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1 2 SUMÁRIO ALIMENTAÇÃO DO IDOSO ............................................................................. 03 DEMÊNCIA DO IDOSO.................................................................................... 09 ESQUIZOFRENIA DO IDOSO ......................................................................... 13 TRANSTORNO BIPOLAR DO IDOSO ............................................................. 14 DEPRESSÃO NO IDOSO ................................................................................ 15 TRANSTORNO DE ANSIEDADE EM IDOSOS ............................................... 16 O USO DE ALCOOL E DROGAS POR IDOSOS ............................................. 18 INCONTINÊNCIA URINARIA NO IDOSO ........................................................ 24 DOENÇA DE ALZHEIMER ............................................................................... 26 DOENÇA DE PARKINSON .............................................................................. 38 AIDS NA TERCEIRA IDADE ............................................................................ 51 MEDICAMENTOS PARA IDOSOS .................................................................. 53 REFERENCIAS ................................................................................................ 57 3 ALIMENTAÇÃO DO IDOSO A alimentação para idosos é um tema de grande relevância, não só pelo aumento dessa população no Brasil, mas também pela conscientização do envelhecimento saudável! A intitulação pessoa idosa é usada, no Brasil, para se referir às pessoas com mais de 60 anos. Essa população cresce a cada ano em nosso país, por isso torna-se fundamental desenvolver ações de saúde. De acordo com o manual Alimentação saudável para pessoa idosas feita pelo Ministério da Saúde: Entre os cuidados diários com a saúde que contribuem para um ritmo favorável de envelhecimento está a alimentação saudável. Por isso é indispensável ter rotinas saudáveis inclusive em idades avançadas. Esses hábitos adotados podem conferir maior conforto, segurança e autonomia no dia-a-dia do idoso, gerando impacto positivo na auto estima. Para começarmos a entender os elementos essenciais para uma boa alimentação na terceira idade, é fundamental compreender a importância das vitaminas nessa fase da vida! As vitaminas indispensáveis na alimentação para idosos O envelhecimento faz parte do ciclo natural da vida, caracterizada por modificações funcionais e bioquímicas que influenciam na nutrição. O risco nutricional na terceira idade contribui, de forma significativa, para incapacidade física, morbilidade e mais precisamente desnutrição. Estudaremos sobre os nutrientes essenciais para uma vida saudável na terceira idade e quais são esses nutrientes e em quais alimentos encontrá- los. 4 Vitamina D A vitamina D é um complemento necessário na vida dos idosos, pois ajuda no metabolismo e na absorção de cálcio. É um suplemento relativamente barato e importante sob diversos aspectos. Segundo a Sociedade Brasileira de Endocrinologia e Metabologia, a carência desta vitamina em centros urbanos é preocupante. Valores inadequados de vitamina D foram encontrados em 85% dos idosos que vivem em São Paulo. Esse valor se agrava por todo o país, aumentando gradativamente o número de idosos atingidos. Essa mesma pesquisa mostra que a suplementação desta vitamina em níveis adequados, reduz em 26% a fratura de quadril. Outra pesquisa feita pela Universidade de Aarhus, na Dinamarca, mostram que níveis de vitamina D e cálcio balanceados, aumentam em 9% a expectativa de vida da população idosa. Portanto, o consumo de vitamina D é obrigatório para a prevenção de doenças e para a fortificação óssea do idoso. Para alimentação dos idosos é importante que se tenha os seguintes alimentos: ➢ Óleos de peixe; ➢ Frutos do mar; ➢ Gema de ovo; ➢ Leite; ➢ Fígado; ➢ Cevada; ➢ Salmão; ➢ Sardinha. São poucos os alimentos que fornecem de fato vitamina D, mas absorção nos alimentos não é tão eficaz quanto a exposição a luz solar. Recomenda-se que o idoso fique, ao menos 15 minutos, com os braços e pernas expostos a luz solar. 5 Potássio Encontrado em quase todos os alimentos de origem vegetal, o potássio é outro nutriente rico para a saúde dos idosos. Crucial para a função cardíaca, esse mineral tem como função a contração dos músculos esqueléticos. É benéfico para uma digestão normal e é de grande importância para o funcionamento adequado das células. Uma alimentação rica em potássio é deveras boa para a saúde do idoso, mas ainda assim é preciso ter moderação. Com o envelhecimento, os rins possuem menos eficiência na eliminação deste mineral, podendo contrair hipercalemia. Então é necessário manter o equilíbrio entre potássio e sódio, balanceando os níveis destes minerais no corpo. Podemos encontrar o potássio nos seguintes alimentos: ➢ Bananas; ➢ Sucos cítricos (Limão e Laranja); ➢ Abacate; ➢ Melão; ➢ Tomate; ➢ Batata; ➢ Feijão; ➢ Salmão; ➢ Bacalhau. Seja qual for a idade, consulte um médico antes de ingerir suplementos de potássio. Ferro O ferro é responsável pelo fornecimento de energia e eficaz na formação de hemoglobinas. Mais de 10% da população acima de 65 anos, possui anemia. O quadro de idosos com anemia tende a crescer, mas pode ser facilmente reversível. Contudo, para que isso aconteça é preciso que a alimentação para idosos mude. A reposição do ferro em si já é um tratamento para combater doenças como anemia. Existem dois tipos de ferro, eles são: Heme e não heme. Os 6 categorizados hemes, são aqueles provenientes de alimentos com origem animal e os não hemes são alimentos de origem vegetal. Os alimentos ricos em ferro são: ➢ Carne em geral; ➢ Gema de ovo; ➢ Melado; ➢ Banana; ➢ Leguminosas; ➢ Verduras verdes escura (Agrião e Espinafre); ➢ Cerejas. Para melhor absorção do ferro é necessário o consumo de vitamina C, enquanto alimentos ricos em cálcio, ao contrário, o reduzem. Cálcio Um dos mais importantes minerais para o organismo humano, presente nos dentes e ossos. O cálcio estimula a circulação sanguínea e em conjunto com a vitamina K, auxilia na coagulação do sangue. Esse mineral também impacta nos níveis do sistema nervoso, ajudando no processo de contração e relaxamento dos músculos. O cálcio pode ser encontrado em vários alimentos. Dentre eles estão: ➢ Leite e derivados; ➢ Brócolis; ➢ Agrião; ➢ Couve; ➢ Espinafres; ➢ Alface; ➢ Figos; ➢ Aveia; ➢ Batata-doce; ➢ Amêndoas. É adequado manter bons níveis de cálcio para a prevenção e tratamento da osteoporose. Doença bem presente na terceira idade, devido à má absorção deste nutriente. A fortificação de cálcio nos ossos é muito importante, já que quedas são bastante comuns nesta fase da vida. 7 Zinco O zinco é mais um mineral indispensável na alimentação do idosos. Responsável por várias reações dentro do corpo como: a integridade do sistema imunológico, cicatrização, crescimento de unhas, dentre outros. Estudos em países Latino Americanos e nos Estados Unidos mostram que independente da idade é recomendado a ingestão de zinco. Pois sua deficiência pode provocar inúmeras complicações no organismo. Dentre elas anorexia e a perda do paladar, males que são bastantes prejudiciais nesta fase da vida. Você pode encontrar o zinco nos seguintes alimentos: ➢ Carnes Vermelhas; ➢ Fígado; ➢ Ostras; ➢ Aves; ➢ Peixes; ➢ Leite; ➢ Ovos; ➢ Cereais integrais em geral. Para todas as vitaminas apresentadas é imprescindível o acompanhamento médico,pois uma dieta balanceada varia para cada pessoa, o consumo de vitaminas em excesso pode ser prejudicial a saúde. Orientações para favorecer uma alimentação saudável A alimentação não está apenas ligada no alimento em si, mas também a rotina e cuidados no preparo da refeição. É importante levar em conta algumas medidas para tornar o momento das refeições mais agradável. Por isso, algumas atitudes devem ser refreadas na terceira idade. Cuidado na compra dos alimentos Durante a fase de compra dos alimentos temos que ter cuidado com os produtos adquiridos, pois deve-se 8 escolher aqueles: • De procedência segura; • Que estejam dentro do prazo de validade; • Conhecer o valor nutricional do alimento; • Compreender a forma correta de armazenamento do alimento adquirido. Essas observações devem ser feitas na presença do idoso que irá consumir o alimento. A inclusão é importante, pois dá autonomia e faz com que o idoso adquira bons hábitos ao escolher os alimentos. Cuidados com armazenamento dos alimentos Armazenar alimentos nos locais corretos e de fácil acesso são exemplos que estão ligadas a saúde do idoso. Um exemplo é: guardar alimentos em locais de dificuldade para o idoso, como armários altos, pode resultar em quedas e outras complicações.Por isso é importante ter em mente alguns hábitos ao armazenar os alimentos. Dentre eles: • Serem organizados em locais de fácil acesso; • Limpar a própria embalagens que contenham sujidades; • Guardar cada alimento em local que ajude a manter a integridade dos produtos. Cuidados com a higiene pessoal e durante o manuseio de alimentos Devem ser adotados cuidados rigorosos tanto na higiene pessoal quanto ao manusear os alimentos. Pois, isso ajuda a prevenir a contaminação e evitar doenças transmitidas por alimentos (DTA). Lavar as mãos com frequência é primeiramente fundamental no manuseio dos alimentos que serão consumidos. Assim como higienizar os utensílios que serão usados no preparo dos alimentos. 