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A Arte Barroca na pintura A arte Barroca na pintura imperou no século XVII. Esse período registrava um momento de transição espiritual na cultura ocidental, pois vigoravam dois padrões de ver o mundo: o paganismo e o sensualismo do Renascimento, e a permanência dos aspectos religiosos que faziam lembrar o teocentrismo medieval Vocação de São Mateus - Caravaggio (1571-1610) – Itália Em um tempo de infindáveis questionamentos sobre as visões teocêntricas e antropocêntricas, nasceu e desenvolveu o Barroco. O gosto pela Arte Barroca veio temperado pela aproximação de realidades opostas, pelo conflito e pelas contradições violentas que estavam diretamente ligadas ao contexto da época, ou seja, a visão de mundo do homem do século XVII. O Barroco surgiu na Itália e aproveitou de alguns, mas fortes, elementos da Renascença, transformando-os. O Barroco foi um movimento que apresentou especificidades complexas e de difícil compreensão, como a oposição do mundo material com o espiritual. Nessa complexibilidade, a personalidade enérgica dos artistas do momento foi um grande diferencial dentro desse estilo que contava com ideias abertas à abstração e ao subjetivo. Para provocar o apreciador da obra barroca, o artista usava de um sensualismo exacerbado e da idealização amorosa que abusava da verossimilhança das cenas retratadas do cotidiano, dos temas religiosos e das cenas mitológicas. A arte barroca trabalhava o arranjo dos elementos dos quadros, que quase sempre formavam uma combinação diagonal. As cenas representadas eram envoltas em definida oposição do claro-escuro, contavam com a força das cores quentes, da gradação da claridade, todos esses elementos reforçavam a expressão de sentimento das obras que quase falavam aos seus interlocutores. O tema da pintura barroca foi sempre realista, mas a realidade que servia de ponto de partida para o pintor não era só a da nobreza, do clero e da burguesia, mas também a realidade da vida simples dos trabalhadores, camponeses. Para o artista barroco, a harmonia da obra esteve sempre em comunhão com tudo que estava ali expresso na sua produção. O conjunto harmonioso da obra era o essencial. A harmonia individual da obra era deixada em segundo plano. Existe, nesse sentido, a explicação da valorização da unidade que está ligada à arquitetura, esculturas e pintura. O ideal das construções Barrocas passou a ser o da união desses elementos, que passaram a dialogar harmonicamente para o bem da obra. Alguns artistas do Barroco na Europa e suas respectivas obras: A intensidades das cores quentes - “Vênus e Adônis”. Peter Paul Rubens (1577-1640) Espanha A verticalidade da Pintura “São Pedro e São Paulo”. El Greco (1541-1614) – Espanha A emoção por meio da gradação da claridade - "O Sacrifício de Abraão". Rembrandt van Rijn (1606-1669) A intensidade da luz e do calor “A Ascensão”. Tintoretto (1515-1549) – Itália A arte Barroca foi impactante, pois expressou as idéias e os sentimentos do artista do século XVII. Seus temas geraram encantamento, o apelo visual das obras Barrocas era muito forte e real, com isso suas construções combinaram para expressar uma nova concepção de mundo. · Características da pintura barroca: · Composição assimétrica, em diagonal - que se revela num estilo · grandioso, monumental, retorcido, substituindo a unidade geométrica e o equilíbrio da arte renascentista. · Acentuado contraste de claro-escuro (expressão dos sentimentos) - era um recurso que visava a intensificar a sensação de profundidade. · Realista, abrangendo todas as camadas sociais. · Escolha de cenas no seu momento de maior intensidade dramática. · O gosto pelo movimento; · pela emoção e pelo o espectacular; · proliferando os volumes, · as curvas e contracurvas; · a ornamentação; · os contrastes de cor, · luz e sombra; · a sensualidade das formas e horror ao vazio. Características do Barroco O estilo barroco nasceu em decorrência da crise do Renascimento, ocasionada, principalmente, pelas fortes divergências religiosas e imposições do catolicismo e pelas dificuldades econômicas decorrentes do declínio do comércio com o Oriente. Todo o rebuscamento presente na arte e literatura barroca é reflexo dos conflitos dualistas entre o terreno e o celestial, o homem (antropocentrismo) e Deus (teocentrismo), o pecado e o perdão, a religiosidade medieval e o paganismo presente no período renascentista. 