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CAAML-1212_Manual de Sobrevivência no Mar - Só o que cai na prova

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OSTENSIVO CAAML-1212 
OSTENSIVO 2-1 REV.1 
CAPÍTULO 2 
MATERIAL DE SALVATAGEM 
2.1 - CONSIDERAÇÕES INICIAIS 
Para a sobrevivência do náufrago é tão importante o seu estado psicofísico quanto a eficiência e 
a proeficiência na operação do equipamento que possui. A familiarização e o conhecimento do 
material de salvatagem serão fundamentais para propiciar um correto abandono do navio e uma 
sobrevivência adequada. Este capítulo classifica e apresenta o material de salvatagem de modo 
a prover o conhecimento teórico sobre as equipagens em uso na MB. As características operati-
vas dos materiais foram ressaltadas, estando os demais requisitos de fabricação dispostos na 
publicação NORMAM 05, editada pela Diretoria de Portos e Costas (DPC). 
 
2.2 - CLASSIFICAÇÃO 
Os materiais de salvatagem, segundo os requisitos previstos na SOLAS, são classificados co-
mo: 
2.2.1 - Classe I 
Empregados nas embarcações que realizam a navegação entre portos brasileiros e estrangeiros. 
2.2.2 - Classe II 
Fabricados com base nos requisitos da Classe I, porém abrandados para emprego nas embarca-
ções que realizam navegação de mar aberto, entre portos nacionais. 
2.2.3 - Classe III 
Fabricados com base nos requisitos da Classe I, abrandados para emprego nas embarcações rea-
lizam navegação interior. 
2.2.4 - Classe IV 
Fabricado para uso, por longos períodos, por pessoas envolvidas em trabalhos realizados pró-
ximos à borda da embarcação ou suspensos por pranchas ou outros dispositivos que aumentem 
o risco de queda n`água acidentalmente. 
OSTENSIVO CAAML-1212 
OSTENSIVO 2-2 REV.1 
2.2.5 - Classe V 
Confeccionado para emprego exclusivo em atividades esportivas do tipo jet-ski, banana- bo-
at, esqui aquático, windsurf, parasail, pesca e pequenos veleiros de até 5 metros de comprimen-
to e outras. 
 
2.3 - CLASSIFICAÇÃO DOS NAVIOS DA MB QUANTO À CLASSE DO MATERIAL DE 
SALVATAGEM 
Para efeito de dotação do material de salvatagem nos meios da MB, todos os navios que 
praticarem a navegação costeira ou oceânica deverão ser munidos de material da classe I. Os 
navios que praticarem a navegação interior, exclusivamente, deverão prover-se de material da 
classe III. 
 
 2.4 - DEFINIÇÕES 
2.4.1 - Embarcação de Salvamento 
É concebida para resgatar pessoas em perigo dentro d'água, assim como para reunir e rebo car 
embarcações de sobrevivência. Na MB, são consideradas embarcações de salvamento as lan-
chas, baleeiras a motor e embarcações pneumáticas destinadas ao resgate de náufragos. 
2.4.2 - Embarcação de Sobrevivência 
É o meio coletivo de abandono de embarcação em perigo, capaz de preservar a vida humana 
durante um certo período, enquanto é aguardado o resgate. São consideradas embarcações de 
sobrevivência: 
a) Embarcação Salva-Vidas. Normalmente do tipo baleeira, possuindo proa e popa afiladas, 
rígida, com propulsão própria e arriada geralmente por um par de turcos. As embarcações salva-
vidas poderão ser de três tipos: totalmente fechada, parcialmente fechada e do tipo aberto. 
b) Balsa Salva-Vidas. Inflável, não tem propulsão própria e seu formato é de polígono regular. 
Comumente acondicionada em um casulo de fibra de vidro e estivada em um berço no convés. 
Na MB, podem ser encontradas nas classes I e III. 
c) Aparelhos Flutuantes. Podem ser rígidos ou infláveis existindo em diferentes formatos (pa-
ralelogramo, circular, elíptico, cheio ou vazado). 
d) Bote Orgânico de Abandono. É rígido, inflável ou semi-rígido, de flutuabilidade compro-
vada. Na MB, não é empregado. 
OSTENSIVO CAAML-1212 
OSTENSIVO 2-3 REV.1 
2.4.3 - Colete Salva-Vidas 
É o meio individual de abandono capaz de manter uma pessoa, mesmo inconsciente, flutuando 
por no mínimo 24 horas. 
2.4.4 - Bóia Salva-Vidas 
Equipagem destinada, principalmente, a constituir um meio flutuante de apoio à pessoa que ca-
iu na água, enquanto o resgate não chega. Sua flutuabilidade não pode depender de prévia insu-
flação. 
2.4.5 - Roupa de Imersão 
Equipamento individual de abandono destinado a assegurar aos tripulantes de um navio uma 
proteção térmica adequada. 
2.4.6 - Meio de Proteção Térmica 
Equipamento individual fabricado com material impermeável à água e destinado a proteger a 
pessoa contra a perda de calor do corpo. 
 
2.5 - HOMOLOGAÇÃO E APROVAÇÃO 
Todo material de salvatagem nacional utilizado a bordo dos navios da MB deverá ser homolo-
gado pela DPC. A Diretoria de Abastecimento da Marinha, por meio do Sistema de Homologa-
ção e Normas Técnicas, especifica as condições exigíveis para a construção e o fornecimento 
desses materiais à MB. O material de origem estrangeira poderá ser empregado para atendimen-
to das dotações de embarcações e demais exigências deste manual. Para tal, deverá possuir o 
“Certificado de Homologação” do país de origem, no qual esteja explicitamente declarado que 
o material foi homologado de acordo com os requisitos ou regras estabelecidas na SOLAS. Ca-
so obedeçam a requisitos estabelecidos em outros documentos, que não a SOLAS, deverá ser 
requerida homologação pela DPC. 
 
2.6 - EMPREGO E MANUTENÇÃO DO MATERIAL 
a) o equipamento de salvatagem não poderá ser usado para outro fim que não o de salvatagem, 
exceto as embarcações de salvamento; 
b) os equipamentos de salvatagem de classe superior sempre poderão substituir os declasse in-
ferior. Como por exemplo, os materiais das classes I e II poderão substituir os da classe III; 
OSTENSIVO CAAML-1212 
OSTENSIVO 2-4 REV.1 
c) todos os equipamentos de salvatagem infláveis deverão ser revisados a cada 18 meses, po-
dendo a revisão ser realizada nas Organizações Militares Prestadoras de Serviço (OMPS) capa-
citadas para tal ou ser terceirizado, de acordo com as estações de manutenção autorizadas pela 
DPC; e 
d) os dispositivos hidrostáticos de escape (ver cap.3) deverão estar dentro do prazo de validade. 
 
2.7 - EMBARCAÇÕES DE SALVAMENTO NOS NAVIOS DA MB 
Todo navio da MB deve possuir ao menos uma embarcação de salvamento para, 
em caso de abandono pelo Grupo de Salvamento e Destruição, prover segurança ao grupo. Caso 
a lotação das embarcações de salvamento colocadas a disposição do GSD seja inferior à com-
posição do mesmo, embarcações de sobrevivência em número suficiente deverão estar num raio 
de 12 metros. 
 
2.8 - CARACTERÍSTICAS DAS EMBARCAÇÕES DE SALVAMENTO 
Os seguintes requisitos operativos principais devem ser atendidos por uma embarcação de sal-
vamento: 
a)a) ter um comprimento não inferior a 3,8m; 
b) possuir mobilidade e manobrabilidade em mar agitado suficientes para possibilitar que as 
pessoas possam ser retiradas do mar, reunir as balsas salva-vidas e rebocar a maior balsa salva-
vidas existente a bordo do navio, quando carregada com toda a sua lotação e sua dotação de e-
quipagens; 
c) deverá ser dotada, preferencialmente, de um motor de centro a diesel. Quando possuir motor 
de popa ou for movida a combustível que produza centelha, deverá possuir um sistema de ali-
mentação homologado e ter os tanques de combustível especialmente protegidos contra fogo e 
explosões. Também deverá sercapaz de manobrar a uma velocidade não inferior a 6 nós por, 
no mínimo, 4 horas; 
d)d) ser dotada de dispositivo permanente de reboque suficiente para reunir ou rebocar balsa 
salva-vidas; 
e) quando inflável, possuir resistência e rigidez suficientes para permitir que, quando suspensa 
pelo estropo ou gato de içamento, seja arriada e içada com toda a sua lotação de pessoas, dota-
ção de equipamentos e palamenta; e 
Formatados: Marcadores e numeração
Formatados: Marcadores e numeração
OSTENSIVO CAAML-1212 
OSTENSIVO 2-5 REV.1 
f) quando o navio se fizer ao mar, ao menos uma embarcação de salvamento deverá estar sem-
pre pronta para ser usada. Se inflável e quando exposta ao sol, deve permanecer parcialmente 
inflada sem comprometer a sua utilização de modo a não forçar as costuras no momento de 
maior incidência da radiação solar. 
 
2.9 - EMBARCAÇÕES DE SOBREVIVÊNCIA NOS NAVIOS DA MB 
2.9.1 - Navios (exceto Navios-Tanque) 
Suficientes para 110% da tripulação listada na parte de saída. 
2.9.2 - Navios-Tanque 
Deverão buscar o atendimento dos requisitos de segurança adotados pela SOLAS. São eles: 
a) embarcações de sobrevivência para 150% da tripulação listada na parte de saída; e 
b) embarcações salva-vidas totalmente fechadas e resistentes ao fogo para atender a 110% do 
Grupo de Salvamento e Destruição. 
 
