Buscar

E-book - Direito Digital

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes
Você viu 3, do total de 27 páginas

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes
Você viu 6, do total de 27 páginas

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes
Você viu 9, do total de 27 páginas

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Prévia do material em texto

DIREITO DIGITAL
E-BOOK
2019/2020
COMISSÃO DIREITO DIGITAL - RIO DE JANEIRO
abarjdireitodigital@gmail.com
@direitodigital.abarj
SELEÇÃO DE ARTIGOS JURÍDICOS
Somos uma comissão formada por advogados com
diferentes experiências jurídicas, especialidades e
propostas de trabalho, mas com o grande objetivo
de colaborar e estudar mais sobre o Direito Digital e
difundir a beleza da sua interdisciplinaridade.
 
A nossa posse aconteceu em 31 de julho de 2019,
pela Diretoria da ABA Rio de Janeiro. Participamos
de palestras e realizamos diferentes atividades em
2019, e queremos ainda mais em 2020.
 
Compartilhamos este e-book, fruto da pesquisa de
membros da comissão, e esperamos que seja útil
para advogados e interessados no assunto.
 
SOBRE NÓS
POSSE DA COMISSÃO - 31/07/2019
REALIZAÇÃO
 
R a p h a e l l a M a r q u e s d e C a r v a l h o
 
A S S O C I A Ç Ã O B R A S I L E I R A D E A D V O G A D O S
C O M I S S Ã O D E D I R E I T O D I G I T A L - R I O D E J A N E I R O
AUTORES DOS ARTIGOS
J é s s i c a S o a r e s - P r e s i d e n t e 
L a r i s s a A l v e s C a r n e i r o - V i c e - P r e s i d e n t e
R a p h a e l l a M a r q u e s d e C a r v a l h o - S e c r e t á r i a G e r a l 2 0 1 9
G i s é l i a F e r r e i r a C i r n e F . d e A l m e i d a - S e c r e t á r i a G e r a l 2 0 2 0
M i c h a e l A l e x a n d r e F r e i t a s d e B r i t o - M e m b r o
T a m a r a K e t l y n d e A r a u j o C o s t a S a n t o s - M e m b r o
REVISÃO 
J é s s i c a S o a r e s 
L a r i s s a A l v e s C a r n e i r o 
 
PRODUÇÃO E EDIÇÃO
COLABORAÇÃO ESPECIAL
S t é p h a n n i e V i c t ó r i a M a r q u e s L o p e s
 
P R O P O S T A
 
Estamos na segunda década do século XXI e é extraordinário como as
diferentes possibil idades de comunicação e interação na nossa sociedade,
através de inúmeros meios tecnológicos, onde não há limites entre o tempo e
espaço, nos proporcionam novas formas de relacionamentos e colaboração
entre as pessoas.
 
Contudo, esta dinâmica criativa de comunicação se modifica muito rápido e
impacta positiva e negativamente várias áreas da sociedade. E o Direito vem
buscando acompanhar os anseios do mundo contemporâneo com o objetivo,
sobretudo, de garantir os direitos da dignidade da pessoa humana.
 
Neste contexto, surge o Direito Digital, múltiplo e interdisciplinar, para
atender essa demanda tecnológica que vem acompanhada de inúmeros
conflitos, desde uma invasão de conta de e-mail de pessoa física até o
compartilhamento de dados pessoais na grande rede.
 
Assim, a Comissão de Direito Digital, observando a complexidade desses
novos tempos, elaborou este e-book com algumas frentes de conflitos que
atingem a vida digital e os direitos fundamentais, tais como: Direito ao
Esquecimento, Contratos Digitais, Cyberbullying, LGPD e CDC, Direito do
Trabalho na Era Digital e proteção dos dados pessoais dos trabalhadores. 
 
Nessa perspectiva, a nova advocacia vai exigir do operador do Direito mais
preparação, para que os direitos constitucionais e legislativos sejam
respeitados, e uma atualização constante, para melhor resolução desses
novos enfrentamentos.
O D i r e i t o a o E s q u e c i m e n t o n a I n t e r n e t é u m a a m e a ç a a o S i s t e m a
C a p i t a l i s t a ? . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 6
T a m a r a K e t l y n d e A . C . S a n t o s
 
D i r e i t o d o T r a b a l h o e o s d e s d o b r a m e n t o s d a E r a D i g i t a l
. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 8
M i c h a e l A l e x a n d r e F r e i t a s d e B r i t o
 
A L G P D e o s C o n t r a t o s D i g i t a i s . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 1 2
G i s é l i a F e r r e i r a C i r n e F a r i a s d e A l m e i d a
 
C y b e r b u l l y i n g . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 1 5
R a p h a e l l a M a r q u e s d e C a r v a l h o 
 
A p r o t e ç ã o d o s d a d o s p e s s o a i s d o t r a b a l h a d o r . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 1 9
L a r i s s a A l v e s C a r n e i r o
 