9 Medidas associadas ao consumo das refeições Um ambiente mais adequado para refeições tem impacto positivo na autoestima do idoso, refletindo no prazer que se tem a mesa. Ajudar o idoso a se sentir mais disposto a se alimentar já é um grande passo. Fazer refeições em locais agradáveis com uma companhia, estimula o entrosamento social. Esses hábitos ajudam em vários quesitos a pessoa idosa. Ter companhia proporciona prazer ao idoso, favorecendo o apetite, além de fazer com que o idoso se preocupe no tipo de alimentação a ser servida. É importante que durante o dia os idosos se alimentem de três em três horas. Estimule que seja feito as seguintes refeições: desjejum, almoço e jantar e dois lanches saudáveis. Isso ajuda no fornecimento necessário dos nutrientes e vitaminas, estimulando melhor funcionamento do organismo. Outras medidas também devem ser associadas nas refeições, como por exemplo: • Desestimular o uso do sal e açúcar à mesa • Orientar a pessoa idosa a comer devagar, mastigando bem os alimentos • Cuidar bem da saúde bucal • Estimular o consumo de água durante as refeições • Alimentar-se com prazer motiva os idosos a consumir mais refeições. Torne isso um hábito regular e tenha uma vida melhor DEMÊNCIA DO IDOSO O aumento da população idosa é um fenômeno global. Hoje a terceira idade representa aproximadamente 10% da população mundial, podendo alcançar em 2050, 22%. Com o envelhecimento populacional, houve um aumento do número de doenças degenerativas, como a demência. O termo "degenerativo", refere-se à 10 perda do funcionamento adequado de um determinado órgão, não estando relacionada à infecção, inflamação ou tumor. Na demência, o cérebro é o órgão que deixa de funcionar. O indivíduo com essa doença apresenta perda de memória; dificuldade para executar atividades da vida diária, como administrar dinheiro, dirigir ou comer, além de ter alterações no comportamento, como insônia, irritabilidade e agressividade. A doença de Alzheimer e a demência vascular são as demências existentes mais comuns. Esta última ocorre quando há pequenos infartos cerebrais, ou seja, devido à falta de sangue em algumas regiões do cérebro. Quanto ao Alzheimer, ainda não foi detectada uma causa que comprove a doença. Hoje o tratamento para a demência não busca a cura da doença, e sim retardar a sua progressão. Por exemplo, para um indivíduo que tem dificuldade de se vestir sozinho, mas que ainda consegue andar por conta própria, o tratamento será no sentido de que ele mantenha a capacidade de caminhar sozinho pelo maior tempo possível. Veja a seguir como lidar e manter o convívio em casa com uma pessoa com demência: 1. Mude a forma de se comunicar O paciente com demência passará a ter dificuldade de lembrar nomes de pessoas e de objetos, e pouco irá compreender o que você está falando. Ele irá esquecer ou trocar palavras antes usuais, e também falar coisas sem sentido. Logo, a comunicação verbal precisa se dar através de frases curtas e simples, por exemplo, ao oferecer algo é melhor especificar: "você quer ler?", ao invés de perguntar: "você quer fazer alguma coisa?". Dê tempo para que ele entenda o que foi dito. Se for necessário repita a frase ou utilize outra expressão com o mesmo sentido. Sempre mantenha o tom de voz calmo, e ao conversar, faça com que 11 o paciente olhe diretamente para você. 2. Estabeleça rotinas O paciente, com a evolução da demência, se torna mais inseguro. Mudanças de ambiente e nas suas atividades diárias podem desencadear confusão mental. Portanto, estabeleça rotinas, de modo que as tarefas - como higiene pessoal e alimentação - sejam realizadas sempre no mesmo horário. As tarefas devem ser simplificadas, por exemplo, na hora de se vestir, reduza as opções de roupa no armário. Evite roupas com zíper, fivelas ou botões e deixe as peças de roupa separadas sempre na mesma ordem. 3. Estimule a independência: Faça COM ele e não POR ele O envelhecimento traz limitações, porém devemos sempre estimular a autonomia do idoso. Estimule-o a fazer sozinho as atividades que estejam dentro da sua rotina, como se vestir, por exemplo. Inicialmente deixe-o tentar fazer por conta própria, se você perceber que ele não fez a tarefa completa passe a supervisioná-lo e orientá-lo. Se o paciente não conseguir após as suas orientações, auxilie-o na tarefa. E ao final, se ele se mostrar incapaz de realizá-la, você pode fazer por ele. A mobilidade também tem um papel importante para saúde do paciente, pois reduz o risco de infecções e trombose venosa, além de diminuir a sobrecarga do cuidador, então procure estimulá-lo a andar e se movimentar sempre que possível. 12 4. Cuide da segurança dele Devido à diminuição da acuidade visual e auditiva, somado a instabilidade da marcha presente no idoso, é essencial tomar alguns cuidados para evitar quedas e estimular a independência: Retire tapetes e excesso de mobiliário da casa, pois eles são uma armadilha para causar queda em idosos. • Coloque piso antiderrapante e barras de segurança no banheiro • Objetos perigosos devem ser removidos ou guardados • O paciente não deve ficar em ambiente totalmente escuro, pois isso pode deixá-lo mais confuso, mantenha sempre algum tipo de iluminação indireta à noite. Nas portas, as fechaduras devem ficar sempre na parte mais alta ou na mais baixa. • Outra importante medida para evitar acidentes é guardar a chave da casa e do carro em locais seguros, pois em crises ele pode ficar agitado e tentar deixar a casa. 5. Tenha algumas "regras" para a alimentação Sempre procure ofereceras refeições em locais tranquilos e com horários regulares, lembre-se: a rotina deixa o paciente menos confuso. Evite distrações neste horário, como televisão, música alta ou muitas pessoas conversando ao mesmo tempo. A dificuldade de engolir pode estar associada ao quadro demencial, dessa maneira, um alimento com a consistência mais pastosa irá melhorar na deglutição, isso poderá evitar engasgos. A dieta deve ser fracionada, ou seja, o paciente deve ter seis refeições diárias, sendo cada uma em pequena quantidade. 13 6. Preste atenção aos sinais na pele O idoso apresenta uma pele mais fina e frágil, logo tem mais facilidade de ter lesões em áreas de apoio do corpo (região sacral e calcanhar). Para o paciente que está acamado, não é recomendado deixá-lo sempre na mesma posição, movimente- o, no mínimo, a cada duas horas. Deve-se fazer o uso de creme hidratante na pele e oferecer líquidos durante o dia para evitar uma possível desidratação. A fralda deve ser trocada, no mínimo, a cada três horas. Em caso de feridas na pele, procure uma equipe de saúde que irá prescrever o curativo. ESQUIZOFRENIA DO IDOSO Esquizofrenia é uma doença mental que se caracteriza por uma desorganização dos processos mentais. As pessoas com esquizofrenia perdem o sentido da realidade, ficam incapazes de distinguir a experiência real da imaginária, e podem até escutar vozes ou acreditar que os outros estão lendo e controlando seus pensamentos. A pessoa sente delírios, alucinações, seus pensamentos ficam desorganizados e o comportamento se altera. Os sintomas da esquizofrenia podem não ser os mesmos de indivíduo para indivíduo, podendo aparecer de forma insidiosa e gradual ou, pelo contrário, manifestar-se de forma explosiva e instantânea. Não existe uma causa única para o desencadear deste transtorno. Assim como muitas outras doenças mentais, acredita-se esquizofrenia seja uma combinação de fatores genéticos e ambientais. Todas as ferramentas da ciência moderna estão sendo usadas para descobrir as causas da esquizofrenia. Pesquisas estão desenvolvendo medicamentos mais eficientes e procurando entender as causas da esquizofrenia para achar suas formas de prevenção. 14 Uma vez que a causa da esquizofrenia ainda é desconhecida, os tratamentos atuais focalizam na eliminação dos sintomas da doença; incluem medicamentos antipsicóticos e tratamento psicossocial, e podem aliviar muitos dos sintomas. TRANSTORNO BIPOLAR DO IDOSO O transtorno de humor pode ser unipolar ou bipolar. É uma doença mental que sempre cronifica e se caracteriza pela alternância entre o estado depressivo e a mania que é o tipo I. Quando se caracteriza como hipomania é do tipo II. Um por cento da população ao redor do mundo sofre de transtorno BIPOLAR. Pode aparecer em qualquer idade, mas na idade tardia é sempre muito grave e de difícil tratamento, sempre com risco presente de suicídio. O sexo feminino sempre predomina com esta patologia, pois as mulheres têm tendência à depressão e à mania. O diagnóstico na maioria das vezes é tardio, pois há uma tendência de tudo começar por um quadro depressivo, o que leva a Medicina na maioria das vezes tratar somente da depressão, esquecendo que poderá vir acompanhada de mania que caracterizaria o fenômeno BIPOLAR. Tratar um destes casos como unipolar é risco para o médico e mais ainda para o paciente, pois os antidepressivos tem pouca ou nenhuma ação nestes casos, e acontece quase sempre o suicídio. O transtorno BIPOLAR está associado a um maior grau de incapacitação a semelhança de muitas doenças crônicas tais como: osteoartrite, diabetes, asma, infecção por HIV etc. Temos que prestar atenção aos pródomos da bipolaridade: idade precoce que agrava na idade tardia, episódios de repetição com períodos curtos de recuperação, presença de delírios, pensamento acelerado com conteúdo melancólico, paciente deprimido, que sempre chora, isolado e que não quer conversar. Não cuida da higiene e de um momento para outro entra em quadro 15 de euforia, sorri sem