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Homem e Sociedade – material desenvolvido pela UNIP – disponível, também, para o 
aluno no site da universidade. 
1 
 
O Homem - principais visões sobre a origem humana: 
1.1 o evolucionismo e o criacionismo. 
 
Neste item o aluno deve ter uma visão geral sobre o evolucionismo como 
explicação cientifica para as origens humanas, confrontando com as visões tradicionais do 
senso-comum e religiosas, que foram reforçadas com o surgimento do “criacionismo”. 
O debate principal entre evolucionismo e criacionismo gira em torno da 
aceitação ou não de dogmas como fatores explicativos do humano. 
 
Bibliografia: 
 
GUERRIERO, Silas (Org.). As origens do antropos, in Antropos e Psique - O outro e sua 
subjetividade. São Paulo: Ed. Olho D’água, 2000. 
LARAIA, Roque de Barros. Idéia sobre a origem da cultura, in CULTURA - Um 
Conceito Antropológico, Rio de Janeiro: JORGE ZAHAR, 2002. 
 
Para uma pesquisa complementar sobre o tema, recomendamos a leitura dos endereços 
eletrônicos a seguir. 
WEBGRAFIA: 
http://www.assis.unesp.br/~egalhard/evolucao.htm 
http://www.assis.unesp.br/~egalhard/humanev3.htm 
http://infonet.com.br/biologia/biologia.htm 
http://sti.br.inter.net/rafaas/biologia-ar/introducao.htm 
http://brazil.skepdic.com/criacionismo.html 
http://www.comciencia.br/200407/reportagens/16.shtml 
http://www.jornalinfinito.com.br/materias.asp?cod=130 
http://www.jornalinfinito.com.br/series.asp?cod=112 
http://www.geocities.com/gilson_medufpr/aims.html 
http://www.fortunecity.com/campus/biology/752/evol6.htm 
 
A EVOLUÇÃO HUMANA: 
http://www.assis.unesp.br/~egalhard/evolucao.htm 
http://www.assis.unesp.br/~egalhard/humanev2b.htm 
http://www.assis.unesp.br/~egalhard/humanev3.htm 
http://infonet.com.br/biologia/biologia.htm 
http://sti.br.inter.net/rafaas/biologia-ar/introducao.htm 
www.becominghuman.org 
(site em inglês, com filme) 
http://www.aultimaarcadenoe.com/biologia2d.htm 
 
CULTURA: 
Cultura – verbete da enciclopédia eletrônica Wikipédia 
http://pt.wikipedia.org/wiki/Cultura 
CONCEPÇÕES DE CULTURA – Ricardo HONÓRIO 
http://antropologia.com.br/divu/colab/d12-rhonorio.pdf 
 
O DEBATE “BIOLOGIA VERSUS CULTURA” NA DEFINIÇÃO DE SER HUMANO 
“Biologicamente cultural” – BUSSAB, Vera S. Raad; Fernando Leite RIBEIRO. 
http://pet.vet.br/puc/vera%20bussab.pdf 
http://www.assis.unesp.br/~egalhard/evolucao.htm
http://www.assis.unesp.br/~egalhard/humanev3.htm
http://infonet.com.br/biologia/biologia.htm
http://sti.br.inter.net/rafaas/biologia-ar/introducao.htm
http://brazil.skepdic.com/criacionismo.html
http://www.comciencia.br/200407/reportagens/16.shtml
http://www.jornalinfinito.com.br/materias.asp?cod=130
http://www.jornalinfinito.com.br/series.asp?cod=112
http://www.geocities.com/gilson_medufpr/aims.html
http://www.fortunecity.com/campus/biology/752/evol6.htm
http://www.assis.unesp.br/~egalhard/evolucao.htm
http://www.assis.unesp.br/~egalhard/humanev2b.htm
http://www.assis.unesp.br/~egalhard/humanev3.htm
http://infonet.com.br/biologia/biologia.htm
http://sti.br.inter.net/rafaas/biologia-ar/introducao.htm
http://dponline.unip.br/manut/www.becominghuman.org
http://www.aultimaarcadenoe.com/biologia2d.htm
http://pt.wikipedia.org/wiki/Cultura
http://antropologia.com.br/divu/colab/d12-rhonorio.pdf
http://pet.vet.br/puc/vera%20bussab.pdf
 
 
Homem e Sociedade – material desenvolvido pela UNIP – disponível, também, para o 
aluno no site da universidade. 
2 
“Transição para a humanidade” – Clifford GEERTZ 
http://www.arq.ufsc.br/urbanismoV/artigos/artigos_gc.pdf 
 
CONTEÚDO DO 1º BIMESTRE (PROVA B-1) 
O HOMEM 
 
1.1- Principais visões sobre a origem humana: o evolucionismo e o debate das 
determinações biológicas versus processo cultural. 
 
Textos básicos: “As origens do antropos”, in GUERRIERO, Silas (Org.). ANTROPOS E 
PSIQUE. O outro e sua subjetividade. São Paulo: Ed. Olho D’água, 5ª. 
Ed., 2004. 
 “O determinismo biológico”; “O determinismo geográfico”; “Idéia sobre 
a origem da cultura”, “Antecedentes históricos do conceito de cultura”, in 
LARAIA, Roque de Barros. CULTURA - Um Conceito Antropológico, 
Rio de Janeiro: JORGE ZAHAR, 17ª ed., 2005. pp 17-29; 53-63. 
 
Objetivos: neste item o objetivo é relacionar evolução biológica com comportamento 
cultural. O debate atual na Antropologia reforça a tese segundo a qual nossa espécie apenas 
evoluiu para as características biológicas atuais como o uso da inteligência, a postura ereta 
e as habilidades para fabricar instrumentos, SOB INFLUÊNCIA DIRETA de um 
comportamento cultural baseado em regras e na capacidade de simbolização. Ou seja, nossa 
evolução física foi influenciada pelo comportamento de nossos ancestrais, e vice-versa, até 
chegarmos ao que somos hoje. 
Se cultura é importante para compreender quem e como somos enquanto 
espécie, é importante você saber que o conceito de cultura sofreu mudanças históricas em 
sua interpretação. Essas mudanças são fundamentais para uma abordagem em que você 
possa distinguir visões consideradas cientificamente superadas, que, entretanto, fazem parte 
de noções comuns e muito presentes atualmente em defesas carregadas de preconceitos 
infundados e errôneos. 
http://www.arq.ufsc.br/urbanismoV/artigos/artigos_gc.pdf
 
 
Homem e Sociedade – material desenvolvido pela UNIP – disponível, também, para o 
aluno no site da universidade. 
3 
Você está convidado a uma nova compreensão de ser humano, na qual o nosso 
aparato biológico tão fantástico (pensamos e fabricamos coisas) precisa do comportamento 
cultural para se realizar. Então, biologia e cultura se complementam. Vamos lá? 
Obs.: os textos indicados na bibliografia são fundamentais para o seu 
aprendizado, mas você pode dispor também de sugestões que estão disponíveis na Web. 
Lembre que esse material eletrônico é complementar, e não deve ser utilizado como única 
fonte de estudos. 
Sugestão de textos para estudos complementares disponíveis na Web: 
A EVOLUÇÃO HUMANA: http://sti.br.inter.net/rafaas/biologia-ar/introducao.htm 
http://biociencia.org (este sítio é especializado em biociência, portanto aproveite apenas o que é 
importante para a disciplina, acesse o “Projeto Evoluindo” e seus sub-tópicos) 
CULTURA: Cultura – consultar o verbete da enciclopédia eletrônica Wikipédia: 
http://pt.wikipedia.org/wiki/Cultura 
Antropologia e o desenvolvimento do conceito de cultura – consultar o verbete da enciclopédia 
eletrônica Wikipédia: 
http://pt.wikipedia.org/wiki/Antropologia 
Há também uma comunidade virtual de Antropologia no Brasil, onde você pode consultar 
textos e entrevistas. 
www.antropologia.com.br/ 
 
DESENVOLVIMENTO DO CONTEÚDO 
PRINCIPAIS VISÕES SOBRE A ORIGEM HUMANA: O EVOLUCIONISMO E O DEBATE 
DAS DETERMINAÇÕES BIOLÓGICAS VERSUS PROCESSO CULTURAL. 
 
Neste conteúdo são abordados temas e idéias como: 
- a teoria evolucionista e a explicação da biologia para a origem e evolução do 
ser humano; 
- a colaboração da teoria antropológica sobre a visão da biologia e do 
evolucionismo; a antropologia defende que a explicação puramente biológica é apenas uma 
parte de nossa complexa evolução – o papel do comportamento cultural também foi 
determinante para surgimento de nossa espécie como é hoje. 
- a antropologia afirma que é falsa a afirmação que o ser humano é 
determinado pelo clima ou pela herança genética; sim, as populações se adaptam a 
http://sti.br.inter.net/rafaas/biologia-ar/introducao.htm
http://biociencia.org/
http://pt.wikipedia.org/wiki/Cultura
http://pt.wikipedia.org/wiki/Antropologia
http://www.antropologia.com.br/
 
 
Homem e Sociedade – material desenvolvido pela UNIP – disponível, também, para o 
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4 
diferentes meio ambientes para sobreviver, mas não é o meio ambiente que determina nosso 
comportamento; sim, cada indivíduo é resultado de uma herança genética, o que não 
significa que é “escravo” dessa herança. 
 
