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DIREITO DIGITAL E-BOOK 2019/2020 COMISSÃO DIREITO DIGITAL - RIO DE JANEIRO abarjdireitodigital@gmail.com @direitodigital.abarj SELEÇÃO DE ARTIGOS JURÍDICOS Somos uma comissão formada por advogados com diferentes experiências jurídicas, especialidades e propostas de trabalho, mas com o grande objetivo de colaborar e estudar mais sobre o Direito Digital e difundir a beleza da sua interdisciplinaridade. A nossa posse aconteceu em 31 de julho de 2019, pela Diretoria da ABA Rio de Janeiro. Participamos de palestras e realizamos diferentes atividades em 2019, e queremos ainda mais em 2020. Compartilhamos este e-book, fruto da pesquisa de membros da comissão, e esperamos que seja útil para advogados e interessados no assunto. SOBRE NÓS POSSE DA COMISSÃO - 31/07/2019 REALIZAÇÃO R a p h a e l l a M a r q u e s d e C a r v a l h o A S S O C I A Ç Ã O B R A S I L E I R A D E A D V O G A D O S C O M I S S Ã O D E D I R E I T O D I G I T A L - R I O D E J A N E I R O AUTORES DOS ARTIGOS J é s s i c a S o a r e s - P r e s i d e n t e L a r i s s a A l v e s C a r n e i r o - V i c e - P r e s i d e n t e R a p h a e l l a M a r q u e s d e C a r v a l h o - S e c r e t á r i a G e r a l 2 0 1 9 G i s é l i a F e r r e i r a C i r n e F . d e A l m e i d a - S e c r e t á r i a G e r a l 2 0 2 0 M i c h a e l A l e x a n d r e F r e i t a s d e B r i t o - M e m b r o T a m a r a K e t l y n d e A r a u j o C o s t a S a n t o s - M e m b r o REVISÃO J é s s i c a S o a r e s L a r i s s a A l v e s C a r n e i r o PRODUÇÃO E EDIÇÃO COLABORAÇÃO ESPECIAL S t é p h a n n i e V i c t ó r i a M a r q u e s L o p e s P R O P O S T A Estamos na segunda década do século XXI e é extraordinário como as diferentes possibil idades de comunicação e interação na nossa sociedade, através de inúmeros meios tecnológicos, onde não há limites entre o tempo e espaço, nos proporcionam novas formas de relacionamentos e colaboração entre as pessoas. Contudo, esta dinâmica criativa de comunicação se modifica muito rápido e impacta positiva e negativamente várias áreas da sociedade. E o Direito vem buscando acompanhar os anseios do mundo contemporâneo com o objetivo, sobretudo, de garantir os direitos da dignidade da pessoa humana. Neste contexto, surge o Direito Digital, múltiplo e interdisciplinar, para atender essa demanda tecnológica que vem acompanhada de inúmeros conflitos, desde uma invasão de conta de e-mail de pessoa física até o compartilhamento de dados pessoais na grande rede. Assim, a Comissão de Direito Digital, observando a complexidade desses novos tempos, elaborou este e-book com algumas frentes de conflitos que atingem a vida digital e os direitos fundamentais, tais como: Direito ao Esquecimento, Contratos Digitais, Cyberbullying, LGPD e CDC, Direito do Trabalho na Era Digital e proteção dos dados pessoais dos trabalhadores. Nessa perspectiva, a nova advocacia vai exigir do operador do Direito mais preparação, para que os direitos constitucionais e legislativos sejam respeitados, e uma atualização constante, para melhor resolução desses novos enfrentamentos. O D i r e i t o a o E s q u e c i m e n t o n a I n t e r n e t é u m a a m e a ç a a o S i s t e m a C a p i t a l i s t a ? . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 6 T a m a r a K e t l y n d e A . C . S a n t o s D i r e i t o d o T r a b a l h o e o s d e s d o b r a m e n t o s d a E r a D i g i t a l . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 8 M i c h a e l A l e x a n d r e F r e i t a s d e B r i t o A L G P D e o s C o n t r a t o s D i g i t a i s . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 1 2 G i s é l i a F e r r e i r a C i r n e F a r i a s d e A l m e i d a C y b e r b u l l y i n g . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 1 5 R a p h a e l l a M a r q u e s d e C a r v a l h o A p r o t e ç ã o d o s d a d o s p e s s o a i s d o t r a b a l h a d o r . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 1 9 L a r i s s a A l v e s C a r n e i r o A L e i G e r a l d e P r o t e ç ã o d e D a d o s ( L G P D ) e a s u a r e l a ç ã o c o m o D i r e i t o d o C o n s u m i d o r . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 2 2 J é s s i c a S o a r e s Comissão Direito Digital - Rio de Janeiro abarjdireitodigital@gmail.com @direitodigital.abarj S U M Á R I O " O S T J E N T E N D E Q U E N Ã O S Ã O T O D O S O S C A S O S Q U E D E V E M S E R A B A R C A D O S P E L O D I R E I T O A O E S Q U E C I M E N T O N A I N T E R N E T . " O D I R E I T O A O E S Q U E C I M E N T O N A I N T E R N E T É U M A A M E A Ç A A O S I S T E M A C A P I T A L I S T A ? T A M A R A K E T L Y N D E A . C . S A N T O S Acerca do direito ao esquecimento na internet podemos ressaltar que é um tema novo, ao menos no Brasil, onde o a primeira discussão judicial se deu em meados de 2004. Naquela oportunidade o STJ reconheceu o direito de ser esquecido. Mas o que é direito ao esquecimento e por que ele deve ser tutelado? O direito ao esquecimento, em linhas gerais, compreende um direito da personalidade que a pessoa tem de não permitir que algum ato ou fato da sua vida seja exposto de forma que lhe possa causar transtornos ou sofrimento. Sendo assim, por se tratar de uma extensão dos direitos da personalidade, esse é o motivo pelo qual o direito ao esquecimento deve ser tutelado. Ressalta-se que, com o advento da internet, a opção por não se expor é algo estranhamente impensável. Porém é fato que por vezes estamos diante de vídeos/fotos que nos são enviados nos quais pessoas estão em situações constrangedoras ou comprometedoras. Fato é também que a quantidade imensurável de acessos e compartilhamentos via redes sociais proporcionam um ambiente de difícil contenção de danos, na medida em que os dados são compartilhados de forma extremamente rápida Comissão Direito Digital - Rio de Janeiro abarjdireitodigital@gmail.com @direitodigital.abarj . Ocorre que para as empresas que hospedam links ou servem de plataforma para o compartilhamento de arquivos ou buscas de informações, a mantença de conteúdo ainda que à custa do sofrimento de alguém, é algo totalmente lucrativo. Deste feito, como equilibrar o "mercado da internet" com o direito ao esquecimento no ciberespaço? O STJ entende que não são todos os casos que devem ser abarcados pelo direito ao esquecimento na internet, e sim aqueles que de fato causem dados a dignidade da pessoa, lhe trazendo sofrimento ou situação vexatória. Sendo assim, o equilíbrio se dá na medida em que os casos são analisados criteriosamente e os princípios são sopesados. Comissão Direito Digital - Rio de Janeiro abarjdireitodigital@gmail.com @direitodigital.abarj D I R E I T O D O T R A B A L H O E O S D E S D O B R A M E N T O S D A E R A D I G I T A L M I C H A E L A L E X A N D R E F . D E B R I T O Com o advento da Era Digital, a legislação trabalhista sofreu impactos de adequação quanto à inclusão das tecnologias virtuais, de modo a assegurar ao empregador e ao empregado a segurança jurídica dos mais novos e diversos contratos de prestação de serviços. O Poder Judiciário foicompelido a adequar uma legislação igualitária, de modo a viabilizar o enquadramento dos novos contratos de prestação de serviços, bem como de resguardar e assegurar o direito de ambas as partes, na execução e no cumprimento das regras contratuais, viabilizando de forma clara e segura os direitos e deveres trabalhistas. Neste primeiro momento, trago à baila um caso polêmico, que trouxe uma interpretação inovadora para a legislação processual trabalhista. Trata-se de uma ação judicial, a qual envolvia o aplicativo de transporte Uber e um motorista que atendia pela companhia. Neste aspecto, importante uma análise criteriosa, acerca da aplicabilidade da legislação trabalhista ao caso concreto. " O S T J E M D E C I S Ã O U N Â N I M E A S S I M D E C I D I U Q U E “ O M O T O R I S T A P A R C E I R O D O A P L I C A T I V O É A U T Ô N O M O " Comissão Direito Digital - Rio de Janeiro abarjdireitodigital@gmail.com @direitodigital.abarj Evidentemente, resta claro a fragilidade das normas contidas na CLT, uma vez que, não temos um regramento jurídico para o enquadramento do empregador na execução do serviço prestado. A questão em foco é se há ou não à existência de “vínculo empregatício” com relação ao trabalho executado pelo trabalhador, que prestava serviço como motorista, pelo aplicativo Uber. O caso em debate foi analisado e julgado na 33ª Vara do Trabalho de Belo Horizonte, que reconheceu o vínculo empregatício entre a Uber e o motorista que atendia pelo aplicativo. Imperioso destacar que há precedente judicial em sentido oposto, não sendo possível, ainda, prever em que sentido será firmada a jurisprudência quanto ao fato concreto. Nesta hipótese, resta evidente a prestação de serviços de modo virtual, razão pela qual a análise dos fatos e a decisão a ser proferida serem interpretadas em consonância com as regras contidas na CLT, que regula a prestação dos serviços dos empregados, mas, também, levando-se em consideração a execução dos trabalhos prestados que se deram de forma virtual, através de aplicativo de fácil acesso à população. Imperioso ressaltar que a empresa Uber executa suas atividades como empresa de tecnologia, onde o motorista parceiro tem a liberdade de escolher suas horas online, sem qualquer imposição, podendo assim ter liberdade, também, para não aceitar e cancelar viagens. É uma relação não-exclusiva entre o motorista parceiro e a Uber, uma vez que essa permite que os motoristas prestem o serviço de transporte de passageiros também por meio de outras plataformas. Comissão Direito Digital - Rio de Janeiro abarjdireitodigital@gmail.com @direitodigital.abarj Analisando esses