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BASES DA FARMACOLOGIA E COSMETOLOGIA Belo Horizonte 2 Instituto Pedagógico de Minas Gerais http://www.ipemig.com (31) 3270 4500 SUMÁRIO INTRODUÇÃO ....................................................................................................03 1. INTRODUÇÃO A COSMETOLOGIA.............................................................05 2. CLASSIFICAÇÃO DE PRODUTOS COSMÉTICOS.....................................06 3. COMPONENTES BÁSICOS DE UMA FORMULAÇÃO COSMÉTICA.........08 4. INTRODUÇÃO A FARMACOLOGIA: FARMACOCINÉTICA E FARMACODINÂMICA...................................................................................15 5. FARMACOLOGIA DO SISTEMA NERVOSO AUTÔNOMO.........................19 6. DIURÉTICOS…………………………..………………………………………….24 7. AVALIAÇÃO DA SEGURANÇA E EFICÁCIA DE COSMÉTICOS..............26 8. REFERÊNCIAS............................................................................................43 3 Instituto Pedagógico de Minas Gerais http://www.ipemig.com (31) 3270 4500 INTRODUÇÃO Prezados alunos, Nos esforçamos para oferecer um material condizente com a graduação daqueles que se candidataram a esta especialização, procurando referências atualizadas, embora saibamos que os clássicos são indispensáveis ao curso. As ideias aqui expostas, como não poderiam deixar de ser, não são neutras, afinal, opiniões e bases intelectuais fundamentam o trabalho dos diversos institutos educacionais, mas deixamos claro que não há intenção de fazer apologia a esta ou aquela vertente, estamos cientes e primamos pelo conhecimento científico, testado e provado pelos pesquisadores. Não obstante, o curso tenha objetivos claros, positivos e específicos, nos colocamos abertos para críticas e para opiniões, pois temos consciência que nada está pronto e acabado e com certeza críticas e opiniões só irão acrescentar e melhorar nosso trabalho. Como os cursos baseados na Metodologia da Educação a Distância, vocês são livres para estudar da melhor forma que possam organizar-se, lembrando que: aprender sempre, refletir sobre a própria experiência se somam e que a educação é demasiado importante para nossa formação e, por conseguinte, para a formação dos nossos/ seus alunos. Nesta primeira apostila introduzimos conceitos pertinentes à Ecologia e discorreremos sobre os impactos negativos que acometem o meio ambiente principalmente pelas atitudes do ser humano, algumas vezes por necessidade e outras por falta de conscientização de que suas ações podem comprometer o futuro da vida no planeta. Trata-se de uma reunião do pensamento de vários autores que entendemos serem os mais importantes para a disciplina. Para maior interação com o aluno deixamos de lado algumas regras de redação científica, mas nem por isso o trabalho deixa de ser científico. 4 Instituto Pedagógico de Minas Gerais http://www.ipemig.com (31) 3270 4500 Desejamos a todos uma boa leitura e caso surjam algumas lacunas, ao final da apostila encontrarão nas referências consultadas e utilizadas aporte para sanar Dúvidas e aprofundar os conhecimentos. 5 Instituto Pedagógico de Minas Gerais http://www.ipemig.com (31) 3270 4500 1. INTRODUÇÃO A COSMETOLOGIA Fonte:marciaarieta.com.br A busca da beleza e da juventude gera exigências cada vez maiores dos pacientes no desenvolvimento de novas técnicas cirúrgicas e de novos procedimentos estéticos, pois, com o avanço da idade, a pele começa a sofrer alterações como aparecimento de rugas, diminuição da espessura da epiderme, ressecamento, que modificam seu aspecto, o qual é caracterizado pelo envelhecimento cutâneo. A aparência pessoal é hoje requisito de grande importância em todos os segmentos, levando a população atual a dar maior valor a sua aparência, e buscar nos cosméticos as ferramentas para essa realização. A natureza expressa sua perfeição através dos três reinos naturais: mineral, vegetal e animal. Em todos há manifestação do ciclo vital que envolve concepção, crescimento, maturidade, envelhecimento e colapso. A diferença entre os três reinos é o grau de complexidade de suas estruturas. Atualmente o homem entendeu que deve atuar em harmonia com seus processos vitais e buscar nestes reinos os recursos naturais para a manutenção e aprimoramento da estética de seu corpo. A cosmética e os bioativos têm como proposta 6 Instituto Pedagógico de Minas Gerais http://www.ipemig.com (31) 3270 4500 atuar nas estruturas extremas do corpo humano (pele e cabelos) de forma idêntica aos processos vitais, auxiliando o metabolismo para que se possa prolongar a juventude, retardando o envelhecimento. Cosmetologia é a ciência que serve de suporte à fabricação dos produtos de beleza e permite verificar as suas propriedades. A utilização tópica de itens que tenham identidade com a pele e cabelos baseia-se em: Fornecimento de precursores biológicos; Catálise de reações vitais; Sequestro de radicais livres; Manutenção do teor de água; Formação de filmes protetores; Reestruturação de estruturas danificadas; Lubrificação adequada dos tecidos; Condicionamento e brilho. O conhecimento das leis naturais e a correta utilização dos bioativos fazem da cosmética moderna uma opção no atendimento das necessidades dos homens. Ao atender tais expectativas, os cosméticos estão sendo transformados em verdadeiros agentes de tratamento, com propostas e sugestões que podem modificar a estrutura e a atividade da pele. Fato este que confronta a legislação vigente, a qual considera cosméticos como preparações que justamente não modificam a estrutura e atividade da pele. Foi neste momento que o termo Cosmecêutico foi criado. Existem várias substâncias que já há tempos vem sendo utilizadas em cosméticos e que estão sendo investigadas, revelando ter alta bioatividade podendo, portanto, serem classificadas como substâncias médicas. Normalmente produtos cosméticos os quais não necessitam de intervenção do governo podem ser produzidos muito mais rapidamente, sendo então, por este motivo é uma desvantagem para a indústria cosmética se estes ingredientes forem classificados como substância ativa. 2. CLASSIFICAÇÃO DE PRODUTOS COSMÉTICOS Cosméticos, Produtos de Higiene e Perfumes são preparações constituídas por substâncias naturais ou sintéticas, de uso externo nas diversas partes do corpo humano, pele, sistema capilar, unhas, lábios, órgãos genitais externos, dentes e membranas mucosas da cavidade oral, com o objetivo exclusivo ou principal de limpá-los, perfumá-los, alterar sua 7 Instituto Pedagógico de Minas Gerais http://www.ipemig.com (31) 3270 4500 aparência e ou corrigir odores corporais e ou protegê-los ou mantê-los em bom estado. Os grupos de produtos estão enquadrados em quatro categorias e classificados quanto ao grau de risco (Resolução RDC nº 79, 6 de 28 de agosto de 2000) a que oferecem dados a sua finalidade de uso, para fins de análise técnica, quanto do seu pedido de registro, a saber: A - Categorias: Produto de Higiene Cosmético Perfume Produto de Uso Infantil B - Grau de Risco: Grau 1 - Produtos com risco mínimo, ou seja, são produtos de higiene pessoal, cosméticos e perfumes cuja formulação se caracteriza por possuírem propriedades básicas ou elementares, cuja comprovação não seja inicialmente necessária e não requeiram informações detalhadas quanto ao seu modo de usar e suas restrições de uso, devido às características intrínsecas do produto. Grau 2 - Produtos com risco potencial, ou seja, são produtos de higiene pessoal, cosméticos e perfumes cuja formulação possui indicações específicas, cujas característicasexigem comprovação de segurança e/ou eficácia, bem como informações e cuidados, modo e restrições de uso. Os critérios para essa classificação foram definidos em função da finalidade de uso do produto, áreas do corpo abrangidas, modo de usar e cuidados a serem observados, quando de sua utilização. 8 Instituto Pedagógico de Minas Gerais http://www.ipemig.com (31) 3270 4500 9 Instituto Pedagógico de Minas Gerais http://www.ipemig.com (31) 3270 4500 3. COMPONENTES BÁSICOS DE UMA FORMULAÇÃO COSMÉTICA A grande dificuldade encontrada em classificar e estudar os diversos itens que compõem as preparações cosméticas sob variadas formas de apresentação, nos impulsiona a agrupar as matérias-primas utilizadas e a partir destes grupos, discutirem as diversas possibilidades de composição que estas preparações estão sujeitas. As matérias-primas são utilizadas nas formulações de acordo com suas propriedades funcionais e físico-químicas. Estas propriedades são derivadas de suas respectivas estruturas químicas. As matérias-primas são classificadas: VEÍCULOS 10 Instituto Pedagógico de Minas Gerais http://www.ipemig.com (31) 3270 4500 É o componente que geralmente aparece em maior quantidade na fórmula e que tem a função de receber os outros componentes, isto é, nele são incorporadas estas outras substâncias. Devem ter grande capacidade de solubilização ou de dispersão, conforme o caso. A escolha do tipo de veículo deve se basear na compatibilidade com os outros componentes e também no tipo de pele a que se destina o produto. Podem ser: água, álcool, mistura hidroalcoólica, óleo, glicerina, loções base, cremes base. UMECTANTES São substâncias higroscópicas que tem o objetivo de reduzir a dessecação superficial pelo contato com o ar (das fórmulas) e sobre a pele forma uma película que permanece sobre esta após a aplicação do produto favorecendo a hidratação. Estes reduzem a velocidade da perda da água, porém este efeito pode ser reforçado com adequado nível de vedação dado pelas tampas das embalagens. Podem ser: Polióis (glicois): álcoois contendo mais de um grupo OH, solúveis em água, possuem toque untuoso (pegajoso). Ex.: propilenoglicol, glicerina, sorbitol Poliglicois: São solúveis e água, seu estado físico depende do grau de etoxilação (PM). Ex.: polietilenoglicol Carboidratos: aldeídos ou cetonas que são ao mesmo tempo polióis. Ex.: Açucares (glicose, frutose), amido, celulose. Derivados do ácido carboxílico: ac. Carb. Reagem com bases e formam Sais Orgânicos com capacidade de hidratação. Ex.: Lactato de Sódio (ac. Lático + NaOH), Glicolato de Sódio. EMOLIENTE São responsáveis pelo espalhamento e lubrificação da pele e cabelo, que juntamente com os umectantes serão responsáveis pela hidratação da pele e cabelo. São responsáveis nas formulações por consistência e aparência. 