motivação, gasta o que tem e o que não tem, fala palavrão mesmo sendo sempre uma pessoa conservadora, se veste escandalosamente, conta anedotas picantes, muda de comportamento e de humor com uma rapidez incrível. Mediante a observação destes tipos de comportamento, é aconselhável levar o paciente ao médico imediatamente, pois é possível que o mesmo esteja vivendo uma crise de mania, que é o inverso da depressão. Neste estado o paciente poderá ficar agressivo e cometer desatinos. Concluindo quero alertar que o diagnóstico precoce continua sendo um desafio ao ser confundido com transtorno unipolar. O tratamento medicamentoso é complexo e muito caro, pois temos que cuidar concomitantemente da mania e da depressão, visando o mínimo de risco de desestabilização da doença. Hoje em dia existe uma droga denominada de quetiapina que trata tanto a mania como a depressão. DEPRESSÃO NO IDOSO A população idosa no Brasil vem aumentando significativamente e é estimado que em 2025 a pessoas acima de 65 anos chegue a 32 milhões de pessoas no país. Junto deste aumento a atenção e cuidados de profissionais da saúde para este segmento também aumentou, tendo em vista um dos principais transtornos mentais; a depressão. Primeiramente é importante esclarecer que não podemos pensar de maneira automática que com a idade avançada exista decadência da saúde e sanidade, ou seja, que envelhecer seja sinônimo de adoecer. O processo de envelhecimento depende da herança genética, de seus fatores ambientais, sociais, psíquicos e rotina do indivíduo exposto ao longo de sua vida. A depressão é caracterizada pelo indivíduo tomado pela falta de interesse, desânimo e apatia em executar suas atividades cotidianas acompanhada de uma tristeza profunda e duradoura. Ela pode atingir qualquer faixa etária e gênero. Porém a depressão no idoso, além dos sintomas descritos acima, toma forma em um contexto de lutos contínuos e/ou abandono, perda da atividade produtiva (emprego ou lazer), doenças clínicas gerais (diabetes, câncer, doenças cardíacas, doenças vasculares) e significante perda na qualidade de vida associada ao isolamento social. Estes 16 são fatores importantes que predispõe o idoso ao desenvolvimento de um transtorno depressivo. Cabe enfatizar que nos pacientes idosos deprimidos não tratados corretamente o risco de suicídio é duas vezes maior do que nos idosos que não apresentam este transtorno. Com prevalência elevada nas doenças clínicas gerais na população idosa, a depressão não tem sido adequadamente diagnosticada e tratada, pois muitas vezes os sintomas depressivos são confundidos com a própria doença clínica, efeito colateral do remédio prescrito ou como uma consequência “normal” do envelhecimento, dificultando o reconhecimento e tratamento da depressão no idoso. Preconceitos em relação a velhice e as doenças mentais dificultam o acesso dos pacientes a um tratamento adequado, portanto, quando alguém apresenta desânimo e tristeza por algumas semanas é preciso levá-lo a um psiquiatra, para uma avaliação especializada e assim determinar o tratamento correto deste transtorno para o indivíduo acometido. Muitas pessoas ainda ficam constrangidas de procurar o médico psiquiatra, diante da ideia de terem uma doença mental e serem taxados como loucos, internados em instituições, isso é uma prática cada vez mais rara e antiga do tratamento psiquiátrico. Por causa desses preconceitos, estima-se que cerca de metade dos pacientes idosos deprimidos fiquem sem diagnóstico e tratamento adequados. Acarretando a riscos e piora do quadro geral da vida do indivíduo. TRANSTORNO DE ANSIEDADE EM IDOSOSNa ansiedade há uma tendência a não se preocupar consigo mesmo, surgindo o desleixo, falta de preocupação com a aparência, etc. Há em geral preocupação fixa com um determinado assunto, em detrimento de tudo em volta. O pensamento fica difícil. Há dificuldade de concentração, insônia e impaciência. Há queda da memória. 17 O comportamento fica modificado e com características ligadas a personalidade de cada um, isto é, podendo ocorrer manifestações agressivas, depressão, etc. Algumas vezes pode haver atitudes que se confundem com a demência. Há tensão muscular, surgindo dores musculares em alguns casos, que se situam em geral nas costas ou na nuca. Freqüentemente ocorrem tremores nas mãos, palpitações, sudorese. A ansiedade e suas manifestações são muito freqüentes e podem se confundir com inúmeras doenças. Tratamento O tratamento deve atingir a causa básica na tentativa de eliminá-la ou pelos menos suavizá-la. O uso de medicamentos tranqüilizante, em geral benzodiazepínicos, é útil nas situações mais críticas e deve ser feito com muito critério e sempre por tempo curto. O uso prolongado de tranqüilizantes leva invariavelmente à dependência, o que provoca o aumento da ansiedade. A atividade física regular ou a realização de tarefas relaxantes (leitura, pintura, etc) conseguem os melhores resultados no combate à ansiedade. Algumas vezes há necessidade de orientação por parte de terapeuta ocupacional. Estresse O estresse é o estado de tensão emocional que produz um estado psicológico desagradável, caracterizado por irritabilidade, distúrbios do sono e do apetite, dificuldade na concentração, e preocupação exagerada com relação a situações triviais. Em geral há queda no rendimento, com diminuição da memória e impotência. Pode ser desencadeado por uma situação súbita (um assalto, por exemplo) ou por situações conflitantes continuas e seguidas. Na terceira idade as situações "estressantes" podem levar a alterações 18 cardiovasculares, hipertensão arterial, com diversas conseqüências, às vezes graves, como o infarto do miocárdio, doenças gástricas e intestinais. Outras vezes podem ser acompanhadas de distúrbios psicológicos os mais variados, como depressão ou agitação. Pode ocorrer o agravamento de uma doença que estava equilibrada, como o diabetes, por exemplo, ou ainda favorecer à queda da imunidade, diminuindo a resistência às infecções. Tratamento do estresse Para o tratamento do estresse, é fundamental identificar-se a causa. O seu tratamento se baseia em relaxamento, exercícios físicos, e uso de substâncias psicotrópicas. Nas últimas duas décadas foi dada grande atenção aos fatores geradores de tensão e suas conseqüências em pessoas jovens, como o que ocorre nas doenças cardíacas que tem no fator tensional uma de suas principais causas, havendo um grande avanço na profilaxia e no tratamento das doenças das coronárias. A maior arma contra o estresse é a atividade relaxante, que pode ser a fisioterapia, massagem, caminhada ("jogging"), a música, a pintura, etc, sempre realizada com regularidade. Na grande maioria das vezes são obtidos bons resultados sob orientação da terapia ocupacional, que é direcionada ao combate da tensão emocional. O USO DE ALCOOL E DROGAS POR IDOSOS A dependência química é uma doença que acomete o mundo todo, um dos maiores problemas de saúde pública. Os idosos usam e abusam de álcool e outras drogas. Por isso, os profissionais que atuam na área do envelhecimento precisam estar atentos para a problemática que os envolve. Estudar o fenômeno da dependência química é extremamente relevante, uma vez que tal dependência ocasiona transformações nas relações dos idosos, sejam nas relações estabelecidas no trabalho, na família, com os amigos, vizinhos e outras. Essas transformações provocadas pela doença resultam em problemas no trabalho, brigas familiares e perda de amigos. Além disso, a situação de ser dependente químico gera discriminação, devido ao não entendimento por parte das pessoas dos fatores que levam à dependência. É 19 importante lembrar que o idoso poderá sofrer uma dupla exclusão. Primeiro devido ao fato de ser visto por muitas pessoas como incapaz de desenvolver suas atividades e, também, devido a sua condição de drogadição. Por isso, é cada vez mais relevante a realização de pesquisas que venham a desvendar as formas de exclusão a que estão sujeitos os idosos dependentes de drogas. Essa realidade desafia cada vez mais os profissionais da área da saúde e assistência social a investigar as situações que levam as pessoas à dependência e a repercussão do uso de drogas nas relações estabelecidas pelos dependentes, visando assim qualificar ainda mais sua ação e proporcionar um atendimento mais adequado. A dependência química na população idosa A dependência química, além de ter como critério o consumo excessivo de substâncias ilícitas ou lícitas, existem outros critérios que são: ❖ A síndrome de abstinência; ❖ A substância é consumida frequentemente em maiores quantidades ou por um período mais longo que o pretendido; ❖ Há um desejo persistente ou esforços mal sucedidos no sentido de reduzir ou controlar o uso da substância; ❖ Se gasta muito tempo em atividades necessárias para a obtenção da substância ou na recuperação de seus efeitos; ❖ Atividades ocupacionais ou de lazer importantes são reduzidas e até mesmo abandonadas em decorrência do uso da substância. Os fatores que podem contribuir para o desenvolvimento da dependência de drogas, tanto de homens como de mulheres são múltiplos, e podem ser de origem biológica, psicológica, econômica e sociocultural. O fator biológico está relacionado à existência de histórico de dependência na família. 