A L e i G e r a l d e P r o t e ç ã o d e D a d o s ( L G P D ) e a s u a r e l a ç ã o c o m o
D i r e i t o d o C o n s u m i d o r . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 2 2
J é s s i c a S o a r e s 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
Comissão Direito Digital - Rio de Janeiro
abarjdireitodigital@gmail.com
@direitodigital.abarj
S U M Á R I O
" O S T J E N T E N D E Q U E
N Ã O S Ã O T O D O S O S
C A S O S Q U E D E V E M S E R
A B A R C A D O S P E L O
D I R E I T O A O
E S Q U E C I M E N T O N A
I N T E R N E T . "
O D I R E I T O A O E S Q U E C I M E N T O
N A I N T E R N E T É U M A A M E A Ç A
A O S I S T E M A C A P I T A L I S T A ?
T A M A R A K E T L Y N D E A . C . S A N T O S
Acerca do direito ao esquecimento na internet podemos ressaltar que é um tema novo,
ao menos no Brasil, onde o a primeira discussão judicial se deu em meados de 2004.
Naquela oportunidade o STJ reconheceu o direito de ser esquecido. Mas o que é direito
ao esquecimento e por que ele deve ser tutelado? 
 
O direito ao esquecimento, em linhas gerais, compreende um direito da personalidade
que a pessoa tem de não permitir que algum ato ou fato da sua vida seja exposto de
forma que lhe possa causar transtornos ou sofrimento. Sendo assim, por se tratar de uma
extensão dos direitos da personalidade, esse é o motivo pelo qual o direito ao
esquecimento deve ser tutelado.
 
Ressalta-se que, com o advento da internet, a opção por não se expor é algo
estranhamente impensável. Porém é fato que por vezes estamos diante de vídeos/fotos
que nos são enviados nos quais pessoas estão em situações constrangedoras ou
comprometedoras. Fato é também que a quantidade imensurável de acessos e
compartilhamentos via redes sociais proporcionam um ambiente de difícil contenção de
danos, na medida em que os dados são compartilhados de forma extremamente rápida
Comissão Direito Digital - Rio de Janeiro
abarjdireitodigital@gmail.com
@direitodigital.abarj
. 
 
Ocorre que para as empresas que hospedam links ou servem de plataforma para o
compartilhamento de arquivos ou buscas de informações, a mantença de conteúdo ainda
que à custa do sofrimento de alguém, é algo totalmente lucrativo. Deste feito, como
equilibrar o "mercado da internet" com o direito ao esquecimento no ciberespaço?
 
O STJ entende que não são todos os casos que devem ser abarcados pelo direito ao
esquecimento na internet, e sim aqueles que de fato causem dados a dignidade da
pessoa, lhe trazendo sofrimento ou situação vexatória. Sendo assim, o equilíbrio se dá na
medida em que os casos são analisados criteriosamente e os princípios são sopesados.
Comissão Direito Digital - Rio de Janeiro
abarjdireitodigital@gmail.com
@direitodigital.abarj
D I R E I T O D O T R A B A L H O E O S
D E S D O B R A M E N T O S D A E R A D I G I T A L
M I C H A E L A L E X A N D R E F . D E B R I T O
Com o advento da Era Digital, a legislação
trabalhista sofreu impactos de adequação quanto à
inclusão das tecnologias virtuais, de modo a
assegurar ao empregador e ao empregado a
segurança jurídica dos mais novos e diversos
contratos de prestação de serviços.
 
O Poder Judiciário foicompelido a adequar uma
legislação igualitária, de modo a viabilizar o
enquadramento dos novos contratos de prestação
de serviços, bem como de resguardar e assegurar o
direito de ambas as partes, na execução e no
cumprimento das regras contratuais, viabilizando de
forma clara e segura os direitos e deveres
trabalhistas.
 
Neste primeiro momento, trago à baila um caso
polêmico, que trouxe uma interpretação inovadora
para a legislação processual trabalhista. Trata-se de
uma ação judicial, a qual envolvia o aplicativo de
transporte Uber e um motorista que atendia pela
companhia. Neste aspecto, importante uma análise
criteriosa, acerca da aplicabilidade da legislação
trabalhista ao caso concreto.
 
 
" O S T J E M D E C I S Ã O
U N Â N I M E A S S I M
D E C I D I U Q U E “ O
M O T O R I S T A P A R C E I R O
D O A P L I C A T I V O É
A U T Ô N O M O "
Comissão Direito Digital - Rio de Janeiro
abarjdireitodigital@gmail.com
@direitodigital.abarj
Evidentemente, resta claro a fragilidade das normas contidas na CLT, uma vez que, não
temos um regramento jurídico para o enquadramento do empregador na execução do
serviço prestado. A questão em foco é se há ou não à existência de “vínculo
empregatício” com relação ao trabalho executado pelo trabalhador, que prestava serviço
como motorista, pelo aplicativo Uber.
 
O caso em debate foi analisado e julgado na 33ª Vara do Trabalho de Belo Horizonte, que
reconheceu o vínculo empregatício entre a Uber e o motorista que atendia pelo
aplicativo. Imperioso destacar que há precedente judicial em sentido oposto, não sendo
possível, ainda, prever em que sentido será firmada a jurisprudência quanto ao fato
concreto.
 
Nesta hipótese, resta evidente a prestação de serviços de modo virtual, razão pela qual a
análise dos fatos e a decisão a ser proferida serem interpretadas em consonância com as
regras contidas na CLT, que regula a prestação dos serviços dos empregados, mas,
também, levando-se em consideração a execução dos trabalhos prestados que se deram
de forma virtual, através de aplicativo de fácil acesso à população.
 