aspectos, podemos concluir que o aplicativo, não tem o condão de caracterizar a existência de vínculo trabalhista com a empresa administradora, já que esta somente cria o meio de conexão entre dois interessados (motoristas e passageiros). Assim, tem-se uma nítida distorção da legislação trabalhista no que tange aos princípios básicos capazes de gerar o vínculo empregatício, estabelecidos no artigo 2º da CLT, quais sejam: relação entre empresa e pessoa física; pessoalidade; onerosidade; não eventualidade ou habitualidade e subordinação. Partindo dos princípios basilares, capazes de gerar a relação do vínculo empregatício, consoante os termos expressos na CLT, é evidentemente questionável a incidência de habitualidade e/ou subordinação, no caso dos motoristas que prestam serviços pelo aplicativo. Não há que se falar em execução dos serviços, eis que existe a possibilidade de o motorista estar off-line, o que por sua vez, demonstra a autonomia do indivíduo em determinar o turno e a duração da jornada a ser realizada. Urge-se trazer ao conhecimento os requisitos sugeridos pelo aplicativo, destacando-se que qualquer organização empresarial exige o mínimo de qualidade na prestação dos serviços, por tratar-se de algo inerente a vários modelos de negócios e empresas, sem que isso caracterize, via de regra, a subordinação a que um empregado está submetido quando da existência real de vínculo empregatício. Comissão Direito Digital - Rio de Janeiro abarjdireitodigital@gmail.com @direitodigital.abarj Essa distorção das normas trabalhistas, a serem aplicadas a cada caso concreto, acarreta vulnerabilidade não só aos prestadores de serviços, mas também aos empresários, que na tentativa de sobrevivência e adaptação à crise econômica que assola o país, diante da possibilidade de inovação e investimento capaz de gerar empregos, opta por recuar face às ameaças de um passivo trabalhista. Quanto ao caso concreto acima, ausentes alguns requisitos do reconhecimento do vínculo de trabalho. A mera liberalidade do motorista quanto à execução dos seus serviços, não gera vínculo perante o aplicativo. Deste modo, é indispensável, portanto, uma análise acerca das normas estabelecidas na CLT, com o fim do excesso de protecionismo ao trabalhador, sob pena de afastá-lo, inclusive, das possibilidades de labor e sobrevivência no contexto econômico da nova Era Digital. Ultrapassados todos os questionamentos acerca das tecnologias, o Poder Judiciário entendeu que não há vínculo empregatício entre o aplicativo Uber e quaisquer de seus parceiros que integram a cadeira de prestação de serviços. Assim, O STJ, em decisão unânime, decidiu que “o motorista parceiro do aplicativo é autônomo, caracterizando-se, como sistema de transporte privado individual, a partir de provedores de redes de compartilhamento, detendo natureza de cunho civil.” Neste contexto, podemos claramente identificar casos relacionados à prestação de serviços, em que a nova Era Digital está evidentemente presente nas relações de trabalho. Entretanto, é necessária uma análise criteriosa de cada caso concreto, de modo a assegurar os direitos e deveres trabalhistas e, ainda, a responsabilidade de ambas as partes, de modo a afastar condenações injustas aos empregadores e enriquecimento ilícito para eventuais empregados. Comissão Direito Digital - Rio de Janeiro abarjdireitodigital@gmail.com @direitodigital.abarj A L G P D E O S C O N T R A T O S D I G I T A I S G I S É L I A F E R R E I R A C I R N E F . D E A L M E I D A Dados têm atualmente um valor de mercado altíssimo para o marketing e estratégias de gestão, que através de informações mais personalizadas e assertivas procuram se aproximar de um público cada vez mais exigente e informado. Portanto, após o prazo de 18 meses, a partir de agosto de 2020, as empresas que não cumprirem todos os requisitos necessários poderão sofrer com multas altíssimas, que chegarão até a 2% de seu faturamento, limitadas a R$ 50 milhões por infração. E vale lembrar, inclusive, que a LGPD é uma exigência do mercado externo para incluir o Brasil no grupo de países considerados adequados à proteção da privacidade dos cidadãos quanto ao uso da internet. E isso afetará as empresas de diversos setores, como mercado financeiro, saúde, tecnologia e varejo, como pessoas jurídicas com sede no Brasil, multinacionais, empresas digitais, e-commerces, influenciadores digitais, administração pública, profissionais liberais, entre outros. Cláusulas precisarão ser mais inteligíveis, as relações deverão ser pautadas pela transparência, o consumidor deverá ser mais consultado, antes de comprar, ou aceitar antigas imposições, como, por exemplo, nos contratos de adesão. E por esse e outros motivos, buscando resguardar o patrimônio de fraudes e a privacidade dos usuários da internet, que a lei é fundamental. Quantas vezes somos bombardeados com ofertas e anúncios após uma busca