11 Instituto Pedagógico de Minas Gerais http://www.ipemig.com (31) 3270 4500 ESPESSANTES/VISCOSANTES Substâncias responsáveis por aumentar a viscosidade das formulações. Os espessantes podem ser orgânicos e inorgânicos. Os espessantes orgânicos dividem-se por sua vez em 2 classes: Agentes orgânicos De fase oleosa São espessantes de fase oleosa, que são insolúveis em água e solúveis em óleo. São empregados em cremes, loções e condicionadores. Exemplos: Álcoois graxos; Monoestearato de gliceríla; Ésteres de álcoois e ácidos graxos; ceras naturais e minerais, óleos e gorduras. De fase aquosa 12 Instituto Pedagógico de Minas Gerais http://www.ipemig.com (31) 3270 4500 Conferem viscosidade à fase aquosa. São normalmente insolúveis na fase oleosa. Exemplos: CMC – carboximetilcelulose; HEC - hidroxietilcelulose – natrosol; Vinílicos: Carbômero, PVP, álcool polivinílico; Polissacarídeos: amido, agar-agar, gomas e alginatos; Agentes Inorgânicos (eletrólitos) Cloreto de sódio Citrato de sódio Fosfato de sódio ou amônio TENSOATIVOS São substâncias que por possuírem em sua estrutura grupos hidrofílicos e lipofílicos tem a capacidade de alterar a tensão superficial ou intersticial do sistema, gerando as seguintes propriedades: Detergência: se difere dos demais tensoativos pela habilidade que o grupo polar possui para sujidades de uma superfície. Espuma: nem todos detergentes eficientes fazem espuma. Emulsificação: formação de emulsões. Os tensoativos apresentam a propriedade de reduzir a tensão superficial da água e de outros líquidos. Podem ser classificados em aniônicos, catiônicos, não iônicos e anfóteros. HIDRATANTE São matérias-primas higroscópicas intracelulares, ou seja, substâncias que intervém no processo de reposição do teor de água da pele de maneira ativa. Por isso, diferenciam-se dos umectantes, que são um processo passivo. ALCALINIZANTES, ACIDIFICANTES E NEUTRALIZANTES São usados em cosméticos para conferir alcalinidade às soluções, para neutralizar ácidos graxos e obter sabões, umectantes, géis de carbomeros e corrigir pH. Podem ser de origem inorgânica e orgânica. Exemplos: TEA - trietanolamina e NaOH. Os ácidos mais usados em cosméticos são os orgânicos. São usados para obtenção de sabões e umectantes e correção de pH. Exemplos: Ácido cítrico e Ácido fosfórico. 13 Instituto Pedagógico de Minas Gerais http://www.ipemig.com (31) 3270 4500 CONSERVANTES As preparações cosméticas estão sujeitas a contaminação microbiológica, seja ela por bactérias ou fungos. Estes são transmitidos por diversas fontes, tais como: água, insetos, matérias-primas, vidrarias, equipamentos, tanques de armazenagem, embalagens, manipuladores e usuários. Na verdade, quando em pequenas quantidades estas são aceitáveis, porém ao extrapolar os limites pré-determinados já são considerados como contaminação e, portanto, devem ser evitadas. Os conservantes são, portanto, aquelas substâncias que adicionadas aos produtos tem como finalidade preservá-los de danos causados por microorganismos durante a estocagem, ou mesmo de contaminações acidentais produzidas pelos consumidores durante o uso. Para cada tipo de agente conservante e dependendo da formulação existe uma concentração máxima permitida que deve ser seguida rigorosamente. Os contaminantes se dividem entre bactérias e fungos e algumas características destes estão descritas a seguir: Bactérias: Encontram-se bastantes difundidas (ar, água e terra) pH; Ótimo para crescimento de 6 a 8; Temperatura ideal: 35-40 °C; Utilizam como substrato: proteínas, vitaminas, sais, dentre outros; Principais: Pseudômonas, Enterobacter, Klebsiella, Staphylococcus Fungos (bolores e leveduras); Utilizam como substrato: sais minerais, celulose, ácidos orgânicos, amido, açúcares; PH varia com a espécie; A presença de água e de vários componentes orgânicos nas formulações é que favorecem a proliferação dos microorganismos. Quando a contaminação acontece, alguns fatores que envolvem produto, produtor e consumidor devem ser considerados: 14 Instituto Pedagógico de Minas Gerais http://www.ipemig.com (31) 3270 4500 Os agentes conservantes são substâncias que incorporadas aos produtos cosméticos e de higiene, têm por finalidade, evitar a proliferação microbiana nos mesmos, assegurando sua estabilidade e a segurança dos consumidores. Estes devem ter como características: Boa solubilidade em água; Boa estabilidade; Ser inodoro e incolor; Ser economicamente viável; Ser atóxico; Ser efetivo a baixas concentrações; Ter amplo espectro de ação; Ser estável e efetivo em extensa faixa de pH. Não afetar as características físicas do produto (cor, odor, sabor); Ter adequado coeficiente de partição; Inativar rapidamenteos contaminantes; Ser compatível. O mecanismo de ação dos conservantes pode ser por alteração da permeabilidade da membrana citoplasmática, inibição de sistemas enzimáticos essenciais, destruição da estrutura proteica da parede celular ou oxidação dos componentes celulares. Os conservantes não podem ser empregados como substitutos das Boas Práticas de Fabricação. A seleção do agente conservante ideal deve ser baseada nos critérios abaixo: Conhecer os componentes da fórmula e avalia a compatibilidade; Conhecer os fatores que influenciam a concentração efetiva do conservante (pH, qualidade da água); Aspectos legais; Sua eficácia. Os agentes conservantes podem ser utilizados individualmente ou principalmente em associações, o que assegura maior espectro de atividade, sinergismo e cada um poderão estar em menor quantidade gerando possivelmente menos efeitos tóxicos. 15 Instituto Pedagógico de Minas Gerais http://www.ipemig.com (31) 3270 4500 SEQÜESTRANTES – QUELANTES Substâncias que inibem ou bloqueiam o processo de oxidação dos componentes orgânicos (óleos vegetais, gorduras vegetais ou animais, óleos essenciais e vitaminas). Estes processos de oxidação podem se manifestar principalmente por modificações do odor e da cor podendo até provocar irritações no tecido cutâneo. Os componentes mais propensos a sofrerem oxidação são as fragrâncias, os corantes, alguns ativos e os óleos (emolientes). FRAGRÂNCIAS Substâncias que geram odores agradáveis aos produtos; Sua escolha deve ser baseada em um consenso entre os corantes, a finalidade e o tipo do produto. Deve estar harmonizada com atributos do produto e expectativas do consumidor; A constituição de uma fragrância é identificada através das notas (odor): notas de cabeça ou saída, notas de corpo, notas de fundo. A fragrância é uma sucessão de impressões olfativas e não um conjunto homogêneo de todas elas; Cada tipo de fragrância é uma mistura de diferentes funções químicas e estas matérias primas podem ser de origem natural (animal ou vegetal) e sintética. CORANTES Substância responsável por conferir cor a um produto. De acordo com sua solubilidade podem ser nomeados de corantes ou pigmentos. Corantes: substâncias que desenvolvem seu poder de colorir quando são dissolvidas no meio em que são utilizadas. 16 Instituto Pedagógico de Minas Gerais http://www.ipemig.com (31) 3270 4500 Pigmentos: substâncias que desenvolvem seu poder de colorir quando são dispersas no meio em que são utilizadas. Estes produtos são classificados segundo 2 modos, um europeu (Colour Index) e um norte americano (D&C, FD&C, External D&C). Para a escolha do colorante deve ser consultada a lista da ANVISA que os classifica através do Colour Index, indica quais são permitidos em diversas situações e suas limitações. 4. INTRODUÇÃO A FARMACOLOGIA: FARMACOCINÉTICA E FARMACODINÂMICA Fonte: www.portaleducacao.com.br Em 1953, Dost propôs o termo farmacocinética para descrever o movimento da droga através do organismo. Até essa época, mesmo depois empregava-se a palavra farmacodinâmica para indicar não só o movimento da droga no organismo, mas também seu mecanismo de ação e seus efeitos terapêuticos e tóxicos. Atualmente, os campos da farmacocinética e farmacodinâmica estão mais bem definidos didaticamente. Farmacocinética: É o caminho que a droga faz no organismo. Note que não é o estudo do seu mecanismo de ação mais sim as etapas que a droga sofre desde a administração até a excreção, que são: absorção, distribuição, biotransformação e excreção. Uma vez que a droga se encontra no organismo, essas etapas ocorrem de forma simultânea sendo essa divisão apenas de caráter didático. 