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17 de Fevereiro de 2020 Aula 1 Conceito Direito Penal é um conjunto de normas e princípios que regulam as relações sociais, através de seu poder coercitivo, na imposição de penas e medidas de segurança. Direito Penal é um conjunto de normas e princípios. que estabelece um fato como crime e uma pena como consequência. É o ramo do direito penal público que define as infrações penais, estabelecendo as penas e as medidas de segurança aplicáveis aos infratores. É o ramo do direito público que define as infrações penais, estabelecendo as penas e as medidas de segurança. É um setor de ordenamento jurídico que mediante um conjunto de normas estabelece as condutas criminosas que vinculam as consequências jurídicas à fim de que evite a prática de eventos socialmente danosos. Características Tem finalidade preventiva. É valorativo, pois valoriza suas próprias normas. Tem caráter finalista, pois visa a proteção dos bens jurídicos fundamentais. É sancionador, pois protege a norma jurídica. Direito Penal Objetivo e Subjetivo Distingue-se o direito penal objetivo, que é o conjunto de normas penais em vigor no país, do direito penal subjetivo, que é o direito de punir que surge para o estado para a prática de uma infração penal. Direito Penal Objetivo: É o conjunto das normas penais. Direito Penal Subjetivo: É o direito de punir do Estado. Objetivos oficiais do Direito Penal Os objetivos oficiais do Direito Penal são prevenir criando normas penais para se evitar eventos danosos e proteção dos bens jurídicos imprescindíveis à vida comunitária. Objetivo Preventivo: Realizado por intimidação psicológica, ameaça de privação da liberdade e violência legitimada (paradoxo Penal). Objetivo de Proteção dos Bens Jurídicos: Trata-se de valores individuais ou transindividuais de caráter abstrato, que são importantes para a convivência social. Bens Jurídicos: Pessoa, vida, liberdade, honra, patrimônio, costume, meio ambiente, sistema financeiro, etc. O Direito Penal pertence ao Direito Público, porque prepondera os interesses coletivos. Objeto de estudo do Direito Penal Norma Penal Normas Penais são regras de criação, aplicação ou extinção de condutas criminosas a regras proibitivas ou mandamentos. Acordo de Persecução ↪ O acordo de persecução pode ser assinado com réus primários, apenas quando o crime previr pena inferior a quatro anos e desde que não envolva violência ou grave ameaça. O Acordo ↪ Quem assinar o acordo fica sujeito a devolver o produto do crime às vítimas, prestar serviços comunitários, pagar multa ou “cumprir, por prazo determinado, outra condição indicada pelo Ministério Público, desde que proporcional com a infração penal cometida”. Observação ↪ O acordo sempre será homologado pela justiça e não pode beneficiar reincidentes, tão pouco quem já tiver assinado termos parecidos nos últimos cinco anos. O acordo também depende de o réu confessar o crime e não se aplica aos casos de competências dos juizados especiais criminais. O novo acordo de não persecução penal, ficou previsto no art. 28-A de Código do Processo Penal. (Mudanças no art. 28 e art. 30 do CPP) ● Art. 287 – Fazer, publicamente, apologia de fato criminoso ou de autor de crime: Pena – Detenção, de três a seis meses ou multa FatoTípico: Elementos: 1) Conduta: Comportamento humano voluntário, psiquiamento dirigido à um fim. (Teoria finalista.) Dolo e Culpa: Higram da culpabilidade para o fato atípico. ↳ Elementos objetivos + subjetivos e normativos do tipo. Exclui a conduta: ↪ Caso fortuito (que não se pode prever) ou força maior (não era possível evitar ou impedir). ↪ Coação Física Irrestível (CFI). ↪ Atos Reflexos. ↪ Estado de Inconsistências. 