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SOBRE A CUREM A CUREM está entre os 5 maiores centros de treinamento em urgência e emergência chancelada internacionalmente pela American Heart Association e além dos cursos já conhecidos, como ACLS, BLS dentre outros, também possui um extenso portfólio de cursos práticos de curta duração de autoria própria, voltada à simulação realísticas na área da emergência médica. Os nossos cursos são especialmente voltados para profissionais da área da saúde e consiste em fornecer um conteúdo essencialmente prático e condizente com o dia a dia do profissional. Todos os nossos instrutores são altamente especializado em suas respectivas áreas e passam por um rigoroso processo de seleção para se integrar ao time da CUREM. Acesso à via aérea na emergência A intubação orotraqueal é um procedimento complexo, que exige do médico coor- denação bimanual e visual, além da capacidade de manter atenção à estabilidade clínica do paciente. O tempo curto de treinamento para acesso à via aérea nas faculdades traz ainda mais preocupações e incertezas aos médicos que acessam a via aérea na emergência. Estima-se que seja necessária a realização de cerca de 40 intubações orotraqueais supervisionadas para atingir 85% de sucesso e cerca de 60 para atingir 90% de sucesso na intubação. A maior parte dos médicos que não atuam diretamente na emergência, terapia intensiva ou com anestesiologia não atingirão esse número de procedimentos ao longo da carreira. Esse E-Book foi desenvolvido pela CUREM para auxiliar na sistematização da intubação na emergência e aborda as principais etapas que devem ser seguidas para o acesso bem sucedido a via aérea. Indicações de intubação As principais indicações de intubação na emergência são a insuficiência res- piratória aguda e a insuficiência respiratória crônica exacerbada. Os limites para indicação de intubação nem sempre são precisos, por isso é necessária individ- ualização a cada caso. Algumas das indicações de intubação orotraqueal são: Hipoxemia refratária Hipercapnia refratária Pós-parada cardíaca Reversão de atelectasia Esforço respiratório intenso ou prolongado (risco de falência muscular) Redução do nível de consciência ou do drive respiratório Necessidade de redução do consumo de oxigênio em casos de choque Permitir a sedação para realização de procedimentos INTUBAÇÃO EM SEQUÊNCIA RÁPIDA Descrita em 1970 por Peter Safar, a técnica de intubação em sequência rápida visa à redução do risco de aspiração pulmonar durante este procedimento. Ao longo dos anos, a técnica sofreu algumas modificações e se tornou o padrão de acesso à via aérea em pacientes considerados com “estômago cheio”. A maior parte dos pacientes intubados na emergência são considerados com “estômago cheio”, pois, mesmo que apresentem muitas horas de jejum, podem manifestar alteração da motilidade gastrointestinal devido à resposta endócrino-metabólica à condição clínica ou trauma. A intubação em sequência rápida consiste na admin- istração de um sedativo e bloqueador neuromuscular de latências curtas, para que o paciente rapidamente fique em condições ótimas para a laringoscopia, a fim de agilizar a intubação orotraqueal, evitar a ventilação do doente e reduzir o risco de aspiração de conteúdo gástrico. 01 A intubação em sequência rápida se tornou a técnica padrão de acesso à via aérea na emergência, por reduzir complicações relacionadas à intubação. As contrain- dicações à intubação em sequência rápida são relativas. A principal situação em que se deve evitar o uso do bloqueador neuromuscular é quando se antecipa uma via aérea difícil (VAD). Assim, a anamnese e o exame físico breve, direcionados para a predição de dificuldade de acesso à via aérea, são essenciais para o uso dessa técnica. Quando se antecipa uma via aérea difícil, deve ser utilizada uma técnica alternativa de acesso à via aérea. Avaliação da via aérea Após indicada a intubação a próxima etapa é a avaliação para predizer se a via aérea daquele paciente será difícil de ser acessada. Existem diversos mnemônicos para auxiliar nessa avaliação. Um dos mais validados é o LEMON. Apesar de muito divulgado, o escore de Mallampati possui