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Apostila de Literatura

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L ITERATURA 
 
TEL: (61) 4102-8485/4102-7660 
SITE: www.cursodegraus.com.br 
111 
 
ÍNDICE 
 
Linguagem poética ...................................... 111 
História da literatura ............................... 114 
Gêneros Literários ..................................... 114 
Estrutura da narrativa .............................. 116 
Trovadorismo .............................................. 121 
Humanismo ................................................... 122 
 123 
Barroco ......................................................... 129 
Arcadismo .................................................... 136 
Romantismo .................................................. 141 
Realismo / Naturalismo ............................. 167 
Parnasianismo .............................................. 176 
Simbolismo ................................................... 179 
Pré-modernismo .......................................... 185 
Vanguarda Europeias no Brasil................. 187 
Modernismo ................................................. 187 
Tendências contemporaneas .................... 194 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
LINGUAGEM POÉTICA 
 
VERSIFICAÇÃO 
 
Versificação: é a técnica de fazer versos 
ou de estudar-lhes os expedientes rítmicos e 
métricos de que se constituem. 
 
Prosa – é a forma de expressão continuada. Embora a 
prosa também possa ter ritmo, aqui ele é menos rigoroso 
que na poesia. Organiza-se em parágrafos. 
 
Poema – composição literária organizada em versos, 
que, por sua vez, se organizam em estrofes. 
 
Poema em prosa – composição literária que expressa 
um todo poético, não se configura em versos e apresenta 
estruturação livre, organizada em parágrafos. Aqui os 
parágrafos dão desobrigados da estruturação habitual, 
com tópico frasal e ideias secundárias. 
Exemplo: 
O poema 
 
Uma formiguinha atravessa, em diagonal, a página 
ainda em branco. Mas ele, aquela noite, não escreveu 
nada. Para quê? Se por ali já havia passado o frêmito e o 
mistério da vida... 
(Mário Quintana – sapato florido) 
 
Verso – é o conjunto de palavras que formam, dentro 
de qualquer número de sílabas, uma unidade fônica 
sujeita a um determinado ritmo. Em outras palavras, 
verso é cada linha do poema. 
 
Estrofe – agrupamento de versos que formam um 
conjunto rítmico e significativo. 
 
 
MÉTRICA 
 
Metro é a medida do verso. O estudo do 
metro chama-se metrificação e escansão é a 
contagem dos sons dos versos. As sílabas 
métricas, ou poéticas, diferem das sílabas gramaticais 
em alguns aspectos. 
 
Contam-se as sílabas ou sons até a tônica da última 
palavra de um verso. 
Exemplo: 
A-mo-te,ó-cruz,no-vér-ti-ce-fir-ma/da = 10 sílabas 
De es-plên-di-das-i-gre/jas = 6 sílabas 
Mi-nha-mu-lher-ex-pi-rou = 7 sílabas 
E as-bre/ves = 2 sílabas 
Vir-gem-das-do/res = 4 sílabas 
 
 
L ITERATURA 
 
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112 
Tipos de verso 
A um número de sílabas métricas em determinado 
verso podem ser atribuídos nomes: 
 Dodecassílabo: 12 sílabas 
Ins | pi | ra | do^a | pen | sar | em | teu | per | fil | di | vi | (no) 
 1 2 3 4 5 6 7 8 9 10 11 12 
 
-Alexandrino - Dodecassílabo com tônica na sexta e na 
décima segunda sílaba, formando dois hemistíquios. 
 
 Decassílabo: 10 sílabas (muito comum em sonetos e 
presente em Os Lusíadas de Luís de Camões) 
Não | tens | que | ças | da | que | lea | mor | ar | den | (te) 
 1 2 3 4 5 6 7 8 9 10 
 
- Heroico - Decassílabo com sílabas tônicas nas posi-
ções 6 e 10 
- Sáfico - Decassílabo com sílabas tônicas nas posições 
4, 8 e 10 
 -Martelo - Decassílabo Heroico com tônicas nas posi-
ções 3, 6 e 10 
- Gaita Galega ou Moinheira - Decassílabo com tôni-
cas nas posições 4, 7 e 10 
 
 Redondilha maior ou heptassílabo: 7 sílabas 
Se | nho | ra, | par | tem | tão | tris | (tes) 
 1 2 3 4 5 6 7 
 
 Redondilha menor: 5 sílabas 
Tan | tos | gri | tos | rou | (cos) 
 1 2 3 4 5 
 
A lista geral de designações é a seguinte: 
1. Monossílabo: 1 sílaba 
2. Dissílabo: 2 sílabas 
3. Trissílabo: 3 sílabas 
4. Tetrassílabo: 4 sílabas 
5. Pentassílabo ou Redondilha Menor: 5 sílabas 
6. Hexassílabo ou Heroico Quebrado: 6 sílabas 
7. Heptassílabo ou Redondilha Maior: 7 sílabas 
8. Octossílabo: 8 sílabas 
9. Eneassílabo: 9 sílabas 
10. Decassílabo: 10 sílabas 
11. Hendecassílabo: 11 sílabas 
12. Dodecassílabo ou alexandrino: 12 sílabas poéticas. 
 
Métrica clássica 
Na poesia grega e latina, a métrica conta-se em fun-
ção da quantidade das sílabas, consoante sejam breves 
ou longas. Ao conjunto de sílabas chama-se pé. Entre os 
mais divulgados contam-se o iambo, com uma sílaba 
breve seguida de uma longa (U—); o espondeu, com 
duas sílabas longas (— —); o dáctilo com uma sílaba 
longa e duas breves (—UU). 
Dos diversos tipos de versos usados, destacam-se o 
hexâmetro, com seis pés, e o pentâmetro, com cinco 
pés. O hexâmetro classifica-se segundo o tipo do penúl-
timo pé: hexâmetro dactílico com o quinto pé dáctilo, e 
hexâmetro espondaico com o quinto pé espondeu. 
Um par formado por um hexâmetro e um pentâmetro 
designa-se dístico elegíaco. 
 
Métrica medieval 
Na Idade Média continuou a usar-se o pé como uni-
dade métrica. Mas nessa época a noção de quantidade já 
não era aplicável às sílabas na generalidade das línguas. 
Assim, o pé passou a contar-se em função das sílabas 
tónicas. 
Tipos de pé: 
 Troqueu - Uma sílaba tônica e uma átona; 
 Iambo - Uma sílaba átona e uma tônica; 
 Dátilo - Uma sílaba tônica e duas átonas; 
 Anapesto - Duas sílabas átonas e uma tônica. 
 
Versos Isométricos 
A poesia clássica elaborava preferencialmente poe-
mas com versos isométricos, isto é, com a mesma me-
dida. Por exemplo, a epopeia camoniana foi construída 
toda ela com versos decassílabos. 
 
"Cessem do sábio grego e do troiano 
as navegações grandes que fizeram. 
Cale-se de Alexandre e de Trajano 
a fama das vitórias que tiveram, 
Que eu canto o peito ilustre lusitano 
a quem Netuno e Marte obedeceram. 
Cesse tudo que a Musa antiga canta 
que outro valor mais alto se alevanta." 
 
Versos Heterométricos 
A poesia moderna por ser revolucionária, vanguar-
dística, substituiu o verso metrificado pelo verso livre, 
isto é, livre de qualquer forma de fôrma pré-
estabelecida, não tendo nem regularidade métrica nem 
rima. Alguns poemas de autores modernos podem valer-
se de versos metrificados e com rimas, mas sem preocu-
pação com uma determinada regularidade. São os versos 
heterométricos, metrificados, mas com grande varia-
ção. 
Exemplo: 
ENCONTRO 
Almas gêmeas? 
Não sei... 
tanto faz. 
O que importa 
é que minh'alma 
quando encontra a tua 
a paz se faz. 
Minha alma fica nua, 
revela-se, desvela-se e nisso se compraz. 
Mas quando o meu 
penetra o teu 
corpo, 
tudo nele se contrai 
tudo nele se distrai 
e faz-se 
morto 
de prazer. 
 
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113 
SONETO 
 
Soneto é um poema de forma fixa, composto por 14 
versos. 
Pode ser apresentado em 3 formas de distribuição dos 
versos: 
 Soneto italiano ou petrarquiano: apresenta duas estro-
fes de 4 versos (quartetos) e duas de 3 (tercetos) 
 Soneto inglês ou "Shakespeareano: três quartetos e 
um dístico 
 Soneto monostrófico: Apresentauma única estrofe de 
14 versos. 
 
Estrutura 
O soneto possui uma estrutura lógica com uma in-
trodução, um desenvolvimento e uma conclusão, consti-
tuída pelo último terceto; esta última tomou o nome de 
"chave-de-ouro", porque se constitui como decodifica-
dora do significado global do poema. 
 
RIMA 
 
A rima é uma homofonia externa, cons-
tante da repetição da última vogal tônica do 
verso e dos fonemas que eventualmente a 
seguem. A rima pode ser classificada segundo sua Posi-
ção no Verso, sua Posição na Estrofe, a sua Sonoridade, 
a Tonicidade e ainda o seu Valor. 
 
