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APOSTILA NUTRIÇÃO NO CLICO DE VIDA Prof. Luciene Rabelo 1 INFANCIA (PRÉ-ESCOLAR E ESCOLAR) Período de transição entre o lactente e a puberdade. Caracterizado por um crescimento lento, porém equilibrado principalmente nas áreas sociais, emocional e cognitiva. Estatura: Primeiro ano de vida ---- incremento de 50% na estatura do lactente. Após o 1º ano o ganho em estatura é cerca de: 12 cm no 2º ano 8 a 9 cm no 3º ano 7 cm nos anos restantes Massa corporal: Primeiro ano de vida peso triplicado Requer toda a etapa pré-escolar para duplicá- lo O ganho de peso varia de 2 a 2,5 Kg/ano Fatores que interferem no crescimento • Neurohormonais • Ambientais • Genéticos • Nutricionais Fatores Moduladores da Alimentação • Fisiológicos– demanda específica para a fase de crescimento • Psicológicos– dinâmica familiar e condições de vida pregressa • Sociais– hábitos familiares • Culturais– tradições regionais • Promoção e consolidação dos hábitos alimentares • Incremento das necessidades nutricionais para o crescimento e desenvolvimento Objetivos de uma alimentação saudável • Contribuir para a sobrevivência humana • Fornecer energia e nutrientes necessários e adequados • Prevenir a doença/ Promover a saúde • Contribuir para o adequado crescimento e desenvolvimento • Promover socialização e bem-estar • Proporcionar a adaptação do organismo da Criança • Moldar a Criança aos hábitos da Família • Promover estilo de vida saudável Características de cada fase na infância De 1 a 2 anos : as necessidades nutricionais se modificam e os interesses da criança nesta faixa etária se intensificam e a alimentação já não é o principal interesse, por isso, é normal diminuir o apetite e a seleção alimentar se torna mais evidente. A função da família neste momento se torna primordial, através do estímulo do consumo de alimentos saudáveis e a prática da educação nutricional incluindo atividades que valorize alimentos de todos os grupos. Dos 2 aos 3 anos: é um período onde a criança aumenta seu interesse pelos alimentos, sendo uma época ideal para o planejamento de atividades que envolva alimentos in natura. É normal a resistência a frutas e verduras, especialmente as saladas verdes. Os sentidos como a visão, tato e olfato são muito estimulados. A família tem uma atenção especial nesse momento, procurando incentivar a ingesta em cada refeição. Dos 3 aos 6 anos: os hábitos alimentares estão mais solidificados, onde a criança busca na família o APOSTILA NUTRIÇÃO NO CLICO DE VIDA Prof. Luciene Rabelo 2 exemplo para estruturar a sua alimentação. Este é um momento de intensificar e diversificar as atividades relacionadas à Educação Alimentar, priorizando o consumo de frutas e verduras e evidenciando os malefícios do consumo de doces e salgadinhos. Necessidades nutricionais na infância Na infância, a boa nutrição é indispensável para o crescimento e desenvolvimento adequados. É neste período que devem ser introduzidos os bons hábitos alimentares, que permanecerão na adolescência e na vida adulta, pois a prevenção de algumas doenças degenerativas do adulto podem começar na infância. Energia A necessidade energética de meninos e meninas entre 3 e 6 anos varia de 70 a 80 kcal por quilograma de peso por dia. A quantidade de carboidrato preconizada é de 130g/dia. Para determinar a estimativa das necessidades de energia (EER) nas crianças com menos de 3 anos, usa- de somente o peso da criança. EER = (89 x peso em kg -100)+20 A partir desta idade,deve-se considerar a variação das necessidades emm função do gênero, idade,altura,peso e nível de atividade física, além de um adicional de 20kcal/dia para a formação de tecidos com o crescimento , até os oito anos de idade. Estimativa da necesidade energética para meninos de 3 a 8 anos: EER = 88,5 – (61,9 x idade [a]) + Atividade Física x (26,7 x peso [kg] + 903 x altura [m]) + 20 (kcal para crescimento) Coeficiente de atividade física (Physical activity coefficient): PA = 1,00 se PAL é estimada como 1,0 1,4 (sedentário) PA = 1,13 se PAL é estimada como 1,4 1,6 (atividade leve) PA = 1,26 se PAL é estimada como 1,6 1,9 (atividade moderada) PA = 1,42 se PAL é estimada como 1,9 2,5 (atividade intensa) Estimativa