pouca utilidade na emergência, pois o paciente dificilmente conseguirá colaborar para essa avaliação na emergência.O escore de LEMON modificado possui sensibilidade de cerca de 90% para identificação de VAD. A figura abaixo mostra como fazer a avaliação 3-3-2 do item “E” do LEMON Diante do encontro de preditores de via aérea difícil deve-se considerar o uso de técnicas alternativas de intubação, como o uso da broncoscopia ou intubação com paciente consciente. L Look Fácies anormal, trauma facial, barba, ausência de dentes, próteses dentárias, Obesidade, cirurgia prévia do pescoço. E Evaluate Distância inter-incisivos < 3 dedos M Mallampati Distância tireo-mento < 3 dedos O Obstruction Distância da junção do pescoço à proeminência laríngea < 2 dedos N Neck Mobility Mallampati III ou IV 02 PASSO 1: PREPARO O preparo adequado para intubação em sequência rápida é essencial, pois o intervalo de tempo entre o início e o término do procedimento deve ser o mais curto possível. Além disso, um equipamento não funcionante que não tenha sido avaliado previamente pode levar o paciente a um desfecho fatal. Para que isso não ocorra, sugerimos que cada serviço de emergência possua uma checklist de materiais para intubação em sequência rápida, semelhante ao descrito na abaixo. Recomendamos que o médico esteja familiarizado com a montagem e saiba testar todos os materiais descritos a seguir. OS 7 “PS” DA INTUBAÇÃO EM SEQUÊNCIA RÁPIDA Depois de avaliada a via aérea, indicada a intubação e optado pela intubação em sequência rápida, deve-se dar continuidade ao procedimento. A técnica de intubação em sequência rápida pode ser lembrada pelos 7 passos descritos na Tabela a seguir. INTUBAÇÃO EM SEQUÊNCIA RÁPIDA - “7 P´s” 1. Preparo 2. Posicionamento 3. Pré-oxigenação 4. Pré-tratamento ( Sedativos e Analgésicos) 5. Paralisia Muscular 6. Passar o Tubo e Confirmar Materiais para intubação em sequência rápida Materiais utilizados de rotina Fonte de oxigênio ativa Dispositivo bolsa-válvula-máscara (“ambu”) Monitores: oxímetro de pulso, capnó- grafo, cardioscópio Laringoscópio com lâminas de dif- erentes tamanhos e formatos Tubos endotraqueais de diferentes tamanhos Medicamentos (analgésico, sedati- vo e bloqueador neuromuscular) Aspirador funcionante Sondas de aspiração Coxins Dispositivos de fixação de tubo Estiletes moldáveis (fio guia) Seringa para insuflar balonete 03 O tamanho do tubo deve ser o maior possível para facilitar a ventilação do paciente. Na maior parte dos casos, um tubo de diâmetro 8,5 mm ou 8 mm é adequado para homens adultos e um 8,0 mm ou 7,5 mm para mulheres adultas. Recomendamos ter disponíveis e testados ambos os tamanhos para cada caso. As lâminas mais utilizadas na emergência são as lâminas curvas (Macintosh). Geralmente os tamanhos 3 e 4, com destaque para o último, são adequados para a maior parte dos pacientes adultos. As lâminas retas (Miller) não parecem aumentar a taxa de sucesso na intubação em adultos, apesar de poder fornecer melhor visualização da glote. PASSO 2: POSICIONAMENTO A posição olfativa é considerada a ideal para a laringoscopia. O pescoço do paciente deve ser fletido cerca de 35o e a cabeça estendida cerca de 15o. Com esse posicionamento, os eixos oral, laríngeo e faríngeo do paciente ficam mais alin- hados, facilitando a laringoscopia. Geralmente essa posição é obtida em pacientes adultos com peso habitual ao se colocar um coxim de cerca de 10 cm na região occipital. Quando colocado em posição olfativa ótima, o meato acústico externo do paciente se encontra ao nível do esterno. Em pacientes obesos, é necessária a elevação do ombro com coxins, além do uso de coxins occipitais, para se obter a posição olfativa. Já em crianças, o usodo coxim não é necessário na maior parte dos casos, pois o tamanho aumentado da cabeça em relação ao tronco já coloca o paciente em posição olfativa. Em neonatos e lactentes pode ser necessário um coxim abaixo do ombro para se obter esse posicionamento. A altura da cama deve ser ajustada ao nível do apêndice xifoide do médico para que seu eixo visual fique alinhado com a via aérea do paciente sem que ele tenha de se abaixar. Materiais auxiliares e de resgate Máscaras laríngeas