despretensiosa pela internet? Como nossas informações bancárias vão parar em empresas que sequer cogitamos, em outros estados, e ficamos à mercê do que podem fazer com nossos dados pessoais, inclusive criminalmente? Nessa nova realidade social, um dos recursos online que se beneficiam são os contratos. Pois os documentos impressos e assinados à caneta finalmente começam a se tornar ultrapassados, pois as vantagens defirmar contratos digitais são amplas: diminuem o tempo de transações, reduzem o desperdício de papel, permitem manter um histórico atualizado de negociações, minimizam fraudes e dão maior agilidade em sua busca. Comissão Direito Digital - Rio de Janeiro abarjdireitodigital@gmail.com @direitodigital.abarj Lembrando que os contratos digitais são aqueles produzidos, assinados e armazenados eletronicamente, e não se confundem com os digitalizados, que seriam contratos em papel que passaram por processo de geração de imagem (fotografados ou escaneados). Os contratos, daqui para frente, precisarão ser mais claros e objetivos, elucidando para os clientes o porquê da necessidade das informações específicas solicitadas, e onde e por quanto tempo a informação será usada, pois o cliente deverá anuir com esse tipo de coleta, armazenamento e divulgação de dados, e se for necessário mudar algo que está acordado, uma nova solicitação de autorização será preciso. Pode ainda ser um contrato tradicional, com um documento elaborado e assinado por ambas as partes, mas redigido de forma eletrônica. Para isto, os envolvidos precisarão registrar uma assinatura digital, que associa, por meio de um código criptografado, um documento a um usuário. Se já é um avanço não precisar se deslocar para coletar assinaturas e registrá-las em cartório para validar documentos, há ainda uma outra modalidade de acordo virtual que vai além; são os chamados “smart contracts”, literalmente “contratos inteligentes”, que utilizam a tecnologia blockchain, e que, por meio de chaves e computadores interligados, conferem a autenticidade mediante sequência numérica que não pode ser adulterada. Estes, portanto, fogem do modelo tradicional, na medida em que são “autoexecutáveis”, isto é, o contrato vai se “autovalidando”, mantendo as partes informadas e confiantes de que o negócio fechado entre elas está sendo executado de forma correta. Não obstante a isso, pode acontecer de esbarramos em algumas solenidades que ainda não foram prescindidas no meio dos contratos digitais, como no cartório de imóveis. Um exemplo são as empresas financeiras que já utilizam essa tecnologia, e sempre que um cliente (uma das partes do contrato) para de pagar os boletos, automaticamente o sistema cancela seu crédito e inicia os procedimentos de cobrança, sendo que o crédito volta a ser liberado quando o débito é quitado. Comissão Direito Digital - Rio de Janeiro abarjdireitodigital@gmail.com @direitodigital.abarj Por isso a importância de se ter em mente que, o TERMO DE USO é o documento que descreverá todas as funcionalidades do serviço ou produto oferecido naquela plataforma digital, e nele devem conter as obrigações dos usuários e da plataforma, além de detalhamento das hipóteses de rescisão dos serviços ou devolução do produto, upgrade, quando houver, proteção dos códigos-fonte e demais componentes utilizados no desenvolvimento da solução, que são passíveis de proteção legal do desenvolvedor, dentre outras regras pertinentes. E a POLÍTICA DE PRIVACIDADE, que também pode ser integrada ao termo de uso, deve prever de forma clara e objetiva como serão tratados os dados pessoais dos usuários, atentando-se o empreendedor para todas as regras disciplinadas pela Lei de Proteção de Dados. Como exposto, são várias as regras e os direitos que norteiam os contratos digitais, como o Direito do Consumidor, Propriedade Intelectual, entre outros. Assim, como vimos, é necessária maior atenção para os contratos digitais que devem refletir as peculiaridades de cada negócio, não sendo apenas uma cópia de outros disponíveis na internet, já que estes documentos são imprescindíveis para regular as relações entre empreendedores e usuários, tornando o ambiente digital muito mais seguro e produtivo Comissão Direito Digital - Rio de Janeiro abarjdireitodigital@gmail.com @direitodigital.abarj C Y B E R B U L L Y I N G R A P H A E L L A M A R Q U E S D E C A R V A L H O É evidente que esse público não tem a obrigação de entender essas questões jurídicas, mas precisamos refletir e apresentá-los que o essencial para uma boa relação na sociedade é o respeito ao próximo. Nosso objetivo neste e-book é abordar o tema CYBERBULLING, mas acreditamos que seja importante tratarmos primeiro de um fenônemo bem conhecido que é o BULLYING e a sua respectiva Lei 13.185/15. No dia 06 de novembro de 2015, foi promulgada a Lei 13.185 que instituiu o Programa de Combate à Intimidação Sistemática (Bullying), em que se esperam