 2.10 - CARACTERÍSTICAS DAS EMBARCAÇÕES DE SOBREVIVÊNCIA 
Neste ítem serão abordadas as principais características das embarcações salva-vidas, balsas 
salva-vidas infláveis Classe I, balsas salva-vidas específicas para rios e lagos e aparelhos flutu-
antes. As demais embarcações de sobrevivência não serão abordadas, por não comporem as do-
tações dos navios da MB. 
2.10.1 - Embarcações Salva-Vidas 
Os seguintes requisitos operativos principais devem ser atendidos por uma embarcação salva-
vidas: 
a) possuir um certificado de homologação; 
b) possuir uma resistência suficiente para permitir que seja lançada na água com segurança, 
quando carregada com toda a sua lotação de pessoas e toda a sua dotação de equipamentos, a-
lém de ser capaz de ser lançada e rebocada quando o navio estiver com seguimento, com uma 
velocidade de 5 nós em águas tranqüilas; 
c) possuir motor de combustão interna à compressão e velocidade mínima de 6 nós em marcha 
adiante nas seguintes condições: águas tranqüilas, carregada com toda a sua lotação e dotação 
de equipamentos e com os equipamentos auxiliares acionados pelo motor em funcionamento; 
Formatados: Marcadores e
numeração
OSTENSIVO CAAML-1212 
OSTENSIVO 2-6 REV.1 
Formatados: Marcadores e numeração
d) ter velocidade mínima de 2 nós em marcha adiante quando rebocando uma balsa salva-vidas 
para 25 pessoas, carregada com toda a sua lotação de pessoas e toda a sua dotação de equipa-
mentos; e 
e) possuir autonomia de 24 horas a uma velocidade de 6 nós quando totalmente carregada e 
dispor de combustível adequado para emprego em toda a faixa de temperaturas suscetíveis de 
serem encontradas na área em que o navio opera. 
2.10.2 - Balsa Salva-Vidas Inflável para Mar 
Os seguintes requisitos operativos principais deverão ser atendidos pelas balsas salva-vidas In-
fláveis para mar: 
a)a) resistir a uma exposição de 30 dias ao tempo, flutuando em todas as condições de mar; 
b) poder ser rebocadas, satisfatoriamente, a uma velocidade de 3 nós em águas tranquilas, 
quando carregadas com toda sua lotação de pessoas e dotação de equipamentos; 
c) ser providas de ração sólida e líquida suficientes para alimentar o nº de pessoas a que forem 
homologadas por três dias, independente do meio externo; e 
d) ter seus equipamentos divididos pelas funções a que se destinam em: componentes, estojo de 
sinalização, estojo de sobrevivência, estojo de medicamentos, estojo de pesca, estojo de reparos 
e documentação. A relação completa de todos os equipamentos da balsa salva-vidas inflável pa-
ra mar encontra-se detalhada na norma MAR 71000/377A da DAbM. 
Fig. 2.1 Embarcação salva-vidas (baleeira) 
OSTENSIVO CAAML-1212 
OSTENSIVO 2-7 REV.1 
2.10.3 - Balsa Salva-Vidas Inflável para Rios 
Os seguintes requisitos operativos principais deverão ser atendidos pelas balsas salva-vidas in-
fláveis para rios: 
a) construídas de forma a atender às necessidades dos náufragos em regiões de rios, possuindo 
o piso reforçado externamente contra obstáculos submersos; 
b) poder ser rebocadas, satisfatoriamente, a uma velocidade de 3 nós em águas tranqüilas, 
quando carregadas com toda sua lotação de pessoas e dotação de equipamentos; 
c) possuir mosquiteiros nas duas aberturas do toldo passíveis de serem dobradas ou estendidas, 
de acordo com a necessidade; e 
d) ter seus equipamentos divididos pela função a que se destinam em: componentes, estojo de 
sinalização, estojo de sobrevivência, estojo de medicamentos, estojo de pesca, estojo de reparos 
e documentação. A relação completa de todos os equipamentos e a especificação detalhada 
consta na norma MAR 71000/376 da DAbM. 
 
 
 
 
OSTENSIVO CAAML-1212 
OSTENSIVO 2-8 REV.1 
2.10.4 - Aparelhos flutuantes 
Exclusivamente da classe III, os aparelhos flutuantes podem ser camuflados e devem ficar esti-
vados no convés superior, devendo ser empilhados em grupos de até 5 unidades quando forem 
rígidos. Terão de estar sempre livres para flutuar, não podendo estar peiados à embarcação. A-
tenderão aos seguintes requisitos operativos principais: 
a) ser provido de uma linha salva-vidas flutuante ou de material que absorva pouca água, fixada 
externamente em pontos eqüidistantes, de modo a formar alças iguais para servir de apoio para 
as mãos dos náufragos; e 
b) possuir uma boça flutuante, fixada em uma das extremidades, com comprimento mínimo de 
10m e com as mesmas características mecânicas da linha salva-vidas. 
Os aparelhos flutuantes infláveis, além das características anteriores, devem atender às seguin-
tes exigências: 
I) acondicionados em casulo; 
II) providos de pelo menos dois compartimentos distintos, a fim de que um mantenha a flutua-
bilidade no caso de perda de flutuabilidade no outro; 
 
III) inflar automaticamente ao serem lançados na água; e 
IV) possuir válvula de alívio em cada compartimento, para prevenir o excesso de pressão inter-
na que possa danificar os aparelhos. 
 
 2.11 - UTILIZAÇÃO DAS EMBARCAÇÕES ORGÂNICAS DOS NAVIOS DA MB 
Os navios da MB que dotam material de salvatagem classes I e II, ou sejam empregados em 
mar aberto, possuem sempre embarcações orgânicas, sendo estas de diversos tipos como lan-
chas, baleeiras, vedetas, embarcações de casco semi-rígido, botes e chalanas. Seu emprego é di-
verso, por vezes tático, outras vezes administrativo e de salvamento; devendo portanto, possuí-
rem dotações decorrentes do emprego a que se destinam. Desta forma, como exemplo, ao con-
siderarmos uma baleeira quanto à sua dotação de material, podemos configurar diversas situa-
Fig 2.2 Aparelho flutuante rígido 
OSTENSIVO CAAML-1212OSTENSIVO 2-9 REV.1 
ções distintas de acordo com as definições apresentadas de embarcações de salvamento e de 
embarcações de sobrevivência, ou ainda de emprego tático-administrativo, quando não forem 
incluídas dentre os recursos de salvatagem do navio. A princípio, todas as embarcações com 
propulsão, dispostas em turcos prontos para arriarem-nas ao mar, podem ser consideradas em-
barcações de salvamento. 
Sendo assim, abaixo são descritos os itens que devem pertencer às dotações das embarcações 
dos navios de acordo com o emprego das mesmas: 
2.11.1 - Dotação das embarcações de salvamento 
Conforme definido, essas embarcações servem como recurso de salvatagem para reunir ou a-
grupar as embarcações de sobrevivência (normalmente balsas salva-vidas), não sendo, portanto, 
meio coletivo de abandono. Assim, a sua dotação é simplificada por não requerer itens destina-
dos à sobrevivência. 
Itens constantes da dotação das embarcações de salvamento (de casco rígido como baleeiras e 
lanchas): 
-a) um par de remos flutuantes com tamanho compatível ao da embarcação; 
-b) dois croques; 
-c) dois bujões para cada bueiro, presos à embarcação por fiel ou corrente, para as embarcações 
que não possuem válvulas de fundo nas aberturas do casco; 
-d) dois baldes ou recipientes similares para esgoto; 
-e) um leme calado na embarcação e a respectiva cana (caso aplicável); 
-f) uma lanterna com capacidade para 12 horas de iluminação; 
-g) uma agulha magnética (de desvio conhecido) montada em sua bitácula ou portátil, lumines-
cente ou dotada com meios adequados para iluminação; 
-h) um ancorote de tamanho apropriado com cabo de no mínimo 30 metros; 
-i) duas boças, cada uma com comprimento igual a duas a três vezes o comprimento da embar-
cação e resistência compatível para sua amarração ou reboque. Uma das boças deve ser fixada 
ao bico de proa (preferencialmente ao arganéu ou a ponto estrutural), e a outra fixada à popa; 
-j) uma caixa de primeiros socorros prevista para lanchas; 
-k) jator elétrico estanque preparado para sinalização Morse; 
-l) uma faca de marinheiro, provida de abridor, fixa à embarcação por fiel e com a respectiva 
bainha; 
Formatados: Marcadores e
numeração
OSTENSIVO CAAML-1212 
OSTENSIVO 2-10 REV.1 
-m) uma retinida flutuante leve; 
-n) uma bomba manual de esgoto; 
-o) um apito, sino ou meio equivalente para sinalização sonora; 
-p) um refletor radar; 
-q) uma tabela de sinais de socorro e de baixa visibilidade devidamente protegida da ação do 
tempo, e de fácil visualização pelo patrão; 
-r) uma escada de quebra-peito de 4 degraus; 
-s) bombona de água potável para consumo; 
-t) extintor de incêndio portátil, do tipo indicado para incêndios classe B; 
-u) uma bóia salva-vidas com retinida de recolhimento; 
-v) conjunto de pirotécnicos (conforme estabelecido pela MB para a embarcação); 
-w) defensas – podendo ser de sisal, couro, plástico ou borracha, no mínimo de três; 
-x) coletes salva-vidas de flutuabilidade permanente da classe adequada, ou auto-infláveis em 
número suficiente para a guarnição da lancha e eventuais passageiros; e 
-y) conjunto básico de ferramentas contendo, no mínimo: chaves de fenda, alicate universal ou 
de boca ajustável, espicha de ferro e duas machadinhas. 
2.11.2 - Dotação das embarcações orgânicas utilizadas como embarcações de sobrevivência 
Quando alguma lancha de navio for utilizada como meio coletivo de abandono será também 
uma embarcação de sobrevivência; assim, sua dotação é aumentada dos itens exigidos a este ti-
po de embarcação. 
Sua dotação de material será a especificada no item 2.11.1, acrescida do previsto na norma 
MAR 71000/377A da DAbM, considerando a lotação prevista para a embarcação. 
2.11.3 - Dotação das embarcações de salvamento de casco semi-rígido ou infláveis (botes) 
Como são caracterizadas pela agilidade e, normalmente, menores dimensões, sua dotação é bas-
tante reduzida, constando basicamente dos seguintes itens: 
-a) uma âncora flutuante com tamanho compatível ao da embarcação; 
-b) um apito; 
-c) embalagem estanque com conjunto de primeiros socorros previsto para lanchas (de acordo 
com o Centro Logístico de Saúde da Marinha); 
-d) um espelho de sinalização; 
-e) instruções relativas à sobrevivência em material a prova d’água; 
Formatados: Marcadores e numeração
OSTENSIVO CAAML-1212 
OSTENSIVO 2-11 REV.1 
-f) uma lanterna estanque à água; 
-g) um par de remos flutuantes com tamanho compatível à embarcação; 
-h) uma bomba ou fole; 
-i) duas esponjas; e 
-j) uma bóia salva-vidas com cabo retinida (caso a embarcação esteja configurada para recolhi-
mento de náufragos). 
 
