado. Mas quer dizer que devemos conhecer o máximo de modelos de contro- le orçamentários estratégicos possíveis para, destes, escolhermos uma ou mais de uma forma que se adapte à realidade das empresas onde trabalhamos. QUESTÃO PARA REFLEXÃO Após estudar oito modelos ou propostas de orçamentos estratégi- cos, fica muito difícil para você adotar somente uma forma de se pre- ver e controlar os gastos da empresa onde você atua. Mas digamos que você tenha que escolher somente um modelo, qual escolheria? Aponte as razões que o(a) levaram a esta escolha. E, em seguida, de- talhe os desafios positivos e os desafios negativos que terá na im- plantação deste orçamento. 2. Considerações finais Esta unidade propôs o estudo de outros quatro modelos de orçamento, tendo como pontos principais: • A gestão por atividades como proposta para elaboração e controle de gastos por atividade que a empresa exerce em seus setores. • O controle matricial demonstra a possibilidade de mais de um ges- tor gerenciar determinado gasto na empresa. • O Balanced Scorecard é uma proposta para o gerenciamento das estratégias decididas pela alta administração. Planejamento Estratégico Orçamentário 43 • E o Beyond Budgeting deseja que todos repensem a forma como fazem seus orçamentos. Ou seja, propõe a não centralização do processo de tomada de decisão sobre a destinação dos recursos da empresa. Glossário • Balanced Scorecard: “sistema de gestão que traduz a estratégia da organização em objetivos claros, métricas, metas e iniciativas segundo quatro perspectivas diferentes, porém inter-relaciona- das: financeira, do cliente, interna e aprendizagem e crescimento.” (SALIM, 2017, p. 24) • Custos: “sacrifício - medido pelo preço que se pagou ou a ser pago - para adquirir, produzir ou manter bens e serviços.” (SALIM, 2017, p. 51) • Despesas: “utilização ou consumo de bens e serviços no processo de gerar receitas. Exemplos: despesas administrativas, despesas de vendas, despesas financeiras.” (SALIM, 2017, p. 51) VERIFICAÇÃO DE LEITURA TEMA 03 1. Conhecido como o modelo que faz uma crítica ao orça- mento tradicional, normalmente utilizado pelas empresas: a) Budget. b) Gestão por atividades. c) Controle matricial. d) Balanced Scorecard. e) Beyond Budgeting. Planejamento Estratégico Orçamentário 44 2. O modelo de orçamento que propõe que mais de um ges- tor administre uma única despesa ou custo é: a) Budget. b) Gestão por atividades. c) Controle matricial. d) Balanced Scorecard. e) Beyond Budgeting. 3. O orçamento, que ao ser elaborado tem como meta aten- der a indicadores estratégicos, como os objetivos financei- ros, clientes, processos internos e aprendizado e cresci- mento é o: a) Budget. b) Gestão por atividades. c) Controle matricial. d) Balanced Scorecard. e) Beyond Budgeting. Referências Bibliográficas FREZATTI, F. Orçamento empresarial: planejamento e controle gerencial. 6. ed. São Paulo: Atlas, 2015. KAPLAN, Robert S.; NORTON, David. P. Balanced scorecard: translating strategy into action. Boston: Harvard Business School Press 1996. PADOVEZE. C.L. Planejamento Orçamentário. 3. ed. São Paulo: Cengage, 2015. PADOVEZE. C.L.; TARANTO, F. C. Orçamento empresarial: novos conceitos e técni- cas. São Paulo: Pearson Education do Brasil, 2009. SALIM, J.J. Contabilidade & Finanças de A a Z: guia prático de termos técnicos inglês- -português-inglês. São Paulo, SP: Cengage, 2017. Planejamento Estratégico Orçamentário 45 Gabarito – Tema 03 Questão 1 – Resposta: E Trata-se do tipo de Beyond Budgeting. Questão 2 – Resposta: C Trata-se do tipo do controle matricial. Questão 3 – Resposta: D Trata-se do tipo do Balanced Scorecard. Planejamento Estratégico Orçamentário 46 TEMA 04 ORÇAMENTO DE PRODUÇÃO E VENDAS Objetivos • Compreender a importância do Orçamento