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32 Unidade II Unidade II 5 PLANEJAMENTO EDUCACIONAL NA ESCOLA E A AÇÃO DO PEDAGOGO Ao planejar suas ações, o pedagogo deve ter em mente o que é planejamento. Para tanto, apresentamos o conceito de planejamento em formato de diagrama: Planejar é Levantar a situação atual Maior eficiência Estabelecer o que se deseja mudar Maior exatidão e determinação a fim de se obter Organizar a ação futura Maiores e melhores resultados Maximização dos esforços e gastos Figura 7 – Conceito de planejamento A prática dos profissionais da educação, por meio de projetos, pesquisas, e planos de ação poderá oferecer ao aluno a possibilidade de desvelar sua própria história cultural/social, propiciando, assim, a formação da cidadania, bem como contribuir na prática docente para que os almejos sejam atingidos, de tal sorte que somente com uma ação contextualizada, planejada e organizada seja possível detectar a importância da parceria para o desenvolvimento das ações. Lembrete Ações sem direcionamento claro e objetivo de nada adiantam, senão para estabelecer um vazio pedagógico. Assim, por meio de uma prática planejada, o pedagogo poderá: 1. construir e estabelecer a relevância do seu trabalho; 2. garantir a natureza peculiar da prática do pedagogo; 33 ORIENTAÇÃO EM SUPERVISÃO ESCOLAR E ORIENTAÇÃO EDUCACIONAL 3. estabelecer uma imagem positiva; 4. dar à prática profissional um caráter sistemático e contínuo; 5. demonstrar a importância e relevância do pedagogo para o desenvolvimento da prática pedagógica da escola como um todo (LUCK, 1991, p.25). Planejar significa estar com a mente aberta ao processo educativo, estar atento à sua amplitude, dinamicidade e continuidade. Segundo Luck (1991), planejar é pensar analítica e objetivamente sobre a realidade e sobre a sua transformação. Assim, ao pensar o planejamento, é preciso: Quadro 1 • o quê • identificar • por quê • para quê • analisar • como • se quer promover • quando • prever • onde • com quem • decidir • para quem 34 Unidade II Para planejar, é preciso Identificar o problema (situação atual) Estabelecer os objetivos (situação futura desejada) Caracterizada a situação de fato, deve-se Caracterizada a situação de fato, deve-se que se pretendem atingir Levantar Estabelecendo Resultados Mudanças Acrécimos Correções Melhorias 1. O quê 1. O campo de ação 4. Quando 4. Limites de tempo para a realização da ação 2. Por quê 2. Os recursos a serem utilizados 5. Como 5. Atividade físicos financeiros humanos materiais 3. Para quê 3. As restrições existentes (obstáculos) 6. Onde 6. Métodos 7. Para quem 7. Recursos das atividades 8. Com quem Cronogramas de atividades Instrumentos e critérios de avaliação Montar Figura 8 – Passos do Planejamento 35 ORIENTAÇÃO EM SUPERVISÃO ESCOLAR E ORIENTAÇÃO EDUCACIONAL Esboça Situação futura a partir de Situação atual Prevê Garante O planejamento se quer realizar da ação o quê objetividade como operacionalidade onde funcionalidade quando exequibilidade por quê prudutividade continuidade Figura 9 – Funções do Planejamento Assim, a escola, organização social, que corrobora para o desenvolvimento cognitivo é o lugar central do processo educativo, local em que se dá a formação da cidadania (entendida como exercício pleno pautado na democracia, por parte da sociedade, de seus direitos e deveres) e a mudança na unidade escolar, ou seja, lugar onde se concretiza o esforço de ensino-aprendizagem, conforme Silva apud Padilha (2002). A seguir, serão apresentados, de acordo com Padilha (2002, pp.57-59), quadros-síntese contendo algumas distinções que podem facilitar a definição de certas visões de planejamento educacional combinadas com as características e os fundamentos das diferentes teorias de administração/ gestão: 36 Unidade II Quadro 2 – Características do planejamento educacional Categorias Tipos Características Níveis 1.Global ou de conjunto Para todo o sistema 2. Por setores Graus do sistema escolar 3. Regional Por divisões geográficas 4. Local Por escola Como processo 1. Técnico Por utilizar metodologia de análise, previsão, programação e avaliação 2. Político Por permitir a tomada de decisão 3. Administrativo Por coordenar as atividades administrativas 4. Sistêmico ou estratégico Visão total do sistema educacional, sentido amplo (recursos x oportunidades) 5. Tático Abrange todos os projetos e ações detalhadas e subordina-se ao Planejamento Estratégico Quanto ao Prazo 1. Curto prazo 1 a 2 anos 2. Médio prazo 2 a 5 anos 3. Longo prazo 5 a 15 anos Como método 1. Demanda Com base nas demandas individuais de educação 2. Mão de obra Com base nas necessidades de mercado, voltado para o desenvolvimento do país 3. Custo e Benefício Com base nos recursos disponíveis visando a maiores benefícios Fonte: Padilha, P. R. Planejamento dialógico: como construir o projeto pedagógico da escola. São Paulo: Cortez/Instituto Paulo Freire, 2002, p. 57. Quadro 3 Concepções Características Clássica Divisão pormenorizada, hierarquizada verticalmente, com ênfase na organização e pragmática Transitiva Planejamento seguindo procedimentos de trabalho, com ênfase na liderança Mayoista Visão horizontal, com ênfase nas relações humanas, na dinâmica interpessoal e grupal, na delegação de autoridade e na autonomia Neoclássica/Por objetivos Pragmática, racionalidade no processo decisório, particitipativa, com ênfase nos resultados e estratégia de corporação Tradição funcionalista Características(do consenso/positivista/evolucionista ) Burocrático Cumprimento de leis e normas. Visa à eficácia institucional do sistema, enfatiza a dimensão institucional ou objetiva Idiossincrático Enfatiza a eficiência individual de todos os que participam do sistema, portanto, a dimensão subjetiva Integradora Clima organizacional pragmático. Visa ao equilíbrio entre eficácia institucional e eficiência individual, com ênfase na dimensão grupal ou holística 37 ORIENTAÇÃO EM SUPERVISÃO ESCOLAR E ORIENTAÇÃO EDUCACIONAL Tradição interacionista