da necesidade energética para meninas de 3 a 8 anos: EER = 135,3 – (30,8 x idade [a]) + Atividade Física x (10,0 x peso [kg] + 934 x altura [m]) + 20 (kcal para crescimento) Coeficiente de atividade física (Physical activity coefficient): PA = 1,00 se PAL é estimada como 1,0 1,4 (sedentário) PA = 1,13 se PAL é estimada como 1,4 1,6 (atividade leve) PA = 1,31 se PAL é estimada como 1,6 1,9 (atividade moderada) PA = 1,56 se PAL é estimada como 1,9 2,5 (atividade intensa) Energia O cálculo da quantidade necessária de energia, um outro fator a considerar são as fontes de energia provenientes da alimentação, que devem estar equilibradas entre carboidratos e lipídeos. 55 – 60% CHO 25 – 30% LIP APOSTILA NUTRIÇÃO NO CLICO DE VIDA Prof. Luciene Rabelo 3 Carboidratos O mínimo de 5g/kg/dia de CHO são necessários para evitar cetose e hipoglicemia. Proteína A necessidade protéica ideal é: 1- 3anos 1,1g/kg/dia ou 13g/dia 4 -8anos 0,95g/kg/dia ou 19g/dia 9 -13anos 0,95g/kg/dia ou 34g/dia (RDA) – IOM (2002) A qualidade da proteína é de suma importância, principalmente como fonte de oligoelementos como o ferro e o zinco. Portanto, há necessidade de ingestão diária de proteína animal e vegetal, de maneira a suprir as necessidades da criança. Uma opção saudável e versátil é a introdução da soja e de alimentos feitos com soja (grão, tofu, proteína texturizada e bebidas à base de soja), em diversas ocasiões do dia, como o café da manhã, lanches e principais refeições. Lipídeo A porcentagem de gordura fica entre 30 e 35% do valor energético total ingerido por dia, sempre incluindo na dieta os ácidos graxos poliinsaturados Ômega 3 (0,9g/dia) e Ômega 6 (10g/dia) . Chemin (2008) 0,5 a 1g/kg/dia – para prevenir a deficiência de acido linoleico. Em relação à qualidade da gordura ingerida, deve-se controlá-la, preconizando o consumo adequado de gorduras totais (25 a 30% do Valor Energético Total - VET - diário), saturadas (menor que 10% VET) e trans (até 1% VET). – Chemin(2008) Recomenda-se que os pais sejam orientados a ler e interpretar os rótulos dos alimentos industrializados, sendo capazes de avaliar o consumo de gordura por porção de alimento consumido. A ingestão excessiva de gordura total, saturada e trans é considerada fator de risco para o desenvolvimento de dislipidemia na infância e doença cardiovascular no adulto. Portanto, a recomendação é de que os ácidos graxos saturados e trans sejam substituídos por gorduras mono e poliinsaturadas tais como: peixes, oleaginosas, óleos vegetais e produtos feitos a partir destes óleos. Os micronutrientes são importantes para o crescimento e desenvolvimento adequado, sendo que a sua carência pode prejudicar a velocidade de crescimento (ferro, zinco, cálcio), assim como acarretará dificuldade de aprendizado (ferro), comprometimento do sistema imunológico (ferro, zinco, vitamina A e C) e da matriz óssea (cálcio). Em relação aos macronutrientes, também se utilizam os intervalos de distribuição aceitáveis (AMDRs- acceptable macronutrient distribution range) que visam à redução do risco de DCNT. Considera-se uma distribuição adequada quando o consumo de proteínas, carboidratos e lipídios encontram-se entre os intervalos APOSTILA NUTRIÇÃO NO CLICO DE VIDAProf. Luciene Rabelo 4 de 10 a 30%, 45 a 65% e 30 a 35%, respectivamente (Sobotka, 2008). AMDR (Acceptable Macronutrient Distribution Range): Ou Alcance de Distribuição de Macronutrientes Aceitável é o alcance de ingestão de um nutriente para uma fonte de Energia, que é associado com risco reduzido de doença crônica enquanto provendo ingestão desses nutrientes essenciais. Se um indivíduo consumir mais do AMDR, há um potencial de aumentar o risco de doenças crônicas e se consumir menos, ingestão insuficiente de nutrientes essenciais. O AMDR pode ser o valor máximo ou o mínimo necessário para o aproveitamento do nutriente. Minerias e vitaminas Os nutrientes como Fe, Ca, Zn,e Vit A são os mais críticos, pois as quantidades recomendadas são elevadas em relação à capacidade gástrica da criança e seu tamanho corporal (Chemin,2008). A absorção do ferro não-heme é bem menor, de cerca de 1 a 5%, e varia substancialmente em função da presença de fatores químicos e alimentares, como