17 Instituto Pedagógico de Minas Gerais http://www.ipemig.com (31) 3270 4500 Farmacodinâmica: É a área da farmacologia que estuda o efeito de uma determinada droga (ou fármaco, ou medicamento) em seu tecido-alvo, ou simplesmente estuda como uma droga age no tecido-alvo. Entende-se tecido-alvo como o órgão ou sítio onde uma determinada droga tem efeito. Relações entre farmacocinética e farmacodinâmica. Na interação droga-organismo, farmacocinética estuda a ação do organismo sobre a droga, e, na farmacodinâmica, observa- se a ação da droga sobre o organismo. (Adaptado a partir de Penildon, 2006). O estabelecimento de esquemas posológicos padrões e de seus ajustes na presença de situações fisiológicas (idade, sexo, peso, gestação), hábitos do paciente (tabagismo, ingestão de álcool) e algumas doenças (insuficiência renal e hepática) é orientado por informações provenientes de uma importante subdivisão da farmacologia, a Farmacocinética. O termo CINÉTICA refere-se a um objeto em movimentação. Farmacocinética é a disciplina que usa modelos matemáticos para descrever e prever a quantidade dos medicamentos e suas concentrações em vários fluidos do organismo e as mudanças nestas quantidades com o tempo. Para fins didáticos e conceituais, o comportamento das substâncias ativas, após administração, dentro do corpo humano é usualmente dividido, de uma maneira arbitrária, em processos de absorção, distribuição, biotransformação e excreção. Devemos ter clara a ocorrência simultânea destes processos no organismo vivo, apesar de que, muitas vezes, assumimos a independência de cada um destes processos em relação aos outros; as variações nas concentrações dos fármacos em alguns fluidos corporais são sempre o resultado da simultaneidade da ocorrência destes processos, o que ocasiona taxas que estão continuamente sendo alteradas. A farmacocinética é definida como o estudo quantitativo do desenvolvimento temporal dos processos de absorção, distribuição, biotransformação e excreção dos fármacos. Nestes estudos, os teores dos fármacos e seus metabólitos (produtos da biotransformação) no organismo são determinados, permitindo a obtenção de importantes dados sobre estas substâncias, tais como: Condições para seu uso adequado, pela determinação da via de administração, posologia (doses e intervalo entre as doses) e variações correlatas em função de patologias como insuficiência renal, alterações hepáticas e outras. Previsão de outros efeitos em potencial, como os colaterais, por exemplo, no caso de acúmulo do fármaco em determinado compartimento (organotropismo); ou ainda os oriundos de interações medicamentosas no javascript:void(0);/*1337287236445*/ javascript:void(0);/*1337287252550*/ 18 Instituto Pedagógico de Minas Gerais http://www.ipemig.com (31) 3270 4500 nível dos processos de absorção, distribuição, biotransformação e excreção. Determinação dos principais sítios de biotransformação. Determinação das vias de excreção. Assim sendo, podemos afirmar que a compreensão e a aplicação cuidadosa dos princípios farmacocinéticos podem frequentemente auxiliar no estabelecimento e manutenção de quantidades terapêuticas e não tóxicas dos medicamentos no organismo; isto por permitir uma escolha racional da dose, frequência e via de administração. Além disso, como supra referido, em muitos casos as características dos pacientes são reconhecidamente responsáveis por alterações do movimento do fármaco naquele organismo, ou seja, das propriedades farmacocinéticas desta substância em particular. Ajustes apropriados na dose ou frequência de administração podem ser realizados, para compensar estas mudanças, evitando, assim, os problemas potenciais da ineficácia terapêutica ou toxicidade. Em uma ampla visão, a compreensão da farmacocinética pode favorecer as chances de segurança e eficácia da terapêutica medicamentosa. A farmacocinética estabelece estreita relação com duas outras importantes áreas do estudo farmacológico: A biofarmácia e a farmacodinâmica. O efeito ou resposta terapêutica é o resultado dos fenômenos que ocorremapós administração de um medicamento e estes dependem, por sua vez, das características do fármaco, das características do indivíduo e, o mais importante, da interação entre estes dois fatores: fármaco e indivíduo. Didaticamente podemos dividir o estudo da resposta terapêutica em três fases: Fase Farmacêutica Fase farmacocinética Fase farmacodinâmica Possíveis interferentes da farmacocinética Características do Paciente Idade Sexo Peso corporal total Tabagismo Consumo de álcool Obesidade Outros medicamentos em uso Estados Patológicos 19 Instituto Pedagógico de Minas Gerais http://www.ipemig.com (31) 3270 4500 Disfunção hepática (cirrose, hepatite) Insuficiência cardíaca Infecção Queimaduras severas Febre Anemias As três fases da reposta terapêutica: 1.Fase farmacêutica: Estuda a liberação do fármaco a partir do produto farmacêutico. É constituída pelo conjunto de fenômenos compreendidos entre a administração do medicamento e a absorção propriamente dita, os quais determinam à intensidade e velocidade com que ocorre a entrada da substância ativa no organismo. Estes fenômenos compreendem basicamente a liberação e a dissolução do fármaco contido no produto farmacêutico. Liberação: Ao ser administrado o fármaco encontra-se em uma forma farmacêutica (F.F.) a partir da qual deve ser liberado; dependendo da F.F. empregada (comprimido, cápsula, suspensão, xarope, supositório, etc.) e da via de administração utilizada, esta etapa pode ser mais ou menos complexa, rápida ou completa. A liberação ocorrerá sob influência do meio biológico de aplicação [ex: pH e peristaltismo do trato gastrintestinal (TGI) nas vias enterais (oral e retal) ], principalmente para formas farmacêuticas sólidas, que necessitam desintegrar-se para então liberar a substância ativa. A finalidade desta etapa é obter uma dispersão no estado sólido do fármaco, no meio aquoso de administração, o que permitirá o cumprimento da etapa posterior de dissolução. Dissolução: Esta etapa, por sua vez compreende a formação de uma dispersão molecular na fase aquosa, ou seja, a dissolução progressiva do fármaco, essencial para sua posterior absorção, desde que seja requerida uma ação sistêmica e não local. A dissolução muitas vezes é a etapa determinante da velocidade do processo de absorção. A fase farmacêutica, importante etapa do estudo da resposta terapêutica é um dos objetos de estudo da Biofarmácia, disciplina que vem despontando como um ramo importantíssimo da investigação de fármacos; além de estudar esta fase de liberação e dissolução da substância ativa, a biofarmácia compreende também a avaliação das interações, entre o fármaco e o organismo (local de administração), que determinam sua biodisponibilidade. Este último termo define uma característica biofarmacêutica de um medicamento administrado a um 20 Instituto Pedagógico de Minas Gerais http://www.ipemig.com (31) 3270 4500 organismo vivo intacto e que expressa, simultaneamente, a quantidade e velocidade na qual o princípio ativo (fármaco) alcança a circulação sanguínea geral, a partir de seu local de administração. Devido à sua extrema importância e, principalmente, tendo em vista a regulamentação de medicamentos genéricos em nosso país (Lei n0 9787 de 10/02/99 e Resolução n0 391 de 09/08/99), a biodisponibilidade de fármacos será estudada em um tópico mais adiante. 2. Fase Farmacocinética: Como já foi dito esta etapa corresponde ao estudo da evolução temporal do movimento do fármaco in vivo, que esquematicamente pode resumir-se nos processos de absorção, distribuição, biotransformação e excreção de fármacos. Esta fase consiste, portanto, na identificação e quantificação da passagem do fármaco pelo organismo. 3.Fase Farmacodinâmica: Estuda a interação de um fármaco específico com seu receptor, ou seja, a ação do fármaco em seu sítio receptor com as alterações moleculares e celulares correspondentes (efeito farmacológico), o que culmina no aparecimento do efeito terapêutico requerido. O controle das concentrações plasmáticas constitui na atualidade uma prática habitual na terapia com diferentes classes de fármacos, visando o estabelecimento de regimes de dosagem apropriados para determinados pacientes. Isto, porque as concentrações de um fármaco no plasma correlacionam-se melhor com a resposta farmacológica que a dose administrada, uma vez que esta relação não é afetada pelas variações individuais dos processos farmacocinéticos de absorção, distribuição, biotransformação e excreção que, como sabemos, influi na resposta do paciente. 5. FARMACOLOGIA DO SISTEMA NERVOSO AUTÔNOMO (SNA) A investigação do sistema nervoso autônomo tem desempenhado um papel central no desenvolvimento da farmacologia moderna e formou a base para o estabelecimento dos princípios farmacodinâmicos fundamentais que governam a ação dos fármacos. Fármacos Que Agem No Sistema Nervoso Autônomo E Suas Aplicações Clinicas Aginistas colinérgicos (parassimpatomiméticos) Betanecol: O betanecol pode ser utilizado em casos de íleo paralítico após cirurgia e para tratamento de retenção urinária não obstrutiva. 21 Instituto Pedagógico de Minas Gerais http://www.ipemig.com (31) 3270 4500 Mecanismos de Ação O betanecol estimula diretamente os receptores muscarínicos de acetilcolina. Ele apresenta atividade nicotínica negligenciável quando usado em doses terapêuticas e uma duração de atividade mais longa que a ACh, pois é mais resistente à hidrolise mediada por colinesterases. Antagonistas Colinérgicos (parassimpatolíticos) Atropina: A atropina pode ser usada como uma pré-medicação anestésica para reduzir a salivação e as secreções do trato respiratório. Ela pode também ser usada no tratamento de bradiarritmias. É utilizada como um antídoto para intoxicação por organofosforados e carbamatos, e para tratar superdosagem de agentes colinérgicos e intoxicação por cogumelos muscarínicos (Amanita muscaria e outros cogumelos pertencentes aos gêneros Amanita, Omphaletus, Belotus e Clitocybe). Mecanismos de Ação A atropina é um antagonista competitivo nos receptores muscarínicos pós-ganglionares de acetilcolina.Doses baixas resultam em inibição da salivação, da secreção brônquicas e da sudorese. Doses moderados causam dilatação pupilar e taquicardia e inibem a acomodação pupilar. Doses altas diminuem a motilidade dos tratos gastrointestinal e urinário. Doses muito altas inibirão a secreção ácida gástrica. Anticolinérgicos Butilescopolamina (hioscina), propantelina, isopropamida. Os anticolinérgicos são usados principalmente por suas ações antiespasmódica e antissecretória para alguns tipos de diarreia. São usados no manejo da pancreatite, já que podem reduzir a secreção pancreática. Mecanismo de ação Os anticolinérgicos atuam como antagonista nos receptores muscarínicos periféricos e centrais (M1 e M2). Os antimuscarínicos derivados do amônio quartenário, como a butilescopolamina e a propantelina, não atravessam a barreira hematoencefálica, portanto têm ação predominantemente periférica, sendo os efeitos colaterais no SNC mínimos. 