ações por diferentes membros da sociedade – públicos ou privados - na prevenção e combate ao bullying e deixam claro quais as ações que o caracterizam e há também, amparo no Estatuto da Criança e do Adolescente e na Constituição Federal. É pacífico que as referidas infrações cometidas, por menores de idade, têm provocado muitos danos e alguns irreparáveis no contexto social escolar, que deveria ser lugar de aprendizado e convivência harmoniosa e democrática. Comissão Direito Digital - Rio de Janeiro abarjdireitodigital@gmail.com @direitodigital.abarj O discurso do ódio vem crescendo numa proporção, principalmente com o advento da internet e das diferentes redes sociais, o qual infringe as garantias fundamentais da nossa Constituição de 1988. Observamos que há uma compreensão equivocada pelas crianças e adolescentes quanto ao conceito de liberdade de expressão quando elas sobrepõem aos demais valores constitucionais e julgam ser legítimo todo e qualquer discurso como afirmação democrática. A lei 13.185/15 prevê a responsabilização dos pais e/ou escola, uma vez que o ambiente escolar tem sido o fato gerador desses conflitos, cabendo aos mesmos deveres e orientações no processo educativo de seus filhos e alunos, ou seja, conforme o artigo 5º “é dever do estabelecimento de ensino, dos clubes e das agremiações recreativas assegurar medidas de conscientização, prevenção, diagnose e combate à violência e à intimidação sistemática (bullying).”. Com base nessa lei, podemos conceituar bullying como um conjunto de práticas violentas em que não há razões plausíveis do agressor, por meio de comportamento físico e/ou moral, assédio e ação desrespeitosa, de maneira intencional e recorrente e que costuma ser praticado por pessoas de ambos os sexos, na sua maioria em ambiente escolar. Conforme prevê o art. 1º, §1º: Art. 1º Fica instituído o Programa de Combate à Intimidação Sistemática (bullying) em todo o território nacional. § 1º No contexto e para os fins desta Lei, considera-se intimidação sistemática (bullying) todo ato de violência física ou psicológica, intencional e repetitivo que ocorre sem motivação evidente, praticado por indivíduo ou grupo, contra uma ou mais pessoas, com o objetivo de intimidá-la ou agredi-la, causando dor e angústia à vítima, em uma relação de desequilíbrio de poder entre as partes envolvidas. Pacificado o entendimento sobre o bullying, abordaremos o conceito do cyberbullying, no qual a vítima também pode sofrer com essas situações nas redes virtuais, uma vez que é atingida por mensagens difamatórias espalhadas em e-mails, vídeos no Youtube, piadas em rede sociais, criação de comunidades, compartilhamento via WhatsApp, etc., com o intuito de violentar a vítima. Comissão Direito Digital - Rio de Janeiro abarjdireitodigital@gmail.com @direitodigital.abarj Nessa lei está expresso no parágrafo único, do artigo 2º: “Há intimidação sistemática na rede mundial de computadores (cyberbullying), quando se usarem os instrumentos que lhe são próprios para depreciar, incitar a violência, adulterar fotos e dados pessoais com o intuito de criar meios de constrangimento psicossocial.”. No artigo 3º, temos um rol taxativo de intimidação sistemática (bullying) e a classificação do cyberbulling no inciso VIII: “virtual: depreciar, enviar mensagens intrusivas da intimidade, enviar ou adulterar fotos e dados pessoais que resultem em sofrimento ou com o intuito de criar meios de constrangimento psicológicoe social.”. Precisamos identificar a diferença dos aspectos repetitivos entre cyberbullying e do bullying convencional, pois é imensurável o impacto de uma publicação de uma foto na web quando compartilhada com outras pessoas, que nem precisam estar envolvidas diretamente com a vítima, mas esse único ato será repetido várias vezes e afetará a vítima diversas formas. É importante esclarecermos que um ato isolado pode não se enquadrar na categoria de cyberbullying; é preciso que o conteúdo se torne “viral” na Internet e haja evidência de compartilhamento e distribuição via e-mail, redes sociais ou outros recursos de mídia digital. Comissão Direito Digital - Rio de Janeiro abarjdireitodigital@gmail.com @direitodigital.abarj " É I M P O R T A N T E E S C L A R E C E R M O S Q U E U M A T O I S O L A D O P O D E N Ã O S E E N Q U A D R A R N A C A T E G O R I A D E C Y B E R B U L L Y I N G . " Há um entendimento para alguns autores uma divisão do cyberbullying em subcategorias, tais como: •bullying eletrônico: é o lado técnico da agressão, que abrange mandar e-mails infectados ou com spam, invadir websites e capturar a senha dos outros on-line; •e-comunicação: é o lado psicológico da agressão, que abrange provocações, apelidos, boatos e insultos na Internet O fenômeno do bullying é uma triste realidade que não pode ser invisível aos olhos dos pais, responsáveis e escola, pois inúmeras crianças e adolescentes estão sendo