Classificação das Rimas 
Posição no verso 
Externa - Quando a rima aparece ao final do verso. 
É o tipo mais comum de rima. 
Interna - Quando a semelhança fonética aparece no 
interior do verso. 
 “Lembranças, que lembrais meu bem passado 
 Para que sinta mais o mal presente 
 Deixai-me se quereis viver contente 
 Não me deixeis morrer neste estado” 
(Lembranças, que lembrais meu bem passado, Luís Vaz de Camões) 
 
Posição na estrofe 
a) Cruzadas ou alternadas: O primeiro verso rima 
com o terceiro, e o segundo com o quarto (abab). 
 “Minha desgraça não é ser poeta, 
 Nem na terra de amor não ter um eco, 
 E meu anjo de Deus, o meu planeta 
 Tratar-me como se trata um boneco…” 
 (Minha Desgraça, Álvares de Azevedo) 
 
b) Interpoladas ou intercaladas: O primeiro verso 
rima com o quarto, e o segundo com o terceiro (abba). 
 “Eu, filho do carbono e do amoníaco, 
 Monstro de escuridão e rutilância, 
 Sofro, desde a epigênese da infância, 
 A influência má dos signos do zodíaco.” 
 (Psicologia de um Vencido, Augusto dos Anjos) 
c) Emparelhadas: O primeiro verso rima com o se-
gundo, e o terceiro com o quarto (aabb). 
 “Aos que me dão lugar no bonde 
 e que conheço não sei de onde, 
 aos que me dizem terno adeus 
 sem que lhes saiba os nomes seus[…]” 
 (Obrigado, Carlos Drummond de Andrade) 
 
d) Encadeadas ou Internas: Quando rimam pala-
vras que estão no fim do verso e no interior do verso 
seguinte: 
 “Salve Bandeira do Brasil querida 
 Toda tecida de esperança e luz 
 Pálio sagrado sobre o qual palpita 
 A alma bendita do país da Cruz.” 
 
e) Misturadas: Não têm ordem determinada entre as 
rimas. 
 “A chuva chove mansamente… como um sono 
 Que tranquilize, pacifique, resserene… 
 A chuva chove mansamente… Que abandono! 
 A chuva é a música de um poema de Verlaine… 
 E vem-me o sonho de uma véspera solene, 
 Em certo paço, já sem data e já sem dono… 
 Véspera triste como a noite, que envenene 
 … Num velho paço, muito longe, em terra estranha, 
 Com muita névoa pelos ombros da montanha… 
 Paço de imensos corredores espectrais, 
 Onde murmurem, velhos órgãos, árias mortas, 
 Enquanto o vento, estrepitando pelas portas, 
 Revira in-fólios, cancioneiros e missais…” 
 (A Chuva Chove, Cecília Meireles) 
 
f) Versos brancos ou soltos: São os que não têm 
rima. 
 “A rosa com cirrose 
 A anti-rosa atômica 
 Sem cor sem perfume 
 Sem rosa sem nada.” 
 (Rosa de Hiroshima, Vinicios de Moraes) 
 
Tonicidade 
 
a) Agudas: Quando a rima acontece entre palavras 
oxítonas ou monossilábicas. 
Exemplo: Valor/Amor, és/viés 
 
b) Graves: Quando a rima acontece entre palavras 
paroxítonas. 
Exemplo: Santa/planta, mala/sala, toque/choque. 
 
c) Esdrúxulas: Quando a rima acontece entre palavras 
proparoxítonas. 
Exemplo: Mágico/Trágico, Fábula/tábula. 
 
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Sonoridade 
 
a) Perfeitas (consoantes, soantes, totais): Há uma 
perfeita identidade dos sons finais, assim como uma 
semelhança entre as últimas vogais e consoantes. 
Exemplo: Fada/dourada, rosa/formosa, anil/Brasil. 
 
b) Imperfeitas (assonantes, toantes, parciais): Quan-
do, ou há identidade apenas entre as vogais finais, não 
havendo necessariamente identidade entre os sons fi-
nais, ou quando o sonoridade é semelhante, mas a grafia 
das palavras é diferente. 
Exemplo: Estrela/vela, vertigem/virgem, mais/faz, 
seis/fez. 
 
Valor 
a) Pobres: Quando a rima acontece entre palavras da 
mesma classe gramatical. 
Exemplo: Falar/amar, o calor/o sabor, bonito/bendito. 
 
b) Ricas: Quando a rima acontece entre palavras de 
classes gramaticais diferentes. 
Exemplo: Cantando/bando, mar/navegar. 
 
c) Raras: Quando a rima acontece entre palavras de 
difícil combinação melódica. 
Exemplo: Cisne/tisne. 
 
d) Preciosas: Rimas entre verbos na forma verbo-
pronome com outras palavras. 
Exemplo: Estrela/Tê-la, Tranquilo/segui-lo. 
 
 
HISTÓRIA DA LITERATURA 
 
A história da literatura estuda os movi-
mentos literários, artistas e obras de uma 
determinada época com características gerais 
de estilo e temáticas comuns, e sua sucessão ao longo 
do tempo. 
As histórias da literatura são divididas em grandes 
movimentos denominados eras, que se dividem em 
movimentos denominados estilos de época ou escolas 
literárias. 
Cada escola literária representa as tendências estéti-
co-temáticas das obras literárias produzidas em uma 
determinada época. 
 
Os Gêneros Literários na Antiguidade 
 
Na Grécia Clássica, os textos literários se dividiam 
em três gêneros, que representavam as manifestações 
literárias da época: 
 
GÊNEROS LITERÁRIOS 
 
Quanto à forma, o texto pode apresentar-se em prosa 
ou verso. Quanto ao conteúdo, estrutura, e segundo os 
clássicos, conforme a "maneira de imitação", podemos 
enquadrar as obras literárias em três gêneros: 
 
GÊNERO LÍRICO 
 
Quando um "eu" nos passa uma emoção, um estado; 
centra-se no mundo interior do Poeta apresentando forte 
carga subjetiva. A subjetividade surge, assim, como 
característica marcante do lírico. O Poeta posiciona-se 
em face dos "mistérios da vida". É na maioria das vezes 
expressa pela poesia. Entretanto é de grande importân-
cia realçar que nem toda poesia pertence ao gênero 
lírico. 
Esse gênero se preocupa principalmente com o 
mundo interior de quem escreve o poema, o eu lírico. 
Os acontecimentos exteriores funcionam como estímulo 
para o poeta escrever. O que é fundamental em um 
poema é o trabalho com as palavras, que dá margem à 
compreensão da emoção, dos pensamentos, sentimentos 
do eu lírico e, muitas vezes, levam à reflexão, portanto, 
sendo geralmente escrito na primeira pessoa do singular. 
 
Características: 
1. Elementos gramaticais de primeira pessoa; 
2. Predomínio da função emotiva da linguagem; 
3. Recordação (ação de retornar ao coração); 
4. Imagens poéticas de apelo emocional. 
 
 Ode – é um texto de cunho entusiástico e melódico, 
em geral uma música. 
 Hino – é um texto de cunho glorificador ou até santi-
ficador. Os hinos de países e as músicas religiosas são 
exemplos de hino. 
 Soneto – é um texto em poesia com 14 versos, carac-
terizado em dois quartetos e dois tercetos, com rima 
geralmente em A-B-A-B A-B-B-A C-D-C D-C-D. 
 Elegia – poesia marcada pela melancolia, cujo tema 
são acontecimentos tristes ou a morte de alguém. 
 Idílio e écloga – poesias bucólicas, pastoris, que exal-
tam a vida campestre. A écloga difere do idílio por 
apresentar uma estrutura dialógica. 
 Epitalâmio – poesia cuja temática básica são as núp-
cias de alguém. 
 
GÊNERO DRAMÁTICO 
 
Quando os "atores, num espaço especial, apresen-
tam, por meio de palavras e gestos, um acontecimento". 
Retrata, fundamentalmente, os conflitos humanos. 
Drama, em grego, significa "ação". Ao gênero dra-
mático pertencem os textos, em poesia ou prosa, feitos 
para serem representados.Isso significa que entre autor 
e público desempenha papel fundamental o elenco (in-
 
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115 
cluindo diretor, cenógrafo e atores) que representará o 
texto. 
O gênero dramático compreende as seguintes moda-
lidades: 
 Tragédia - é a representação de um fato trágico, sus-
cetível de provocar compaixão e terror. Aristóteles 
afirmava que a tragédia era "uma representação duma 
ação grave, de alguma extensão e completa, em lingua-
gem figurada, com atores agindo, não narrando, inspi-
rando dó e terror". 
 Comédia - é a representação de um fato inspirado na 
vida e no sentimento comum, de riso fácil, em geral 
criticando os costumes. Sua origem grega está ligada às 
festas populares, celebrando a fecundidade da natureza. 
 Tragicomédia - modalidade em que se misturam 
elementos trágicos e cômicos. Originalmente, significa-
va a mistura do real com o imaginário. 
 Farsa - pequena peça teatral, de caráter ridículo e 
caricatural, que critica a sociedade e seus costumes; é 
um texto onde os personagens principais podem ser 
duas ou mais pessoas diferentes e não serem reconheci-
dos pelos feitos dessa pessoa. 
 Drama – representação que se caracteriza, principal-
mente, pela exploração dos sentimentos humanos. Pela 
natureza da sua abordagem apresenta um tom solene, 
sério. 
 Auto – representação de caráter religioso, abordando 
a vida de Cristo ou de santos. 
Características: 
1. Predomínio do discurso direto; 
2. Marcado essencialmente pelo diálogo; 
3. As ações levam o público às emoções; 
4. Ações dramáticas apresentam-se como atualidades. 
 
 
GÊNERO ÉPICO OU NARRATIVO 
 
Quando temos uma narrativa de fundo histórico; são 
os feitos heroicos e os grandes ideais de um povo o 
tema das epopeias. O narrador mantém um distancia-
mento em relação aos acontecimentos (esse distancia-
mento é reforçado, naturalmente, pelo aspecto temporal: 
os fatos narrados situam-se no passado). Temos um 
Poeta-observador voltado, portanto, para o mundo exte-
rior, tornando a narrativa objetiva. A objetividade é 
característica marcante do gênero épico. A épica já foi 
definida como a poesia da "terceira pessoa do tempo 
passado". 
A palavra "epopeia" vem do grego épos, ‘verso’+ 
poieô, ‘faço’ e se refere à narrativa em forma de versos, 
de um fato grandioso e maravilhoso que interessa a um 
povo. É uma poesia objetiva, impessoal, cuja caracterís-
tica maior é a presença de um narrador falando do pas-
sado (os verbos aparecem no pretérito). O tema é, nor-
malmente, um episódio grandioso e heroico da história 
de um povo. 
O Gênero narrativo é visto como uma variante do 
gênero épico, enquadrando, neste caso, as narrativas em 
prosa. Dependendo da estrutura, da forma e da extensão, 
as principais manifestações narrativas são o romance, a 
novela e o conto. 
Em qualquer das três modalidades acima, temos re-
presentações da vida comum, de um mundo mais indi-
vidualizado e particularizado, ao contrário da universa-
lidade das grandiosas narrativas épicas, marcadas pela 
representação de um mundo maravilhoso, povoado de 
heróis e deuses. 
 
Características: 
1. Elementos gramaticais de 3ª ou 1ª pessoa; 
2. Predomínio da função referencial da linguagem; 
3. Rememorização (ação de retornar à memória); 
4. Linguagem poética objetiva, sem apelos emocionais. 
 
As narrativas em prosa, que conheceram um notável 
desenvolvimento desde o final do século XVIII, são 
também comumente chamadas de narrativas de ficção. 
 