22 Instituto Pedagógico de Minas Gerais http://www.ipemig.com (31) 3270 4500 Antagonistas nicotínicos Relaxantes musculares não despolarizantes Besilato de atracúrio (Tracrium R) brometo de pancurônio (Pavulon R). Brometo de vecurônio (norcuron R). Os relaxantes musculares não despolarizantes são usados para aumentar o relaxamento muscular durante a cirurgia e para facilitar a ventilação mecânica. Eles não devem ser usados em animais conscientes. Mecanismos de Ação Os relaxantes musculares não despolarizantes ligam-se competitivamente a receptores colinérgicos nas junções neuromusculares, resultando em paralisia muscular. Como o antagonismo é competitivo, o bloqueioneuromuscular pode ser revertido usando-se inibidores da colinesterase, os quais atuam no aumento da concentração local de acetilcolina. O atracúrio apresenta um quarto a um terço da potência do pancurônio, o qual é relatado apresentar um terço da potência ou ser tão potente quanto o vecurônio. Relaxantes Musculares Despolarizantes Exemplos: Cloreto de succinilcolina (Scoline R) A succinilcolina é usada primariamente para facilitar a intubação em gatos, nos quais ela apresenta rápido início e curta duração de ação. Mecanismo de Ação A succinilcolina é um relaxante muscular despolarizante de ação ultracurta o qual se liga a receptores colinérgicos das placas motoras para produzir despolarização. Como a despolarização é sustentada, a atividade elétrica da placa motora é perdida, levando à paralisia. Fasciculações musculares temporárias podem ser vistas precedendo o bloqueio muscular, as quais persistem enquanto quantidades suficientes dos fármacos permanecerem na placa. Inibidores de Colinesterase Exemplos: Neostigmina, cloreto de edrofônio. 23 Instituto Pedagógico de Minas Gerais http://www.ipemig.com (31) 3270 4500 A neostigmina está aprovada para o tratamento de miatenia grave e reversão dos efeitos dos relaxantes musculares não despolarizantes. O cloreto de edrofônio está aprovado para a reversão efeitos dos relaxantes musculares não despolarizantes e como uma medicação diagnóstica para o diagnóstico de miastenia grave. Mecanismos de Ação Os inibidores da colinesterase são antagonistas competitiva reversíveis da enzima colinesterase, a qual é responsável pela quebra da acetilcolina nas sinapses colinérgicas e pelo término da neurotransmissão colinérgica. Os inibidores da colinesterase, portanto, levam a concentrações aumentadas de acetilcolina e transmissão prolongada nas sinapses colinérgicas, uma ação que é principalmente empregada no tratamento da desordem da transmissão neuromuscular (miastenia mais grave) e no antagonista do bloqueio neuromuscular não despolarizante. Agonistas Adrenérgicos Adrenalina A adrenalina apresenta diversos usos. A adrenalina aplicada topicamente pode ser usada para controlar hemorragias de pele e membranas mucosas. Contudo, os efeitos da adrenalina injetada sobre os tônus vasculares são complexos. Ela causa tanto a constrição (de vasos da pele) quanta dilatação (dos vasos da musculatura esquelética). Os vasos cerebrais que não possuem inervações simpática não são diretamente afetadas pela adrenalina. Mecanismos de Ação As ações vasoconstritoras da adrenalina são úteis em diversas situações além da homeostasia de emergência. Ela também auxilia no alívio das reações alérgicas agudas (choque anafiláticos). A adrenalina reduz a circulação sanguínea e, desta forma, alivia o edema da glote, o qual é geralmente a causa de morte em reações alérgicas a mordidas e picadas. Ela também relaxa a musculatura lisa, assim como reduz o fluxo sanguíneo e, portanto, a congestão pulmonar. Fenilpropanolamina A fenilpropanolamina é um dos pulares do tratamento da incontinência urinária na cadela. 24 Instituto Pedagógico de Minas Gerais http://www.ipemig.com (31) 3270 4500 Mecanismos de Ação A estimulação da α-adrenoceptores da musculatura lisa do esfíncter da bexiga e da uretra pélvica resulta no aumento dos tônus das células da musculatura lisa e melhora o Dobutamina A dobutamina é aparentemente um agonista de adrenoceptores β1 – seletivo que clinicamente é usado como um inotrópico positivo no tratamento de insuficiência cardíaca e como tratamento de emergência no choque cardiogênico, ela também é usada no tratamento diagnóstico para a detecção prematura de disfunção miocárdica sistólica. Mecanismo de Ação Os efeitos aparentemente β1 – seletivos da dobutamina, mostrando principalmente ações inotrópicas positivas no coração, são baseados em ações parcialmente opostas dos constituintes da dobutamina racêmica de ocorrência natural A (+) dobutamina é um agonista de β-adrenoceptores não seletivos e também um potente antagonista em α1- adrenoceptores, enquanto (-) dobutamina mostra muito baixa potência nos β- adrenoceptores, mas apresenta fortes efeitos estimuantes α1. Efedrina A efedrina é um produto natural que tem sido usado na medicina tradicional chinesa há mais de 2.000 anos. Ela apresenta essencialmente as mesmas ações da adrenalina, mas com as seguintes diferenças: potência mais baixa, efeitos mais pronunciados no SNC. Em medicina veterinária, ela é usada para aumentar os tônus do esfíncter interno da bexiga em casos de incontinência urinária. Mecanismo de Ação Considera-se que o mecanismo de ação da efedrina é similar àquele das anfetaminas, ou seja, ela causa liberação de noradrenalina, desta forma estimulando os receptores catecolaminérgicos. A efedrina apresenta um efeito mais potente no SNC que a adrenalina. Antagonistas adrenérgicos Fenoxibenzamina/fentolamina: A fenoxibenzamina e a fentolamina são usadas em medicina humana e veterinária para o tratamento de feocromocitoma, um tumor da 25 Instituto Pedagógico de Minas Gerais http://www.ipemig.com (31) 3270 4500 medula adrenal que resulta em um intenso aumento das concentrações das catecolaminas circulantes. A fenoxibenzamina também é usada para o relaxamento do esfíncter interno da bexiga em casos de dissinergia reflexa e para reduzir a pressão sanguínea em pacientes afetados pela paralisia do carrapato Ixodes bolocyclus. Mecanismos de Ação A fenoxibenzamina (um derivado da haloalquilamina) bloqueia não competitivamente α- adrenoceptores como um resultado da ligação estável aos receptores ou estruturas próximas. Ela não apresenta efeitos sobre os β-adrenoceptores. A fentolamina é um bloqueador competitivo dos α-adrenoceptores. Como resultado do bloqueio dos α-adrenoceptores, a fenoxibenzamina e a fentolamina podem causar hipotensão, particularmente se administradas rapidamente IV ou administradas em pacientes cujo sistema cardiovascular esteja sob tônus simpático pronunciado, por exemplo, durante a hipovolemia. Ambos os fármacos bloqueiam α2-adrenoceptores, o que pode resultar em aumento da disponibilidade das catecolaminas, levando a estimulação de β1-adrenoceptores e, portanto, efeitos simpatominéticos paraxais sobre o coração. 6. DIURÉTICOS Os diuréticos são medicamentos que aumentam a eliminação do sódio (sal) e água através da urina. Desta forma, atuam previamente estimulando a excreção de íons sódio (Na+), cloro (Cl-) ou bicarbonato (HCO3-), que são os principais eletrólitos presentes no fluído extracelular. São utilizados principalmente para tratar a hipertensão arterial e quadros de edema (acúmulo de água resultando em inchaços), bem como outros distúrbios como a insuficiência cardíaca congestiva (ICC), insuficiência renal crônica e glaucoma. Já no século XIX, foram descobertas as propriedades diuréticas de compostos presentes em determinados herbáceos. Em 1884, a cafeína foi identificada como o componente diurético presente no café. A descoberta dos inibidores da anidrase carbônica se deu em 1949, através da observação da ação da sulfonilamida, incentivando a procura por outros compostos derivados e resultando na descoberta de diversos fármacos, como a acetazolamida e furosemida. A partir de então, diversos diuréticos foram introduzidos na terapêutica, sendo a classe de fármacos mais utilizada no 26 Instituto Pedagógico de Minas Gerais http://www.ipemig.com (31) 3270 4500 tratamento de pacientes hipertensos. Isso pode ser explicado devido às suas vantagens, como a alta eficácia e baixo custo, além de poderem ser usados em associação a outros anti-hipertensivos, aumentando os efeitos. Fisiologia renal Para o entendimento do mecanismo de ação dos diuréticos, se faz necessário uma breveexplicação da fisiologia renal: O néfron é a unidade funcional básica dos rins, que é constituído por um glomérulo, túbulos contorcidos proximal e distal, alça de Henle e ducto coletor. A urina tem sua formação no glomérulo, onde é ultrafiltrada para que fique livre de substâncias celulares não filtráveis, como as hemácias, leucócitos e proteínas plasmáticas, formando um fluído