Imperioso ressaltar que a empresa Uber executa suas atividades como empresa de
tecnologia, onde o motorista parceiro tem a liberdade de escolher suas horas online, sem
qualquer imposição, podendo assim ter liberdade, também, para não aceitar e cancelar
viagens. É uma relação não-exclusiva entre o motorista parceiro e a Uber, uma vez que
essa permite que os motoristas prestem o serviço de transporte de passageiros também
por meio de outras plataformas.
Comissão Direito Digital - Rio de Janeiro
abarjdireitodigital@gmail.com
@direitodigital.abarj
 
Analisando esses aspectos, podemos concluir que o aplicativo, não tem o condão de
caracterizar a existência de vínculo trabalhista com a empresa administradora, já que
esta somente cria o meio de conexão entre dois interessados (motoristas e passageiros).
 
Assim, tem-se uma nítida distorção da legislação trabalhista no que tange aos princípios
básicos capazes de gerar o vínculo empregatício, estabelecidos no artigo 2º da CLT, quais
sejam: relação entre empresa e pessoa física; pessoalidade; onerosidade; não
eventualidade ou habitualidade e subordinação.
 
Partindo dos princípios basilares, capazes de gerar a relação do vínculo empregatício,
consoante os termos expressos na CLT, é evidentemente questionável a incidência de
habitualidade e/ou subordinação, no caso dos motoristas que prestam serviços pelo
aplicativo. Não há que se falar em execução dos serviços, eis que existe a possibilidade
de o motorista estar off-line, o que por sua vez, demonstra a autonomia do indivíduo em
determinar o turno e a duração da jornada a ser realizada.
 
Urge-se trazer ao conhecimento os requisitos sugeridos pelo aplicativo, destacando-se
que qualquer organização empresarial exige o mínimo de qualidade na prestação dos
serviços, por tratar-se de algo inerente a vários modelos de negócios e empresas, sem
que isso caracterize, via de regra, a subordinação a que um empregado está submetido
quando da existência real de vínculo empregatício.
Comissão Direito Digital - Rio de Janeiro
abarjdireitodigital@gmail.com
@direitodigital.abarj
 
Essa distorção das normas trabalhistas, a serem aplicadas a cada caso concreto, acarreta
vulnerabilidade não só aos prestadores de serviços, mas também aos empresários, que
na tentativa de sobrevivência e adaptação à crise econômica que assola o país, diante da
possibilidade de inovação e investimento capaz de gerar empregos, opta por recuar face
às ameaças de um passivo trabalhista.
 
Quanto ao caso concreto acima, ausentes alguns requisitos do reconhecimento do
vínculo de trabalho. A mera liberalidade do motorista quanto à execução dos seus
serviços, não gera vínculo perante o aplicativo.
 
Deste modo, é indispensável, portanto, uma análise acerca das normas estabelecidas na
CLT, com o fim do excesso de protecionismo ao trabalhador, sob pena de afastá-lo,
inclusive, das possibilidades de labor e sobrevivência no contexto econômico da nova
Era Digital.
 
Ultrapassados todos os questionamentos acerca das tecnologias, o Poder Judiciário
entendeu que não há vínculo empregatício entre o aplicativo Uber e quaisquer de seus
parceiros que integram a cadeira de prestação de serviços.
 
Assim, O STJ, em decisão unânime, decidiu que “o motorista parceiro do aplicativo é
autônomo, caracterizando-se, como sistema de transporte privado individual, a partir de
provedores de redes de compartilhamento, detendo natureza de cunho civil.”
 
Neste contexto, podemos claramente identificar casos relacionados à prestação de
serviços, em que a nova Era Digital está evidentemente presente nas relações de
trabalho. Entretanto, é necessária uma análise criteriosa de cada caso concreto, de modo
a assegurar os direitos e deveres trabalhistas e, ainda, a responsabilidade de ambas as
partes, de modo a afastar condenações injustas aos empregadores e enriquecimento
ilícito para eventuais empregados.
Comissão Direito Digital - Rio de Janeiro
abarjdireitodigital@gmail.com
@direitodigital.abarj
A L G P D E O S 
C O N T R A T O S D I G I T A I S
G I S É L I A F E R R E I R A C I R N E F . D E A L M E I D A
Dados têm atualmente um valor de mercado altíssimo para o marketing e estratégias de
gestão, que através de informações mais personalizadas e assertivas procuram se
aproximar de um público cada vez mais exigente e informado. Portanto, após o prazo de
18 meses, a partir de agosto de 2020, as empresas que não cumprirem todos os requisitos
necessários poderão sofrer com multas altíssimas, que chegarão até a 2% de seu
faturamento, limitadas a R$ 50 milhões por infração. 
 
E vale lembrar, inclusive, que a LGPD é uma exigência do mercado externo para incluir o
Brasil no grupo de países considerados adequados à proteção da privacidade dos
cidadãos quanto ao uso da internet. E isso afetará as empresas de diversos setores, como
mercado financeiro, saúde, tecnologia e varejo, como pessoas jurídicas com sede no
Brasil, multinacionais, empresas digitais, e-commerces, influenciadores digitais,
administração pública, profissionais liberais, entre outros. Cláusulas precisarão ser mais
inteligíveis, as relações deverão ser pautadas pela transparência, o consumidor deverá
ser mais consultado, antes de comprar, ou aceitar antigas imposições, como, por
exemplo, nos contratos de adesão.
 