Características(conflito/teorias críticas e libertárias) Estruturalista Ênfase nas condições estruturais de natureza econômica do sistema. Enfatiza a dimensão institucional ou objetiva. Orientação determinista Interpretativa Ênfase na subjetividade e na dimensão individual. O sistema é uma criação do ser humano. A gestão é mediadora reflexiva entre o indivíduo e o seu meio Dialógica Ênfase na dimensão grupal ou holística e nos princípios de totalidade, contradição, práxis e transformação do sistema educacional Enfoques Características Jurídico Práticas normativas e legalistas/sistema fechado Tecnocrático Predomínio dos quadros técnicos/especialistas Comportamental Resgate da dimensão humana, ênfase psicológica Desenvolvimentista Ênfase para atingir objetivos econômicos e sociais Sociológico Ênfase nos valores culturais e políticos, contextualizados. Visão interdisciplinar. Fonte: Padilha, P. R. Planejamento dialógico: como construir o projeto pedagógico da escola. São Paulo: Cortez: Instituto Paulo Freire, 2002, p. 58 Quadro 4 Concepções Tradição Funcionalista Enfoques Clássica Burocrática Jurídico e Tecnocrático Transitiva Idiossincrática e integradora Tecnocrático e comportamental Mayoista Integradora Comportamental Neoclássica/Por objetivos Burocrática e Integradora Desenvolvimentista Fonte: Padilha, P. R. Planejamento dialógico: como construir o projeto pedagógico da escola. São Paulo: Cortez: Instituto Paulo Freire, 2002, p. 59 Quadro 5 Tradição interacionista Enfoques Estruturalista Jurídico e Tecnocrático Interpretativa Comportamental Dialógica Sociológico Fonte: ibidem Partindo-se dessa reflexão, organizar e planejar as atividades no âmbito escolar e educacional significa compreender as relações institucionais, interpessoais e profissionais que ocorrem na escola, ampliando e avaliando a participação dos diferentes segmentos em sua administração e gestão. Daífalar-se em planejamento na escola cidadã, essa questão associa-se diretamente à questão da Gestão Democrática do Ensino Público, de acordo com o exposto por Romão (apud Padilha, 2002). De sorte que planejar é um processo que visa a responder uma questão, estabelecendo fins e meios que apontem 38 Unidade II para sua solução e superação, ou seja, atingir objetivos propostos anteriormente que levem em conta a historicidade e a prospecção futura. Tomando as palavras de Padilha (2002, p. 30) é possível afirmar que: O ato de planejar é sempre processo de reflexão, de tomada de decisão sobre a ação, processo de previsão de necessidades e racionalização de emprego de meios (materiais) e recursos (humanos) disponíveis, visando à concretização de objetivos, em prazos determinados e etapas definidas, a partir do resultado das avaliações. Assim, realizar os diversos planos e planejamentos educacionais e escolares significa exercer uma atividade engajada, comprometida e intencional. Saiba mais Para se aprofundar no tema, leia: Concepções de planejamento e planejamento educacional na perspectiva da escola cidadã. In: PADILHA, R. P. Planejamento dialógico: como construir o projeto político-pedagógico da escola. São Paulo: Cortez, Instituto Paulo Freire, 2002, pp. 45-71. Continuando nossa conversa sobre o planejamento, pergunto: “qual é o seu pensamento sobre planejamento?” Bem, aprofundemos um pouco mais a questão... Vamos lá? O planejamento é uma ação inerente ao ser humano em suas atividades cotidianas. No que diz respeito à atividade escolar, o ato de planejar é de extrema importância para o dia a dia. O planejamento escolar é importante momento de elaboração teórica do processo de organização pedagógica em ambientes escolares e não escolares, nos quais a reflexão sobre o acompanhamento e avaliação do processo ensino e aprendizagem podem sugerir uma possível intervenção na realidade escolar dos alunos de uma comunidade, seja ela no âmbito escolar ou não. Lembrete “O planejamento organiza, sistematiza, disciplina a liberdade: em nível individual e coletivo. Ele dá os paradigmas para o exercício da prática pedagógica” (FREIRE, 1997, p. 56). 39 ORIENTAÇÃO EM SUPERVISÃO ESCOLAR E ORIENTAÇÃO EDUCACIONAL De sorte que o planejamento escolar constitui uma forma de ação que busca organizar coletivamente os espaços educativos em organizações escolares e não escolares. Entretanto, a ideia de planejar a organização pedagógica ainda encontra-se arraigada pela “experiência de elaboração de planos burocráticos, formais e controladores” (VASCONCELLOS, 1995, p. 25). É necessário lembrar que, como descrito por Vasconcellos (ibidem, pp. 25-26, grifos nossos): os autores mais progressistas, ao abordarem a problemática do planejamento, lembram que ele, antes de ser uma questão meramente técnica, é uma questão política, já que envolve posicionamento, opções, jogo de poder, compromisso com a reprodução ou com a transformação etc. Isto é um avanço, mas ainda não dá conta de uma questão mais elementar hoje colocada, que é a valorização do planejamento, o estar mobilizado para fazê-lo, entendê-lo realmente como uma necessidade. [...] O planejamento é político, é hora de tomada de decisões, de resgate dos princípios que embasam a prática pedagógica. Mas para chegar a isso, é preciso atribuir- lhe valor, acreditar nele, sentir que planejar faz sentido, que é preciso. [...] O desafio fundamental, portanto, está em resgatar a confiança nas possibilidades de êxito do sujeito, num sentido de invenção e criação, portanto de libertação. Planejar implica, pois, acreditar na possibilidade de mudança e na necessidade da mediação teórico-metodológica. O planejamento escolar, entendido como explicitado anteriormente, como processo político para a possível intervenção das condições cotidianas de nossas organizações escolares, exige que haja a participação, compromisso e comprometimento dos diversos segmentos que compõem a comunidade escolar. Assim, o plano construído não deve ser encarado apenas como instrumento que a unidade escolar faz para cumprimento de exigências