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Apostila Gestão Financeira Elaborado por: José Rodarte Gestão Financeira www.ieccos.com.br Prof. Rodarte jose.rodarte@ieccos.com.br 1 Sumário 1. ADMINISTRAÇÃO FINANCEIRA ............................................................................................. 2 2. CONTABILIDADE GERENCIAL ............................................................................................... 7 3. CONSTRUINDO UM BALANÇO ............................................................................................... 9 3.1 BALANÇO PATRIMONIAL ..................................................................................................... 9 3.2 DEMONSTRATIVO DE RESULTADOS DE EXERCÍCIO. .................................................... 10 3.3 ATIVIDADE DE FIXAÇÃO 1 ................................................................................................. 11 3.4 ATIVIDADE AVALIATIVA 1 – CONSTRUINDO UM BALANÇO (15 PONTOS) .................. 15 4 ANÁLISE COM BASE EM ÍNDICES FINANCEIROS .............................................................. 16 4.1 ÍNDICES DE LIQUIDEZ ......................................................................................................... 17 4.2 ÍNDICES DE ATIVIDADE OU ROTAÇÃO ............................................................................ 17 4.3 ÍNDICES DE ENDIVIDAMENTO ........................................................................................... 18 4.4 ÍNDICES DE RENTABILIDADE ............................................................................................ 19 4.5 ÍNDICES DE VALOR DE MERCADO ................................................................................... 20 5 ALAVANCAGEM E PONTO DE EQUILÍBRIO ........................................................................ 22 5.1 ALAVANCAGEM OPERACIONAL ....................................................................................... 23 5.1.1 ANÁLISE DO PONTO DE EQUILÍBRIO (BREAK-EVEN-POINT) ..................................... 23 5.2 ATIVIDADE PRÁTICA: ......................................................................................................... 27 6 PLANEJAMENTO FINANCEIRO DE CURTO PRAZO ........................................................... 31 6.1 EVOLUÇÃO DO CAIXA E DO CGL ...................................................................................... 31 6.2 CICLO OPERACIONAL ........................................................................................................ 32 6.3 CICLO DE CAIXA .................................................................................................................. 33 6.4 ATIVIDADE AVALIATIVA 2 – CICLO OPERACIONAL, CAIXA E NICG (15 PONTOS) ..... 35 7. NOÇÕES BÁSICAS DE MATEMÁTICA FINANCEIRA .......................................................... 38 7.1 VALOR DO DINHEIRO NO TEMPO ..................................................................................... 43 7.1.1 JUROS SIMPLES .............................................................................................................. 44 7.1.2 JUROS COMPOSTOS ...................................................................................................... 48 7.1.3 VALOR FUTURO (VF) ...................................................................................................... 50 7.1.4 VALOR PRESENTE (VP) .................................................................................................. 51 7.1.5 TAXAS PROPORCIONAIS ............................................................................................... 52 7.1.6 TAXAS EQUIVALENTES .................................................................................................. 52 ANEXO 1 – ARTIGO ...................................................................................................................... 69 Gestão Financeira www.ieccos.com.br Prof. Rodarte jose.rodarte@ieccos.com.br 2 1. ADMINISTRAÇÃO FINANCEIRA A Administração Financeira constitui-se como uma das importantes áreas de qualquer organização, tanto aquelas que possuem o lucro como objetivo, quanto aquelas sem fins lucrativos. Alguns dados e estudos apresentados por entidades como IBGE e SEBRAE apontam um grande índice de empresas que encerram suas atividades antes mesmo de completar 5 anos. Um dos motivos apontados para agravar esse resultado é a falta de conhecimento ou implementação de um planejamento financeiro. Abaixo segue parte de um texto publicado no XII Semead/2009, cujo os autores Corrêa, A. C. C., Matias, A. B. e Vicente, E. F. R. retratam o cenário de gestão empresarial do Brasil, no qual demonstram um certo amadorismo do micro e pequeno empreendedor. “ Os pequenos e médios empreendimentos respondem por 40% do PIB brasileiro, sendo que 99,8% dos estabelecimentos industriais, comerciais e de prestação de serviço são PME’s (pequenas e médias empresas). Além disso, essas empresas respondem por 80% das vendas comerciais, 56% da produção industrial, 71% da receita de prestação de serviços, 84% da força de trabalho e 71% da massa de salários do país. Só por estes dados percebe-se a importância das pequenas empresas no desenvolvimento econômico e social do país (MATIAS e LOPES JÚNIOR, 2002). Como se pode perceber, há pouca profissionalização e qualificação gerencial neste tipo de empresa, o que gera como uma de suas conseqüências a alta taxa de mortalidade de micro e pequenas empresas no Brasil. De acordo com o Sebrae (FATORES, 2004), as taxas de mortalidade nacional são as seguintes: • 49,4% para as empresas com até 2 anos de existência; • 56,4% para as empresas com até 3 anos de existência; • 59,9% para as empresas com até 4 anos de existência. Assim, uma das formas de diminuir a alta taxa de mortalidade destas empresas, que possuem grande relevância no âmbito econômico e social nacional, seria a realização da análise financeira por parte das mesmas, que normalmente não é feita, como cita Timmins et al (1979). Gestão Financeira www.ieccos.com.br Prof. Rodarte jose.rodarte@ieccos.com.br 3 Segundo Matias e Lopes Júnior (2002), a má administração causa grande parte dos fracassos nas pequenas empresas. Em relação à administração, pode-se dizer que a administração financeira é a área na qual ocorre o insucesso das pequenas empresas. Isto pode ser afirmado porque todas as áreas da empresa, como marketing, produção e recursos humanos estão intimamente ligadas com finanças, pois, sem capital que atenda às necessidades da empresa, seja para financiar seu crescimento, seja para atender às operações do dia-a-dia, não se pode desenvolver e testar novos produtos, criar ações de marketing, comprar matéria-prima, manter a estrutura atual ou crescer. De acordo com Patrone e duBois (1981), na maioria dos casos de pequenas empresas, falta conhecimento da área financeira para os gestores. Além disso, eles possuem resistência neste aprendizado. Como citado por estes mesmos autores, é comum ouvir o seguinte comentário: “Eu não preciso saber sobre análise financeira de índices – Eu deixo isto para meu contador”. Porém, este conhecimento poderia ser exatamente o que faria diferença no aumento da probabilidade de sucesso das micro e pequenas empresas. A administraçãofinanceira possui diversos instrumentos de gestão que visam planejar, operacionalizar e controlar qualquer tipo de organização empresarial. Os instrumentos são estratégicos quando possuem visão de médio e longo prazos, mas também podem ser operacionais para uma visão de curto prazo. Em finanças, basicamente, a administração de longo prazo é dividida em duas importantes decisões: • Plano Financeiro de Longo Prazo Estratégico • Plano Financeiro de Curto Prazo Operacional INVESTIMENTO FINANCIAMENTO Gestão Financeira www.ieccos.com.br Prof. Rodarte jose.rodarte@ieccos.com.br 4 Ressalta-se que está atribuído a todo gestor financeiro de uma empresa, aumentar a riqueza dos seus proprietários, ou seja, dos investidores que resolveram incorrer em riscos. Portanto, o administrador deverá decidir sobre a viabilidade de alguns investimentos como expansão, abertura de novos mercados, lançamento