é o caso das vitaminas C e A, que facilitam sua absorção. Por outro lado, os fitatos (encontrados em cereais e grãos), as fibras, os taninos (encontrado em chás e no café) e o cálcio dificultam sua absorção. O cálcio é importante no auxilio da maximização da massa óssea, contribuindo para a prevenção de fraturas na vida adulta.Da mesma forma de o ferro, a biodisponibilidade de cálcio presente nos folhosos pode ser afetada por inibidores da absorção (fitatos e oxalatos) • O escolar é a criança de 7 anos de idade até sua entrada na puberdade (10 anos); • O trato gastrintestinal está mais desenvolvido, e o volume gástrico é comparável ao do adulto; • A maior segurança e independência das funções motoras remetem ao aumento da atividade física, entretanto, é nesta fase que se inicia o comportamento sedentário; • A inapetência comum do pré-escolar transforma-se em apetite voraz nessa fase, o qual deve ser compatível com o estilo de vida do escolar; • A omissão do café da manhã inicia-se nesta idade e pode ser explicada pela maior independência adquirida nessa faixa etária; • É comum a diminuição da ingestão de leite nesse período, o que pode comprometer o suprimento de cálcio necessário á formação da massa óssea; • O aumento de peso é encontrado de forma geral entre as meninas de 8 a 10 anos e nos meninos de 11 a 13 anos, sendo inadequada a intervenção profissional em situações em que o excesso de peso não ultrapasse 20% da relação peso/estatura; • Esse período caracteriza-se por maior atividade física, ritmo de crescimento constante com ganho mais acentuado de peso próximo ao estirão da adolescência. ____________________________________________ ___________________________________________ ADOLESCÊNCIA APOSTILA NUTRIÇÃO NO CLICO DE VIDA Prof. Luciene Rabelo 5 A adolescência constitui a última fase do período de crescimento e desenvolvimento do ciclo vital, sendo caracterizada por intensas transformações anatômicas, fisiológicas e psicológicas. A nutrição dos adolescentes para que se promova o crescimento adequado deve ser apropriada, saudável, balanceada em quantidade e qualidade de nutrientes. A adolescência é a fase mais complexa e dinâmica do ponto de vista físico e emocional na vida do ser humano. É nesta fase que ocorrem as várias mudanças no corpo que repercutem diretamente na evolução da personalidade. Durante o período de transição, o adolescente oscila em comportar-se ora como criança, ora como adulto. Adolescência Inicial 10 aos 14 anos: 1. Está preocupado com o corpo e a imagem corporal 2. Confia e respeita os adultos 3. É ansioso quanto às suas relações com os colegas Implicações nutricionais dessa etapa: • Fazem ou experimentam qualquer coisa para melhorar a imagem corporal • Querem resultados imediatos Adolescência Intermediária 15 aos 17 anos: 1. Muito influenciado pelo seu grupo de colegas 2. Desconfia dos adultos 3. Vê a independência como algo muito importante 4. Experimenta um desenvolvimento cognitivo muito importante Implicações nutricionais dessa etapa: • Escutam mais os colegas que os pais • Mais responsáveis pelos alimentos que consomem • Rejeição temporária dos padrões dietéticos da família • Incorporação de modismos ou práticas alimentares alternativas Adolescência Final 18 aos 19 anos: 1. Estabeleceu uma imagem corporal 2. Está orientado em direção ao futuro 3. Está cada vez mais independentes 4. É mais consistente com seus valores e crenças Implicações nutricionais dessa etapa: • Estão interessados na melhora e manutenção de sua saúde • Pode-se fazer orientações com objetivos a longo prazo Fases da adolescência Pré-púbere: aceleração do crescimento e início das transformações sexuais. Púbere: transformações sexuais. Pós-púbere: concretização da maturidade sexual e diminuição do ritmo de crescimento Estimativa da necesidade energética para meninas de 9 a 18 anos eutróficas: EER = 135,3 – (30,8 x idade [a]) + Atividade Física x (10,0 x peso [kg] + 934 x altura [m]) + 25 (kcal para crescimento) Coeficiente de atividade física (Physical activity coefficient): PA = 1,00 se PAL é estimada como 1,0 1,4 (sedentário) PA = 1,13 se PAL é estimada como 1,4 1,6 (atividade leve) PA = 1,31 se PAL é estimada como 1,6 1,9 (atividade