praticamente sem proteínas. Este fluído então passa pelo lúmen do néfron, onde ocorre uma série de alterações em sua composição – 98 a 99% da água juntamente com uma porção de eletrólitos (Na+, K+, Cl-, HCO3-), além da glicose e ureia sofrem reabsorção no túbulo. O que resta, a urina, é então eliminada, correspondendo a aproximadamente 1,5L /dia. Desta forma, os diuréticos podem ter sua ação na filtração glomerular, na reabsorção tubular ou na excreção tubular. Mecanismo de ação geral Apesar de apresentarem diferenças em relação ao local de ação no néfron e duração de ação, os diuréticos têm em comum a propriedade de estimular a eliminação dos íons Na+ pela urina. Como o Na+ não é excretado isoladamente, ele carrega a água do sangue, havendo aumento do volume urinário e a consequente redução da quantidade de líquido nos vasos sanguíneos, reduzindo a pressão exercida nas paredes das artérias. Classificação Considerando o efeito que produzem, podem ser classificados em: Diuréticos propriamente ditos: quando aumentam a excreção de água, mas não de eletrólitos; Natriuréticos: aumentam a eliminação de sódio; Saluréticos: aumentam a excreção de sódio e cloreto. Abaixo são listadas as principais classes de diuréticos, com os respectivos representantes farmacológicos. Diuréticos osmóticos Isossorbida, sorbitol e manitol. O manitol é o único utilizado como diurético, geralmente associado à furosemida no tratamento da oligúria e anúria, que consiste na diminuição e 27 Instituto Pedagógico de Minas Gerais http://www.ipemig.com (31) 3270 4500 ausência da produção de urina, respectivamente. Por possuírem caráter hidrofílico, não são absorvidos pelas células tubulares, criando uma pressão osmótica no interior do túbulo e, com isto, impedindo que a água seja reabsorvida, sendo eliminada. Inibidores da anidrase carbônica (AC) Acetazolamida e a indapamida. Compostos saluréticos, que apresentam rápida tolerância se administrados por períodos superiores a 48 horas. Utilizados no tratamento do glaucoma. Inibem reversivelmente a enzima AC no túbulo contorcido proximal, promovendo a diminuição de prótons (H+) disponíveis para a troca Na+/H+ e a consequente diminuição da reabsorção (aumento da excreção) de Na+ e água. Por também haver excreção do íon bicarbonato, ocorrerá a alcalinização da urina e acidificação do sangue. No glaucoma, os inibidores da AC reduzem a pressão intraocular, devido à alta concentração desta enzima no globo ocular, local onde ocorre a secreção do humor aquoso. Diuréticos de alça Furosemida, bumetamida, ácido etacrínico. Usados no tratamento do edema. Inibem o co-transporte de Na/K/2Cl no ramo ascendente da Alça de Henle. Devido a depleção de eletrólitos (Na, Cl, Mg, Ca e K), podem causar arritmia. A furosemida possui acentuado poder de excreção de água, comparado às tiazidas. Diuréticos tiazidas Clorotiazida, hidroclorotiazida. Compostos saluréticos. Atuam no co-transporte dos íons sódio e cloreto (Na+ - Cl-). Promovem eliminação moderada de água. Podem provocar hipocalemia (baixa concentração de potássio). Úteis em todos os tipos de descompensação cardíaca. Poupadores de potássio Espironolactona, amilorida e triantereno. Utilizados no edema associado à ICC e cirrose hepática (em combinação com tiazidas). São antagonistas competitivos da aldosterona, diminuindo a reabsorção ativa de Na+. Não promovem a excreção de potássio pela urina. Para um tratamento efetivo, os diuréticos devem ser prescritos em conjunto a uma dieta com baixo teor de sódio, além de hábitos de vida saudáveis como a prática de atividade física. 7. AVALIAÇÃO DA SEGURANÇA E EFICÁCIA DE COSMÉTICOS. 28 Instituto Pedagógico de Minas Gerais http://www.ipemig.com (31) 3270 4500 Fonte: www.ufjf.br O reconhecimento do benefício da higiene pessoal cresceu ao longo do século 19. Donas de casa dessa época fabricavam cosméticos em suas próprias residências utilizando limonadas, leite, água de rosas, creme de pepino etc. A influência do Romantismo e o contato dos europeus com os povos indígenas da América, cuja cultura estava profundamente associada ao banho e à higiene, voltaram a glorificar a natureza do banho como um ato saudável. Em 1878, foi lançado o primeiro sabonete, pela empresa Procter & Gamble. No século 20, a indústria de cosméticos cresceu muito. Em 1910, Helena Rubinstein abriu em Londres o primeiro salão de beleza do mundo. Em 1921, pela primeira vez o batom é embalado em um tubo e vendido em cartucho para as consumidoras. Entre as inovações da indústria de cosméticos, destacam-se: Os desodorantes em tubos, os produtos químicos para ondulação dos cabelos, os xampus sem sabão, os laquês em aerossol, as tinturas de cabelo pouco tóxicas e a pasta de dentes com flúor. Nos anos 50, políticas de incentivo trouxeram para o Brasil empresas multinacionais gigantescas, como a americana Avon e a francesa L’Oréal. Essas empresas lançaram novidades como a venda direta e produtos para o público masculino. A maquiagem básica, que se compunha de pó-de-arroz e batom, foi se diversificando e se sofisticando. Nos anos 90, o tempo entre a aplicação do cosmético e o aparecimento do efeito prometido na bula diminui de 30 dias para menos de 24 horas. Surgem os cosméticos multifuncionais, como batons com protetor solar e hidratantes antienvelhecimento. Neste início do século 21, os alfa-hidroxiácidos, utilizados em 29 Instituto Pedagógico de Minas Gerais http://www.ipemig.com (31) 3270 4500 cremes para renovar a pele, começam a ser substituídos por enzimas, mais eficazes. Outra tendência é a descoberta de novas matérias-primas contendo várias funções. No momento atual, as pesquisas avançam na direção da manipulação genética para melhorar a estética. Regiões de aplicação Pele: A pele humana é formada por três camadas: A epiderme, ou camada externa: composta principalmente pela queratina, uma proteína fibrosa secundária constituída por 15 aminoácidos, destacando-se a cisteína. As macromoléculas de queratina possuem uma estrutura tridimensional complexa, da qual participam hélices, folhas pregueadas e pontes dissulfeto, que lhes conferem resistência e elasticidade. A epiderme é recoberta por uma fina camada de gordura que impermeabiliza a pele contra a entrada de água e mantém seu pH entre 3.5 e 5.0, protegendo-a do ataque de micro-organismos. Mesmo sendo uma camada de células mortas, ela impede a penetração dos micro-organismos e a desidratação das células vivas que estão logo abaixo, na mesoderme. A mesoderme, ou camada intermediária: composta por colágeno e elastina. O colágeno é uma proteína em hélice tridimensional formada por 3 aminoácidos, cuja síntese depende da presença da vitamina C. Representa 30% de todas as proteínas existentes no corpo humano e tem a função de unir e sustentar os tecidos. A produção de colágeno é máxima na adolescência e começa a cair a partir dos 30 anos, sendo uma das causas da formação de rugas e da flacidez da pele. A elastina é uma proteína helicoidal, na forma de uma mola, que liga a pele aos tecidos musculares e é muito elástica, permitindo que a pele retorne ao seu estado original após ser submetida a um estiramento forçado. O máximo de produção de elastina ocorre na adolescência e durante a gravidez, permitindo que a pele da barriga se expanda, acompanhando a expansão uterina decorrente do crescimento do feto. Quando a produção de elastina não é suficiente,ocorre a formação de rachaduras no interior da mesoderme, denominadas estrias. A elastina também tem a função de sustentar os pequenos vasos sanguíneos que irrigam a pele. A endoderme, ou camada interna: composta por várias proteínas fibrosas e por polissacarídeos sulfatados, fazendo a ligação entre as camadas externas da pele e os tecidos musculares e conjuntivos dos órgãos internos. 30 Instituto Pedagógico de Minas Gerais http://www.ipemig.com (31) 3270 4500 O pH da pele é levemente ácido, mas é maior onde existe transpiração, como na virilha, nas axilas e entre os dedos dos pés, devido à secreção de sais. Por isso, o pH dos desodorantes é o maior dentre todos os cosméticos, estando próximo a 7.0. A pele, as unhas e os cabelos, formados por queratina, são atacados por álcalis fortes (substâncias ou soluções aquosas), ocorrendo a quebra da estrutura dimensional da proteína. Por isso, os cosméticos destinados para a pele possuem pH em torno de 5.0. Qualquer cosmético criado para fornecer um princípio ativo para a pele ou para o organismo precisa vencer a proteção lipídica, que pode ser removida por solventes ou por agentes alcalinos. A partir do momento em que a proteção lipídica é rompida, as substâncias contidas nos cosméticos podem ser adsorvidas na superfície da pele ou serem absorvidas pelos poros até a mesoderme ou a endoderme, podendo entrar na circulação sanguínea periférica, chegando a outras regiões do corpo. Essa propriedade permite que nanopartículas de vacinas, fármacos ou outros princípios ativos encapsuladas por biopolímeros ou por outros compostos inócuos possam ser aplicadas na pele e, através dela e da circulação do sangue, possam chegar até os órgãos de interesse. A cada banho, a cobertura lipídica (triglicerídeos, lanolina e colesterol) é removida pela água, regenerando-se diariamente. O pH alcalino dos sabões e sabonetes emulsiona essas gorduras, dispersando-as em água e facilitando a sua remoção. Cabelos Os cabelos são formados por três camadas: A camada central ou medula, que pode ser oca ou não, dependendo da estrutura genética do indivíduo; O córtex, que é o corpo principal do cabelo e é composto por células de queratina de fibras longas (interligadas por cadeias de polipeptídeos), formando a configuração de uma hélice tridimensional; A cutícula, que é formada por pequenas camadas de escamas de queratina que se superpõem sobre o córtex, de uma forma muito semelhante à superposição de telhas em um telhado. Essas camadas se encaixam e se ajustam numa direção preferencial, que vai da raiz até a ponta dos cabelos, acompanhando seu crescimento natural. 