2) Resultado: Naturalístico/Material → Da conduta resulta efetiva alteração no mesmo exterior. Sem essa alteração não há consumação. → Normativo da conduta resulta lesão ou perigo de lesão ao bem jurídico. Quanto ao Resultado: ● Material: Tipo penal descreve uma conduta + resultado naturalístico indispensável. ● Formal: Crime é consumado no momento da conduta e o resultado naturalístico é dispensável. ● Mera Conduta: Tipo penal descreve à conduta sem descrever um resultado naturalístico. 3) Nexo de Causalidade: ↳ Vínculo entre conduta e resultado. Causa é a condição sem a qual o crime não teria ocorrido. (Teoria dos Antecedentes Causais ou da Conditiosine Qua Non) Causa: 1) Dependente: Decorre logicamente da conduta. É previsível e esperada. Não rompe o nexo da causalidade. II) Inderendente: Imprevisível. ↳ Absolutamente → produz sozinha o resultado, logo, rompem o nexo causal. ↳ Relativamente → Se origina na conduta e inesperadamente produz o resultado e não rompe o nexo causal e preexistente ou concomitante. 4) Tipicidade: ↪ Aspecto Formal: Enquadramento da conduta à norma. perigo de lesão ao bem jurídico. ↪ Aspecto Material: Relevância da lesão. Fato Atípico: Tratando-se de um fato fora do comum, ou seja, um fato atípico não é crime, pois não há previsão na lei, a lei não comina pena ou intervenção do Estado pelo fato determinado. Analogia ↪ Forma de auto integração da norma ↪ É a aplicação da uma hipótese não prevista em lei, de lei reguladora de cabo semelhante. Pode Ser: In Mala Partem: É a que aplica ao caso ohiso lei prejudicial ao réu, reguladora de caso semelhante ↓ Aplicação impossível no Direito Penal Moderno. In Bonam Partem: É a que aplica ao caso ohiso, lei benéfica ao réu, reguladora de caso semelhante. ↓ Aplicação possível no Direito Penal e Processual Penal. Requisitos: ↪ O fato considerado não pode ter sido regulado pelo legislador. ↪ O legislador deve ter regulado situação que oferece relação de identidade com o caso não regulado. ↪ Deve haver o ponto comum às duas situações, constituindo sentido determinante na implantação do princípio referente à situação considerado pelo aplicador. Princípio da Lesividade: 1) Conceito: É um limitador ainda maior do que o princípio da intervenção mínima, dirigido ao legislador, na orientação da seleção das condutas que deverão e poderão ser incriminadas pela lei penal. II) Funções: ↪ Proibir a incriminação de uma atitude interna. ↪ Proibir a incriminação de uma conduta que não exceda o âmbito do próprio autor; ↪ Proibir a incriminação de simples estados ou condições existenciais; ↪ Proibir a incriminação de condutas desviadas que afetem qualquer bem jurídico. NãoCrimes: Atitude puramente interna: Desejos, convicções, projetos criminosos. Conduta que não exceda o âmbito do autor: → Preparação, crime impossível ou autolesão. Simples estados ou condições existenciais: → Punição pelo que fez, não pelo que é. Condutas desviadas que não afetem bens jurídicos; → Contrárias à moral vigente (direito à diferença). → Práticas sexuais, simples mentira. Fontes do Direito Penal Formal – Constituição da República Federativa do Brasil, tratados e convenções de caráter internacional; Código Penal, Leis Especiais e extravagantes. Princípios: I) Humanidade ou Dignidade Humana: ↪ O princípio da humanidade consiste no benefício Constitucional concedido para que a pena não ultrapasse a pessoa do réu (com ressalvas aos efeitos extrapenais da pena), nem que esta atente desnecessariamente contra sua integridade física e mental. Desta forma, torna-se inconstitucional: Pena de morte (salvo em caso de guerra declarada); Pena de trabalhos forçados; Pena de banimento; Pena de caráter perpétuo; penas cruéis; penas que não assegurem o respeito à integridade física e moral do preso. Ainda, há que se atentar aos efeitos decorrentes do princípio da humanidade: Direito das presasde amamentar seus filhos; adequação do ambiente a ser cumprido a pena; Separação dos presos por