moderada) PA = 1,56 se PAL é estimada como 1,9 2,5 (atividade intensa) APOSTILA NUTRIÇÃO NO CLICO DE VIDA Prof. Luciene Rabelo 6 Estimativa da necesidade energética para meninos de 9 a 18 anos eutróficos: EER = 88,5 – (61,9 x idade [a]) + Atividade Física x (26,7 x peso [kg] + 903 x altura [m]) + 25 (kcal para crescimento) Coeficiente de atividade física (Physical activity coefficient): PA = 1,00 se PAL é estimada como 1,0 1,4 (sedentário) PA = 1,13 se PAL é estimada como 1,4 1,6 (atividade leve) PA = 1,26 se PAL é estimada como 1,6 1,9 (atividade moderada) PA = 1,42 se PAL é estimada como 1,9 2,5 (atividade intensa) INFLUÊNCIA NO EQUILÍBRIO NUTRITIVO Aceleração do crescimento longitudinal Aumento da massa corporal Modificação da composição corporal Variações individuais na atividade física Início da transformação puberal Problemas comuns da adolescência Mortes por acidente de carro Depressão Uso de drogas Anorexia nervosa e bulimia Alterações devido ao uso abusivos de álcool Inapetência; Redução de sensibilidade gustativa; Irritação gástrica; Diminuição das vit. do compl B; e Aumenta a excreção de cálcio,zinco e magnésio. Recomendação de Proteína: A ingestão insuficiente de proteína é rara na população adolescente. Todavia, se a ingestão de energia for inadequada por qualquer razão (por exemplo, problemas de segurança alimentar, enfermidade crônica, tentativas de perder peso), a proteína dietética pode ser usada para atender às necessidades de energia e, portanto, será indisponível para a síntese de tecido novo ou para reparo tecidual. Isto pode resultar em um estado insuficiente de proteína, o qual levará à redução na taxa de crescimento e na massa corporal magra. As ingestões excessivas de proteína também podem ter um impacto sobre o estado nutricional. IOM (2002) Cálcio Em função dos desenvolvimentos muscular, esquelético e endócrino acelerados, as necessidades de cálcio são maiores durante a puberdade e adolescência que na infância ou fase adulta. No pico do estirão de crescimento, a deposição diária de cálcio pode ser duas vezes a deposição média durante o resto do período da adolescência. Na realidade, 45% da massa esquelética é adicionadodurante a adolescência. A DRI para Cálcio é 1.300mg para todos os adolescentes, mas nem todos os adolescentes conseguem atingir essa recomendação devido ao alto consumo de refrigerantes, devido ao fato da substituição do leite pelo mesmo. Estima-se que 9% da ingestão calórica total dos adolescentes do sexo masculino e 8% da ingestão calórica total do sexo feminino pode ser atribuída pelo consumo de refrigerante APOSTILA NUTRIÇÃO NO CLICO DE VIDA Prof. Luciene Rabelo 7 Ferro Todos os adolescentes têm altas necessidades de ferro. A construção da massa muscular nos meninos é acompanhada de maior volume sanguíneo; as meninas perdem ferro mensalmente com o início da menstruação. Durante períodos rápido crescimento, os adolescentes com freqüência possuem baixas concentrações séricas de hematócritos ou hemoglobina. A maioria desses adolescentes possui reservas adequadas de ferro mas, em vista do rápido crescimento e aumento significante na massa corporal magra, seu ferro circulante pode ser baixo. Esta condição é chama da de uma anemia fisiológica do crescimento. Zinco Sabe-se que o zinco é essencial para o crescimento e maturação sexual. Apesar dos níveis plasmáticos de zinco declinarem durante o desenvolvimento puberal, a retenção de zinco aumenta significativamente durante o estirão de crescimento. Esta utilização aumentada pode levar ao uso mais eficiente de fontes dietéticas. Entretanto, a ingestão limitada de alimentos que contêm zinco pode afetar o crescimento físico, assim como o desenvolvimento de características sexuais secundárias. Durante a adolescência, a anemia secundária à deficiência de ferro pode prejudicar a resposta imunológica e diminuir a resistência à infecção. DOENÇAS COMUNS NA INFÂNCIA E NA ADOLESCÊNCIA Desnutrição proteica calórica; Obesidade infantil (ver apostila de obesidade) Hipovitaminoses (ver apostila de carências nutricionais) Doenças infecto- contsagiosas, como: rúoela, sarampo, hepatite A Transtornos alimentares (ver apostila de TA) OBESIDADE NA INFANCIA E NA ADOLESCÊNCIA TERAPIA