31 Instituto Pedagógico de Minas Gerais http://www.ipemig.com (31) 3270 4500 Os cabelos são recobertos por uma fina camada de água, lipídeos e sais minerais, principalmente de cloreto de sódio e de potássio, provenientes do suor humano e das secreções naturais do couro cabeludo. Essa camada atrai sujeiras que se depositam sobre ela. Assim como ocorre com a pele, shampoo saponificam e hidrolisam essa camada, fazendo com que ela possa ser removida pela água, limpando os cabelos. Cada cabelo é produzido dentro de uma célula denominada folículo, posicionada abaixo do couro cabeludo. Cada folículo tem um padrão individual de produção do seu próprio cabelo, por isso os cabelos variam tanto na espessura, cor e textura, além de terem regimes diferentes de crescimento. A forma do cabelo é definida na passagem do fio do cabelo pela abertura do folículo, que é determinada pela estrutura genética e pode ser totalmente circular (cabelos lisos) ou ter formas irregulares (cabelos encaracolados). Um ser humano saudável possui aproximadamente 100.000 folículos produtivos em seu couro cabeludo e repõe em média de 50 a 100 cabelos por dia, sendo que um cabelo cresce aproximadamente 1,5 cm por mês. Disfunções genéticas decorrentes de variações hormonais ligadas aos hormônios sexuais masculinos causam o que se denomina alopecia, vulgarmente conhecida como calvície, caracterizada pela perda total da função folicular. Boca e lábios A saliva é uma secreção aquosa salina secretada no interior da boca, língua e lábios, pelas glândulas parótidas. Uma fina película de saliva recobre os dentes aderindo ao esmalte. É nessa película que são retidas as bactérias causadoras da cárie, demais micro-organismos e os resíduos dos alimentos consumidos. Essa camada é removida pela escovação dentária e a saliva volta a cobrir os dentes, conferindo a proteção. Os produtos cosméticos para a boca e os lábios têm pH entre 6 e 7 para serem compatíveis com o pH da saliva humana e para que não ataquem as gengivas e os dentes. Os cosméticos também precisam ser resistentes à ação de diversas enzimas presentes na saliva que estão envolvidas no início da digestão alimentar e na proteção da cavidade oral contra infecções bacterianas. 32 Instituto Pedagógico de Minas Gerais http://www.ipemig.com (31) 3270 4500 Fonte: www.mulheresempreendedoraspi.com.br Os lábios são estruturas sensíveis que necessitam de hidratação constante. A pele dos lábios é três vezes mais fina do que a pele das demais regiões do corpo humano. Ela é composta apenas da epiderme e da mesoderme. Isso faz com que os vasos sanguíneos periféricos estejam muito próximos da camada externa e por isso os lábios possuem tonalidade avermelhada e sangram intensamente quando sofrem cortes. Existem muitos terminais nervosos ligados aos lábios e devido à pequena espessura da sua pele, eles são muito sensíveis ao toque e à temperatura. Os lábios não possuem folículos, não produzem secreções sebáceas e não são recobertos pelo filme protetor lipídico como as demais regiões do corpo, portanto são muito propensos à desidratação e a rachaduras. Olhos O globo ocular fica acondicionado dentro de uma cavidade óssea e protegido pelas pálpebras. Possui em seu exterior seis músculos que são responsáveis pelos movimentos oculares e três camadas concêntricas de tecidos e músculos aderidas entre si para a função da visão e para a proteção do conjunto, sendo que a camada mais interna é constituída pela retina, que está ligada com o nervo ótico. O conjunto ocular ainda compreende as pálpebras, as sobrancelhas, as glândulas lacrimais e os cílios. A função dos cílios ou pestanas é impedir a entrada de poeira e de excesso da luz. As sobrancelhas impedem o escorrimento de suor 33 Instituto Pedagógico de Minas Gerais http://www.ipemig.com (31) 3270 4500 da testa e da entrada de outros líquidos nos olhos. A conjuntiva é uma membrana que reveste internamente as duas dobras da pele envolvendo o globo ocular, que são as pálpebras, responsáveis pela proteção dos olhos e pela difusão do fluido líquido que conhecemos como lágrimas - uma emulsão de sais minerais, triglicérides e proteínas em água, produzida nas glândulas lacrimais para lavagem e lubrificação do olho. Pés, mãos e unhas. Os pés e as mãos estão submetidos a maiores esforços mecânicos e atrito no contato direto com diversos tipos de superfícies, além de estarem expostos a micro-organismos e a substâncias químicas. Portanto, a pele dessas regiões precisa ser mais grossa e mais resistente. Para que o aumento da espessura da pele não cause perda de sensibilidade, a superfície da pele das mãos e dos pés é recoberta por pequenas elevações denominas papilas, que contém as terminações nervosas e que também aumentam a área de contato dessas regiões com a superfície desejada. A formação e o desenho dessas ranhuras nas mãos e pés são únicos, sendo o princípio da técnica de impressão digital. As unhas também são formadas por queratina. Seu crescimento se inicia na matriz, que é um conjunto de células posicionadas na base da unha, embaixo da epiderme. A unha emerge da base como uma estrutura circular mais clara,denominada lúnula, facilmente visível nos dedos, e que normalmente é ondulada com pequenas ranhuras, que determinam a orientação do crescimento. A partir do limite da lúnula, próximo à metade da área ocupada pela unha, a queratina começa a se acomodar em camadas planas e começa a se compactar, formando a parte mais dura da unha. Em uma pessoa saudável, o crescimento médio é de 3 a 4 mm por mês, acentuando-se no verão. A unha é permeável ao oxigênio, à umidade, a produtos químicos e a outros processos mecânicos de desgaste, perdendo sua resistência mecânica e podendo se quebrar quando submetida a grandes esforços. Outras regiões corporais Algumas regiões específicas do corpo, como o pescoço, os seios femininos, a região glútea e as virilhas possuem pele mais fina e com uma menor quantidade de melanina e folículos, sendo, portanto, muito mais sensíveis à ação do sol e de agentes externos. Devido à grande quantidade de vasos sanguíneos, a pele do pescoço é muito irrigada e se regenera com menor frequência e velocidade mais baixa do que no resto do corpo. A axila é um espaço situado entre a parede torácica e a lateral do braço na forma de um cone invertido, que contém folículos, glândulas sudoríparas, gânglios linfáticos, reservas de gordura e ainda 34 Instituto Pedagógico de Minas Gerais http://www.ipemig.com (31) 3270 4500 abriga a passagem de vasos e artérias. A intensa perspiração que ocorre nesta área do corpo, em conjunto com a ação de micro-organismos residentes nos pelos, causa a formação de odores. A perspiração é composta na sua maioria pelo suor, cuja composição é muito parecida com a da lágrima, e também por feromônios - substâncias químicas secretadas em situações específicas, como na defesa de um território, pelo medo ou pela atração sexual, desencadeando respostas específicas nos indivíduos de uma mesma espécie. O suor em si não possui odor. Esse é causado pela ação das bactérias, mas alguns dos feromônios possuem odores muito sutis, que podem ser percebidos por pessoas sensíveis e perfumistas ou por perfumistas especialmente treinados para desenvolver a percepção olfativa. Matérias-primas As formulações de cosméticos são complexas e utilizam muitas matérias-primas diferentes, porque cada cosmético deve apresentar várias propriedades simultaneamente ajustadas para as aplicações desejadas. Existem muitos critérios para seleção de uma matéria-prima: disponibilidade, logística de entrega e de distribuição, vida útil, possibilidade de estocagem, versatilidade da embalagem em que é fornecida, possibilidade de substituição por outra matéria-prima, condições do processamento industrial, toxicidade, riscos ambientais. Atualmente, o mercado dá importância à origem das matérias-primas, ou seja, se provêm de fontes naturais (orgânicas) ou sintéticas renováveis ou se são produzidas sob princípios sociais e ambientais de sustentabilidade. A escolha das matérias-primas é crucial, porque essas representam aproximadamente 65% do custo direto de produção de um cosmético. As matérias-primas usadas em cosméticos normalmente são inócuas para a saúde, com raras exceções, logo suas quantidades deverão ser estritamente controladas. O uso industrial de substâncias químicas está sujeito a normas de órgãos reguladores e, como visto no item 3, no Brasil os cosméticos precisam ser registrados na ANVISA. Nos Estados Unidos, o controlador é o FDA (Food and Drug Administration), órgão governamental cujas normas são frequentemente adotadas em outros países. Essas normas são baseadas em estudos de cada substância com respeito a sua toxicidade para o homem, animais e meio ambiente, a curto e longo prazo, determinando quais são as substâncias inócuas e definindo limites para sua utilização na produção de alimentos, farmacêuticos ou cosméticos. 