Operacional Empresarial e suas partes relacionadas. • Estudar a teoria e a forma como se aplica o orçamen- to de vendas em uma empresa. • Estudar a teoria e a forma como se aplica o orçamen- to de produção em uma empresa. • Entender a relação de complementaridade que há entre o orçamento de vendas e o orçamento de produção. Planejamento Estratégico Orçamentário 47 Introdução Você começará a estudar, a partir desta unidade, a parte prática da dis- ciplina de Planejamento Estratégico Orçamentário. Em outras palavras, esta unidade contempla tanto a prática como a teoria da elaboração do orçamento de vendas e do orçamento de produção. É sempre recomendável que se estude os dois assuntos de forma conjun- ta, pois, como você verá, há uma relação direta entre os temas, de modo que um tema é complemento do outro, o que acaba nos permitindo ter uma visão geral sobre o assunto. Ao realizar um orçamento é possível avaliar alguns detalhes antes não observados, principalmente sob a ótica de detalhamento e projeção de quanto a empresa pretende vender e produzir em determinado período. Mas isso não quer dizer que a empresa, ao praticar o orçamento, irá acer- tar em 100% tudo o que projetou, pois o “mundo ideal” seria se ela fosse capaz de saber como estaria daqui a um ano. Mas como não é possível, a empresa tenta errar o menos possível. E por isso, a empresa sempre, com muita atenção e paciência, tenta co- nhecer o mercado em que está inserida, a política econômica do seu país, os impostos que são aplicados sobre os seus produtos e outros fatores que a ajudam no equilíbrio entre as suas necessidades de venda e sua produção. 1. Orçamento operacional O orçamento que compreende todas as operações que a empresa exerce a fim de atingir o seu objetivo de lucro é conhecido como orçamento ope- racional. Geralmente é mensurado para o período de um ano e por isso tem em seu conceito a adoção do ciclo operacional. Planejamento Estratégico Orçamentário 48 ASSIMILE Ciclo Operacional (CO): relaciona o tempo da compra da ma- téria prima até o momento em que recebe a mercadoria ven- dida a prazo. É representada pela fórmula: CO = PME + PMRV Onde: CO à Ciclo Operacional PMRE à Prazo Médio de Estocagem PMRV à Prazo Médio de Recebimento das Vendas O orçamento operacional recebe outros nomes também, pois é dividi- do por categorias ou setores que representam todas as atividades da empresa. Veja estes exemplos: • No setor comercial é chamado de orçamento de vendas. • No setor da fábrica é chamado de orçamento de produção. • No setor de movimentação de materiais é chamado de orçamento de capacidade de logística. • Na área do almoxarifado é conhecido como orçamento de consumo de materiais. • Na área onde ficam armazenados a matéria-prima e embalagens é chamado de orçamento de estoque de materiais. Existem muitos outros modelos de orçamento operacional. Este detalhe varia muito de empresa para empresa. Ou seja, depende do tamanho e estrutura organizacional que a empresa tem. Mas, um fator é unânime: tanto o orçamento de vendas como o orçamento de produção devem ser elaborados com cuidado e de maneira detalhada. Planejamento Estratégico Orçamentário 49 Assim, você começará a estudar os orçamentos operacionais pelos or- çamentos de vendas e produção. Verá a relação que há entre estes dois setores e a utilidade que o controle orçamentário exerce sobre o dia a dia das atividades exercidas em ambos.Vamos começar pelo orçamento de vendas, por este exercer forte influ- ência sobre o orçamento de produção. 