NUTRICIONAL NA DESNUTRIÇÃO INFANTIL A terapia nutricional é dividida em três etapas: estabilização, recuperação nutricional e APOSTILA NUTRIÇÃO NO CLICO DE VIDA Prof. Luciene Rabelo 8 acompanhamento ambulatorial7,8(D). No tratamento da criança com desnutrição grave, há também a fase de reabilitação com a atuação de equipe multiprofissional, visando ao restabelecimento da função motora e cognitiva, prevenção de desordens do desenvolvimento e o fortalecimento do vínculo mãe-filho. • Fase de estabilização: criança recéminternada, com descompensação infecciosa e/ou metabólica. Após estabilização hemodinâmica, hidroeletrolítica e ácidobásica (suporte metabólico), inicia-se a fase de estabilização. Deve-se tratar as intercorrências que elevam o risco de morte, evitar o agravamento da condição nutricional, corrigir deficiências nutricionais específicas, reverter as alterações metabólicas e iniciar a alimentação. Fornecer no máximo 100 kcal/kg/dia (iniciando com taxa metabólica basal acrescida de fator de estresse que varia de 10 a 30%, fornecendo de 50 a 60 kcal/kg/dia no primeiro dia e aumentando de acordo com a avaliação clínica e laboratorial da criança), 130 ml/kg/dia de oferta hídrica e 1 a 1,5 g de proteína/kg/dia, dieta com baixa osmolaridade (< 280 mOsmol/litro) e com baixo teor de lactose (< 13 g/litro) e sódio. Se a ingestão inicial for inferior a 60 a 70 kcal/kg/dia, indica-se terapia nutricional por sonda nasogástrica. De acordo com os dias de internação e a situação clínica da criança, são recomendados aumento gradual de volume e diminuição gradativa da frequência. Nessa fase pode ser utilizado um preparado alimentar artesanal contendo 75 kcal e 0,9 g de proteína/100ml ou fórmula infantil polimérica isenta de lactose. Em situações de doenças associadas que cursam com má-absorção grave, pode ser necessária a utilização de fórmulas extensamente hidrolisadas ou à base de aminoácidos. Não é prevista recuperação do estado nutricional e sim sua conservação e a estabilização clínico-metabólica. • Fase de recuperação: tem por objetivos aumentar a oferta de nutrientes visando assegurar o crescimento rápido e a recuperação do peso perdido, ainda durante a hospitalização, e prevenir ou tratar deficiências de micronutrientes. Para isso, devem ser ofertadas 1,5 vezes a recomendação para os nutrientes (oferta calórica 150 kcal/kg/dia, hídrica 150 – 200 mL/kg/dia, proteica 3 – 4 g/kg/dia) e dieta com menor teor de lactose. Nesta pode-se utilizar preparado artesanal sugerido pela OMS contendo 100 kcal e 2,9 g de proteína para cada 100 mL, fórmula infantil com menor conteúdode lactose ou dieta enteral polimérica pediátrica isenta de lactose para crianças com idade inferior a 1 ano (1 kcal/mL). Para ajuste da densidade energética de fórmulas infantis (0,7 kcal/mL) podem ser utilizados módulos de polímeros de glicose e lipídeos (óleos vegetais), adição máxima de 3%10(C). Este procedimento permite que a dieta oferecida apresente melhor densidade energética, mas compromete o fornecimento de minerais e micronutrientes. É importante o fornecimento de preparados com multivitaminas (1,5 vezes a recomendação para crianças saudáveis) e de zinco, cobre e ferro. • Fase de acompanhamento ambulatorial: pode ser realizada em hospitais-dia ou ambulatórios e tem por objetivos prosseguir na orientação e reforçar as orientações realizadas durante a hospitalização, monitoração do crescimento (vigilância dos índices peso por estatura e estatura por idade) e desenvolvimento da criança, especialmente da relação estatura/idade e intensificação do trabalho da equipe multiprofissional. ___________________________________________ RUBÉOLA O vírus da Rubéola produz um quadro geralmente leve em crianças. Em adolescentes e em adultos o quadro APOSTILA NUTRIÇÃO NO CLICO DE VIDA Prof. Luciene Rabelo 9 costuma ser mais acentuado. Inicia-se com febre baixa acompanhada de exantema (manchas pelo corpo) leve de distribuição generalizada e que se espalha rapidamente, permanecendo por 3 a 4 dias. Geralmente a garganta está inflamada. Uma característica é que os gânglios do pescoço, principalmente em região retroauricular, sofrem aumento do seu tamanho e ficam doloridos. O Período de Incubação é