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Resenha 4- Balanço do neoliberalismo

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Resenha
 Luana Trindade dos Santos*
ANDERSON, Perry. Balanço do neoliberalismo. In: SADER, Emir; GENTILI, Pablo (orgs.). Pós- neoliberalismo: as políticas sociais e o Estado democrático. Rio de Janeiro: Editora Paz e Terra, 1995. 
Perry Anderson é um historiador e ensaísta político britânico, além de professor de História e Sociologia na Universidade da Califórnia em Los Angeles. Formado na Universidade de Oxford, começou a militar em grupos de esquerda já na faculdade. Tem como uma de suas obras mais importantes “Espectro – da direita à esquerda no mundo das ideias e as origens da pós-modernidade”.
O autor começa relatando as origens do neoliberalismo, como o oposto do liberalismo clássico do século passado. Esse novo liberalismo é uma reação contra um Estado intervencionista e de bem-estar, justificando que o mesmo priva a liberdade econômica e política, usando como base o texto “O Caminho da Servidão” de Friedrich Hayek. Este para combater o keynesianismo e o solidarismo convocou aqueles que compartilhavam ideias parecidas com a sua e fundou a Sociedade de Mount Pèlerin. Seu objetivo era preparar as bases de um outro capitalismo; e defendia a desigualdade, a concorrência e a libertação das intervenções do Estado.
Segundo Perry, essas ideias não foram tão favoráveis, pois o capitalismo avançado estava no seu auge. Porém com a crise pós- guerra em 1973, os ideários neoliberais começaram a ganhar terreno. A crise foi atribuída as pressões feitas pelo movimento operário que queria que o Estado aumentasse ainda mais os gastos sociais e a solução neoliberal seria reduzir a atuação do Estado, principalmente em relação a esses gastos; romper o poder dos sindicatos e atingir a estabilidade monetária. 
O neoliberalismo começou a ser concreto, primeiro na Inglaterra por Thatcher, depois nos Estados Unidos por Reagan e em outros países descritos no texto pelo autor. Na prática o governo inglês foi, ao mesmo tempo o pioneiro e o mais puro, enquanto o governo de Reagan, foi mais sistemático e ambicioso em suas experiências neoliberais.
Perry relata que o objetivo principal do neoliberalismo- deter a inflação nos anos 70- foi alcançado, mesmo elevando a taxa de desemprego e desigualdade, os quais, segundo o ideário do neoliberalismo, é um mecanismo natural e necessário de qualquer economia de mercado eficiente. Mesmo com êxito, o autor cita um paradoxo: o desemprego aprovado por essa ideia, trouxe inúmeros gastos ao Estado, como os gastos sociais com o desempregado e o gastos de pensões para os aposentados. Posteriormente, o capitalismo avançado sofreu, novamente, uma crise e a dívida pública de quase todos os países ocidentais chegou a dados alarmantes, mas, mesmo nessas condições, o neoliberalismo se manteve.
Na América Latina, a ideia neoliberal demorou pra chegar. O Chile foi o primeiro a experimentar sob a ditatura de Pinochet, depois a Bolívia, o México, no governo de Salinas, Argentina, Venezuela e o Peru. O autor relata que o neoliberalismo continua avançando em terras até agora intocadas por sua influência, na Índia, por exemplo.
Perry encerra dizendo que o neoliberalismo é um movimento ideológico e em construção. O qual fracassou economicamente, não conseguindo nenhuma revitalização do capitalismo avançado, socialmente, conseguiu muito dos seus objetivos e política e ideologicamente, conseguiu êxito num grau que os seus fundadores nem imaginariam. 
Na minha opinião, o autor discorre bem sobre as origens do neoliberalismo e sobre como ele foi e é visto de maneiras diferentes em cada país. A obra, em sim, é bem escrita, porém, é necessária uma leitura repetida e atenciosa para compreendê-la de maneira eficaz.
*Discente do componente curricular Universidade, Sociedade e Ambiente, turma 02, graduanda em Bacharelado Interdisciplinar em Saúde com terminalidade em Enfermagem, primeiro semestre, no Centro de Ciências da Saúde da Universidade Federal do Recôncavo da Bahia, Santo Antônio de Jesus, Bahia, Brasil.

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