de diferentes tamanhos Tubo esôfago traqueal (Combitube) Bougie Cânulas orofaríngeas e nasofarín- geas Gel lubrificante Lidocaína em spray Material para cricotireoidostomia Sondas gástricas 04 PASSO 3: PRÉ-OXIGENAÇÃO A pré-oxigenação ou denitrogenação visa substituir o nitrogênio da capacidade residual funcional por oxigênio e atingir uma saturação arterial de oxigênio próxima de 100%. Dessa forma, o tempo de apneia sem dessaturação seria prolongado durante a laringoscopia. Pode ser realizada com o paciente em posição olfativa, com dispositivo bolsa-válvula-máscara com reservatório (Ambu), ligado à fonte de oxigênio. Solicita-se que o paciente respire profundamente durante 3 minutos ou que realize 8 inspirações na capacidade vital forçada. Não há necessidade de estender a pré-oxigenação além desse período. Algumas medidas podem otimizar a pré-oxigenação. Segurar a máscara de maneira firme, no rosto do paciente, utilizando ambas as mãos, é superior a utilizar apenas uma das mãos. Posicionar a cama com um aclive de 20o também otimiza a pré-oxigenação, quando comparado com o paciente a 0o em adultos com peso habitual. Em obesos, pré-oxigenar com o paciente sentado é superior à posição supina. Nos casos de pacientes com doenças pulmonares ou hipoxemia grave podem-se utilizar técnicas de oxigenação apneica durante a intubação. A oxigenação apneica consiste em manter um fluxo de O2 de 5-15 litros por um cateter nasal durante a laringoscopia. Dessa forma, a apneia segura pode ser estendida em doentes críticos. Existem ainda dispositivos de fornecimento de O2 por cateter nasal de alto fluxo (60 litros/min) que podem ser utilizados para fornecimento de oxigenação apneica. 05 PASSO 4: PRÉ-TRATAMENTO (ANALGÉSICOS, SEDATIVOS E ADJUVANTES) A laringe, faringe e carina são inervadas com nervos simpáticos e parassimpáticos. Ao realizar a laringoscopia e intubação, essas terminações nervosas são estimuladas, gerando reflexos de proteção da via aérea, como a tosse. Em crianças, a resposta parassimpática predomina, podendo gerar bradicardia intensa. Já em adultos, existe um predomínio da resposta simpática, causando taquicardia, hipertensão e elevação de pressão intracraniana. Os fármacos utilizados para a intubação em sequência rápida devem atenuar essas respostas à laringoscopia, além de permitir condições ótimas para intubação. Eles devem fornecer analgesia, hipnose, bloqueio autonômico e neuromuscular de maneira rápida e efêmera. Além disso, o fármaco ideal deveria ser livre de efeitos adversos que pudessem gerar complicações graves. Para que esses objetivos sejam alcançados, devemos utilizar a combinação de fármacos com latência e duração de ação curtas. O principal analgésico utilizado para intubação em sequência rápida é o Fentanil. O Fentanil é um analgésico opioide utilizado com o objetivo de atenuar a resposta hemodinâmica de taquicardia e hipertensão causada pela laringoscopia. Deve ser utilizado quando se optar por um sedativo sem propriedades analgésicas (ex. Etomidato, Propofol ou Midazolam). As concentrações plasmáticas variam com diversos fatores, com destaque para idade e função hepática. Dessa forma, a decisão de utilizar doses menores ou maiores deve levar em conta esses dois fatores, além do peso corporal. Possui grande aplicabilidade clínica devido ao seu perfil de segurança hemodinâmica. As doses habitualmente utilizadas para IOT geram apenas discreta redução da FC e não causam hipotensão. Devido ao baixo custo, disponibilidade e segurança, tornou-se o opioide mais utilizado para acesso à via aérea na emergência. Deve ser administrado lentamente, em cerca de 30-60 segundos, para evitar depressão respiratória. Os principais sedativos utilizados para intubação em sequência rápida são o Etomidato, Cetamina, Propofol e Midazolam. Os três primeiros se aproximam de um fármaco ideal para sequência rápida, por possuírem latência e duração curtas. O Midazolam, apesar de amplamente utilizado na prática clínica, possui uma latência considerada longa para esse procedimento, além de não possuir nenhuma vantagem sobre os outros agentes indutores. Portanto, não recomendamos o uso do Midazolam na intubação em sequência rápida. Ao