UNIVERSIDADE FEDERAL DO PIAUÍ - UFPI CAMPUS MINISTRO REIS VELOSO - CMRV DEPARTAMENTO DE CIÊNCIAS DO MAR CURSO DE ENGENHARIA DE PESCA DISCIPLINA: PISCICULTURA PROFESSOR: HAMILTON ARARIPE HIPOFISAÇÃO DE PEIXES REOFÍLICOS ANTONIO LEONILDO DANILO PEREIRA ÉRITA ROCHA KARISSON RODRIGUES PARNAÍBA-PI 2017 2 SUMÁRIO 1. INTRODUÇÃO ................................................................................................................................... 03 2. REPRODUÇÃO NATURAL DE PEIXES REOFÍLICOS ................................................................... 04 3. CONTROLE ENDÓCRINO DA REPRODUÇÃO E SISTEMA HIPOTÁLAMO-HIPÓFISE-GÔNADAS ............ 06 4. REPRODUÇÃO ARTIFICIAL DE PEIXES REOFÍLICOS ................................................................ 11 4.1. Objetivos da Indução e Desova .............................................................................................. 13 4.2. Tipos de hormônios utilizados na indução artificial da reprodução em peixes ................ 13 I. ANTIESTRÓGENOS .................................................................................................................. 14 II. HORMÔNIOS LIBERADORES DE GONADOTROFINAS ....................................................... 14 III. ESTERÓIDES ........................................................................................................................... 14 IV. GONADOTROPINAS .............................................................................................................. 15 4.3. Extração da hipófise ................................................................................................................. 16 4.4. Escolha do Hormônio .............................................................................................................. 18 5. REALIZAÇÃO DA REPRODUÇÃO ARTIFICIAL ............................................................................ 19 5.1. Captura, seleção e transporte de reprodutores .................................................................... 19 5.2. Identificação, pesagem e marcação dos reprodutores ........................................................ 22 5.3. Indução Hormonal ..................................................................................................................... 24 I. Preparação do Hormônio ......................................................................................................... 24 II. Quantidade de hormônios para primeira dose .................................................................... 24 III. Quantidade de hormônios para segunda dose ................................................................... 27 5.4. Desova ....................................................................................................................................... 29 5.5. Incubação dos ovos ................................................................................................................. 33 6. LARVICULTURA E ALEVINAGEM DE PEIXES REOFÍLICOS ...................................................... 35 7. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS ................................................................................................ 36 3 1. INTRODUÇÃO Segundo Zaniboni Filho & Weingartner (2007) os primeiros trabalhos de indução à desova de peixes reofílicos foram desenvolvidos paralelamente na Argentina (Houssay, 1930) e no Brasil (Ihering, 1935), quando foram obtidos resultados positivos de indução à maturação final e desova de peixes migradores, a partir da aplicação de hormônios naturais presentes na hipófise de peixes maduros. Ainda segundo Zaniboni Filho & Weingartner (2007) passadas as experiências bem sucedidas da equipe de Rodolpho von Ihering, somente foram obtidos resultados expressivos no desenvolvimento de tecnologia da reprodução de peixes migradores brasileiros na década de 1970, com a equipe do Departamento Nacional de Obras Contra a Seca (DNOCS). Zaniboni Filho & Barbosa (1996) citam que até o início de 1990, foram obtidos resultados positivos de indução hormonal a maturação final e desova de vários peixes migradores brasileiros, quer através da hipofisação ou da aplicação de hormônios sintéticos. Segundo Murgas et al (2011) em peixes migradores de “piracema”, mantidos em cativeiro, os estímulos ambientais não estão presentes, sendo necessária a utilização de técnicas de indução do processo reprodutivo, a partir da aplicação de hormônios. 4 2. REPRODUÇÃO NATURAL DE PEIXES REOFÍLICOS Segundo Castagnolli & Cyrino (1986) a grande maioria das espécies fluviais brasileiras, entre outros condicionantes para a reprodução, necessita longas migrações rumo às nascentes dos rios. Piracema, como é denominada essa migração, é uma característica presente nas espécies nobres brasileiras, como o Pacu, Tambaqui, Matrinxã e etc. Murgas et al (2011) citam que as particularidades no comportamento reprodutivo das diferentes espécies estão relacionadas com a possibilidade de se aumentar a sobrevivência das larvas. Isto significa que a desova deve ocorrer em um momento no qual há maior disponibilidade de alimentos e de proteção dos jovens contra os predadores. Zaniboni filho & Weingartner (2007) diz que, entre os peixes migradores de rios tropicais, o início da estação de cheias é o principal período de desova para peixes cujas larvas se alimentam nas planícies de inundação. Huet (1978) afirma que a possibilidade de uma espécie de peixe reproduzir-se naturalmente em cativeiro, foi considerada, durante vários anos, uma característica desejável para uma espécie destinado ao cultivo. Porém, Zaniboni Filho & Weingartner (2007) descrevem que o fato de uma espécie não se reproduzir em cativeiro, durante a fase de engorda, pode ser considerado como uma vantagem, pois permite que a energia fornecida no alimento seja canalizada ao crescimento do corpo, ao invés de direcionada para o desenvolvimento gonadal e comportamento reprodutivo. Alguns peixes, como as Tilápias spp., tornam-se sexualmente maduros em poucos meses, enquanto que outros podem levar anos. A maturação sexual depende de vários fatores: ela pode ser mais demorada em climas frios, enquanto é acelerada em ambientes mais quentes (WOYNAROVICH & HORVÁTH, 1983, p.17). Os peixes que se reproduzem duas ou mais vezes ao ano maturam mais cedo que aqueles com período limitado, isto é, que desovam apenas uma vez ao ano durante uma determinada estação. Os reprodutores de espécies para as quais o período do ano é fator limitante desovam apenas durante uma determinada estação do ano; entretanto, elas podem desovar mais de uma vez durante aquela estação, como no caso da carpa comum. O desenvolvimento das gônadas das fêmeas prossegue até um certo estágio, após o que a gônada permanece dormente até o advento de condições ambientais apropriadas (WOYNAROVICH & HORVÁTH, 1983). As principais diferenças das características reprodutivas entre peixes migradores e não migradores são demonstradas no Quadro I de acordo com Lima et al (2013). 5 Quadro I: Principais diferenças das características reprodutivas entre peixes migradores e não migradores (LIMA et al, 2013). Característica reprodutiva Peixes não-migradores Peixes migradores Ambiente de reprodução Não realizam migrações reprodutivas; A reprodução ocorre no ambiente onde vivem. Realizam migração reprodutiva, com deslocamento do local de alimentação para