do sistema ao qual está integrada, deixando-o de lado após concluí-lo. O planejamento escolar visto como parte integrante do processo organizacional: consiste numa atividade de previsão da ação a ser realizada, implicando definição de necessidades a atender, objetivos a atingir dentro das possibilidades, procedimentos e recursos a serem empregados, tempo de execução e formas de avaliação. O processo e o exercício de planejar referem-se a uma antecipação da prática, de modo a prever e programar as ações e os resultados desejados, constituindo-se numa atividade necessária à tomada de decisões. [...] Sem planejamento, a gestão corre ao sabor das circunstâncias, as ações são improvisadas, os resultados não são avaliados (LIBÂNEO, 2004, p. 149). No momento de planejamento em ambientes escolares e não escolares, o que se pretende planejar são atividades de ensino e de aprendizagem determinadas por uma intenção educativa e que envolvem objetivos, valores, atitudes, conteúdos. Diante disso, vê-se que o planejamento não é de um indivíduo, 40 Unidade II mas, sim, uma prática de elaboração conjunta e coletiva realizada por meio de discussões e reflexões interpessoais. O planejamento constitui, então, uma forma de ação que busca organizar coletivamente as comunidades, tendo neste processo a participação do supervisor escolar/coordenador pedagógico e do orientador educacional como grandes articuladores do processo de reflexão, participação e organização de meios para que se possa cumprir a tarefa de propiciar aprendizagem, seja em ambiente escolar ou não. Para tanto, cabe ao pedagogo na função de supervisão/coordenação e orientação educacional “a sistematização e integração do trabalho no conjunto, caminhando na linha da interdisciplinaridade” (VASCONCELLOS, 2007, p. 87). O supervisor escolar, em função do espaço em que atua, “tem tanto a interface com o “chão da sala de aula” (por meio do contato com os professores e alunos), quanto com a administração, podendo ajudar uns e outros a se aproximarem criticamente” (ibidem, p.89). Desse modo, é possível ampliar o conceito da supervisão: “líder de comunidades formativas” (ALARCÃO apud VASCONCELLOS, 2007, p. 90). Assim, toda atividade e relação educativa, seja em espaço escolar ou não escolar, implica um vínculo com o conhecimento, ou seja, epistemológico, o qual será objeto da ação supervisora. É como afirma Paulo Freire (apud VASCONCELLOS, 2007, p. 90): A educação, não importando o grau em que se dá, é sempre uma teoria do conhecimento que se põe em prática. [...] O supervisor é um educador e, se ele é um educador, ela não escapa na sua prática a esta natureza epistemológica da educação. Tem a ver com o conhecimento, com a teoria do conhecimento. O que se pode perguntar é: qual o objeto de conhecimento que interessa diretamente ao supervisor? Aí talvez a gente pudesse dizer: é o próprio ato de conhecimento que está se dando na relação educador/educando. Portanto, é possível afirmar que a ação supervisora, de coordenação pedagógica, bem como de orientação educacional são delineadas pelos processos de ensino e aprendizagem, onde quer que ocorram. Pode-se dizer então que o planejamento educacional tem como objetivos gerais: • estabelecer condições necessárias à eficiência do sistema educacional; • conciliar e aperfeiçoar a eficiência interna e externa do sistema educacional; • alcançar maior coerência nos objetivos específicos e nos meios mais adequados para atingi-los. Lembre-se de que o pedagogo ao pensar em planejamento deverá centrar sua atenção em: Questões centrais no processo de planejamento: Meus educandos já sabem o quê? (zona real) 41 ORIENTAÇÃO EM SUPERVISÃO ESCOLAR E ORIENTAÇÃO EDUCACIONAL Ainda não conhecem o quê? [...] Devo ensinar o quê? Como ensinar? Quando ensinar? Onde ensinar? (FREIRE, 1997, p. 56). 5.1 Planejamento:tipos e níveis e suas relações Tomando o significado dos verbetes planejamento e planejar, conforme o Dicionário Aurélio, vê-se que: • planejamento é o ato ou efeito de planejar. Trabalho de preparação para qualquer empreendimento, segundo roteiro e métodos determinados; • planejar designa fazer o plano de; projetar; traçar; fazer o planejamento de [...]. Logo, planejar, em sentido amplo, é um processo que visa a dar respostas a um problema, estabelecendo fins e meios que apontem para sua superação, de modo a atingir objetivos antes previstos, pensando e prevendo necessariamente o futuro, mas sem desconsiderar as condições do presente e as experiências do passado, levando em conta os contextos e os pressupostos filosófico, cultural, econômico e político de quem planeja e de com quem se planeja (PADILHA, 2002, p. 63). Planejamento é um processo contínuo e sistematizado de previsão de necessidades, de reflexão e análise crítica para tomada de decisão. Desse modo, planejamento como processo é permanente, já o produto desse planejamento, o plano, é provisório. A didática, por meio de estudos de diferentes autores faz distinção entre os tipos e/ou níveis de abrangência de planejamento, ressaltando-se, como bem afirma Gandin (2001, p. 83), que “[...] é impossível enumerar todos os tipos e níveis de planejamento necessários à atividade humana”. Planejamento educacional: significa a elaboração de um projeto contínuo que engloba uma série de operações interdependentes, [...] com determinação de objetivos e de recursos disponíveis, a análise das consequências que advirão das diversas atuações, a determinação de metas a atingir em prazos bem definidos e o desenvolvimento dos meios mais eficazes para implantação da política escolhida (MENEGOLLA; SANT’ANNA apud PADILHA, 2002, p. 32) ou Planejamento de Sistema de Educação: aquele que se refere às políticas educacionais em nível nacional, estadual e municipal (VASCONCELLOS, 1995). 