Voltar às origens da cultura é também voltar à origem da humanidade.Ter 
costumes e hábitos aprendidos é um comportamento relacionado com a nossa sobrevivência 
e evolução enquanto espécie. O tema possibilita uma abordagem que ressalta a importância 
da compreensão do ser humano como um ser bio-psico-social, ou seja, somos seres cujo 
comportamento é determinado ao mesmo tempo: 
BIO - por nossas características orgânicas (o tipo de aparelho físico que temos e 
como podemos utilizá-lo); 
PSICO - por nossas experiências pessoais racionais e afetivas de mundo e; 
SOCIAL - pelo meio social onde vivemos. 
 
Parece a você que todo ser humano tem como qualidade inata (que nos pertence 
desde o nascimento) certos comportamentos como preferir alguns tipos de roupas ou 
alimentos, e ainda se comunicar através desta ou daquela língua? 
Pois a Antropologia, junto com outras ciências como a Arqueologia, a 
Paleontologia e a História, tem explorado profundamente essa questão sobre a diferença do 
Homem em relação ao resto do mundo animal que nos cerca. Até o momento puderam 
concluir que nosso comportamento é fruto de um processo histórico no qual BIOLOGIA e 
CULTURA modelaram nossos ancestrais. Esse trabalho conjunto entre nosso 
desenvolvimento biológico e a cultura foram responsáveis por tamanhas mudanças em 
nossa espécie, que hoje achamos um fato “natural” não necessitarmos entrar na “luta pela 
sobrevivência”, na “lei da selva”. 
Quem começou a inventar palavras para dar nomes às coisas, ou saber que 
alimentos são comestíveis e como devemos prepará-los? Quem inventou o primeiro tipo de 
 
 
Homem e Sociedade – material desenvolvido pela UNIP – disponível, também, para o 
aluno no site da universidade. 
5 
calçado, ou descobriu como fabricar o vidro? Enfim, como surgiu a cultura? Que 
importância decifrar esse fato pode ter para nossa compreensão de ser humano? 
Essas questões devem ser respondidas ao longo desse tema. 
No séc. XIX Charles Darwin (biólogo), afirmou que todas as espécies vivas 
resultam de uma EVOLUÇÃO ao longo do tempo. Isso significa, que se retornássemos em 
nosso planeta há milhões de anos atrás não encontraríamos as espécies conforme as vemos 
hoje. Cada ser vivo, para chegar até hoje, passou por sucessivas e pequenas transformações 
que possibilitaram sua sobrevivência; esse processo de mudanças orgânicas ocorre por 
necessidade de ADAPTAÇÃO AO MEIO. Consideremos que as condições do meio como 
clima, quantidade na oferta de alimentos e todas as questões relacionadas às condições 
ambientais, estão em constante mudança. Pois bem, as formas de vida existentes precisam 
acompanhar essas mudanças, estando sujeitas – segundo Darwin – a dois destinos: a) 
podem se adaptar e ao longo de muitas gerações apresentarem mudanças visíveis; b) não 
conseguem se adaptar, entrando em extinção. 
Quais são as espécies que conseguem se adaptar? São as que possuem alguns 
indivíduos do grupo dotados de características tais que o permitem sobreviver e gerar uma 
prole (conjunto de filhos/as) que dá continuidade a essas características. Os outros 
indivíduos de sua mesma espécie que não possuam tais características, não conseguindo 
“lutar” pela sobrevivência, têm mais chances de morrer sem deixarem descendentes. Assim, 
após muitas gerações, temos uma espécie que já não se parece com seu primeiro exemplar. 
A possibilidade da geração de uma prole com características que permitam a 
adaptação ao meio é, para os evolucionistas, chamada de “seleção natural” – sobrevivem 
apenas aqueles indivíduos com traços que os permitam a sobrevivência. Ao lado da seleção 
natural, as mutações aleatórias também são responsáveis pelas modificações de um 
organismo ao longo do tempo. 
Uma das dificuldades do senso-comum em aceitar as idéias evolucionistas, está 
no fato que não podemos “ver” a evolução acontecendo – apesar de ela estar sempre 
acontecendo -, isto é, não testemunhamos alterações expressivas, pois as mudanças são 
muito sutis e ao longo de períodos de tempo muito longos do ponto de vista do ser humano. 
 
 
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As alterações podem ser consideradas em intervalos de tempo não inferiores a 
cem ou duzentos mil anos. Portanto, muito além de qualquer evento que possamos 
acompanhar. Mas podemos acompanhar sim a luta pela sobrevivência e a mudança de 
hábitos em muitas espécies, como os pombos que povoam as cidades, mas não estão tão 
concentrados demograficamente nos campos. Essa espécie encontrou um ambiente ótimo 
nas cidades construídas pelos seres humanos, aprendendo rapidamente como obter abrigo e 
alimento, com a vantagem de estar livre de predadores como nas florestas e campos. Faz 
parte de sua evolução esse novo ambiente. Assim entendemos que a evolução biológica de 
todas as espécies vivas não acontece sem influencia de muitos fatores, não acontece de 
forma “mágica” e independente do tipo de meio e hábitos que podemos observar. 
Hoje em dia o darwinismo está com uma nova roupagem e temos teorias como 
o pós-darwinismo ou neo-darwinismo, que são conseqüência do desenvolvimento de nossa 
tecnologia de pesquisa, e do próprio conhecimento cujas portas foram abertas por Charles 
Darwin para seus sucessores. 
 
"O APARECIMENTO DO HOMO SAPIENS- uma espécie que trabalha" 
"DETERMINAÇÕES BIOLÓGICAS E PROCESSO CULTURAL" 
O homem descende do macaco. Essa foi a afirmação polêmica de Darwin na 
segunda metade do séc. XIX e que dividiu opiniões na sociedade moderna. Essa polêmica 
permanece até hoje, pois encontrou como opositor o ponto de vista de uma prática humana 
muito mais antiga que a teoria da evolução: a religião. Não conhecemos nenhuma crença, 
em nenhuma cultura que coincida e concorde totalmente com a afirmação de Darwin. Da 
perspectiva das crenças, a criação da vida é atribuída a um “ser criador”, a algo externo e 
superior a toda a vida existente. Ao conjunto de teorias e explicações que partem desse tipo 
de raciocínio, denominamos “criacionismo”. Pois bem, para pensar como Darwin e a maior 
parte dos cientistas até hoje, esqueça suas crenças. A ciência não reconhece como possível 
a existência de seres superiores que tenham dado origem à vida, e muito menos entende que 
o ser humano é uma espécie “privilegiada” ou “superior”, seja pela capacidade de 
raciocínio, seja pela capacidade de criar crenças. 
 
 
Homem e Sociedade – material desenvolvido pela UNIP – disponível, também, para o 
aluno no site da universidade. 
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Para os evolucionistas, todas as espécies vivas foram surgindo das 
transformações de outras já existentes, dando origem a novas espécies, enquanto outras se 
extinguiram. Os primeiros humanos, chamados cientificamente de hominídeos, surgiram 
das transformações de algumas famílias de símios que fazem parte dos chimpanzés. 
Nossa espécie surgiu devido a mudanças biológicas e ao surgimento da cultura. 
Que mudanças biológicas são essas que nos diferenciam dos símios? O aumento da caixa 
craniana que nos dotou de um volume cerebral muitas vezes maior que o de um macaco. A 
postura ereta, que possibilita utilizarmos apenas os membros inferiores para nos locomover. 
E o surgimento do polegar opositor, que possibilita a nossa espécie da capacidade do 
chamado “movimento de pinça”. É a partir dessas três características básicas que 
desenvolvemos inúmeras outras características fascinantes como a capacidade da fala ou 
ainda a de fabricar instrumentos para nossa sobrevivência. 
Mas essas características como inteligência, fala e indústria não teriam surgido 
em nossos ancestrais se não fosse a presença de um tipo de comportamento que ajudou a 
modelar o corpo de nossos ancestrais, que é o comportamento baseado na CULTURA. Ou 
seja, a necessidade de comunicação, cooperação e divisão de tarefas facilitou o 
desenvolvimento dessas características BIOLÓGICAS. 
Características biológicas: forma, funcionamento e estrutura do corpo.É a 
nossa anatomia, características herdadas biologicamente e que não são resultado da nossa 
escolha pessoal. 
Características culturais: todo comportamento que não é baseado nos instintos, 
mas nas regras de comportamento em grupo que nos permite transformar a natureza para a 
sobrevivência (trabalho), e nos permite atribuir significados e sentidos ao mundo através 
dos símbolos (a cor branco simboliza a paz, ou o tipo de vestimenta simboliza status). 
Durante muito tempo pensou-se que o ser humano já teria surgido plenamente 
dotado dessas características em conjunto. Hoje sabemos que nossa cultura foi determinante 
para modelar nossas características biológicas ao longo do tempo, e vice-versa. Nossos 
ancestrais foram lentamente se transformando em humanos, e essa espécie que somos 
 