2.12 - CARACTERÍSTICAS DOS COLETES SALVA-VIDAS 
Podendo ser de flutuabilidade permanente, auto-infláveis ou infláveis, os coletes salva-vidas 
são compostos pelos seguintes acessórios: luz de posicionamento, tiras retrorrefletivas, apito de 
bola, cabo liga-náufragos, tirantes de amarração e alça de resgate. Quando estivados deverão es-
tar prontamente acessíveis e ter sua localização bem indicada, podendo ser fabricados nas cinco 
classes. Os empregados na MB possuem as seguintes características: 
CLASSE I - é fabricado conforme requisitos da DPC e SOLAS, e dotado com fitas retrorrefle-
tivas, luz de posicionamento e apito; 
CLASSE II – idem, mas sem luz de posicionamento; e 
CLASSE III - idem, mas sem luz de posicionamento e sem fitas retrorrefletivas. 
Abaixo veremos os principais requisitos e características operativas dos coletes salva-vidas: 
2.12.1 - Coletes salva-vidas de flutuabilidade permanente (″de paina″) 
a) quando corretamente utilizados, permi-
tem ao usuário saltar de uma altura de 
4,5m sobre a água, com segurança e sem 
que o colete seja avariado ou deslocado do 
corpo; 
b) têm flutuabilidade e estabilidade sufici-
entes em água doce, tranqüila, para manter 
uma pessoa exausta ou inconsciente flutu-
ando, de modo que sua boca fique acima d’água; 
c) permitem girar o corpo de uma pessoa inconsciente na água, a partir da posição deitada em 
decúbito ventral, de tal maneira que a boca fique voltada para cima; 
Fig. 2.3 Coletes de Paina 
OSTENSIVO CAAML-1212 
OSTENSIVO 2-12 REV.1 
d) permitem à pessoa, que os veste, nadar uma pequena distância e embarcar numa embarcação 
de sobrevivência; 
e) podem ser fabricados em dois tipos: 
CANGA – de vestir pela cabeça; e 
JALECO ou JAQUETA – de vestir como jaqueta. 
f) devem ser utilizados em todas as fainas em conveses abertos, quando o navio estiver no mar; 
g) devem ser estivados, quando possível, nas proximidades dos postos externos a serem guar-
necidos nas diversas condições e detalhes de fainas especiais. 
2.12.2 - Coletes salva-vidas auto-infláveis 
Além do disposto nas alíneas a), b) e c) do item anterior, possuem as seguintes características 
operativas em acréscimo: 
a) dois compartimentos distintos e independentes; 
b) inflam-se mecanicamente no modo automático ao submergir; 
c) dispositivo para acionamento oral; e 
d) são do tipo canga simples (acondicionados na condição de uso), podendo ser fornecidos no 
modelo suspensório. 
2.12.3 - Coletes salva-vidas infláveis 
Também devem atender ao disposto nasalíneas a), b) e c) do item 2.12.1, possuindo ainda as 
seguintes características: 
a) dois compartimentos distintos e independentes; 
b) dispositivo para acionamento mecânico no modo manual; e 
c) dispositivo para acionamento oral. 
 
2.13 - UTILIZAÇÃO E DOTAÇÃO DE COLETES SALVA-VIDAS NOS NAVIOS DA MB 
Todo navio da MB deve possuir coletes salva-vidas infláveis ou auto-infláveis em perfeitas 
condições de uso para 110% do quantitativo de pessoal listado na parte de saída. 
Quanto ao porte ininterrupto quando em viagem ou não, cabem as seguintes situações: 
a) navios que possuam escaninhos abrigados do calor intenso e da ação do tempo, próximos aos 
locais de guarnecimento em Postos de Combate ou próximos às estações de formatura para a-
bandono, poderão mantê-los armazenados nestes escaninhos, observando-se as instruções do 
fabricante para seu armazenamento. Estes armários devem ser bem sinalizados, de fácil acesso 
OSTENSIVO CAAML-1212 
OSTENSIVO 2-13 REV.1 
e sempre desobstruídos. Para esses navios, a dotação de coletes salva-vidas infláveis ou auto-
infláveis deverá ser de 150% do quantitativo de pessoal listado na parte de saída; e 
-b) as classes de navios que não têm escaninhos específicos para a guarda dos coletes deverão 
navegar com seus tripulantes vestindo ou portando seus coletes individuais devidamente ajusta-
dos ao seu correto uso. 
 
2.14 - CARACTERÍSTICA E DOTAÇÃO DAS BÓIAS SALVA-VIDAS CIRCULARES 
A bóia salva-vidas deve possuir, fixada em quatro pontos eqüidistantes da sua circunferência, 
uma linha salva-vidas com cabo de 8mm – laranja, de flutuabilidade permanente, devendo pos-
suir numa das faces a marcação “MARINHA DO BRASIL” e “NOME DO NAVIO”, em negro, 
de forma que sejam perfeitamente legíveis quando estivadas a bordo. São classificadas como: 
CLASSE I e II - alaranjadas e dotadas com fitas retrorrefletivas do tipo que refletem o raio na 
direção da fonte emissora; 
CLASSE III - podendo ser camufladas e dotadas com fitas retrorrefletivas do tipo que refletem 
os raios em qualquer direção, aleatoriamente. 
A quantidade de bóias estivadas a bordo deve atender os requisitos mínimos abaixo: 
Comprimento do Navio 
(Ct) 
Qtde mínima de bóias estivadas em conveses abertos 
Ct < 24m 02 UN 
24m < Ct < 45m 03 UN 
45m ≤ Ct < 75m 06 UN 
75m ≤ Ct < 120m 08 UN 
120m ≤ Ct < 180m 12 UN 
180m ≤ Ct < 240m 24 UN 
Ct ≥ 240m 30 UN 
As seguintes regras gerais para a adequada distribuição e estiva a bordo das bóias salva-vidas 
deverão ser observadas: 
a) as bóias dispostas pelo navio são dotadas de retinida com cabo de 8mm – laranja, com flutu-
abilidade permanente e comprimento igual ou superior ao dobro da altura em que for estivada 
acima da linha de flutuação correspondente ao calado leve em água do mar, ou 30 metros, se es-
te valor for maior, ao centro da circunferência; 
Formatados: Marcadores e
numeração
OSTENSIVO CAAML-1212 
OSTENSIVO 2-14 REV.1 
b) pelo menos a metade do número total de bóias, em cada bordo, deverá estar equipada com 
dispositivo de iluminação automático, compatível com a classe da bóia (por exemplo: bóia 
Classe I, dispositivo Classe I; bóia Classe II, dispositivo Classe II); 
c) nos navios que dotam material da classe I, em cada lais do passadiço deverá haver, pelo me-
nos, uma bóia munida com dispositivo de iluminação automático e um sinal fumígeno flutuan-
te; 
d) todas as bóias que contiverem os dispositivos de sinalização não deverão possuir o cabo re-
tinida; 
e) as bóias não devem ficar presas permanentemente à embarcação. Ficarão suspensas em su-
portes fixos com sua retinida (as que a possuam), cujo chicote não deve ser amarrado à embar-
cação e estar colhido à manobra; e 
f) devem ser dispostas de tal forma que uma pessoa não tenha que se deslocar mais de 12 me-
tros para lançá-la. 
 
2.15 - CARACTERÍSTICAS DAS ROUPAS DE IMERSÃO 
As roupas de imersão deverão ser confeccionadas com materiais à prova d'água, de modo que: 
a) permitam que elas possam ser retiradas dos seus invólucros e vestidas sem ajuda em menos 
de 2 minutos, levando em conta qualquer outra vestimenta relacionada a elas e um colete salva-
vidas, se a roupa de imersão for para ser usada juntamente com um colete salva-vidas; 
b) permitam que a roupa cubra o corpo todo, com exceção do rosto. As mãos também deverão 
ficar cobertas, a menos que a roupa disponha de luvas presas permanentemente a ela; 
c) não permitam a entrada de uma quantidade excessiva de água na roupa, após o seu utilizador 
pular na água de uma altura não inferior a 4,5m; e 
d) uma roupa de imersão que tenha flutuabilidade e que deva ser usada sem colete salva-vidas 
deverá, obrigatoriamente, ser dotada de uma luz e um apito. 
 