1.1. Orçamento de Vendas O orçamento de vendas é visto por muitos como o mais importante den- tro de qualquer empresa. É este orçamento que determina as expectativas com produção para suprir tempestivamente o ponto de venda desejado. Muitos detalhes precisam ser avaliados antes, durante e após a elabo- ração deste orçamento, a fim de responder, no mínimo, aos seguintes questionamentos: • Quais produtos a empresa pretende vender? • O produto está sujeito à sazonalidade? PARA SABER MAIS Dizemos que um produto é sazonal quando este tem alguma particularidade que permite que suas vendas sejam maiores em determinado período do ano e menores em outros. Não quer dizer que a empresa pare de vender em alguns momen- tos, mas que suas vendas ficam comprometidas em função desta particularidade. Exemplos: sorvetes, ovos de páscoa, panetone, entre outros. • Quais são os mercados que a empresa deseja atender? • Qual a quantidade que a empresa pretende produzir? • Quais serão os preços praticados para cada produto que a empresa comercializa? Planejamento Estratégico Orçamentário 50 • Haverá distinção entre os preços praticados à vista dos preços pra- ticados a prazo? • Como se dará a política de crédito? • Quais tributos estarão inseridos neste cenário? • A empresa receberá créditos fiscais em suas operações de compra de produtos/mercadorias? • E, caso realize vendas para o mercado internacional, como se darão as projeções das variações das moedas estrangeiras? Certamente você pode observar o excesso de detalhes exigidos para a elaboração do orçamento de vendas. Mas a melhor forma de compreen- der a importância e relevância de cada informação citada acima é fazendo um orçamento de vendas. Então, vamos à construção de um modelo? Para isso, você deve dividir o processo de construção do orçamento de vendas em quatro fases: Primeira fase: Você precisa projetar quanto pretende vender de cada pro- duto (projete em quantidade, neste momento). Exemplo: A empresa “Sempre Caminhando Ltda.” produz e comercializa diversos produtos, entre eles, a calça feminina. Para o próximo exercício pretende vender as seguintes quantidades por mês: Quadro 1 - Previsão de Vendas - quantidades PERÍODO QUANTIDADE PROJETADA mês 1 1.000 mês 2 1.000 mês 3 1.100 mês 4 1.100 mês 5 1.200 mês 6 1.200 mês 7 1.300 mês 8 1.300 mês 9 1.400 mês 10 1.400 mês 11 1.500 mês 12 1.500 Total 15.000 Fonte: a autora. Planejamento Estratégico Orçamentário 51 O quadro 1 demonstra que a empresa pretende aumentar suas vendas de dois em dois meses e certamente deve adotar uma política para aten- der a este objetivo. Conclui-se aqui a primeira fase que determina a pretensão de vender a quantidade total de 15.000 calças no período analisado. Segunda fase: Nesta fase, a empresa precisa prever para o exercício se- guinte qual preço de venda praticará. Neste momento, deve-se fazer um estudo de expectativa de crescimento da economia, considerando um possível aumento da inflação, aumento ou redução da taxa de juros e análise da concorrência, dentre outros fato- res, a fim de criar um fator de ajuste de aumento de preços a ser aplicado no próximo exercício. Quer dizer que, além do preço de venda praticado em tabela, a empresa já prevê um aumento (por meio de um fator), com base em estudos do cenário econômico brasileiro. Você pode projetar estes dados como demonstra o quadro 2: Quadro 2 - Previsão de preços a praticar e fator de ajuste de preços PERÍODO PREÇO DE VENDA DA CALÇA ESTIMADO - $ PREVISÃO DE AUMENTO DE PREÇO DE VENDA - FATOR mês 1 100,00 1,00 mês 2 100,00 1,00 mês 3 105,00 1,01 mês 4 105,00 1,01 mês 5 110,00 1,02 mês 6 110,00 1,02 mês 7 120,00 1,02 mês 8 120,00 1,03 mês 9 120,00 1,03 mês 10 120,00 1,05 mês 11 120,00 1,05 mês 12 120,00 1,05 Fonte: Elaborado pela autora. Planejamento Estratégico Orçamentário 52 Observe que nos dois primeiros meses a calça será vendida por $ 100,00, mas a empresa pretende, a partir do mês 3, alterar o preço de venda para $ 105,00. Adicionalmente sobre este valor, a empresa estabeleceu um