final da seção de paralisia muscular existe uma tabela com as doses, forma de administração, latência, duração e situações que devem ser escolhidos e evitados cada analgésico, adjuvante, sedativo e bloqueador neuromuscular. PASSO 5: PARALISIA MUSCULAR (BLOQUEADOR NEUROMUSCULAR) Os bloqueadores neuromusculares são a pedra angular da intubação em sequência rápida. O uso dessas medicações está associado ao aumento na taxa de sucesso na intubação e redução de complicações. Os bloqueadores neuromusculares devem ser evitados em casos que se antecipe uma via aérea difícil e que seja optado por técnica alternativa de intubação. Os dois bloqueadores neuromusculares mais utilizados para intubação em sequência rápida são a Succinilcolina e o Rocurônio. 06 A Succinilcolina é o único bloqueador neuromuscular despolarizante com amplo uso clínico. É um análogo da acetilcolina, que estimula receptores colinérgicos simpáticos e parassimpáticos. Ela se liga diretamente aos receptores pós- sinápticos da placa motora, causando estimulação contínua com consequente fasciculação seguida de paralisia muscular. A maior parte da droga é hidrolisada por pseudocolinesterases plasmáticas. A Succinilcolina possui curta latência (45- 60 segundos) e duração de ação (6-10 minutos). A Succinilcolina é superior ao Rocurônio para técnica de intubação em sequência rápida, devendo ser a droga de escolha para esse procedimento. O Rocurônio deve ser utilizado nos casos de contraindicação relativa ou absoluta à Succinilcolina. As contraindicações à Succinilcolina são: História pregressa ou familiar de hipertermia maligna Condição clínica que cause desnervação muscular com mais de 72 horas (ex. trauma raquimedular, queimaduras ou lesão por esmagamento) Distrofia muscular Rabdomiólise Queimaduras extensas Hipercalemia aguda ou grave A tabela a seguir traz as doses, forma de administração, latência, duração e situ- ações que devem ser escolhidos e evitados cada analgésico, adjuvante, sedativo e bloqueador neuromuscular. Fármacos utilizados na intubação em sequência rápida. Fármaco Dose Como fazer Latência Duração Quando utilizar Quando evitar Adjuvantes Lidocaína 1,5 mg/Kg Adminitrar 1,5 ml a cada 10 Kg de peso da ampola com concen- tração 1% sem vasoconstric- tor. 3 minutos 20 minutos Broncoespasmo (?); Elevação de PIC (?) Atropina 0,02 mg/ Kg (máx- imo de 1 mg) Administrar 0,4 ml a cada 10 Kg de peso da ampola de 0,5 mg/1ml. Máximo = 2 ml. 0,5-3 minutos Pacientes pediátri- cos que receberam succinilcolina 07 Analgésicos Fentanil 2-10 mcg/Kg Em um paciente de 70 Kg, usar 3-10 ml da am- pola de 50 mcg/ ml sem diluir. 2-5 minutos 30 minutos Em pacientes adultos ou crianças maiores quando optado por um hipnótico sem ação analgésica Crianças meno- res de 5 anos Hipnóticos Etomidato 0,2-0,3 mg/kg Utilizar 1 ml para cada 10Kg de peso da ampola de 20 mg sem diluir. 30-60 segundos 3-10 minutos Instabilidade hemodinâmica; Pacientes neurocríticos; Síndrome coronariana aguda Sepse (?) Cetamina 1-3 mg/ kg Calcular dose de acordo com o peso e admin- istrar sem diluir. Apresentação: 50 mg/ml 45-60 segundos 10-20 minutos Sepse; Instabilidadehemodinâmica; Broncoespasmo (?) Síndrome cor- onariana agu- da; Pacientes hipertensos; Pacientes neuro- críticos (?) Propofol 2 mg/kg Utilizar 1 ml para cada 10 Kg de peso da ampola com 20 mg/ml sem diluir 45 segundos 5-10 minutos Status epilepticus; Lesões de sistema nervoso central Instabilidade hemodinâmica; Insuficiência cardíaca Mida- zolam 0,2-0,3 mg/Kg Várias apre- sentações. Cal- cular dose. 2-5 minutos 15-30 minutos Status epilepticus Instabilidade he- modinâmica Bloqueadores neuromusculares Succinil- colina 1-1,5 mg/ Kg Reconstituir a ampola de 100 mg com 10 ml de ABD e admin- istrar 1 ml para cada 10Kg de peso. 45-60 segundos 6-10 minutos Droga de escolha para intubação em sequência rápida História de hipertermia maligna, Hiper- calemia, Bradi- cardia, lesões com desnervação muscular Rocurônio 1 mg/Kg Administrar 1 ml para cada 10 Kg de peso da am- pola de 50 mg/5 ml sem diluir. 