2.16 - CARACTERÍSTICAS DOS MEIOS DE PROTEÇÃO TÉRMICA 
Um meio de proteção térmica deverá ser feito de um material à prova d'água, que tenha uma 
condutividade térmica não maior do que 7.800 W/(m2K), e ser confeccionado de modo que, 
quando usado para envolver uma pessoa, reduza a perda de calor do corpo tanto por convecção 
quanto por evaporação. Deverá cobrir o corpo todo de pessoas de todos os tamanhos utilizando 
OSTENSIVO CAAML-1212 
OSTENSIVO 2-15 REV.1 
um colete salva-vidas, com exceção do rosto. As mãos também deverão ficar cobertas, a menos 
que disponha de luvas presas permanentemente a ele. 
 
2.17 - DOTAÇÃO DAS ROUPAS DE IMERSÃO E MEIOS DE PROTEÇÃO TÉRMICA NOS 
NAVIOS DA MB 
O anexo A, produto do Banco Nacional de Dados Oceanográficos (BNDO), apresenta a média 
das mínimas temperaturas da água do mar encontradas no Atlântico Sul. Os navios da MB, para 
efeito de planejamento da dotação de roupas de imersão e meios de proteção térmica adequados 
ao abandono, deverão adotar como limite a temperatura da água do mar de 25ºC. 
CAPÍTULO 4 
 
SOBREVIVÊNCIA NO MAR 
 
4.1 - CONSIDERAÇÕES INICIAIS 
Considerando que todos os náufragos já foram recolhidos e encontram-se distribuídos pelas 
balsas, estas devem ser mantidas agrupadas, amarrando-as entre si por meio de suas boças, evi-
tando, desta forma, que se dispersem. Isso proverá apoio mútuo, elevará o moral e facilitará a 
localização pelas unidades de busca. As embarcações de salvamento que já tenham sido lança-
das ao mar deverão auxiliar no agrupamento das balsas, no apoio aos feridos e em outros servi-
ços que se fizerem necessários. Os cabos para a amarração deverão ser fixados em locais pró-
prios para reboque nas balsas, localizados a 90º da rampa de acesso e suficientes para suportar 
um esforço capaz de rebocá-las a 3 nós. 
Este capítulo abordará as ações e procedimentos a serem conduzidos pelos náufragos, quando 
em suas embarcações de sobrevivência, a fim de salvaguardar suas vidas. 
 
OSTENSIVO CAAML-1212 
OSTENSIVO 2-16 REV.1 
4.2 - PROCEDIMENTOS PARA OS NÁUFRAGOS NUMA EMBARCAÇÃO DE SOBREVI-
VÊNCIA 
Os seguintes itens básicos devem ser observados: 
a) proceder a um levantamento das condições físicas de todo o pessoal. Os médicos e enfermei-
ros, se existentes, deverão percorrer todas as balsas organizando o atendimento aos feridos. A 
depender de alguns fatores, dentre eles a temperatura do ar e daágua, intensidade do vento, 
gravidade e número de feridos, pode vir a ser conveniente reuni-los numa única embarcação pa-
ra facilitar o atendimento médico. Ressalta-se que os feridos sofrerão em maior grau os efeitos 
adversos da sobrevivência. 
b) distribuir os náufragos entre as embarcações de modo a evitar a superlotação. A dotação das 
embarcações de sobrevivência é suficiente para atender a todos a bordo. Porém, na ocorrência 
de um sinistro, algumas destas poderão perder-se. No caso de superlotação deverá ser estabele-
cido um revezamento entre aqueles que se encontrarem em boas condições físicas. Os que esti-
verem no mar deverão ficar presos às linhas-de-vida das balsas. Quanto às roupas, devem ser 
substituídas de forma que os homens que fiquem a bordo das embarcações permaneçam sempre 
com as roupas secas; 
c) estabelecer um serviço de vigilância durante as 24 horas do dia em quartos de duas horas. Tal 
fato tem como propósito aumentar a probabilidade de um avistamento das unidades de busca, 
destroços, embarcações e aeronaves em trânsito pela área. Havendo pessoal disponível, é con-
veniente estabelecer dois vigias por quarto; 
d) orientar o serviço de vigia para que fique atento a qualquer sinal de terra, aparecimento de 
algas marinhas, cardumes de peixes, bandos de aves, às condições das embarcações e a qual-
quer evento que fuja à rotina e que esteja ao alcance de seus olhos e ouvidos. Os vigias deverão 
sempre guarnecer o apito e estar familiarizados com todas as equipagens de bordo; 
e) distribuir tarefas específicas a todos que estiverem em boas condições físicas. Escriturar um 
diário de bordo, navegar, pescar, assistir aos feridos, manter o interior da balsa limpo e seco, 
coletar e controlar a água e ser o responsável pelo racionamento da comida são atividades ocu-
pacionais de baixo consumo de energia; 
f) recolher os objetos flutuantes que forem encontrados visando a uma possível utilização. Não 
convém que sejam introduzidos a bordo objetos pontiagudos, cortantes ou que ocupem muito 
espaço. Estes devem ser amarrados e permanecer flutuando, a fim de aumentarem ainda mais a 
OSTENSIVO CAAML-1212 
OSTENSIVO 2-17 REV.1 
probabilidade de detecção visual por parte das unidades de busca aérea. Em embarcações inflá-
veis deve-se ter extremo cuidado para que esses objetos não venham a causar dano aos flutua-
dores; 
g) proteger bússolas, relógios, pirotécnicos, cartas náuticas e demais objetos que possam estra-
gar-se em contato com a água; e 
h) evitar qualquer gasto extra de energia. Caso alguém caia no mar o recolhimento deverá ser 
feito através da bóia orgânica existente na dotação da embarcação de sobrevivência. Um colete 
salva-vidas preso a um cabo pode servir de improviso. O resgate através de nadadores existen-
tes a bordo deve ser empregado em último caso. 
 
4.3 - LIDERANÇA APLICADA À SOBREVIVÊNCIA 
Tomando como base o entendimento de que liderar é o processo que consiste em influenciar 
pessoas no sentido de que ajam, voluntariamente, em prol dos objetivos da Instituição, podemos 
ressaltar que caberá ao líder, numa embarcação de sobrevivência, estabelecer a sobrevivência 
do grupo como o objetivo comum. E tão mais fácil será atingir este objetivo quanto mais volun-
tariosas forem as ações a serem tomadas pelo grupo. Para atingir o objetivo de sobreviver até 
que chegue o resgate, o líder não pode deixar de considerar alguns aspectos peculiares numa si-
tuação de naufrágio: 
a) Instinto de preservação 
 Valor primordial do ser humano, deve ser elevado à condição de valor primordial do grupo. 
Algumas culturas e religiões priorizam outros valores em detrimento da própria vida; 
b) Espírito de equipe 
 A tripulação de uma embarcação de sobrevivência não será, obrigatoriamente, um grupo coe-
so. Os tripulantes são distribuídos pelas estações de abandono em função de seus números de 
bordo e postos de guarnecimento nas diversas condições de prontidão para ação, não se poden-
do esperar que a tripulação listada numa embarcação de sobrevivência seja chamada de time. 
Ainda que, por intermédio dos treinamentos e adestramentos rotineiros de abandono realizados, 
se consiga formar um time, na eventualidade de um afundamento iminente o náufrago irá em-
barcar na primeira embarcação de sobrevivência que estiver ao seu alcance. A formação de um 
espírito de equipe será um fator que contribuirá, sobremaneira, para o êxito na condução do 
grupo numa situação tão adversa quanto o de uma sobrevivência; 
OSTENSIVO CAAML-1212 
OSTENSIVO 2-18 REV.1 
c) Estilo de liderança 
 A partir da liderança autoritária, exercida em situações de combate e baseada na autoridade 
formal conferida ao mais antigo da embarcação de sobrevivência, deve-se buscar um estilo de 
liderança adaptável ou situacional, onde o líder deve adotar estilos diferentes para diferentes si-
tuações. A iniciativa, a participação e a criatividade do grupo devem ser preservadas. Numa si-
tuação real de sobrevivência no mar, onde escassos recursos estarão disponíveis num espaço fí-
sico confinado e a chegada do resgate é imprevisível, as tarefas deverão ser distribuídas aos es-
pecialistas, buscando-se otimizar o emprego dos recursos materiais e pessoais. A principal fun-
ção do líder será preservar as boas relações pessoais no grupo, mantendo o moral e a persegui-
ção do objetivo comum; 
d) Comunicação 
 Manter o grupo informado da situação atual, das ações empreendidas e a empreender permite 
aliviar o estresse, ressaltando a importância de todos como membros do time. Além disso o lí-
der demonstra confiança, estabelecendo um ambiente saudável e construtivo e possibilitando a 
todos no grupo conhecer a situação para o cumprimento eficiente da missão; e 
e) Flexibilidade 
 A partir do instante em que o instinto de preservação e o espírito de equipe tomarem conta do 
grupo e o processo de comunicação se tornar eficiente, podem surgir novos fatos, idéias ou co-
nhecimentos até então desconhecidos pelo líder. Caberá ao mesmo ser acessível, aberto a mu-
danças e reavaliar suas decisões sejam quais forem as circunstâncias. 
 
