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Exame andrológico O exame andrológico consiste na avaliação do animal quanto a saúde geral, saúde genética e saúde do sistema genital. Essa é uma avaliação que tem inicio com a identificação do proprietário e do paciente, seguido de anamnese, exame físico, avaliação do comportamento sexual, espermograma, exames complementares e é finalizado com o diagnóstico e emissão do laudo. Identificação Espécie Raça Idade do animal: importante para avaliar a maturidade sexual; avaliar a ocorrência de anormalidades hereditárias e ou congênitas. Podem ocorrer doenças associadas à idade, além de que a qualidade do sêmen e libido tendem a reduzir em animais idosos. Raça: as diferentes raças podem apresentar alterações anatômicas entre si, como tamanho de algumas estruturas. Peso Utilidade Dados dos proprietários Anamnese São coletadas informações gerais do reprodutor como: alimentação, doenças passadas, vacinação, uso de medicamentos, ambiente em que o animal vive e viagens realizadas. A obtenção do histórico do animal é importante, para saber o que levou o animal a buscar o exame andrológico. Seria o ideal estabelecer uma cronologia desde a puberdade até a fase adulta do animal, o que nem sempre é possível. É preciso coletar por meio do proprietário as informações associadas a atividade sexual, como: produtos, libido, cobertura, coito, quantidade de parceiros, comportamento sexual, medicações e problemas locomotores. Exame físico Geral Deve ser feito de forma rigorosa, a fim de identificar doenças sistêmicas e hereditárias que podem afetar a fertilidade e a qualidade dos filhotes; algumas afecções extra-genitais podem afetar o desempenho sexual do animal. É preciso conhecer a situação geral do animal avaliando: sistema circulatório, temperatura corporal, sistema respiratório e aparelho locomotor. Por exemplo, se a libido estiver reduzida ou o animal tiver com dificuldade de copular, deve-se avaliar mais criteriosamente o sistema músculo-esquelético e neurológico. Exame físico específico Capacidade reprodutiva: Avaliação fenotípica do animal – conformação, aprumos e padrão racial (animal poderá estar fora dos padrões, por exemplo). Avaliação do comportamento sexual – libido do animal e capacidade de monta. A libido é avaliada preferencialmente com a presença de uma fêmea em estro, animais muito inexperientes ou muito idosos podem se sentir intimidados por fêmeas dominantes e apresentar redução da libido, respectivamente. Felinos domésticos apresentam um ritual de acasalamento; na fase pré-cópula o macho observa a fêmea a uma certa distância e só se aproxima quando sente segurança, pois uma fêmea no cio pode ser extremamente agressiva antes e após o coito. Ele monta sobre a fêmea, morde sua nuca, fixando-a, e a gata só permite a intromissão peniana quando está plenamente receptiva, ocorre a cópula e a ejaculação, posteriormente o gato se afasta. Dominância social Externo: Bolsa testicular: elástica, lisa e fina. Observar a pele e o pelo quanto à cor, presença de parasitos e alterações da pele. Pode-se realizar a mensuração da circunferência escrotal, que está associada a produção espermática. Testículos, epidídimos cordões espermáticos: o exame é realizada por palpação e são avaliados quanto à ausência, simetria, tamanho, localização, forma, consistência, mobilidade e sensibilidade. A capacidade de deslocamento não deve ocorrer excessivamente para o canal inguinal. Verificar se ambos os testículos estão presentes (criptorquidismo e monorquidismo). O criptorquidismo ocorre em até 13% dos cães e é o distúrbio de desenvolvimento sexual mais comum; em gatos é considerada uma anomalia hereditária mais comum em animais de raça pura. O epidídimo deve ser palpado na cabeça, cauda e corpo, verificando-se consistência e tamanho. Prepúcio: deve ser facilmente tracionado caudalmente ao bulbo peniano e não apresentar estreitamento da abertura prepucial (fimose), cicatrizes ou ferimentos Pênis: em cães deve-se exteriorizar empurrando o prepúcio pra trás com uma das mãos enquanto a outra expõe o membro, pode apresentar uma certa quantidade de secreção que deve ser higienizada antes da avaliação. Em gatos o prepúcio é retraído com dedos indicador e polegar. A palpação do pênis pode demonstrar fraturas, tumefações, neoplasias, áreas endurecidas e/ou dolorosas. Interno: Eventualmente podem ser examinados por exploração manual/digital retal. No entanto a aceitação por parte dos animais nem sempre é positiva. Trata-se de um exame difícil. Observa-se anormalidades como: presença de sangue, de pus ou células inflamatórias no sêmen, sendo que essas indicam a necessidade de avaliação dos órgão da genitália interna. Glândulas bulbouretrais: são duas, porém está ausente em