60 segundos 30-45 minutos Casos com contraindicação à succinilcolina 08 Os fármacos devem ser administrados em momento adequado, respeitando a latência de cada droga, para que tenham pico de ação simultâneo no momento da laringoscopia. Vê-se na figura a seguir um exemplo dos momentos de adminis- tração dos fármacos em uma intubação com Fentanil, Etomidato e Succinilcolina. PASSO 6: PASSAGEM DO TUBO E CONFIRMAÇÃO DA INTUBAÇÃO LARINGOSCOPIA Após a administração do bloqueador neuromuscular, quando o paciente estiver completamente flácido, pode ser realizada a laringoscopia. O paciente deve estar em posição olfativa. A técnica de laringoscopia direta com o uso de lâmina curva pode ser realizada da seguinte maneira: 1. Abra a boca do paciente 2. Introduza a lâmina do laringoscópio pela direita da boca do paciente e desloque a língua para a esquerda com a flange 3. Localize a epiglote 4. Posicione a ponta da lâmina na valécula e realize a tração anterior evitando movimento de báscula 5. Caso não tenha sido obtida visão adequada da glote, podem ser realizadas a laringoscopia bimanual ou a manobra de BURP por um auxiliar 6. Após visualizada a glote, o tubo endotraqueal deve ser introduzido até que o balonete ultrapasse as pregas vocais por 2 cm. Caso não possa ser vista ade- quadamente o quanto o balonete foi introduzido, o tubo pode ser inserido até que a marca de 22-23 cm fique ao nível dos lábios em homens e 21-22 cm em mulheres. Posteriormente deve ser verificado por meio da ausculta e radiografia do tórax se a profundidade está adequada. Tempo - 2 minutos: Fentanil (Latência 2-5 Minutos) Tempo - 1 minuto: Etomidato (Latência 1 Minuto) Tempo - 1 minuto: Succinilcolina (Latência 1 Minuto) Tempo 0 : Laringoscopia Exemplo de administração de fármacos para IOT em sequência rápida. 3 minutos antes a laringoscopia administre o fentanil: espere 1 minuto e administre o etomi- dato e a succinilcolina; após 1 minuto realize a laringoscopia 09 7. Confirmação: O método considerado padrão-ouro para a confirmação da intu- bação orotraqueal é a capnografia com forma de onda, por possuir sensibilidade e especificidades próximas de 100%. A ausculta pulmonar possui sensibilidade de cerca de 94% e especificidade de 83%. MANOBRAS E DISPOSITIVOS DE AUXÍLIO NA INTUBAÇÃO Laringoscopia bimanual: A laringoscopia bimanual otimiza a visualização da glote. Enquanto o laringoscópio é segurado com a mão esquerda, com a mão direita o médico realiza a mobilização da cartilagem tireóidea até encontrar o posiciona- mento de melhor visualização. Quando determinado esse ponto, ele solicita que um auxiliar mantenha a cartilagem tireóidea naquela posição e insere o tubo orotraqueal. Essa técnica melhora a visualização da glote e aumenta as taxas de sucesso na intubação. Manobra BURP (Backward, upward, rightward, pressure): Caso o médico que esteja realizando a laringoscopia não possua prática na realização da laringoscopia bimanual, um auxiliar pode realizar a manobra BURP para otimizar a visualização da glote. A manobra BURP consiste em realizar uma pressão na cartilagem tire- oidea, deslocando-a para trás, para cima e para a direita. Vale ressaltar que essa não é a manobra de Sellick, cujo uso é controverso e optamos por não recomendar. 10 Bougie: O Bougie é um dispositivo auxiliar para intubação que é útil em casos de via aérea difícil não antecipada. Deve ser utilizado em situações em que a glote é visualizada parcialmente ou em que se visualiza apenas a epiglote (Cormack II ou III). Ele deve ser introduzido próximo à epiglote e o médico deve sentir que sua extremidade está tocando os anéis traqueais durante a introdução (Sensação de “clicks” ou saltos). Caso não se perceba esses saltos, pode ser que o dispositivo tenha sido inserido no esôfago. Quando o dispositivo estiver na traqueia, deve-se introduzir o tubo endotraqueal por meio do Bougie e retirá-lo em seguida. Esse dispositivo é extremamente útil e aumenta as taxas de sucesso na intubação. O Bougie também pode ser utilizado para realização de troca de tubos endotraqueais. Falência na intubação e técnicas de resgate A falência na intubação é definida como a impossibilidade de sucesso da intubação endotraqueal com, no máximo, três tentativas, não importando a técnica utilizada. [50] A falência na intubação na emergência acontece em 1-2% dos