106 pág.

Pré-visualização | Página 20 de 33
do Cabo Oriental, e 98 (20,6%) do Cabo Ocidental. Destes, 66,9% relataram problemas físicos, 17,9% identificaram uma deficiência intelectual, e 12,2% tinham problemas visuais, auditivos ou de fala. A distribuição dos diferentes tipos de deficiências entre as duas áreas foi similar. O padrão de barreiras identificadas diferiu entre as regiões. Por exemplo, no nível de capítulo, pessoas com incapacidades no Cabo Oriental relataram barreiras com "Serviços' (25%) e " Produtos e Tecnologia" (23,8%) enquanto que no Cabo Ocidental "Ambiente Natural e Mudanças feitas pelo homem ao ambiente" (39%) e " Produtos e Tecnologia” (37%) foram relatadas como as barreiras mais frequentes. Os resultados desse estudo indicam que pessoas incapacitadas em áreas rurais podem perceber menos barreiras no seu ambiente do que aquelas que residem em aglomerações urbanas informais, exceto no que tange a atitudes. Os serviços foram amplamente percebidos como barreiras maiores no Capo Ocidental urbano. O fato de que mais de 50% da amostra relatou o acesso aos prédios públicos como uma barreira é preocupante, já que o estudo foi realizado sete anos após a publicação da Estratégia Nacional Integrada de Incapacidade (INDS) da África do Sul Maart et al.; 2007 52 5 Usando a CIF para dados baseados na população, censos ou pesquisas 5.1. A CIF pode ser usada para orientar as coletas de dados populacionais? As informações sobre saúde e incapacidade podem vir de várias fontes que requerem diferentes métodos de coleta de dados. A CIF pode colaborar com o processo de coleta de dados dessas várias fontes e métodos, e a maneira como ela é usada difere de forma correspondente. Nos contextos clínicos, a relevância da CIF pode ser mais aparente dado o longo histórico de implementação dos principais sistemas de codificação (como a CID). No entanto, a CIF também pode ser usada para nortear a coleta de dados baseados na população. A CIF fornece um modelo para a coleta de dados consistente para nortear estatísticas baseadas na população que serão comparáveis internacionalmente. Até recentemente, aqueles interessados em entender a funcionalidade e incapacidade em um contexto populacional enfrentavam dois grandes desafios: (1) decidir por uma conceitualização e definição aceitáveis da incapacidade, e (2) escolher um instrumento desenhado para medir a incapacidade que operacionalizasse efetivamente essa definição na população de interesse. Os instrumentos historicamente disponíveis produziam dados com lacunas na confiabilidade ou validade. No passado, muitos países de baixa renda relataram taxas de prevalência de incapacidade bem abaixo de 5%, muito abaixo das taxas observadas em alguns países de alta renda, geralmente acima de 10%, alguns acima de 20%. O que está faltando é uma abordagem padronizada à mensuração da funcionalidade e incapacidade que permita a coleta de dados válidos para uso nos países além de para comparações internacionais de estatísticas sobre incapacidade. A CIF fornece um modelo para a definição e operacionalização da incapacidade em pesquisas e censos. O Relatório Mundial sobre Deficiência (OMS & BM 2011) faz recomendações específicas para aumentar a disponibilidade e a qualidade dos dados sobre incapacidades. Elas incluem a adoção da CIF como um modelo para o desenvolvimento de perguntas sobre incapacidade, melhoria da comparabilidade de dados, o desenvolvimento de ferramentas adequadas (metodologias quantitativas e qualitativas) para melhorar e expandir a coleta de dados sobre incapacidade, e a coleta de dados de censos populacionais nacionais de acordo com as recomendações da Comissão Estatística das Nações Unidas (Comissão Estatística, 1994). 53 Quadro 13: Definindo gravidade e limiares nos dados populacionais - um 'link' de pesquisa para os qualificadores da CIF As taxas estimadas de prevalência variam significativamente entre e dentro dos países. A Pesquisa de Saúde Mundial da OMS, uma pesquisa realizada com entrevistas pessoais de 2002-2004, é a maior pesquisa multinacional de saúde e incapacidade já feita. Ela usou um conjunto único de perguntas e métodos consistentes para coletar dados comparáveis de saúde entre países. O modelo conceitual e os domínios de funcionalidade para a Pesquisa de Saúde Mundial foram derivados da CIF. O questionário cobriu a saúde dos indivíduos em vários domínios, receptividade do sistema de saúde, gastos domésticos e condições de vida. Um total de 70 países foram pesquisados, dos quais 59 eram países que representavam 64% da população mundial, produzindo conjuntos de dados ponderados que foram usados para estimar a prevalência de incapacidade na população adulta global com 18 anos ou mais. Possíveis respostas auto relatadas das perguntas sobre dificuldades de funcionalidade incluíram: nenhuma dificuldade, dificuldade leve, dificuldade moderada, dificuldade grave e dificuldade extrema. Essas respostas foram classificadas, e uma pontuação composta de incapacidade foi calculada, variando de 0 a 100, onde 0 representou 'nenhuma incapacidade' e 100 "incapacidade completa'. Esse processo produziu uma faixa contínua de pontuação. Para dividir a população em grupos de 'incapacitados' e 'não incapacitados', foi necessário criar um valor limiar (ponto de corte). Um limiar de 40 em uma escala de 0-100 foi estabelecido para incluir aqueles que tinham dificuldades significativas na sua vida diária dentro das estimativas de incapacidade. Relatório Mundial sobre Deficiência. Capítulo 2. Genebra: Organização Mundial da Saúde & Banco Mundial. 2011. Um ‘Manual de treinamento sobre estatísticas de incapacidade’ (OMS & UNESCAP 2008) fornece uma orientação importante sobre como operacionalizar os conceitos de funcionalidade e incapacidade conforme representados na CIF dentro da coleta, disseminação e análise de dados. 54 5.2. Qual é a diferença entre a coleta de dados de pesquisa e dados clínicos? Os dados coletados em um contexto clínico podem diferir dos dados coletados em pesquisas baseadas na população de várias maneiras incluindo fonte, propósito, e o(s) método(s) de coleta. Essas diferenças afetam como a CIF norteia a coleta de dados. Muitas vezes, os dados clínicos são coletados por profissionais para fins de avaliação do nível de funcionalidade do indivíduo, aspectos específicos da funcionalidade, e a necessidade ou o impacto dos serviços. Para esses fins, os componentes da classificação e do sistema de codificação da CIF têm aplicação direta. Os dados clínicos tendem a se concentrar em um indivíduo, enquanto que os dados de pesquisas baseadas na população identificam características da população ou mudanças dessas características ao longo do tempo. As pesquisas podem ser usadas para coletar dados em vários contextos. As pesquisas baseadas na população, como censos ou pesquisas feitas pelo Ministério da Saúde, Agências Nacionais de Estatística e outros produtores de dados em nível nacional e internacional, coletam dados de toda a população ou de uma amostra predeterminada da população. Embora os dados sejam coletados dos ou sobre indivíduos, a intenção da coleta de dados é identificar características da população e mudanças dessas características ao longo do tempo ou entre subgrupos da população. Essas pesquisas podem se concentrar especificamente na incapacidade, ou a incapacidade pode ser incluída apenas como um componente de uma pesquisa maior com um objetivo geral. Os pesquisadores