42 Unidade II Planejamento escolar ou projeto educativo: aquele que pode ser concebido como processo que envolve a prática docente no cotidiano escolar, fruto do exercício contínuo da ação-reflexão-ação (FUSARI apud PADILHA, 2002, p. 34). O planejamento geral da escola é o processo de tomada de decisão quanto aos objetivos a serem atingidos e a previsão das ações pedagógicas e administrativas, o resultado desse tipo de planejamento é o plano escolar (HAYDT, 2008, p. 95). O planejamento escolar atende, em geral, às seguintes funções: • diagnóstico e análise da realidade da escola: busca de informações reais e atualizadas que permitam identificar as dificuldades existentes, causas que as originam, em relação aos resultados obtidos até então; • definição de objetivos e metas compatibilizando a política e as diretrizes do sistema escolar com as intenções, expectativas e decisões da equipe da escola; • determinação de atividades e tarefas a serem desenvolvidas em função de prioridades postas pelas condições concretas e compatibilização com os recursos disponíveis (elementos humanos e recursos materiais e financeiros). O processo de planejamento inclui, também, a avaliação dos processos e resultados previstos no projeto, tendo em vista a análise crítica e profunda do trabalho realizado e a reordenação de rumos (LIBÂNEO, 2004, pp. 150-151). Planejamento curricular: aquele que define e expressa a filosofia de ação da escola, seus objetivos e toda a dinâmica escolar, os quais estão fundamentados na filosofia da educação nacional, sendo a partir dele planejada e elaborada toda a ação escolar de modo sistemático e global (MENEGOLLA; SANT’ANNA apud PADILHA, 2002, p. 37), ou de acordo com Gimeno Sacristán (1998), tem a função de ir formando, progressivamente ou por meio das instâncias que o decidem e moldam, o currículo em diferentes etapas, fases. “O Planejamento Curricular envolve os fundamentos das áreas que serão estudadas, a proposta metodológica escolhida e a forma como se dará a avaliação” (MEC, 2006, p. 30). Planejamento de ensino-aprendizagem: que é o processo que envolve a atuação concreta da prática do professor no cotidiano de seu trabalho pedagógico, envolvendo todas as suas ações e situações (FUSARI apud PADILHA, 2002, p. 33) ou segundo Vasconcellos (1995, p. 54), aquele que diz respeito ao aspecto didático e é subdividido em Plano de Curso, Plano de Ensino e Plano de Aula. 43 ORIENTAÇÃO EM SUPERVISÃO ESCOLAR E ORIENTAÇÃO EDUCACIONAL Plano de curso: “é a organização do conjunto de matérias que vão ser ensinadas e desenvolvidas durante o período de duração de um curso/ano/ série” (MEC, 2006, p. 31). Este plano serve para sistematizar a proposta de trabalho do professor. Plano de Ensino: “é o plano de disciplinas, de unidades e experiências propostas pela escola, professores, alunos ou pela comunidade, é específico e concreto” (ibidem). Plano de Aula: é o plano mais próximo da prática do professor e da sala de aula. Refere-se totalmente ao aspecto didático” (ibidem). De acordo com Libâneo (apud PADILHA, 2002, p. 37), “o plano de aula é a previsão do desenvolvimento do conteúdo para uma aula ou conjunto de aulas e tem um caráter bastante específico”. Para melhor visualização do planejamento de ensino e sua relação entre os planos, observe o fluxograma a seguir: Conhecimento da realidade Replanejamento ensino Fase de preparação ensino Fase de aperfeiçoamento ensino Fase de desenvolvimento Feedback ensino Plano de ação ensino Estruturação do plano de ensino Avaliação ensino Determinação dos objetivos Seleção e organização dos conteúdos Seleção e organização dos procedimentos de ensino Seleção dos procedimentos de avaliação Seleção dos recursos Figura 10 44 Unidade II Sugestão de organização de Plano de Ensino Escola XXXX Curso: Ensino Fundamental Disciplina: Língua Portuguesa Ano: 200x Carga horária semanal: 5 horas Período: Diurno Série: 4ª Objetivos gerais: competências Objetivos específicos: habilidades Conteúdo programático Estratégia Tema das aulas e materiais que serão utilizados Aula 1 – Aula 2 – Sugestão de organização de Plano de Aula Data Pauta Tempo Desenvolvimento Intencionalidade Desafios e Tarefas Materiais Figura 11 Saiba mais Para saber mais, leia: • Concepções de planejamento e planejamento educacional na perspectiva da escola cidadã. In: PADILHA, R. P. Planejamento dialógico: como construir o projeto político-pedagógico da escola. São Paulo: Cortez, Instituto Paulo Freire, 2002, pp. 45-71. • O Sistema de organização e gestão da escola e o planejamento escolar e o projeto pedagógico-curricular. In: LIBÂNEO, J. C. Organização e gestão da escola: teoria e prática. Goiânia: Alternativa, 2004, pp.119- 133; 149-202. 6 PROJETO POLÍTICO-PEDAGÓGICO E/OU PROPOSTA PEDAGÓGICA E PLANO DE DESENVOLVIMENTO DA ESCOLA O planejamento escolar, principalmente nas escolas da rede pública, deve ser pautado na legislação que rege a educação nacional vigente, destacando-se a garantia da função social da escola, a gestão democrática, e a construção participativa da proposta pedagógica. 45 ORIENTAÇÃO EM SUPERVISÃO ESCOLAR E ORIENTAÇÃO EDUCACIONAL De sorte que a equipe gestora da unidade escolar, como articuladora, coordenadora e implementadora dos princípios democráticos referendados pela Constituição Federal de 1988 e pela LDBEN nº 9394/96, deve organizar o planejamento escolar em um processo de ação participativa dos diferentes segmentos da comunidade escolar e seu entorno na construção documental da proposta pedagógica e do projeto político-pedagógico. 