20 O fator psicológico diz respeito aos sentimentos de tristeza, angústia e desinteresse pela vida que podem surgir com a perda de um familiar. Nessa situação, a pessoa pode vir a buscar na droga o refúgio para esquecer o momento difícil. Quando se fala do fator econômico este se refere às dificuldades econômicas vividas pelo sujeito que pode levá-lo ao uso de álcool e drogas e até mesmo a dependência. Essas dificuldades econômicas podem ser originárias da perda do emprego e neste caso “não tendo mais nenhuma esperança de sair dessa situação, essas pessoas têm o sentimento de que são inúteis à sociedade. Perderam o sentido de suas vidas. Procuram então, com frequência, na bebida e nas drogas, a compensação para seus males. Neste sentido, a dependência química aparece como uma forma de resistência a esta expressão de desigualdade, pois é a maneira que encontram para expressar a revolta com a ruptura desse vínculo social, que é o vínculo com o mercado de trabalho. O fator sociocultural também pode ser um condicionante, uma vez que, culturas, assim como a existente na Irlanda, encorajam e aceitam o uso do álcool. Não é preciso ir muito longe, aqui mesmo no Brasil o consumo de álcool é frequentemente associado a eventos esportivos e a festividades. A situação de dependência química dentro de uma família gera um grande desgaste, portanto, torna-se, também, uma doença de todo o grupo familiar. Alcoolizações com consequente distúrbio de conduta são capazes de gerar inúmeros sentimentos numa família, tais como ansiedade, vergonha, raiva, etc. Neste caso, as alcoolizações frequentes podem levar a família ao isolamento social, bem como às brigas e aos ressentimentos. O isolamento social da família trata-se de uma das fases vivenciadas no processo do alcoolismo. A primeira reação consiste na dificuldade de admitir que o uso de drogas e ou álcool seja realmente um problema, e depois surgem as primeiras tentativas de controlarou prevenir o uso de entorpecentes. Então, 21 a família começa a isolar-se socialmente recusando os convites para festas, passeios e outros. Para o profissional o afastamento da família do dependente químico durante o processo de tratamento pode ser prejudicial para a recuperação e não se discorda disso. Então, o que o profissional precisa fazer em sua intervenção é trazer a família para a luta diária da recuperação, mostrando que todo o grupo familiar necessita de tratamento, porque não adianta tratar somente o dependente químico, sem envolver os familiares que viveram num contexto de desgaste, de isolamento social e de violência. Por isso, em sua intervenção com o grupo familiar é importante promover reflexões sobre a dinâmica dos vínculos familiares, sobre a violência que se reproduz dentro da família e sobre a violência social. Além disso, o profissional precisa buscar constantemente o aprimoramento intelectual, com vistas a intervir na situação vivida pelas famílias. E, também, democratizar a informação quanto aos serviços e aos direitos que são assegurados pela assistência social, saúde e previdência social tanto às famílias, quanto aos dependentes químicos, visando com isto promover o pleno exercício da cidadania. No caso de uma família que possui um idoso dependente, em alguns casos os familiares podem abrir mão do trabalho para se dedicar ao cuidado do idoso. Ao comentar sobre a questão da tomada de decisões referente à saúde do idoso no contexto familiar acentua que, quando o idoso possui debilidades, impossibilidades para procura de recursos de saúde, a família assume esse papel e normalmente a pessoa-chave da família que se torna a responsável, principalmente na tomada de decisões, é a filha ou a nora do idoso. Mas, o suporte familiar não se restringe somente ao cuidado e atenção aos idosos, pois, esse suporte pode ser oferecido através da forma econômica, ou seja, do apoio financeiro de um ou vários filhos ou ainda, através da moradia periódica 22 ou permanente no domicílio do filho. Esse apoio pode ocorrer também, por meio do afeto em tantos momentos de dificuldade. Esse suporte em alguns casos não é fácil, visto que demanda uma estrutura da família que muitas vezes não se tem, tendo em vista que na atualidade a forma de organização das famílias baseia-se na busca constante pela sobrevivência através do trabalho diário. O que acaba reduzindo os encontros familiares. Qualidade de vida afetada Um idoso dependente de álcool e outras drogas tem sua qualidade de vida afetada, pois o dependente químico sofre a repercussão da dependência em suas relações sociais (de trabalho, de amizade, de vizinhança, de família entre outras). Mas além das relações, a sua saúde também é afetada, assim como a alimentação, pois muitas vezes esta é substituída pelas drogas. Muitas dessas situações, que afetam a qualidade de vida dos idosos, podem ser consideradas também como dificuldades vividas no cotidiano do dependente químico, e mais especificamente dos idosos dependentes do álcool e outras drogas. É na vida cotidiana que se desenvolve a história de cada um, com seus aspectos positivos e negativos. Esta história não é construída somente de fatos da vida individual de cada homem, mas, também, de fatos de relações estabelecidas com outros homens. Estabelecendo uma relação com o cotidiano de pessoas dependentes de álcool e drogas, é na vida cotidiana que os idosos irão viver as suas experiências, suas vivências, suas atitudes, suas rotinas, seus hábitos enquanto dependentes e também irão participar na vida cotidiana com todos os aspectos de sua individualidade, de sua personalidade. Programas No que se refere aos programas existentes para o atendimento aos dependentes do álcool e de outras drogas, o Ministério da Saúde instituiu através do Sistema Único de Saúde, o Programa Nacional de Atenção Comunitária Integral a Usuários de Álcool e outras Drogas que está em consonância com a Lei 10.216 de 09 de abril de 2001, que constitui o marco legal da Reforma Psiquiátrica. 23 A Reforma Psiquiátrica, por sua vez, fundamenta-se nos princípios do SUS, buscando a implantação da rede de serviços de atendimento psicossocial com o objetivo de desinstitucionalização psiquiátrica. É, por isso, que de acordo com as diretrizes do Programa Nacional de Atenção Comunitária Integral a Usuários de Álcool e outras Drogas, a assistência a usuários de álcool deve privilegiar os cuidados em dispositivos extra-hospitalares, sendo realizado por Centros de Atenção Psicossocial – CAPs, que existem em todo território nacional. De acordo com o Ministério da Saúde, o objetivo de um Centro de Atenção Psicossocial – CAPs é prestar atendimento à população através de atividades terapêuticas e preventivas, de modo a: 1) Oferecer cuidados aos familiares dos usuários dos serviços; 2) Fornecer atendimento aos usuários dos serviços dentro da lógica de redução de danos; e 3) Promover através de diversas ações a reinserção social dos usuários dos serviços. Essas ações voltam-se para o trabalho, cultura, lazer, esclarecimento e educação à população, e para promovê-las, contam-se com setores da educação, esporte, cultura e lazer. A rede de suporte social tem um importante papel no processo de redução de danos. Pois, acredita que a rede de profissionais, de familiares, de organizações governamentais e não-governamentais em constante interação tem a possibilidade de prevenir, tratar e criar alternativas de controle ao uso da substância psicoativa, sem interromper o seu uso. Isto porque, a proposta da abordagem que tem como objetivo a redução de danos, é traçar estratégias que não se voltem para a abstinência, mas para a defesa da vida e minimização do dano. 24 INCONTINÊNCIA URINARIA NO IDOSO A Sociedade Internacional de Incontinência define incontinência urinária como a condição na qual a perda involuntária de urina é um problema social ou higiênico e é objetivamente constatada. Muitas vezes, a incontinência urinária é considerada, equivocadamente, pela família e pelos amigos, como parte natural do envelhecimento. Com o aumento da expectativa de vida do brasileiro, que, hoje, já vive em média 71,7 anos, não devemos mais pensar desta maneira. Cada vez mais, os médicos e os demais serviços de saúde devem estar aptos a tratar as doenças dos idosos, melhorando sua qualidade de vida. Devemos assegurar que o idoso, além de viver muito, viva bem, com saúde e autonomia. A incontinência urinária é um problema que provoca alterações capazes de comprometer o convívio social do idoso, pois traz junto de si a vergonha, a depressão e o isolamento. A incontinência urinária é um estado anormal de saúde, e que com o devido acompanhamento médico, na maioria das vezes, os casos podem ser resolvidos ou minorados. Especialmente no idoso, as alterações da motivação, de destreza manual, de mobilidade, de lucidez e a existência de doenças associadas - diabetes mellitus, alterações neurológicas, dentre muitas outras - estão entre os fatores que podem ser responsáveis pela incontinência urinária, sem que haja comprometimento significativo do trato urinário inferior. O trato urinário inferior apresenta, sim, alterações relacionadas ao envelhecimento, que ocorrem mesmo na ausência de doenças. Com a passagem do tempo, a força de contração da musculatura detrusora, a capacidade vesical e a habilidade de adiar a micção aparentemente diminuem, no homem e na mulher. Contrações involuntárias da musculatura vesical e o volume residual pós-miccional também aumentam com a idade, em ambos os sexos. Entretanto, a pressão máxima de fechamento uretral, o comprimento uretral e as células da musculaturaestriada do esfíncter alteram-se predominantemente nas mulheres, que sofrem mais com a incontinência urinária. Estimativas da Sociedade Brasileira de Urologia apontam que cerca de 40% das mulheres desenvolvem a doença, após a menopausa. 