4.4 - PROBABILIDADE DE SOBREVIVÊNCIA 
O naufrágio do Titanic em 1912, onde 1503 pessoas perderam suas vidas, trouxe a tona um ou-
tro problema a ser equacionado: muitas pessoas que perderam suas vidas portavam um colete 
de salvatagem. A baixa temperatura da água do mar levou-os à morte. Desde então, a partir da 
primeira Convenção SOLAS, especialistas do mundo todo tem se dedicado ao aperfeiçoamento 
das técnicas de sobrevivência e no aprimoramento do processo de fabricação dos materiais uti-
lizados na salvatagem, com um único objetivo: aumentar a probabilidade de sobrevivência dos 
náufragos mesmo nas mais extremas condições. 
OSTENSIVO CAAML-1212 
OSTENSIVO 2-19 REV.1 
Abaixo listamos os principais fatores que afetam significativamente a probabilidade de sobre-
vivência dos náufragos: 
4.4.1 - Hipotermia 
A fim de entender a causa da hipotermia é importante compreender as condicionantes físicas 
que regem o processo de troca de calor do corpo humano. 
 A troca de calor existirá sempre que dois corpos encontrarem-se em diferentes temperaturas 
num mesmo ambiente. O calor fluirá, segundo uma taxa específica de transferência de calor que 
depende de constantes físicas específicas,sempre do corpo de maior temperatura para o de me-
nor temperatura. Essa troca de calor ocorre através de quatro fenômenos físicos: 
a) Irradiação 
Todos os objetos que possuem calor, incluindo o corpo humano, emitem calor através da sua 
superfície na forma de radiação térmica; 
b) Convecção 
Este é o processo através do qual o calor do corpo humano é trocado com o meio-ambiente por 
meio do movimento das moléculas de ar e água adjacentes à pele. Após receberem sua taxa de 
calor, as moléculas adjacentes deslocam-se dando lugar a outras mais frias; 
c) Condução 
Denominação dada ao processo da troca de calor entre o corpo humano e superfícies com as 
quais esteja em contato direto; 
d) Evaporação 
É o processo segundo o qual uma dada energia transforma o líquido num gás ou vapor. O calor 
requerido para a condução deste processo é retirado da superfície do objeto no qual está ocor-
rendo a evaporação e ele esfria. 
No corpo humano esta transferência de calor se dará normalmente dos tecidos e órgãos mais in-
ternos para aqueles mais superficiais, e destes para o meio-ambiente. Para a temperatura corpó-
rea permanecer constante, o calor produzido pelo metabolismo interno, somado ao produzido 
através de exercícios e calafrios, deve ser igual à perda do calor provocada pelos processos físi-
cos anteriormente explicados. 
Alguns fatores exercem forte influência na perda de calor do corpo humano, dos quais os mais 
comuns são: a área da superfície corpórea envolvida no processo da transferência de calor, a di-
ferença de temperatura entre o meio-ambiente e o corpo humano e o movimento relativo das 
OSTENSIVO CAAML-1212 
OSTENSIVO 2-20 REV.1 
moléculas do fluido (ar ou água) onde o corpo está imerso. Esses são os motivos que levam a 
um incremento do processo se o indivíduo está imerso em águas frias (gradiente de temperatu-
ra), se ele está parcialmente imerso ao invés de completamente imerso (área da superfície cor-
pórea exposta) ou se ele se encontra em águas calmas ao invés de agitadas (movimento do flui-
do) e se movendo ao invés de ficar parado (movimento relativo do fluido). É com base nos qua-
tro fenômenos físicos anteriormente descritos que o líder da sobrevivência deve estabelecer, a-
propriadamente, a condição de fechamento das embarcações. Em condições de baixa tempera-
tura pode-se estabelecer uma condição adiabática dentro das embarcações de sobrevivência, e-
vitando, desta forma, que o calor se perca para o ambiente externo. 
Direta ou indiretamente, a hipotermia é a grande causa de morte no mar. O progressivo resfria-
mento do corpo humano causa uma função fisiológica reduzida, com declínio do consumo de 
oxigênio, da condução nervosa, da freqüência cardíaca, da função gastrointestinal e da respira-
ção. O corpo se defende contra a exposição ao frio pela vasoconstrição superficial e pelo au-
mento da produção metabólica de calor. Deste modo, as extremidades do corpo se tornam azu-
ladas devido à baixa circulação sanguínea. No que tange a área corpórea exposta, é sabido que o 
corpo humano perde a maioria de seu calor através da cabeça e do pescoço. Outros lugares sen-
síveis são as laterais do tronco e virilhas. Estas são as primeiras e mais importantes partes do 
corpo a proteger do vento, da água e do contato com qualquer superfície fria. A condutividade 
térmica da água é 25 vezes maior do que a do ar. Além disso, a sobrevivência em águas frias é 
agravada pelo fator intensidade do vento. Em um vento de 20 nós a uma temperatura ambiente 
de 10ºC, o efeito será o mesmo que em uma temperatura ambiente de 0ºC. Na região sul do pa-
ís, abaixo do paralelo de 30º, essas condições não são raras de ser encontradas. Os sintomas da 
hipotermia são inespecíficos. Pode haver fraqueza, sonolência, letargia, irritabilidade, confusão 
mental, calafrios e coordenação motora prejudicada. A pele, além da coloração azul, pode pare-
cer inchada. Em casos de hipotermia grave, é possível que haja interrupção da respiração. A au-
sência de pulso pode levar a acreditar no óbito do náufrago. No entanto, anormalidades no rit-
mo cardíaco estão diretamente relacionadas à diminuição da temperatura corporal. Como defe-
sa, a circulação sanguínea se concentrará na parte mais interna do corpo, assim como os bati-
mentos cardíacos cairão a um valor quase imperceptível. Como medidas preventivas passíveis 
de serem aplicadas numa embarcação de sobrevivência destaca-se: 
OSTENSIVO CAAML-1212 
OSTENSIVO 2-21 REV.1 
I) tentar manter uma dieta apropriada. A ração de sobrevivência, assim como a água, são as ú-
nicas fontes de energia para combater o frio numa embarcação de sobrevivência, e são limita-
das. Caberá aos náufragos coletar água e alimento para aumentar suas chances de sobrevivên-
cia; 
II) evitar contato com superfícies frias e garantir que o chão e as bordas das balsas infláveis es-
tejam bem inflados; 
III) manter todos juntos para aquecimento; 
IV) sempre que possível, vestir roupas de lã ou sintéticas. As roupas de algodão não são apro-
priadas para regiões de frio intenso; 
V) usar chapéu de algodão ou uma capa para cobrir a cabeça e a nuca. Perde-se até 50% do ca-
lor corporal através de cabeça e pescoço; 
VI) fazer uso das pílulas antináuseas antes do mareio. Vômitos induzem a desidratação, fortale-
cendo a hipotermia; 
VII) manter as sanefas da balsa totalmente fechadas para diminuir o efeito do vento e da umi-
dade; e 
VIII) evitar massagear o hipotérmico para aquecer ou restaurar a circulação, pois a fricção a-
grava a hipotermia. 
O sucesso do tratamento inclui uma combinação de métodos internos e externos. Nem todos, 
obviamente, serão passíveis de serem conduzidos numa embarcação de sobrevivência. Evitar 
movimentos bruscos, excesso de atividades e manter a posição horizontal são regras gerais. O 
reaquecimento externo ativo, através da utilização de cobertores, meios de proteção térmica e 
calor humano, deve priorizar a área do tronco. Além das dicas vistas no cap. 3 para o abandono 
em águas frias e as medidas preventivas vistas anteriormente, deve-se ter em mente que o me-
lhor tratamento para a hipotermia é evitá-la. Caso ocorra, o reaquecimento deve ser conduzido 
na mesma proporção em que ocorreu a queda de temperatura. Assim sendo, um náufrago que 
tenha uma queda instantânea de temperatura corpórea, como aquele que cai ao mar, deve sofrer 
um tratamento imediato com o reaquecimento externo do seu corpo feito de forma expedita lo-
go após o resgate. Náufragos que tenham sua temperatura corpórea caindo há dias, por outro la-
do, devem sofrer um aquecimento externo gradual, a fim de evitar a dilatação periférica predis-
pondo a arritmia cardíaca e o choque hipovolêmico (causado pela diminuição da circulação 
sanguínea nos órgãos vitais). Nos casos de hipotermia moderada, em que os sinais vitais come-
OSTENSIVO CAAML-1212 
OSTENSIVO 2-22 REV.1 
çam a desaparecer, a respiração cardiopulmonar (RCP) deve ser iniciada imediatamente. A 
morte por hipotermia se dá, principalmente, por parada cardíaca ou fibrilação ventricular e é di-
fícil de ser constatada face à inexistência, quase total, de pulso e respiração. A temperatura cor-
pórea e os sinais vitais podem levar dias até serem restabelecidos aos padrões normais. A RCP 
não deve ser cessada até que a temperatura corporal venha a ser restabelecidasem que os sinais 
vitais voltem a aparecer. Na dúvida, mantenha a manobra de RCP até a chegada do resgate. 
 