35 Instituto Pedagógico de Minas Gerais http://www.ipemig.com (31) 3270 4500 As matérias-primas são classificadas como excipientes ou princípios ativos. Excipiente é todo aquele ingrediente inerte adicionado a uma formulação que lhe confere consistência (ou corpo, termo muito usado na indústria) para que a formulação possa ser aplicada, manipulada e embalada apropriadamente. Os excipientes são essenciais na produção dos cosméticos não só porque proporcionam diferentes veículos de aplicação, com distintos tamanhos, volumes e características, mas também porque barateiam o custo final do produto. Existem mais de 8.000 excipientes aprovados pelo FDA para uso em cosméticos e, em média, 50 novos excipientes se juntam a essa lista a cada ano. Os princípios ativos são as substâncias que efetivamente atuam e promovem modificações sobre o órgão em que o cosmético será aplicado e cujas quantidades necessitam ser controladas em virtude dos limites aceitáveis de aplicação, da sua toxicidade, das consequências de doses excessivas, de possíveis efeitos colaterais e da possibilidade de sensibilização e reações alérgicas. Pigmentos, soluções de corantes orgânicos e aromas (denominadas essências em cosmetologia) são grupos especiais de matérias-primas, pois apesar de serem inertes e não modificarem muito o local de aplicação, sua quantidade necessita ser muito bem controlada. Alergenicidade e toxidez Reações alérgicas podem ser produzidas por exposição continuada do indivíduo a uma determinada substância presente em um cosmético ou alimento. Apesar dos mecanismos de evolução do processo alérgico ainda não estarem muito bem esclarecidos, acredita-se que ocorra uma combinação de uma substância exógena com algumas proteínas presentes no organismo, causando falhas bioquímicas ou enzimáticas, cuja intensidade depende da genética do indivíduo. O cérebro humano reage interpretando que esta substância é um invasor perigoso e produz histamina, visando a neutralizar a ação da “agressora”. Os efeitos da histamina variam de pessoa para pessoa, porém em todos os casos ocorre uma redução da imunidade do indivíduo e o aumento da sua propensão a doenças. Em casos mais extremos de sensibilização, o organismo reage muito rapidamente visando a impedir a entrada do “agressor”, causando o fechamento das vias respiratórias e morte por sufocação. A reação alérgica mais comum produzida por um cosmético é a dermatite de contato, que se traduz pela irritação da pele ou do couro cabeludo, pela formação de eczemas e 36 Instituto Pedagógico de Minas Gerais http://www.ipemig.com (31) 3270 4500 por rachaduras. Os solventes e os biocidas ou preservantes (como o formaldeído) são os componentes que desencadeiam com mais frequência essas reações. A toxidez de uma matéria-prima ou de um cosmético é avaliada através de testes de exposição a curto e longo prazo de alguns animais (normalmente coelhos e outros roedores), mas há objeções ao uso dos animais, devido ao sofrimento causado a estes. Atualmente, a grande maioria dos produtores de cosméticos baniu ou vem tentando reduzir ao máximo os testes em animais. Selos internacionais de certificação de cosméticos livres de testes em animais. Vários órgãos internacionais que regulam a produção de cosméticos, alimentos e farmacêuticos disponibilizam para acesso público um vasto banco de dados para a grande maioria dos ingredientes de cosméticos. Esse banco de dados contém as informações mais importantes sobre cada substância aplicada para diversos organismos vivos, incluindo o homem. Estão listados dados como doses máximas de ingestão, de exposição cutânea ou de inalação, dose letal, antídotos em caso de overdoses e outras informações importantes ligadas à toxicidade das substâncias. Normalmente também estão disponíveis nesse banco de dados informações com respeito à ecotoxicidade desses compostos e as consequências para o meio ambiente (ar, água doce, oceanos e solo), em caso de um derramamento ou vazamento dessas substâncias, além do tempoque as mesmas levarão para ser totalmente biodegradadas pela natureza. Tecnologia de produção O sucesso no desenvolvimento de um novo cosmético depende não só de escolher corretamente as matérias-primas que o compõem, mas também do seu processamento através de operações industriais adequadas, como descreveremos a seguir. Agitação 37 Instituto Pedagógico de Minas Gerais http://www.ipemig.com (31) 3270 4500 A mistura dos componentes de uma formulação sob agitação controlada é um dos processos mais comuns dentro da indústria de cosméticos e é usada quando há necessidade de incorporar um ou mais ingredientes a uma fase, normalmente chamada base, para que a essa última seja fornecida uma propriedade ou função específica. As misturas podem ser de líquidos em líquidos, pós em líquidos, líquidos em pós e pós em pós. Já as bases podem ser aquosas, oleosas ou compostas por líquidos orgânicos, como o etanol. Portanto, os produtos resultantes dos processos de mistura compreendem soluções, emulsões, dispersões, suspensões, pastas ou pós sólidos. Os processos de mistura são regidos por princípios físico-químicos e termodinâmicos em que ocorre uma transferência de energia mecânica (e, eventualmente, também de energia térmica) e diferenças de densidade e de concentração entre a base e os demais ingredientes. A eficiência da mistura dependerá do número de ocorrências desses fenômenos, da temperatura do meio e do tempo de contato entre a base e os ingredientes. Equipamentos normalmente utilizados na indústria para realizar os processos de mistura são projetados em função da variação da viscosidade que a mistura pode sofrer quando submetida à variação da temperatura ou da intensidade da agitação, o que em Físico-Química denominamos reologia. A intensidade da agitação pode ser controlada através da variação da rotação, que depende da força e do torque do agitador. Um exemplo prático da variação da viscosidade com a força pode ser visto quando escovamos os nossos dentes com pasta ou passamos batons sobre nossos lábios. A viscosidade desses produtos diminui na medida em que aplicamos força sobre eles, permitindo que a pasta dental saia do tubo e o batom se espalhe. A grande maioria dos cosméticos é formulada para escoar sob ação mecânica, imobilizando-se quando cessa esta ação. A homogeneização dos ingredientes normalmente é feita em recipientes fechados, que em Engenharia são denominados reatores ou vasos agitados. A capacidade dos reatores pode variar muito, dependendo do custo do produto e da necessidade de produção, variando desde pequenos reatores de 5 a 10 litros até vasos de 50 a 100 mil litros. Como as restrições para agitar um vaso de grande volume são muito maiores, nestes casos muitas vezes são usados processos auxiliares de agitação, em que os ingredientes podem ser bombeados a alta velocidade e pressão ou passar por equipamentos especialmente construídos para causar turbulência, chamados de misturadores estáticos. 38 Instituto Pedagógico de Minas Gerais http://www.ipemig.com (31) 3270 4500 Os agitadores dos reatores são construídos sob vários projetos que promovem diferentes tipos de fluxo, dependendo da composição e da reologia da formulação do cosmético, muito semelhantes às diferentes pás que nossas mães adaptam nas batedeiras culinárias quando querem processar diferentes alimentos. Existem formas de âncora, disco serrilhado, planetárias, helicoidais, etc. Os agitadores, além de realizarem homogeneização da mistura, também podem quebrar partículas sólidas, contribuindo para a produção de suspensões e dispersões mais finas. Moagem e classificação de partículas A moagem é outra operação muito importante no processamento dos cosméticos. As matérias-primas sólidas devem ser transformadas em pós muito finos e muitas delas são higroscópicas, ou seja, absorvem água, formando aglomerados ou agregados muito difíceis de quebrar que reduzem a fluidez e a capacidade de homogeneização dos ingredientes na mistura. A textura, brilho, fineza, perfeita cobertura de cor e a sensação de conforto de sombras, pós, blushes e batons dependem de uma perfeita moagem da fase sólida. Após a moagem, para promover a separação e classificar as partículas dentro do tamanho desejado, os sólidos são peneirados. Cargas minerais, pigmentos, corantes, resinas sólidas (como o breu) e ceras geralmente são moídas antes do seu processamento. Os tamanhos de partículas poderão variar desde milímetros até nanômetros, dependendo do tipo e do desempenho do equipamento de moagem. Alguns desses equipamentos precisam ser refrigerados, pois o atrito das partículas com a superfície do moinho pode liberar uma grande quantidade de calor, geralmente prejudicial à formulação. Todas essas operações com sólidos liberam pós muito finos, que precisam ser recolhidos apropriadamente para que não se espalhem no ar e causem problemas respiratórios aos operadores de processo que estão trabalhando constantemente nas áreas industriais. Essa função é realizada por sistemas de coleta e exaustão acoplados aos equipamentos que processam os pós, normalmente compreendendo um ventilador, um filtro e um vaso coletor, que se denomina ciclone. Os pós recolhidos, normalmente são reciclados no processo visando a minimizar perdas e a aumentar o rendimento produtivo. Controle de micro-organismos 39 Instituto Pedagógico de Minas Gerais http://www.ipemig.com (31) 3270 4500 Muitos cosméticos precisam ser estéreis, ou seja, livres de micro-organismos que possam contaminar o usuário ou causar a degradação precoce do produto. Cremes antienvelhecimento, loções antiacne, desodorantes e sabonetes íntimos estão entre os vários tipos de cosméticos que se encaixam nessa classe. Cosméticos são particularmente suscetíveis ao ataque microbiano, pois contém os nutrientes básicos para crescimento das colônias: substâncias orgânicas que são fontes de carbono (ou seja, de energia), sais minerais e água. A ação de micro-organismos sobre os cosméticos pode desencadear várias reações