25 Além das alterações decorrentes da senilidade dos tecidos, doenças próprias do idoso também contribuem para o desenvolvimento de incontinência urinária. A hiperplasia prostática benigna, por exemplo, está presente em aproximadamente 50% dos homens aos 50 anos de idade, em metade dos quais causa obstrução ao fluxo urinário e acarreta alterações significativas do trato urinário inferior. Tratando o problema O tratamento da incontinência urinária depende da análise minuciosa do histórico de cada paciente e varia de acordo com a forma como a doença se manifesta, afirma o médico. Em alguns casos, o tratamento exige a instituição de medidas que visam uma mudança de comportamento por parte do idoso. Muitos indivíduos podem recuperar o controle vesical, modificando alguns comportamentos, como por exemplo: • Urinar em intervalos regulares, a cada 2 ou 3 horas, para manter a bexiga relativamente vazia; • Evitar bebidas irritantes para a bexiga, como por exemplo, as que contêm cafeína; • Urinar com o auxilio de compressão manual do abdome inferior e inspiração forçada. Os episódios de incontinência de urgência freqüentemente podem ser evitados através da micção em intervalos regulares, antes do surgimento da urgência miccional. As técnicas de treinamento vesical, que englobam os exercícios da musculatura pélvica, são muito úteis. Fisioterapeutas podem auxiliar no ensino desses exercícios, que implicam na contração repetida da musculatura, várias vezes ao dia, para desenvolver a resistência e o aprendizado da utilização adequada da musculatura, nas situações que provocam incontinência urinária. A aplicação de uma leve pressão através da compressão da região abdominal inferior com as mãos, logo acima da bexiga, também pode ser útil, especialmente para os indivíduos que conseguem esvaziar a bexiga, mas apresentam dificuldade para esvaziá-la completamente. 26 O tratamento medicamentoso deve ser controlado e ajustado segundo as necessidades individuais de cada paciente. Quando a causa é a contração fraca da musculatura da bexiga, os medicamentos que aumentam a contração vesical podem ser úteis. O idoso que apresenta incontinência e depressão pode ser beneficiado com o uso de medicamentos antidepressivos. Em casos mais delicados, onde a paciente idosa não responde bem aos tratamentos não-cirúrgicos, há a possibilidade da correção cirúrgica para fazer o levantamento da bexiga e do fortalecimento do fluxo urinário de saída. Para a incontinência por transbordamento nos homens, causada pelo aumento da próstata ou por outra obstrução, a cirurgia normalmente é necessária. Estão disponíveis vários procedimentos de remoção parcial ou total da próstata. E por fim, nos casos em que é impossível controlar a incontinência urinária com tratamentos específicos, absorventes e roupas íntimas especialmente projetadas para incontinência urinária podem proteger a pele, permitindo que os indivíduos permaneçam secos, confortáveis e socialmente ativos. DOENÇA DE ALZHEIMER A doença de Alzheimer é a perda progressiva da função mental, caracterizada pela degeneração do tecido do cérebro, incluindo a perda de células nervosas, a acumulação de uma proteína anormal chamada beta- amiloide e o desenvolvimento de tranças neurofibrilares. O esquecimento de acontecimentos recentes é um sinal precoce, seguido pelo aumento da confusão, prejuízo de outras funções mentais e problemas ao utilizar a linguagem e a compreensão e realização de tarefas diárias. Os sintomas progridem de tal forma que as pessoas não podem realizar suas tarefas sozinhas, tornando-as totalmente dependentes dos outros. 27 Os médicos baseiam o diagnóstico nos sintomas e resultados de um exame físico, mental e de estado e utilizam exames de sangue, de urina e por imagem para identificar a causa. O tratamento envolve estratégias para prolongar o funcionamento pelo maior tempo possível e pode incluir medicamentos que podem retardar a progressão da doença. Não é possível prever por quanto tempo as pessoas viverão, mas a morte ocorre, em média, cerca de 7 anos após a constatação do diagnóstico. A doença de Alzheimer é um tipo de demência, que é uma diminuição, lenta e progressiva da função mental, que afeta a memória, o pensamento, o juízo e a capacidade para aprender. Em 60 a 80% dos idosos, a causa da demência é a doença de Alzheimer. É rara sua existência em pessoas com menos de 65 anos de idade. Torna-se mais comum com o aumento da idade. Cerca de 11% das pessoas com 65 anos ou mais e cerca de 32% das pessoas com mais de 85 anos têm a doença de Alzheimer. Ela afeta mais as mulheres do que os homens, em parte porque as mulheres vivem mais. Em 2015, nos Estados Unidos, cerca de 5,3 milhões de pessoas tiveram a doença Alzheimer. Há uma previsão de aumento significativo no número de pessoas com a doença de Alzheimer conforme aumenta a proporção de pessoas idosas. 28 Considerações gerais sobre a doença de Alzheimer Causas É desconhecido o que causa a doença de Alzheimer, mas uma parte disso provém de fatores genéticos: Cerca de 5 a 15% dos casos afetam pessoas com antecedentes familiares. Podem estar envolvidas várias anormalidades genéticas específicas. Algumas dessas anormalidades podem ser herdadas apenas quando um dos pais tem o gene anormal. Ou seja, o gene anormal é dominante. Um pai ou mãe afetado tem 50% de chance de transmitir o gene anormal para cada filho. Cerca de metade desses filhos desenvolvem a doença de Alzheimer antes dos 65 anos. Uma anormalidade genética afeta a apolipoproteína E (apo E) – a parte da proteína de algumas lipoproteínas que transportam o colesterol através da corrente sanguínea. Existem três tipos de apo E: Epsilon-4: As pessoas com o tipo epsilon-4 desenvolvem a doença de Alzheimer mais comumente e mais cedo do que as outras. Epsilon-2: Em contraste, as pessoas com o tipo epsilon-2 parecem estar protegidas contra a doença de Alzheimer. Epsilon-3: As pessoas com o tipo epsilon-3 não estão protegidas nem são mais propensas a desenvolver a doença. (A associação tem sido estudada primariamente em pessoas de pele branca e pode não se aplicar a outras raças.) No entanto, os testes genéticos para apo tipo E não podem determinar se uma pessoa específica desenvolverá a doença de Alzheimer. Portanto, esse teste não é recomendado rotineiramente. Alterações no cérebro Na doença de Alzheimer, as partes do cérebro degeneradas destroem as células nervosas e reduzem a capacidade de resposta das restantes a muitos dos mensageiros químicos que 29 transmitem os sinais entre as células nervosas no cérebro (neurotransmissores). O nível de acetilcolina, um neurotransmissor que ajuda a memória, o aprendizado e a concentração, é baixo. A doença de Alzheimer causa as seguintes anomalias no desenvolvimento do tecido cerebral: • Depósitos de beta-amiloide: Acumulação de beta-amiloide (uma proteína anormal e insolúvel) que se acumula, pois as células não podem processar e removê-la; • Placas senis ou neuríticas: Aglomerados de células nervosas mortas em torno de um núcleo de beta-amiloide; • Tranças neurofibrilares: Fios trançados de proteínas insolúveis na célula nervosa; • Aumento dos níveis de tau: Uma proteína anormal componente das tranças neurofibrilares e do beta-amiloide; Tais anomalias se desenvolvem em algum grau em todas as pessoas à medida que envelhecem, mas são muito maisnumerosas em pessoas com a doença de Alzheimer. Os médicos não têm certeza se as anormalidades no tecido cerebral causam a doença de Alzheimer ou resultam de algum outro problema que faz com que ocorra tanto a demência quanto as anormalidades no tecido cerebral. Os pesquisadores também descobriram que as proteínas anormais na doença de Alzheimer (beta-amiloide e tau) se assemelham às proteínas anormais nas doenças causadas por príons. Ou seja, são mal dobradas e fazem com que outras proteínas fiquem mal dobradas, levando à progressão da doença. Sintomas A doença de Alzheimer provoca diversos dos mesmos sintomas como em outras demências, como o seguinte: ➢ Perda de memória ➢ Problemas em usar a linguagem ➢ Mudanças na personalidade ➢ Desorientação ➢ Problemas ao fazer tarefas diárias habituais ➢ Comportamento perturbador ou inapropriado 30 No entanto, a doença de Alzheimer também difere de outras demências. Por exemplo, a memória recente é normalmente afetada muito mais do que outras funções mentais. Embora exista uma variação de quando os sintomas ocorrem, categorizá-los como sintomas precoces, intermediários ou tardios ajuda as pessoas afetadas, os familiares e outros cuidadores a terem uma ideia do que esperar. As mudanças de personalidade e o comportamento disruptivo (transtornos de comportamento) podem se desenvolver no início ou posteriormente na doença de Alzheimer. Início da doença de Alzheimer Os sintomas se desenvolvem gradualmente, de modo que por algum tempo muitas pessoas continuam desfrutando muito do que costumavam desfrutar antes de desenvolver a doença de Alzheimer. Os sintomas geralmente começam de forma sutil. As pessoas cuja doença se desenvolve enquanto ainda estão empregadas podem não desenvolver seus trabalhos tão bem como antes. Em pessoas aposentadas e não muito ativas, as alterações podem não ser tão perceptíveis. O primeiro e mais perceptível sintoma pode ser: ➢ Esquecimento de eventos recentes porque a formação de novas memórias é difícil ➢ Algumas vezes na