6.1 Projeto Político-Pedagógico/Proposta Pedagógica Assim, a proposta pedagógica é o documento-guia para a elaboração de todos os outros documentos escolares como: Regimento Escolar, Projeto Político-Pedagógico, Plano de Gestão, Plano de Curso, Plano de Ensino e Plano de Aula entre outros. Para tanto, no processo de gestão democrática dos sistemas e da unidade escolar, há necessidadede se desenvolver possibilidades para propiciar a participação de todos os segmentos da comunidade escolar no processo decisório que cada um desses níveis (sistema ou escola) precisa deliberar. De acordo com Mendes (2007) a dimensão pedagógica do processo educacional é função específica da organização social escolar, mas não se restringe a ela. Fato é que cabe aos órgãos gestores em todas as instâncias administrativas de governo explicitar diretrizes orientadoras e de acompanhamento do ensino. Contudo, ao mesmo tempo em que as escolas, em caráter autônomo, envidam esforços para a construção do projeto pedagógico identitário da organização, este também permite e aponta formas de controle e acompanhamento do trabalho educacional pelo órgão central. Condição sine qua non para que o projeto seja reconhecido é que sua elaboração seja reflexo de um amplo processo de participação dos atores sociais envolvidos. Um modo de organização e de planejamento dos sistemas educacionais concretiza-se nos Planos de Educação (Nacional, Estadual e Municipal). No âmbito da unidade escolar, é o projeto político-pedagógico que viabiliza a concretização das ações do Plano Escolar (pedagógico, político e administrativo). Mas afinal, o que é projeto político-pedagógico? Como aponta Gracindo (2007, p. 55), projeto político-pedagógico: É um documento teórico-prático que pressupõe relações de interdependência e reciprocidade entre os dois polos, elaborado coletivamente pelos sujeitos da escola e que aglutina os fundamentos políticos e filosóficos em que a comunidade acredita e os quais deseja praticar; que define os valores humanitários, princípios e comportamentos. Assim, o projeto pedagógico tem por função organizar o trabalho da unidade escolar, ou seja, perscrutar caminhos para que os objetivos sejam delineados e realizados num processo coletivo, como apontado na LDB 9.394/96 em seu artigo 2º que estabelece as finalidades da educação nacional que são: 46 Unidade II o desenvolvimento pleno do educando, sua preparação para o exercício da cidadania e sua qualificação para o trabalho. O projeto político-pedagógico tem como fundamentos esses mesmos objetivos institucionais (GRACINDO, 2007, p. 55). Sua construção requer uma análise minuciosa das questões a serem consideradas em todos os prismas da gestão: aspectos administrativos, pedagógicos e financeiros. Diógenes e Carneiro (2005, p.146), argumentam que: o Projeto Pedagógico não pode ser encarado, apenas, como modismo ou exigência das instâncias centrais de decisão, mas, acima de tudo, como tomada de consciência por parte da escola, diante da sua missão e função social no atual contexto histórico em que vivemos. Sendo assim, o projeto pedagógico é componente estabelecido na forma da Lei como garantia da gestão democrática nas escolas públicas. Para tanto, Gadotti (2001, p. 35) enfatiza que, para que realmente haja gestão democrática, é preciso “que a comunidade, os usuários da escola sejam os seus dirigentes e gestores e não apenas os seus fiscalizadores ou, menos ainda, os meros receptores dos serviços educacionais”. De sorte que falar em do projeto pedagógico é falar de planejamento no contexto de um processo participativo, onde o passo inicial é a elaboração do marco referencial, sendo este a luz que deverá iluminar o fazer das demais etapas. Até porque projeto é também um produto documental do planejamento. Projeto Pedagógico, de acordo com Vasconcellos (1995, p. 143) “é um instrumento teórico-metodológico que visa a ajudar a enfrentar os desafios do cotidiano da escola, só que de uma forma refletida, consciente, sistematizada, orgânica e, o que é essencial, participativa. É uma metodologia de trabalho que possibilita ressignificar a ação de todos os agentes da instituição”. Tomando as palavras de Romão e Gadotti (apud PADILHA, 2002, p. 44) é preciso entender o projeto político pedagógico da escola como um situar-se num horizonte de possibilidades na caminhada, no cotidiano, imprimindo uma direção que se deriva de respostas a um feixe de indagações tais como: que educação se quer e que tipo de cidadão se deseja, para que projeto de sociedade? A direção se fará ao se entender e propor uma organização que se funda no entendimento compartilhado dos professores, dos alunos e demais interessados em educação. Deste modo, pode-se dizer, como Mendes (2007), que a importância do projeto pedagógico para o processo de gestão educacional ocorre por ser ele um norteador das ações da organização e da educação. Trata-se de uma ação intencional definida coletivamente que expressa as atividades pedagógicas e que leva ao alcance dos objetivos educacionais propostos e no dizer de Veiga (2004, p. 15): 47 ORIENTAÇÃO EM SUPERVISÃO ESCOLAR E ORIENTAÇÃO EDUCACIONAL O projeto busca um rumo, uma direção. É uma ação intencional, com um sentido explícito, com um compromisso definido coletivamente. E, por isso, todo projeto pedagógico da escola é também um projeto político, por estar intimamente articulado ao compromisso sociopolítico com os interesses reais e coletivos da população majoritária. Para Veiga (2001a, p. 11), o projeto pedagógico deve apresentar as seguintes características: • ser processo participativo de decisões; • preocupar-se em instaurar uma forma de organização de trabalho pedagógico que desvele os conflitos e as contradições; • explicitar princípios baseados na autonomia da escola, na solidariedade entre os agentes educativos e no estímulo à participação de todos no projeto comum e coletivo; • conter opções explícitas na direção de superar problemas no decorrer do trabalho educativo voltado para uma realidade específica; • explicitar o compromisso com a formação do cidadão; • nascer da própria realidade , tendo como suporte a explicitação das causas dos problemas e das situações nas quais tais problemas aparecem; • ser exequível e prever as condições necessárias ao desenvolvimento e à avaliação; • ser uma ação articulada de todos os envolvidos com a realidade da escola; • ser construído continuamente, pois como produto, é também processo. A seguir, mostra-se um quadro sintético dos diferentes significados e concepções de Projeto Pedagógico: Quadro 6 – Concepções de projeto de escola Itens de análise Estratégico-empresarial Educação emancipadora Escola • Bancária, cartorial e padronizada por ser: • mercoescola, submissa aos valores do mercado; • voltada para formar “clientes e consumidores”; • privatista; • excludente. • Emancipadora e cidadã por ser: • estatal quanto ao funcionamento; • democrática quanto à gestão; • pública quanto à destinação; • inclusiva. Desafio Garantir qualidade formal, a fim de aumentar o desempenho da escola por meio do planejamento eficaz. Garantir qualidade técnica e política para todos. 