 Epopeia – narrativa em versos de um fato grandioso, 
heroico e maravilhoso de interesse de uma nação, reali-
zada numa atmosfera de exaltação. Além da epopeia, 
existe o poemeto épico e o poema herói-cômico. 
 Romance: narração de um fato imaginário, mas ve-
rossímil, que representa quaisquer aspectos da vida 
familiar e social do homem. Comparado à novela, o 
romance apresenta um corte mais amplo da vida, com 
personagens e situações mais densas e complexas, com 
passagem mais lenta do tempo. Dependendo da impor-
tância dada ao personagem ou à ação ou, ainda, ao espa-
ço, podemos ter romance de costumes, romance psico-
lógico, romance policial, romance regionalista, romance 
de cavalaria, romance histórico, etc. 
 Novela: na literatura em língua portuguesa, a princi-
pal distinção entre novela e romance é quantitativa: vale 
a extensão ou o número de páginas. Entretanto, pode-
mos perceber características qualitativas: na novela, 
temos a valorização de um evento, um corte mais limi-
tado da vida, a passagem do tempo é mais rápida, e o 
que é mais importante, na novela o narrador assume 
uma maior importância como contador de um fato pas-
sado. 
 Conto: é a mais breve e simples narrativa centrada em 
um episódio da vida. O crítico Alfredo Bosi, em seu 
livro O conto brasileiro contemporâneo, afirma que o 
caráter múltiplo do conto "já desnorteou mais de um 
teórico da literatura ansioso por encaixar a forma conto 
no interior de um quadro fixo de gêneros. Na verdade, 
se comparada à novela e ao romance, a narrativa curta 
condensa e potencia no seu espaço todas as possibilida-
des da ficção". 
 Fábula: narrativa inverossímil, com fundo didático, 
que tem como objetivo transmitir uma lição moral. 
Normalmente a fábula trabalha com animais como per-
sonagens. Quando os personagens são seres inanimados, 
objetos, a fábula recebe a denominação de apólogo. 
 Crônica – relato de episódio do cotidiano, captados 
pela sensibilidade do escritor, que extrai deles momen-
tos de humor, e reflexão sobre a vida e o mundo. 
 
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ESTRUTURA DA NARRATIVA 
 
Narrativa – é uma obra literária caracterizada pela 
existência de um narrador que apresenta um enredo, 
com tempo e espaço determinados, no qual atuam per-
sonagens inseridas em situações imaginárias ou não. 
 
Narração – é a atividade literária que configura a nar-
rativa propriamente dita. Assim, a narração pode ser 
vista como a ação, processo ou efeito de narrar. É uma 
exposição escrita ou oral de um acontecimento ou de 
uma série de acontecimentos mais ou menos sequencia-
do. 
 
A ação da narrativa é constituída por três ações: In-
triga, Ação principal e Ação secundária. 
Intriga: Ação considerada como um conjunto de acon-
tecimentos que se sucedem, segundo um princípio de 
casualidade, com vista a um desenlace. A intriga é uma 
ação fechada. 
Ação principal: Integra o conjunto de sequências narra-
tivas que detêm maior importância ou relevo. 
Ação secundária: A sua importância define-se em 
relação à principal, de que depende, por vezes; relata 
acontecimentos de menor relevo. 
 
Sequência 
A ação é constituída por um número variável de se-
quências (segmentos narrativos com princípio, meio e 
fim), que podem aparecer articuladas dos seguintes 
modos: 
 Encadeamento ou organização por ordem cronológica. 
 Encaixe, em que uma ação é introduzida numa outra 
que estava a ser narrada e que depois se retoma. 
 Alternância, em que várias histórias ou sequências 
vão sendo narradas alternadamente pela forma que foi 
escrita esse eu lírico deve ser mais abrangente de forma 
que o leitor se familiarize com a leitura. 
 
A ação pode dividir-se em: 
 
 Apresentação ― é o momento do texto em que o 
narrador apresenta os personagens, o cenário, o tempo, 
etc. Nesse momento ele situa o leitor nos acontecimen-
tos (fatos). 
 Desenvolvimento ― é nesse momento que se inicia o 
conflito (a oposição entre duas forças ou dois persona-
gens). A paz inicialé quebrada através do conflito para 
que a ação, através dos fatos, se desenvolva. 
 Clímax ― momento de maior intensidade dramática 
da narrativa. É nesse momento que o conflito fica insus-
tentável, algo tem de ser feito para que a situação se 
resolva. 
 Desfecho ― é como os fatos (situação) se resolvem 
no final da narrativa. Pode ou não apresentar a resolução 
do conflito. 
 
 
Tempo 
 
 Tempo cronológico ou tempo da história - determi-
nado pela sucessão cronológica dos acontecimentos 
narrados. 
 Tempo histórico - refere-se à época ou momento 
histórico em que a ação se desenrola. 
 Tempo psicológico - é um tempo subjetivo, vivido 
ou sentido pela personagem, que flui em consonância 
com o seu estado de espírito. 
 Tempo do discurso - resulta do tratamento ou ela-
boração do tempo da história pelo narrador. Este pode 
escolher narrar os acontecimentos: 
 por ordem linear 
 com alteração da ordem temporal (anacronia), recor-
rendo à analepse (recuo a acontecimentos passados) ou 
à prolepse (antecipação de acontecimentos futuros); 
 ao ritmo dos acontecimentos (isocronia), como, por 
exemplo, na cena dialogada; 
 a um ritmo diferente (anisocronia), recorrendo ao 
resumo ou sumário (condensação dos acontecimentos), 
à elipse (omissão de acontecimentos) e à pausa (inter-
rupção da história para dar lugar a descrições ou diva-
gações). 
 
Personagens 
 
A personagem poder ser pessoas, seres humanos, um 
animal (Revolução dos Bichos), a morte (As intermitên-
cias da morte), uma cidade decadente ou uma caneta 
caindo, desde que estejam num espaço e praticando uma 
ação, ainda que involuntária. 
Relevo das personagens 
 Protagonista, personagem principal ou herói: desem-
penha um papel central, a sua atuação é fundamental 
para o desenvolvimento da ação. 
 Personagem secundária: assume um papel de menor 
relevo que o protagonista, sendo ainda importante para 
o desenrolar da ação. 
 Figurante: tem um papel irrelevante no desenrolar da 
ação, cabendo-lhe, no entanto, o papel de ilustrar um 
ambiente ou um espaço social de que é representante. 
 
Composição 
 
 Personagem modelada ou redonda ou esférica: dinâ-
mica, dotada de densidade psicológica, capaz de alterar 
o seu comportamento e, por conseguinte, de evoluir ao 
longo da narrativa. 
 Personagem plana ou desenhada: estática, sem evolu-
ção, sem grande vida interior; por outras palavras: a 
personagem plana comporta-se da mesma forma previ-
sível ao longo de toda a narrativa. 
 Personagem-tipo: representa um grupo profissional ou 
social. 
 Personagem coletiva: Representa um grupo de indiví-
duos que age como se os animasse uma só vontade. 
 
 
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Espaço ou Ambiente 
• Espaço ou Ambiente físico: é o espaço real, que serve 
de cenário à ação, onde as personagens se movem. 
• Espaço ou Ambiente social: é constituído pelo ambi-
ente social, representando, por excelência, pelas perso-
nagens figurantes. 
• Espaço ou Ambiente psicológico: espaço interior da 
personagem, abarcando as suas vivências, os seus pen-
samentos e sentimentos. 
O espaço ou ambiente pode ser desde uma praia a um 
lago congelado. De acordo com espaço ou ambiente é 
que os fatos da narração se desenrolam. 
 
Narrador 
 Participação 
 Heterodiegético: Não participante. 
 Autodiegético: Participa como personagem principal. 
 Homodiegético: Participa como personagem secundá-
ria. 
 
 Focalização: É a perspectiva adoada pelo narrador 
em relação ao universo narrado. Diz respeito ao MODO 
como o narrador vê os fatos da história. 
 Onisciente: colocado numa posição de transcen-
dência, o narrador mostra conhecer toda a história, ma-
nipula o tempo, devassa o interior das personagens. 
 Observador: o conhecimento do narrador limita-se 
ao que é observável do exterior. 
 Neutra: O narrador não expõe seu ponto de vista 
(este modo não existe na prática, apenas na teoria). 
 Restritiva: A visão dos fatos dá-se através da ótica 
de algum personagem. 
 Interventiva, intrusa: O autor faz observações 
sobre os personagens (típica dos romances modernos - 
Machado de Assis) 
 
 
QUESTÃO 01 
(Ufes) "Quem sabe se nesta terra 
não plantarei minha sina? 
Não tenho medo da terra 
cavei pedra toda a vida 
e para quem lutou a braço 
contra a piçarra da caatinga 
fácil será amansar 
esta aqui, tão feminina" 
João Cabral de Melo Neto. Morte e vida severina. 
 
Quanto ao gênero literário, é correto afirmar sobre o 
fragmento do texto lido: 
a) Não há lirismo, pois é feito para ser representado: 
b) É narrativo, pelo cunho regionalista e social; 
c) É dramático, com uma linguagem fortemente poética; 
d) É uma peça teatral, sem qualquer lirismo, pela rudeza 
da linguagem; 
e) É mais épico que lírico ou dramático. 
Com base no texto abaixo, responda às questões de 
números 2 e 3. 
 
"[...] Não resguardei os apontamentos obtidos em largos 
dias e meses de observação: num momento de aperto fui 
obrigado a atirá-los na água. Certamente me irão fazer 
falta, mas terá sido uma perda irreparável? Quase me 
inclino a supor que foi bom privar-me desse material. Se 
ele existisse, ver-me-ia propenso a consultá-lo a cada 
instante, mortificar-me-ia por dizer com rigor a hora 
exata de uma partida, quantas demoradas tristezas se 
aqueciam ao sol pálido, em manhã de bruma, a cor das 
folhas que tombavam das árvores, num pátio branco, a 
forma dos montes verdes, tintos de luz, frases autênti-
cas, gestos, gritos, gemidos. Mas que significa isso? 
Essas coisas verdadeiras podem não ser verossímeis. E 
se esmoreceram, deixá-las no esquecimento: valiam 
pouco, pelo menos imagino que valiam pouco. Outras, 
porém, conservaram-se, cresceram, associaram-se, e é 
inevitável mencioná-las. Afirmarei que sejam absoluta-
mente exatas? Leviandade. [...] Nesta reconstituição de 
fatos velhos, neste esmiuçamento, exponho o que notei, 
o que julgo ter notado. Outros devem possuir lembran-
ças diversas. Não as contesto, mas espero que não recu-
sem as minhas: conjugam-se, completam-se e me dão 
hoje impressão de realidade. [...]" 
Graciliano Ramos. Memórias do cárcere. Rio, São Paulo: Record, 
1984. 
 