personalidade (as pessoas podem ficar emocionalmente insensíveis, deprimidas, com muito medo ou ansiedade). No início da doença as pessoas têm uma capacidade reduzida de usar o bom senso e pensar de forma abstrata. Os padrões da fala podem mudar um pouco. As pessoas podem utilizar palavras mais simples, uma palavra geral ou muitas palavras, em vez de uma palavra específica ou utilizar palavras de forma incorreta. Podem não ser capazes de encontrar a palavra certa. As pessoas com a doença de Alzheimer têm dificuldade de interpretar sinais visuais e de áudio. Assim, podem ficar desorientadas e confusas. Essa desorientação pode fazer com que seja difícil a condução de um carro. Podem se perder no seu caminho para a loja. As pessoas podem ser capazes de interagir socialmente, mas podem se comportar de forma estranha. Por 31 exemplo, podem esquecer o nome de um visitante recente e suas emoções podem se alterar de forma imprevisível e rápida. Frequentemente muitas pessoas com a doença de Alzheimer têm insônia. Podem ter problemas para adormecer ou manter o sono. Algumas pessoas ficam confusas sobre o dia e a noite. Em algum momento, em muitas pessoas com doença de Alzheimer, ocorre o desenvolvimento de psicose (alucinações, delírios ou paranoia). Posteriormente na doença de Alzheimer Conforme a doença de Alzheimer progride, as pessoas têm dificuldade de lembrar de acontecimentos passados. Começam a esquecer os nomes de amigos e parentes. Podem precisar de ajuda com a alimentação, para se vestir, tomar banho e ir ao banheiro. Todos os sentidos de tempo e lugar são perdidos: As pessoas com a doença de Alzheimer podem até se perder em seu caminho para o banheiro em casa. Sua confusão crescente as coloca em risco de um ato errante e queda. É comum o comportamento perturbador ou inapropriado, como ato errante, agitação, irritabilidade, hostilidade e agressão física. Por fim, as pessoas com a doença de Alzheimer não podem andar ou cuidar de suas necessidades pessoais. Podem ficar incontinentes e incapazes de engolir, comer ou falar. Essas mudanças as colocam em risco de desnutrição, pneumonia e lesão por pressão (úlceras de decúbito). A memória é completamente perdida. Em última análise, resulta em coma e morte, muitas vezes devido a infecções. Distúrbios comportamentais na doença de Alzheimer Devido ao fato de as pessoas serem menos capazes de controlar o seu comportamento, por vezes agem de forma inadequada ou disruptiva (por exemplo, gritando, se jogando, se debatendo ou errantes). Essas ações são chamadas de transtornos comportamentais. Diversos efeitos na Doença de Alzheimer contribuem para este comportamento: Devido ao fato de esqueceram as regras comportamentais adequadas, podem agir de forma socialmente inadequada. Quando estiver calor, podem se 32 despir em público. Quando têm impulsos sexuais, podem se masturbar em público, usar linguagem vulgar ou obscena ou fazer exigências sexuais. Conforme as pessoas com doença de Alzheimer têm dificuldade em compreender o que ouvem e o que veem, podem interpretar uma oferta de ajuda como uma ameaça, podendo ser violentas. Por exemplo, quando alguém tenta ajudá-las a se despir, podem interpretar essa ajuda como um ataque e tentar se proteger, por vezes, batendo na pessoa. Levando-se em conta que a sua memória a curto prazo é deficiente, não se lembram do que lhes foi dito, nem do que fizeram. Repetem as perguntas e as conversas, solicitam atenção constante ou pedem coisas (como comida) que já receberam. Podem ficar agitadas e chateadas quando não recebem o que pedem. Por não conseguirem expressar as suas necessidades com clareza ou de maneira alguma, podem gritar de dor ou perambular, quando se sentem sozinhas ou assustadas. Se um determinado comportamento é considerado perturbador depende de muitos fatores, incluindo quanto o prestador de cuidados é tolerante e qual o tipo de situação que a pessoa com doença de Alzheimer está passando. Quando as pessoas com doença de Alzheimer não conseguem dormir, podem vagar, gritar ou bradar. Progressão da doença de Alzheimer A progressão é imprevisível. As pessoas vivem, em média, cerca de 7 anos após o diagnóstico. A maioria das pessoas com a doença de Alzheimer que já não podem andar, não vivem mais que 6 meses. No entanto é muito variável o quanto as pessoas vivem. Diagnóstico • Avaliação de um médico • Teste do estado mental • Geralmente os exames de sangue e exames por imagem descartam 33 outras causas • O diagnóstico da doença de Alzheimer é semelhante ao de outras formas de demência. • Os médicos devem determinar se a pessoa apresenta demência e, se for o caso, se a demência é a doença de Alzheimer. Os médicos geralmente podem diagnosticar a doença de Alzheimer com base no seguinte: Sintomas, que são identificados ao perguntar à pessoa e seus familiares ou outros cuidadores. ❖ Resultados de um exame físico ❖ Resultados do teste de estado mental ❖ Resultados de testes adicionais, como exames de sangue, tomografia computadorizada (TC) ou imagem por ressonância magnética (IRM) Diagnóstico de demência Testes de status mentais, consistindo de simples questões e tarefas ( Teste do estado mental), ajudam os médicos a determinar se as pessoas apresentam demência. Algumas vezes, mais detalhes para os testes (chamados testes neuropsicológicos) são necessários. Esses exames cobrem todas as funções mentais principais, incluindo o estado de ânimo, e a sua realização dura de 1 a 3 horas. Esse teste ajuda os médicos a distinguir a demência de outras condições que podem causar sintomas semelhantes, tais como desgaste damemória associado à idade, do transtorno cognitivo leve e da depressão. Informações das fontes acima podem geralmente ajudar os médicos a descartarem delirium como a causa dos sintomas ( Comparação entre delirium e demência). Fazer isso é essencial, pois o delirium, diferente da demência, pode frequentemente ser revertido se for tratado rapidamente. A diferença entre os dois inclui o seguinte: • A demência afeta principalmente a memória e o delirium afeta principalmente a atenção. • A demência normalmente apresenta início gradual e não um início definitivo. O delirium inicia-se repentinamente e frequentemente apresenta um início definitivo. 34 Prevenção Algumas pesquisas sugerem timidamente algumas medidas que podem ajudar a prevenir a doença de Alzheimer: Controlar os níveis de colesterol Algumas evidências sugerem que possuir níveis elevados de colesterol pode estar relacionado com o desenvolvimento da doença de Alzheimer. Assim, as pessoas podem se beneficiar de uma dieta baixa em gorduras saturadas e, se necessário, medicamentos (como as estatinas) para diminuir o colesterol e outras gorduras (lipídios). Controlar a pressão sanguínea alta A pressão sanguínea alta pode danificar os vasos sanguíneos que transportam o sangue para o cérebro e, assim, reduzir o suprimento de oxigênio do cérebro, possivelmente interrompendo as conexões entre as células nervosas. Praticar exercícios O exercício ajuda a melhorar a função do coração e, por razões pouco claras, pode ajudar no melhor funcionamento do cérebro. Manter-se mentalmente ativo As pessoas são incentivadas a continuar fazendo atividades que desafiam a mente, como o aprendizado de novas habilidades, fazer palavras cruzadas e leitura do jornal. Essas atividades podem promover o crescimento de novas conexões (sinapses) entre as células nervosas e, portanto, ajudar a retardar a demência. Beber álcool em pequenas quantidades Em pequenas quantidades (não mais que 3 doses por dia), o álcool pode ajudar a diminuir o colesterol e manter o fluxo sanguíneo. O álcool pode ajudar até mesmo com o pensamento e a memória, estimulando a liberação de 35 acetilcolina e fazendo com que ocorra outras alterações nas células nervosas no cérebro. No entanto, não há evidências convincentes de que as pessoas que não bebem álcool devam começar a beber para prevenir a doença de Alzheimer. Uma vez desenvolvida a demência, geralmente é melhor abster-se do álcool, pois pode fazer com que os sintomas da demência piorem. Tratamento O tratamento da doença de Alzheimer envolve medidas gerais para fornecer segurança e apoio, para todas as demências ( Demência : Tratamento de demência). Além disso, determinados medicamentos podem ajudar por um tempo. A pessoa com doença de Alzheimer, os familiares, outros cuidadores e os profissionais da área da saúde envolvidos devem discutir e decidir sobre a melhor estratégia a ser seguida. São tratadas a dor e outras doenças ou problemas de saúde (por exemplo uma infecção do trato urinário ou uma constipação). Esse tratamento pode ajudar a manter a função em pessoas com demência. Medidas de segurança e apoio Criar um ambiente seguro e de apoio pode ser muito útil. Geralmente, o ambiente deve ser iluminado, alegre, seguro, e estável e projetado de tal forma que ajude com a orientação. Alguns estímulos, como rádio ou televisão, são úteis, mas estímulos excessivos devem ser evitados. A estrutura e a rotina ajudam as pessoas com doença de Alzheimer a ficarem orientadas e obter uma sensação de segurança e estabilidade. Qualquer alteração no ambiente, rotinas ou cuidadores deve ser explicada para as pessoas de forma clara e simples. Seguir uma rotina diária de tarefas como tomar banho, comer e dormir ajuda as pessoas com doença de Alzheimer a lembrarem das coisas. Seguir uma rotina regular na hora de dormir pode ajudá-las a dormir melhor. Atividades programadas regularmente podem ajudar as pessoas a se sentirem independentes e necessárias, concentrando sua atenção em tarefas prazerosas ou úteis. Tais atividades devem incluir atividades físicas e mentais. As atividades devem ser divididas em pequenas partes ou simplificadas conforme ocorre a piora da demência. 