48 Unidade II Pressupostos • pensamento separado da ação; • estratégia separada do operacional; • os pensadores separados dos concretizadores; • os estrategistas separados das estratégias. • unicidade da teoria e da prática; • ação consciente e organizada; • participação efetiva da comunidade escolar e trabalho coletivo; • articulação da escola, da família e da comunidade. Gestão • processo autoritário de tomada de decisões; • construída numa obrigação política vertical professores – direção – Estado; • baseada na separação, no tempo e na posição funcional dos professores; • autonomia decretada, palavra de ordem é vazia de significado. • processo democrático para constituir um caminho real de melhoria da qualidade do ensino; • construída numa “colaboração voluntária cidadão-cidadão fundadora de uma verdadeira federação de esforços participativos”(GOMES, 1996, p. 106); • construída com base em um projeto coletivo gestado com a presença efetiva de outros protagonistas: alunos, família, professores, funcionários e demais forças sociais; • autonomia construída, social e politicamente, pela interação dos diferentes protagonistas.Currículo e conhecimento Currículo homogêneo é uma estratégia para a padronização que consolida a exclusão. Conhecimento como produto pronto e acabado, podendo ser transmitido e arquivado por meio da repetição e da memorização. Currículo como instrumento de compreensão do mundo, de transformação social e de cunho político-pedagógico. Conhecimento como um processo de construção permanente; interdisciplinar e contextualizado; fruto da ação individual e coletiva dos sujeitos. Avaliação Visa aferir e controlar a qualidade por meio de instrumentos técnico -burocráticos e aplicados por grupos estratégicos articulados em diferentes níveis da esfera administrativa. Visa à emancipação, voltada para a construção do sucesso escolar e a inclusão, como princípio e compromisso social. Fonte: Veiga, I. Projeto político-pedagógico: novas trilhas para a escola. In: VEIGA, I.; FONSECA, M. (orgs.). As dimensões do projeto político-pedagógico: novos estudos para a escola. Campinas: Papirus, 2001, pp.63-64. De acordo com Padilha (2003), seguir-se-ão algumas indicações que orientam a elaboração do projeto político-pedagógico em suas etapas, lembrando que não se trata de um modelo acabado, admitindo-se outros tipos de percursos que expressem os saberes locais, que vão sendo construídos no cotidiano da escola sobre as melhores estratégias e metodologias de elaboração. Neste sentido, cabe lembrar que flexibilidade, objetividade e coerência são características a serem observadas no planejamento, uma vez que é necessário que considere, reflita e revele o contexto real para o qual é pensado, visando à sua transformação. 49 ORIENTAÇÃO EM SUPERVISÃO ESCOLAR E ORIENTAÇÃO EDUCACIONAL Assim, o planejamento do projeto político-pedagógico compreende três etapas que seguem alguns passos que facilitam a sua elaboração: 1ª Etapa marco referencial • como entendemos o mundo? 1. Como compreendemos, vemos, sentimos o mundo atual? 2. Quais são os seus principais problemas e suas maiores necessidades? 3. Quais são as causas da situação atual em termos sociais, políticos e econômicos? 4. Quais são os efeitos da globalização sobre a qualidade de vida no mundo de hoje? 5. Quais são as utopias que nos movem neste mundo? 6. Qual a escola dos nossos sonhos? Nesta etapa, o grupo poderá apresentar respostas a possíveis perguntas relacionadas a como resolveriam, em termos ideais, os problemas mais próximos, que atingem diretamente a escola, no que diz respeito às dimensões pedagógica, comunitária, administrativa e financeira (PADILHA, 2003, p. 81). 2ª Etapa conhecimento da realidade • qual o retrato da escola que temos? 3ª Etapa propostas de ação • o que faremos na nossa escola? Conforme Padilha (2003, pp. 87-88), nesta etapa tomam corpo as propostas de ação, formuladas a partir do levantamento preliminar sobre os dados da realidade escolar, sendo o momento de programar as atividades e documentá-las, atividades estas que possam ser assumidas como compromisso de todos, considerando critérios de viabilidade e exequibilidade. O autor sugere, apoiado em Vasconcellos (apud PADILHA, 2003, pp. 88-89), que sejam classificados os diferentes tipos de ações para que sirvam de orientação à apresentação de soluções que correspondam aos diferentes tipos a seguir relacionados: Tipo1 – Ações concretas (proposta com caráter de terminalidade): • o quê? para quê? 50 Unidade II Tipo 2 – Linhas de ação (orientação geral, princípios); Tipo 3 – Atividades permanentes (rotinas, propostas que se repetem, com determinada frequência); Tipo 4 – Determinações (normas; ações de caráter obrigatório que atingem a todos). A redação final do projeto político-pedagógico, de acordo com prescrições de Padilha (2003, pp. 90-93), a qual, reafirmamos, admite variações pelo caráter processual e contextual da construção do projeto: 1. Identificação do projeto. 2. Histórico e justificativa. 3. Objetivos Gerais e Específicos. 4. Metas. 5. Desenvolvimento metodológico. 6. Recursos. 7. Cronograma. 8. Avaliação. 9. Conclusão. 