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Anotação – Isabella Menezes Aula Cyro – 23/03 Malformações Genitais e Intersexo A determinação sexual é feita em cima de 7 determinantes: • Sexo cromossômico; • Sexo genético; • Sexo gonadal; • Sexo fenotípico; • Sexo legal; • Sexo social; • Identidade sexual. Sexo Cromossômico: Definido no momento da fecundação. Princípio herdado das mães um cromossomo X e dos pais ou um X ou Y, vai determinar formas puras. Pessoa XX e XY – Puras. Trissomias: 47 XXY – Síndrome de Klinefelter. Deleção: 45 X – Disgenesia Gonadal Pura: • Síndrome de Turner; • Ovários em fita; • Formas puras e mosaicos. Sexo Genético: Braço Curto do Cromossomo Y temos o Gen SRY, se tiver defeitos nele, tem problemas na determinação genotípica; Gen SRY produz a proteína TDF – fator determinante do testículo, que cria a gônada masculina. Se não tem Gen SRY ou TDF, o fenótipo será feminino. - Deleção do braço curto do cromossomo Y → fenótipo feminino. - Gen SRY tem mutação, não produz TDF → fenótipo feminino. - TDF ausente → fenótipo feminino. Sexo Gonadal: • 5ª semana embrionária; • Na mulher: Cristas gonadais forma cordão sexual primitivo, promove regressão medular, desenvolvimento cortical e na 16ª semana formam os folículos primários; • Se houver produção de testosterona, produzida pelo embrião, mesmo em um testículo bem primitivo, já é relevante para o desenvolvimento de um feto masculino; • Na imagem C temos a crista gonadal, as células germinativas primitivas que formam o testículo na presença de TDF ou na ausência: o ovário. Anotação – Isabella Menezes Sexo Fenotípico: • Quando tem testosterona, desenvolve ducto de Wolf e forma o aparelho masculino; • Sem testosterona há desenvolvimento dos ductos de Müller, fusão medial dos ductos, desenvolvimento do seio urogenital (na testosterona forma bolsa escrotal, e na mulher não há fusão formando os grandes lábios). • Genitália externa, ambos determinados pelo seio urogenital (a depender da presença de testosterona). Sexo Legal: • Responsabilidade médica, após atestado de nascido vivo; • Registro cível; • Inspeção da genitália externa; • Defeitos: o Genitália ambígua; o Feminilização testicular. • Dificuldade legal de reversão; • Repercussão emocional e social. Anotação – Isabella Menezes Sexo Social: • Independe do sexo fenotípico; • Aspectos psicológicos (individuais); • Identidade sexual primária (transsexuais). Identidade Sexual: • Autoimagem de gênero; • Aspectos sociais; • Aspectos legais; • Genética ainda interrogados, até que ponto leva a pessoa não adequar com o fenótipo; • Repercussões legais; • Papel sexual (expressão final da identidade sexual). ESTADOS INTERSEXUAIS: • Há discordância entre o sexo genético, gonadal e fenotípico. • Tenho, em algum momento, entre genética e Gen SRY, se é masculino ou feminino; podemos ter discordância com o fenótipo que vai ser avaliado; • Temos uma tendência intrínseca de gônada gemina (qualquer defeito na produção de testosterona, no braço do cromossomo Y, no Gen SRY ou no TDF, o fenótipo a sobressair é o feminino); • Testosterona gonadal = Genitália externa e interna masculina (conversão periférica em deidrotestosterona (DHT)); • Células de Sertoli, mesmo no testículo gonadal primitivo = hormônio anti-mulleriano (HAM) que inibe o desenvolvimento dos ductos de Muller e desenvolve os ductos de Wolf. • 1:30.000 nascidos vivos; • O exame duvidoso da genitália externa no parto: o Hipertrofia clitoriana (diâmetro > 6 mm); o Fusão parcial ou estrias de grandes lábios (pode ser cromossomicamente XY); o Orifício único uretra-vagina; o Ausência de gônadas bilateral em bolsa escrotal; o Agenesia ou hipoplasia de pênis ou hipospádia. • Se dúvida: deixar registro aberto e encaminhe para avaliação especializada para exames específicos e cariótipo. • Distúrbios da diferenciação do sexo feminino: o Hiperplasia congênita de suprarrenal: ▪ 50% dos casos de intersexo; ▪ Suspeita em ausência de gônada palpável (fenótipo masculino); ▪ Autossômica recessiva. o Deficiência de 21-hidroxilase; o Deficiência de aromatase; o Uso de androgênios pela mãe (fonte externa de testosterona usada pela mãe). • Outros distúrbios de diferenciação gonadal: o Hermafroditismo verdadeiro (46XX) ▪ Genitália ambígua; ▪ Ovotestis (tecido ovariano e testicular). o Disgenesia gonadal: ▪ Disgenesia Gonadal Mista (ovário em fita e testículo); ▪ Disgenesia Gonadal Pura XY (ovários em fita); ▪ Disgenesia Gonadal Pura XX (ovários em fita). • Distúrbios dos tecidos alvo dependentes de androgênios: Anotação – Isabella Menezes o Deficiência de 5-alfarredutase (ausência de conversão de testosterona em deidrotestosterona e então haverá virilização do fenótipo); o Insensibilidade a androgênios (testículos normais, mas órgãos externos femininos); o Uso materno de hormônios (progestágenos ou androgênios), o progestágeno sintéticos usados no passado não é a progesterona, pode dar reação cruzada pela formação de androgênios e virilização do feto feminino. • Malformações Mullerianas: o Anomalias do desenvolvimento das estruturas derivadas dos ductos de Muller, não é questão de Gen SRY, de cromossomo, tudo foi normal; o Formou ovário normalmente, mas o ducto de Muller não se forma, é questão genética; o 92% com cariótipo normal e 8% com mosaicismo; o Determinação genética na maioria dos casos; o Minoria por exposição intrauterina a agentes teratogênicos (talidomida, dietilestilbestrol, metotrexate, radioterapia e infecções virais). o 25% apresentam associação a malformações renais; o Podem ocorrer em qualquer estrutura derivada em forma isolada, combinada ou total; o A mais famosa: Síndrome de Mayes-Rokitansky-Kuster-Hauser: agenesia uterina e vaginal com ovários e genitália externa normais. • Malformações obstrutivas: o Impedem a exteriorização de sangramento menstrual em útero normal: ▪ Septo vaginal transverso completo (comum); ▪ Hímen imperfurado (mais raro); ▪ Corno uterino não comunicante (agenesia de colo ou vagina) (mais raro). TRATAMENTO DAS MALFORMAÇÕES MULLERIANAS • Maioria dos casos o tratamento visa dar condições de vida sexual; o Neovaginoplastia cirúrgica (possível em Rokitansky); o Dilatação genital progressiva (menores índices de estenose a longo prazo, melhor que cirurgia); • Atualmente: transplante uterino de doadora viva ou cadáver. Anotação – Isabella Menezes Desenvolvimento Puberal Maturação Puberal Normal • Transformação física da infância à vida adulta = reprodutivamente apto. • Caracteres sexuais secundários: o Aspectos subconscientes de atração; o Diferenciação exterior do gênero. • Desencadeamento desconhecido; • Estirão de crescimento (crescimento muito mais rápido do que vinha sendo); • Fechamento de cartilagens de conjugação (o estrogênio é importante nesse processo de calcificação das cartilagens); • Meninas = início de formação mamária (telarca) x estirão de crescimento. • A puberdade é determinada pela maturação do eixo adrenal-hipotálamo-hipofisário-gonadal; • Adrenarca: início de produção de esteroides sexuais (precursores androgênicos); • Telarca: ação estrogênica na mama (8 a 13 anos) precedendo em média 2 anos a menarca; • Pubarca: dependente de androgênios suprarrenais e testosterona ovariana; • Menarca: primeira menstruação das mulheres (10 a 14 anos); o Primeiros ciclos – anovulatórios; o 6 a 12 meses após – início de ciclos ovulatórios. Caracteres Sexuais Secundários: • Desenvolvimento de mamas; • Pelos pubianos; • Acúmulo de gordura na cintura e glúteos desenvolvidos; • Alargamento de ossos da bacia; • Distribuição de pelos triangular; • Acne (15 a 16 anos) → associado a desbalanço na produção de androgênios; Anotação – Isabella Menezes • Definição arquitetura laringe. Desenvolvimento Mamário:• Estrogênio induz proliferação de ductos e início de formação lobular (broto lobular); • Após os ciclos ovulatórios – progesterona em associação ao estrógeno induz maturação primária de lóbulos mamários de tipo I (11 botões); • Continuidade dos ciclos ovulatórios – lóbulos aumentam em número e padrão tipo II (47 lóbulos); • Estímulo hormonal da gestação precoce (14 a 20 anos) – aumento de lóbulos em padrão tipo III (80 lóbulos); • Em nuligestas – predomínio de tipo II, só atinge o tipo III se engravidar, e está mais sujeita a ações de carcinógenos. • Classificação de Tanner: parâmetros de maturação puberal para idade e status hormonal; • Meninas: o Mamas de M1 a M5; o Pelos