1) A arte da contrarreforma A ideologia do Barroco é fornecida pela Contrarreforma. Em nenhuma outra época se produziu tamanha quantidade de igrejas, capelas, estátuas de santos e monumentos sepulcrais. As obras de arte deviam falar aos fiéis com a maior eficácia possível, mas em momento algum descer até eles. A arte barroca tinha que convencer, conquistar e impor admiração. 2) Conflito entre corpo e alma O Renascimento definiu-se pela valorização do profano, pondo em voga o gosto pelas satisfações mundanas. Os intelectuais barrocos, no entanto, não alcançam tranquilidade agindo de acordo com essa filosofia. A influência da Contrarreforma fez com que houvesse oposição entre os ideais de vida eterna em contraposição com a vida terrena e do espírito em contraposição à carne. Na visão barroca, não há possibilidade de conciliar essas antíteses: ou se vive a vida sensualmente, ou se foge dos gozos humanos e se alcança a eternidade. A tensão de elementos contrários causa no artista uma profunda angústia: após arrojar-se nos prazeres mais radicais, ele se sente culpado e busca o perdão divino. Assim, ora ajoelha-se diante de Deus, ora celebra as delícias da vida. 3) O tema da passagem do tempo O homem barroco assume consciência integral no que se refere à fugacidade da vida humana (efemeridade): o tempo, veloz e avassalador, tudo destrói em sua passagem. Por outro lado, diante das coisas transitórias (instabilidade), surge a contradição: vivê-las, antes que terminem, ou renunciar ao passageiro e entregar-se à eternidade? 4) Forma tumultuosa O estilo barroco apresenta forma conturbada, decorrente da tensão causada pela oposição entre os princípios renascentistas e a ética cristã. Daí a frequente utilização de antíteses, paradoxos e inversões, estabelecendo uma forma contraditória, dilemática. Além disso, a utilização de interrogações revela as incertezas do homem barroco frente ao seu período e a inversão de frases a sua tentativa na conciliação dos elementos opostos. 5) Cultismo e conceptismo O cultismo caracteriza-se pelo uso de linguagem rebuscada, culta, extravagante, repleta de jogos de palavras e do emprego abusivo de figuras de estilo, como a metáfora e a hipérbole. Veja um exemplo de poesia cultista: Ao braço do Menino Jesus de Nossa Senhora das Maravilhas, A quem infiéis despedaçaram O todo sem a parte não é todo; A parte sem o todo não é parte; Mas se a parte o faz todo, sendo parte, Não se diga que é parte, sendo o todo. (Gregório de Matos) Já o conceptismo, que ocorre principalmente na prosa, é marcado pelo jogo de ideias, de conceitos, seguindo um raciocínio lógico, nacionalista, que utiliza uma retórica aprimorada. A organização da frase obedece a uma ordem rigorosa, com o intuito de convencer e ensinar. Veja um exemplo de prosa conceptista: Para um homem se ver a si mesmo são necessárias três coisas: olhos, espelho e luz. Se tem espelho e é cego, não se pode ver por falta de olhos; se tem espelhos e olhos, e é de noite, não se pode ver por falta de luz. Logo, há mister¹ luz, há mister espelho e há mister olhos. (Pe. Antônio Vieira) ¹mister: necessidade de, precisão. Figuras de Linguagem no Barroco As figuras de estilo mais comuns nos textos barrocos reforçam a tentativa de apreender a realidade por meio dos sentidos. Observe: Metáfora: é uma comparação implícita. Tem-se como exemplo o trecho a seguir, escrito por Gregório de Matos: Se és fogo, como passas brandamente? Se és neve, como queimas com porfia? Antítese: reflete a contradição do homem barroco, seu dualismo. Revela o contraste que o escritor vê em quase tudo. Observe aseguir o trecho de Manuel Botelho de Oliveira, no qual é descrita uma ilha, salientando-se seus elementos contrastantes: Vista por fora é pouco apetecida Porque aos olhos por feia é parecida; Porém, dentro habitada É muito bela, muito desejada, É como a concha tosca e deslustrosa, Que dentro cria a pérola formosa. Paradoxo: corresponde à união de duas ideias contrárias num só pensamento. Opõe-se ao racionalismo da arte renascentista. Veja a estrofe a seguir, de Gregório de Matos: Ardor em firme Coração nascido; pranto por belos olhos derramado; incêndio em mares de água disfarçado; rio de neve em fogo convertido. Hipérbole: traduz ideia de grandiosidade, pompa. Veja mais um exemplo de Gregório de Matos: É a vaidade, Fábio, nesta vida, Rosa, que da manhã lisonjeada, Púrpuras mil, com ambição dourada, Airosa rompe, arrasta presumida. Prosopopeia: personificação de seres inanimados para dinamizar a realidade. Observe um trecho escrito pelo Padre Antonio Vieira: No diamante agradou-me o forte, no cedro o incorruptível, na águia o sublime, no Leão o generoso, no Sol o excesso de Luz.
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