de novos produtos, entre outros. Diante disso, percebe-se que para crescer, será necessário investir, o que exigirá financiamentos. Todo gestor financeiro precisa ficar atento à essas duas demandas. Sobre a decisão de investimento ele deve se atentar para o custo de capital (K), a estrutura de capital ideal, as fontes de financiamento e os gastos de capital com expansão, substituição e renovação. Já para a decisão sobre financiamento de longo prazo, e preciso atentar-se para o valor do dinheiro no tempo e a importante relação risco e retorno. Assim como acontece em outros mercados, as fontes de financiamento no Brasil são escassas, o que torna o custo de capital bem elevado. Diante desse cenário, a engenharia financeira toma lugar de destaque, pois as decisões de investimento e financiamento se transformam em marcos definidores para a continuidade dos negócios. Abaixo são apresentadas algumas decisões estratégicas de longo prazo que um gestor financeiro precisa observar. Grande parte destas decisões irão repercutir, em termos de retorno, somente no longo prazo. Outra característica dessas decisões é o alto grau de risco que elas apresentam. Por isso, muitas técnicas são utilizadas, tais como o DECISÃO Investimento de Longo Prazo? Financiamento de Longo Prazo? Gestão Financeira www.ieccos.com.br Prof. Rodarte jose.rodarte@ieccos.com.br 5 orçamento de capital, juntamente com a utilização de instrumentos sofisticados de estatísticas. Decisões Estratégicas de Longo Prazo Com a mesma importância das decisões de longo prazo, apresentam-se também as de curto prazo, que poderão definir o sucesso de uma empresa. Algumas perguntas surgem diante de vários eventos em uma empresa, exigindo estudos e aplicações de técnicas. Em uma indústria, como exemplo, surgem algumas perguntas na área de produção, que desencadeia outras no departamento de compras, como: ♦ Quanto estoque a empresa deve ter? Quais itens giram mais? ♦ Como pagar, à vista ou parcelado? Com recursos próprios ou de terceiros? ♦ Qual tecnologia de produção deve ser aplicada? ♦ Vender à vista ou à prazo? Qual prazo deve ser dado? Como se comporta o concorrente? Qual a política de crédito ideal? ♦ Como receber as vendas? Como cobrar? Deve utilizar-se de produtos de cobrança bancária? Deve utilizar-se de serviços de cartões de crédito e débito? Como se comportar diante da inadimplência? A"vos permanentes A"vidades de Pesquisa e desenvolvimento Desenvolvimento de produtos Marke"ng Estrutura de Capital Fontes de Financiamento Gestão Financeira www.ieccos.com.br Prof. Rodarte jose.rodarte@ieccos.com.br 6 Portanto, as decisões de curto prazo podem ser resumidas conforme figura abaixo: Decisões Operacionais de curto prazo Nível adequado de estoque Nível adequado de tesouraria Gesão de contas a pagar Gestão de contas a receber Gestão de cobrança Polí"cas de preço Gestão Financeira www.ieccos.com.br Prof. Rodarte jose.rodarte@ieccos.com.br 7 2. CONTABILIDADE GERENCIAL Toda essa estrutura precisa ser planejada e controlada para uma adequada gestão financeira, proporcionando resultados positivos às organizações. Toda empresa precisa planejar e controlar sua área financeira. Algumas empresas resistem em reconhecer as relações que todas a áreas possuem. A contabilidade e a controladoria exercem papel importantíssimo para uma boa gestão financeira. A contabilidade gerencial e financeira não podem ser confundidas quanto a sua finalidade. De uma forma geral, enquanto a contabilidade financeira se empenha em fornecer instrumentos de análise de forma adequada para os interessados externos, a contabilidade gerencial é responsável para subsidiar os gestores internos nas suas tomadas de decisão financeiras. Autores como ATKINSON (1995) fazem a seguinte análise sobre contabilidade financeira e gerencial: Contabilidade Financeira: Processo de produzir demonstrativos financeiros para entidades e usuários externos - como acionistas, credores e governo. Este processo é pesadamente restringido por padrões regulatórios oficiais e autoridades fiscais, e por requisitos de auditoria de instituições independentes de contadores. Dentre as utilizações da contabilidade, para fins gerenciais, destacam-se, entre outros: Contabilidade Gerencial: Processo de produzir informações financeiras e operacionais para os empregados e gerentes das organizações. Tal processo deve ser dirigido pelas necessidades de informações de indivíduos internos à organização, e deve guiar suas decisões operacionais e de investimentos. Contabilidade Gerencial Olhar para o passado Gestão Financeira Olhar para o futuro Gestão Financeira www.ieccos.com.br Prof. Rodarte jose.rodarte@ieccos.com.br 8 1. Projeção do Fluxo de Caixa 2. Análise de Indicadores 3. Cálculo do Ponto de Equilíbrio 4. Determinação de Custos Padrões 5. Planejamento Tributário 6. Elaboração do Orçamento e Controle Orçamentário São diversos os instrumentos para análise da situação financeira da empresa. Os principais são: 1. Demonstração do resultado do exercício 2. Balanço Patrimonial 3. Demonstração do lucro retido 4. Demonstração de fluxos de caixa Há também outros instrumentos de análise financeira como as notas explicativas das demonstrações financeiras. Elas são informações relevantes e detalhadas da política, procedimentos, cálculos e transações contábeis feitos nas demonstrações financeiras. Alguns analistas usam os dados das demonstrações, com as notas explicativas, para avaliar os valores dos títulos emitidos pelas empresas, influenciando o comportamento dos investidores. Os grupos de interessados são: Acionistas: Nível de risco e retorno Credores: Liquidez de curto prazo e rentabilidade, ou seja, saudável. Administradores: Índice de desempenho. Pode-se dizer que a gestãofinanceira busca insumos do passado, interessada em planejar o futuro diante das incertezas. Já a contabilidade gerencial organiza informações de fatos gerados para gerar relatórios importantes para o planejamento financeiro. Gestão Financeira www.ieccos.com.br Prof. Rodarte jose.rodarte@ieccos.com.br 9 3. CONSTRUINDO UM BALANÇO O balanço geral de uma empresa pode ser mais simples do que parece. Normalmente existe muito preconceito quando se utiliza os instrumentos financeiros como o balanço geral e a demonstração do resultado do exercício (DRE). De uma forma bem simples e muito utilizada por alguns autores, pode se dizer que o balanço é uma foto tirada da empresa em um dado momento. Já a DRE, utilizando a mesma analogia, diz-se que poderia ser comparado ao filme da empresa, que abrange um período entre dois retratos. TAREFA: Leia o artigo “Por que as contas não fecham” de Mikhail Lopes (Revista Exame), localizado no final da apostila, pois será interessante para quem tem pouca afinidade com o tema. 3.1 BALANÇO PATRIMONIAL Descrição sintética da posição financeira da empresa em uma certa data. O balanço iguala o que a empresa possui (ativos) com o que ela financia (passivos). Este recursos financiado (capital) pode ser próprio ou de terceiros. Ativo: representa o conjunto de investimentos (aplicações) realizados por uma empresa, em conformidade com sua atividade operacional e com as condições do macro-ambiente econômico, o qual se constitui na estrutura capaz de permitir à mesma o exercício de sua atividade-fim. Passivo: representa o conjunto de recursos (próprios e de terceiros), utilizados no financiamento dos investimentos realizados (origem de recursos). Como perceber a estrutura de capital de uma empresa em um balanço patrimonial? Aplicação de recursos Estrutura de Capital Origem dos recursos ATIVO PASSIVO AC PC } Terceiros RLP ELP } Terceiros AP PL } Próprio Gestão Financeira www.ieccos.com.br Prof. Rodarte jose.rodarte@ieccos.com.br 10 Aplicação de recursos Estrutura de Capital Origem dos recursos ATIVO PASSIVO AC PC } Não oneroso Oneroso RLP ELP } Oneroso AP PL } Não oneroso Oneroso O ativo demonstra o conjunto de decisões de investimento e o passivo o conjunto de decisões de financiamento. 