 
Homem e Sociedade – material desenvolvido pela UNIP – disponível, também, para o 
aluno no site da universidade. 
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agora, foi aos poucos sofrendo pequenas transformações que ao longo de milhões de anos 
nos diferenciaram totalmente de qualquer ancestral símio. 
No início da história humana, nossos ancestrais eram muito semelhantes a um 
macaco. Tinham mais pelos pelo corpo, o cérebro era menor e a mandíbula maior. A 
postura não era totalmente ereta, e as mãos não tinham muita habilidade, pois o polegar 
ficava mais próximo dos outros dedos. O tamanho do cérebro foi aumentando muito 
devagar, como também a postura ereta surgiu gradualmente, e igualmente o polegar 
opositor não surgiu repentinamente. A cada geração, mudanças muito sutis transformaram a 
espécie, e nesse processo a cultura teve um papel fundamental, pois possibilitou ou exigiu 
que nosso ancestral desenvolvesse comportamentos capazes de mudar nossa estrutura 
biológica. Um exemplo: sabemos que o surgimento da fala tem relação com duas 
características que são a posição da laringe resultante da postura ereta e a utilização das 
mãos para trabalhos de fabricação de instrumentos. Ao fabricar os chamados instrumentos 
de “pedra lascada”, nosso ancestral permitiu operações mais complexas e passou a utilizar 
uma área do cérebro, que é a mesma que nos permite falar. 
É importante compreender que nossa espécie não é fruto de coisas 
inexplicáveis, mas resulta de um longo e lento processo de evolução, que significa 
mudanças ao longo do tempo. Essas mudanças por sua vez, são fruto de uma dura luta por 
parte de nossos ancestrais para sobreviver em condições pouco favoráveis e convivendo 
com espécies mais fortes e predadores mais bem preparados fisicamente para tal. Nossos 
ancestrais não tinham a mesma caixa craniana que temos hoje, e não eram tão inteligentes; 
não tinham a postura totalmente ereta, e não viviam em cidades. Eram mais uma espécie 
entre tantas outras, e o pouco que puderam fazer então determinou sua sobrevivência, e 
mais que isso, determinou COMO somos hoje. 
Sobreviveram lascando uma pedra na outra para conseguir objetos pontiagudos 
e cortantes que serviam como arma de caça, como raspador de alimentos ou qualquer 
utilidade para a vida humana. Dormiam em cavernas, ao invés de fabricar abrigos. Durante 
muito tempo o domínio do fogo era um mistério, portanto não comiam muitos alimentos 
cozidos. Nessa época não havia escrita, e os únicos vestígios de comunicação encontrados 
são as pinturas em cavernas (arte rupestre) e pequenas estatuetas representando figuras 
 
 
Homem e Sociedade – material desenvolvido pela UNIP – disponível, também, para o 
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femininas. Eram organizados em bandos que praticavam caça e coleta, por isso dependiam 
de deslocamentos constantes em busca de alimento. Durante quase quatro milhões de anos 
sobreviveram dessa forma, e nesse período de tempo nossa forma física foi se alterando, até 
que no chamado período “neolítico”, houve uma revolução. 
A “revolução neolítica” foi um período marcante em nossa evolução, durante o 
qual o ser humano desenvolveu técnicas determinantes para a história de nossa espécie: a 
agricultura e a domesticação de animais, que permitiram o sedentarismo (começamos a 
construir abrigos e povoados ao invés de habitar em abrigos naturais). A agricultura e a 
domesticação de animais significaram a garantia de alimentação dos grupos humanos, 
independente do sucesso na caça e coleta. Isso permitiu à nossa espécie se fixar por 
períodos prolongados em determinados lugares, formando aldeias e também colaborou para 
o crescimento demográfico. É nesse momento que o ser humano começa a TRABALHAR, 
e não mais viver da caça/coleta que o tornava dependente dos recursos nos territórios 
habitados. A introdução do trabalho como estratégia de sobrevivência, segue um padrão 
estabelecido em nossa evolução para obter resultados: 
 a divisão de tarefas; 
 a cooperação com o grupo; 
 e a especialização. 
Essas características são importantes uma vez que possibilita que cada um de 
nós realize apenas um tipo de tarefa. Não é possível produzir sozinho tudo que 
necessitamos em nossa vida. Se não tivessem desenvolvido a capacidade de trabalho, 
baseado nos princípios acima, provavelmente, nossos ancestrais não teriam tido sucesso em 
sua evolução, e nenhum de nós estaria aqui hoje, compartilhando a condição se 
HUMANOS. 
Até hoje utilizamos essas habilidades de trabalho em grupo para viabilizar 
nossa existência social. A capacidade de dividir tarefas, cooperar e se especializar permite 
atingir objetivos com resultados mais efetivos e também possibilita um conjunto social com 
melhor qualidade de vida. 
O conjunto de tudo que o grupo social produz torna viável uma existência 
cultural, nos libertando da “lei da selva”. O trabalho humano se fundamenta em 
 
 
Homem e Sociedade – material desenvolvido pela UNIP – disponível, também, para o 
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10 
características básicas como comunicação e cooperação. Fixando-se em um lugar, 
inaugurando o sedentarismo, o ser humano passa a viver em uma sociedade organizada. 
Mais alimentos disponíveis, mais segurança com as casas fabricadas, maior 
permanência do grupo, isso tudo levou a uma maior reprodução da espécie. Tais condições 
permitiram aos nossos ancestrais uma organização social mais complexa baseada na 
SOCIEDADE, e não mais em bandos. A comunicação também sofre uma revolução que foi 
o surgimento da ESCRITA. 
A partir da escrita e do surgimento das grandes civilizações da Antiguidade 
como Egito, Grécia e China, conhecemos exatamente como a humanidade se desenvolveu. 
Mas para chegar até esse ponto, nossos ancestrais percorreram um longo caminho. Ele é o 
resultado de um processo muito longo no tempo, e para os quais foram determinantes: a 
postura ereta, a capacidade craniana, o polegar opositor e a aquisição da fala. 
Entretanto, nenhuma dessas características nos valeria muita coisa se não 
tivéssemos desenvolvido um tipo de comportamento baseado em regras de convivência 
social, divisão de grupos em parentesco, divisão do trabalho e uma mente dotada de 
raciocínio lógico e abstrato ligado à criatividade e imaginação. Foram nossas capacidades 
de ORGANIZAÇÃO e COMUNICAÇÃO que definiram tal resultado, afastando nossa 
espécie do comportamento instintivo e determinando essa longa e rica viagem chamada 
HUMANIDADE. 
 
“Clifford GEERTZ – como a Antropologia evidencia a importância da cultura na 
evolução da espécie humana.” 
Silas GUERRIERO afirma na pg. 24 do texto “A origem do antropos”, indicado 
na bibliografia: 
“Como Geertz, podemos afirmar que a cultura é produto do humano, mas o 
humano é também produto da cultura. Não fosse essa extraordinária capacidade 
de articulação e fabricação de símbolos, provavelmente não teríamos 
sobrevivido e, se o tivéssemos conseguido, não teríamos diferenças anatômicas 
tão marcantes frente a nossos parentes mais próximos. Em outras palavras, não 
estaríamos aqui contando essa história.” 
 
 
 
Homem e Sociedade – material desenvolvidopela UNIP – disponível, também, para o 
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11 
E Roque de Barros LARAIA, na pg. 58 do texto “Idéia sobre a origem da 
cultura” no livro “CULTURA – UM CONCEITO ANTROPOLÓGICO”: 
“A cultura desenvolveu-se, pois, simultaneamente com o próprio equipamento 
biológico e é, por isso mesmo, compreendida como uma das características da 
espécie, ao lado do bipedismo e de um adequado volume cerebral.” 
 
A leitura desses textos desenvolve a compreensão predominante atualmente na 
Antropologia, que o ser humano não teve uma evolução puramente biológica para nos 
capacitar de inteligência e postura ereta, mas antes, essa evolução BIOLÓGICA não foi 
independente de sua “parceira”, a CULTURA humana. 
 
- R. de Barros LARAIA discute se somos DETERMINADOS ou não pelo meio 
ambiente e pela herança genética : 
Da perspectiva biológica, o ser humano é uma única espécie. Somos todos 
partes de uma mesma família que foi dividida ao longo do tempo por sucessivas migrações. 
Esse movimento de populações resultou em aparências distintas para cada 
grupo populacional, popularmente conhecida como “raças humanas”. Vamos esclarecer 
alguns aspectos importantes. 
Cada indivíduo possui um fenótipo, que corresponde à aparência física. 
Entretanto somos portadores de genótipos, que são os genes que carregamos e 
podem ser determinantes nos resultados de nossa reprodução. Um indivíduo com o fenótipo 
“pele clara e olhos azuis” carrega genes com essa informação, mas também é portador de 
informações genéticas outras. Assim, cada indivíduo vai resultar de uma combinação 
genética de seus antepassados, formando um fenótipo próprio. 
Durante muito tempo a sociedade em geral, e a ciência, debateram sobre essa 
questão. Acreditava-se que a cada raça correspondia uma cultura. Dessa perspectiva 
ultrapassada, surgiram as teorias deterministas. 
O determinismo biológico defendia que a herança genética seria a responsável 
pelo comportamento diferenciado do ser humano dentro de cada cultura. 
 