6.2 Plano de Desenvolvimento da Escola (PDE-Escola) Uma escola voltada para o pleno desenvolvimento do educando valoriza a transmissão de conhecimento, mas também enfatiza outros aspectos: as formas de convivência entre as pessoas, o respeito às diferenças, a cultura escolar (PROGESTÃO, 2001, p. 45). O Plano de Desenvolvimento da Escola (PDE-Escola), lançado por iniciativa do Governo Federal, trata-se de um plano estratégico de trabalho para definição de diretrizes, objetivos e metas estabelecidas pela Unidade Escolar. De acordo com a Mensagem do Presidente ao Congresso Nacional (2008), o PDE-Escola é um dos referenciais de execução das políticas educacionais implantadas por meio do Plano de Desenvolvimento da Educação, instituído em 2007, cujo objetivo é responder ao desafio de reduzir desigualdades sociais e regionais na educação, por meio de uma estratégia de ação que contemple as dimensões: educacional e territorial. Formam a base de sustentação do Plano de Desenvolvimento da Educação os seguintes pilares: 51 ORIENTAÇÃO EM SUPERVISÃO ESCOLAR E ORIENTAÇÃO EDUCACIONAL • visão sistêmica da educação; • territorialidade; desenvolvimento; • regime de colaboração; • responsabilização e mobilização social. Assim, por meio de Portaria Normativa MEC nº 27/2007, o Ministério da Educação instituiu o Plano de Desenvolvimento da Escola – PDE-Escola, antiga ação do Ministério da Educação que, de abrangência restrita, ganhou escala nacional. O Plano de Desenvolvimento da Escola instituído em 2007 tem a finalidade de diagnosticar problemas, metas e planos de ação para as escolas das redes públicas de educação básica. Anteriormente, o Plano de Desenvolvimento da Escola fazia parte do Fundo de Fortalecimento da Escola (Fundescola) que é um programa do Fundo Nacional de Desenvolvimento da Educação (FNDE/ MEC), com a interface das secretarias estaduais e municipais de Educação das regiões Norte, Nordeste e Centro-Oeste e financiamento proveniente do Banco Mundial (BIRD). Seu objetivo era promover um conjunto de ações para a melhoria da qualidade das escolas do Ensino Fundamental, ampliando a permanência das crianças nas escolas públicas, assim como a escolaridade nessas regiões do país. Atualmente, o PDE-Escola tem por objetivo fortalecer a autonomia da gestão escolar a partir de um diagnóstico dos desafios de cada unidade educacional, bem como a definição de um plano de gestão para melhoria dos seus resultados tendo como foco principal a aprendizagem dos alunos. O Plano de Desenvolvimento da Escola (PDE-Escola) é um processo gerencial de planejamento estratégico desenvolvido pela unidade escolar participante e, de acordo com o artigo 2º da referida Portaria, sua execução será realizada por meio de processos gerenciais de: • autoavaliação da escola; • definição de sua visão estratégica; • elaboração de plano de ação. Lembrete O PDE é uma ferramenta gerencial utilizada com o propósito de auxiliar a escola a realizar melhor o seu trabalho: • focalizar sua energia; • assegurar que sua equipe esteja trabalhando para atingir os mesmos objetivos; 52 Unidade II • avaliar e adequar sua direção em resposta a um ambiente em constante mudança (Fundescola/ Dipro/FNDE/MEC, 2006, p. 20). Tendo em vista que o processo de planejamento da escola, como mecanismo de fortalecimento de sua autonomia, deve ser conduzido pela equipe escolar, a partir de sua realidade, fundamentado em fatos e dados e tendo como foco a aprendizagem dos alunos, o PDE-Escola pode representar, no momento de seu planejamento, um processo de autoavaliação e de definição de sua visão. Diante dessa perspectiva, pode-se afirmar que o PDE-Escola não é um substituto da proposta pedagógica ou projeto político-pedagógico e com ele não se confunde. Até porque o PDE-Escola deve ver a escola como um todo em sua dimensão estratégica, não observando apenas sua dimensão pedagógica. Portanto,o Plano de Desenvolvimento da Escola é uma ferramenta gerencial que auxilia a unidade escolar pública a definir suas prioridades estratégicas, a converter tais prioridades em metas educacionais e outras concretas, a decidir o que fazer para alcançar as metas de aprendizagem e outras estabelecidas, a medir se os resultados foram atingidos e a avaliar o próprio desempenho, conforme descrito no documento Como elaborar o Plano de Desenvolvimento da Escola: aumentando o desempenho da escola por meio do planejamento eficaz (2006). Ainda segundo o mesmo documento, o Plano de Desenvolvimento da Escola está estruturado em duas partes: • visão estratégica; • plano de suporte estratégico. Na visão estratégica, a escola identifica os valores que defende; a sua visão de futuro, ou o perfil de sucesso que deseja alcançar no futuro; sua missão, que constitui a sua razão de ser; e seus objetivos estratégicos. No plano de suporte estratégico a escola define, a partir de seus objetivos estratégicos, o conjunto de estratégias, metas e planos de ação que transformarão a visão estratégica em realidade. Sendo o Plano de Desenvolvimento da Escola definido como um processo gerencial de planejamento estratégico é coordenado pela liderança da escola (equipe composta de diretor, assistente de direção, coordenação/supervisão escolar e orientador educacional) e elaborado de maneira participativa pela comunidade escolar. Assim, para melhor compreensão da estrutura do Plano de Desenvolvimento da Escola, apresentamos a seguir uma representação gráfica: 53 ORIENTAÇÃO EM SUPERVISÃO ESCOLAR E ORIENTAÇÃO EDUCACIONAL PDE Plano de suporte estratégico Visão estratégica Missão Valores Objetivos estratégicos Visão de produto Estratégias Metas Planos de ação Figura 12 – Estrutura do Plano de Desenvolvimento da Escola Visto que o PDE-Escola apresenta em seus objetivos a melhoria da qualidade de ensino, a busca da eficiência e eficácia no sistema de ensino, o exercício da autonomia da escola na resolução de seus problemas e realização de suas aspirações, suas metas devem sempre apresentar as seguintes características, de acordo o documento Como elaborar o Plano de Desenvolvimento da Escola: aumentando o desempenho da escola por meio do planejamento eficaz (2006): • estar relacionada claramente a um problema que se quer resolver, identificado na análise situacional; • atender às necessidades/expectativas dos beneficiários, principalmente do aluno; • ser específica, ou seja, sem ambiguidade; • ser mensurável, isto é, ser quantificável; • ser realista, isto é, estar na esfera de possibilidades da escola, em termos humanos e materiais; • ter um responsável; • ter um prazo de execução. O Plano de Desenvolvimento da Escola (PDE-Escola) para que seja desenvolvido percorre etapas em sua elaboração a fim de que o planejamento estratégico possa registrar uma ação exitosa. 