3.2 Demonstrativo de resultados de exercício. Constitui a síntese financeira dos resultados operacionais durante certo período. É uma demonstração dinâmica que se destina a apresentar o processo de formação do resultado econômico obtido com o desenvolvimento das atividades em determinado período, isto é, desempenho econômico da empresa, traduzido pelos níveis de lucratividade e rentabilidade. Gestão Financeira www.ieccos.com.br Prof. Rodarte jose.rodarte@ieccos.com.br 11 3.3 Atividade de fixação 1 Rodolfo e Abreu resolveram abrir um pequena confecção para atender um nicho de mercado pouco assistido. A idéia seria atender consumidores com estatura superior 1,90 metros, já que a média de altura da população brasileira tem aumentado nos últimos anos. A empresa Crescer Ltda iniciou a empresa com um capital social de R$80.000,00, sendo integralizado totalmente, com 50% para cada sócio. Elabore o balanço da empresa Crescer Ltda, a partir das informações acima e à medida que novas informações surgirem. 1. Compra de algumas máquinas por R$20.000,00, sendo R$6.000,00 à vista e R$14.000,00 parcelado pelo BNDES em 48 parcelas e carência de 90 dias. 2. Compra de matéria-prima no valor de R$5.000,00, financiada pelo fornecedor em 30, 60 e 90 dias. 3. Aplicação financeira em CDB no Banco do Brasil no valor de R$25.000,00. 4. Compra de uma moto à vista, para entregas rápidas, no valor de R$5.000,00. 5. Venda de produtos acabados para clientes, no valor de R$9.000,00, sendo R$1.000,00 à vista e R$8.000,00 parcelado de 4 vezes. Com esse primeiro faturamento, foi gasto R$4.000,00 da matéria-prima. 6. Salários a pagar no valor de R$2.200,00. 7. Impostos a pagar no valor de R$800,00. 8. Resgate de R$20.000,00 da aplicação financeira. 9. Compra de matéria-prima no valor de R$10.000,00 à vista. 10. Compra de um galpão no valor de R$100.000,00, sendo R$50.000,00 à vista e R$50.000,00 financiado por 36 meses. 11. Pagamento dos salários no dia 05 do mês subsequente, no valor de R$2.200,00. 12. Pagamento dos impostos no dia 10 do mês subsequente, no valor de R$800,00. Gestão Financeira www.ieccos.com.br Prof. Rodarte jose.rodarte@ieccos.com.br 12 Balanço Patrimonial – Empresa Crescer Ltda ATIVO PASSIVO ATIVO CIRCULANTE PASSIVO CIRCULANTE EXIGÍVEL A LONGO PRAZO ATIVO NÃO-CIRCULANTE PATRIMÔNIO LIQUIDO TOTAL TOTAL Gestão Financeira www.ieccos.com.br Prof. Rodarte jose.rodarte@ieccos.com.br 13 Agora avalie o balanço patrimonial da Cia Delta SA, do triênio 20X1, 20X2 e 20X3. BALANÇO DA EMPRESA CIA DELTA SA 20X3 20X2 20X1 ATIVO CIRCULANTE Disponível 25.000 26.309 34.665 Aplicações Financeiras 62.000 80.915 128.969 Clientes 1.529.061 1.122.512 1.045.640 Estoques 1.317.514 1.039.435 751.206 TOTAL DO ATIVO CIRCULANTE 2.933.575 2.269.171 1.960.480 REALIZÁVEL A LONGO PRAZO PERMANENTE Investimento 228.075 156.475 72.250 Imobilizado 2.401.648 1.517.508 693.448 Diferido 90.037 40.896 0 TOTAL DO ATIVO PERMANENTE 2.719.760 1.714.879 765.698 TOTAL DO ATIVO 5.653.335 3.984.050 2.726.178 PASSIVO CIRCULANTE Fornecedores 688.791 639.065 708.536 Outras Obrigações 433.743 289.698 275.623 Empréstimos Bancários 158.044 83.429 66.165 Duplicatas Descontadas 676.699 393.885 290.633 TOTAL DO PASSIVO CIRCULANTE 1.957.277 1.406.077 1.340.957 EXIGÍVEL A LONGO PRAZO Empréstimos 1.494.240 792.716 314.360 Financiamentos 533.991 378.072 0 TOTAL DO EXIGÍVEL A LONGO PRAZO 2.028.231 1.170.788 314.360 TOTAL DO CAPITAL DE TERCEIROS 3.985.508 2.576.865 1.655.317 PATRIMÔNIO LÍQUIDO Capital e Reservas 1.350.830 1.194.157 657.083 Lucros Acumulados 316.997 213.028 413.778 TOTAL DO PATRIMÔNIO LÍQUIDO 1.667.827 1.407.185 1.070.861 TOTAL DO PASSIVO 5.653.335 3.984.050 2.726.178Gestão Financeira www.ieccos.com.br Prof. Rodarte jose.rodarte@ieccos.com.br 14 Além do balanço patrimonial, elabore também a DRE da empresa Crescer LTDA DRE – Empresa Crescer Ltda Vendas Custo da mercadoria vendida (CMV) Lucro Bruto Despesas operacionais LAJIR Juros pagos LAIR Impostos Lucro Líquido Agora avalie a DRE da Cia Delta SA, do triênio 20X1, 20X2 e 20X3. DEMONSTRAÇÕES DE RESULTADO DA EMPRESA CIA DELTA SA EXERCÍCIOS 20X3 20X2 20X1 Receita Líquida 5.851.586 4.425.866 4.793.123 Custo dos Produtos Vendidos -‐4.218.671 -‐3.273.520 -‐3.621.530 Lucro Bruto 1.632.915 1.152.336 1.171.593 Despesas Operacionais -‐498.025 -‐427.225 -‐495.993 Outras Receitas Operacionais 27.777 17.581 8.394 Lucro Oper. antes do Resultado Financeiro 1.162.667 742.692 683.994 Receitas Financeiras 5.935 7.562 10.860 Despesas Financeiras -‐863.298 -‐442.816 -‐284.308 Lucro Operacional 305.304 307.438 410.546 Resultado Não Operacional 1.058 Lucro Antes do I.R. (LAIR) 305.304 307.438 411.604 Lucro Líquido 165.956 167.116 223.741 Gestão Financeira www.ieccos.com.br Prof. Rodarte jose.rodarte@ieccos.com.br 15 3.4 Atividade avaliativa 1 – Construindo um balanço (15 pontos) 1. Gutemberg e Maria Eduarda resolvem abrir uma empresa com capital social de R$105.000,00, sendo que 80% de Gutemberg e 20% de Maria Eduarda. Maria integraliza totalmente em dinheiro e Gutemberg metade em dinheiro e metade em veículo. 2. Compra de um galpão no valor de R$125.000,00, sendo 40% à vista e 60% parcelado em 48 vezes. 3. Compra de maquinário no valor de R$32.000,00, sendo R$12.000,00 à vista e R$20.000,00 parcelado pelo BNDES em 24 meses. 4. Compra de matéria-prima no valor de R$8.000,00, totalmente financiado pelo fornecedor em 30 dias. 5. Salários a pagar no valor de R$3.950,00. 6. Venda de produtos acabados para clientes no valor de R$22.500,00, sendo R$5.000,00 à vista e R$17.500,00 à prazo. Baixa de R$6.500,00 na conta estoque. 7. Pagamento de R$522,00 de impostos. 8. Compra de caixas de papelão para embalagens, no valor de R$632,00, à vista. 9. Pagamento de R$53,00 referente a tarifa bancária. 10. Empréstimo contraído junto a uma instituição financeira, no valor de R$35.000,00 (curto prazo). 11. Venda de produtos acabados no valor de R$3.000,00 à vista. Com baixa no estoque residual de matéria-prima e R$232,00 em embalagens. Gestão Financeira www.ieccos.com.br Prof. Rodarte jose.rodarte@ieccos.com.br 16 4 ANÁLISE COM BASE EM ÍNDICES FINANCEIROS Os principais instrumentos para levantamento dos indicadores financeiros são o Balanço Patrimonial e a DRE. Os principais interessados nestes índices são os investidores, credores e administradores. Saber calcular é importante, mas interpretar os índices requer muita sensibilidade e conhecimento. Os índices podem ser de dois tipos: • Corte transversal ou benchmarking: comparação de índices de diferentes empresa em uma determinada data. Pode se comparar com empresas similares, setor ou empresa a ser imitada (concorrente). Exemplo: o setor tem um giro de estoque de 7,50 e a empresa analisada um giro de 11,50. Portanto, o estoque girava bem mais rápido que os concorrentes, demonstrando maior efetividade operacional. Apresentar um índice com valor superior é sempre melhor? • Séries temporais: avalia o desempenho próprio da empresa ao longo do tempo, possibilitando uma indicação de tendências. Uma variação significativa pode indicar um problema. É útil para a comparação de índices financeiros em relação a diversas datas. Neste caso aparece a oportunidade de verificar tendências. • Análise combinada: É a mais precisa. Utiliza a análise de corte transversal com a análise de séries temporais. Ajuda avaliar a tendência de comportamento de um índice em relação à tendência observada em um setor. Gestão Financeira www.ieccos.com.br Prof. Rodarte jose.rodarte@ieccos.com.br 17 Agrupamentos dos principais índices por categorias Índices que medem risco: liquidez, atividade, endividamento Índices que medem retorno: rentabilidade Índice que medem risco e retorno: valor de mercado 4.1 Índices de liquidez Visam medir a capacidade de pagamento, em outras palavras – se existe folga. Índice de liquidez geral: É um índice que demonstra a saúde financeira da empresa, indicando sua capacidade de honrar compromissos de longo prazo. Resultado acima de 1,0 indica que a empresa possui bens e direitos suficientes para liquidar seus compromissos com sobra. ativo circulante + ativo realizável a longo prazo/passivo circulante + passivo exigível a longo prazo Índice de liquidez corrente: É um dos índices mais utilizados em análise por credores/fornecedores. Mede a capacidade da empresa em saldar seus compromissos de curto prazo. Normalmente, quanto