36 Criação de um Ambiente Benéfico para as Pessoas com Demência As pessoas com demência podem se beneficiar de um ambiente que seja: Seguro: Normalmente são necessárias medidas adicionais de segurança. Podem ser colocados, por exemplo, grandes sinalizações como lembretes de segurança (como “lembre-se de desligar o fogão”) ou podem ser instalados temporizadores nos fornos ou nos equipamentos elétricos. Esconder as chaves do carro pode ajudar a prevenir acidentes e colocar detectores nas portas pode ajudar a prevenir o ato errante. Se o ato errante for um problema, é útil colocar uma pulseira ou um colar de identificação. Familiar: As pessoas com demência geralmente se desenvolvem melhor num ambiente familiar. A mudança para uma nova casa ou cidade, a reorganização dos móveis ou até mesmo uma repintura podem ser perturbadores. Estável: Estabelecer uma rotina regular para tomar banho, comer, dormir e outras atividades pode proporcionar uma sensação de estabilidade às pessoas com demência. O contato regular com as mesmas pessoas também pode ajudar. Planejado para ajudar com orientação: Um calendário e um relógio com números grandes, um rádio, salas bem iluminadas e uma luz noturna podem ajudar na orientação. Além disso, os membros da família ou os cuidadores devem fazer comentários frequentes que lembrem as pessoas com demência de onde elas estão e o que acontece. Medicamentos Os inibidores da colinesterase donepezila, galantamina e rivastigmina aumentam o nível do neurotransmissor acetilcolina no cérebro. Esse nível pode ser baixo em pessoas com doença de Alzheimer. Esses medicamentos podem melhorar temporariamente a função mental, incluindo a memória, mas não retardam a progressão da doença. Apenas algumas das pessoas que têm a 37 doença de Alzheimer se beneficiam desses medicamentos. Para essas pessoas, os medicamentos podem regredir efetivamente a doença em 6 a 9 meses. Esses medicamentos são mais eficazes em pessoas com doença leve a moderada. Os efeitos colaterais mais comuns incluem náuseas, vômitos, perda de peso e dor abdominal ou cãibras. A memantina parece retardar a progressão da doença de Alzheimer. A memantina pode ser utilizada com um inibidor de colinesterase. Os pesquisadores continuam estudando os medicamentos que podem prevenir ou retardar a progressão da doença de Alzheimer, por exemplo, substâncias que podem reduzir a quantidade depositada de amiloide. Existe um estudo da terapia com estrogênio para as mulheres, medicamentos anti-inflamatórios não esteroides (AINEs, como o ibuprofeno ou o naproxeno), e o ginkgobiloba. Mas nenhum desses se mostrou eficaz de forma consistente. Além disso, o estrogênio parece fazer mais mal do que bem. A vitamina E é um antioxidante que, teoricamente, pode ajudar a proteger as células nervosas de danos ou ajudá-las a trabalhar melhor. Ainda não está claro se a vitamina E é útil. Antes de as pessoas tomarem qualquer suplemento alimentar, elas devem discutir os riscos e os benefícios com seu médico. Cuidado dos cuidadores Cuidar de pessoas com doença de Alzheimer é estressante e exigente, e os cuidadores podem ficar deprimidos e exaustos, muitas vezes negligenciando a própria saúde física e mental. As seguintes medidas podem ajudar os cuidadores: Aprender como atender com eficácia as necessidades das pessoas com doença de Alzheimer e o que esperar delas: Os cuidadores podem obter esta informação de enfermeiros, assistentessociais, organizações e materiais publicados e on-line. Procurar ajuda quando for necessário: Os cuidadores podem falar com os assistentes sociais (incluindo aqueles do hospital da comunidade local) sobre fontes apropriadas de ajuda, como programas de auxílio, visitas de enfermeiros em casa, assistência de manutenção da casa em tempo integral ou parcial e a assistência residente. Aconselhamento e grupos de apoio também podem ajudar. Cuidar de si mesmo: Os cuidadores precisam lembrar que devem cuidar 38 de si mesmos. Não devem desistir de manter contato com seus amigos, de realizar seus hobbies e atividades. Tratamento em longo prazo O planejamento para o futuro é essencial uma vez que a doença de Alzheimer é progressiva. Muito antes de uma pessoa com doença de Alzheimer ser transferida para um ambiente mais favorável e estruturado, os familiares devem planejar essa transferência e avaliar as opções para cuidados em longo prazo. Esse planejamento envolve geralmente os esforços de um médico, um assistente social, enfermeiros e um advogado, mas a maior parte da responsabilidade recai sobre os familiares. As decisões sobre a transferência de uma pessoa com doença de Alzheimer para um ambiente mais favorável envolvem equilibrar pelo maior tempo possível o desejo de manter a pessoa segura, com o desejo de manter a sensação de independência dessa pessoa. Alguns estabelecimentos de cuidados de longo prazo especializam-se em cuidar de pessoas com doença de Alzheimer. Os funcionários são treinados para entender conforme as pessoas com doença de Alzheimer pensam e agem e como responder a elas. Essas instalações têm rotinas que fazem com que os moradores se sintam seguros e realizam atividades apropriadas que proporciona a eles uma sensação de produtividade e envolvimento com a vida. A maioria das instalações têm características adequadas de segurança. Encontrar uma instalação que apresente características adequadas de segurança é importante. DOENÇA DE PARKINSON A doença de Parkinson é uma doença degenerativa e lentamente progressiva de áreas específicas do sistema nervoso central (cérebro e medula espinhal). É caracterizada pelo tremor quando os músculos estão em repouso (tremor de repouso), aumento no 39 tônus muscular (rigidez), lentidão dos movimentos voluntários e dificuldade de manter o equilíbrio (instabilidade postural). Em muitas pessoas, o pensamento torna-se comprometido ou desenvolve-se demência. A doença de Parkinson surge da degeneração na parte do cérebro que auxilia a coordenação de movimentos. Frequentemente, o sintoma mais óbvio é o tremor, que ocorre quando os músculos estão relaxados. Os músculos ficam rígidos, os movimentos se tornam lentos e descoordenados e perde-se facilmente o equilíbrio. Os médicos baseiam o diagnóstico nos sintomas. Medidas gerais (como simplificar tarefas diárias), medicamentos (como levodopa mais carbidopa) e, às vezes, cirurgia podem ajudar, mas a doença é progressiva, por fim causando incapacidade grave e imobilização. A doença de Parkinson é a segunda doença degenerativa mais comum do sistema nervoso central após a doença de Alzheimer. Ela afeta: ➢ Cerca de 1 em 250 pessoas com 40 anos de idade ou mais ➢ Cerca de 1 em 100 pessoas com 65 anos de idade ou mais ➢ Cerca de 1 em 10 pessoas com 80 anos de idade ou mais Normalmente começa entre os 50 e 79 anos. Raramente, a doença de Parkinson ocorre em crianças ou adolescentes. Parkinsonismo causa os mesmos sintomas que a doença de Parkinson mas é causado por vários outros quadros clínicos, como atrofia multissistêmica, paralisia supranuclear progressiva, acidente vascular cerebral, lesão na cabeça ou certos medicamentos. Mudanças internas no cérebro Na doença de Parkinson, células nervosas em parte dos gânglios basais (chamada substância negra) degeneram-se. Os gânglios basais são conjuntos de células nervosas localizados profundamente no cérebro. Podem ajudar a suavizar os movimentos musculares e coordenam as mudanças de postura. Quando o cérebro origina um impulso para mover o músculo (por exemplo, para levantar um braço), o impulso passa pelos gânglios basais. Tal como em todas as células nervosas, as dos gânglios basais libertam mensageiros químicos (neurotransmissores) que estimulam a célula nervosa seguinte da via nervosa para enviar um impulso. A dopamina é o principal neurotransmissor nos gânglios basais. O seu efeito geral é 40 intensificar os impulsos nervosos para os músculos. Quando as células nervosas nos gânglios basais degeneram-se, elas produzem menos dopamina e o número de conexões entre as células nervosas nos gânglios basais diminui. Como resultado, os gânglios basais não podem suavizar os movimentos como fazem normalmente, o que provoca o tremor, a perda de coordenação, movimento lento (bradicinesia), a tendência a se mover menos (hipocinesia) e problemas com postura e ao caminhar. Localizando os gânglios basais Os gânglios basais são conjuntos de células nervosas localizados profundamente no cérebro. Elas incluem o seguinte: ➢ Núcleo caudado (uma estrutura em forma de C que se afunila em uma cauda fina) Putâmen ➢ Globo pálido (localizado dentro do putâmen) ➢ Núcleo subtalâmico ➢ Substância negra ➢ Os gânglios basais ajudam a suavizar os movimentos musculares e coordenam as mudanças de postura. Causas A causa da doença de Parkinson é incerta. De acordo com uma teoria, a doença de Parkinson pode originar de acúmulos anormais de sinucleína (uma proteína no cérebro que auxilia a comunicação das células nervosas). Esses depósitos, chamados de corpos de Lewy, podem se acumular em várias regiões do cérebro, principalmente na substância negra (na profundidade do telencéfalo) e interferir na função cerebral. Os corpos de Lewy geralmente se acumulam em outras partes do cérebro e do sistema