 
Homem e Sociedade – material desenvolvido pela UNIP – disponível, também, para o 
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12 
Bem, é importante ressaltar que esse tipo de afirmação logo encontrou “furos”, 
pois nem sempre a totalidade dos herdeiros de genes “brancos” ou “negros” apresentavam 
comportamentos semelhantes entre si. Multiplicavam-se os exemplos de comportamentos 
diferentes para pessoas da mesma “raça”. 
Assim, somou-se a esse equívoco científico um outro, que pretendia ser 
complementar ao anterior e preencher as lacunas explicativas. 
Trata-se do determinismo geográfico, que defendia que a ecologia (o meio 
ambiente) no qual essa ou aquela população se desenvolveu, também seria um fator 
DETERMINANTE para a cultura ali desenvolvida. Portanto, populações de lugares com 
clima muito quente, ou muito frio teriam sofrido influências que, somadas ao fator 
biológico, explicariam costumes, mentalidade, valores e tradições. 
Mesmo tendo sido totalmente desacreditadas pela ciência, esses determinismos 
ainda hoje permeiam a visão de mundo do senso comum. É fácil encontrarmos pessoas que 
atribuem ao clima, à vegetação, aos animais circundantes, e ao fenótipo de cada população 
a explicação sobre “porque essas pessoas desse lugar agem de tal forma”. 
Você mesmo deve estar se lembrando de muitos exemplos que condizem com 
esse esquema explicativo. Entretanto, é fundamental que você conheça os pressupostos com 
os quais a ciência humana contemporânea trabalha. 
 
TODOS OS SERES HUMANOS EXISTENTES HOJE DESCENDEM DE UM 
ÚNICO GRUPO HUMANO ORIGINÁRIO DO CONTINENTE AFRICANO. 
Essa é uma afirmação resultante de um século e meio de pesquisas, cujo 
material arqueológico foi mais recentemente reforçado pelo conhecimento genético. Não há 
como refutar que qualquer indivíduo humano, seja ele um esquimó, um indiano, um 
escocês, um dinamarquês, um japonês e assim por diante são descendentes de grupos 
oriundos da África. 
Sim, todos os indivíduos carregam genes desses primeiros agrupamentos 
humanos, apesar de terem fenótipos diferentes. 
 
 
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Portanto, somos uma mesma família, que foi desenvolvendo aparências 
distintas como resposta adaptativa ao meio. 
A geografia desempenhou um importante papel para a diversidade de tipos 
humanos? Sem dúvida! Ao longo do processo evolutivo, mudanças importantes ocorreram 
para permitir a sobrevivência de nossa espécie em diferentes meios. A quantidade de 
melanina na pele e a dimensão do aparelho nasal foram sendo modelados para permitir 
nossa sobrevivência. 
Como a grande família humana foi seguindo rumos diferentes, os grupos que 
migravam para esse ou aquele lugar, carregavam um conjunto genético que foi se 
estabilizando ao longo de séculos e séculos. Isso foi criando fenótipos próprios a cada 
população humana, que viveram praticamente isoladas umas das outras durante tempo 
suficiente para que fosse surgindo um tipo de “padrão” que chamamos etnia. 
Mas, até que ponto a essa herança biológica e essa influência do meio têm 
relação com a diversidade cultural? 
Leia novamente a questão. De fato, há um LIMITE para tal influência, e nem 
biologia, nem ecologia são isolados ou em conjunto a única explicação para o 
comportamento diferenciado do ser humano dentro de cada cultura. 
Portanto, NÃO EXISTE UMA DETERMINAÇÃO BIOLÓGICA / 
GEOGRÁFICA que sustente a explicação sobre a diversidade cultural. 
O que se aceita hoje é que esses são fatores importantes na relação do ser 
humano com o meio, seja para sobreviver, seja para se relacionarem uns com os outros. 
Mas não são determinantes. 
Vamos a exemplos? 
Tomemos o caso da “facilidade” de indivíduos afrodescendentes para o 
desempenho em alguns esportes, como o basquete ou atletismo e que é popularmente 
divulgado. Não há dúvidas sobre a base biológica que fundamenta essa associação. Mas 
vamos refletir melhor sobre o comportamento humano, e não apenas sobre seu legado 
biológico. Desculpe, mas vou formular a seguinte questão sem qualquer preocupação 
científica ou política. O que o senso comum diria a esse respeito: “Um indivíduo 
 
 
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descendente de brancos pode se desempenhar tão bem quanto um descendente de negros 
nesses esportes?” 
A resposta óbvia, para a qual há inúmeros exemplos é: Sim! 
Entretanto, vamos considerar o que se segue. O ser humano depende de desejos, 
estímulos e condições para chegar a objetivos. Concorda? Um indivíduo descendente de 
brancos que se determine a ser “exemplar” no basquete ou no atletismo pode atingir esse 
objetivo perfeitamente. Ele não necessita dos genes para ser isso ou aquilo. Basta que se 
dedique a aperfeiçoar o que deseja ser. O que ocorre é que um indivíduo com facilidades 
genéticas chega ao mesmo resultado com mais facilidades. Aquele que tem a genética 
“contra si”, precisa se dedicar mais para atingir igual resultado. Isso para qualquer coisa 
que você possa pensar. 
A genética e a geografia são elementos na relação do homem com o meio, e não 
fatores determinantes. 
Os genes podem ser facilitadores para certas coisas, mas acima de tudo está a 
determinação, os desejos e o investimento social que cada indivíduo pode dispor para 
desenvolver certas características de seu comportamento. 
O que explica a diversidade cultural, se não há determinismos? 
O ser humano é uma espécie moldável e criativa. Em cada grupo social, as 
respostas às necessidades e a qualidade dos vínculos sociais resultam de uma história que é 
única àquele grupo. Portadores das marcas da história, das experiências coletivamente 
vividas, das soluções criadas, cada grupo vai construindo um conjunto absolutamente único 
que é sua cultura. 
Vamos supor que você tomeuma parcela da população norte-americana de hoje 
e os coloque para viver durante um longo período de tempo em um outro local, com 
características ambientais muitos semelhantes às quais estão acostumados. Daqui a algumas 
gerações, se você for analisar esse grupo e o grupo de origem, poderá ver que existem 
características que os diferenciam. E assim se dá, quanto mais o tempo passa. Qualquer 
coletividade está sujeita a um destino próprio. E a cultura é o resultado, a cada momento, 
 
 
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dessa experiência de vida que não se repete exatamente com os mesmos eventos, da mesma 
forma em todos os lugares. 
A diversidade cultural é inerente ao ser humano. Onde quer que se forme um 
grupo social, o resultado será sempre o mesmo: uma cultura própria. 
- Para iniciar os exercícios propostos, leia os capítulos sugeridos na bibliografia 
deste conteúdo! 
 
 
 
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Questões aula 01 
 
Exercícios obrigatórios 
 
1) Assinale a alternativa correta. De acordo com as descobertas da arqueologia e da paleontologia, o 
homo sapiens-sapiens se desenvolveu: 
A) A partir da criação de uma espécie dotada de capacidades especiais, reproduzidas à imagem e semelhança 
de formas superiores e sobrenaturais, tendo permanecido estável e imutável através dos tempos com o destino 
de povoar e dominar o planeta. 
B) Como a forma mais sofisticada de evolução, sendo, portanto o resultado de um processo contínuo de 
progresso das espécies em direção a uma forma definitiva e superior de vida biológica, podendo ser tomada 
como modelo do projeto evolutivo pelo qual todas as espécies devem passar. 
C) A partir de transformações anatômicas sucessivas e formas de adaptação ao meio e às demais espécies, 
pertencendo a um grupo de espécies que desenvolveram uma capacidade simbólica como instrumento 
adaptativo e de organização das relações com o ambiente e com os demais indivíduos da espécie. 
D) A partir da evolução casual e súbita de uma família de símios que começou a gerar uma prole com cérebro 
avantajado e a postura ereta. 
E) Como resultado de uma evolução prevista, pois nenhuma outra espécie teria tido capacidade de 
desenvolver raciocínio, postura ereta e comportamento modelável pela cultura. 
 
2) Entre as características de comportamento que estão associadas à nossa evolução para o humano, é 
ERRADO afirmar que foram determinantes: 
A) A capacidade de cooperar, a linguagem e a transformação da natureza. 
B) A acumulação de conhecimentos e a plasticidade de comportamento. 
C) A aquisição da postura ereta, o polegar opositor que capacita habilidades manuais e a caixa craniana em 
aumento progressivo. 
D) A sociabilidade, a socialização e a simbolização. 
E) Os instintos, a dificuldade de adaptação a novos meios, uma prole biologicamente evoluída. 
 