maior for o índice, maior é a capacidade de pagamento. Enquanto resultados acima de 1,0 revela folga, valores abaixo desse índice revela aperto. Alguns casos devem ser analisados separadamente, principalmente considerando algumas especificidades de setores. ativo circulante/passivo circulante Índice de liquidez seca: adota-se a mesma equação da liquidez corrente, mas com a exclusão dos estoques. O motivo é para evitar imprecisão na análise, uma vez que os estoques possuem características pouco confiáveis, principalmente quanto a certeza do seu valor de mercado e baixa liquidez. Resultados acima de 1,0 indica a sobra após saldar compromissos de curto prazo. ativo circulante – estoques/passivo circulante 4.2 Índices de Atividade ou Rotação Medem com que velocidade a empresa converte suas atividades em vendas ou caixa, ou seja, visam mensurar a duração do ciclo operacional desde a aquisição de insumos ou mercadorias até o recebimento das vendas. Gestão Financeira www.ieccos.com.br Prof. Rodarte jose.rodarte@ieccos.com.br 18 Prazo médio de estocagem: apresenta o tempo médio que a empresa leva para repor seus estoques. Normalmente deve ser o menor possível, mas sem afetar o nível de estoque ideal. estoque médio x 365/custos dos produtos vendidos ou CMV O giro de estoque também é útil para apresentar quantas vezes a empresa gira o estoque no ano. custos dos produtos vendidos ou CMV/estoque medio Prazo médio de recebimento: demonstra quanto tempo médio a empresa deverá esperar para receber suas vendas efetuadas a prazo para seus clientes. contas a receber/vendas médias diárias Prazo médio de pagamento: apresenta quanto tempo médio a empresa leva para pagar seus fornecedores. contas a pagar/compras médias diáriasGiro do ativo total: apresenta quanto que cada R$1,00 aplicado no ativo gera de vendas na empresa. vendas/ativo total 4.3 Índices de Endividamento Demonstra o nível de participação de capital de terceiros na atividade da empresa e a estrutura de capital adotada. Índice de endividamento geral: estabelece a participação de terceiros na empresa, em relação ao total investido. passivo exigível total/ativo total Gestão Financeira www.ieccos.com.br Prof. Rodarte jose.rodarte@ieccos.com.br 19 Índice de cobertura de juros: demonstra quanto a empresa gera de receitas para honrar compromissos com pagamento de juros. Portanto, para cada R$1,00 de receita operacional, quanto será gasto com pagamento de juros? LAJIR/juros Composição do endividamento: demonstra a concentração do endividamento a curto prazo. Passivo Circulante/Passivo Circulante + ELP Índice de participação de capital de terceiros: estabelece a relação entre capital de terceiros e capital próprio, ou seja, a estrutura de capital da empresa. Passivo Circulante + ELP/PL Imobilização do capital próprio: apresenta quanto a empresa aplicou no ativo permanente para cada R$1,00 investido pelos sócios. Ativo Permanente/PL Imobilização dos recursos não permanentes: demonstra quanto a empresa imobiliza em relação aos recursos captados no longo prazo. Ativo Permanente/PL + ELP 4.4 Índices De Rentabilidade Possibilita demonstrar o retorno ou rentabilidade de todo capital investido e se há eficiência de gestão. Margem de lucro bruto: Estabelece quanto a empresa obtém de lucro bruto para cada R$1,00 de receita liquida. Lembre-se que a empresa ainda precisa cobrir outras despesas e ainda gerar lucro. receitas de vendas – CPV/receitas de vendas liquidas Gestão Financeira www.ieccos.com.br Prof. Rodarte jose.rodarte@ieccos.com.br 20 Margem de lucro operacional: Estabelece uma análise de desempenho, já que leva em consideração as despesas operacionais. Resultado operacional/receita de vendas liquidas Margem de lucro líquido: É uma medida tradicionalmente utilizada pelos proprietários, pois avalia a sobra após um período de atividade. Lucro disponível aos acionistas ordinários/receita de vendas liquidas Lucro por ação (LPA): Muitos utilizada no mercado de ações, pois avalia o lucro para cada ação emitida pela empresa. Lucro disponível aos acionistas ordinários/número de ações ordinárias Retorno do Ativo Total (ROA): Demonstra o retorno sobre todos os investimentos direcionados para a empresa, tanto de capital próprio quanto de terceiros. Lucro disponível aos acionistas ordinários/ativo total Retorno sobre o capital próprio (ROE): Apresenta o nível de remuneração destinado aos investidores da empresas, sócios, acionistas ou proprietários. Lucro disponível aos acionistas ordinários/patrimônio dos acionistas ordinários 4.5 Índices de Valor de Mercado São índices especificamente para empresas com ações negociadas nas bolsas de valores. Índice Preço/Lucro (P/L): mede quanto os investidores estão dispostos a pagar por cada R$1,00 de lucro corrente. Às vezes P/L mais elevado demonstra empresas de crescimento, mas o índice não deve ser interpretado isoladamente. preço de mercado da ação ordinária/lucro por ação (LPA) Gestão Financeira www.ieccos.com.br Prof. Rodarte jose.rodarte@ieccos.com.br 21 Índice Preço/Valor Patrimonial (P/V): compara o valor de mercado do investimento em relação ao seu custo. Resultados inferiores a R$1,00 indicam que a empresa não tem criado valor para os acionistas. preço de mercado da ação ordinária/valor patrimonial da ação ordinária Gestão Financeira www.ieccos.com.br Prof. Rodarte jose.rodarte@ieccos.com.br 22 5 ALAVANCAGEM E PONTO DE EQUILÍBRIO Todo investidor que resolve colocar seus recursos em uma atividade, busca retornos superiores aos dos investimentos da renda fixa ou variável. Portanto, ao assumir o risco da atividade, toma decisões financeiras que contribua para a elevação dos resultados operacionais e líquido. Esse desempenho pode ser medido pelos graus de alavancagem operacional e financeira. Alavancagem é o resultado da utilização de ativos ou fundos a um custo fixo, com objetivo de aumentar o retorno para os proprietários. Aumentos de alavancagem provoca a elevação dos retornos e riscos proporcionalmente. Os tipos de alavancagem podem ser: • Operacional: Relação entre receita e o Lajir • Financeira: Relação entre o Lajir e o LPA • Total: Relação entre receita de vendas e o LPA Gestão Financeira www.ieccos.com.br Prof. Rodarte jose.rodarte@ieccos.com.br 23 5.1 Alavancagem Operacional Para o maior entendimento do grau de alavancagem operacional (GAO) é importante conhecer primeiro os efeitos dos custos fixos nas operações da empresa, medido pelo pondo de equilíbrio 5.1.1 Análise do ponto de equilíbrio (break-even-point) O Ponto de Equilíbrio (PE), também conhecido como análise custo – volume – lucro, é utilizado com objetivo de se conhecer: 1 – Determinar o nível de operações necessário para cobrir todos os custos operacionais 2 – Avaliar a rentabilidade associada a diversos níveis de vendas. O ponto de equilíbrio operacional está relacionado ao nível de vendas necessário para cobrir todos os custos operacionais. Portanto, o ponto de equilíbrio ocorre no momento em que receitas totais e os custos totais se equivalem – ou seja, não há nem lucro nem prejuízo. a) Cálculo do ponto de equilíbrio operacional ou contábil Inicialmente, para calcular o ponto de equilíbrio operacional (Q), é necessário conhecer o custo dos produtos vendidos (mercadorias e serviços), decompondo-os em fixos e variáveis. • Os custos (despesas) fixos são independentes do volume de vendas e estão relacionados com a função tempo. • Os custos (despesas) variáveis dependem diretamente do volume de vendas e não estão relacionados com o tempo. Para calcular o ponto de equilíbrio, é necessário conhecer as seguintes variáveis: Gestão Financeira www.ieccos.com.br Prof. Rodarte jose.rodarte@ieccos.com.br 24 P = Preço unitário de venda Q = número de unidades vendidas CF = custo operacional fixo por período CV = custo operacional variável por período Abaixo são apresentadas as equações que poderão ser utilizadas para o cálculo de quantidade, preço e nível de operações necessárias. Exemplo de cálculo de Q Supondo-se que uma empresa possui custos fixos de R$2.500,00, que o preço de venda por unidade seja de R$10,00 e o custo variável seja R$5,00/unidade. Qual é o ponto de equilíbrio (Q)?Q = CF P −CV = R$2.500, 00 R$10,00− R$5,00 = 500un Gestão Financeira www.ieccos.com.br Prof. Rodarte jose.rodarte@ieccos.com.br 25 Neste caso então, o ponto de equilíbrio operacional é de 500 unidades. A representação gráfica abaixo permite visualizar com mais compreensão o ponto de equilíbrio e os benefícios que o cálculo proporciona. Exemplo de variação do Q Suponhamos que a mesma empresa fazer um teste, aumentando todas a variáveis: 1 – Aumentar o P para R$12,50 2 – Aumentar o CF para R$3.000,00 3 – Aumentar o CV para R$7,50/unidade 4 – Aumentar todas as variáveis simultaneamente Gestão Financeira www.ieccos.com.br Prof. Rodarte jose.rodarte@ieccos.com.br 26 b) Cálculo do ponto de equilíbrio econômico e financeiro O Pe anterior baseava-se no lucro contábil igual a zero. O Pe econômico baseia-se na premissa de que todo investidor busca no mínimo um lucro que compense o custo de oportunidade, já que sua decisão não foi investir no mercado financeiro. Por isso, calcula- se o juro mínimo que pudesse compensar essa decisão. Para isso, acrescenta-se ao custo fixo o lucro mínimo exigido como retorno. O cálculo pode ser realizado pela seguinte equação: PeE = CF + Lucro minimo P – CV Também é necessário apurar o ponto de equilíbrio financeiro, pois nem todas as despesas e custos fixos foram desembolsados imediatamente do caixa, já que é apurado pelo regime de competência. Assim, faz-se necessário retirar do cálculo as despesas que não saíram do caixa e somar os juros de endividamento que já deverão ser amortizados. PeF = CF – Despesas não desembolsáveis+ Amortização P – CV Gestão Financeira www.ieccos.com.br Prof. Rodarte jose.rodarte@ieccos.com.br 27 5.2 Atividade Prática: Como ilustração, imagine que a empresa Ieccos SA vendeu dois produtos: Produto X Produto Y Preço de venda R$340,00/un R$560,00/un Custos (despesas) variáveis R$153,00/un R$392,00/un Margem de contribuição R$187,00/un R$168,00/un Tabela 3.1 É notável a diferença quando se analisa os produtos individualmente e o resultado operacional. Pela tabela, nota-se que o produto X deveria ser incentivado, pois possui uma contribuição maior para o resultado. Entretanto, uma análise simplista como esta pode ser imprudente, pois outros fatores como aceitação do produto X ou Y no mercado, disponibilidade de matéria prima, capacidade produtiva, entre outros, poderão interferir na tomada de decisão. Nesse período o custo e despesa fixo da Ieccos SA foi de R$870.000,00, podendo ser calculado agora a margem de contribuição total e o lucro operacional (LAJIR/EBTIDA). A – Para que os custos fixos possam ser pagos e zere o LAJIR, qual o volume de produtos X e Y precisa ser vendido? Para simplificar o cálculo, uma vez que foi inserido o conceito de margem de contribuição, uma equação equivalente também poderá ser utilizada, quando acompanhada da tabela 3.1, ou seja: Pe = CF + Despesas fixas Margem de contribuição unitária Produto X Produto Y Total No de unidades necessárias Receita de vendas Custos (despesas) variáveis Margem de contribuição Custos e despesas fixos - - (R$870.000,00) Tabela 3.2 Gestão Financeira www.ieccos.com.br Prof. Rodarte jose.rodarte@ieccos.com.br 28 B – Agora avalie a situação apresentada na tabela 3.3. Descrição Produto X Produto Y TOTAL Preço unitário R$ 320,00 R$ 280,00 Capacidade produtiva 5.000 unidades 5.000 unidades 10.000 unidades Consumo de matéria prima por unidade 2 Kg 1 Kg 15.000 kg Receita bruta R$ 1.600.000 R$ 1.400.000 R$ 3.000.000 Gastos variáveis unitários R$ 100,00 R$ 90,00 Gastos variáveis totais R$ 500.000 R$ 450.000 R$ 950.000 Margem de contribuição total R$ 1.100.000 R$ 950.000 R$ 2.050.000 Custo Fixo Total 980.000 LAJIR R$1.070.000 Tabela 3.3 Neste cenário, a empresa gasta 15.000 Kg de matéria prima para fabricar os dois produtos. No entanto, diante de um novo cenário com escassez, o fornecedor reduziu em 50% o fornecimento de matéria prima, ou seja, somente vai entregar 7.500 Kg. Portanto, qual deve ser sua decisão para a empresa não cair no LAJIR negativo, produzir o produto que possibilita maior margem de contribuição (X) ou aquele que consome menos matéria prima (Y)? RESPOSTA: Gestão Financeira www.ieccos.com.br Prof. Rodarte jose.rodarte@ieccos.com.br 29 Agora que já se conhece o efeito dos custos fixos nas operações empresariais, é possível o estudo da Alavancagem Operacional (GAO). Conforme Assaf Neto e Lima (2010) essa é uma medida que aponta como uma alteração no volume de atividade pode influenciar o resultado operacional de uma empresa. Ou seja, quanto o aumento de 20% nas vendas impacta no lucro operacional desta. Essa média pode ser obtida pela seguinte equação: GAO = Porcentagem da Variação do Lucro Porcentagem da Variação no Volume da Atividade A estrutura de custos e despesas da empresa determina o GAO, sendo mais potencial a que tiver maiores custos e despesas fixos em relação aos custos e despesas variáveis. Mas os riscos também são maiores proporcionalmente. Veja o exemplo abaixo: Empresa X Empresa Y Receita de vendas R$200.000 100% R$200.000 100% Custos e despesas variáveis R$60.000 30% R$140.000 70% Margem de Contribuição R$140.000 70% R$60.000 30% Custos e despesas fixos R$120.000 R$40.000 Resultado Operacional R$20.000 R$20.000 Tabela 3.4 Caso as empresa X e Y aumentem em 20% o volume de vendas, qual será o GAO de cada? Empresa X Empresa Y Receita de vendas R$240.000 100% R$240.000 100% Custos e despesas variáveis R$72.000 30% R$168.000 70% Margem de Contribuição R$168.000 70% R$72.000 30% Custos e despesas fixos R$120.000 R$40.000 Resultado Operacional R$48.000 R$32.000 Variação nas vendas 20% 20% Variação no lucro operacional 140% 60% GAO 7 3 Tabela 3.5 Gestão Financeira www.ieccos.com.br Prof. Rodarte jose.rodarte@ieccos.com.br 30 Percebe-se claramente que um aumento de 20% nas vendas da empresa X eleva o lucro operacional em 7 vezes (140%). Já a empresa Y aumenta 3 vezes (60%). Isto acontece porque os custos fixos se mantiveram e aumentaram a diluição pela elevação do volume de vendas. Como a estrutura da empresa X é mais arriscada, numa hipótese oposta de redução de 20% nas vendas, somente a empresa Y ainda se manterá com lucro. Empresa X Empresa Y Receita de vendas R$160.000 100% R$160.000 100% Custos e despesas variáveis R$48.000 30% R$112.000 70% Margem de Contribuição R$112.000 70% R$48.000 30% Custos e despesas fixos R$120.000 R$40.000 Resultado Operacional -R$8.000 R$8.000 Variação nas vendas - 20% - 20% Variação no lucro operacional - 140% - 60% GAO 7 3 Tabela 3.6Portanto, a alavancagem operacional é uma decisão complexa, pois aumentando-a, eleva-se proporcionalmente o risco, obrigando um nível de vendas adequado. O lucro aumenta mais rápido em empresas alavancadas, mas no caso de redução no volume vendas, o prejuízo também aumenta rapidamente. PARA PENSAR: Como obter uma estrutura de custos similar à empresa X (mais arriscada), que proporciona resultado operacional diferente ao da empresa Y? Gestão Financeira www.ieccos.com.br Prof. Rodarte jose.rodarte@ieccos.com.br 31 6 PLANEJAMENTO FINANCEIRO DE CURTO PRAZO Gestão do ativo circulante: conjunto de operações que visa definir e manter investimentos em disponibilidades, títulos negociáveis, duplicatas a receber, estoques, e outros ativos circulantes, baseados na operacionalidade da organização, no mercado, no custo de oportunidade, no risco, etc. Gestão do passivo circulante: conjunto de decisões relativas às fontes de financiamento de curto prazo, normalmente destinadas à manutenção dos investimentos em capital de giro. Essas fontes podem ser onerosas e não-onerosas. 