QUESTÃO 02 
O fragmento transcrito expressa uma reflexão do autor-
narrador quanto à escrita de seu livro contando a experi-
ência que viveu como preso político, durante o Estado 
Novo. 
No que diz respeito às relações entre escrita literária e 
realidade, é possível depreender, da leitura do texto, a 
seguinte característica da literatura: 
a) Revela ao leitor vivências humanas concretas e reais; 
b) Representa uma conscientização do artista sobre a 
realidade; 
c) Dispensa elementos da realidade social exterior à arte 
literária; 
d) Constitui uma interpretação de dados da realidade 
conhecida. 
 
QUESTÃO 03 
A relação entre autor e narrador pode assumir feições 
diversas na literatura. Pode-se dizer que tal relação tem 
papel fundamental na caracterização de textos que, a 
exemplo do livro de Graciliano Ramos, constituem uma 
autobiografia — gênero literário definido como relato 
da vida de um indivíduo feito por ele mesmo. 
A partir dessa definição, é possível afirmar que o caráter 
autobiográfico de uma obra é reconhecido pelo leitor em 
virtude de: 
a) Conteúdo verídico das experiências pessoais e coleti-
vas relatadas; 
b) Identidade de nome entre autor, narrador e persona-
gem principal; 
 
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c) Possibilidadede comprovação histórica de contextos 
e fatos narrados; 
d) Notoriedade do autor e de sua história junto ao públi-
co e à sociedade. 
 
 
Com base no texto abaixo, responda às questões de 
números 4 a 6. 
 
 
O Corpo 
"Acrobata enredado 
Em clausura de pele 
Sem nenhuma ruptura 
Para onde me leva 
Sua estrutura? 
 
Doce máquina 
Com engrenagem de músculos 
Suspiro e rangido 
O espaço devora 
Seu movimento 
(Braços e pernas 
sem explosão) 
 
Engenho de febre 
Sono e lembrança 
Que arma 
E desarma minha morte 
Em armadura de treva." 
Armando Freitas Filho 
 
QUESTÃO 04 
(Uerj) No poema, o eu lírico desenvolve, empregando 
diferentes imagens, a ideia de corpo como clausura. Isso 
não ocorre no seguinte verso: 
a) “Acrobata enredado” (v. 1). 
b) “Sem nenhuma ruptura” (v. 3). 
c) “Com engrenagem de músculos” (v. 7). 
d) “Em armadura de treva.” (v. 17). 
 
 
QUESTÃO 05 
(Uerj) A concisão é uma das características que mais se 
destacam na estrutura do poema. Essa concisão pode ser 
atribuída a: 
a) Clara ausência de conectivos, explorando a sonorida-
de do poema. 
b) Pouco uso de metáforas, enfatizando a fragmentação 
dos versos. 
c) Abrupta mudança de versos, reforçando a lógica das 
ideias. 
d) Baixa frequência de verbos, exprimindo a inércia do 
eu lírico. 
 
 
 
 
 
 
QUESTÃO 06 
(Uerj) 
"Engenho de febre 
Sono e lembrança 
Que arma 
E desarma minha morte 
Em armadura de treva." 
 
A ausência de pontuação nessa última estrofe do poema 
pode nos levar a diferentes leituras do texto. A única 
interpretação incoerente desse trecho é apresentada em: 
a) Engenho de febre e de sono, e lembrança que arma e 
desarma minha morte em armadura de treva. 
b) Engenho de febre, de sono e de lembrança, a qual 
arma e desarma minha morte em armadura de treva. 
c) Engenho de febre, de sono e de lembrança, o qual 
arma e desarma minha morte em armadura de treva. 
d) Engenho de febre, engenho que é sono e lembrança, e 
que arma e desarma minha morte em armadura de treva. 
 
Leia o poema de Manuel Bandeira para responder às 
questões de números 7 a 10. 
 
Versos de Natal 
"Espelho, amigo verdadeiro, 
Tu refletes as minhas rugas, 
Os meus cabelos brancos, 
Os meus olhos míopes e cansados. 
Espelho, amigo verdadeiro, 
Mestre do realismo exato e minucioso, 
Obrigado, obrigado! 
Mas se fosses mágico, 
Penetrarias até ao fundo desse homem triste, 
Descobririas o menino que sustenta esse homem, 
O menino que não quer morrer, 
Que não morrerá senão comigo, 
O menino que todos os anos na véspera do Natal 
Pensa ainda em pôr os seus chinelinhos atrás da porta." 
 
 
QUESTÃO 07 
(Unifesp) Para o poeta, o espelho é um amigo verdadei-
ro porque: 
a) Não permite que ele sofra, atrelando-o à realidade em 
que vive. 
b) Aguça seus sentidos, incentivando-o aos devaneios, 
como uma criança. 
c) Perpetua a crença de que a imaginação nunca se aca-
ba. 
d) Mostra a realidade, desnudando-lhe as faces da velhi-
ce. 
e) Denuncia o estado decrépito em que está, mas cria-
lhe a fantasia da felicidade. 
 
 
 
 
 
 
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QUESTÃO 08 
(Unifesp) No poema, a metáfora do espelho é um cami-
nho para a reflexão sobre: 
a) A velhice do poeta, revelada por seu mundo interior, 
triste e apático. 
b) A magia do Natal e as expectativas do presente, mai-
ores ainda na velhice. 
c) O encanto do Natal, vivido pelo homem-menino que 
a tudo assiste sem emoção. 
d) A alegria que ronda o poeta, fruto dos sonhos e da 
esperança contidos no homem e ausentes no menino. 
e) As limitações impostas pelo mundo externo ao ho-
mem e os anseios e sonhos vivos no menino. 
 
 
QUESTÃO 09 
(Unifesp) O fato de o poeta reconhecer em si a existên-
cia do menino indica que: 
a) Há toda uma fragilidade envolvendo-o, já que se 
sente um homem triste, ao qual não cabe mais nada 
senão esperar a morte. 
b) Tem consciência de uma força para viver, pois o 
menino se define como sua base e lhe permite romper 
com a realidade que o circunda. 
c) Se ajusta placidamente à velhice presente, a qual o 
amigo espelho insiste em mostrar-lhe de forma degra-
dante e revestida de tristeza. 
d) Vive como uma criança, sempre alegre e sonhador, 
totalmente alheio ao mundo real de que faz parte. 
e) Contesta o mundo em que vive, idealizado e opressor, 
que reflete os seus cabelos brancos e a tristeza que sen-
te. 
 
 
QUESTÃO 10 
(Unifesp) No poema, o poeta contesta o senso comum, 
isto é, a ideia de que: 
a) As pessoas, na velhice, esperam pelos presentes de 
Natal. Para ele, os presentes são direitos apenas das 
crianças. 
b) Os idosos sabem reconhecer a força exercida neles 
pelo tempo. Para ele, essas pessoas deixam a realidade e 
vivem num mundo distante e cheio de fantasias. 
c) O menino morre com a chegada da vida adulta. Para 
ele, o menino está atrelado ao homem até o fim, portan-
to, vivo por toda a vida. 
d) A chegada da velhice faz com que as pessoas voltem 
a ser crianças. Para ele, os idosos são perspicazes e 
enxergam a realidade de forma crítica e consciente. 
e) O Natal é uma época de alegria e de união entre as 
pessoas. Para ele, a ocasião vale pelos presentes e não 
pelos sonhos e sentimentos. 
 
 
 
 
 
 
 
QUESTÃO 11 
(PRISE/UEPA-2006) Assinale a alternativa que indica 
corretamente os gêneros literários dos textos abaixo 
relacionados, na sequência em que estão dispostos: 
I- “O Dr. Mamede, o mais ilustre e o mais eminente dos 
alienistas, havia pedido a três de seus colegas e a quatro 
sábios que se ocupavam de ciências naturais, que vies-
sem passar uma hora na casa de saúde por ele dirigida 
para que lhes pudesse mostrar um de seus pacientes.” 
(Guy de Maupassant) 
 
II- Todas as noites o sono nos atira da beira de um cais 
E ficamos repousando no fundo do mar. 
O mar onde tudo recomeça... 
Onde tudo se refaz... 
Até que, um dia, nós criaremos asas. 
E andaremos no ar como se anda na terra. 
(Mário Quintana) 
 
III- Oh! Que famintos beijos na floresta! 
E que mimoso choro que soava! 
Que afagos tão suaves, que ira honesta, 
Que em risinhos alegres se tornava! 
O que mais passam na manhã e na sesta, 
Que Vênus com prazeres inflamava, 
Melhor é experimentá-lo que julgá-lo; 
Mas julgue-o quem não pode experimentá-lo. 
(Luiz de Camões) 
 
IV- Velha: E o lavrar, Isabel? 
Isabel: Faz a moça mui mal feita, 
 corcovada, contrafeita, 
 de feição de meio anel; 
 e faz muito mau carão, 
 e mau costume d’olhar. 
Velha: Hui! Pois jeita-te ao fiar 
 Estopa ou linho ou algodão; 
 Ou tecer, se vem à mão. 
Isabel: Isso é pior que lavrar. 
(Mário Quintana) 
 
a) Narrativo – Épico – Lírico – Dramático. 
b) Dramático – Lírico – Épico – Narrativo 
c) Narrativo – Lírico – Épico – Dramático 
d) Dramático – Épico – Narrativo – Lírico 
e) Épico – Dramático – Narrativo – Lírico 
 
Instrução: As questões de números 12, 13 e 14 tomam 
por base um trecho de uma carta do Padre Antônio Viei-
ra (1608-1697) e um soneto do poeta simbolista brasilei-
ro Péthion de Villar (Egas Moniz Barreto de Aragão, 
1870-1924). 
 