de transformação ou de degradação, como a oxidação do etanol formando ácido acético e a decomposição da ureia em amônia. A preservação de cosméticos e cosmecêuticos pode ser feita por diferentes processos químicos. Energia térmica – calor – é usada para esterilizar e pasteurizar formulações. Esterilizar pela ação do calor significa manter a mistura sob uma determinada temperatura por um definido período de tempo, até que todos os organismos vivos presentes no meio pereçam. O calor é fornecido à mistura por resistências elétricas acopladas ao reator (ou vaso de mistura) ou pela passagem de vapor de água pela formulação. Quando o vapor é saturado, a transferência do calor latente faz com que ele se condense na mistura, diluindo a mesma com água. Quando o vapor está superaquecido, ele aquece a mistura sem condensação de água, saindo do equipamento e retornando para o processo. O equipamento que esteriliza à base de vapor recebe o nome especial de autoclave. Na pasteurização, a mistura é aquecida até uma determinada temperatura, geralmente em torno de 70 oC, e permanece nessa temperatura por um tempo muito específico, variando em função do microorganismo patogênico (prejudicial à saúde) que possa estar presente na mistura. Em seguida, a mistura é resfriada muito rapidamente até uma temperatura próxima do congelamento da mistura, onde ocorre o rompimento da membrana celular dos micro- organismos residuais que sobreviveram à ação do calor. Somente o calor ou o congelamento não é suficiente para destruição dos micro-organismos patogênicos, pois muitos deles conseguem se encapsular na forma de esporos e resistir por longo tempo, porém a destruição da membrana celular pelo choque térmico impede que esses microorganismos residuais tornem-se resistentes e potencialmente mais perigososà saúde. Outro método de impedir a contaminação dos cosméticos é pela passagem ou pela adição de substâncias químicas às formulações. Um dos grandes desafios dos químicos formuladores de cosméticos reside em escolher e aplicar biocidas nas formulações que 40 Instituto Pedagógico de Minas Gerais http://www.ipemig.com (31) 3270 4500 sejam inócuas à saúde humana e que não deixem resíduos de potencial toxicidade no meio ambiente. A esterilização, por exemplo, pode ser feita pela passagem de uma corrente gasosa de óxido de etileno pela mistura. Já para impedir a proliferação e o crescimento de micro-organismos, podem ser adicionados ingredientes específicos às formulações, os preservantes ou biocidas, como visto no item 5. Esses biocidas normalmente são sais orgânicos de metais, ácido benzoico, formaldeído e soluções alcoólicas, especialmente de etanol. Os cosméticos também podem ser preservados com a adição de substâncias químicas que promovam a desidratação do meio, impedindo a proliferação de micro- organismos. Substâncias desidratantes que podem ser adicionadas aos cosméticos, nesse caso, são o sal de cozinha (NaCl), outros sais inorgânicos inócuos ou soluções altamente concentradas de carboidratos, principalmente açúcares como glicose e sacarose. Já nas bases totalmente oleosas não há necessidade de se adicionar preservantes, pois a quantidade de água presente no meio não é suficiente para permitir a sobrevivência dos microorganismos. Em cosméticos na forma de pós há necessidade de se adicionar preservantes, pois eles normalmente não são esterilizados por razões de custo e podem conter alguns micro-organismos na forma de esporos, que têm a capacidade de sobreviver inativos por longos períodos de tempo, até que reencontrem condições ideais para seu crescimento. O controle do pH do cosmético é muito importante para garantir a sua preservação. Meios com pH ácido (abaixo de 5, em geral) limitam a proliferação de muitos micro- organismos e a contaminação dos cosméticos. O controle é efetuado através da adição controlada de ácidos fracos ao meio, geralmente ácidos orgânicos como o cítrico e o ascórbico. Ao contrário do que muitas pessoas imaginam, limitar a disponibilidade de oxigênio não é um fator que restrinja o crescimento dos micro-organismos, pois há muitos micro- organismos anaeróbios, ou seja, que não necessitam de oxigênio para seu desenvolvimento. Por outro lado, o corpo humano possui naturalmente muitos micro-organismos permanentemente residentes na pele, boca, axilas e outras regiões do organismo, cuja quantidade depende do sexo, raça, estilo de vida e das condições climáticas e ambientais às quais o indivíduo está submetido. Muitos cosméticos são produzidos de forma a controlar essa população de micro-organismos e trazer conforto ao usuário. Exemplos são os 41 Instituto Pedagógico de Minas Gerais http://www.ipemig.com (31) 3270 4500 desodorantes, formulações antiacne, sabonetes bactericidas e outros produtos voltados para uso hospitalar. Nesse caso, os cosméticos precisam trazer em sua composição biocidas que venham a atuar especificamente em contato com os micro-organismos presentes no corpo humano. É muito importante lembrar que o uso contínuo de cosméticos e cosmecêuticos biocidas poderá desencadear resistência dos micro-organismos e consequentemente sujeitar o indivíduo a infecções mais graves, portanto a sua aplicação somente deve ser feita sob recomendação e supervisão médica. A minimização de possíveis contaminações dos cosméticos durante seu processo de produção pode ser atingida através de Projetos de Engenharia apropriados, da escolha de materiais de construção nobres e da instituição no ambiente de produção do que chamamos de Boas Práticas de Fabricação (ou GMP, Good Manufacturing Practices). Equipamentos devem ser construídos em aço inox sanitário (que pode ser esterilizado e é bastante resistente à corrosão), tubulações devem ter trechos curtos (para não haver retenção de produto) e emendas e soldas devem ser minimizadas ou eliminadas (pois se constituem em pontos de contaminação). Os procedimentos operacionais devem considerar a manipulação segura de matérias-primas e de outros insumos de produção e promover a limpeza e desinfecção periódicas dos equipamentos e das áreas comuns de produção com soluções microbicidas (água oxigenada ou hipoclorito de sódio as mais comuns). A entrada do ar no ambiente de produção também pode ser monitorada para evitar a proliferação de microorganismos patogênicos. Os equipamentos de produção devem ser preferencialmente alimentados com ar limpo, seco e frio a fluxo constante e com uma pequena pressão positiva para que a circulação de ar novo promova a saída do ar usado para fora do ambiente de produção, carregando possíveis microorganismos e poeiras. Cristalização e resfriamento rápido (choque térmico) Cosméticos sólidos à temperatura ambiente e que se espalham por meio do aumento da temperatura ou da força de aplicação (como os protetores labiais, batons e perfumes sólidos) são normalmente produzidos a quente, em forma líquida, e depois submetidos a uma etapa de resfriamento muito rápido, quando cristalizam. Esse procedimento é muito importante para manter a homogeneidade, cor e o brilho desses produtos. O resfriamento é realizado no momento da moldagem: o cosmético líquido é depositado no molde desejado e submetido a um choque térmico, que pode acontecer pelo mergulho 42 Instituto Pedagógico de Minas Gerais http://www.ipemig.com (31) 3270 4500 do molde em água gelada, pela passagem de ar ou nitrogênio líquido ou pela colocação do molde dentro de uma estufa a vácuo em baixa temperatura. Degasagem A operação de degasagem, ou remoção de ar, é realizada sempre que o cosmético precisa ser formulado na ausência de oxigênio ou para evitar a formação de bolhas ou de espuma durante seu processamento. Alguns ingredientes, especialmente soluções colorantes e pigmentos, podem mudar sua cor devido a reações de oxidação que ocorrem quando eles ficam expostos por longo tempo ao oxigênio do ar. Para impedir isso, muitas vezes o oxigênio é removido fazendo-se passar uma corrente de nitrogênio. Já na fabricação de sabonetes líquidos, xampús e outras formulações líquidas, o ar presente no interior do reator se incorpora à mistura, formando bolhas e espuma, o que é inconveniente e reduz o rendimento do processo. Nesse caso, o ar deve ser lentamente removido do interior do equipamento através da aplicação de vácuo, que tem de ser muito bem controlado para minimizar riscos de acidentes e para que não haja perdas de substâncias voláteis importantes para a formulação, como as essências e os solventes. Filtração Alguns cosméticos necessitam ser filtrados para remoção de sólidos residuais, géis ou outras impurezas que tenham surgido ou se formado ao longo do processo de mistura. Essa operação é necessária especialmente no caso em que o cosmético será aplicado por aspersão (em spray), para impedir entupimentos da válvula da embalagem. Geralmente a filtração de cosméticos é realizada a frio para remover a maior quantidade de sólidos possível. Diferentes técnicas de filtração são usadas, dependendo do tamanho das partículas sólidas a serem removidas, variando desde a filtração por leitos de areia (para remover partículas na escala de milímetros) até a ultrafiltração por membranas seletivas, que chega a remover espécies nanométricas como íons e proteínas. Tratamento da água 43 Instituto Pedagógico de Minas Gerais http://www.ipemig.com (31) 3270 4500 A produção de cosméticos requer muita água, que necessita ser filtrada para remoção de impurezas sólidas e, sempre que necessário, tratada para remoção de micro-organismos e de alguns íons específicos. As operações de filtração e de remoção de micro-organismos,
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