3) A respeito do evolucionismo, podemos afirmar que: 
A) Os evolucionistas e antropólogos encaram a espécie humana como um exemplo especial da evolução uma 
vez que as outras espécies vivas evoluem muito mais lentamente pelo fato de não terem desenvolvido um 
cérebro equivalente ao nosso. Isso permitiu que nossa espécie sofresse modificações que dificilmente serão 
igualadas por qualquer outro ser vivo. 
B) Segundo o evolucionismo, todas as espécies conseguem evoluir, portanto não existe possibilidade de 
mudança na quantidade de espécies existente, e sim na sua condição biológica que sofre alteração a cada 
passo da evolução. 
C) A busca de restos humanos pré-históricos nos obrigou a considerar a evolução da espécie humana como 
um outro animal qualquer. Além disso, segundo essa teoria todas as espécies vivas são fruto de uma longa e 
lenta evolução, não apenas o ser humano. Devemos então compreender que o processo da vida é evolutivo, 
inacabado e sem um objetivo ou plano pré-definido. 
D) Para os evolucionistas, todo organismo EVOLUI. Evolução para eles significa que todas as espécies que 
evoluem se tornam necessariamente melhores, mais fortes e com organismos superiores aos que tinham há 
milhares de anos atrás. 
E) Segundo o evolucionismo, apenas as espécies superiores evoluem, enquanto as inferiores acabem sofrendo 
extinção. 
 
4) Há muitas teorias que tentam sustentar a idéia de que a capacidade de agir culturalmente não faz 
parte de uma evolução, mas de uma prova de superioridade da espécie humana. 
Uma dessas teorias é a do “Ponto Crítico”, ou seja, que teria acontecido um “momento mágico” e não 
como conseqüência de uma evolução. Então, a partir desse momento teríamos sido subitamente capazes 
de pensar, falar, articular idéias e memória, enfim, adquirido todas as nossas habilidades humanas. 
Segundo LARAIA, Roque de Barros no capítulo “Idéia sobre a origem da cultura”, in CULTURA - 
Um Conceito Antropológico, a “Teoria do Ponto Crítico” pode ser: 
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A) considerada errada, pois trata-se de uma tentativa de nos diferenciar dos macacos através da idéia segundo 
a qual o ponto critico foi uma exclusividade de nossos antepassados, que não seriam da mesma família que os 
símios. 
B) considerada errada, pois trata-se de uma impossibilidade científica, dado o fato que os vestígios da 
evolução demonstram que a natureza não age por saltos, e sim através de um longo e lento processo de 
pequenas modificações. 
C) considerada correta, uma vez que é a única forma de darmos uma explicação para o fato de que os macacos 
não evoluíram, e tendo passado pelo ponto crítico, o ser humano adquiriu habilidades superiores de uso dos 
membros e do cérebro. 
D) considerada correta, pois é comprovada cientificamente através de provas arqueológicas; foram 
descobertas duas gerações sucessivas de restos humanos, em que a mais antiga se assemelha mais a um 
macaco, e a geração seguinte já possui a nossa estrutura anatômica atual; portanto não houve evolução. Nossa 
espécie “surgiu” assim. 
E) considerada ultrapassada, pois hoje já sabemos que não houve apenas um ponto critico, mas vários 
momentos críticos; primeiro aquele em que fomos capazes de andar na postura ereta, e usar as mãos com 
habilidade, depois o momento em que adquirimos a capacidade da fala e da comunicação, e finalmente o 
momento em que passamos a viver em grupos com diferentes culturas. 
 
5) Entre as características que definem e marcam as especificidades da espécie humana em comparação 
com as outras que nos cercam, podemos apontar: 
A) Organiza agrupamentos de indivíduos que definem formas coletivas e ordenadas de práticas, pensamento, 
comportamento, convivência e sobrevivência. 
B) É uma espécie que dependeu das características biológicas para definir a Humanidade. A única diferença 
entre o Humano e as outras espécies, pode ser resumida à evolução biológica de um cérebro capaz de efetuar 
operações complexas. 
C) Define-se coletivamente dentro de grupos que seguem a mesma história e que não se importam com as 
diferenças entre as diversas sociedades e culturas existentes. 
D) Trata-se de uma espécie que tem garantido em sua carga genética a capacidade de aprendizado e 
socialização, reproduzindo através do tempo sempre as mesmas respostas às mesmas necessidades. 
E) Enquanto as outras espécies tiveram pouca evolução cultural, a espécie humana teve pouca evolução 
biológica. Isso nos faz uma espécie diferente das outras. 
 
6) Ao afirmar que “a cultura é produto do humano mas o humano é também produto da cultura”, 
GEERTZ citado no texto de Guerriero, S. “As origens do humano”, procura defender as seguintes 
idéias: 
A) Reflete sobre as diferenças entre ser humano e natureza; propõe que o humano produz culturaporque não 
evoluiu naturalmente. 
B) Propõe pensar que a cultura é produzida pelo ser humano, o que nos torna uma espécie diferente das 
outras; ao produzir cultura é que nos tornamos humanos. 
C) Defende a idéia de que não produzimos nada sem uma razão, portanto para existir cultura teve que se 
produzir o ser humano. 
D) A evolução é um processo contínuo, linear, cujo nível de complexidade caminha do mais simples ao mais 
elaborado, portanto ao produzir cultura o ser humano adquire uma posição superior em relação às outras 
espécies animais, incapazes de atingir essa evolução. 
E) Que nossa espécie produz cultura humana, enquanto outras produzem tipos de cultura diferentes; ao longo 
da evolução a produção da sobrevivência capacitou cada espécie para se diferenciar dos seres humanos. 
 
7) Segundo a teoria evolucionista é correto afirmar: 
A) a espécie humana é uma das mais antigas existentes no planeta, tendo surgido praticamente no momento 
em que o nosso planeta resfriou o suficiente para permitir a existência de uma imensa diversidade biológica. 
B) nossa espécie é um exemplo de evolução; nenhuma outra espécie foi capaz de evoluir tanto quanto a nossa, 
por isso encontramos humanos que habitam em todas as partes do planeta, enquanto as outras espécies se 
restringem a territórios específicos. 
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C) a espécie humana evoluiu de antepassados que foram adquirindo lentamente capacidades que os 
diferenciavam de um ancestral comum aos macacos, e nessa cadeia evolutiva podemos encontrar as famílias 
de Australopitecus, os Homo Habilis e os Homo Erectus. 
D) evoluir é uma medida da superioridade de uma espécie; assim, todas as espécies que sobreviveram à 
extinção podem ser consideradas melhores que seus antepassados. O melhor exemplo disso é o ser humano. 
E) cada espécie surgiu em um determinado momento, de acordo com a maior capacidade de sobreviver 
naquele ambiente; assim, nossos antepassados humanos tiveram que conviver com mamíferos como os 
dinossauros, pois ambos necessitam do mesmo tipo de condição climática e ambiental. 
 
8) A cultura humana possui como características fundamentais que a diferencia dos hábitos e 
comportamentos que as demais espécies desenvolvem. Entre essas características é correto apontar: 
A) a flexibilidade perante o mundo; os grupos humanos mais evoluídos dominam a natureza e os outros 
grupos humanos dependem dos instintos. 
B) a imobilidade de seus elementos; uma vez que certo comportamento cultural é estabelecido não pode ser 
transformado, com risco de barrar a evolução humana. 
C) a capacidade de simbolizar o mundo através da linguagem; a troca de experiências e idéias; o pensamento 
abstrato e o aprendizado. 
D) a possibilidade de dominar uns aos outros, organizando grupos com uma hierarquia rígida; isto é o que nos 
permite evoluir. 
E) a vantagem do comportamento que elimina a necessidade de sobrevivência baseada nos instintos, e em seu 
lugar coloca a necessidade de sobrevivência baseada na evolução de nossa espécie. 
 
9) Sobre as teses do determinismo biológico e geográfico, é correto afirmar: 
A) Ambas teses são verdadeiras, pois é perceptível que o comportamento humano é moldado conforme as 
características herdadas geneticamente e também às imposições do meio ambiente como o clima. 
B) Ambas teses são verdadeiras, quando o que está sendo considerado é a diversidade cultural. 
C) Ambas teses são falsas, uma vez que podemos perceber que em alguns casos somos determinados 
geograficamente, em outros casos, nosso comportamento é determinado biologicamente. 
D) Essas teses foram verdadeiras durante nossa evolução, mas depois que nos transformamos em humanos, 
elas perderam a importância. 
E) Ambas teses são falsas, pois o ser humano é também produto do meio social no qual se desenvolve, não 
sendo determinado biológica ou geograficamente. 
 