Pubiano de P1 a P5; o Menarca: ao redor de M3; o P5 e M5 não são obrigatoriamente atingidos, P4 e M4 também são normais. Anotação – Isabella Menezes Puberdade Precoce: • Surgimento de caracteres sexuais secundários abaixo de 8 anos em meninas; • Idade óssea > 3 desvios padrões da média; • Evolução muito rápida (mesmo em idade normal); • Diagnóstico básico = clínica; • Diagnóstico complementar: o Puberdade Precoce Central; o Puberdade Precoce Secundária. • Dosagens Laboratoriais: o LH e FSH; o Estímulo de GnRH com 100 mcg EV – avaliação de LH (> 6,9 UI/L); o Estradiol: pouca utilidade. • Etiologia da Puberdade Precoce Central: o 70 a 95% idiopáticas centrais; o Tumores de SNC; o Encefalite; o Tb cerebral; o Toxoplasmose ou rubéola congênitas; o Traumatismo craniano; o Outras causas. • Etiologia de Puberdade Precoce Periférica: o Síndrome de McCune Albright: manchas café-com-leite de pele com bordas irregulares, displasia fibrosa poliostótica (lesões ósseas múltiplas = fratura patológica e deformidades) e puberdade precoce; o Tumores produtores de hormônios (centrais, adrenais ou gonadais); o Hipotireoidismo severo; o Iatrogênica. • Exames complementares para Puberdade Precoce: o USG abdome total; o Tomografia ou ressonância magnética – SNC. o Visam exclusão de tumores. • Tratamento: o Análogos do GnRH (até atingir idade adequada para desenvolvimento puberal = idade cronológica X idade óssea); Anotação – Isabella Menezes o Com análogos do GnRH a gente controla muito bem a puberdade precoce, usa até a menina atingir idade de puberdade porque bloqueia totalmente o estímulo hipotálamo-hipofisário e não tem produção hormonal; o Síndrome de McCune Albright: inibidores da aromatase (Letrozol) ou bloqueadores de receptores estrogênicos (Tamoxifeno) + recuperação e/ou proteção óssea com Bifosfonados de depósito (Aredia, Ostac ou similares) da mesma forma que se faz com uma mulher no climatério. Puberdade Tardia: • Ausência de caracteres sexuais e amenorreia até 13 anos de idade; • Amenorreia com caracteres sexuais secundários aos 15 anos; • Amenorreia primária com caracteres sexuais normais = defeito uterino e/ou canal (primeira hipótese: Síndrome de Roktansky); • Amenorreia sem caracteres sexuais secundários: o Central; o Periférica. • Hipogonadismo Hipergonadotrófico: o LH e FSH elevados; o Disgenesias gonadais (Turner e variações); o Deficiência de 17-alfa-hidroxilase (hipertensão + progesterona elevada); o Síndrome de Savage – ovários resistentes (bem menos comum, o hipotálamo e hipófise são normais, mas os ovários não tem receptores pra LH e FSH, é como se não tivesse ovário). • Hipogonadismo Hipogonadotrófico: o LH abaixo de 6 UI/L + FSH baixo; o Síndrome de Kallmann (anosmia (ausência unilateral do bulbo olfatório), hipogonadismo, cegueira a cores, fendas labial e/ou palatina, ataxia cerebelar, surdez, agenesia renal unilateral, epilepsia e metacarpos encurtados); o Hipotalâmica (anorexia, desnutrição, doenças de alto consumo, tumores de SNC); o Hipofisária (traumas, tumores – craniofaringeoma, prolactinomas); o Deficiência isolada de gonadotrofinas – Síndrome de Prader – Willi (obesidade, baixa estatura, pés e mãos pequenos, retardo mental e hipotonia infantil); o Idiopática constitucional (padrão familiar). • Diagnóstico: o LH e FSH, testosterona, estradiol e progesterona; o Cariótipo para descartar Turner, etc; o Ultrassom de abdome total, para descartar tumores; o Tomografia ou ressonância magnética SNC, para descartar problemas relacionados à hipófise. • Tratamento: o Reposição de estrogênios para desenvolvimento de caracteres sexuais secundários e então iniciar o ciclo combinado misto (E2 + P4); o A reposição hormonal depende da paciente, se for Roktansky por exemplo, não precisa de progesterona porque não tem útero pra proteger, então entra com estrógeno apenas. o Tratamento da causa básica (se possível), a maioria dos casos não tem como tratar causa base, só trata o resultado final da puberdade tardia que é desenvolver caracteres sexuais secundários e proporcionar melhor qualidade de vida à paciente. Infelizmente não tem muito o que se fazer. Anotação – Isabella Menezes
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