6.1 Evolução do Caixa e do CGL Administração financeira de curto prazo se confunde com a administração do capital de giro líquido. O capital de giro líquido (CGL) é a diferença entre o ativo circulante e o passivo circulante. Ativos circulantes são compostos por caixas e outros ativos que se esperam ser convertidos em caixa num prazo máximo de um ano. Passivos circulantes são obrigações que prevê pagamento num prazo máximo de um ano. CGL = caixa + outros ativos circulantes – passivo circulante. CAIXA = ELP + PL – Ativos totais (exceto caixa) Algumas atividades aumentam ou reduzem o saldo de caixa. Atividades que aumentam: (FONTES DE CAIXA) 1.Aumento no ELP (empréstimo) 2.Aumento do PL (emissão de novas ações) 3.Aumento do passivo circulante 4.Redução do ativo circulante, exceto caixa 5.Redução de ativos permanentes. Gestão Financeira www.ieccos.com.br Prof. Rodarte jose.rodarte@ieccos.com.br 32 Atividades que reduzem: (APLICAÇÕES DE CAIXA) 1.Redução do ELP 2.Redução do PL 3.Redução do passivo circulante 4.Aumento do ativo circulante, exceto caixa 5.Aumento do ativo permanente 6.2 Ciclo Operacional Uma administração de capital de giro eficiente envolve uma alta rotação (giro) do circulante, tornando mais dinâmico seu fluxo de operações; Ciclo Operacional (CO): se inicia na aquisição de matéria-prima e se finaliza no recebimento da venda do produto final. Incorpora sequencialmente todas as fases operacionais presentes no processo empresarial de produção-venda-recebimento. Ciclo Financeiro (CF): é o período de tempo transcorrido desde o pagamento dos fornecedores até o recebimento das suas vendas, no qual a empresa necessita dispor de capital de giro para manter suas operações (+). Seu valor pode ser positivo ou negativo. O CO é o período entre a compra da mercadoria até o recebimento das vendas. CO = Período de estoque + período de contas a receber O ciclo operacional demonstra como o produto se move entre as contas do ativo circulante. Disponibilidades Contas a receber Estoque Gestão Financeira www.ieccos.com.br Prof. Rodarte jose.rodarte@ieccos.com.br 33 6.3 Ciclo de Caixa A principal preocupação nas finanças de curto prazo é conciliar as atividades operacionais com as financeiras. EXEMPLO: EVENTOS DECISÕES Compra de matéria-prima Quanto estocar? Pagamentos à vista Tomar emprestado ou usar o caixa disponível? Fabricação do Produto Qual tecnologia deverá ser adotada? Vendas Deverá ser concedido crédito a clientes? Cobrança Como cobrar? Atenção: os eventos não são sincronizados e são incertos. CICLO DE CAIXA é o período entre a saída de caixa, devido o pagamento do estoque, até o recebimento da venda. Ciclo de caixa = ciclo operacional – período de contas a pagar Gestão Financeira www.ieccos.com.br Prof. Rodarte jose.rodarte@ieccos.com.br 34 Ciclo Financeiro Positivo (+): montante de recursos necessários para financiar os ativos circulantes entre o pagamento dos fornecedores e o recebimento dos clientes. Situação vivenciada pela maioria das empresas. Ciclo Financeiro Negativo (-): montante de recursos disponíveis para a empresa financiar outros ativos ou aplicar no mercado. Situação vivenciada por determinados segmentos ou empresas (geralmente de grande porte). Gestão Financeira www.ieccos.com.br Prof. Rodarte jose.rodarte@ieccos.com.br 35 6.4 ATIVIDADE AVALIATIVA 2 – Ciclo Operacional, caixa e NICG (15 pontos) Exercício 1 Wladimir está planejando vender hot-dogs para alunos da faculdade. Fez os cálculos e chegou aos seguintes custos: Fixo: R$ 90,00 gás R$150,00 combustível R$ 80,00 seguro R$ 30,00 outros Total de R$350,00 O custo para produzir os hot-dogs é de R$0,95 por unidade. O preço de venda estipulado foi de R$1,50 por hot-dog. a) Sabendo que ele planejou vender 50 unidades por noite, de segunda a sexta, quantos dias Wladimir deverá trabalhar só para pagar os custos? b) Se ele ampliar o negócio, vendendo também durante o dia, alcançando 2.000 unidades, qual seria o lucro operacional? c) Com o aumento de unidades vendidas, o custo direto com a produção poderia ser reduzido para R$0,85 por unidade. Diante disto, o preço de venda poderia ser reduzido. Qual deve ser o novo preço de venda, mantendo um LAJIR de R$750,00? Gestão Financeira www.ieccos.com.br Prof. Rodarte jose.rodarte@ieccos.com.br 36 Exercício 2 Suponha as seguintes informações: Item Saldo inicial ($) Saldo final ($) Estoques 4.925 5.150 Contas a receber 3.019 3.380 Fornecedores 7.516 7.952 Vendas líquidas 47.115 / ano Custo da merc. vendida 22.893 a) Calcule o ciclo operacional; b) Calcule o ciclo de caixa. Gestão Financeira www.ieccos.com.br Prof. Rodarte jose.rodarte@ieccos.com.br 37 Exercício 3 Conhecendo-se as vendas médias diárias pode-se calcular o volume de financiamento necessário às atividades operacionais da empresa. NICG = CICLO DE CAIXA X VENDAS MÉDIAS DIÁRIAS EX.: PME = 45 D PMR = 35 D PMP = 30 D Vendas médias mensais = $90.000 a) Qual a NICG? b) Qual a NICG caso as vendas fossem de $180.000? Exercício 4 Considere as seguintes informações provenientes de determinada empresa: Item Valor inicial ($) Valor final($) Estoques 8.152 10.300 Contas a receber 6.537 7.147 Contas a pagar 10.128 10.573 Vendas líquidas 93.125 Custo da merc. vendida 46.152 a) Calcule os ciclos operacional e de caixa. b) Como você interpreta os resultados? Gestão Financeira www.ieccos.com.br Prof. Rodarte jose.rodarte@ieccos.com.br 38 7. NOÇÕES BÁSICAS DE MATEMÁTICA FINANCEIRA Conhecendo um pouco a calculadora hp12c São vários as ferramentas úteis para operacionalizar questões de matemática financeira. Atualmente temos uma ótima ferramenta que está bem difundida que é o MsExcel. Outra excelente ferramenta utilizada e muita mais antiga é a calculadora financeira HP12c. Primeiros Passos: Ligar e desligar a calculadora Para ligar e desligar a calculadora, basta pressionar a tecla [ON]. [ON] - Liga a calculadora (se ela estiver desligada). [ON] - Desliga a calculadora (se ela estiver ligada). Auto-teste dos circuitos Para saber se a calculadora está funcionando normalmente, existem alguns procedimentos de teste que podem ser efetuados, como: Gestão Financeira www.ieccos.com.br Prof. Rodarte jose.rodarte@ieccos.com.br 39 Teste automático: com a calculadora desligada, pressione e mantenha pressionada a tecla [x] (ou [+]) e depois ligue a HP12C, pressionando a tecla [ON]. Solte a tecla [ON] e depois a tecla [x] (ou [+]). Um auto- teste será realizado. Se o mecanismo da máquina estiver funcionando corretamente, dentro de aproximadamente 25 segundos (durante os quais no visor será exibido a palavra "running" piscando) todos os indicadores do visor serão exibidos (a exceção do * : indicador de bateria fraca). Se aparecer a expressão "Error 9" ou não aparecer nada, a calculadora está com problemas; Teste semi-automático: com a calculadora desligada, pressione e mantenha pressionada a tecla [÷] e depois ligue a HP12C, pressionando a tecla [ON]. Solte a tecla [ON] e depois a tecla [÷]. Para verificar todas as teclas da HP, nesta opção de teste é necessário pressionar TODAS as teclas da máquina, da esquerda para a direita, de cima para baixo. Ou seja, é necessário pressionar todas as teclas, da tecla [N] até a tecla [÷], depois da tecla [yx] até a tecla [x], da tecla [R/S] até a tecla [-], pressionando, na passagem, a tecla [ENTER] e, por último, da tecla [ON] até a tecla [+], passando, também, pela tecla [ENTER]. Assim, a tecla [ENTER] deverá ser pressionada em duas passagens distintas. De forma similar ao teste anterior, se o mecanismo da máquina estiver funcionando corretamente, após pressionar todas as teclas na ordem descrita, o visor indicará o número 12 no centro. Se aparecer a expressão "Error 9" não aparecer nada, a calculadora está com problemas. Funções amarelas e azuis Como forma de economizar teclas, a HP emprega o recurso de atribuir à mesma tecla, diferentes funções. Algumas teclas da HP apresentam legendas em branco (função principal), em amarelo ou em azul. Para empregar uma função "amarela" é necessário pressionar a tecla [f] antes. Para empregar uma função "azul" é necessário pressionar a tecla [g] antes. Exemplo : a tecla [i] apresenta outras duas funções adicionais : a função [INT] em amarelo e a função [12÷]. Para usar a função [i] basta pressionar a tecla [i]. Para usar a Gestão Financeira www.ieccos.com.br Prof. Rodarte jose.rodarte@ieccos.com.br 40 função [INT] é necessário pressionar, antes, a tecla [f] (note que o visor indicará que tecla [f] foi pressionada) e depois a tecla [INT]. De forma similar, para usar a função [12÷] é necessário pressionar a tecla [g] (note que o visor indicará que tecla [g] foi pressionada) e depois a tecla [12÷]. Observações complementares: Lembre-se que quando a tecla [f] ou [g] é pressionada, somente as funções em