marginalizadas e agredidas, sofrendo danos que podem marcar por toda vida. É dever do Estado, pais e responsáveis e escola garantirem o bem estar das crianças e adolescentes no processo de ensino eaprendizagem. Comissão Direito Digital - Rio de Janeiro abarjdireitodigital@gmail.com @direitodigital.abarj A interseção entre o Direito do Trabalho e o Direito à Privacidade encontra-se nos riscos do uso indevido de dados pessoais trabalhistas, conforme veremos a seguir. Com a internet e as novas redes de interação social surge uma gama infindável de dados pessoais, criando, assim, novas relações jurídicas que ainda carecem de regulamentação e proteção, sobretudo que acompanhe as rápidas mudanças do mundo digital. Os direitos de personalidade são inseridos na relação de trabalho e se tornam limitadores do poder diretivo do empregador. Eles retratam o reconhecimento de atributos essenciais do indivíduo, como a inviolabilidade da intimidade, da vida privada, da honra, da dignidade e da imagem. A proteção da personalidade se faz ainda mais necessária diante dos contextos com realidades peculiares. O cenário trabalhista é um desses contextos, bem como o cenário digital, por conta das suas particularidades e da fragilidade dos usuários e dos trabalhadores, que geralmente se encontram em posição de vulnerabilidade. Diante disso, a análise da privacidade do empregado, sob o prisma da proteção de dados, se faz indispensável para que se preserve não apenas o direito da personalidade deles, como também em respeito ao princípio da dignidade da pessoa humana. Tendo em vista a recente Lei Geral de Proteção de Dados (Lei 13.709), que está prestes a entrar em vigor no Brasil, é latente que todos precisam se adaptar a ela, inclusive o direito trabalhista e os empregadores, bem como as leis que visam proteger o empregado. A P R O T E Ç Ã O D O S D A D O S P E S S O A I S D O T R A B A L H A D O R L A R I S S A A L V E S C A R N E I R O Comissão Direito Digital - Rio de Janeiro abarjdireitodigital@gmail.com @direitodigital.abarj " O S D I R E I T O S D E P E R S O N A L I D A D E S Ã O I N S E R I D O S N A R E L A Ç Ã O D E T R A B A L H O E S E T O R N A M L I M I T A D O R E S D O P O D E R D I R E T I V O D O E M P R E G A D O R . " O direito do trabalho é historicamente reconhecido por seu dever de promover a inclusão social e econômica, por elevar o patamar civilizatório dos indivíduos e universalizar as regras e princípios trabalhistas. Esse ramo do direito possui função fundamental no combate à mercantilização da força de trabalho e a não redução dos direitos sociais já conquistados. Nesse sentido, é essencial que o Direito do Trabalho se preocupe também com os direitos da personalidade do trabalhador, inclusive que se atente também aos movimentos do mercado de trabalho no que tange à coleta e processamento de dados dos trabalhadores no mundo virtual. A coleta de dados no âmbito trabalhista é extremamente perigosa, e tem por fundamento a aferição da capacidade profissional do empregado, para assim tentar ter mais eficiência em suas respectivas atividades, mais um aspecto que evidencia a necessidade de proteção de dados nessa área. Contudo, a coleta de dados acontece além dos limites que deveria ocorrer legalmente, ou as informações coletadas são destinados a uma finalidade diferente do esperado; ou seja, cada vez mais surgem casos de coleta que exorbitem a finalidade esperada para esses dados. Essa coleta pode acabar invadindo a vida privada de um empregado ou de um candidato a uma vaga de emprego após passar por um processo seletivo. Diante disso, eles são vistos como extremamente vulneráveis também na relação de gestão de dados, por estarem subordinados ao empregador, que agora passa a deter, além do controle do vínculo empregatício, o controle dos dados pessoais e privados dos trabalhadores, e podem fazer uso dos dados coletados até mesmo para encerrar a relação de emprego ou para prejudicar e importunar o empregado. Comissão Direito Digital - Rio de Janeiro abarjdireitodigital@gmail.com @direitodigital.abarj O crescente movimento de exploração de dados, consequência dos estímulos econômicos à coleta e compartilhamento de informações pessoais, aliados à diminuição dos custos de armazenamento, de transmissão e processamento, tem como objetivo aperfeiçoar a competitividade e produtividade das empresas. Nas relações de trabalho constata-se um largo fluxo de informações pessoais do empregado, a começar já na fase de seleção dos candidatos, como dito acima. Além disso, como o trabalho é visto como um componente da individualidade do trabalhador, todo dado coletado no ambiente de trabalho tem caráter de dado pessoal. A LGPD promete promover grandes avanços no que tange à proteção da privacidade e à regulamentação do uso de dados. Um dos mais importantes institutos trazidos com essa nova lei é a necessidade de consentimento para o tratamento