de 14 a 21 dias e a transmissão ocorre desde 7 dias antes até 7 dias após o desaparecimento do exantema (manchas pelo corpo). O tratamento consiste apenas em medidas gerais e antitérmicas. Tratamento O tratamento é sintomático, podendo ser utilizados antitérmicos, hidratação oral, terapia nutricional com incentivo ao aleitamento materno e higiene adequada dos olhos, da pele e das vias aéreas superiores. As complicações bacterianas do sarampo são tratadas especificamente com antibióticos adequados para o quadro clínico e, se possível, com a identificação do agente bacteriano. Nas populações onde a deficiência de vitamina A é um problema reconhecido, a OMS e o UNICEF recomendam o uso de uma dose elevada e única de vitamina A nas pessoas acometidas pelo sarampo e suas complicações, nos indivíduos com imunodeficiências, com evidência de xeroftalmia, desnutrição e problemas de absorção intestinal. A suplementação de vitamina A é indicada na seguinte dosagem: a) Crianças de 6 a 12 meses: 100.000UI, VO, em aerossol; b) Crianças de 1 ano ou mais: 200.000UI, VO, em cápsula ou aerossol. Quando se detectar xerodermia, repetir a dose de Vitamina A, no dia seguinte. HEPATITE A Descrição Doença viral aguda, de manifestações clínicas variadas desde formas subclínicas, oligossintomáticas até ormasfulminantes (menos que 1% dos casos). Na maioria das vezes as infecções são anictéricas, os sintomas se assemelham a uma síndrome gripal, porém há elevação das transaminases.O quadro clínico é mais intenso na medida que aumenta a idade do paciente. Agente etiológico Vírus da hepatite A (HAV). É um vírus RNA, família Picornaviridae. Modo de transmissão Fecal-oral, veiculação hídrica, pessoa a pessoa (contato intrafamiliar e institucional), alimentos contaminados e objetos inanimados. Transmissão percutânea (inoculação acidental) e parenteral (transfusão) são muito raras devido ao curto período de viremia. Período de incubação De 15 a 45 dias, média de 30 dias. Período de transmissibilidade Desde a 2a semana antes do início dos sintomas, até o final da 2ª semana de doença. Tratamento Não existe tratamento específico para a forma aguda. Se necessário, apenas sintomático para náuseas,vômitos e prurido. Como norma geral, recomenda- se repouso relativo até praticamente a normalização das aminotransferases. Dieta pobre em gordura e rica em carboidratos é de uso popular,porém seu maior benefício é ser mais agradável para o paciente anorético. De forma prática, deve ser recomendado que o próprio paciente defina sua dieta de acordo com seu apetite e aceitação alimentar. APOSTILA NUTRIÇÃO NO CLICO DE VIDA Prof. Luciene Rabelo 10 QUESTÕES 1- UnB/CESPE – SEGERES 2010 A adolescência, uma etapa evolutiva caracterizada por profundas transformações físicas, compreende, de acordo com a OMS, as idades de 10 a 19 anos. Com relação aos parâmetros de avaliação nutricional que permitem identificar aspectos importantes do desenvolvimento puberal, julgue os itens conseguintes. 87 Quanto mais tardio for o início da puberdade nas meninas, mais precoce será a idade de desaceleração de seu crescimento. 88 Nas meninas pré-púberes, o estado nutricional deve ser estabelecido por meio da medida das pregas cutâneas, e não pelo IMC, uma vez que, nessa fase, o IMC apresenta alta especificidade e baixa sensibilidade no diagnóstico do sobrepeso e da obesidade. 89 Em razão de, em meninos no estágio de maturação sexual equivalente ao Tanner 4, ainda não ter ocorrido o estirão de crescimento,a estatura é um parâmetro pouco sensível do estado nutricional para esse estágio. 90 Ao final do processo de maturação sexual, a análise da composição corporal indica que, devido à ação do estrogênio, as meninas apresentam maior aumento da gordura corporal que os meninos. RESPOSTAS – E E E C 2- UnB/cespe SEE/DF 2004 Considere que uma criança com 4 anos de idade apresente percentil !3 de peso/idade e de altura/idade, além de edema,hemoglobina sanguínea de 8 mg/dL e xerose conjuntival. A partir desses dados e considerando aspectos relacionados a epidemiologia e bioestatística, julgue os itens seguintes. 115 O percentil, a hemoglobina e a xerose são sinais antropométricos, bioquímicos e clínicos, que representam indicadores diretos do estado nutricional. 