E por esse e outros motivos, buscando resguardar o patrimônio de fraudes e a
privacidade dos usuários da internet, que a lei é fundamental. Quantas vezes somos
bombardeados com ofertas e anúncios após uma busca despretensiosa pela internet?
Como nossas informações bancárias vão parar em empresas que sequer cogitamos, em
outros estados, e ficamos à mercê do que podem fazer com nossos dados pessoais,
inclusive criminalmente?
 
Nessa nova realidade social, um dos recursos online que se beneficiam são os contratos.
Pois os documentos impressos e assinados à caneta finalmente começam a se tornar
ultrapassados, pois as vantagens defirmar contratos digitais são amplas: diminuem o
tempo de transações, reduzem o desperdício de papel, permitem manter um histórico
atualizado de negociações, minimizam fraudes e dão maior agilidade em sua busca.
Comissão Direito Digital - Rio de Janeiro
abarjdireitodigital@gmail.com
@direitodigital.abarj
Lembrando que os contratos digitais são aqueles produzidos, assinados e armazenados
eletronicamente, e não se confundem com os digitalizados, que seriam contratos em
papel que passaram por processo de geração de imagem (fotografados ou escaneados).
Os contratos, daqui para frente, precisarão ser mais claros e objetivos, elucidando para
os clientes o porquê da necessidade das informações específicas solicitadas, e onde e por
quanto tempo a informação será usada, pois o cliente deverá anuir com esse tipo de
coleta, armazenamento e divulgação de dados, e se for necessário mudar algo que está
acordado, uma nova solicitação de autorização será preciso.
 
Pode ainda ser um contrato tradicional, com um documento elaborado e assinado por
ambas as partes, mas redigido de forma eletrônica. Para isto, os envolvidos precisarão
registrar uma assinatura digital, que associa, por meio de um código criptografado, um
documento a um usuário. Se já é um avanço não precisar se deslocar para coletar
assinaturas e registrá-las em cartório para validar documentos, há ainda uma outra
modalidade de acordo virtual que vai além; são os chamados “smart contracts”,
literalmente “contratos inteligentes”, que utilizam a tecnologia blockchain, e que, por
meio de chaves e computadores interligados, conferem a autenticidade mediante
sequência numérica que não pode ser adulterada.
 
 
 
 
 
 
 
 
Estes, portanto, fogem do modelo tradicional, na medida em que são “autoexecutáveis”,
isto é, o contrato vai se “autovalidando”, mantendo as partes informadas e confiantes de
que o negócio fechado entre elas está sendo executado de forma correta. Não obstante a
isso, pode acontecer de esbarramos em algumas solenidades que ainda não foram
prescindidas no meio dos contratos digitais, como no cartório de imóveis. Um exemplo
são as empresas financeiras que já utilizam essa tecnologia, e sempre que um cliente
(uma das partes do contrato) para de pagar os boletos, automaticamente o sistema
cancela seu crédito e inicia os procedimentos de cobrança, sendo que o crédito volta a
ser liberado quando o débito é quitado.
Comissão Direito Digital - Rio de Janeiro
abarjdireitodigital@gmail.com
@direitodigital.abarj
Por isso a importância de se ter em mente que, o TERMO DE USO é o documento que
descreverá todas as funcionalidades do serviço ou produto oferecido naquela plataforma
digital, e nele devem conter as obrigações dos usuários e da plataforma, além de
detalhamento das hipóteses de rescisão dos serviços ou devolução do produto, upgrade,
quando houver, proteção dos códigos-fonte e demais componentes utilizados no
desenvolvimento da solução, que são passíveis de proteção legal do desenvolvedor,
dentre outras regras pertinentes.
 
E a POLÍTICA DE PRIVACIDADE, que também pode ser integrada ao termo de uso, deve
prever de forma clara e objetiva como serão tratados os dados pessoais dos usuários,
atentando-se o empreendedor para todas as regras disciplinadas pela Lei de Proteção de
Dados. Como exposto, são várias as regras e os direitos que norteiam os contratos
digitais, como o Direito do Consumidor, Propriedade Intelectual, entre outros.
 
Assim, como vimos, é necessária maior atenção para os contratos digitais que devem
refletir as peculiaridades de cada negócio, não sendo apenas uma cópia de outros
disponíveis na internet, já que estes documentos são imprescindíveis para regular as
relações entre empreendedores e usuários, tornando o ambiente digital muito mais
seguro e produtivo
Comissão Direito Digital - Rio de Janeiro
abarjdireitodigital@gmail.com
@direitodigital.abarj
C Y B E R B U L L Y I N G
R A P H A E L L A M A R Q U E S D E C A R V A L H O
É evidente que esse público não tem a obrigação de entender essas questões jurídicas,
mas precisamos refletir e apresentá-los que o essencial para uma boa relação na
sociedade é o respeito ao próximo.
 
Nosso objetivo neste e-book é abordar o tema CYBERBULLING, mas acreditamos que seja
importante tratarmos primeiro de um fenônemo bem conhecido que é o BULLYING e a
sua respectiva Lei 13.185/15.
 