 
10) "A população européia tem por característica a frieza nas relações sociais, enquanto no Brasil a 
população é conhecida pelo seu calor humano. Esta divergência cultural entre as populações européias 
e os brasileiros pode ser explicada pelas diferenças climáticas: as regiões frias determinam pessoas mais 
sérias e rígidas, enquanto o clima tropical favorece a alegria, a sensualidade e a descontração de nosso 
povo." 
Nestes fragmentos de afirmações podemos identificar idéias provenientes do: 
A) determinismo geográfico 
B) determinismo biológico 
C) determinismo cultural 
D) determinismo histórico 
E) determinismo psicológico 
 
Sugestão questão 10: 
Lembre-se de aplicar o seguinte raciocínio: podemos encontrar vários tipos de 
DETERMINISMOS: 
- O PSICOLÓGICO que tenta justificar todo e qualquer tipo de comportamento humano 
APENAS pelos fatores do psiquismo humano; 
- O ECONÔMICO que tenta justificar todo e qualquer tipo de comportamento humano 
APENAS pelos fatores de aproveitamento dos recursos e geração de riqueza; 
- O HISTÓRICO que tenta justificar todo e qualquer tipo de comportamento humano APENAS 
pelos fatores dos eventos passados e vividos por um povo; 
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- e assim por diante. O fato é que encontramos muitos pensamentos DETERMINISTAS em 
nossa sociedade. 
Para identificar corretamente os que estão em debate neste momento, associe os elementos 
presentes com sua origem. Sempre que os fatores presentes em cada explicação são clima, 
ambiente ou ecologia, trata-se do determinismo geográfico. 
Sempre que os fatores presentes em cada explicação são herança genética, sexo biológico, ou 
qualquer realidade orgânica de uma população, trata-se do determinismo biológico. 
 
11) Analise os exemplos abaixo. Escolha os exemplos que CARACTERIZEM AS IDÉIAS DO 
DETERMINISMO BIOLÓGICO, muito presente em nosso dia-a-dia: 
I. Há algumas profissões que são exclusivamente masculinas já que as mulheres não possuem força física para 
executá-las como, por exemplo, ser peão de fazenda; 
II. A amamentação é tipicamente feminina, em nenhum lugar do mundo isto ocorre de outra maneira. Esta 
função é feminina e intransferível; 
III. As crianças e adolescentes com dificuldades escolares não aprendem porque são imaturas 
psicologicamente; 
IV. A maioria dos homens tem relações heterossexuais por uma questão educacional, religiosa, isto é, por 
questões histórico-culturais, e não em função do aparelho reprodutor masculino ou por questões hormonais; 
V. Em climas frios, os indivíduos são mais produtivos. 
A) As frases I, II e IV 
B) As frases II, III e IV 
C) As frases I e II 
D) As frases I, III e V 
E) As frases III, IV e V 
 
12) Leia o texto abaixo, que se encontra incompleto, contendo três lacunas: 
Desde a Antigüidade os homens preocupam-se com a diversidade de modos de comportamento 
existentes entre os diferentes povos e tentam explicar tais diferenças, a partir das diferenças 
genéticas, hereditárias, raciais e também a partir das variações dos ambientes físicos. Porém as 
diferenças de comportamento entre os homens não podem ser explicadas pelas diversidades 
biológicas ou geográficas: tanto o ___________________ como o ___________________ são 
incapazes de explicar as diferenças entre os homens. Segundo a Antropologia, o 
comportamento dos indivíduos depende de um aprendizado que se realiza desde a infância, na 
cultura a que estão inseridos - um processo denominado ________________. 
Quais são os termos que completam na seqüência o parágrafo acima de modo correto? 
A) antropólogo; sociólogo; etnocentrismo 
B) determinismo biológico; determinismo geográfico; endoculturação. 
C) social; cultural; antropologia. 
D) determinismo biológico; etnocentrismo; cultura. 
E) estruturalismo;etnocentrismo; relativismo 
 
13) Um menino e uma menina agem diferentemente em função de seus hormônios, e não em 
decorrência de uma educação diferenciada. A esse tipo de afirmação está corretamente associado o que 
se segue: 
A) Determinismo biológico 
B) Endoculturação (que é a educação dentro de uma cultura) 
C) Evolucionismo 
D) Determinismo Geográfico 
E) Etnocentrismo 
 
14) Um menino e uma menina agem diferentemente em decorrência de uma educação diferenciada 
juntamente com seus hormônios, e não apenas em função dos hormônios; ou seja, de sua própria 
natureza. A esse tipo de afirmação está corretamente associado o que se segue: 
A) Determinismo biológico 
B) Endoculturação (que é a educação dentro de uma cultura) 
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C) Evolucionismo 
D) Determinismo Geográfico 
E) Etnocentrismo 
15) Entre as características responsáveis por nos tornar diferentes das demais espécies vivas, Fritjot 
CAPRA (citado em GUERRIERO, Silas As origens do antropos, in Antropos e Psique - O outro e sua 
subjetividade), ressalta: 
A) a comunicação teve o papel mais importante para que pudéssemos criar o mundo da cultura; comparada às 
outras características, de nada valeriam se não nos comunicássemos. 
B) o tamanho do cérebro foi o fator mais importante e que garantiu as características humanas – viver em 
grupo, estabelecer regras e papéis e criar hábitos. 
C) o desenvolvimento das habilidades manuais para a fabricação de instrumentos capazes de transformar a 
natureza foi o ponto determinante. 
D) nenhuma das habilidades humanas faz sentido sem a capacidade de cooperação, pois de nada adiantaria 
nos comunicarmos sem agirmos coletivamente. 
E) segundo esse autor, a espécie humana não é diferente de todas as outras, pois todos os seres vivos 
modificam a natureza. 
 
16) A explicação evolucionista mais aceita sobre a origem geográfica do ser humano afirma que: 
A) nossa espécie teve origem de algumas famílias de macacos da África, e só mais tarde surgiram os 
primeiros hominídeos no Norte (Europa) e Oriente Médio. 
B) o ser humano teria surgido ao mesmo tempo em dois pontos do globo – África e Europa – tendo se 
dispersado pelo resto do mundo a partir das eras glaciais. 
C) somos originários da Europa, por isso durante muito tempo ela foi chamada de o “velho continente”; dali 
partiram as correntes migratórias para o resto do globo. 
D) nossa espécie teve origem indeterminada geograficamente; as evidências fósseis são bastante confusas e 
não possibilita afirmarmos de onde viemos. 
E) o ser humano teve origem de algumas famílias de hominídeos africanos, que se dispersaram pelo globo em 
busca de alimento, adquirindo características locais em conseqüência da adaptação a diferentes ambientes. 
 
17) Sabemos que o DNA dos humanos difere do DNA de um chimpanzé em apenas 1,6%, ou seja, 
somos 98,4% geneticamente idênticos. Mas, não há como negar que somos radicalmente diferentes 
desde a aparência até todas as realizações que nos faz reconhecermos por formar a HUMANIDADE. 
Qual a razão disto? 
A) Uma das razões é o fato de sermos fruto de um processo de evolução; já os símios (família dos macacos) 
não tiveram evolução. 
B) A razão de sermos tão diferentes está na origem de nossa espécie, que desde o início se diferenciou dos 
símios fisicamente e pelo uso da inteligência. 
C) O que nos diferenciou foi o desenvolvimento da capacidade de simbolização, ou seja, de adquirir cultura, 
que foi gradual, lento e contínuo durante um longo período de tempo, favorecido, e ao mesmo tempo 
favorecendo o crescimento cortical, a postura ereta, a visão bipolar a cores e o desenvolvimento da laringe. 
D) Nossa grande diferença física e anatômica, ou seja, as transformações corporais que tanto nos afastam dos 
grandes símios foram provocadas num “momento mágico” em que nossos ancestrais subitamente geraram 
filhos inteligentes e com aparência física diferente dos símios. 
E) Toda diferença entre os humanos e qualquer outra espécie é resultado da vontade divina. 
 
18) Leia a seguinte frase de Roque de B. LARAIA, em seu livro “Cultura – um conceito antropológico”: 
“As diferenças existentes entre os homens, portanto, não podem ser explicadas em termos das limitações 
que lhes são impostas pelo seu aparato biológico ou pelo seu meio ambiente. A grande qualidade da 
espécie humana foi a de romper com suas próprias limitações: um animal frágil, provido de insignificante 
força física, dominou toda a natureza e se transformou no mais temível dos predadores. Sem asas, 
dominou os ares. Sem guelras ou membranas próprias, conquistou os mares. Tudo isto porque difere dos 
outros animais por ser o único que possui cultura.” (LARAIA, p. 24) 
Nesta frase o autor explica o que segue: 
A) que concorda com a tese do determinismo geográfico. 
B) que concorda que a evolução humana resultou em nossa incapacidade de adaptação a novos meios. 
 
 
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C) que discorda que houve evolução humana, mas apenas adaptação a novos meios. 
D) que discorda da tese do determinismo geográfico. 
E) que concorda parcialmente com a tese da evolução baseada na seleção dos mais aptos a sobreviver em 
climas extremos. 
19) ENADE 2008 – Prova de FORMAÇÃO GERAL para todos os cursos (QUESTÃO 2) 
“ Quando o homem não trata bem a natureza, a natureza não trata bem o homem.” 
Essa afirmativa reitera a necessária interação das diferentes espécies, representadas na imagem a 
seguir. 
 