116 Em saúde pública, a alimentação adequada faz parte da prevenção terciária. 117 Em saúde pública, o coeficiente de prevalência de desnutrição pode ser definido como a relação entre o número de casos conhecidos de desnutrição e a população,multiplicando-se o resultado por 1.000, 10.000 ou 100.000. RESPOSTAS - C E C 3- UnB/CESPE SEE/DF 2004 Julgue os itens que se seguem, relacionados às funções da educação nutricional em escolas. 112 A elaboração de cardápio do programa de alimentação escolar pode ser planejada por professor da escola. 113 No planejamento da merenda escolar, recomendam-se avaliação nutricional, levantamento de necessidades energéticas e testes de aceitabilidade. 114 Uma criança da 4.ª série do ensino fundamental, com diabetes melito do tipo 1, pode receber atendimento específico no programa de merenda escolar. RESPOSTAS - E C C 4- UnB/CESPE SEPLAG/DF 2008 Na infância e na adolescência, o tratamento da obesidade visa à incorporação de hábitos alimentares e de estilos de vida saudáveis, de maneira gradual e duradoura. 81 O início do estudo da genética molecular da obesidade ocorreu com a clonagem dos genes agouti e da grelina, na década de 90 do século passado. 82 O hormônio grelina é produzido no tecido adiposo branco, sendo um marcador da quantidade deste. Dessa forma, quanto maior a massa adiposa, maior a produção de grelina. Sua ação inclui a redução na ingestão alimentar (via inibição do neuropeptídeo Y) e aumento no gasto energético. RESPOSTAS – C E 5- UnB/CESPE INCA 2010 A respeito das necessidades, recomendações e orientações nutricionais na fase da infância e adolescência, julgue os itens seguintes. 63 Na criança, as necessidades de proteína por quilograma de peso decrescem com a idade e são maiores que no adulto. 64 Quando a criança ou o adolescente apresenta valores de hemoglobina abaixo de 11,0 g/dL, significa APOSTILA NUTRIÇÃO NO CLICO DE VIDA Prof. Luciene Rabelo 11 que seus depósitos já estão depletados e a correção completa pela dieta é viável e recomendada. 65 Para adolescentes, as recomendações de vitamina A são consideradas separadamente por sexo, por causa da influência hormonal nos valores sanguíneos desse nutriente, independentemente das suas reservas. 66 No caso de inapetência do pré-escolar, estratégias como a televisão e o aviãozinho nas refeições são recomendadas,devido à possibilidade de distraírem a criança e fazerem que ela coma sem perceber o que está fazendo. RESPOSTAS – C E C E 6- UnB/CESPE Pref Saõ Luis 2008 Julgue os itens seguintes quanto à alimentação do lactente e da criança em idade pré-escolar. 58 Um bebê de 4 meses de idade que se alimenta apenas com leite materno necessita ingerir diariamente 50 mg de cálcio para colaborar no seu crescimento ósseo. 59 Ao iniciar a alimentação complementar em um bebê de 6 meses de idade é importante manter a densidade calórica da alimentação em, no mínimo, 0,7 kcal/g, com o objetivo de que não ocorra perda de peso. 60 Uma criança de 3 anos de idade possui maiores necessidades nutricionais (kcal/kg peso corpóreo) que uma criança de 1 ano e 5 meses de idade. RESPOSTAS - E C E 7- UnB/CESPE Pref Saõ Luis 2008 A adolescência é um período em que ocorrem intensas transformações físicas, psicológicas e comportamentais. Acerca da nutrição nessa fase da vida, julgue os itens subseqüentes. 61 O aumento da massa muscular e do volume plasmático na adolescência requer a ingestão de mais proteínas e ferro do que na fase escolar. 62 Na adolescência, a deficiência de zinco, uma vitamina encontrada em abundância em alimentos integrais, pode causar neutropenia e leucopenia RESPOSTAS – E C 8- UnB/CESPE FHS/SE 2008 A nutrição humana pode ser entendida como o processo de acesso, ingestão, assimilação e utilização dos nutrientes que fornecem os elementos necessários para manter o organismo. Com relação a esse assunto, julgue os itens que se seguem. 57 Nutrientes essenciais são aqueles que são produzidos pelo organismo humano. Portanto, não precisam ser obtidos pela alimentação. Como exemplo, é correto citar a vitamina C, o cálcio e o aminoácido alanina. 58 Proteínas são macromoléculas constituídas por carbono,hidrogênio, oxigênio, nitrogênio e minerais, formadas por combinações de aminoácidos em diversas proporções. 