sexo, natureza do delito e idade; vedação a tortura. II) Dignidade Humana: Decorre do Princípio da Dignidade da Pessoa Humana e proíbe que a pena seja usada como meio de violência, como tratamento cruel, desumano e degradante. É um direito de resistência. III) Legalidade: ↳ Não há crime sem lei anterior, que o defina., nem pena sem prévia cominação legal. ↳ Lei penal deve ser clara, taxativa, escrita e certa. O Estado só pode punir através do seu conceito de crime e através das suas penas em espécie, que servem como consequências. Não há crime sem lei penal que define. • A conduta do agente deve estar prevista como crime. Art. 1º: Não há crime sem lei anterior que o defina. Não há pena sem prévia cominação legal. Nullum crimen sine lege: “Para haver crime tem que ter lei prevendo-o como tal.” IV) Culpabilidade: ↳ Autor da conduta deve ter agido com dolo ou culpa. • Impõe a responsabilidade penal subjetiva (se o agente agiu com dolo ou culpa). • Teoria do Crime: Para se ter uma infração penal, deve haver: Conduta típica, ilícita e culpável, se não tiver um 02 de Marco de 2020 Aula 2 desses elementos a ação não é crime. Nullo actio sine culpa: Não há ação sem culpa, ou seja, para que haja pena, deve haver culpa. • Não está expresso na Constituição. V) Intervenção Mínima: Ação do Estado deve ser mínima sobre a vida do cidadão, a fim de garantir os direitos fundamentais individuais. • Não está expresso na Constituição. • A ação do Direito penal é subsidiaria, é a “ultima ratio”. ↪ Insignificância/Bagatela: O princípio da insignificância é um preceito que reúne quatro condições essenciais para ser aplicado: a mínima ofensividade da conduta, a inexistência de periculosidade social do ato, o reduzido grau de reprovabilidade do comportamento e a inexpressividade da lesão provocada. Em resumo, o conceito do princípio da insignificância é o de que a conduta praticada pelo agente atinge de forma tão ínfima o valor tutelado pela norma que não se justifica a repressão. Juridicamente, isso significa que não houve crime algum. Em maio de 2009, isso foi ressaltado em julgamento realizado pela Segunda Turma do Supremo. Os ministros aplicaram o princípio da insignificância a uma tentativa de furto de cinco barras de chocolate em um supermercado. Nesse caso, o Superior Tribunal de Justiça (STJ) limitou-se a extinguir a punibilidade do acusado. Mas a Turma, seguindo voto do relator do processo, ministro Celso de Mello, reformou a decisão para absolver o réu e extinguir a ação penal porque, segundo ele, a conduta sequer poderia ser considerada crime. É que a extinção da punibilidade por si só não exclui os efeitos processuais. Ou seja, a tentativa de furto ficaria registrada e poderia pesar contra o acusado no futuro, na qualidade de maus antecedentes. Ao ser absolvido, o acusado é considerado primário caso se torne réu em outra ação. (Art. 155 incs. 2º) Obs: O princípio da insignificância, ou da bagatela, não está previsto em lei, e a jurisprudência tardou em reconhecer sua legitimidade como critério de interpretação. ↪ Lesividade/Ofensividade: O princípio da lesividade constitui um princípio fundamental para legitimar o direito penal no Estado Democrático de Direito. Tal princípio, em suma, determina que o direito penal deverá punir o crime se a conduta lesionar ou expor a lesão um bem jurídico penalmente tutelado, haja vista, não ser função do direito penal moderno condenar e punir um comportamento visto pela sociedade como imoral ou impuro. A conduta lesiva, deve ainda afetar interesses de outrem, portanto, não haverá sanção quando os atos praticados pelo agente e seus efeitos permanecerem na esfera de interesse do próprio agente, como no caso da autolesão que não é punível, pois a lesão à integridade física não afeta interesse alheio apesar da conduta de lesão corporal constituir fato típico. Para