cães. São de formato ovóide, localizados caudodorsal à uretra pélvica. São difíceis de serem palpadas por via retal, pois, há um espesso revestimento do músculo isquiocavernoso. Próstata: realiza-se a palpação da estrutura que se encontra dorsal à uretra pélvica e em posição caudo-dorsal com relação às glândulas vesiculares. A localização varia quanto à raça e tamanho do animal. É bilobada e está localizada na entrada da sínfise pélvica. Espermograma Consiste na análise do sêmen, a fim de avaliar a qualidade espermática. O sêmen deve ser avaliado macro e microscopicamente. Coleta do sêmen Estimulação manual: Trata-se de um método não utilizado em gatos. O método mais comum no cão é a manipulação digital, ou seja, massageia-se o bulbo da glande a fim de estimular a ejaculação. O ambiente deve ser calmo e com piso antiderrapante. Pode-se utilizar uma fêmea no cio, no entanto, a maioria dos cães ejacula sem a presença de uma. A presença da fêmea no cio pode auxiliar na qualidade do sêmen e na avaliação da libido do macho. O ejaculado do canino consiste em três frações. A primeira fração ocorre quando o cão promove impulsos vigorosos e libera um pequeno volume de fluido transparente. Na segunda fração ocorre a liberação de líquido de cor branca opalescente e os impulsos diminuem ou cessa, o cão passa a perna pelo manipulador e simula a posição de cópula; caso não haja, o manipulador deve levantar a perna do cão e tracionar o pênis em direção caudal. Na terceira fração a diferenciação ocorre por meio da palpação dos impulsos na uretra e por contrações anais evidentes, além do líquido que se torna transparente novamente. Eletroejaculação: No uso desse método pode haver contaminação por urina. Em cães é pouco utilizado, por não haver necessidade na maioria das vezes, é um método invasivo e há possibilidade de contaminação por urina. Em felinos domésticos é considerado o método de eleição. É baseado na indução da ejaculação por meio de estímulos elétricos com a introdução de uma sonda trans-retal lubrificada no assoalho da ampola retal do animal anestesiado. Pode ser feito por aparelhos de corrente elétrica contínua ou alternada; para ser usado em cães ou felinos deve ser fabricado sob medida de acordo com o tamanho da espécie e raça, sendo geralmente do tamanho da circunferência das fezes do animal. As tiras longitudinais produziram melhor resposta que as circulares. Os aparelhos podem ser automáticos (sequencia de choques sem necessidade de um operador), manual (necessita de um operador) ou com as duas opções. Os felinos devem ser anestesiados, o que implica os riscos da anestesia, mas protege a equipe dos riscos de contenção. Então, o animal é colocado em decúbito lateral e o penis é exposto aplicando uma suave pressão na base do pênis e um frasco (pré-aquecido); esse recipiente deve ser substituído a cada série de estímulos elétricos, a fim de evitar contaminação por urina. Vagina artificial Não é considerado um método prático de avaliação andrológica, pois é preciso treinar o animal e somente 60 a70% dos treinamentos são bem sucedidos. Avaliação macroscópica do sêmen Volume O volume seminal em cães pode variar de acordo com raça, idade, porte e frequência de coleta. A primeira fração tem um volume variável, mas em geral é de 0,5 mL; a segunda varia de 0,5 a 1 mL, podendo chegar a 3 mL; a terceira e última possui um volume variável de 3 - 30 mL. É difícil mensurar o volume do ejaculado obtido em gatos, pois é geralmente muito pequeno. Por eletroejaculação é maior (média de 0,22 mL) quando comparado à coleta por vagina artificial (média de 0,04 mL). Cor A coloração do sêmen é avaliada por inspeção visual. Em cães, avalia-se a segunda fração. Normalmente possui cor branca opalescente. Dentre as colorações anormais, temos a clara, a amarela, a castanha, a vermelha e a verde. Aspecto e odor De modo geral o aspecto varia de cremoso (fino ou denso), leitoso, soroso e aquoso (ralo), no entanto em cães é mais viscoso (segunda fração) já que é mais concentrada. Em relação a odor, segundo o colégio brasileiro de reprodução animal é sui generis, único e quase imperceptível. Avaliação microscópica do sêmen Motilidade e vigor A motilidade representa o percentual de espermatozoides móveis, ou seja, o número de espermatozoides com movimento progressivo retilíneo; é uma das características necessárias ao espermatozoide para fertilização e está diretamente relacionado à quantidade de células normais morfologicamente. Avaliado em uma escala de 0 a 100%. É avaliada de forma subjetiva no microscópio optico. Em cães a motilidade deve estar maior ou igual a 70% em sêmen fresco e maior ou igual a 50% em amostra que já foi congelada. Em gatos há grande variação; já foram relatados valores de 47 a 55,7% e também