cri- tério de previsão de aumento de preço de venda para ajustar o valor ao preço de mercado por possível perda com aumento de inflação (veja no quadro 4 como se dará este reajuste). Não quer dizer que a empresa realmente vai praticar este aumento de inflação, mas quer dizer que já está prevendo em seu orçamento. Terceira fase: Nesta fase você precisa detalhar todos os impostos (tribu- tos) envolvidos no processo de venda do produto. E, para isso, há a neces- sidade de conhecer a legislação onde o seu produto se insere. Vamos dizer que após uma conversa com o contador foram apurados os seguintes tributos: Quadro 3 - Detalhes sobre os impostos - Calças DESCRIÇÃO PERCENTUAL PRATICADO CONFORME A LEGISLAÇÃO Programa de Integração Social - PIS 1,65% Contribuição para o Financiamento da Seguridade Social- COFINS 7,60% Imposto sobre Circulação de Mercadorias e Serviços - ICMS 18,00% Total 27,25% Fonte: Elaborado pela autora. O quadro 3 demonstra que no momento da venda da calça, ao emitir a nota fiscal, consta neste valor de preço de venda os tributos detalhados acima, que totalizam 27,25%. Será necessário também incluir no orçamen- to a questão da recuperação de tributos, ou seja, quando da aquisição dos insumos, quais tributos serão compensados com os tributos incidentes agora no momento das vendas. Lembrando que os tributos recuperáveis não são custo para a empresa que adquire os insumos. Planejamento Estratégico Orçamentário 53 Na fase 4 deverá subtrair os impostos para ter a receita líquida. Quarta fase: De posse de todas estas informações, você terá condições de elaborar o orçamento de vendas das calças. Observe os detalhes do quadro 4: Quadro 4 - Orçamento de vendas - Calças Perío- do Quanti- dade proje- tada Preço de venda da calça Venda bruta projetada em valor - $ Fator de atuali- zação de valor Venda bruta projetada, com aumen- to, em valor $ Impostos - 27,25% (sem considerar os tributos recuperáveis) Venda líquida projetada em valor - $ A B A x B mês 1 1.000 100,00 100.000,00 1,00 100.000,00 (27.250,00) 72.750,00 mês 2 1.000 100,00 100.000,00 1,00 100.000,00 (27.250,00) 72.750,00 mês 3 1.100 105,00 115.500,00 1,01 116.655,00 (31.788,49) 84.866,51 mês 4 1.100 105,00 115.500,00 1,01 116.655,00 (31.788,49) 84.866,51 mês 5 1.200 110,00 132.000,00 1,02 134.640,00 (36.689,40) 97.950,60 mês 6 1.200 110,00 132.000,00 1,02 134.640,00 (36.689,40) 97.950,60 mês 7 1.300 120,00 156.000,00 1,02 159.120,00 (43.360,20) 115.759,80 mês 8 1.300 120,00 156.000,00 1,03 160.680,00 (43.785,30) 116.894,70 mês 9 1.400 120,00 168.000,00 1,03 173.040,00 (47.153,40) 125.886,60 mês 10 1.400 120,00 168.000,00 1,05 176.400,00 (48.069,00) 128.331,00 mês 11 1.500 120,00 180.000,00 1,05 189.000,00 (51.502,50) 137.497,50 mês 12 1.500 120,00 180.000,00 1,05 189.000,00 (51.502,50) 137.497,50 Total 15.000 - 1.703.000,00 1.749.830,00 (476.828,68) 1.273.001,32 Fonte: a autora. E com este quadro 4 fica pronto o orçamento de vendas! Planejamento Estratégico Orçamentário 54 EXEMPLIFICANDO Vamos detalhar os cálculos de um período? No mês 9: A empresa pretende vender 1.400 unidades ao valor de $ 120,00 cada calça, o que totaliza o montante de $ 168.000,00. No período, a empresa pretende aplicar um au- mento de 3% em função da inflação do período e por isso o valor de $ 168.000,00 passa para $ 173.040,00. A partir des- se valor, deve-se aplicar os impostos que totalizam 27,25% (PIS, COFINS e ICMS), desconsiderada a questão de recupe- ração tributária. Ao subtrair os impostos, o valor líquido é de $ 125.866,60. Lógico que para efetuar os cálculos de umorçamento de vendas é muito mais simples e rápido do que levantar todas as informações necessárias para a elaboração. Mas para cada informação que você apura há um deta- lhe novo que fará com que você conheça ainda mais a empresa e o produto. Nesta unidade temos ainda que relacionar o orçamento de produção com o orçamento de vendas. Você verá o quanto um orçamento está direta- mente relacionado com o outro. Vamos ao orçamento de produção? 