casos, e são necessárias mais de uma laringoscopia em 5-20% das intubações. Os dispositivos extraglóticos são os principais dispositivos de resgate utilizados em caso de falência na intubação. Seu uso deve ser realizado precocemente diante de uma situação em que não foi possível intubar o paciente e a ventilação com dispositivo bolsa-válvula-máscara é inadequada (“não intubo, não ventilo”). Os dispositivos extraglóticos podem ser utilizados como dispositivo primário de acesso à via aérea (ex. durante ressuscitação cardiopulmonar e em ambiente pré-hospitalar) ou como dispositivo de resgate em caso de falência na intubação. As contraindicações ao uso de dispositivo extraglótico são: • Reflexo de vômito presente • Trauma de orofaringe ou esôfago proximal • Obstrução de vias aéreas por corpo estranho Vale ressaltar que os dispositivos extraglóticos não são considerados vias aéreas definitivas, por não protegerem a traqueia de obstrução ou aspiração de conteúdo gástrico. Um dispositivo extraglótico ideal deve ser fácil de ser utilizado, capaz de permitir oxigenação e ventilação efetivas, além de, preferencialmente, permitir a intubação traqueal com seu auxílio. Os dispositivos extraglóticos de segunda geração possuem essas características. Os principais dispositivos disponíveis são: • Máscara laríngea (muitos modelos disponíveis) • Tubo esôfago-traqueal (Combitube) • Tubo laríngeo Todos esses dispositivos são introduzidos sem a necessidade de laringoscopia e possuem alta taxa de sucesso na primeira tentativa de introdução. 11 Cricotireoidostomia O atraso no reconhecimento da falência da intubação e ventilação está associado a pior prognóstico. A cricotireoidostomia deve ser realizada precocemente diante de uma situação “não intubo, não ventilo”. Resumindo, caso não seja possível intubar o paciente após três tentativas e não seja possível ventilar o paciente de maneira adequada com dispositivo extraglótico, a cricotireoidostomia deve ser realizada, na ausência de contraindicações. As contraindicações à realização da cricotireoidostomia são relativas. Dentre elas, pode-se destacar: • Crianças pequenas (alto risco de estenose subglótica) • Coagulopatia • Alterações anatômicas da traqueia (trauma, tumores…). PASSO 7: PÓS-INTUBAÇÃO Após a intubação, o tubo deve ser fixado. Para isso, podem ser utilizados dispositivos próprios ou fitas de fixação. Deve ser realizada radiografia de tórax para verificar o posicionamento do tubo. O tubo deve estar cerca de 4 cm acima da carina em adultos e 1,5-2 cm em crianças. Também devem ser observadas possíveis complicações, como pneumotórax. Pode ocorrerhipotensão devido à redução do retorno venoso decorrente da pressão positiva ou pela vasodilatação provocada pelos fármacos. Caso a hipotensão seja grave, também deve ser considerada a possibilidade de pneumotórax. A hipotensão deve ser tratada com expansão volêmica e vasopressores em caso de ausência de resposta. O fluxograma abaixo traz um resumo das etapas para acesso a via aérea: Paciente com indicação de intubação na emergência. Avaliar preditores de via aérea difícil (ex. LEMON) Via aérea difícil antecipada? Intubação em sequência rápida (no máximo três tentativas de laringoscopia) Técnica alternativas de intubação Uma a duas tentativas de ultilizar dispositivo extraglótico sucesso na ventilação e oxigenação Cuidados pós intubação Cricotireoídostomia Sucesso na intubação 12 NÃO SIM NÃO SIM NÃO SIM REFERÊNCIAS BRAGANÇA, RD. PROCEM - Procedimentos médicos na emergência. CUREM. 3a edição. Belo Horizonte. 2019. KONRAD, C. et al. Learning manual skills in anesthesiology: Is there a recommended number of cases for anesthetic procedures? Anesth Analg, v. 86, n. 3, p. 635-9, Mar 1998. ISSN 0003-2999 (Print) 0003-2999. HASEGAWA, K. et al. Emergency airway management in Japan: Interim analysis of a multi-center prospective observational study. Resuscitation, v. 83, n. 4, p. 428-33, Apr 2012. ISSN 0300-9572. STEPT, W. J.; SAFAR, P. Rapid induction-intubation for prevention of gastric-content aspiration. Anesth Analg, v. 49, n. 4, p. 633-6, Jul-Aug 1970. ISSN 0003-2999 (Print) 0003-2999. BAIR, A. E. 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