No dia 06 de novembro de 2015, foi promulgada a Lei 13.185 que instituiu o Programa de
Combate à Intimidação Sistemática (Bullying), em que se esperam ações por diferentes
membros da sociedade – públicos ou privados - na prevenção e combate ao bullying e
deixam claro quais as ações que o caracterizam e há também, amparo no Estatuto da
Criança e do Adolescente e na Constituição Federal.
 
É pacífico que as referidas infrações cometidas, por menores de idade, têm provocado
muitos danos e alguns irreparáveis no contexto social escolar, que deveria ser lugar de
aprendizado e convivência harmoniosa e democrática. 
Comissão Direito Digital - Rio de Janeiro
abarjdireitodigital@gmail.com
@direitodigital.abarj
O discurso do ódio vem crescendo numa
proporção, principalmente com o advento da
internet e das diferentes redes sociais, o qual
infringe as garantias fundamentais da nossa
Constituição de 1988. 
 
Observamos que há uma compreensão
equivocada pelas crianças e adolescentes quanto
ao conceito de liberdade de expressão quando
elas sobrepõem aos demais valores
constitucionais e julgam ser legítimo todo e
qualquer discurso como afirmação democrática. 
 
 
A lei 13.185/15 prevê a responsabilização dos pais e/ou escola, uma vez que o ambiente
escolar tem sido o fato gerador desses conflitos, cabendo aos mesmos deveres e
orientações no processo educativo de seus filhos e alunos, ou seja, conforme o artigo 5º
“é dever do estabelecimento de ensino, dos clubes e das agremiações recreativas
assegurar medidas de conscientização, prevenção, diagnose e combate à violência e à
intimidação sistemática (bullying).”.
 
Com base nessa lei, podemos conceituar bullying como um conjunto de práticas
violentas em que não há razões plausíveis do agressor, por meio de comportamento
físico e/ou moral, assédio e ação desrespeitosa, de maneira intencional e recorrente e
que costuma ser praticado por pessoas de ambos os sexos, na sua maioria em 
ambiente escolar. Conforme prevê o art. 1º, §1º: 
 
Art. 1º Fica instituído o Programa de Combate à Intimidação Sistemática (bullying) em
todo o território nacional.
 
§ 1º No contexto e para os fins desta Lei, considera-se intimidação sistemática (bullying)
todo ato de violência física ou psicológica, intencional e repetitivo que ocorre sem
motivação evidente, praticado por indivíduo ou grupo, contra uma ou mais pessoas, com
o objetivo de intimidá-la ou agredi-la, causando dor e angústia à vítima, em uma relação
de desequilíbrio de poder entre as partes envolvidas.
 
Pacificado o entendimento sobre o bullying, abordaremos o conceito do cyberbullying,
no qual a vítima também pode sofrer com essas situações nas redes virtuais, uma vez
que é atingida por mensagens difamatórias espalhadas em e-mails, vídeos no Youtube,
piadas em rede sociais, criação de comunidades, compartilhamento via WhatsApp, etc.,
com o intuito de violentar a vítima. 
 
Comissão Direito Digital - Rio de Janeiro
abarjdireitodigital@gmail.com
@direitodigital.abarj
 
Nessa lei está expresso no parágrafo único, do artigo 2º: “Há intimidação sistemática na
rede mundial de computadores (cyberbullying), quando se usarem os instrumentos que
lhe são próprios para depreciar, incitar a violência, adulterar fotos e dados pessoais com
o intuito de criar meios de constrangimento psicossocial.”.
 
No artigo 3º, temos um rol taxativo de intimidação sistemática (bullying) e a classificação
do cyberbulling no inciso VIII: “virtual: depreciar, enviar mensagens intrusivas da
intimidade, enviar ou adulterar fotos e dados pessoais que resultem em sofrimento ou
com o intuito de criar meios de constrangimento psicológicoe social.”.
 
Precisamos identificar a diferença dos aspectos repetitivos entre cyberbullying e do
bullying convencional, pois é imensurável o impacto de uma publicação de uma foto na
web quando compartilhada com outras pessoas, que nem precisam estar envolvidas
diretamente com a vítima, mas esse único ato será repetido várias vezes e afetará a
vítima diversas formas.
 
É importante esclarecermos que um ato isolado pode não se enquadrar na categoria de
cyberbullying; é preciso que o conteúdo se torne “viral” na Internet e haja evidência de
compartilhamento e distribuição via e-mail, redes sociais ou outros recursos de mídia
digital.
 