Depreende-se dessa imagem a 
A) atuação do homem na clonagem de animais pré-históricos. 
B) exclusão do homem na ameaça efetiva à sobrevivência do planeta. 
C) ingerência do homem na reprodução de espécies em cativeiro. 
D) mutação das espécies pela ação predatória do homem. 
E) responsabilidade do homem na manutenção da biodiversidade. 
 
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CONTEÚDO DO 1º BIMESTRE (PROVA B-1) 
2. A CULTURA 
 
2.1 - O conceito de cultura através da história. O significado do termo cultura: senso 
comum e científico; a simbolização da vida social, a diversidade cultural e as culturas 
nacionais. A Antropologia e o estudo da cultura. 
 
Textos básicos: “O desenvolvimento do conceito de cultura”, “Teorias modernas sobre a 
cultura”, in LARAIA, R.B. CULTURA - Um Conceito Antropológico, 
Rio de Janeiro: JORGE ZAHAR, 17ª ed., 2005. pp 30-52; 59-64. 
 “Primeiros movimentos”, “O Passaporte”, in ROCHA, Everardo. O 
QUE É ETNOCENTRISMO, São Paulo: Brasiliense, 19ª ed., 2004, pp. 
23-55. 
 “Os pais fundadores da etnografia – Boas e Malinowski”, in 
LAPLANTINE, F. APRENDER ANTROPOLOGIA, SP: Brasiliense, 
2007. PP. 75-92 
 
Objetivos: neste item o aluno deve ser capaz de confrontar as noções de cultura do senso-
comum, que remetem a hierarquias sociais de educação e formação de valores, com a visão 
científica que universaliza a condição cultural humana. Identificar a importância da cultura 
como mediadora das relações humanas e nossa capacidade de comunicação através dos 
símbolos. Identificar a pesquisa antropológica como instrumento de aproximação entre 
diferentes universos culturais. 
 
DESENVOLVIMENTO DO CONTEÚDO 
 
 
 
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A antropologia propõe que a cultura é a base de nossa forma de encarar o 
mundo à nossa volta e dar formas e significados a ele. 
Vamos considerar que grande parte das coisas que realizamos em nosso dia-a-
dia, incluindo planos pessoais e organização de regras de convivência, é resultado de um 
modelo coletivo de pensar como devemosser? 
Isto significa que aprendemos a estar no mundo, e não simplesmente somos 
“jogados” nele. Desde a língua que falamos para nos comunicar, até os símbolos que 
associamos a crenças, sonhos e mensagens, são criados de acordo com uma mentalidade 
coletiva comum. Esse “modelo” para nos comunicar e dar sentido ao que pensamos, é dado 
pela nossa cultura. 
E em cada uma das culturas humanas, aquilo que nos faz rir, chorar ou sonhar 
varia imensamente. 
 
“O CONCEITO DE CULTURA ATRAVÉS DA HISTÓRIA” 
A antropologia social tem como conceito central o conceito de CULTURA. 
Para refletir sobre a complexidade desse conceito, vamos começar tomando 
exemplos de como podemos encontrar o uso da palavra cultura em situações cotidianas. 
Normalmente as pessoas utilizam essa palavra em frases como: ”O brasileiro 
precisa valorizar mais sua própria cultura”; “Fulano é uma pessoa que tem muita cultura”; 
“A cultura desse lugar é muito atrasada”; “A cultura oriental é muito antiga”. 
Nesses exemplos já é possível percebermos a complexidade e a multiplicidade 
do uso que fazemos desse conceito. Precisamos começar a diferenciar quais são utilizações 
do chamado senso-comum e, por outro lado, como a ciência antropológica compreende e 
define cultura. 
De acordo com o uso popular, percebemos que existe uma concepção segundo 
qual cultura é uma questão de status e está muito relacionada com a aquisição de 
conhecimento letrado. Na frase “fulano é uma pessoa que tem muita cultura”, o sentido 
atribuído a esse conceito é que se trata de uma coisa possível de ser acumulada e que 
 
 
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distingue um indivíduo dos demais. A sociedade em geral pensa cultura como relacionada 
ao acesso a estudos clássicos e letrados. O conhecimento letrado é aquele que não faz parte 
da “escola da vida”, mas que se acumula no conhecimento transmitido por livros, autores, 
autoridades em cada assunto. 
Já numa outra situação como na frase ”o brasileiro precisa valorizar mais sua 
própria cultura”, há a preocupação em situar o conjunto da produção cultural e da história 
de nosso país. Comparam-se assim as chamadas “culturas nacionais”, e somos capazes de 
perceber que de uma sociedade para outra mudam regras, valores, arte, religião, folclore, 
culinária e assim por diante. Assim podemos ver que os limites políticos e geográficos que 
são as nações, podem compreender também culturas próprias. 
Vamos a outro de nossos exemplos. Na frase “a cultura desse lugar é muito 
atrasada”, existe uma nítida noção popular segundo a qual deve existir uma hierarquia entre 
as diferentes culturas, que vão das mais “atrasadas” às mais “avançadas”. Normalmente as 
pessoas se referem ao comportamento coletivo, à qualidade da vida social. Elas querem 
expressar a existência de culturas que permitem às necessidades sociais serem mais bem 
solucionadas, seja pelo nível de desenvolvimento tecnológico, ou pela chamada “educação 
do povo”, que nesse caso, nada mais significa que o acesso a informações e à cultura 
letrada. 
Finalmente, na frase “a cultura oriental é muito antiga”, surge a noção que 
cultura é algo que se acumula e se mantém (ou se perde) ao longo do tempo. Nesse caso, há 
a preocupação em pensar cultura como um conjunto de coisas (denominados “elementos da 
cultura”) que podem se transformar tradições, pois são mantidas ao longo do tempo; já 
outros elementos se transformam, dando a idéia de passagem do tempo. 
Para compreender essa multiplicidade de usos do conceito de cultura, é 
importante resgatar o processo histórico que transformou seu uso. 
É o que você poderá perceber com o texto que segue e utilizando a bibliografia 
indicada. 
 
ETIMOLOGIA DA PALAVRA CULTURA 
 
 
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* Até séc. XVIII, a palavra cultura existia APENAS com o registro de “agricultura”. 
* Em sua origem, o conceito de cultura demonstra já uma relação entre HABILIDADES 
HUMANAS e o domínio da natureza circundante. Agricultura é uma habilidade em 
observar o desenvolvimento das espécies vegetais e aperfeiçoar as condições para o bom 
desenvolvimento e o cultivo em larga escala. 
* Os diversos comportamentos culturais humanos, nesse registro demonstrariam nossa 
capacidade de manipular, aperfeiçoar, utilizar, consumir. Isso tudo aplicado ao UNIVERSO 
humano das coisas e idéias que nos cercam. 
 
COMO A PARTIR DO SÉC. XVIII A DEFINIÇÃO DA PALAVRA CULTURA 
SOFRE UMA GRANDE TRANSFORMAÇÃO 
A partir desse momento histórico, a palavra cultura adquire uma 
MULTIPLICIDADE de sentidos. Além de agricultura, hoje ela é associada a 
conhecimento, educação, costumes e tradições. Como se deu essa mudança? 
* Revoluções anteriores – séculos XV, XVI e XVII: 
* RENASCIMENTO 
* GRANDES NAVEGAÇÕES E A ENTRADA DO “NOVO MUNDO” NO MAPA 
MUNDI. 
* A mentalidade européia vem de um impacto e de profundas alterações econômicas e 
sociais (os lucros com as Colônias, o contato com outros povos); 
* Nesse contexto, o contato com outros povos prepara o momento seguinte, quando o 
conceito de cultura começa a ser associado a comportamento coletivo de um povo. Veja 
abaixo. 
Após isso, na FRANÇA E ALEMANHA surgem duas diferentes definições de cultura 
(séculos XVIII e XIX) 
* ALEMANHA – (cultura = “kultur”), idéia de que um povo cultiva suas tradições 
* FRANÇA – (cultura = “civilization”), preocupados em diferenciar pessoas/povos que 
cultivam a educação refinada (burguesa) 
 
 
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* Nos sécs. XVIII e XIX estavam em processo de criação os Estados nacionais, os países 
como conhecemos hoje. Era necessária a discussão sobre cultura, pois a classe dominante 
precisava algum apoio ideológico para convencer diferentes povos que a partir de então 
eles fariam parte de uma mesma “nação”. 
* Perceba como é nesse momento que a palavra cultura amplia seu significado, 
sendo associada TAMBÉM à idéia de COMO UM POVO CULTIVA SEU 
COMPORTAMENTO COLETIVO. Como observamos, dominamos e orientamos a 
conduta e o cultivo das relações sociais (registro alemão da palavra). 
* Também é nesse momento que a palavra cultura passa a ser associada com 
DISTINÇÃO SOCIAL, pessoas “civilizadas” e “cultas” e pessoas “atrasadas” e 
“incultas” (registro francês da palavra). 
 