nervoso, sugerindo que podem estar envolvidos em outras doenças. Na demência por corpo de Lewy, eles se formam na camada externa do cérebro (córtex cerebral). Os corpos de Lewy também podem estar envolvidos na doença de Alzheimer, possivelmente explicando porque cerca de um terço das pessoas com doença de Parkinson apresentam sintomas da doença de Alzheimer e porque algumas pessoas com doença de Alzheimer https://www.msdmanuals.com/pt-br/casa/dist%C3%BArbios-cerebrais,-da-medula-espinal-e-dos-nervos/doen%C3%A7as-do-movimento/doen%C3%A7a-de-parkinson-dp 41 desenvolvem sintomas parkinsonianos. Aproximadamente 15 a 20% das pessoas com doença de Parkinson tem parentes que apresentam ou apresentaram a doença. Sendo assim, a genética pode ter um papel importante. Sintomas Geralmente, a doença de Parkinson começa de modo assintomático e avança de forma gradual. O primeiro sintoma é: • Tremores em cerca de dois terços das pessoas; • Problemas com movimentos ou uma sensação reduzida de odores na maioria das outras; Tremores normalmente apresentam as seguintes características: • São largos e cadenciados; • Geralmente ocorre em uma mão, enquanto está em repouso (tremor de repouso); • Frequentemente envolvem o movimento das mãos como se estivesse enrolando pequenos objetos (chamado “pill-rolling”); • Diminui quando a mão está se movendo intencionalmente e desaparece por completo durante o sono; • Pode ser piorado por estresse emocional ou fadiga; • Pode se intensificar e, com o tempo, avançar para a outra mão, braços e pernas; • Pode também afetar as mandíbulas, a língua, a testa e as pálpebras, mas não a voz; • Em algumas pessoas, o tremor nunca se desenvolve. Normalmente, a doença de Parkinson causa também os seguintes sintomas: Rigidez: Os músculos ficam rígidos, tornando o movimento difícil. Quando o médico tentaflexionar o antebraço da pessoa ou esticá-lo, o braço resiste ao ser movido e, quando isso ocorre, começa e para de se mover, como se fosse uma roda dentada (chamada rigidez da roda dentada). 42 Lentificação dos movimentos: Os movimentos se tornam lentos e difíceis de serem iniciados e as pessoas tendem a se mover menos. Quando elas se movem menos, mover-se torna-se mais difícil porque as articulações tornam-se rígidas e os músculos enfraquecidos. Dificuldade em manter o equilíbrio e a postura: A postura torna-se curvada, e é difícil manter o equilíbrio. Portanto, as pessoas tendem a tombar para a frente ou para trás. Visto que os movimentos são lentos, os indivíduos não poderão mexer as mãos com rapidez suficiente para amortecer uma queda. Fica difícil caminhar, principalmente, para dar o primeiro passo. Depois de iniciado, as pessoas geralmente arrastam os pés, dão passos curtos, mantêm os braços dobrados na cintura e balançam pouco ou não balançam os braços. Ao andar, têm dificuldade de parar ou virar. Quando a doença está avançada, algumas pessoas param de andar de repente, porque sentem como se os pés estivessem colados no chão (chamado congelamento). Outras pessoas aceleram os passos de modo involuntário e gradual, e iniciam repentinamente uma corrida aos tropeções para evitar a queda. Este sintoma é chamado festinação. A rigidez e a diminuição da mobilidade podem contribuir para dores musculares e fadiga. Ter músculos rígidos interfere com muitos movimentos: virar-se na cama, entrar ou sair de um carro e levantar-se de uma poltrona. As atividades diárias normais (como vestir-se, arrumar o cabelo, alimentar-se e escovar os dentes) levam mais tempo. Como as pessoas frequentemente apresentam dificuldades em controlar os músculos pequenos das mãos, as atividades diárias, como abotoar os botões da camisa ou apertar os laços dos sapatos, tornam-se cada vez mais difíceis. A maioria das pessoas com a doença de Parkinson tem uma escrita tremida e diminuta 43 (micrografia), por ser difícil começar e manter o traço da caneta. As pessoas podem pensar erroneamente que esses sintomas são fraquezas. No entanto, força e sensibilidade geralmente são normais. A face fica menos expressiva (semelhante à máscara), porque os músculos faciais que controlam as expressões não se mexem tanto quanto normalmente o fariam. Essa falta de expressão pode ser confundida com uma depressão ou, pode fazer com que a depressão passe despercebida. (Depressão é comum entre pessoas com doença de Parkinson.) Por fim, o semblante pode apresentar um olhar perdido com a boca aberta e os olhos podem não piscar com frequência. Por vezes, os indivíduos babam ou se engasgam, porque os músculos na face e na garganta estão rígidos, tornando difícil a deglutição. Os pacientes costumam falar lentamente, com uma voz monótona, e por vezes gaguejam, devido à dificuldade que têm em articular as palavras. A doença de Parkinson também causa outros sintomas: Problemas de sono, incluindo insônia, são comuns, frequentemente porque a pessoa precisa urinar com frequência ou porque os sintomas pioram durante a noite, dificultando a pessoa virar na cama. É comum o desenvolvimento da disfunção do sono associado ao movimento rápido dos olhos (REM). Nesta doença, os membros, que normalmente não se movem no sono REM, podem se mover de modo violento e súbito porque as pessoas estão agindo conforme em seus sonhos, às vezes, até machucando o(a) companheiro(a). A falta de sono pode contribuir para a depressão e sonolência durante o dia. Problemas para urinar podem ocorrer. Pode ser difícil começar a urinar e continuar (chamada hesitação urinária). As pessoas podem apresentar uma necessidade compulsória para urinar (urgência). Incontinência é comum. A constipação pode se desenvolver, pois o intestino pode mover seu conteúdo mais lentamente. A inatividade e a levodopa, o principal medicamento usado no tratamento da doença de Parkinson, podem piorar a constipação. Pode ocorrer uma redução súbita e excessiva na pressão sanguínea quando uma pessoa fica de pé (hipotensão ortostática). As escamas (dermatite seborreica) se desenvolvem geralmente no couro cabeludo e no rosto e, às vezes, em outras áreas. Perda de olfato (anosmia) é comum, mas as pessoas podem não 44 perceber. Em aproximadamente um terço das pessoas com a doença de Parkinson, ocorre a demência. Em muitas outras, o pensamento é comprometido, mas as pessoas podem não reconhecer isso. Depressão pode se desenvolver, algumas vezes anos antes de as pessoas apresentarem problemas com movimentos. A depressão tende a piorar conforme a doença de Parkinson se torna mais grave. A depressão também pode fazer com que os problemas de movimentos piorem. Alucinações, delírios e paranoia podem ocorrer, particularmente se a demência se desenvolve. As pessoas podem ver ou ouvir coisas que não existem (alucinações) ou firmemente manter determinadas crenças ao invés de claras evidências que as contradigam (delírios). Elas podem se tornar desconfiadas e pensar que outras pessoas apresentam a intenção de machucá-las (paranoia). Esses sintomas são considerados sintomas psicóticos, uma vez que representam a perda de contato com a realidade. Sintomas psicóticos são os motivos mais comuns para as pessoas com doença de Parkinson serem admitidas em uma instituição. Apresentar esses sintomas aumenta o risco de falecimento. Sintomas mentais, incluindo sintomas psicóticos podem ser provocados pela doença de Parkinson ou por um medicamento utilizado para tratá-la. Os medicamentos utilizados para tratar a doença de Parkinson ( Medicamentos utilizados para tratar a doença de Parkinson) podem também provocar problemas como comportamentos obsessivo-compulsivos ou dificuldade de controlar vontades, resultando, por exemplo, em apostas ou coleções compulsivas. Diagnóstico ❖ Avaliação de um médico; ❖ Às vezes, tomografia computadorizada ou imagem por ressonância magnética; ❖ Às vezes, o uso de levodopa para verificar se ajuda; A doença de Parkinson é mais provável se as pessoas apresentam o seguinte: ➢ Movimentos lentos, restritos; ➢ O tremor característico; ➢ Rigidez muscular; ➢ Melhora nítida e de longa duração (sustentada) em resposta à levodopa. 45 Pode ser difícil para o médico diagnosticar a doença leve na sua etapa inicial, porque tende a começar de modo sutil. O diagnóstico é particularmente difícil nos idosos, pois o envelhecimento pode causar alguns problemas semelhantes aos da doença de Parkinson, como a perda de equilíbrio, movimentos lentos, rigidez muscular e postura curvada. Algumas vezes, tremor essencial é mal diagnosticado como doença de Parkinson. Para excluir outras causas dos sintomas, o médico pergunta sobre doenças anteriores, exposição a toxinas e uso de medicamentos que poderiam causar parkinsonismo. Exame físico Durante o exame físico, os médicos solicitam as pessoas que realizem determinados movimentos que podem ajudar a estabelecer o diagnóstico. Por exemplo, em pessoas com doença de Parkinson, o tremor desaparece ou diminui quando os médicos solicitam a eles que toquem seu nariz com seus dedos. Além disso, as pessoas com a doença apresentam dificuldade em realizar rapidamente movimentos alternativos, como posicionar suas mãos em seus quadris e, logo, rapidamente virar as mãos para cima e para baixo diversas vezes. Exames Não existem testes ou procedimentos imagiológicos que possam confirmar o diagnóstico de forma direta. Entretanto, a tomografia computadorizada(TC) e a imagem por ressonância magnética (IRM) podem 46 ser realizadas para detectar se uma perturbação estrutural é a causa dos
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