 
Comissão Direito Digital - Rio de Janeiro
abarjdireitodigital@gmail.com
@direitodigital.abarj
" É I M P O R T A N T E
E S C L A R E C E R M O S Q U E
U M A T O I S O L A D O P O D E
N Ã O S E E N Q U A D R A R N A
C A T E G O R I A D E
C Y B E R B U L L Y I N G . "
 
Há um entendimento para alguns autores uma divisão do cyberbullying em subcategorias,
tais como:
 
•bullying eletrônico: é o lado técnico da agressão, que abrange mandar e-mails
infectados ou com spam, invadir websites e capturar a senha dos outros on-line;
 
•e-comunicação: é o lado psicológico da agressão, que abrange provocações, apelidos,
boatos e insultos na Internet
 
O fenômeno do bullying é uma triste realidade que não pode ser invisível aos olhos dos
pais, responsáveis e escola, pois inúmeras crianças e adolescentes estão sendo
marginalizadas e agredidas, sofrendo danos que podem marcar por toda vida. É dever do
Estado, pais e responsáveis e escola garantirem o bem estar das crianças e adolescentes
no processo de ensino eaprendizagem.
Comissão Direito Digital - Rio de Janeiro
abarjdireitodigital@gmail.com
@direitodigital.abarj
A interseção entre o Direito do Trabalho e o Direito à Privacidade encontra-se nos riscos
do uso indevido de dados pessoais trabalhistas, conforme veremos a seguir. Com a
internet e as novas redes de interação social surge uma gama infindável de dados
pessoais, criando, assim, novas relações jurídicas que ainda carecem de regulamentação
e proteção, sobretudo que acompanhe as rápidas mudanças do mundo digital.
 
Os direitos de personalidade são inseridos na relação de trabalho e se tornam
limitadores do poder diretivo do empregador. Eles retratam o reconhecimento de
atributos essenciais do indivíduo, como a inviolabilidade da intimidade, da vida privada,
da honra, da dignidade e da imagem.
 
A proteção da personalidade se faz ainda mais necessária diante dos contextos com
realidades peculiares. O cenário trabalhista é um desses contextos, bem como o cenário
digital, por conta das suas particularidades e da fragilidade dos usuários e dos
trabalhadores, que geralmente se encontram em posição de vulnerabilidade.
 
Diante disso, a análise da privacidade do empregado, sob o prisma da proteção de
dados, se faz indispensável para que se preserve não apenas o direito da personalidade
deles, como também em respeito ao princípio da dignidade da pessoa humana. Tendo
em vista a recente Lei Geral de Proteção de Dados (Lei 13.709), que está prestes a entrar
em vigor no Brasil, é latente que todos precisam se adaptar a ela, inclusive o direito
trabalhista e os empregadores, bem como as leis que visam proteger o empregado.
A P R O T E Ç Ã O D O S D A D O S
P E S S O A I S D O T R A B A L H A D O R
L A R I S S A A L V E S C A R N E I R O
Comissão Direito Digital - Rio de Janeiro
abarjdireitodigital@gmail.com
@direitodigital.abarj
" O S D I R E I T O S D E
P E R S O N A L I D A D E S Ã O
I N S E R I D O S N A R E L A Ç Ã O D E
T R A B A L H O E S E T O R N A M
L I M I T A D O R E S D O P O D E R
D I R E T I V O D O E M P R E G A D O R . "
O direito do trabalho é historicamente reconhecido por seu dever de promover a
inclusão social e econômica, por elevar o patamar civilizatório dos indivíduos e
universalizar as regras e princípios trabalhistas. Esse ramo do direito possui função
fundamental no combate à mercantilização da força de trabalho e a não redução dos
direitos sociais já conquistados.
 
Nesse sentido, é essencial que o Direito do Trabalho se preocupe também com os
direitos da personalidade do trabalhador, inclusive que se atente também aos
movimentos do mercado de trabalho no que tange à coleta e processamento de dados
dos trabalhadores no mundo virtual.
 
A coleta de dados no âmbito trabalhista é extremamente perigosa, e tem por
fundamento a aferição da capacidade profissional do empregado, para assim tentar ter
mais eficiência em suas respectivas atividades, mais um aspecto que evidencia a
necessidade de proteção de dados nessa área. Contudo, a coleta de dados acontece
além dos limites que deveria ocorrer legalmente, ou as informações coletadas são
destinados a uma finalidade diferente do esperado; ou seja, cada vez mais surgem casos
de coleta que exorbitem a finalidade esperada para esses dados.
 
Essa coleta pode acabar invadindo a vida privada de um empregado ou de um
candidato a uma vaga de emprego após passar por um processo seletivo. Diante disso,
eles são vistos como extremamente vulneráveis também na relação de gestão de dados,
por estarem subordinados ao empregador, que agora passa a deter, além do controle do
vínculo empregatício, o controle dos dados pessoais e privados dos trabalhadores, e
podem fazer uso dos dados coletados até mesmo para encerrar a relação de emprego
ou para prejudicar e importunar o empregado.
Comissão Direito Digital - Rio de Janeiro
abarjdireitodigital@gmail.com
@direitodigital.abarj
O crescente movimento de exploração de dados, consequência dos estímulos
econômicos à coleta e compartilhamento de informações pessoais, aliados à diminuição
dos custos de armazenamento, de transmissão e processamento, tem como objetivo
aperfeiçoar a competitividade e produtividade das empresas.
 
Nas relações de trabalho constata-se um largo fluxo de informações pessoais do
empregado, a começar já na fase de seleção dos candidatos, como dito acima. Além
disso, como o trabalho é visto como um componente da individualidade do trabalhador,
todo dado coletado no ambiente de trabalho tem caráter de dado pessoal.
 
A LGPD promete promover grandes avanços no que tange à proteção da privacidade e à
regulamentação do uso de dados. Um dos mais importantes institutos trazidos com essa
nova lei é a necessidade de consentimento para o tratamento dos dados pessoais. No
direito do trabalho, como dito, esse consentimento deve ser respeitado e pautado
sobretudo na hipossuficiência do empregado em relação ao empregador.
 
