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FARMÁCOS CONTRA ENTEROPARASITOSES
Fármacos Anti-protozoários
Entamoeba histolytica – Metronidazol, tinidazol, diloxanida
Giardia lamblia – metronidazol, tinidazol
Metronidazol
O metronidazol destrói os trofozoítos da E. histolytica, porém não tem efeito sobre os
cistos. Trata-se do fármaco de escolha para a amebíase invasiva do intestino ou do fígado,
porém mostra-se menos efetivo contra os microrganismos na luz do intestino. O
metronidazol é ativado pelos microrganismos anaeróbicos para um composto que
danifica o DNA, provocando, então, apoptose em células parasitárias.
Em geral, o metronidazol é administrado por via oral e é completamente absorvido.
Preparações retais e intravenosas também estão disponíveis. É rapidamente distribuído
pelos tecidos, atingindo concentrações elevadas nos líquidos corporais, incluindo o
líquido cerebroespinhal. Uma parte é metabolizada, porém a maior parte é eliminada na
urina.
Os efeitos adversos são leves. O fármaco deixa um sabor metálico e amargo na boca,
porém, em doses terapêuticas, provoca poucos efeitos adversos. Foram relatadas
alterações gastrointestinais menores, bem como sintomas do SNC (tonturas, cefaleia,
neuropatias sensitivas). O fármaco provoca reação semelhante ao dissulfiram com o
álcool, o qual deve ser estritamente evitado. O metronidazol não deve ser usado
na gravidez.
O tinidazol é similar ao metronidazol em seu mecanismo de ação e nos efeitos
adversos, porém é eliminado mais lentamente, com meia-vida de 12-14 horas.
Diloxanida
A diloxanida ou, mais comumente, seu éster insolúvel, o furoato de diloxanida, é o
fármaco de escolha no caso do paciente infectado assintomático e, com frequência, é
administrada preventivamente, após a doença ter sido revertida com o metronidazol.
Ambos os fármacos têm ação amebicida direta, afetando os parasitas antes do
encistamento. O furoato de diloxanida é administrado oralmente e age sem ser
absorvido. Tem excelente perfil de segurança, mas pode haver efeitos gastrointestinais
adversos ou outros efeitos.
Outros fármacos que eventualmente são usados incluem o antibiótico paromomicina.
Fármacos anti-helmínticos
Atualmente, os medicamentos anti-helmínticos agem por paralisação do parasita (p.
ex., evitando a contração muscular), por dano do verme, de forma que o sistema imune
do hospedeiro possa eliminá-lo, ou alterando o metabolismo do parasita (p. ex., afetando
a função dos microtúbulos). Uma vez que as exigências metabólicas desses parasitas
variam muito de uma espécie para outra, os fármacos que são altamente eficazes contra
um tipo de verme podem revelar-se ineficazes contra outros. Para produzir efeito, o
fármaco deve ser capaz de penetrar na dura cutícula exterior do verme ou ter acesso a seu
trato alimentar. Isso pode apresentar dificuldades, porque alguns vermes são
exclusivamente hemófagos (“alimentam-se de sangue”), enquanto outros são descritos
como “herbívoros de tecido”. A complicação adicional é que muitos helmintos possuem
bombas de efluxo de drogas ativas que reduzem a concentração do fármaco no parasita.
A via de administração e a dose de medicamentos anti-helmínticos são, portanto,
importantes. Numa inversão da ordem natural das coisas, vários fármacos anti-
helmínticos empregados na medicina humana foram originalmente desenvolvidos para
uso veterinário.
Enterobius vermicularis – Mebendazol, albendazol, piperazina
Ascaris lumbricoides – Levamisol, mebendazol, piperazina
Tênia – Praziquantel, niclosamida
Ancilóstomo – Mebendazol, albendazol, dietilcarbamazina
Benzimidazóis
Esse grupo inclui mebendazol, tiabendazol e albendazol, que são anti-helmínticos de
largo espectro amplamente utilizados. Considera-se que atuem por meio da inibição da
polimerização da β-tubulina helmíntica, interferindo, assim, nas funções dependentes
dos microtúbulos, como, por exemplo, a captura de glicose. Apresentam ação inibidora
seletiva, sendo 250-400 vezes mais efetivos na produção desse efeito no tecido helmíntico
do que no tecido do mamífero. No entanto, o efeito leva algum tempo para se
desenvolver, e os vermes podem não ser expelidos por vários dias. As taxas de cura
costumam situar-se entre 60% e 100% na maioria dos parasitas.
Apenas 10% do mebendazol são absorvidos depois da administração oral, porém uma
refeição gordurosa aumenta a absorção. É rapidamente metabolizado, sendo os
metabólitos eliminados na urina e na bile em 24-48 horas. Em geral, é administrado em
dose única para os nematódeos filiformes e duas vezes ao dia, por três dias, no caso de
infestações por ancilóstomo e por nematelminto. O tiabendazol é rapidamente absorvido
pelo trato gastrointestinal, metabolizado muito velozmente e eliminado pela urina na
forma conjugada. Ele pode ser administrado duas vezes ao dia, por três dias, em
infestações por filárias e Strongyloides, e por até cinco dias em infestações pelo
ancilóstomo e pelos nematelmintos. O albendazol é também mal absorvido, mas, como
acontece com o mebendazol, a absorção é aumentada pelos alimentos, especialmente
gorduras. É metabolizado extensivamente pelo metabolismo pré-sistêmico em
metabólitos de sulfóxido e sulfona. É provável que o primeiro seja a forma
farmacologicamente ativa.