que haja crime deve haver lesão ao bem jurídico de outra pessoa. • Nulla necessitas sine injuria: Não há necessidade (crime) sem ofensa. • Implícito no Art. 13 do CP (Obs. Art. 59) ↪ Proporcionalidade: O funciona como limite não apenas à atividade judicial de interpretação/aplicação das normas penais, mas também à própria atividade legislativa de criação/conformação dos tipos legais incriminadores, o que possibilita o exercício da fiscalização, por parte da Jurisdição Constitucional, da constitucionalidade das leis em material penal. O princípio da proporcionalidade apresenta três dimensões: 1) Adequação da pena: a pena criminal é um meio adequado (entre outros) para realizar o fim de proteger um bem jurídico? 2) Necessidade da pena: a pena criminal (meio adequado entre outros) é, também, meio necessário (outros meios podem ser adequados, mas não seriam necessários) para realizar o fim de proteger um bem jurídico? 3) Proporcionalidade em sentido estrito: a pena criminal cominada e/ou aplicada (considerada meio adequado e necessário), é proporcional à Funções do Direito Penal: Proteção de bens jurídicos: é a principal função do direito penal, contudo nem todos os bens são protegidos penalmente em razão do princípio da fragmentariedade e da subsidiariedade. É a missão precípua que confere legitimidade ao direito penal (STJ). É instrumento de controle social: deve contribuir para a preservação da paz pública, inibindo que alguns agentes sejam estimulados a não violar a norma em favor da coletividade. Garantia: o direito penal é um escudo do cidadão contra o Estado, uma garantia de que não haverá excessos, ou seja, o infrator somente pode ser punido por fato previsto na lei como infração penal. Ético-social (função criadora ou configuradora dos costumes): é o desempenho de uma função educativa, criando um efeito moralizador, para se atingir um mínimo ético que deve reinar em toda a coletividade. Simbólica: não produz efeitos externos, mas apenas na “cabeça do cidadão” a sensação (falsa impressão) de que o problema da criminalidade foi resolvido e que a partir da nova lei tudo vai “ficar sob controle”. Na mente dos governantes produz a sensação de que algo foi feito para a proteção da paz social. Está ligado ao direito penal do terror, através da inflação legislativa (direito penal de emergência) criando-se tipos penais desnecessários. Pode ocorrer também com o aumento desproporcional das penas em casos pontuais, o que se chama de hipertrofia do direito penal. Motivadora: porque incentiva os cidadãos a não violarem a norma, sob pena de receberem uma sanção penal. Redução da violência estatal: A imposição de uma sanção penal, ainda que legítima, é uma violência do Estado contra o cidadão e contra a sociedade. Dessa forma, deve-se atender à intervenção natureza e extensão da lesão abstrata e/o concreta do bem jurídico. 09 de Marco de 2020 Aula 3 mínima, buscando somente incriminar condutas extremamente necessárias. Teleológica A da proteção dos principais bens jurídicos, não precisando utilizá-lo para qualquer conflito, o aspecto inerente ao poder cogente determina que o direito penal deve ser a última “ratio” e deve ter intervenção mínima. Claus Roxim é o primeiro defensor desta teoria. Sistêmica É a da proteção do próprio direito penal visando dar a ele maior efetividade. Visa a proteção do próprio sistema, principalmente observando sua aplicação contra aqueles que não aceitam o “pacto social”. O maior expoente desta teoria é Gunther Jackobs defensor de um Direito Penal do inimigo. Com este posicionamento o homem é objeto de direito e não sujeito de direito. Escolas do Direito Penal: Escola Clássica: Século XVII e XVIII. Expoente – Cesarae Beccaria – Período Iluminista.Postulamente de um Direito Penal humanitário. Escola Positivista: Século XIX. – (Defesa Social) Expoente – Cesare Lombroso. O criminoso nato por razões biológicas, o homem delinquente sofre de patologias, ou seja, é um doente. Enrico Ferri: O Homem é delinquente sofre influência do meio onde vive, trazendo uma ideia de Sociologia Criminal. Escola Ética Jurídica: O crime é um ente jurídico. Traz com isso a garantia que o Direito Penal é do FATO e não do autor. Como consequência dessa escola, surgiram: ↪ Causalismo: (Beling) O direito penal – Deve ser interpretado para responsabilizar o agente, desvalorizando “o resultado por ele provocado”. ↪ Finalismo: (Welzel) O direito penal deve ser interpretado para responsabilizar o agente desvalorizando “sua ação”. ↪ Funcionalismo: (Jackobs Roxim) O direito tem uma função específica, não se resumindo a conduta humana em conflito com a norma. Seja por nem sempre corresponde a violação de um bem jurídico, seja porque há desvios de referências que as leis comuns não são suficientes para repreender ou prevenir a prática de crimes. 30 de Marco de 2020 Aula 4 É o conteúdo da lei. É a que está descrita na lei, é o que nós chamamos de ordem jurídica/ordem penal escrita. Ela apresenta elementos descritivos e desses elementos tiramos proveito dessa ideia de que se a norma é o direito escrito, a norma penal então se torna tipo penal. O tipo penal identifica a norma penal. Questão 1) Qual o tipo penal que identifica o crime de homicídio? ↪ Resposta: É o tipo penal, previsto no art. 121 do CP. Está lá escrito: Matar alguém. Temos a norma penal, identificada pelo tipo penal e está previsto na lei, que é o código penal. Temos a norma penal, identificada pelo tipo penal e está prevista em lei, que é o código penal. O tipo penal que prevê o crime. Nessa questão acima descrita, temos dois elementos. Matar alguém. O matar é o elemento objetivo, o verbo, o núcleo do tipo. Alguém, é o elemento normativo. Porque só vai haver homicídio se o sujeito seja ele homem ou mulher, por vontade livre e consciente de destruir uma vida alheia, assim o quiser. Esse alguém necessita de ser uma pessoa. A partir de que momento a pessoa é vítima de homicídio? Segundo a lei quando essa pessoa estiver nascendo ou acabado de nascer em diante. Essa é a interpretação da norma penal, o princípio da legalidade. Ainda tratando sobre o matar alguém. Há dois elementos dentro deste tipo penal. Matar (elemento objetivo), alguém (elemento normativo), o elemento subjetivo é o dolo. É aquele que envolve o sensor pessoal, aquilo que a pessoa tem por finalidade. Características Imperatividade: É imposta a todos independentemente de sua vontade. Generalidade: A norma penal se dirige a todos em igual situação. Abstratividade: Decorre de um denominador comum para o maior número possível de casos. É impessoal, sendo elaborada para punir acontecimentos futuros e não para punir pessoa determinada. Exclusividade: Somente a norma penal define crimes e comina penas (Princípio da Legalidade). Classificação das Normas Penais As normas penais não estão no Código apenas com a função de punir àqueles que praticam as condutas que estão descritas nos chamados tipos penais incriminadores. Existem outros tipos de normas que não tem essa função, mas que tem igual importância se comparadas às outras. As normas penais podem ser classificadas em 4 tipos: Normas penais incriminadoras; Normas penais não incriminadoras; Normas penais em branco; Normas penais incompletas. Normas Penais Incriminadoras: Descrevem crimes, impondo ou proibindo determinadas condutas e suas consequências, ou seja, as devidas penas. Essas condutas podem ser um fazer ou não fazer, pois estará infringindo norma penal incriminadora aquele que fizer quando a lei diz não faça, ou o que não fizer quando a lei diz faça. As normas penais incriminadoras possuem o preceito primário e o preceito secundário. Preceito Primário ↪ O preceito primário é