Portanto, é inquestionável a vulnerabilidade do empregado e sua necessidade de
proteção inclusive no tocante ao uso de seus dados e, por isso, se faz necessário o
desenvolvimento de parâmetros de proteção que se adequem a defesa do trabalhador,
como também atendam às necessidades dos agentes econômicos.
 
Sendo assim, é necessária a construção de parâmetros bem claros e confiáveis que
regulem o tratamento desses dados, sem ignorar e sem deixar de respeitar a dignidade
do autor como sendo de grande importância para a relação de trabalho.
Comissão Direito Digital - Rio de Janeiro
abarjdireitodigital@gmail.com
@direitodigital.abarj
Desde a sua promulgação, a Lei Geral de Proteção de Dados (LGPD) causou grande
comoção no mundo jurídico. Embora faltem alguns meses para a sua entrada em vigor,
que se dará em 16 de agosto de 2020, este novo dispositivo já provocou considerável
mudança na forma como os profissionais do Direito, sobretudo os advogados, enfrentam
a disposição, o compartilhamento e o armazenamento de informações pessoais. Nesse
sentido, é possível afirmar que surgiu uma conscientização – quase – generalizada
referente aos inúmeros e inevitáveis impactos decorrentes desta legislação, que integra
essencialmente o ramo do Direito Digital, mas é capaz de se inter-relacionar com todos
os demais ramos do Direito.
 
A despeito de a LGPD ser uma novidade no mundo jurídico, a necessidade de conferirmaior proteção às informações dos indivíduos origina-se do direito à privacidade e à
liberdade, direitos estes considerados fundamentais e devidamente tutelados pela
Constituição Federal. Além disso, diante de uma sociedade que se torna mais digital e
tecnológica a cada dia, não se pode enfrentar com estranheza a edição de uma lei
específica, que tenha como objetivo proteger os dados pessoais, estes conceituados
como todas as informações inerentes às pessoas naturais, identificadas ou identificáveis.
 
Nesse sentido, vale mencionar que a LGPD foi claramente – e, talvez, propositalmente –
inspirada no regulamento europeu, conhecido como GDPR (General Data Protection
Regulation). Promulgado em abril de 2016, o regulamento entrou em vigor em maio de
2018 e, não por coincidência, a lei brasileira foi promulgada em dezembro de 2018. Tanto
o é verdade que são várias as semelhanças encontradas em ambos os textos legais,
sendo o GDPR, no entanto, mais extenso.
 
 
A L E I G E R A L D E P R O T E Ç Ã O D E D A D O S
( L G P D ) E S U A R E L A Ç Ã O C O M O D I R E I T O
D O C O N S U M I D O R
J É S S I C A S O A R E S
Comissão Direito Digital - Rio de Janeiro
abarjdireitodigital@gmail.com
@direitodigital.abarj
" A N E C E S S I D A D E D E
C O N F E R I R M A I O R P R O T E Ç Ã O
À S I N F O R M A Ç Õ E S D O S
I N D I V Í D U O S O R I G I N A - S E D O
D I R E I T O À P R I V A C I D A D E E À
L I B E R D A D E . "
Nos dias atuais observa-se que todos os ramos jurídicos experimentam a influência da
tecnologia, bem como seus desdobramentos e consequências, visto que o mundo digital
já está inserido, também, no Direito. Seguindo tal premissa, é possível afirmar que a LGPD
é uma lei de caráter interdisciplinar, hábil a se relacionar com diversos – senão todos –
nichos de atuação. A título de exemplo, vale mencionar a relação da lei com o Direito
Penal, se considerados os crimes que abrangem dados pessoais e divulgação de conteúdo
íntimo. Portanto, frente a proximidade da vigência da lei, torna-se inevitável imaginar
quão significativos serão os impactos da LGDP no Direito como um todo.
 
No que tange ao Direito do Consumidor, é possível visualizar com facilidade o selos que
unem o Código de Defesa do Consumidor e a LGPD, já que na internet são infinitas as
relações consumeristas que nascem diariamente e que geram, por consequência, a coleta
de incontáveis dados pessoais por um número também incontável de fornecedores. Isto
porque qualquer aquisição e/ou contratação no meio eletrônico exige de nós, usuários e
consumidores, a entrega de informações cadastrais diversas, como nome, CPF, RG,
endereço, e-mail, etc. 
 
Infere-se, então, que os fornecedores, em todas as suas variações, podem ser um dos
maiores detentores de considerável quantidade de dados pessoais; por conseguinte,
deve-se questionar e analisar a responsabilidade deste grupo sobre tais dados. Eis aqui
um dos pontos que, inevitavelmente, estreita a relação entre ambas as legislações (LGPD
e CDC). 
 