dos dados pessoais. No direito do trabalho, como dito, esse consentimento deve ser respeitado e pautado sobretudo na hipossuficiência do empregado em relação ao empregador. Portanto, é inquestionável a vulnerabilidade do empregado e sua necessidade de proteção inclusive no tocante ao uso de seus dados e, por isso, se faz necessário o desenvolvimento de parâmetros de proteção que se adequem a defesa do trabalhador, como também atendam às necessidades dos agentes econômicos. Sendo assim, é necessária a construção de parâmetros bem claros e confiáveis que regulem o tratamento desses dados, sem ignorar e sem deixar de respeitar a dignidade do autor como sendo de grande importância para a relação de trabalho. Comissão Direito Digital - Rio de Janeiro abarjdireitodigital@gmail.com @direitodigital.abarj Desde a sua promulgação, a Lei Geral de Proteção de Dados (LGPD) causou grande comoção no mundo jurídico. Embora faltem alguns meses para a sua entrada em vigor, que se dará em 16 de agosto de 2020, este novo dispositivo já provocou considerável mudança na forma como os profissionais do Direito, sobretudo os advogados, enfrentam a disposição, o compartilhamento e o armazenamento de informações pessoais. Nesse sentido, é possível afirmar que surgiu uma conscientização – quase – generalizada referente aos inúmeros e inevitáveis impactos decorrentes desta legislação, que integra essencialmente o ramo do Direito Digital, mas é capaz de se inter-relacionar com todos os demais ramos do Direito. A despeito de a LGPD ser uma novidade no mundo jurídico, a necessidade de conferirmaior proteção às informações dos indivíduos origina-se do direito à privacidade e à liberdade, direitos estes considerados fundamentais e devidamente tutelados pela Constituição Federal. Além disso, diante de uma sociedade que se torna mais digital e tecnológica a cada dia, não se pode enfrentar com estranheza a edição de uma lei específica, que tenha como objetivo proteger os dados pessoais, estes conceituados como todas as informações inerentes às pessoas naturais, identificadas ou identificáveis. Nesse sentido, vale mencionar que a LGPD foi claramente – e, talvez, propositalmente – inspirada no regulamento europeu, conhecido como GDPR (General Data Protection Regulation). Promulgado em abril de 2016, o regulamento entrou em vigor em maio de 2018 e, não por coincidência, a lei brasileira foi promulgada em dezembro de 2018. Tanto o é verdade que são várias as semelhanças encontradas em ambos os textos legais, sendo o GDPR, no entanto, mais extenso. A L E I G E R A L D E P R O T E Ç Ã O D E D A D O S ( L G P D ) E S U A R E L A Ç Ã O C O M O D I R E I T O D O C O N S U M I D O R J É S S I C A S O A R E S Comissão Direito Digital - Rio de Janeiro abarjdireitodigital@gmail.com @direitodigital.abarj " A N E C E S S I D A D E D E C O N F E R I R M A I O R P R O T E Ç Ã O À S I N F O R M A Ç Õ E S D O S I N D I V Í D U O S O R I G I N A - S E D O D I R E I T O À P R I V A C I D A D E E À L I B E R D A D E . " Nos dias atuais observa-se que todos os ramos jurídicos experimentam a influência da tecnologia, bem como seus desdobramentos e consequências, visto que o mundo digital já está inserido, também, no Direito. Seguindo tal premissa, é possível afirmar que a LGPD é uma lei de caráter interdisciplinar, hábil a se relacionar com diversos – senão todos – nichos de atuação. A título de exemplo, vale mencionar a relação da lei com o Direito Penal, se considerados os crimes que abrangem dados pessoais e divulgação de conteúdo íntimo. Portanto, frente a proximidade da vigência da lei, torna-se inevitável imaginar quão significativos serão os impactos da LGDP no Direito como um todo. No que tange ao Direito do Consumidor, é possível visualizar com facilidade o selos que unem o Código de Defesa do Consumidor e a LGPD, já que na internet são infinitas as relações consumeristas que nascem diariamente e que geram, por consequência, a coleta de incontáveis dados pessoais por um número também incontável de fornecedores. Isto porque qualquer aquisição e/ou contratação no meio eletrônico exige de nós, usuários e consumidores, a entrega de informações cadastrais diversas, como nome, CPF, RG, endereço, e-mail, etc. Infere-se, então, que os fornecedores, em todas as suas variações, podem ser um dos maiores detentores de considerável quantidade de dados pessoais; por conseguinte, deve-se questionar e analisar a responsabilidade deste grupo sobre tais dados. Eis aqui um dos pontos que, inevitavelmente, estreita a relação entre ambas as legislações (LGPD e CDC). A LGPD, a partir do art. 42, trata da responsabilidade do controlador e do operador, denominados agentes de tratamento, em decorrência de danos causados pela violação da lei, mencionando, inclusive, em seu parágrafo 1º, incisos I e II, a responsabilidade solidária destes personagens. Valendo-se de uma análise lógica, os fornecedores