encarregado de descrever de forma perfeita e precisa a conduta proibida ou imposta; o preceito secundário é o responsável por individualizar a pena, designando a sanção, em abstrato, para aquela conduta. Para ilustrar usaremos o artigo 157, caput, do Código Penal, que vem expresso dessa forma: Roubo Art. 157: Subtrair coisa móvel alheia, para si ou para outrem, mediante grave ameaça ou violência a pessoa, ou depois de havê-la, por qualquer meio, reduzindo à impossibilidade de resistência. Pena: Reclusão, de 4 (quatro) a 10 (dez) anos, e multa. Nesse exemplo podemos compreender o preceito primário: é onde se explana toda a conduta que o ordenamento abomina, de forma clara e precisa, do tipo penal incriminador “Roubo”; logo após, o seu preceito secundário vem esclarecendo a pena, estabelecendo um limite mínimo e um limite máximo, para aquela conduta. Então, aquele que praticar aquela conduta semelhante à descrita no artigo 157, caput, do Código Penal, tem, como consequência, a sanção instituída da forma prevista no mesmo. Preceito Secundário “Sanctio iuris” tem por objetivo a individualização da pena em abstrato, determina a consequência ou punição que terá aquele que incorrer no tipo penal descrito na norma penal incriminadora primária. Diz-se em abstrato, pois a norma prevê que a pena será de X a Y e por meio da dosimetria analisado o caso concreto dentre do tempo estabelecidos pela norma, dentre outros elementos, o juiz decidirá qual será a pena concreta do agente. Exemplo: Pena – reclusão, de seis a vinte anos. Normas Penais não Incriminadoras Estas não descrevem crimes nem suas penas. Sendo que sua finalidade são as descritas a seguir: Tornam lícitas determinadas condutas, afastam a culpabilidade do agente. Também servem para esclarecer determinados conceitos e fornecer princípios para aplicação da lei. Podendo ser: Não incriminadora - Permissiva Justificantes: (Excludentes de ilicitudes) ↪ Quando servirão para afastar a ilicitude da conduta do agente como nos casos de: legítima defesa, estado de necessidade, exercício regular do direito e estrito cumprimento do dever legal (artigos. 23, 24 e 25. CP). Neste caso a conduta não é considerada como ilícita, ou seja, não é condenada pela lei nem mesmo pela moral. As normas penais desse tipo têm a finalidade de direcionar o Direito Penal a vertentes completamente opostas às incriminadoras. São essas as suas funções: a) Tornar lícitas determinadas condutas; b) Afastar a culpabilidade do agente, dando consequência a isenção de pena; c) Esclarecer conceitos; d) Fornecer princípios gerais para a aplicação da norma penal. Baseando-se nessa informação, chega-se à conclusão de que as normas penais não incriminadoras se subdividem em: Não incriminadora - Permissiva Exculpantes: Quando elimina a culpabilidade do agente isentando-o de pena, o maior exemplo neste caso é a condição de inimputável (art. 26, CP). Não incriminadoras – Permissivas Justificantes Quando tem como finalidade afastar a ilicitude (antijuridicidade) da conduta, como, por exemplo, as dispostas no CP, arts. 23, 24 e 25. Não incriminadora – Explicativas: Como a própria denominação sugere são normas que servem para explicar determinados conceitos. O art. 237, do Código penal. Por exemplo, explica o que vem a ser funcionário público para os efeitos penais. Não incriminadora – Complementar (Ou Final): Fornecem princípios gerias para a aplicação da lei penal guiando, orientando e também auxiliando o juiz. Temos como exemplo o art. 59, CP. Art. 59 - O juiz, atendendo à culpabilidade, aos antecedentes, à conduta social, à personalidade do agente, aos motivos, às circunstâncias e consequências do crime, bem como ao comportamento da vítima, estabelecerá, conforme seja necessário e suficiente para reprovação e prevenção do crime.Norma Penal em Branco São normas cujo conteúdo não