A LGPD, a partir do art. 42, trata da responsabilidade do controlador e do operador,
denominados agentes de tratamento, em decorrência de danos causados pela violação da
lei, mencionando, inclusive, em seu parágrafo 1º, incisos I e II, a responsabilidade solidária
destes personagens. Valendo-se de uma análise lógica, os fornecedores tratam os dados
de seus consumidores, ora titulares, e devem se atentar às determinações da lei para que
não sejam forçados a indenizarem as vítimas de situações danosas que envolvam o
manuseio dessas informações. 
 Comissão Direito Digital - Rio de Janeiro
abarjdireitodigital@gmail.com
@direitodigital.abarj
Comissão Direito Digital - Rio de Janeiro
abarjdireitodigital@gmail.com
@direitodigital.abarj
O CDC, por sua vez, prevê a responsabilização
do fornecedor por eventuais danos causados
ao consumidor, originados de produtos ou
serviços viciados ou defeituosos; trata-se de
responsabilização objetiva, a qual independe
da análise de culpa, e gera, para o causador do
dano, o dever de indenizar.
 
Após esta breve análise, valendo-se de um
simples paralelo acerca da responsabilidade
civil em ambas as legislações, percebe-se que,
ainda que a LGPD não mencionasse a
responsabilidade dos agentes de tratamento,
é deveras provável que determinado comércio
eletrônico responderia pelo inadequado
tratamento de dados pessoais, o qual gerasse
danos a um consumidor, devido ao respaldo
conferido pelo CDC.
 
Diferente dispositivo capaz de ratificar a interação de ambas as legislações é o § 3º do
art. 42, da LGPD, que versa sobre a possibilidade de ser invertido o ônus da prova em
favor do titular dos dados, desde que presentes os já conhecidos requisitos explicitados
pelo CDC (art. 6º, inc. VIII) – verossimilhança e hipossuficiência.
 
O CDC também menciona as hipóteses que podem afastar a responsabilidade dos
fornecedores e, por consequência, o dever de indenizar (art. 14, § 3º, inc. I e II). E, mais
uma vez, as legislações encontram um ponto de afinidade, pois o art. 43 da LGPD versa
sobre as hipóteses em que os agentes de tratamento não serão responsabilizados.
 
É possível observar que ambas as legislações buscam resguardar a parte hipossuficiente
e vulnerável da relação jurídica. Em análise comparada, o titular dos dados pessoais,
perante aquele que trata seus dados e detém o poderio econômico e técnico, encontrar-
se-á em situação de evidente desvantagem, devido a disparidade de armas; e o mesmo
ocorre com o consumidor.
 
 
Comissão Direito Digital - Rio de Janeiro
abarjdireitodigital@gmail.com
@direitodigital.abarj
Então, infere-se que ambos os diplomas legais se complementam e, por isso, deve-se
buscar, sempre que possível, analisa-los em conjunto, um sendo subsidiário ao outro.
Além disso, vale lembrar que, a depender da relação jurídica que se estabeleça, é
perfeitamente factível que o titular dos dados e o consumidor se confundam no mesmo
indivíduo.
 
No tocante à LGPD, convém ressaltar que não basta a mera previsão do texto legal
quanto a responsabilidade civil, diante de eventuais danos causados, para evitar o
manuseio impróprio de dados; isto significa dizer que somente o advento da lei não
conseguirá evitar o tratamento inadequado das informações pessoais, capaz de gerar
consequências seriamente prejudiciais ao titular. Tal como ocorreu quando da vigência do
CDC, faz-se necessário apostar na mudança de paradigma social, de maneira que todos
passem a entender seus dados como um bem deveras valioso e que, como qualquer
outro, carece de cuidado e proteção.
 
Em 1990, o CDC causou grande impacto, sobretudo, aos fornecedores, que se viram
obrigados a se adequarem às determinações da lei, sob pena de enfrentarem diversas
sanções; e, embora ainda ocorra violação dos direitos dos consumidores, tais
fornecedores têm, ao menos, uma consciência geral de sua responsabilidade. É possível e
necessário que o mesmo ocorra com a LGPD; os fornecedores, bem como todos aqueles
que tratam dados pessoais, de forma eletrônica ou física, não terão alternativa senão se
adequarem às novas diretrizes trazidas pela lei.
 
É possível observar que ambas as legislações buscam resguardar a parte hipossuficiente e
vulnerável da relação jurídica. Em análise comparada, o titular dos dados pessoais,
perante aquele que trata seus dados e detém o poderio econômico e técnico, encontrar-
se-á em situação de evidente desvantagem, devido a disparidade de armas; e o mesmo
ocorre com o consumidor.
 
Então, infere-se que ambos os diplomas legais se complementam e, por isso, deve-se
buscar, sempre que possível, analisa-los em conjunto, um sendo subsidiário ao outro.
Além disso, vale lembrar que, a depender da relação jurídica que se estabeleça, é
perfeitamente factível que o titular dos dados e o consumidor se confundam no mesmo
indivíduo.
 
 
Gisélia Cirne Michael Freitas Tamara Costa
Larissa Carneiro
R E D E S S O C I A I S D O S A U T O R E S E M E M B R O S
D A C O M I S S Ã O D E D I R E I T O D I GI T A L
CLIQUE AQUI E SIGA A
COMISSÃO NO INSTAGRAM.
Jéssica Soares
@jsoares_advogada
@cirne_advocacia
@larissacarneiro.adv
@advmichael
Raphaella Marques
@raphaellacmarques
@tamara_advogada
https://www.instagram.com/direitodigital.abarj/

Outros materiais

Materiais relacionados

Perguntas relacionadas

Perguntas Recentes