amarelo ou azul serão ativadas. Caso as teclas [f] ou [g] tenham sido pressionadas de forma indesejada, para cancelar a operação, basta pressionar as teclas [f] [PREFIX]. Formatar exibição de casas decimais Embora sempre trabalhe internamente com valores com muitas casas decimais, a HP12C permite a exibição de um número de casas decimais pré-fixado. Para fixar um número de casas decimais, pressione a tecla [f] e depois o número de casas decimais desejado. Por exemplo, para trabalhar com 2 casas decimais, basta pressionar [f] 2. Para exibir 4 casas decimais, pressione [f] 4. Importante lembrar : embora exiba valores com um número de casas decimais predefinido, internamente a máquina processará um número com um maior número de casas decimais. Em cálculos sucessivos, os valores das etapas intermediárias exibidas no visor, podem, portanto, ser diferentes do valor final exibido. Assim, evite transcrever valores para o papel e depois para a calculadora. Tente sempre usar as pilhas e os registradores da calculadora. Selecionar ponto ou vírgula A HP12C permite usar o ponto ou a vírgula como separador de casas decimais. Para trocar a opção em vigor, desligue a máquina, pressione a tecla [.] e depois ligue a máquina, liberando primeiro a tecla [ON] e depois a tecla [.]. Automaticamente, a HP12C trocará o separador de casas decimais. Gestão Financeira www.ieccos.com.br Prof. Rodarte jose.rodarte@ieccos.com.br 41 Notação de números muito grandes ou muito pequenos A HP permite a realização de cálculos com números que sejam maiores que 10-100 e menores que 10100. Já que o visor só permite a exibição de números com até 10 algarismos, números muito grandes ou muito pequenos são exibidos sob a forma de notação científica, onde a mantissa é apresentada primeiramente e, depois, o expoente de 10 que multiplica a mantissa. Por exemplo 14 milhões multiplicado por 24 milhões será exibido na HP como sendo [3,360000 14]. Note a existência de espaço entre 3,360000 e 14. O primeiro número [3,360000] é a mantissa e o segundo [14] é o expoente de 10 que está multiplicando a mantissa. De outra forma : 14.000.000 x 24.000.000 = 336.000.000.000 = 3,360000 x 1014 . Uma forma de trabalhar com valores muito grandes na HP é viabilizada pela tecla [EEX] que representa o expoente de 10 que multiplica o número que está sendo digitado. A função será melhor descrita a seguir. Indicação de bateria fraca Caso a bateria da máquina esteja fraca, aparecerá um indicador * piscando no canto inferior esquerdo. Para evitar um desgaste antecipado da bateria, deve-se evitar colocar a calculadora próxima a fontes de campos eletromagnéticos, como autofalantes automotivos, aparelhos de som, televisores, etc. Lógica RPN e Pilhas As duas principais características das calculadoras HP12C consistem na lógica RPN (no inglês Reverse Polonish Notation, ou Notação Polonesa Reversa) e na pilha de registradores. Lógica RPN Note que a HP12C não possui uma das principais teclas de calculadoras algébricas comuns que é a tecla de igualdade. A razão dessa inexistência consiste no fato da HP Gestão Financeira www.ieccos.com.br Prof. Rodartejose.rodarte@ieccos.com.br 42 trabalhar com uma lógica matemática diferente : a lógica RPN. Enquanto em uma operação algébrica comum, os operandos devem ser intercalados por operadores, na lógica RPN os operandos devem ser colocados primeiramente e, depois, devem ser colocados os operadores. A lógica RPN (segundo o HP Museum, site http://www.hpmuseum.org) foi criada a partir dos trabalhos apresentados por Jan Lukasiewicz, matemático polonês, nos anos 20. Consiste, basicamente, em um sistema lógico formal que permite a especificação de expressões matemáticas sem o uso de parênteses, através da colocação dos operadores antes (notação pré-fixada), ou depois (notação pós-fixada), dos operandos. A notação pré-fixada recebeu o nome de Notação Polonesa, em homenagem a Jan Lukasiewicz. A HP ajustou a notação pós-fixada para o teclado das calculadoras, mediante o uso de pilhas para armazenamento dos operandos e funções específicas para o manuseio das pilhas. Assim, denominou a lógica criada de Notação Polonesa Reversa, ou, simplesmente, RPN – mantendo a homenagem a Lukasiewicz. Por exemplo, para somar 5 e 4 em uma operação algébrica, deve-se fazer 5 + 4 = 9. Em uma operação com lógica RPN, é necessário entrar com o 5 e o 4 e, depois, com o operador da adição. Para poder separar os números (isto é, indicar para a calculadora que o 4 e o 5 são dois números distintos e não 45), a HP disponibiliza a tecla [ENTER]. Assim, para somar 4 e 5 na HP será necessário pressionar as teclas 4 [ENTER] 5 [+]. No visor aparecerá a resposta 9. DICA: Proteja sua HP12c Para desligar e travar a calculadora, impossibilitando o uso por terceiros, pressione as seguintes teclas: Ligue a calculadora e aplique a seguinte sequência 45 Enter | ON PMT (juntos) | ON PMT (juntos) | 1/x Para ligar novamente: ON PMT Gestão Financeira www.ieccos.com.br Prof. Rodarte jose.rodarte@ieccos.com.br 43 7.1 Valor do dinheiro no tempo De uma forma simplificada, podemos dizer que a Matemática Financeira, é o ramo da Matemática Aplicada que estuda o comportamento do dinheiro no tempo. A Matemática Financeira pois, busca quantificar as transações que ocorrem no universo financeiro levando em conta a variável tempo, ou seja o valor monetário no tempo (time value money). As principais variáveis envolvidas no processo de quantificação financeira, são: a taxa de juros, o capital e o tempo. Devemos entender como Juros, a remuneração de um capital aplicado a uma certa taxa, durante um determinado período, ou seja, é o dinheiro pago pelo uso de dinheiro emprestado. Portanto, Juros (J) = preço do crédito. A existência de Juros, decorre de vários fatores, entre os quais destacam-se: 1 - inflação: a diminuição do poder aquisitivo da moeda num determinado período de tempo. 2 - risco: os juros produzidos de uma certa forma, compensam os possíveis riscos do investimento. 3 – aspectos intrínsecos da natureza humana : a maioria dos seres humanos são gananciosos por natureza. Normalmente o valor do capital é conhecido como principal (P). A taxa de juro (i), é a relação entre os Juros e o Principal, expressa em relação a uma unidade de tempo. Assim por exemplo, se os juros anuais correspondentes a uma dívida de R$2000,00 (Principal = P) forem R$200,00 (Juros = J), a taxa de juros anual ( i ) será 200/2000 = 0,10 = 10% ao ano.Indica-se: i = 10% a.a. Costuma-se especificar taxas de juros anuais, trimestrais, semestrais, mensais, etc., motivo pelo qual deve-se especificar sempre o período de tempo considerado. Quando a taxa de juros incide no decorrer do tempo, sempre sobre o capital inicial, dizemos que temos um sistema de capitalização simples (Juros simples). Quando a Gestão Financeira www.ieccos.com.br Prof. Rodarte jose.rodarte@ieccos.com.br 44 taxa de juros incide sobre o capital atualizado com os juros do período (montante), dizemos que temos um sistema de capitalização composta (Juros compostos). Na prática, o mercado financeiro utiliza apenas os juros compostos, de crescimento mais rápido (veremos em outro artigo, que enquanto os juros simples crescem segundo uma função do 1º grau – crescimento linear, os juros compostos crescem muito mais rapidamente – segundo uma função exponencial). 