1ª Etapa Preparação 2ª Etapa Análise sustentável 4ª Etapa Execução PDE 5ª Etapa Acompanhamento e controle3ª Etapa Definição da visão estratégica e do plano de suporte estratégico Figura 13 – Demonstrativo das etapas de elaboração do Plano de Desenvolvimento da Escola 54 Unidade II Ao chegarmos ao final desta unidade, pense e reflita sobre o desafio que ora se apresenta, veja o que afirma Madalena Freire (1997, p. 57) O desafio, portanto, é viver o planejamento sem deixar de correr o risco de possíveis improvisações... Neste sentido, o educador trabalha sua flexibilidade planejando. O desafio de todo educador na construção do planejamento é conhecer o que planeja – [...] esse é o estudo. Para isso precisa estruturar os objetivos de sua prática que nortearão a organização de sua ação. Ação organizada não significa ação estática, mas ato constante de reflexão, de intervenção na realidade. Resumo Nesta segunda unidade, você teve a oportunidade de verificar a importância do planejamento para o desenvolvimento do trabalho do pedagogo. Também teve contato com os diversos modos de planejamento, desde o Plano de Aula até o Projeto Político-Pedagógico da Escola, bem como o Plano de Desenvolvimento da Escola, o chamado PDE-Escola. Exercícios Questão 1. Tomando por base a importância do planejamento para o bom desempenho de uma escola, analise as afirmativas a seguir: I – O projeto educacional da escola não é responsabilidade apenas de sua direção. II – Cada escola é resultado de um processo de desenvolvimento de suas próprias contradições e cultura organizacional. III – A comunidade deve estar a serviço da escola, não contribuindo em nada e adequando-se às suas exigências institucionais. IV – A autonomia e a gestão da escola fazem parte da própria natureza do ato pedagógico de formação para a cidadania. V – Um projeto educativo pode ser tomado como objetivo e promessa frente a determinadas rupturas e demandas da coletividade. São verdadeiras: A) Somente I e V. B) Somente I, III e V. 55 ORIENTAÇÃO EM SUPERVISÃO ESCOLAR E ORIENTAÇÃO EDUCACIONAL C) Somente I, II, IV e V. D) Somente II, III e IV. E) Somente II e IV. Resposta correta: alternativa C. Análise das alternativas Justificativa: o planejamento constitui, então, uma forma de ação que busca organizar coletivamente as comunidades, tendo nesse processo a participação do supervisor escolar/coordenador pedagógico como grande articulador do processo de reflexão, participação e organização de meios para que se possa cumprir a tarefa de propiciar aprendizagem, seja em ambiente escolar ou não. Certo é que a comunidade deve estar a serviço do ambiente educativo participando ativamente. Questão 2. Quanto aos tipos de planejamento, é possível afirmar: Coluna A: I – Planejamento Educacional. II – Planejamento Escolar. III – Planejamento Curricular. IV – Planejamento Ensino e Aprendizagem. Coluna B: 1. Tem a função de definir os objetivos e metas, compatibilizando a política e as diretrizes do sistema escolar com as intenções, expectativas e decisões da equipe da escola. 2. Processo que envolve a atuação concreta da prática do professor no cotidiano de seu trabalho pedagógico, envolvendo todas as suas ações e situações. 3. Refere-se às políticas educacionais em nível nacional, estadual e municipal. 4. Envolve os fundamentos das áreas que serão estudadas, a proposta metodológica escolhida e a forma como se dará a avaliação. Assinale a alternativa que reúne as correspondências corretas entre a coluna A e B. A) I – 2; II – 3; III – 4; IV – 1 B) I – 3; II – 1; III – 4; IV – 2 C) I – 2; II – 1; III – 4; IV – 3 D) I – 1; II – 3; III – 2; IV – 4 E) I – 3; II – 2; III – 1; IV – 4 Resposta correta: alternativa B 56 Unidade II Análise das alternativas Justificativa: é possível reconhecer os tipos de planejamento conforme descrito: Planejamento Educacional: refere-se às políticas educacionais em nível nacional, estadual e municipal; Planejamento Escolar: tem a função de definir os objetivos e metas compatibilizando a política e as diretrizes do sistema escolar com as intenções, expectativas e decisões da equipe da escola; Planejamento Curricular: envolve os fundamentos das áreas que serão estudadas, a proposta metodológica escolhida e a forma como se dará a avaliação; Planejamento Ensino e Aprendizagem: processo que envolve a atuação concreta da prática do professor no cotidiano de seu trabalho pedagógico, envolvendo todas as suas ações e situações. Questão 3. O desafio dos educadores na construção do planejamento é conhecer o que planeja e estruturar os objetivos de sua prática que irão nortear a organização de sua ação. Diante do exposto, a ação organizada pode significar: I – Uma opção política direcionada pelas diretrizes emanadas dos órgãos superiores de Educação. II – Uma ação estática, sem relação com a realidade do aluno. III – Uma ação direcionada pelo interesse demandado pelos alunos. IV – A inclusão de novos conteúdos, tendo em vista a demanda escolar. V – A direção de um projeto pedagógico coletivo. São verdadeirasas assertivas: A) Somente I, II, III e V. B) Somente II e IV. C) Somente I, II, IV e V. D) Somente II, III, IV. E) Somente I, III, IV e V. Resposta correta: alternativa E Análise das alternativas Justificativa: organizar e planejar as atividades no âmbito escolar e educacional significa um grande desafio, bem como compreender as relações institucionais, interpessoais e profissionais que ocorrem na escola, ampliando e avaliando a participação dos diferentes segmentos em sua administração e gestão.
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