Carta XIII — Ao Rei D. João IV — 4 de abril de 
1654 
"(...) 
Tornando aos índios do Pará, dos quais, como dizia, se 
serve quem ali governa como se foram seus escravos, e 
 
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os traz quase todos ocupados em seus interesses, princi-
palmente no dos tabacos, obriga-me a consciência a 
manifestar a V.M. os grandes pecados que por ocasião 
deste serviço se cometem. 
Primeiramente nenhum destes índios vai senão violen-
tado e por força, e o trabalho é excessivo, e em que 
todos os anos morrem muitos, por ser venenosíssimo o 
vapor do tabaco: o rigor com que são tratados é mais 
que de escravos; os nomes que lhes chamam e que eles 
muito sentem, feiíssimos; o comer é quase nenhum; a 
paga tão limitada que não satisfaz a menor parte do 
tempo nem do trabalho; e como os tabacos se lavram 
sempre em terras fortes e novas, e muito distante das 
aldeias, estão os índios ausentes de suas mulheres, e 
ordinariamente eles e elas em mau estado, e os filhos 
sem quem os sustente, porque não têm os pais tempo 
para fazer suas roças, com que as aldeias estão sempre 
em grandíssima fome e miséria. 
Também assim ausentes e divididos não podem os ín-
dios ser doutrinados, e vivem sem conhecimento da fé, 
nem ouvem missa nem a têm para a ouvir, nem se con-
fessam pela Quaresma, nem recebem nenhum outro 
sacramento, ainda na morte; e assim morrem e se vão ao 
Inferno, sem haver quem tenha cuidado de seus corpos 
nem de suas almas, sendo juntamente causa estas cruel-
dades de que muitos índios já cristãos se ausentam de 
suas povoações, e se vão para a gentilidade, e de que os 
gentios do sertão não queiram vir para nós, temendo-se 
do trabalho a que os obrigam, a que eles de nenhum 
modo são costumados, e assim se vêm a perder as con-
versões e os já convertidos; e os que governam são os 
primeiros que se perdem, e os segundos serão os que os 
consentem; e isto é o que cá se faz hoje e o que se fez 
até agora.” 
Padre Antonio Vieira. Carta XIII. 1949. 
 
O último pajé 
“Cheio de angústia e de rancor, calado, 
Solene e só, a fronte carrancuda, 
Morre o velho Pajé, crucificado 
Na sua dor, tragicamente muda. 
Vê-se-lhe aos pés, disperso e profanado, 
O troféu dos avós: a flecha aguda, 
O terrível tacape ensanguentado, 
Que outrora erguia aquela mão sanhuda. 
Vencida a sua raça tão valente, 
Errante, perseguida cruelmente, 
Ao estertor das matas derrubadas! 
'Tupã mentiu!' e erguendo as mãos sagradas, 
Dobra o joelho e a calva sobranceira 
Para beijar a terra brasileira." 
Péthion de Villar. A morte do pajé. 1978. 
 
QUESTÃO 12 
(Vunesp) Embora separados por mais de dois séculos, 
os textos apresentados focalizam uma mesma questão 
social surgida no Brasil-Colônia, que tem repercussões 
até os dias atuais. Releia os dois textos com atenção e, a 
seguir: 
a) Identifique a questão social abordada por ambos os 
textos; 
b) Explique em que medida o poema de Péthion de 
Villar, escrito em 1900, simboliza, com certa dramatici-
dade, um dos desfechos possíveis dos problemas apon-
tados em 1654 por Vieira ao rei de Portugal. 
 
QUESTÃO 13 
(Vunesp) Podemos estranhar, por vezes, o emprego de 
certas palavras nos textos, seja por não serem muito 
comumente usadas, seja por manobras estilístico-
expressivas do escritor. O contexto em que tais palavras 
se encontram, todavia, permite percebermos o sentido 
sem que precisemos socorrer-nos do dicionário. Com 
base neste comentário: 
a) Aponte o que pretende significar Vieira, no terceiro 
parágrafo, sob o ponto de vista religioso, com a expres-
são “gentios do sertão”; 
b) Estabeleça, com base na leitura de todo o poema, o 
sentido que a palavra “crucificado” apresenta no tercei-
ro verso do soneto de Péthion. 
 
QUESTÃO 14 
14. (Vunesp) Ao focalizar como tema a mesma questão 
histórico-social, Vieira e Péthion o fazem sob pontos de 
vista distintos. Lembrando que Vieira escreve uma carta 
ao rei e que Péthion escreve um poema, responda: 
a) O que quer enfatizar Vieira com a frase final “... e 
isto é o que cá se faz hoje e o que se fez até agora”? 
b) Por que, mesmo situando seu conteúdo num plano 
imaginário, idealizado, simbólico, o poema de Péthion 
não desfigura a realidade em que se baseia? 
 
Gabarito 
1. C 2. D 3. B 4. C 5. D 
6. A 7. D 8. E 9. B 10.C 
11. C 
12. 
a) A questão social abordada pelos textos é a do exter-
mínio indiscriminado dos índios pelos brancos — ou, 
em outros termos, a falta de uma política de inclusão 
social do indígena no processo de civilização das terras 
virgens da América Portuguesa. 
b) O poema de Péthion de Villar descreve a morte indi-
vidual de um índio, particularizando o processo social 
de que fala a carta de Vieira. O texto poético encena o 
drama do ponto de vista psicológico, ao imaginar o 
extermínio de uma etnia por meio de um indivíduo. O 
de Vieira trata a questão como tema cultural, discorren-
do sobre as condições gerais do povo oprimido. 
 
13. 
a) A expressão “gentios do sertão” remete àqueles que 
“vivem sem conhecimento da fé”, isto é, aos que ainda 
não foram catequizados e conduzidos ao cristianismo. O 
substantivo “gentio” é, muitas vezes, empregado como 
sinônimo de pagão, enquanto a locução adjetiva “do 
sertão” designa quem vive distante das “povoações” a 
que refere Vieira. Assim, a expressão “gentios do ser-
 
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tão” indica todos aqueles que não são adeptos do cristi-
anismo e que se mantêm distantes dos povoados que 
estavam sob a influência da Igreja. 
b) A palavra “crucificado” está sendo empregada para 
indicar o momento em que o pajé morre. Esse adjetivo, 
impregnado de traços semânticos cristãos (na medida 
em que a cruz é o principal símbolo religioso da Igreja), 
reforça a hipótese de que o pajé passou por um processo 
forçado de cristianização, que fez com que sua cultura 
fosse “profanada”. Tal situação justifica a conclusão 
final do pajé (“Tupã mentiu”), pois nem mesmo o deus 
dos índios impediu que o pajé fosse “crucificado na sua 
dor”. 
14. 
a) Vieira descreve, na carta, o resultado da ação dos 
colonizadores em relação aos índios: submetidos ao 
trabalho desumano nas plantações de tabaco, na condi-
ção de escravos, sem poder cuidar de suas mulheres e 
filhos, que se viam reduzidos à miséria — o que tornava 
inviável o esforço missionário de conversão dos gentios 
à fé católica. Com a frase final, ele enfatiza o caráter 
danoso da ação dos colonizadores — tanto dos gover-
nantes, responsáveis pelos maus tratos, quanto daqueles 
que permitiam tal procedimento, uma vez que ambos 
não prejudicavam somente os índios e o trabalho missi-
onário, mas a eles próprios, pois a ação dos primeiros 
(governantes) e a omissão dos segundos (colonizadores 
governados), igualmente, os levariam à perdição eterna. 
b) A realidade em que se baseia o soneto de Péthion de 
Villar é a do quase extermínio físico e cultural dos ín-
dios no Brasil, em decorrência da ação colonizadora. 
Tal realidade não é deturpada pelo poema na medida em 
que se trata de um fato histórico. No entanto, exatamen-
te por ser uma obra literária, o soneto opera uma trans-
figuração ficcional da realidade. 
 
 
TROVADORISMO 
 
Designa-se por Trovadorismo o perío-
do que engloba a produção literária de 
Portugal durante seus primeiros séculos de 
existência (séc. XII ao XV). No âmbito da poesia, a 
tônica são mesmo as Cantigas em suas modalidades; 
enquanto a prosa apresenta as Novelas de Cavalaria. 
 
CONTEXTO HISTÓRICO 
Momento final da Idade Média na Península Ibérica, 
onde a cultura apresenta a religiosidade como elemento 
marcante. 
A vida do homem medieval é totalmente norteadapelos valores religiosos e para a salvação da alma. O 
maior temor humano era a ideia do inferno que torna o 
ser medieval submisso à Igreja e seus representantes. 
São comuns procissões, romarias, construção de 
templos religiosos, missas etc. A arte reflete, então, esse 
sentimento religioso em que tudo gira em torno de 
Deus. Por isso, essa época é chamada de Teocêntrica. 
As relações sociais estão baseadas também na sub-
missão aos senhores feudais. Estes eram os detentores 
da posse da terra, habitavam castelos e exerciam o poder 
absoluto sobre seus servos ou vassalos. Há bastante 
distanciamento entre as classes sociais, marcando bem a 
superioridade de uma sobre a outra. 
O marco inicial do Trovadorismo data da primeira 
cantiga feita por Paio Soares Taveirós, provavelmente 
em 1198, intitulada Cantiga da Ribeirinha. 
 
CARACTERÍSTICAS 
A poesia desta época compõe-se basicamente de 
cantigas, geralmente com acompanhamento de instru-
mentos (alaúde, flauta, viola, gaita etc.). Quem escrevia 
e cantava essas poesias musicadas eram os jograis e os 
trovadores. Estes últimos deram origem ao nome deste 
estilo de época português. 
Mais tarde, as cantigas foram compiladas em Canci-
oneiros. Os mais importantes Cancioneiros desta época 
são o da Ajuda, o da Biblioteca Nacional e o da Vatica-
na. 
As cantigas eram cantadas no idioma galego-
português e dividem-se em dois tipos: líricas (de amor e 
de amigo) e satíricas (de escárnio e mal-dizer). 
Do ponto de vista literário, as cantigas líricas apre-
sentam maior potencial, pois formam a base da poesia 
lírica portuguesa e até brasileira. Já as cantigas satíricas, 
geralmente, tratavam de personalidades da época, numa 
linguagem popular e muitas vezes obscena. 
 