Vítimas de hipotermia foram e têm sido salvas pela persistência dos socorristas. 
Com base nos resgates e relatos coletados em todo o mundo, pode-se chegar a uma curva onde 
a probabilidade de sobrevivência é dada em decorrência da temperatura da água do mar. Essa 
curva é apresentada na figura acima. 
4.4.2 - Insolação 
Assim como o frio, o calor em excesso trará prejuízos à saúde dos sobreviventes. A exposição 
demasiada ao sol poderá causar queimaduras e insolação. As sanefas das balsas infláveis deve-
rão ser mantidas abertas e arejadas. Banhos de sol são proibitivos. A desidratação será agravada 
à medida que a intensidade da transpiração aumentar. Todos os trabalhos que envolvam algum 
esforço físico devem ser feitos nos horários em que a incidência da luz solar seja menor. Na o-
brigatoriedade da exposição ao sol, o protetor existente no kit de primeiros socorros deve ser u-
tilizado. A insolação pode manifestar-se de maneira súbita, quando a pessoa cai, desacordada, 
mantendo a pulsação e a respiração, ou através de sinais e sintomas como tontura, enjôo, dor de 
cabeça, pele seca e quente, rosto avermelhado, febre alta, pulso rápido e respiração difícil. Es-
OSTENSIVO CAAML-1212 
OSTENSIVO 2-23 REV.1 
ses sinais e sintomas nem sempre aparecem ao mesmo tempo. Normalmente podemos verificar 
apenas alguns. O seguinte tratamento deve ser seguido: 
a) arejar a vítima o máximo possível; 
b) tirar suas roupas, colocando-a deitada com a cabeça elevada; e 
c) aplicar compressa de água na cabeça, renovando com freqüência. 
4.4.3 - Principais enfermidades acometidas no caso de sobrevivência prolongada: 
a) Prisão de ventre 
Causada por falta de exercício, baixo consumo de água e dieta com baixo teor calórico. Beber 
água doce, seguir uma dieta rica em fibras vegetais e se exercitar ajudam a dar fim à prisão de 
ventre. Numa situação atípica, como a da consideração inicial, as possibilidades acima descritas 
são limitadas. No entanto, devem ser buscadas e cumpridas na medida do possível. Como palia-
tivo, para serem usados somente em casos extremos, os kits de primeiros socorros contêm la-
xativos. Existem registros de náufragos resgatados com vida e ausência de evacuação relatada 
de 24 a 30 dias. Após o resgate, os intestinos voltaram a funcionar sem graves efeitos subse-
qüentes quando restabelecidas as condições normais; 
b) Irritações da pele e ulcerações 
Causadas pelo contato do náufrago com a água e com a superfície emborrachada da balsa, os fe-
rimentos surgem nas áreas onde ocorre o atrito e onde o peso do corpo exerce pressão. Girar o 
corpo de duas em duas horas, fazendo com que o peso exerça pressão sobre diferentes áreas, é 
importante para evitar o aparecimento das irritações na pele. Estas, em casos extremos, podem 
vir a infeccionar e formar ulcerações. Deve-se aproveitar a água da chuva para lavar as partes 
afetadas, limpando os poros da pele. No caso de furúnculos e ulcerações mais graves, pode o-
correr o aparecimento de secreção e pele morta. 
 
Solução antisséptica deve ser aplicada. Na inexistência destes, deve-se manter o ferimento 
sempre seco e exposto ao sol o máximo possível; 
c) Descoloração das unhas e extremidades 
Acomete os náufragos após algum tempo em contato com a água do mar. Na medida do possí-
vel, as mãos e pés devem ser mantidos sempre secos. A pele pode vir a soltar e irritações po-
dem aparecer; 
 
OSTENSIVO CAAML-1212 
OSTENSIVO 2-24 REV.1 
d) Escorbuto 
Devido à diminuição da vitamina C no organismo. Deve-se incluir algas marinhas (ver inciso 
4.8.1), onde a vitamina C pode ser encontrada, na alimentação dos sobreviventes; e 
e) Dificuldade ao urinar 
Causada pelo baixo consumo de água, a redução da quantidade de urina é observada em náufra-
gos logo nos primeiros dias. A urina de cor escura, com odor forte, é um dos sintomas da desi-
dratação. Ardência ao urinar pode vir a aparecer, principalmente em climas muito frios. É uma 
condição passageira, apesar de incômoda. 
 
4.5 - ASPECTOS SOCIAIS 
A higiene será de suma importância para o sucesso da sobrevivência. Assim como na parte sa-
nitária propriamente dita, o aspecto social e moral do grupo será influenciado diretamente pelo 
estado sanitário. O homem é produto do meio onde vive. A manutenção da limpeza da embar-
cação de sobrevivência deve ser esmerada. O pessoal de serviço nas embarcações de sobrevi-
vência deve zelar para que as condições de higiene sejam mantidas. Em nenhuma hipótese 
devem ser permitidas necessidades fisiológicas e mareação dentro das embarcações. Esco-
vas de dente podem ser improvisadas com filaças de cabos presas a restos de madeira ou espi-
nhas de peixes, que também podem servir como pentes. Tomar banho, lavar roupas e baldear a 
embarcação por ocasião de chuvas torrenciais são atividades que contribuem para dar novo â-
nimo e vigor aos náufragos. 
 
4.6 - ASPECTOS PSICOLÓGICOS 
A sensação de medo é normal em homens que se encontram em situações de perigo. A fadiga e 
o esgotamento mental resultantes de grandes privações muitas vezes conduzem a distúrbios 
mentais. Nervosismo, atividade excessiva, estado de choque, violência e estafa são esperados 
após dois ou três dias de sobrevivência. O melhor meio de evitá-los é ter a mente limpa, pen-
samentos positivos e manter as esperanças. Quando não estiver descansando mantenha-se em 
relativa atividade atendendo as várias tarefas de bordo. A percepção de miragens não significa 
estar sofrendo de distúrbios mentais. Ao contrário, ela é esperada quando há uma baixa taxa de 
glicose no organismo. 
 
OSTENSIVO CAAML-1212 
OSTENSIVO 2-25 REV.1 
4.7 - ÁGUA 
A água perfaz de 40 a 60% da massa corporal de um indivíduo sendo um nutriente extraordiná-
rio. Ela funciona como meio de transporte, levando nutrientes, gases e eliminando os produtos 
indesejáveis através da urina e das fezes, e como meio reativo processando a difusão dos gases. 
Além disso, ela desempenha um importante papel no mecanismo termoregulador pois absorve 
uma quantidade considerável de calor com uma pequena mudança da temperatura. Também 
funciona como lubrificante das articulações e, pelo fato de ser incompressível, ajuda a dar for-
ma ao corpo humano. Sem água a morte ocorre em poucos dias. Dada a importância deste ele-
mento para a manutenção da vida, é prudente ao náufrago compreender as bases que regem o 
equilíbrio hídrico, particularmente aquelas atinentes à perda de água pelo organismo. Como a 
ingestão de líquidos estará restrita a ração de abandono e a coleta do meio ambiente, os sobre-
viventes deverão reduzir ao mínimo a perda de água do organismo, que se dá através da pele, 
como vapor de água na fala e no ar expirado, na urina e nas fezes. Os dados quantitativos abai-
xo referem-se a um indivíduo em situação normal, porém nos são aceitáveis para o dimensio-
namento da perda de água do organismo. 
a) Perda de água através da pele. Proveniente dos tecidos mais profundos, cerca de 350 ml de 
água são perdidos diariamente através da transpiração insensível. Além deste tipo de transpira-
ção existe aquele motivado pelo mecanismo da refrigeração destinado a esfriar o corpo huma-
no. Localizadas abaixo da pele as glândulassudoríparas especializadas, responsáveis por elimi-
nar o calor através do suor, incrementa a perda de água do organismo para cerca de 500 a 700 
ml de água por dia em condições normais; 
b) Perda de água como vapor de água. A quantidade de perda insensível de água através de 
pequenas gotículas aquosas no ar exalado é de 250 a 350 ml por dia. Ao falar essa perda de á-
gua tende a aumentar de forma considerável; 
c) Perda de água na urina. O volume de urina excretado pelos rins oscila de 1.000 a 1.500 ml 
por dia, sendo a água a sua quase totalidade. A presença da água na urina deve-se à presença de 
produtos tóxicos resultantes do metabolismo do fracionamento das proteínas, a ser visto na item 
seguinte; 
d) Perda de água nas fezes. Entre 100 e 200ml de água são perdidos através da eliminação in-
testinal, pois aproximadamente 70% do material fecal é composto por água. É prudente ressal-
OSTENSIVO CAAML-1212 
OSTENSIVO 2-26 REV.1 
tar que na ocorrência de vômitos ou de diarréia, a perda de água pode aumentar para en-
tre 1.500 e 5.000ml; e 
Esclarecida a forma de como a água é excretada pelo organismo, nos cabe agora esclarecer co-
mo ela poderá ser reposta pelos náufragos a fim de manter ou minimizar o déficit do equilíbrio 
hídrico numa situação de escassez de água. 
A parte líquida individual da ração de abandono encontrada nas embarcações de sobrevivência 
é composta por 1,5li de água potável. A despeito da velocidade da perda de água do organismo, 
anteriormente vista, a quantidade disponível nas rações é suficiente apenas para manter a vida, 
não resolvendo o problema da sede. Os náufragos deverão ter como objetivo principal reduzir a 
perda de água do organismo ao mínimo e como objetivo secundário, coletar água do ambiente 
ou mesmo produzi-la, aumentando suas chances de serem resgatados com vida. A água do mar 
não poderá ser ingerida em nenhuma hipótese, sendo inadequada para o consumo huma-
no! 
Com o advento do dessalinizador manual a autonomia das embarcações de sobrevivência, no 
que se refere a água potável, aumentou consideravelmente. Estes equipamentos estão disponí-
veis em dois tamanhos, sendo o de maior porte, com capacidade de produzir mais de cem litros 
de água potável por dia, o comumente utilizado nas modernas embarcações de sobrevivência. 
De operação individual e bem simples, o equipamento consiste basicamente numa bomba ma-
nual, tubo de aspiração e descarga e bolsa coletora. Funciona pelo princípio da osmose reversa, 
onde uma membrana semipermeável no interior do equipamento atua como filtro molecular. 
Quando a água do mar é submetida à pressão pela ação da alavanca da bomba e forçada contra 
a membrana, só as moléculas de água a atravessam. As partículas de sal são eliminadas para fo-
ra do sistema. A fig 4.1 apresenta uma configuração adequada de uso do equipamento. As prin-
cipais precauções quanto ao emprego do equipamento são as que seguem abaixo: 
I) Evitar sugar óleo, gasolina ou derivados de petróleo sob pena de danificar a membrana semi-
permeável; 
II) Quanto maior a concentração de sal na água do mar maior será a dificuldade de operação do 
equipamento; e 
III) Não mexer na regulagem da válvula de descarga. 
OSTENSIVO CAAML-1212 
OSTENSIVO 2-27 REV.1 
 