está completo, ou seja, seu conceito, seus verbos carecem de complementação embora já determine a pena a ser aplicada. Em outras palavras, são normas em há necessidade de complementação para que se possa compreender o âmbito de aplicação de seu preceito primário. Por exemplo: O art. 28, da Lei nº 11.343, de 2006 diz que: Art. 28. Quem adquirir, guardar, tiver em depósito, transportar ou trouxer consigo, para consumo pessoal, drogas sem autorização ou em desacordo com determinação legal ou regulamentar será submetido às seguintes penas: I - advertência sobre os efeitos das drogas; II - prestação de serviços à comunidade; III - medida educativa de comparecimento a programa ou curso educativo. Mas o que vem a ser drogas, ou o que será considerado como droga? Veja que a norma não explicou bem isso, apenas determinou os verbos necessários para imputação deixando vaga ou em branco essa definição do que vem a ser droga. Por isso carece de complementação, logo trata-se de uma norma penal em branco. A normas penais em branco podem ser classificadas em: Norma Penal em Branco - Homogêneas: Homogêneas ou em sentido amplo, é a norma elaborada pela mesma fonte legislativa da norma que carece de complementação, por exemplo, lei complementando lei. O exemplo mais claro para essa espécie de norma é o artigo 237 do Código Penal. Art. 237 - Contrair casamento, conhecendo a existência de impedimento que lhe cause a nulidade absoluta. Pena - detenção, de três meses a um ano. Ainda existe outra subdivisão dentro das normas penais em branco homogêneas: Homovitelinas; Heterovitelinas; Normas Penais em Branco Homogêneas Homovitelinas: São aquelas cujas a norma complementar vem do mesmo ramo de Direito, ou seja, é a norma penal que é completada por outra norma penal. (Exemplo. Art 338 do CP.) Normas Penais em Branco Heterovitelinas: Quando o complemento está contido em lei diversa (separada) da lei que que tipificou o crime. Norma Penal em Branco - Heterogêneas: Heterogênea ou em sentido restrito, é a norma de origem diversa da norma que precisa de complementação. Exemplo art. 28 da Lei de Drogas que é complementado pela Portaria 344 da ANVISA. Um ato normativo infralegal, inferior a lei, realiza a complementação. Embora ainda não tenhamos trabalhado de forma detalhada os princípios penais, é oportuno adiantar que a complementação das normas penais em branco de forma heterogênea (norma infralegal) não fere ao princípio da reserva legal, pois o tipo penal já existe, ou seja, a lei já o prevê, tendo apenas que ser complementado ou esclarecido. Porém, entretanto, todavia, se a complementação necessária for quanto ao preceito secundário da norma (pena), ou seja, o dispositivo legal não determinou a pena ser aplicada em abstrato, esta complementação só poderá ocorrer de forma homogênea, pois apenas lei pode cominar penas. Norma Penal - Incompletas ou Imperfeitas As normas penais incompletas, também chamadas imperfeitas, ou normas penais em branco inversa, ou ao avesso, ou ainda secundariamente remetidas, tem por característica o fato de terem o seu preceito primário completo, sem necessidade alguma de qualquer tipo de complemento, contudo o seu preceito secundário não está expresso, de forma que para que haja a sanção pelo fato criminoso cometido, é necessário que o legislador nos encaminhe para outro texto da Lei. Assim, a leitura do tipo incriminador é clara, entretanto, para que haja a sanção é necessário que nos remetamos a outra norma para que assim tenhamos a propriedade de estabelecer a pena em abstrato para aquela conduta. Por exemplo a Lei n° 2.889/56: Art. 1º - Quem, com a intenção de destruir, no todo ou em parte, grupo nacional, étnico, racial ou religioso, como tal: a) matar membros do grupo; b) causar lesão grave à integridade física ou mental de membros do grupo; c) submeter intencionalmente