1.2. Orçamento de Produção O orçamento de produção tem um vínculo direto com o orçamento de vendas. Como você estudou no tópico 1.1 desta unidade, a primeira fase para a construção do orçamento de vendas é a expectativa de unidades que irá vender em determinado período. E é a partir daí que as outras fases se desenrolam. Para a elaboração do orçamento de produção, deve-se observar os se- guintes pontos para a busca de respostas: Planejamento Estratégico Orçamentário 55 1º ponto: como ocorre o controle de estoque dos produtos acabados? PARA SABER MAIS Quando um produto passa a se chamar acabado? Quando a matéria-prima é adquirida o produto é chamado de Estoque de Matéria-Prima. Ao ser destinado à produção, recebe o nome de Produto em Elaboração. E somente quando volta para o estoque com o seu processo finalizado (depois que todas as fases de sua produção forem cumpridas, inclusive a fase de embalagem), o produto passa a se chamar de produto acaba- do. O que quer dizer que está pronto para a venda ao cliente. Para atender a esta questão, a empresa deve adotar uma política que lhe permita controlar a quantidade de estoque de produtos acabados. Desta forma, sempre saberá de forma correta quanto tem disponível no esto- que, quanto tem que produzir e quando deve produzir, principalmente. LINK Entenda o que é um sistema integrado, disponível em: <http:// www.tesouro.fazenda.gov.br/siafi>. Acesso em: 25 mai. 2018. E também em: <https://www12.senado.leg.br/orcamento/ glossario/sistema-integrado-de-administracao-financeira- do-governo-federal-siafi>. Acesso em: 25 mai. 2018. Muitas empresas fazem este controle por meio do uso de sistemas inte- grados, a partir da realidade da empresa. Outras, que não dispõem desta tecnologia, realizam contas como esta: EI (estoque inicial) período 1: 500 unidades (–) Pretensão de vendas para o período 1: 1.900 unidades (–) EF (estoque final) período 1: 1.000 unidades = Orçamento de produção período 1 negativo em 2.400 unidades Planejamento Estratégico Orçamentário 56 http://www.tesouro.fazenda.gov.br/siafi http://www.tesouro.fazenda.gov.br/siafi https://www12.senado.leg.br/orcamento/glossario/sistema-integrado-de-administracao-financeira-do-governo-federal-siafi https://www12.senado.leg.br/orcamento/glossario/sistema-integrado-de-administracao-financeira-do-governo-federal-siafi https://www12.senado.leg.br/orcamento/glossario/sistema-integrado-de-administracao-financeira-do-governo-federal-siafi Você deve pensar: Estoque negativo? O que significa isso? Quer dizer o seguinte: a empresa tinha 500 unidades de um produto no começo do período. Como ela pretende vender 1.900 unidades, e ainda quer ter um estoque final de 1.000 unidades, precisará produzir quanto no período? O montante de 2.400 unidades (500 – 1.000 – 1900). O resul- tado fica negativo por revelar o quanto faltará no estoque e por isso deve preencher este negativo produzindo. Mas você deve pensar também: Há outra forma de ver este número, po- rém de modo que apresente resultado positivo? Sim. Veja este esquema: (–) EI (estoque inicial) período 1: 500 unidades (+) Pretensão de vendas para o período 1: 1.900 unidades (+) EF (estoque final) período 1: 1.000 unidade = Orçamento de produção período 1 positivo em 2.400 unidade Certamente percebeu que somente houve uma alteração nos sinais antes das quantidades apresentadas. A informação de quantas unidades serão produzidas para atender a demanda de vendas da empresa é importantíssima. A partir daí é que o orçamento de produção poderá começar a ser elaborado. Veja o se- gundo ponto. 