valores de 70 a 91% O vigor representa a qualidade e intensidade de movimentação do espermatozoide. É mensurada em uma escala de 0 a 5. A avaliação é realizada junto com a motilidade. Em gatos, o vigor espermático médio é descrito entre 3 a 5. Em cães o valor mínimo deve ser de 3, em sêmen fresco ou congelado. Concentração espermática É o número de espermatozoides por mililitro de sêmen; varia segundo a forma de coleta, nutrição, estação do ano, raça, etc. Em cães, a segunda fração é avaliada. Pode ser feito por espectrofotometria ou contagem de células realizada em microscópio óptico ou de contraste com o auxílio da câmara de Neubauer. Geralmente fica em torno de 247 ± 9,9 106 espermatozoides por mL. Em gatos, existem relatos de variações de 9 a 867 x 106 sptz/mL para coleta de sêmen por eletroejaculador e de até 1730 x 106 sptz/mL por vagina artificial. Morfologia A morfologia espermática é um parâmetro indispensável no espermograma, pois está diretamente relacionada a problemas na fertilidade. Um baixo percentual de anormalidades espermáticas é preferível, afinal essas alterações morfológicas levam a redução da capacidade fertilizante do espermatozoide. A avaliação é feita por esfregaço úmido ou corado. No esfregaço úmido, o sêmen é adicionado a um recipiente contendo solução formol- salina tamponado previamente aquecido, e então, coloca-se uma gota sobre a lâmina, cobrindo-a com lamínula. A análise deve ser realizada ao microscópio de contraste de fase. Já para o esfregaço corado, prepara-se um esfregaço espermático e deixa secar para corar. Após a coradas, ao microscópio óptico, as células espermáticas devem ser examinadas a um aumento de 1000X, sob óleo de imersão contando um mínimo de 200 células, classificando-as em normais ou anormais (defeitos primários ou secundários). Em cães deve haver no mínimo 70% de células normais. Os gatos com percentual de alterações morfológicas de 40% são considerados normospérmicos. pH Em felinos o sêmen coletado por EEJ apresenta pH mais elevado do que o coletado por vagina artificial, provavelmente devido à maior estimulação da próstata, cujo conteúdo é mais alcalino; o pH varia de 6 a 9. O pH da fração prostática do sêmen canino varia de 6,3 a 6,7. Exames complementares Diagnóstico por Imagem: US para avaliação de testículos; epidídimo; cordão espermático; próstata. Radiografia: para avaliação de distúrbios prostáticos e lesões ortopédicas. Biópsia: Técnica punção aspirativa agulha fina: avaliação de testículo e próstata. Exames microbiológicos: . Brucelose; . Isolamento / Sorológico (IDGA, AAT). Dosagem de fosfatase alcalina no plasma seminal A dosagem de fosfatase alcalina no plasma seminal é utilizada para excluir a possibilidade de ejaculação incompleta em casos de oligozoospermia ou azoospermia. A segunda fração do ejaculado deve conter espermatozoides e alta concentração de fosfatase alcalina Dosagens hormonais: . Hormônios: tireoidianos; testosterona; FSH; LH. Diagnóstico e emissão do laudo A partir da interpretação dos resultados coletados durante o exame, chega-se a um diagnóstico, e um laudo deve ser elaborado. O reprodutor pode ser classificado em apto, questionável ou inapto à reprodução. O laudo definitivo pode ser emitido em aproximadamente um mês, considerando o ciclo espermático da espécie. REAVALIAR EM 1 MÊS. Criopreservação do sêmen Os diluidores de sêmen ainda mais empregados são o Tes, Tris, citrato, leite desnatado, lactose e diluente a base de agua de coco. Para o sêmen felino resfriado, o agente crioprotetor mais comumente utilizado é a gema de ovo, embora se afirme que sua adição não aumenta a sobrevivência dos espermatozóides felinos quando conservados à 5°C. Por vários anos o glicerol tem sido o crioprotetor mais utilizado em diversos protocolos para a criopreservação de sêmen canino. Antes de ser congelado, os espermatozoides caninos são resfriados e 4ºC e mantidos nesta temperatura por um período variável, resultando em diversos protocolos que variam de 1 a 4 horas. As taxas de congelamento entre -12ºC/min e 28°C/min proporcionou bons resultados. Para a congelação, a mesma pode ser realizada tanto em caixas de isotérmicas colocando-se as palhetas em diferentes distâncias do nível de nitrogênio líquido ou em congeladores programáveis. O sêmen felino pode ser também resfriado a 5 °C ou congelado em vapor de nitrogênio líquido e estocado a –196°C. O protocolo padrão atual de congelação em palhetas. A taxa de congelamento -3,85 °C/ min foi superior as demais com 61,55% de motilidade pós-descongelação. A presença do plasma seminal também é relatada como danosa à célula espermática, afetando a fertilidade. Assim, é indicada a centrifugação das amostras de felinos.
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