Cantigas de amor 
Origem da Provença, região da França, trazidas atra-
vés dos eventos religiosos e contatos entre as cortes. 
Tratam, geralmente, de um relacionamento amoroso, em 
que o trovador canta seu amor a uma dama, normalmen-
te de posição social superior, inatingível. Refletindo a 
relação social de servidão, o trovador roga a dama que 
aceite sua dedicação e submissão. 
Eu-lírico - masculino 
 
Cantigas de amigo 
Neste tipo de texto, quem fala é a mulher e não o 
homem. O trovador compõe a cantiga, mas o ponto de 
vista é feminino, mostrando o outro lado do relaciona-
mento amoroso - o sofrimento da mulher à espera do 
namorado (chamado "amigo"), a dor do amor não cor-
respondido, as saudades, os ciúmes, as confissões da 
mulher a suas amigas, etc. Os elementos da natureza 
estão sempre presentes, além de pessoas do ambiente 
familiar, evidenciando o caráter popular da cantiga de 
amigo. 
Eu-lírico – feminino 
 
 
Cantigas satíricas 
Aqui os trovadores preocupavam-se em denunciar os 
falsos valores morais vigentes, atingindo todas as clas-
 
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122 
ses sociais: senhores feudais, clérigos, povo e até eles 
próprios. 
o Cantigas de escárnio - crítica indireta e irônica 
o Cantigas de maldizer - crítica direta e mais 
grosseira 
 
A prosa medieval retrata com mais detalhes o ambi-
ente histórico-social desta época. A temática das nove-
las medievais está ligada à vida dos cavaleiros medie-
vais e também à religião. 
A Demanda do Santo Graal é a novela mais impor-
tante para a literatura portuguesa. Ela retrata as aventu-
ras dos cavaleiros do Rei Artur em busca do cálice sa-
grado (Santo Graal). Este cálice conteria o sangue reco-
lhido por José de Arimateia, quando Cristo estava cruci-
ficado. Esta busca (demanda) é repleta de simbolismo 
religioso, e o valoroso cavaleiro Galaaz consegue o 
cálice. 
 
HUMANISMO 
 
O Humanismo é um termo relativo 
ao Renascimento, movimento surgido 
na Europa, mais precisamente na Itália, 
que colocava o homem como o centro de todas as 
coisas existentes no universo. 
 
Nesse período, compreendido entre a transitoriedade 
da Baixa Idade Média e início da Moderna (séculos XIV 
a XVI), os avanços científicos começavam a tomar 
espaço no meio cultural. 
 
CONTEXTO HISTÓRICO 
 
A tecnologia começava a se aflorar nos campos da 
matemática, física, medicina. Nomes como Galileu, 
Paracelso, Gutenberg, dentre outros, começavam a se 
despontar, em razão das descobertas feitas por eles. 
Galileu Galilei comprova a teoria heliocêntrica que 
dizia ser o Sol o centro do sistema planetário, defendida 
anteriormente por Nicolau Copérnico, além de ter cons-
truído um telescópio ainda melhor que os inventados 
anteriormente. Paracelso explora as drogas medicinais e 
seu uso, enquanto Gutenberg descobre um novo meio de 
reproduzir livros. 
Além disso, a filosofia se desponta como uma ativi-
dade intelectual renovada no interesse pelos autores da 
Antiguidade clássica: Aristótoles, Virgílio, Cícero e 
Horácio. Por este resgate da Idade Média, este período 
também é chamado de Classicismo. 
A burguesia e a nobreza, classes sociais que despon-
tam no final da Idade Média, passam a dividir o poderio 
com a Igreja. 
É neste contexto cultural que a visão antropocêntrica 
se instala e influencia todo campo cultural: literatura, 
música, escultura, artes plásticas. 
 
CARACTERÍSTICAS 
Na Literatura, os autores italianos que maior in-
fluência exerceram foram: Dante Alighieri (Divina 
Comédia), Petrarca (Cancioneiro) e Bocaccio (Decame-
ron). Os gêneros mais cultivados foram: o lírico, de 
temática amorosa ou bucólica, e o épico, seguindo os 
modelos consagrados por Homero (Ilíada e Odisseia) e 
Virgílio (Eneida). 
Podemos denominar Humanismo como ideia surgida 
no Renascimento que coloca o homem como o centro de 
interesse e, portanto, em torno do qual tudo acontece. 
Nesse período, destacam-se as prosas doutrinárias, 
dirigidas à nobreza. Já as poesias, que eram cultivadas 
por fidalgos, utilizavam o verso de sete e de cinco síla-
bas. 
 
Algumas manifestações: 
- Teatro 
O teatro foi a manifestação literária onde ficavam mais 
claras as características desse período. 
Gil Vicente foi o nome que mais se destacou, ele es-
creveu mais de 40 peças. 
Sua obra pode ser dividida em 2 blocos: 
Autos: peças teatrais cujo assunto principal é a religião. 
“Auto da alma” e “Trilogia das barcas” são alguns 
exemplos. 
Farsas: peças cômicas curtas. Enredo baseado no coti-
diano. 
“Farsa de Inês Pereira”, “Farsa do velho da horta”, 
“Quem tem farelos?” são alguns exemplos. 
 
Poesia 
Em 1516 foi publicada a obra “Cancioneiro Geral”, uma 
coletânea de poemas de época. 
O cancioneiro geral resume 2865 autores que tratam de 
diversos assuntos em poemas amorosos, satíricos, reli-
giosos entre outros. 
 
Prosa 
Crônicas: registravam a vida dos personagens e aconte-
cimentos históricos. 
Fernão Lopes foi o mais importante cronista 
(historiador) da época, tendo sido considera-
do o “Pai da História de Portugal”. Foi tam-
bém o 1º cronista que atribuiu ao povo um 
papel importante nas mudanças da história, essa impor-
tância era, anteriormente, atribuída somente à nobreza. 
No mundo: 
Quatro séculos depois do início do trovadorismo, 
surge em Portugal o classicismo, também chamado 
de Quinhentismo por ter se manifestado no século 
XVI, em 1527 (pela data), quando o poeta Sá de 
Miranda retorna da Itália trazendo as características 
desse novo estilo. 
 
CONTEXTO HISTÓRICO 
 
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123 
do classicismo: renascimento 
As grandes navegações fazem com que o homem do 
inicio do século XVI se sinta orgulhoso e confiante em 
suacapacidade criativa e em sua força: desafiar os ma-
res, percorrer os oceanos, descobrir novos mundos, 
produzir saberes, desenvolver as ciências e transformá-
las em tecnologia, tudo isso resulta no surgimento de 
um Homem muito diferente daquele existente na idade 
media e esse homem volta a ser o centro da sua própria 
vida (antropocentrismo). 
O que esse homem faz de melhor é em prol de si 
mesmo e isso se reflete também na arte e na literatura 
que ele produz nessa época. Esse caráter humanista ou 
antropocêntrico estava esquecido nas “trevas” da idade 
média, mas já havia existido na antiguidade (na civiliza-
ção grega, por exemplo) e é porque, no início do século 
XVI, ocorre o ressurgimento ou renascimento do Antro-
pocentrismo, que esse período da historia é chamado de 
renascimento. 
O renascimento é o momento histórico em que o 
homem produz grande quantidade e qualidade de obras 
artísticas e literárias; elas perdem o primitivismo e a 
ingenuidade de obras medievais e ganham um aprimo-
ramento técnico que supera ate as obras da antiguidade: 
as cores se multiplicam, surge à noção de perspectiva, 
as formas humanas são concebidas de maneira mais 
nítida, no caso da arte. O “berço” do renascimento é a 
Itália. 
O tema predominante nas obras artísticas e literárias 
do renascimento é sempre o homem e tudo que diz res-
peito a ele. 
 
Características do classicismo renascentista: 
1. Antropocentrismo 
2. Presença de elementos da mitologia 
3. Presença de elementos do cristianismo 
4. Preciosismo vocabular 
5. Obediência à versificação 
6. Figuras (em especial de personificação) 
7. Racionalismo (=objetividade) 
8. Universalismo (=generalização) 
 
 
 
 
 
Características do classicismo: 
1- Imitação dos autores clássicos gregos e romanos da 
antiguidade: Homero, Virgílio, Ovídio, etc... 
2- Uso da mitologia: Os deuses e as musas, inspiradoras 
dos clássicos gregos e latinos a parecem também nos 
clássicos renascentistas: Os Lusíadas: (Vênus) = a deusa 
do amor; Marte (o deus da guerra), protegem os portu-
gueses em suas conquistas marítimas. 
3- Predomínio da razão sobre os sentimentos: A lingua-
gem clássica não é subjetiva nem impregnada de senti-
mentalismos e de figuras, porque procura coar, através 
da razão, todos os dados fornecidos pela natureza e, 
desta forma, expressou verdades universais. 
4- Uso de uma linguagem sóbria, simples, sem excesso 
de figuras literárias. 
5- Idealismo: O classicismo aborda os homens ideais, 
libertos de suas necessidades diárias, comuns. Os perso-
nagens centrais das epopeias (grandes poemas sobre 
grandes feitos e heroicos) nos são apresentados como 
seres superiores, verdadeiros semideuses, sem defeitos. 
Ex.: Vasco da Gama em os Lusíadas: é um ser dotado 
de virtudes extraordinárias, incapaz de cometer qualquer 
erro. 
6- Amor Platônico: Os poetas clássicos revivem a ideia 
de Platão de que o amor deve ser sublime, elevado, 
espiritual, puro, não-físico. 
7- Busca da universalidade e impessoalidade: A obra 
clássica torna-se a expressão de verdades universais, 
eternas e despreza o particular, o individual, aquilo que 
é relativo. 
 
No Brasil: 
 
Século XVI, a Europa vive o Renascimen-
to e provoca grandes transformações cul-
turais. Inicia-se a exploração das Améri-
cas. O Quinhentismo, conhecido como literatura 
informativa, surge para descrever a nova terra, rela-
tar as viagens dos novos exploradores, os estranhos 
hábitos dos povos indígenas e histórias dos degreda-
dos portugueses que são a grande parte da popula-
ção. 
Os únicos intelectuais da nova terra, os jesuítas, 
encontram na literatura uma das formas de cateque-
se e pregação da nova religião ao povo indígena. 
 