2º ponto: foi elaborado o orçamento de quanto a empresa pretende ven- der em determinado período? Você estudou no primeiro ponto que a empresa realizou este cálculo. Inclusive incluiu na conta o quanto pretende deixar no estoque no final do período. Veja no quadro 5 o orçamento de produção da calça da empresa “Sempre Caminhando Ltda.”, de acordo com a política de controle de estoques adotado. Vamos prosseguir com o mesmo período adotado no quadro 4: Planejamento Estratégico Orçamentário 57 Quadro 5 - Orçamento de produção - Calças DESCRIÇÃO mês 1 mês 2 mês 3 mês 4 mês 5 mês 6 mês 7 mês 8 mês 9 mês 10 mês 11 mês 12 Estoque inicial 500 600 615 630 650 700 700 650 650 630 700 700 Pretensão de vendas 1.000 1.000 1.100 1.100 1.200 1.200 1.300 1.300 1.400 1.400 1.500 1.500 Estoque final 600 615 630 650 700 700 650 650 630 700 700 700 Orçamento de produção 1.100 1.015 1.115 1.120 1.250 1.200 1.250 1.300 1.380 1.470 1.500 1.500 Fonte: Elaborado pela autora. Observe que a pretensão de venda é a mesma apurada no orçamento de vendas (título 1.1 desta unidade) e adicionalmente veja que o estoque inicial (a partir do mês dois) é o mesmo do estoque final do mês anterior. E para o cálculo do orçamento de produção foi adotado o cálculo aborda- do anteriormente. Veja este exemplo do mês 2: (–) EI (estoque inicial): 600 unidades (+) Pretensão de vendas: 1.000 unidades (+) EF (estoque final) 615 unidades = Orçamento de produção positivo em 1.015 unidade A partir desta conclusão, você pode concluir o quanto o orçamento de vendas influencia o orçamento de produção. Nas próximas unidades es- tudaremos os orçamentos das atividades financeiras, orçamento de cai- xa, projeção orçamentária, controlando e monitorando orçamentos. Planejamento Estratégico Orçamentário 58 ►. QUESTÃO PARA REFLEXÃO Nas unidades anteriores você estudou os modelos de orçamentos que pode adotar a fim de ter maior controle dos gastos da empresa, mas nesta unidade pôde ter acesso à forma como uma empresa ela- bora um orçamento operacional. Você estudou o quanto é importante realizar um orçamento de ven- das antes do orçamento de produção. Mas, imagine agora se a em- presa decide adotar o orçamento de produção sem antes elaborar o orçamento de vendas? Quais seriam as implicações? Reflita sobre isto e aponte os pontos positivos e negativos desta decisão. 2. Considerações finais Ao estudar esta unidade, você pode considerar: • Através do orçamento operacional é possível avaliar a aplicabilida- de do controle dos gastos (por setor ou por área) no dia a dia da empresa. • O orçamento de vendas exige uma série de levantamento de dados antes de sua elaboração, tais como conhecimentos macroeconômi- cos e apuração de tributos. • Para que haja uma sincronia entre os setores/áreas da empresa, o orçamento de produção deve ser elaborado após o orçamento de vendas. • O orçamento de produção é apurado a partir da política de estocagem que a empresa adota para controlar o seu estoque. Principalmente a partir da informação de quanto deseja ter em seu estoque em determinado período. Planejamento Estratégico Orçamentário 59 Glossário • Ciclo Operacional: “tempo médio entre comprar estoques, vendê- -los e receber pela venda. Indicador dado pela soma do prazo mé- dio de estocagem com o prazo médio de recebimento de clientes. Quanto menor, melhor.” (SALIM, 2017, p. 137) • Operacional: “termo que designa receitas e despesas referentes à(s) linha(s) principal(is) do negócio da companhia.” (SALIM, 2017, p. 136) • Orçamento operacional: “orçamento que cobre o ciclo operacio- nal da empresa ou uma área de atividades.” (SALIM, 2017, p. 136) VERIFICAÇÃO DE LEITURA TEMA 04 1. O orçamento operacional
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