tratam os dados de seus consumidores, ora titulares, e devem se atentar às determinações da lei para que não sejam forçados a indenizarem as vítimas de situações danosas que envolvam o manuseio dessas informações. Comissão Direito Digital - Rio de Janeiro abarjdireitodigital@gmail.com @direitodigital.abarj Comissão Direito Digital - Rio de Janeiro abarjdireitodigital@gmail.com @direitodigital.abarj O CDC, por sua vez, prevê a responsabilização do fornecedor por eventuais danos causados ao consumidor, originados de produtos ou serviços viciados ou defeituosos; trata-se de responsabilização objetiva, a qual independe da análise de culpa, e gera, para o causador do dano, o dever de indenizar. Após esta breve análise, valendo-se de um simples paralelo acerca da responsabilidade civil em ambas as legislações, percebe-se que, ainda que a LGPD não mencionasse a responsabilidade dos agentes de tratamento, é deveras provável que determinado comércio eletrônico responderia pelo inadequado tratamento de dados pessoais, o qual gerasse danos a um consumidor, devido ao respaldo conferido pelo CDC. Diferente dispositivo capaz de ratificar a interação de ambas as legislações é o § 3º do art. 42, da LGPD, que versa sobre a possibilidade de ser invertido o ônus da prova em favor do titular dos dados, desde que presentes os já conhecidos requisitos explicitados pelo CDC (art. 6º, inc. VIII) – verossimilhança e hipossuficiência. O CDC também menciona as hipóteses que podem afastar a responsabilidade dos fornecedores e, por consequência, o dever de indenizar (art. 14, § 3º, inc. I e II). E, mais uma vez, as legislações encontram um ponto de afinidade, pois o art. 43 da LGPD versa sobre as hipóteses em que os agentes de tratamento não serão responsabilizados. É possível observar que ambas as legislações buscam resguardar a parte hipossuficiente e vulnerável da relação jurídica. Em análise comparada, o titular dos dados pessoais, perante aquele que trata seus dados e detém o poderio econômico e técnico, encontrar- se-á em situação de evidente desvantagem, devido a disparidade de armas; e o mesmo ocorre com o consumidor. Comissão Direito Digital - Rio de Janeiro abarjdireitodigital@gmail.com @direitodigital.abarj Então, infere-se que ambos os diplomas legais se complementam e, por isso, deve-se buscar, sempre que possível, analisa-los em conjunto, um sendo subsidiário ao outro. Além disso, vale lembrar que, a depender da relação jurídica que se estabeleça, é perfeitamente factível que o titular dos dados e o consumidor se confundam no mesmo indivíduo. No tocante à LGPD, convém ressaltar que não basta a mera previsão do texto legal quanto a responsabilidade civil, diante de eventuais danos causados, para evitar o manuseio impróprio de dados; isto significa dizer que somente o advento da lei não conseguirá evitar o tratamento inadequado das informações pessoais, capaz de gerar consequências seriamente prejudiciais ao titular. Tal como ocorreu quando da vigência do CDC, faz-se necessário apostar na mudança de paradigma social, de maneira que todos passem a entender seus dados como um bem deveras valioso e que, como qualquer outro, carece de cuidado e proteção. Em 1990, o CDC causou grande impacto, sobretudo, aos fornecedores, que se viram obrigados a se adequarem às determinações da lei, sob pena de enfrentarem diversas sanções; e, embora ainda ocorra violação dos direitos dos consumidores, tais fornecedores têm, ao menos, uma consciência geral de sua responsabilidade. É possível e necessário que o mesmo ocorra com a LGPD; os fornecedores, bem como todos aqueles que tratam dados pessoais, de forma eletrônica ou física, não terão alternativa senão se adequarem às novas diretrizes trazidas pela lei. É possível observar que ambas as legislações buscam resguardar a parte hipossuficiente e vulnerável da relação jurídica. Em análise comparada, o titular dos dados pessoais, perante aquele que trata seus dados e detém o poderio econômico e técnico, encontrar- se-á em situação de evidente desvantagem, devido a disparidade de armas; e o mesmo ocorre com o consumidor. Então, infere-se que ambos os diplomas legais se complementam e, por isso, deve-se buscar, sempre que possível, analisa-los em conjunto, um sendo subsidiário ao outro. Além disso, vale lembrar que, a depender da relação jurídica que se estabeleça, é perfeitamente factível que o titular dos dados e o consumidor se confundam no mesmo indivíduo. Gisélia Cirne Michael Freitas Tamara Costa Larissa Carneiro R E D E S S O C I A I S D O S A U T O R E S E M E M B R O S D A C O M I S S Ã O D E D I R E I T O D I GI T A L CLIQUE AQUI E SIGA A COMISSÃO NO INSTAGRAM. Jéssica Soares @jsoares_advogada @cirne_advocacia @larissacarneiro.adv @advmichael Raphaella Marques @raphaellacmarques @tamara_advogada https://www.instagram.com/direitodigital.abarj/
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