 
Brasil, 1500, Pedro Álvares Cabral e sua frota 
chegam ao litoral brasileiro. Missão: tomar posse da 
nova terra e colher as primeiras impressões. Pero Vaz 
de Caminha será o responsável por observar e transcre-
ver suas impressões. Assim surge o primeiro documento 
escrito em língua portuguesa que traz relatos sobre a 
nova e estranha terra. 
No caminho para as Índias, a feitoria portuguesa de 
Calicute sofre poderoso ataque, supostamente dos Mou-
ros, e boa parte dos marinheiros de Cabral morre, além 
do escrivão oficial de sua frota, Pero Vaz de Caminha, 
em dezembro de 1500. Morre tragicamente, mas nos 
deixa um importantíssimo relato da viagem e as primei-
ras impressões sobre os, até então, donos da terra. 
A adoção do sistema de capitanias hereditárias, a 
expedição de Martim Afonso e o estabelecimento do 
governo geral, em 1549, em Salvador, na Bahia, foram 
fatos marcantes no processo de colonização do Brasil. 
Com o primeiro governador geral, Tomé de Souza, 
chegaram os primeiros jesuítas, chefiados por Manuel 
da Nóbrega, com a missão de catequizar o indígena, 
marcando o início da organização da vida administrati-
 
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va, econômica, política, militar, espiritual e social do 
Brasil-Colônia. 
 
CARACTERÍTICAS 
No cumprimento de suas tarefas, portugueses colo-
nizadores, jesuítas, viajantes aventureiros dão origem às 
primeiras manifestações literárias do período, cujas 
primeiras obras são predominantemente informativas. 
Seus textos descrevem a fauna, a flora, os habitantes 
nativos e as condições de vida na terra recém-
descoberta. Apesar de não ser considerada literária, essa 
crônica histórica tem seu valor, pois além da linguagem 
e da visão de mundo dos primeiros observadores do 
país, revelam as condições primitivas de uma cultura 
nascente. 
Nesse primeiro século da nossa formação, a literatu-
ra informativa do colonizador português é representada 
inicialmente pela Carta de Pero Vaz de Caminha, rela-
tando o descobrimento do Brasil a D. Manuel. Histori-
camente, é uma verdadeira certidão de nascimento do 
país e dá início a um período de três séculos na nossa 
literatura: o Período Colonial, que inclui, além do Qui-
nhentismo, o Barroco e o Arcadismo. 
Outro documento da época é O Diário da Navegação 
(1530) de Pero Lopes de Souza. Não é tão importante 
como a carta de Caminha, mas enquadra-se nas crônicas 
de viagens, prestando informações a futuros colonizado-
res e exploradores de Portugal. Sem muitos dados histó-
ricos, relata a expedição de Martim Afonso de Souza ao 
Brasil, em 1530, como também o comando de Pero 
Lopes no retorno da esquadra a Portugal. Apenas em 
uma ou outra passagem, faz alguma referência histórica, 
ressaltando a beleza da terra e de seus habitantes. Narra 
eventos e aponta observações náuticas e geográficas, o 
que o torna um documento de interesse para a história 
marítima de Portugal e para a da colonização do Brasil. 
Essencialmente informativas, as obras: História da 
Província de Santa Cruz a que vulgarmente chamamos 
Brasil (1576) e Tratado da Terra do Brasil, publicado 
somente em 1826, de Pero de Magalhães de Gândavo, 
e Tratado Descritivo do Brasil em 1587 (1587), de 
Gabriel Soares de Souza, inauguram atitudes e lançam 
sugestões temáticas. Manifestações que serão retomadas 
por alguns escritores brasileiros pertencentes ao Moder-
nismo, tais como Oswald de Andrade (Pau-Brasil) e 
Mário de Andrade (Macunaíma). 
O trabalho informativo, pedagógico e moral dos je-
suítas tem como expoentes as obras dos padres Manuel 
da Nóbrega, Fernão Cardim e José de Anchieta. 
Nóbrega, com a carta noticiando sua chegada ao territó-
rio brasileiro, inaugura, em 1549, a literatura informati-
va dos jesuítas. Além da vasta correspondência em que 
relata o andamento da catequesee da obra pedagógica a 
outros membros da Companhia de Jesus, escreve o 
Diálogo sobre a conversão do gentio (1557), única obra 
planejada e com valor literário reconhecível. Nela, sua 
intenção é convencer os próprios jesuítas do significado 
humano e cristão da catequese. 
Quanto à valorização literária, José de Anchieta 
destaca-se como o único autor desta época cuja produ-
ção extrapola o caráter meramente histórico. Escreveu 
poemas líricos, épicos, autos, cartas, sermões e uma 
pequena gramática da língua tupi. Além do caráter in-
formativo e educacional, algumas de suas criações lite-
rárias visavam, apenas, satisfazer sua vida espiritual. 
 
PERO VAZ DE CAMINHA 
 
Pero Vaz de Caminha, escrivão, comerciante e nave-
gador português. Sabe-se muito pouco de sua vida, 
mas desde 1817, quando o padre Aires do Casal 
publica o livro Coreografia Brasileira, os brasileiros 
passam a conhecer a grande obra de Caminha, a 
Carta do Descobrimento, até então ignorada e guar-
dada nos arquivos da Torre do Tombo por mais de 
três séculos. 
 
Pero Vaz de Caminha nasce supostamente na cidade 
do Porto, em 1450, filho do cavaleiro do Duque de 
Bragança, Vasco Fernandes de Caminha. Casa-se com 
Dona Catarina e com ela tem uma filha, Isabel. Em 
1476, então com 26 anos, passa a ocupar o lugar de seu 
pai na Casa da Moeda portuguesa, como mestre de ba-
lança. Também se dedica ao comércio. 
É designado a ser o escrivão da feitoria de Calicute, 
na Índia. Parte com a grandiosa frota de Pedro Álvares 
Cabral, que tem a missão de conhecer as novas terras à 
oeste do caminho para as Índias. Entre 22 de abril e 1º 
de maio de 1500 elabora a famosa Carta do Descobri-
mento para o rei Dom Manuel. 
A CARTA DE PERO VAZ DE CAMINHA 
O texto tem um notável valor histórico - por ser o 
primeiro registro escrito sobre a realidade local - mas 
vale ainda mais pela agudeza com que Caminha revela a 
paisagem física e humana daquilo que ele julga ser uma 
imensa ilha. 
 
Aspectos mais significativos do texto: 
- A atenção objetiva pelos detalhes. 
- A simplicidade no narrar os acontecimentos. 
- A disposição humanista de tentar entender os nativos. 
- A capacidade constante de maravilhar-se. 
 
Vejamos como ele descreve o primeiro contato com 
os índios: 
 
A feição deles é parda, algo avermelhada; de bons 
rostos e bons narizes. Em geral são bem feitos. Andam 
nus, sem cobertura alguma. Não fazem o menor caso de 
cobrir ou mostrar suas vergonhas, e nisso são tão ino-
centes como quando mostram o rosto. Ambos traziam o 
lábio de baixo furado e metido nele um osso branco, do 
comprimento de uma mão travessa* e da grossura de 
um fuso de algodão. (...) 
Os cabelos deles são corredios. E andam tosquiados, 
de tosquia alta (...) Quando eles vieram a bordo o Capi-
 
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tão (Cabral) estava sentado em uma cadeira, bem vesti-
do, com um colar muito grande no pescoço e tendo aos 
pés, por estrado, um tapete. E eles entraram sem qual-
quer sinal de cortesia ou de desejo de dirigir-se ao Capi-
tão ou a qualquer outra pessoa presente, em especial. 
Todavia, um deles fixou o olhar no colar do Capitão e 
começou a acenar para a terra, como querendo dizer que 
ali havia ouro. (...) Mostraram-lhes um papagaio pardo 
que o Capitão traz consigo: pegaram-no logo com a mão 
e acenavam para a terra, como a dizer que ali os havia. 
Mostraram-lhes um carneiro: não fizeram caso dele; 
uma galinha: quase tiveram medo dela - não lhe queri-
am tocar, para logo depois pegá-la, com grande espanto 
nos olhos. 
Deram-lhe de comer: pão e peixe cozido, confeitos, 
bolos, mel e figos passados. Não quiseram comer quase 
nada de tudo aquilo. E se provaram alguma coisa, logo a 
cuspiam com nojo. Trouxeram-lhes vinho numa taça, 
mas apenas haviam provado o sabor, imediatamente 
demonstraram não gostar e não mais quiseram. 
 
PADRE JOSÉ DE ANCHIETA 
 
José de Anchieta, jesuíta e escritor, foi o fundador da 
cidade de São Paulo. Desembarca no Brasil com a 
comitiva de Duarte da Costa e torna-se o principal 
missionário da igreja junto aos indígenas e sua obra 
literária é essencialmente no sentido da catequiza-
ção. 
Chegada ao Brasil e fundação de São Paulo e 
aprendizado tupi 
 
Chega ao Brasil com a comitiva de Duarte da Costa, 
segundo governador-geral, em 1553, com o objetivo de 
catequizar os índios. Em 25 de janeiro de 1554, funda 
um colégio às margens dos rios Tamanduateí e Anhan-
gabaú. Ao redor do colégio uma vila começa a se for-
mar que Anchieta a batiza de São Paulo. Sob as ordens 
do Padre Manoel da Nóbrega, segue para São Vicente e 
lá, aprende a língua tupi. Em 1563, é mantido sob cárce-
re pelos índios tamoios, quando escreve o poema em 
latim: De Beata Virgine Dei Matre Maria, além de ou-
tros autos religiosos, aos moldes de Camões. 
Anchieta vive para a catequização dos índios, políti-
ca e criação literária: poemas, crônicas, sermões, cartas 
e teatro, nas línguas: latim, português, espanhol e tupi. 
Procura usar uma linguagem direta e simples, voltada a 
seu alvo principal, os indígenas. Suas principais obras 
teatrais são: Quando, no Espírito Santo, se Recebeu uma 
Relíquia das Onze Mil Virgens (1579) e Na Vila de 
Vitória (1586). Destaca-se também sua obra sobre a arte 
e língua dos tupis: Arte de Gramática da língua mais 
usada na costa brasileira, escrita em 1595. Já doente, 
muda-se para o Espírito Santo, onde vem a falecer, em 
1597. Em 1980 é beatificado pelo papa João Paulo II. 
 