 
4.8 - ALIMENTOS, PESCA E FAUNA MARINHA 
4.8.1 - Alimentos 
Os alimentos podem ser divididos, de forma simplificada, em três grandes grupos: hidrocarbo-
netos (carboidratos), lipídeos (gorduras) e proteínas. Cada um desses grupos de alimentos tem 
propriedades distintas e é metabolizado no nosso organismo de forma diferente. A fim de pos-
sibilitar, ao náufrago, o entendimento das conseqüências da dieta forçada a que estará sujeito e 
melhor compreendê-la, é importante conhecer o metabolismo destes grandes grupos de alimen-
tos. 
a) Hidrocarbonetos (ou Carboidratos). São os alimentos que ingerimos em maior quantidade 
sendo encontrados no arroz, na batata e na farinha de mandioca. O representante mais conheci-
do desde grupo é a glicose, que é o combustível preferencial do nosso organismo. Alguns teci-
dos do nosso corpo, como o cérebro, dependem exclusivamente da quantidade de glicose no 
sangue para funcionar adequadamente sendo a glicose o “combustível de pronto uso” do nosso 
organismo. Enquanto houver glicose disponível para ser queimada, nosso organismo continuará 
a usá-la. Por isso é tão importante mantermos sempre a nossa glicemia (glicose no sangue) em 
Fig 4.1 Dessalinizador Manual de Osmose Reversa 
OSTENSIVO CAAML-1212 
OSTENSIVO 2-28 REV.1 
níveis aceitáveis. Pessoas que ficam muito tempo sem comer (ou seja, com hipoglicemia) são 
mais suscetíveis a desmaios, síncopes e vertigens. 
b) Lipídeos (Gorduras). Os lipídeos são o grupo de alimentos que possuem a maior energia 
armazenada por molécula. Gorduras são uma forma extremamente eficiente de se guardar a e-
nergia dos alimentos, com cada grama possuindo cerca de 9 kcal (a glicose tem uma energia de 
4 kcal por grama). Os lipídeos da nossa alimentação são armazenados nos tecidos adiposos 
(gordura) do nosso corpo. Enquanto temos glicose para usar, não usamos as gorduras (por isso 
chamamos a glicose de combustível preferencial) e as estocamos. Quando a glicose atinge ní-
veis baixos no sangue, o metabolismo começa a fazer a lipólise (literalmente a quebra das gor-
duras) gerando energia para o organismo. 
c) Proteínas. São as responsáveis pelas necessidades de nitrogênio e aminoácidos do nosso or-
ganismo. Encontradas principalmente em carnes, legumes, ovos e laticínios em geral, as proteí-
nas também são os “tijolos” de construção do nosso corpo. É possível, embora pouco eficiente, 
conseguir glicose através do consumo de proteína. Para produzir energia em quantidade satisfa-
tória a partir da síntese de proteínas deveríamos seguir uma dieta hiperprotéica. Porém a grande 
quantidade de nitrogênio gerada se combinaria com o hidrogênio formando a amônia, extre-
mamente tóxica e indesejável ao nosso organismo. A amônia é, então, filtrada pelo rim e excre-
tada através da urina. Do exposto podemos concluir que a dieta hiperprotéica consumirá uma 
maior quantidade de água do nosso organismo, visto que a mesma será necessária para diluir 
uma maior quantidade de amônia produzida e excretá-la através da urina. O processo da desi-
dratação pode ser acelerado através do consumo exclusivo de proteínas. 
Cabe ressaltar que a parte sólida da ração de emergência existente nas embarcações de sobrevi-
vência de um modo geral é constituída de carboidratos estáveis (açúcar) e amido ou equivalen-
te. Sua composição deve atender as proporções equivalentes de umidade (entre 3 e 7%), sal 
(máximo 0,2%), carboidratos (60 a 70% de peso ou 50 a 60% de energia), gordura (18 a 23% 
de peso ou 33 a 43% de energia) e proteínas (6 a 10% de peso ou 5 a 8% de energia). Disponí-
vel em quantidade capaz de permitir a sobrevivência do náufrago em condições metabólicas e 
energéticas favoráveis por um período de seis (06) dias, a ração de emergência deve ser ingeri-
da levando em consideração a disponibilidade de água para consumo, a condição clínica dos 
eventuais feridos e a existência de outros tipos de alimentos disponíveis ao náufrago. A ração 
de emergência apresenta a composição química adequada às nossas necessidades diárias, estan-
OSTENSIVOCAAML-1212 
OSTENSIVO 2-29 REV.1 
do as quantidades diretamente relacionadas com o gasto metabólico do indivíduo. Como haverá 
uma dieta forçada pela escassez dos alimentos, suas únicas alternativas serão economizar ener-
gia e tentar extrair do ambiente marinho a alimentação disponível. O ideal seria que a composi-
ção química da alimentação fosse de carboidratos, lipídeos e gorduras. No entanto, do ambiente 
marinho somente será possível extrair proteína animal (peixes e aves que eventualmente pou-
sem nas embarcações) e fibras vegetais (existentes nas algas que irão crescer nas obras vivas ou 
serão encontradas à deriva). Desta forma, alguns cuidados básicos devem ser tomados durante a 
ingestão destes alimentos: 
a) A proteína, em geral, e os frutos do mar, em especial, são alimentos ditos alergênicos. Podem 
vir a causar vômitos ou irritar a mucosa intestinal causando diarréia e aumentando o consumo 
de água do organismo. Com água em abundância prefira as proteínas e economize a ração de 
emergência. Porém, ao primeiro sinal de vertigem e diarréia ingira uma porção de carboidrato 
(glicose); e 
b) Ao coletar algas para consumo, deixe escorrer toda a água salgada e retire todo o material 
orgânico da superfície, tomando precaução de reservar os pequenos crustáceos, eventualmente 
existentes, para sua alimentação. Corte-as em pedaços pequenos e mastigue-as, até que uma 
pasta se forme. As algas poderão ser armazenadas na cobertura das embarcações de sobrevivên-
cia para posterior consumo. As algas ásperas não deverão ser ingeridas pois poderão conter 
substâncias que irritarão as mucosas do aparelho digestivo. Como forma de minimizar algum 
eventual efeito adverso causado pela ingestão de algas, as porções devem ser administradas so-
mente a um dos náufragos. Após a constatação de que nenhum efeito foi observado os outros 
poderão ser alimentados. 
 
4.8.2 - Pesca 
Quase todas as espécies de peixes de alto mar são comestíveis e representam um precioso refor-
ço ao cardápio do náufrago. Antes, porém, o náufrago terá que fisgá-los! Nas embarcações de 
sobrevivência existe um kit para pesca composto de linha, anzol, isca artificial e chumbada. A-
lém disso, a improvisação poderá suprir diversos meios para a pescaria. É possível transformar 
em anzóis objetos tais como clipe de lapiseira, prego dos sapatos, espinhas de peixes e ossos de 
pássaros. A linha pode ser facilmente tirada das próprias roupas, torcendo-se vários fios para 
dar maior resistência. Durante o dia, pequenos peixes atraídos pela sombra das embarcações na 
OSTENSIVO CAAML-1212 
OSTENSIVO 2-30 REV.1 
água poderão ser fisgados. O manuseio do kit de pesca deve ser feito com cuidado para evitar 
ferimentos e danos aos flutuadores, em se tratando de embarcações infláveis. De um modo ge-
ral, os peixes menores deverão ser os preferidos pois podem ser pegos com apenas uma das 
mãos. Para imobilizá-los, tente pegá-los com o movimento de pinça por trás da cabeça e junto 
aos olhos. Enrole em sua mão um pedaço de roupa para evitar ferimentos. Para matar o peixe, 
segure-o com uma das mãos e com a outra enfie a faca disponível nas embarcações até a altura 
das guelras, fazendo um movimento de arco para trás até que o pescoço quebre. Recolha as tri-
pas numa vasilha, separando para alimentação o coração, os olhos (que contêm muita água) e o 
fígado. O restante deve ser utilizado para atrair outros peixes. Pesque sempre, durante todo o 
dia e a noite, exceto quando existirem tubarões por perto. Caso algum tubarão venha a cair no 
anzol, corte a linha e deixe-o ir. Por mais frustrante que possa parecer, há sempre o risco de ele 
produzir ferimentos nos sobreviventes. Ao pescar, o faça em diversas profundidades para tentar 
localizar um cardume. Os peixes de alto-mar, ditos de “passagem”, são os que não nadam em 
cardume, mas sim atrás deste para se alimentar. O vigia da embarcação deve ficar atento aos 
primeiros sinais de peixes, tais como agitação intensa na superfície da água ou grupos de aves 
mergulhando. Nesse momento, a pesca deve ser intensificada. Não utilize a bateria da lâmpada 
de sinalização das embarcações para atrair os peixes, e sim empregue o espelho de sinalização 
para refletir o brilho das mesmas na superfície da água. Em noites de lua cheia, até a luz do luar 
pode ser usada para atrair os peixes. Determinadas espécies, especialmente os peixes voadores, 
podem vir a se chocar contra a cobertura e cair dentro das embarcações. A maioria dos peixes 
impróprios à alimentação vive em águas pouco profundas, possuem espinhos e são coloridos. 
Não coma, em circunstância alguma, medusas, águas vivas ou caravelas, visto que produzem 
queimaduras e intoxicação por vezes fatais. 
4.8.3 - Aves marinhas 
Todas as aves constituem alimentos em potencial podendo ser capturadas através de anzóis, la-
ços, ou mesmo com a mão, dependendo da habilidade de cada um. Utilizar como isca pequenos 
peixes ou pedaços de metal brilhante pode ser eficaz. Muitas aves serão atraídas pelas embarca-
ções como ponto de pouso e descanso. Quando as avistar, conserve-se imóvel, pois alguma po-
derá vir a pousar na cobertura da embarcação ou até sobre alguém. É possível agarrá-las logo 
que tenham fechado as asas, desde que se tenha cuidado com o bico afiado e com as asas. Utili-
ze uma roupa, ou pano, para proteger as mãos. Para matá-las, segure firme o corpo com uma 
OSTENSIVO CAAML-1212 
OSTENSIVO 2-31 REV.1 
das mãos, agarre e torça com a outra mão a cabeça e tracione o pescoço em direções opostas. 
Provavelmente a cabeça sairá na sua mão. 
 