Os efeitos adversos são poucos com o albendazol ou com o mebendazol, embora
algumas alterações gastrointestinais possam ocorrer ocasionalmente. Os efeitos adversos
com o tiabendazol são mais frequentes, porém, em geral, revelam-se transitórios; as
alterações gastrointestinais são as mais comuns, embora tenham sido relatadas cefaleia,
tonturas e sonolência e possam ocorrer algumas reações alérgicas (febre, erupções
cutâneas). O mebendazol não deve ser administrado a mulheres grávidas ou crianças
com menos de 2 anos.
Praziquantel
O praziquantel é um fármaco anti-helmíntico de amplo espectro e muito ativo que foi
introduzido há mais de 20 anos. É o fármaco de escolha para todas as formas de
esquistossomíase e também o agente geralmente adotado nos programas de larga escala
para erradicação do esquistossomo. Também é útil na cisticercose. Afeta não apenas os
esquistossomos adultos, mas também as formas imaturas e as cercárias – a forma do
parasita que infesta os seres humanos através de penetração pela pele.
O fármaco compromete a homeostase do Ca2+ no parasita, unindo-se aos locais de
ligação reconhecidos da proteína quinase C, em uma subunidade β dos canais de cálcio
controlados por voltagem do esquistossomo. Isso induz o influxo do
Ca2+, com contração rápida e prolongada da musculatura, e também eventual paralisia e
morte do verme. O praziquantel compromete ainda o tegumento do parasita,
disponibilizando novos antígenos, e, como resultado, pode tornar-se mais suscetível às
respostas imunológicas normais do hospedeiro.
Administrado oralmente, o praziquantel é bem absorvido; parte significativa do
fármaco é rapidamente transformada em metabólitos inativos na primeira passagem
pelo fígado, e esses metabólitos são eliminados na urina. A meia-vida plasmática do
composto original é de 60-90 minutos.
O praziquantel apresenta efeitos adversos mínimos em sua dosagem terapêutica. Tais
efeitos, quando ocorrem, costumam ser transitórios e raramente têm importância clínica.
Incluem alterações gastrointestinais, tontura, dores musculares e articulares, erupções
cutâneas e febre baixa. Os efeitos podem ser mais marcantes nos pacientes com
infestação acentuada de vermes e podem ser causados pelos produtos liberados pelos
vermes mortos. O praziquantel é considerado seguro em mulheres grávidas e lactantes,
propriedade importante para um fármaco que é comumente adotado nos programas de
controle nacional da doença. Desenvolveu-se alguma resistência a esse fármaco.
Piperazina
A piperazina pode ser usada para tratar infestações pelos nematelmintos comuns (A.
lumbricoides) e pelo nematódeo filiforme (E. vermicularis). Essa substância inibe, de modo
reversível, a transmissão neuromuscular no verme, provavelmente simulando o GABA, nos canais de cloro controlados pelo GABA no músculo do nematódeo. Os
vermes paralisados são expelidosvivos pelos movimentos peristálticos intestinais
normais. É administrada em conjunto com um laxante, como o sene, a fim de
facilitar a expulsão dos vermes.
A piperazina é administrada oralmente e parte, porém não toda, é absorvida. É
parcialmente metabolizada, e o restante é eliminado, de modo inalterado, pelos rins. O
fármaco apresenta pouca ação farmacológica no hospedeiro. Quando usada para tratar os
nematelmintos, a piperazina é efetiva em dose única. No caso dos nematódeos filiformes,
faz-se necessário usá-la por um período maior (7 dias), em dosagem menor.
Os efeitos adversos podem incluir alterações gastrointestinais, urticária e
broncoespasmo. Alguns pacientes apresentam tonturas, parestesias, vertigens e
dificuldade de coordenação. O fármaco não deve ser administrado a pacientes grávidas
ou com função renal ou hepática comprometidas.
Niclosamida
A niclosamida é amplamente usada no tratamento das infestações pela tênia, juntamente
com o praziquantel. O escólex (a cabeça do verme que se liga ao intestino do hospedeiro)
e um segmento proximal são irreversivelmente danificados pelo fármaco; assim, o verme
separa-se da parede intestinal e é expelido. Para a T. solium, o fármaco é administrado em
dose única, após refeição leve, em geral seguida por purgativo duas horas depois, no caso
de os segmentos danificados de tênia liberarem ovos, os quais não são afetados pelo
fármaco. No caso de outras infecções pela tênia, essa precaução não é necessária. A
absorção é desprezível no trato gastrointestinal.
Efeitos adversos: podem ocorrer náuseas, vômitos, prurido e cefaleia de leve
intensidade, mas, em geral, esses efeitos são poucos, infrequentes e transitórios.
Levamisol
O levamisol é efetivo nas infestações pelo nematelminto mais comum (A. lumbricoides).
Possui ação nicotina-símile, estimulando e, subsequentemente, bloqueando as
junções neuromusculares. Os vermes paralisados são, então, expelidos nas fezes. Os ovos
não são destruídos. O fármaco é administrado oralmente, é rapidamente absorvido e
amplamente distribuído. Atravessa a barreira hematoencefálica. É metabolizado no
fígado em metabólitos inativos, que são eliminados através do rim. Sua meia-vida
plasmática é de quatro horas. Tem efeitos imunomoduladores e, no passado, foi usado
para tratar vários tumores sólidos.
Pode causar perturbações gastrointestinais, mas também efeitos mais graves, como a
agranulocitose, e foi retirado do mercado norte-americano.
Clara Andrade

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