7.1.1 Juros Simples O regime de juros simples, é aquele no qual os juros incidem sempre sobre o capital inicial. Este sistema não é utilizado na prática nas operações comerciais, mas, a análise desse tema, como introdução à Matemática Financeira, é de uma certa forma, importante. Considere o capital inicial P aplicado a juros simples de taxa i por período, durante n períodos. Lembrando que os juros simples incidem sempre sobre o capital inicial, podemos escrever a seguinte fórmula, facilmente demonstrável: J = P . i . n = Pin J = juros produzidos depois de n períodos, do capital P aplicado a uma taxa de juros por período igual a i. No final de n períodos, é claro que o capital será igual ao capital inicial adicionado aos juros produzidos no período. O capital inicial adicionado aos juros do período é denominado MONTANTE (M). Logo, teríamos: M = P + J = P + P.i.n = P(1 + i.n) Portanto, M = P(1+in). Gestão Financeira www.ieccos.com.br Prof. Rodarte jose.rodarte@ieccos.com.br 45 Exemplo: A quantia de $3000,00 é aplicada a juros simples de 5% ao mês, durante cinco anos. Calcule o montante ao final dos cinco anos. Solução: Temos: P = 3000, i = 5% = 5/100 = 0,05 e n = 5 anos = 5.12 = 60 meses. Portanto, M = 3000(1 + 0,05x60) = 3000(1+3) = $12000,00. A fórmula J = Pin, onde P e i são conhecidos, nos leva a concluir pela linearidade da função juros simples, senão vejamos: Façamos P.i = k. Teremos, J = k.n, onde k é uma constante positiva. (Observe que P . i > 0) Ora, J = k.n é uma função linear, cujo gráfico é uma semi-reta passando pela origem. (Porque usei o termo semi-reta ao invés de reta?). Portanto, J/n = k, o que significa que os juros simples J e o número de períodos n, são grandezas diretamente proporcionais. Daí, infere-se que o crescimento dos juros simples obedece a uma função linear, cujo crescimento depende do produto P.i = k, que é o coeficiente angular da semi-reta J = kn. Exercício proposto: Calcule o montante ao final de dez anos de um capital $10000,00 aplicado à taxa de juros simples de 18% ao semestre (18% a.s). Gestão Financeira www.ieccos.com.br Prof. Rodarte jose.rodarte@ieccos.com.br 46 Resposta: $46000,00 O mesmo cálculo com unidade de tempo diferentes: Vimos no artigo anterior, que se o capital P for aplicado por n períodos, a uma taxa de juros simples i, ao final dos n períodos, teremos que os juros produzidos serão iguais a J = Pin e que o montante (capital inicial adicionado aos juros do período) será igual a M = P(1 + in). O segredo para o bom uso destas fórmulas é lembrar sempre que a taxa de juros i e o período n têm de ser referidos à mesma unidade de tempo. Assim, por exemplo se num problema, a taxa de juros for i =12% ao ano = 12/100 = 0,12 e o período n = 36meses, antes de usar as fórmulas deveremos colocá-las referidas à mesma unidade de tempo, ou seja: a) 12% ao ano, aplicado durante 36/12 = 3 anos , ou b) 1% ao mês = 12%/12, aplicado durante 36 meses, etc. Exemplos: E01 – Quais os juros produzidos pelo capital $12000,00 aplicados a uma taxa de juros simples de 10% ao bimestre durante 5 anos? SOLUÇÃO: Temos que expressar i e n em relação à mesma unidade de tempo. Gestão Financeira www.ieccos.com.br Prof. Rodarte jose.rodarte@ieccos.com.br 47 Vamos inicialmente trabalhar com BIMESTRE (dois meses): i = 10% a.b. = 10/100 = 0,10 n = 5 anos = 5.6 = 30 bimestres (pois um ano possui 6 bimestres) Então: J = $12000.0,10.30 = $36000,00 Para confirmar, vamos refazer as contas, expressando o tempo em meses. Teríamos: i = 10% a.b. = 10/2 = 5% ao mês = 5/100 = 0,05 n = 5 anos = 5.12 = 60 meses Então: J = $12000,00.0,05.60 = $36000,00 E02 – Um certo capital é aplicado em regime de juros simples, à uma taxa mensal de 5%. Depois de quanto tempo este capital estará duplicado? SOLUÇÃO: Temos: M = P(1 + in). Logo, o capital estará duplicado quando M = 2P. Logo, vem: 2P = P(1 + 0,05n); (observe que i = 5% a.m. = 5/100 = 0,05). Simplificando, fica: 2 = 1 + 0,05n Þ 1 = 0,05n, de onde conclui-se n = 20 meses ou 1 ano e oito meses. Gestão Financeira www.ieccos.com.br Prof. Rodarte jose.rodarte@ieccos.com.br 48 Exercício proposto: Um certo capital é aplicado em regime de juros simples, à uma taxa anual de 10%. Depois de quanto tempo este capital estará triplicado? Resposta: ________ anos. 7.1.2 Juros Compostos O capital inicial (principal) pode crescer, como já sabemos, devido aos juros, segundo duas modalidades a saber: Juros simples - ao longo do tempo, somente o principal rende juros. Juros compostos - após cada período, os juros são incorporados ao principal e passam, por sua vez, a render juros. Também conhecido como "juros sobre juros". Vamos ilustrar a diferença entre os crescimentos de um capital através juros simples e juros compostos, com um exemplo: Suponha que $100,00 são empregados a uma taxa de 10% a.a. Teremos: Principal = 100 Juros simples Juros compostos N. de anos Montante simples Montante composto 1 100+0,1(100)=110 100+0,1(100) = 110,00 2 110+0,1(100)=120 110+0,1(110) = 121,00 3 120+0,1(100)=130 121+0,1(121) = 133,10 4 130+0,1(100)=140 133,1+0,1(133,1) = 146,41 5 140+0,1(100)=150 146,41+0,1(146,41) = 161,05 Observe que o crescimento do principal segundo juros simples é LINEAR enquanto que o crescimento segundo juros compostos é EXPONENCIAL, e portanto tem um crescimento muito mais "rápido". Na prática, as empresas, órgãos governamentais e investidores particulares costumam reinvestir as quantias geradas pelas aplicações financeiras, o que justifica o emprego Gestão Financeira www.ieccos.com.br Prof. Rodarte jose.rodarte@ieccos.com.br 49 mais comum de juros compostos na Economia. Na verdade, o uso de juros simples não se justifica em estudos econômicos. Fórmula para o cálculo de Juros compostos Considere o capital inicial (principal P) $1000,00 aplicado a uma taxa mensal de juros compostos ( i ) de 10% (i = 10% a.m.). Vamos calcular os montantes (principal + juros), mês a mês: Após o 1º mês, teremos: M1 = 1000 x 1,1 = 1100 = 1000(1 + 0,1) Após o 2º mês, teremos: M2 = 1100 x 1,1 = 1210 = 1000(1 + 0,1)2 Após o 3º mês, teremos: M3 = 1210 x 1,1 = 1331 = 1000(1 + 0,1)3 Após o nº (enésimo) mês, sendo S o montante, teremos evidentemente: S = 1000(1 + 0,1)n De uma forma genérica, teremos para um principal P, aplicado a uma taxa de juros compostos i durante o período n : S = P (1 + i)n onde S = montante, P = principal, i = taxa de juros e n = número de períodos que o principal P (capital inicial) foi aplicado. NOTA: Na fórmula acima, as unidades de tempo referentes à taxa de juros (i) e do período ( n ), tem de ser necessariamente iguais. Este é um detalhe importantíssimo, que não pode ser esquecido! Assim, por exemplo, se a taxa for 2% ao mês e o período 3 anos, deveremos considerar 2% ao mês durante 3x12=36 meses. Gestão Financeira www.ieccos.com.br Prof. Rodarte jose.rodarte@ieccos.com.br 50 7.1.3 Valor futuro (VF) Segundo (Ross, Westerfiel e Jaffe, 2002) o valor futuro representa o montante de dinheiro que um investimento se transformará ao longo de determinado período, dada uma taxa de juros”. A equação que expressa o VF pode assim ser descrita: Na HP12c este cálculo fica muito mais simples, conforme os passos abaixo: OPERAÇÃO NA HP 12C VALOR ENTER/CHS PV TAXA I PERÍODO N VALOR FUTURO FV VALOR DA PARCELA PMT Graficamente pode ser assim representado: 2.000,00 2.200,00 2.420,00 2.662,00 2.928,20 12.210,20 PMPC nKVPVF )1( += Gestão Financeira www.ieccos.com.br Prof. Rodarte jose.rodarte@ieccos.com.br 51 7.1.4 Valor presente (VP) Segundo (Ross, Westerfiel e Jaffe, 2002) o valor presente é o valor atual de fluxos de caixa futuros, descontados a uma taxa de desconto apropriada”. A equação para o cálculo do VP está inserida abaixo: Na HP12c este cálculo fica muito mais simples, conforme os passos abaixo: OPERAÇÃO NA HP 12C VALOR ENTER/CHS FV TAXA I PERÍODO N VALOR PRESENTE PV 943,40 890,00 839,62 792,09 747,26 4.212,37 nK VFVP )1( + = Gestão Financeira www.ieccos.com.br Prof. Rodarte jose.rodarte@ieccos.com.br 52 7.1.5 Taxas Proporcionais Duas taxas são proporcionais quando os seus valores formam uma proporção direta com os tempos a elas referidos, reduzidos à mesma unidade. Sendo i a taxa de juro relativa a um período e ik a taxa proporcional que queremos determinar, relativa à fração 1/k do período, temos: EXEMPLO: Calcule a taxa mensal proporcional a 30% ao ano SOLUÇÃO Lembrando que 1 ano = 12 meses, temos: i12 = 30/12 = 2,5 istoé2,5%a.m. 7.1.6 Taxas Equivalentes Duas taxas são equivalentes quando, aplicadas a um mesmo capital, durante o mesmo período, produzem o mesmo juro. EXEMPLO: Calcular o juro produzido pelo capital de R$ 20.000,00 • à taxa de 4% ao mês, durante 6 meses • à taxa de 12% ao trimestre, durante 2 trimestres SOLUÇÃO No primeiro caso, temos J = 20.000,00 x 0,04 x 6 = 4.800,00 No segundo caso, temos J = 20.000,00 x 0,12 x 2 = 4.800,00 Como os juros são iguais, podemos dizer que 4% a . m. e 12% a . t., são taxas equivalentes Gestão Financeira www.ieccos.com.br Prof. Rodarte
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