o grupo a condições de existência capazes de ocasionar-lhe a destruição física total ou parcial; d) adotar medidas destinadas a impedir os nascimentos no seio do grupo; e) efetuar a transferência forçada de crianças do grupo para outro grupo; Será punido: Com as penas do art. 121, § 2º, do Código Penal, no caso da letra a; Com as penas do art. 129, § 2º, no caso da letra b; Com as penas do art. 270, no caso da letra c; Com as penas do art. 125, no caso da letra d; Com as penas do art. 148, no caso da letra e; Observa-se que o preceito primário está completo, expressando, em suas alíneas, cada tipo penal. Já o seu preceito secundário nos direciona a textos penais diferentes em cada caso, razão pela qual esta se torna incompleta ou imperfeita. :PrincípiodaReservaLegal Não há crime, nem pena, sem lei anterior que o defina e a estabeleça. É vedado ao legislador utilizar-se de decretos, medidas provisórias ou outras formas legislativas para incriminar condutas. Art. 5º Código Penal: “Não há crime sem lei anterior que o defina. Não há pena sem prévia cominação (ameaça, imposição) legal.” Com a supressão do princípio da Reserva Legal, as pessoas iriam ser julgadas por atos que cometeram antes mesmo que existisse lei para tais. Ou poderia ocorrer de o legislador buscar outros tipos de lei, se não penal para incriminar o acusado. VacatioLegis: É o período de conhecimento e publicação da norma, durante esse período não se pode aplicar a norma penal. Princípio daTaxatividade O texto da lei penal não pode ser contraditório, de duplo sentido e omisso. O princípio da taxatividade tem função garantista, pois impõe que o texto da lei penal seja claro, certo, escrito em português conforme as regras gramaticais vigentes e compreensíveis aos destinatários (evita distorções da lei penal). Retroatividade Benéfica Art. 2º Código Penal: “ninguém pode ser punido por fato que lei posterior deixa de considerar crime, cessando em virtude dela (da lei posterior) a execução e os efeitos penais da sentença condenatória.” A lei só retroagirá, salvo para beneficiar o réu. Abolitio Criminis: Extinção do Crime: A retroatividade benéfica pode livrar uma pessoa que está cumprindo pena, ou está sendo processada. A retroatividade benéfica através da nova lei pode beneficiar algumas pessoas das seguintes formas: Abolitio Criminis: Extinção do crime. Pode livrar uma pessoa que está cumprindo pena, ou está sendo processada. Redução da Pena: Quando a nova lei cria uma causa de redução da pena preexistente. Extinção da punibilidade: A extinção da punibilidade é a perda do direito do Estado de punir o agente autor de fato típico e ilícito, ou seja, é a perda do direito de impor sanção penal. Tempo do Crime: Art. 4º Código Penal: Considera-se praticado o crime no momento da ação ou omissão, ainda que outro seja o momento do resultado. Teoria da Atividade: Considera-se cometido o delito no momento da ação ou omissão, aplicando-se ao fato, portanto, alei vigorante da ação ou omissão. Lugar do Crime Art. 6º Código Penal: Considera-se praticado o crime no lugar em que ocorreu a ação ou omissão, no todo ou em parte, bem como onde se produziu ou deveria produzir-se o fato. Teoria da Ubiquidade: Em qualquer lugar que ocorreu o crime em território nacional fictício ou físico, é possível aplicar a Lei Penal Brasileira. TerritórioFictício Território fictício é o território nacional por extensão. Considera o interior de aeronaves, interior de navios, em certos casos, território brasileiro. A importância jurídica do território fictício é que a lei penal brasileira pode ser aplicada nesses territórios, mesmo quando estes se encontram externamente ao país. Intervenção Mínima: Deve-se usar o direito penal o mínimo possível, sendo que este deve ser o último recurso do Estado.
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