59 A deficiência de proteínas na dieta de crianças pode provocar beribéri, sendo que carnes, ovos e leite são boas fontes dietéticas desse nutriente. 60 Palidez e cansaço são manifestações compatíveis com anemia ferropriva, carência nutricional bastante rara entre crianças e adultos. Essa carência determina mudançasbioquímicas que refletem falta de ferro suficiente para a manutenção dos ossos e dos alvéolos pulmonares, afetando vários sistemas orgânicos. 61 Por difundir-se rapidamente pela placa bacteriana, fermentando-se até ácido lático, a galactose é o mais cariogênico de todos os carboidratos. Sendo parcialmente armazenada como polissacarídeo intracelular pelas bactérias bucais e atuando como substrato para a produção de depósitos extra-celulares. 62 O tratamento dietético da anemia ferropriva deve incluir o consumo de alimentos que contenham ferro heme — como carnes, em geral — e ferro não-heme — como cereais integrais e folhosos verdes-escuros — associado a fatores estimuladores da absorção — como as proteínas das carnes e a vitamina C. 63 O consumo de quantidades adequadas de vitamina K promove o bom funcionamento do processo da visão, sendo a gema de ovo, o fígado bovino e a abóbora boas fontes dietéticas desse nutriente. RESPOSTAS - E C E E E C E APOSTILA NUTRIÇÃO NO CLICO DE VIDA Prof. Luciene Rabelo 12 9- UNB/CESPE SGAS/AC 2008 Carla, 15 anos de idade, achando-se gorda, procurou espontaneamente assistência nutricional. Seu peso, à época da consulta, era de 72,5 kg, sua estatura de 156 cm e circunferência de sua cintura de 89 cm. Carla não apresentava ascite ou abdome gravídico. Sua dieta era baseada em lanches rápidos e hiperenergéticos, sendo o consumo de frutas e hortaliças baixo. Além disso, Carla não praticava atividades físicas. Considerando a situação hipotética apresentada, julgue os itens subseqüentes. 66 Segundo as informações acima, é correto afirmar que foram realizadas, durante a consulta, a anamnese alimentar e a antropometria, que representam dados parciais da avaliação do estado nutricional da adolescente. 67 Carla encontra-se em risco nutricional, caracterizado por problemas de saúde no presente. 68 De maneira geral, valores aumentados da circunferência da cintura, como observado em Carla, associam-se positivamente à gordura subcutânea, que é a responsável pela resistência à insulina. 69 Pelas informações fornecidas, é correto inferir que Carla apresenta excesso de peso, representado principalmente por massa gorda, apesar de não ter sido realizado exame de bioimpedância elétrica. 70 O nutricionista que atendeu Carla pode orientá-la quanto à prática de atividade física, desde que acompanhada por um educador físico. 71 Para promover o emagrecimento de Carla, o nutricionista deve prescrever-lhe uma dieta hipoenergética e de consistência branda, o que facilitará a digestão dos alimentos. 72 Na situação descrita, o tratamento só será efetivo se for estabelecido processo de acompanhamento nutricional a longo prazo, com estratégias educacionais dirigidas, visando mudanças gradativas e sustentadas do comportamento alimentar, e prática de atividade física. RESPOSTAS - C C E C E E C 10- UNb/CESPE UNIPAMPA 2009 Estudos clássicos da relação entre deficiência de certos nutrientes na alimentação e surgimento de doenças carenciais constituem a história da epidemiologia nutricional. Acerca desse tema, julgue os itens seguintes. 105 No contexto da epidemiologia da anemia ferropriva, observa-se que a deficiência de ferro mantém-se como um problema de saúde pública em escala mundial, porém, com redução na tendência temporal e geográfica, concentrando-se em grupos de crianças de 1 a 5 anos de idade, gestantes e mulheres em idade fértil. 106 Quanto à epidemiologia da obesidade, a Organização Mundial de Saúde (OMS), reconhecendo que o equilíbrio energético se sobrepõe a fatores dietéticos isolados, como o consumo de gorduras, destaca, em suas atuais diretrizes de enfrentamento da questão, que manter o equilíbrio energético é fundamental no controle da obesidade. RESPOSTAS – E C _______________________________________
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