Os autos - Auto: forma teatral oriunda da Idade Mé-
dia e caracterizada por sua liberdade em relação às leis 
clássicas do teatro, que exigiam unidade de ação, tempo 
e espaço. Compõe-se de uma multiplicidade quase está-
tica de quadros e cenas. 
Interessa-nos hoje, sobretudo, a obra teatral de An-
chieta. Nela, o autor intenta conciliar os valores católi-
cos com os símbolos primitivos dos habitantes da terra e 
com os aspectos da nova realidade americana. 
Os elementos sagrados do catolicismo europeu li-
gam-se aos mitos indígenas, sem que isso signifique 
uma contradição maior, pois as ideias que triunfam nos 
espetáculos são evidentemente as do padre. As crendi-
ces e superstições dos nativos acabam vinculadas ao 
pecado e seu poderoso agente, Satanás. 
Neste confronto perpétuo entre o bem e o mal, o 
primeiro é defendido por santos e anjos, os quais ex-
pressam o cristianismo e subjugam o segundo, constitu-
ído por deuses e pajés dos nativos, misturados com os 
demônios da tradição católica. Desta forma, os índios 
(sobremodo os curumins) percebem que os seus valores 
são falsos e corruptos e aceitam de melhor grado os 
princípios cristãos. 
Do ponto de vista da encenação dos autos, - confor-
me depoimentos de época - a liberdade formal salta aos 
olhos: o teatro anchietano pressupõe o lúdico, o jogo 
coreográfico, a cor, o som. É algo arrebatador, de enor-
me fascínio visual. Dirige-se mais aos sentidos do que à 
razão, apelando para a consciência mítica dos nativos. 
Santos e demônios duelam; desencadeiam-se milagres e 
apocalipses; alternam-se elementos históricos e fictícios, 
religiosos e profanos; pequenos sermões musicados 
irrompem no meio das cenas. Perante essa festa para as 
emoções e o coração, o indígena vacila em suas crenças. 
 
Alegrem-se os nossos filhos 
Por Deus os ter libertado 
Guaixará vá para o inferno 
Guaixará, Aimbiré, Saravaia 
Vão para o inferno. 
 
Os autos anchietanos contribuem para desculturar os 
índios, que assim perdem a sua identidade. Desajustadosante a nova ordem social e psicológica, irão se ver, 
como disse José Guilherme Merquior, "dolorosamente 
arrancados à cultura materna e dolorosamente desarma-
dos ante a bruta realidade da experiência colonial." 
 
O papel de Anchieta em nossa literatura 
O crítico Afrânio Coutinho sustenta que a literatura 
teria nascido, no Brasil, pelas mãos dos jesuítas. Assim, 
José de Anchieta seria o nosso primeiro escritor. Tal 
argumentação é refutada pela maioria dos estudiosos, 
pois o padre possui uma visão de mundo tipicamente 
europeia. Por isso, os elementos culturais indígenas 
presentes em seu teatro são destruídos - dentro da ação 
dramática - com pleno apoio do autor que se serve deles 
apenas para reafirmar um sistema de ideias alheio ao 
universo dos próprios índios. 
Além disso, a sua obra teatral não tem seguidores. 
Não inicia qualquer tradição no gênero dramático brasi-
 
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leiro. Não deixa nenhum rastro. A originalidade de 
Anchieta consiste na criação de objetos culturais com 
fins religiosos para um público que jamais teria acesso à 
produção estética dos homens brancos. Fora essa cir-
cunstância, sua importância no panorama da literatura 
nacional é insignificante. 
 
 
QUESTÃO 01 
(UFSC) A carta de Pero Vaz de Caminha 
Num dos trechos de sua carta a D. Manuel, Pero Vaz de 
Caminha descreve como foi o contato entre os portu-
gueses e os tupiniquins, que aconteceu em 24 de abril de 
1500: 
"O Capitão, quando eles vieram, estava sentado em 
uma cadeira, aos pés de uma alcatifa por estrado; e bem 
vestido, com um colar de ouro, muito grande, ao pesco-
ço [...] Acenderam-se tochas. E eles entraram. Mas nem 
sinal de cortesia fizeram, nem de falar ao Capitão; nem 
a ninguém. Todavia um deles fitou o colar do Capitão, e 
começou a fazer acenos com a mão em direção à terra, e 
depois para o colar, como se quisesse dizer-nos que 
havia ouro da terra. E também olhou para um castiçal de 
prata, e assim mesmo acenava para a terra, e novamente 
para o castiçal, como se lá também houvesse prata! [...] 
Viu um deles umas contas de rosário, brancas; fez sinal 
que lhas dessem, folgou muito com elas, e lançou-as ao 
pescoço, e depois tirou-as e meteu-as em volta do braço, 
e acenava para a terra e novamente para as contas e para 
o colar do Capitão, como se davam ouro por aquilo. Isto 
tomávamos nós nesse sentido, por assim o desejarmos! 
Mas se ele queria dizer que levaria as contas e mais o 
colar, isto não queríamos nós entender, por que não lho 
havíamos de dar! E depois tornou as contas a quem lhas 
dera. E então estiraram-se de costas na alcatifa, a dormir 
sem procurarem maneiras de esconder suas vergonhas, 
as quais não eram fanadas; e as cabeleiras delas estavam 
raspadas e feitas. O Capitão mandou pôr por de baixo de 
cada um seu coxim; e o da cabeleira esforçava-se por 
não a estragar. E deitaram um manto por cima deles; e, 
consentindo, aconchegaram-se e adormeceram." 
Coleção Brasil 500 anos, Fasc. I, Abril, São Paulo, 1999. 
 
De acordo com o texto, assinale a(s) proposição(ões) 
VERDADEIRA(S): 
01 ( ) Pero Vaz de Caminha, um dos escrivães da arma-
da portuguesa, escreve para o Rei de Portugal, D. Ma-
nuel, relatando como foi o contato entre os portugueses 
e os tupiniquins. 
02 ( ) Em "E eles entraram. Mas nem sinal de cortesia 
fizeram, nem de falar ao Capitão; nem a ninguém", fica 
implícito que os tupiniquins desconheciam hierarquia ou 
categoria social lusitanas. 
04 ( ) Nada, na embarcação portuguesa, pareceu desper-
tar o interesse dos tupiniquins. 
08 ( ) O trecho "[...] e acenava para a terra e novamente 
para as contas e para o colar do Capitão, como se davam 
ouro por aquilo. Isto tomávamos nós nesse sentido, por 
assim o desejarmos" evidencia que havia problemas de 
comunicação entre os portugueses e tupiniquins. 
 
QUESTÃO 02 
(Ufla-MG) Todas as alternativas são corretas sobre o 
Padre José de Anchieta, EXCETO: 
a) Foi o mais importante jesuíta em atividade no Brasil 
do século XVI. 
b) Foi o grande orador sacro da língua portuguesa, com 
seus sermões barrocos. 
c) Estudou o tupi-guarani, escrevendo uma cartilha 
sobre a gramática da língua dos nativos. 
d) Escreveu tanto uma literatura de caráter informativo 
como de caráter pedagógico. 
e) Suas peças apresentam sempre o duelo entre anjos e 
diabos. 
 
QUESTÃO 03 
(UEL-PR) 
"José de Anchieta, o Apóstolo do Brasil, trouxe em sua 
bagagem, vindo da Canárias onde nasceu, mais do que 
seu pendor poético. Vinha ele com mais meia dúzia de 
bravos com a espantosa missão de converter e educar os 
índios, que seus olhos e dos outros, a princípio, não 
reconheciam qualquer cultura." 
DELACY, M. Introdução ao teatro. Petrópolis: Vozes, 2003. 
 
Com base no texto e nos conhecimentos sobre a prática 
de catequização de José de Anchieta, considere as afir-
mativas a seguir: 
I. Para catequizar, Anchieta valeu-se de sua criatividade, 
usando cocares coloridos, pintura corporal e outros 
adereços que os indígenas lhe mostravam. 
II. Com a missão de levar Jesus àqueles “bugres e incul-
tos”, Anchieta se afastou de suas próprias crenças con-
vertendo-se à religião daquele povo. 
III. Com a finalidade de catequizar, Anchieta começou a 
escrever autos, baseados nos autos medievais, nas obras 
de Gil Vicente e em encenações espanholas. 
IV. Para implantar a fé como lhe foi ordenado, Anchieta 
representava os autos na língua pátria de Portugal. 
Estão corretas apenas as afirmativas: 
a) I e III. 
b) I e IV. 
c) II e IV. 
d) I, II e III. 
e) II, III e IV. 
 
QUESTÃO 04 
 
(Ufam) 
Leia as estrofes abaixo, que constituem o início de um 
famoso poema chamado A Santa Inês: 
 
“Cordeirinha linda, 
como folga o povo 
porque vossa vinda 
lhe dá lume novo! 
Cordeirinha santa, 
 
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de Iesu querida, 
vossa santa vinda 
o diabo espanta.” 
 
Pela religiosidade e pelo didatismo do poema, seu autor 
só pode ser: 
a) Frei Vicente do Salvador 
b) Pero Lopes de Sousa 
c) José de Anchieta 
d) Manuel da Nóbrega 
e) Gabriel Soares de Sousa 
 
QUESTÃO 05 
(Ufam) A respeito das primeiras manifestações literárias 
no Brasil, NÃO é correto afirmar: 
a) José de Anchieta escreveu um manual prático, intitu-
lado Diálogo sobre a conversão do gentio, com eviden-
tes intenções pedagógicas, nele expondo sobre a melhor 
forma de lidar com os indígenas. 
b) Em sua Carta, Pero Vaz de Caminha descreveu a 
paisagem do litoral brasileiro e o aspecto físico dos 
índios, admirando-se da ausência de preconceito que 
eles demonstravam em relação ao próprio corpo e à 
nudez. 
c) Pero de Magalhães Gandavo, demonstrando total 
incompreensão, julgou os índios de forma irônica, di-
zendo que, por não possuírem em sua língua as letras F, 
L e R, não podiam ter nem Fé, nem Lei, nem Rei. 
d) Os textos dos viajantes, no primeiro século de vida 
do Brasil, foram escritos com o objetivo de informar a 
Coroa Portuguesa sobre as potencialidades econômicas 
da nova terra. 
e) A Carta de Pero Vaz de Caminha é um documento 
fundado numa visão mercantilista (a conquista de bens 
materiais) e no espírito religioso (dilatação da fé cristã e 
a conquista de novas almas para a cristandade). 
 
 
 
 
 
 
 
QUESTÃO 06 
(UnB-DF) 
Senhor: 
I. "Posto que o Capitão-mor desta vossa frota, e assim 
os outros capitães escrevam a Vossa Alteza a nova

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