 
 
4.9 - NAVEGAÇÃO 
4.9.1 - Generalidades 
A não ser que sejam avistados pontos de terra, ou que haja absoluta certeza de sua proximidade 
e da possibilidade de alcançá-la, não deve ser feita qualquer tentativa de navegação com as em-
barcações de sobrevivência. É praticamente impossível navegar com a balsa por longas distân-
cias, em rumo diferente daquele que lhe é dado pela resultante entre o vento e a corrente. As 
embarcações de salvamento, apesar de terem propulsão e governo, possuem limitado raio de 
ação e pequena potência para reboque das embarcações de sobrevivência. Todos os planos de 
busca têm, como ponto básico de referência, a posição informada ou estimada do local do sinis-
tro. A menos que o vento e a corrente estejam conduzindo para terra sabidamente próxima, as 
âncoras flutuantes das embarcações devem ser mantidas na água como forma de reduzir a velo-
cidade de deriva. 
4.9.2 - Preparação 
Ainda que a navegação seja dificultada pelas condições do naufrágio, a determinação da posi-
ção e a estima da deriva serão de suma importância no caso de uma sobrevivência prolongada. 
A arribada, ou o alcance das rotas de tráfego marítimo intensos serão oportunidades valiosas 
para aumentar a probabilidade do resgate. Do ponto de vista da navegação, o modo correto de 
preparar-se para uma emergência de abandono de navio é organizar um “kit” de navegação, co-
locá-lo em embalagens à prova d’água e mantê-lo pronto para o embarque nas embarcações. Os 
seguintes itens são desejáveis: 
a) cartas náuticas, preferencialmente as gerais de pequena escala, e cartas-piloto; 
b) sextante e calculadora eletrônica de navegação, ou as publicações para navegação astronômi-
ca; 
c) rádio portátil para recepção de sinais horários; 
d) agulha magnética portátil; 
e) equipamento GPS portátil; e 
OSTENSIVOCAAML-1212 
OSTENSIVO 2-32 REV.1 
f) material de plotagem. 
4.9.3 - Orientação e posicionamento 
A orientação (N, S, E, W) e o posicionamento (Lat., Long.) no mar serão possíveis através do 
emprego da navegação estimada e/ou astronômica, fazendo-se uso do material constante do kit 
de navegação. Porém, caso não exista ou seja insuficiente ou, ainda, não exista pessoal habilita-
do na embarcação de sobrevivência, os seguintes métodos diligentes podem ser utilizados: 
a) Orientação pelo relógio 
 A direção nas zonas temperadas pode ser determinada, 
de forma aproximada, utilizando-se um relógio com 
mostrador analógico. Na zona temperada do Hemisfério 
Norte, o ponteiro da hora aponta na direção do Sol. Uma 
linha na direção Sul estará na bissetriz do ângulo entre o 
ponteiro da hora (apontado para o Sol) e 12 horas. Se 
houver qualquer dúvida sobre qual o extremo da linha 
que indica o Norte, é só lembrar que o Sol está a Leste 
antes do meio dia e a Oeste no período da tarde. 
 
 
Na zona temperada do Hemisfério Sul, a marca de 
12 horas no mostrador deve ser apontada para o Sol. 
A direção do Norte estará na bissetriz do ângulo en-
tre 12 horas (apontado para o Sol) e o ponteiro da 
hora, conforme mostrado na figura ao lado. 
 
 
 
b) Orientação pela estrela Polar 
No Hemisfério Norte, à noite, a direção do norte pode ser descoberta tomando-se como referên-
cia a estrela Polar (Polaris). A identificação no céu da estrela Polar é feita utilizando-se como 
referência um grupo de estrelas que formam no céu o desenho aproximado de uma “Caçarola” 
(Constelação da Ursa Maior). Este grupo é composto por sete estrelas em forma de concha, com 
Fig. 4.2 Hemisfério Nor-
te 
 
 
Fig. 4.3 Hemisfério Sul 
OSTENSIVO CAAML-1212 
OSTENSIVO 2-33 REV.1 
a parte côncava (aberta) voltada para a direção do Pólo Norte. Se o navegante souber reconhe-
cer a “Caçarola” no céu, poderá facilmente identificar a estrela Polar, bastando para isso seguir 
os passos abaixo: 
I) identificar as estrelas Dubhe e Merak, que estão na extremidade da “concha da Caçarola” e 
são conhecidas como “apontadoras”; 
II) prolongar uma linha imaginária que passe pelas duas estrelas “apontadoras” na direção nor-
te, ou seja para o lado côncavo da “Caçarola”. Esta linha imaginária prolongada passará próxi-
ma do Pólo Norte Celeste e da estrela Polar; e 
 
III) após a identificação da estrela Polar, deverá ser imaginada uma linha no céu que passe pela 
referida estrela e intercepte perpendicularmente o horizonte. O ponto de interseção entre a linha 
imaginária e o horizonte corresponde à direção aproximada do Norte verdadeiro. 
c) Orientação pela Constelação do Cruzeiro do Sul. No Hemisfério Sul, à noite, as direções 
Norte, Sul, Leste e Oeste também podem ser determinadas utilizando-se a constelação conheci-
da como “Cruzeiro do Sul”. Os navegantes deverão, primeiramente, identificá-la, a fim de não 
confundi-la com o grupo de estrelas que forma o “Falso Cruzeiro”. As seguintes características 
distinguem uma constelação da outra: 
I) o “Falso Cruzeiro” tem tamanho maior que o “Cruzeiro do Sul”; 
II) a constelação do “Cruzeiro do Sul”, além das quatro estrelas que formam as duas hastes da 
cruz, ainda possui uma quinta estrela chamada de intrometida; e 
III) junto à constelação do “Cruzeiro do Sul” existem duas estrelas de brilho bastante intenso, 
chamadas de Hadar e RigelKent, que pertencem à constelação do Centauro. 
OSTENSIVO CAAML-1212 
OSTENSIVO 2-34 REV.1 
 Os seguintes procedimentos deverão ser seguidos: Prolongar, de forma imaginária, a haste 
maior da “cruz”, de um valor correspondente a quatro vezes e meia o seu comprimento, na di-
reção do pé da referida cruz. 
Efetuando esta operação, encontra-se no céu um ponto chamado de Pólo Sul Celeste, que cor-
responde à projeção do Pólo Sul da Terra no céu. Logo após deve-se imaginar uma linha que 
passe pelo ponto no céu correspondente ao Pólo Sul Celeste e que seja perpendicular ao hori-
zonte. O ponto no qual esta linha imaginária intercepta o horizonte corresponde à direção Sul 
verdadeira. 
 
4.9.4 - Determinação de distâncias aproximadas 
Quando se avista terra ou um navio, é conveniente saber estimar a distância em que se encon-
tram. Veremos, no capítulo seguinte, que o sucesso das mensagens de socorro dependerá, fun-
damentalmente, da certeza do recebimento por parte das unidades de busca ou qualquer outro 
destinatário. Para estimar a distância em que o destinatário se encontra, além da vivência do 
homem do mar, abordaremos dois métodos: 
OSTENSIVO CAAML-1212 
OSTENSIVO 2-35 REV.1 
a) Método da raiz quadrada. Conhecendo-se a altitude do ponto avistado (o que pode ser ob-
tido, no caso de um ponto de terra, através da Carta Náutica ou estimado no caso de navios), 
sua distância aproximada (d), em milhas náuticas, será dada por d = 2 √H , onde H é a altitude 
do objeto (altura sobre o nível do mar) em metros. Para um resultado mais preciso, deve-se so-
mar ao valor obtido a distância entre o observador e o horizonte, calculada pela mesma fórmula, 
para o valor da altura do olho do observador (em metros). 
 
EXEMPLO: 
O pico de uma ilha de 610 metros de altitude bóia no horizonte de um observador cuja altura do 
olho sobre o nível do mar é de 2,5 metros. Calcular a distância aproximada entre a balsa salva-
vidas e a ilha. 
SOLUÇÃO: d = 2 √ H + 2 √ h = 52,6 milhas 
b) Método da régua. Se um objeto de altitude conhecida estiver totalmente visível, sua distân-
cia aproximada pode ser determinada por simples proporção. Com o braço esticado, segure uma 
régua graduada na vertical e meça a distância subtendida pelo objeto de altitude conhecida. A 
distância (D) é, então, calculada pela proporção: 
 D = H 
 d h Onde: 
D = distância ao objeto (metros); 
H = altitude do objeto (metros); 
d = distância do olho à régua (com-
primento do braço), em centíme-
tros; 
h = altura medida na régua (cm) 
EXEMPLO: 
Uma ilha de 900 metros de altitude subtende na régua uma altura de 5 centímetros para um ob-
servador cujo comprimento do braço (distância do olho à régua) é de 70 centímetros. Calcular a 
distância aproximada da ilha. 
SOLUÇÃO: 
D = 70 x 900 = 12.600 m = 6,8 milhas 
 5 
OSTENSIVO CAAML-1212 
OSTENSIVO 2-36 REV.1 
4.10 - ARRIBADA 
A direção para terra pode ser determinada pela observação do vôo de aves marinhas ou por 
formações típicas de nuvens sobre ilhas. Pode-se governar em um rumo constante, mantendo-se 
um ângulo fixo entre a proa da embarcação e a direção das ondas ou marulho. Algumas vezes, 
terras próximas podem ser detectadas por sons ou, até mesmo, por odores característicos. Os si-
nais de terra são os seguintes: 
a) nuvens e certos reflexos característicos no céu são as indicações de terra mais

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