 
 
Vale lembrar que o registro que o senso-comum tem hoje da palavra cultura, 
está bem próximo da forma como na França se desenvolveu esse conceito, você pode 
perceber isso? 
Pois bem, vamos retomar a definição de Antropologia, agora concentrados no 
conceito de cultura. 
Antropologia é uma ciência dedicada ao estudo do Homem. O radical latino 
“anthropos” significa Homem (Ser Humano), e “logia” é o estudo. Surge no séc. XIX 
empenhada em aprofundar o conhecimento científico sobre as chamadas “sociedades 
primitivas”, como eram chamadas as tribos e povos não-europeus, os nativos das Américas, 
Austrália e África. Para explicar a grande diferença de comportamento entre esses povos e 
os povos europeus, a Antropologia acabou se concentrando no conceito de cultura. 
Hoje, essa ciência não estuda apenas as tribos ou pequenas comunidades 
distantes dos centros desenvolvidos, mas qualquer ambiente social. Isso ocorreu, pois ficou 
comprovado que a diversidade cultural não gira apenas em torno de “povos primitivos” e 
 
 
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“povos civilizados”, mas está em toda parte onde haja contato entre dois povos que 
cultivam costumes e valores diferentes. E recentemente, em nossa história, com o início da 
chamada “globalização”, o contato entre pessoas e organizaçõescom diferentes referenciais 
de mundo, ou seja diferentes culturas, intensificou-se num ritmo frenético. Por isso 
compreender o conceito científico de cultura é tão importante. 
EDWARD TYLOR no final do século XIX, definiu cultura como "um 
conjunto complexo que inclui os conhecimentos, as crenças, a arte, a lei, a moral, os 
costumes e todas as outras capacidades e hábitos adquiridos pelo homem enquanto membro 
de uma sociedade". A essa definição, seguiram-se muitas outras, e hoje podemos encontrar 
centenas de formas diferentes para se referir ao mesmo conceito. Mas, por que essa falta de 
consenso na Antropologia? Vamos passar por alguns dos principais autores para 
compreender a complexidade do tema. 
A seguir, vários autores mostram sua definição para o conceito de cultura: 
Franz Boas (1930) - “A cultura inclui todas as manifestações dos 
hábitos sociais de uma comunidade, as reações do indivíduo na 
medida em que são afetadas pelos costumes do grupo em que vive, 
e os produtos das atividades humanas na medida em que são 
determinados por tais costumes”. 
Perceba como, na visão desse autor, o principal aspecto no conceito de cultura é 
a relação entre o indivíduo e a sociedade. Ou seja, “as reações do indivíduo na medida em 
que são afetadas pelos costumes do grupo em que vive” e mesmo tudo que o ser humano 
PRODUZ é influenciado pelos costumes, portanto, os COSTUMES fazem uma cultura. 
Para ele, os costumes (que são coletivamente construídos) influenciam os indivíduos e suas 
obras. Portanto, para Boas, tudo que um povo produz, seja essa produção material ou 
imaterial é resultado dos costumes que se formam nele. 
B. Malinoswski (1931) - “Esta herança social é o conceito central 
da antropologia cultural (...). Normalmente é chamada de cultura na 
moderna antropologia e nas ciências sociais. (...) A cultura inclui os 
artefatos, bens, procedimentos técnicos, idéias, hábitos e valores 
 
 
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herdados. Não se pode compreender verdadeiramente a organização 
social senão como uma parte da cultura”. 
Perceba como, na visão desse autor, a cultura é a TOTALIDADE do que um 
grupo social produz, ou seja, idéias, hábitos, valores e bens entre outras coisas. Para ele, a 
organização de uma sociedade (instituições, economia, religião) são uma parte da cultura. 
Portanto a política, as leis, enfim, o conjunto das obras humanas são todos elementos 
constituintes de uma cultura. 
W.H. Goodenough (1957) - “A cultura de uma sociedade consiste 
em tudo aquilo que se conhece ou acredita para influenciar de uma 
maneira aceitável os seus membros. A cultura não é um fenômeno 
material: não consiste em coisas, pessoas, condutas ou emoções. É 
melhor, uma organização de tudo isso. É a forma das coisas que as 
pessoas têm em sua mente, seus modelos de percebê-las, de 
relacioná-las ou de interpretá-las.” 
Perceba como, na visão desse autor, a cultura não CONSISTE EM 
COISAS (bens materiais), mas a cultura é um MODELO MENTAL, uma certa forma de 
interpretar o mundo. 
Clifford Geertz (1966) - “Se compreende melhor a cultura não 
como complexos de esquemas concretos de conduta – costumes, 
usos, tradições, conjuntos de hábitos – mas sim como planos, 
receitas, fórmulas, regras, instruções (o que os engenheiros de 
computação chamam de ‘programas’) e que governam a conduta”. 
Desenvolvendo ainda mais a mesma idéia do autor acima (Goodenough), 
Geertz indica que a cultura é um conjunto de planos e receitas que GOVERNAM A 
NOSSA CONDUTA. Traduzindo, todas as nossas atitudes, sejam elas de ordem prática ou 
de ordem afetiva seriam organizadas em nossa mente através da receita proporcionada pela 
nossa cultura. Para ele, a cultura é como um código, um conjunto de símbolos, que para 
conseguirmos interpretar precisamos ter o “segredo”, a “chave” para a interpretação. O 
 
 
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mundo é um grande código, um conjunto de símbolos “embaralhados” e a nossa cultura 
proporciona um entendimento desse mundo. 
Clifford Geertz, (1973) - “Cultura é um sistema simbólico, 
característica fundamental e comum da humanidade de atribuir, de 
forma sistemática, racional e estruturada, significados e sentidos às 
coisas do mundo”. 
Mais uma frase do mesmo autor acima, Geertz, que nos chama atenção para o 
fato que o pensamento simbólico é EXCLUSIVAMENTE HUMANO. A capacidade de 
interpretar símbolos é a base de nosso pensamento. Associamos símbolos a coisas, e 
organizamos o mundo em nossas mentes. Por exemplo, o animal “cão”. Para pensar no cão, 
criamos um símbolo que é o som da palavra cão, e ao pensar através de palavras, estamos 
pensando simbolicamente. 
Para Geertz, não existe nada no mundo que o ser humano deixe de atribuir um 
significado. Isso é o que explica a cultura humana. 
M. Harris (1981) – “A cultura se refere a um corpo de tradições 
sociais adquiridas que aparecem de forma rudimentar entre os 
mamíferos, especialmente entre os primatas. Quando os 
antropólogos falam de uma cultura humana normalmente se referem 
ao estilo de vida total, socialmente adquirido, de um grupo de 
pessoas, que inclui os modos pautados e recorrentes de pensar, 
sentir e atuar”. 
Veja como para esse autor, há a preocupação em ressaltar que a cultura existe 
de FORMA RUDIMENTAR entre os mamíferos, mas apenas entre os humanos ela é 
SOCIALMENTE ADQUIRIDA, não é herdada biologicamente. 
Anthony Giddens (1989) - “Cultura se refere aos valores que 
compartilham os membros de um grupo, às normas que estabelecem 
e os bens materiais que produzem. Os valores são ideais abstratos, 
enquanto que as normas são princípios definidos ou regras que as 
pessoas devem cumprir”. 
 
 
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Para Giddens, o conjunto de regras, valores e a produção de bens 
materiais é o que define o que é cultura. 
 
Em comum o que se pode perceber é a tentativa de abarcar todas as realizações 
humanas, representadas em dois níveis complementares que são as realizações materiais e 
as imateriais. Entre as materiais, podemos citar todo o universo de coisas fabricadas pelo 
ser humano, de arados até ônibus espaciais. Entre as imateriais estão nossas crenças, 
conhecimento, arte, idéias e todos os sentimentos. 
Os autores que enfatizam os aspectos materiais argumentam que eles são 
importantes uma vez que somos a única espécie a transformar a natureza de forma 
sistemática, mesmo quando não há necessidades que afetem a sobrevivência. Outros 
autores, entretanto, entendem que nossas maiores realizações estão contidas nos aspectos 
imateriais, uma vez que somos a única espécie dotada da capacidade de abstração (pensar 
em coisas que não estão presentes, criar, imaginar). Mas não usamos essas capacidades 
realizadoras de qualquer forma, e sim de acordo com regras, normas e hábitos estabelecidos 
coletivamente. 
O ponto sobre o qual parece haver muita polêmica é a visão que cada autor tem 
de ser humano. Aqueles que dão maior importância às nossas realizações materiais 
procuram ressaltar a nossa capacidade adaptativa, mostrando a cultura como sendo uma 
forma de solução da sobrevivência, onde grupo social, recursos e meio ambiente se 
combinam para determinar os hábitos de um povo. Para eles, as técnicas desenvolvidas para 
solucionar todos os tipos de empresa humana, que vão de uma simples pescaria às 
necessidades comunicativas, passando por todo tipo de engenhos que nos cercam é que 
definem propriamente a cultura. Aqui, podemos dizer que cultura equivale a soluções 
práticas para a existência humana. 
Outros autores entendem que a solução prática para a vida humana é uma 
conseqüência de outras capacidades, que muito maisdo que nos fazer capazes de fabricar 
instrumentos, nos faz diferentes de todas as outras espécies existentes. São as capacidades 
de criar, planejar, prever, avaliar, imaginar, atribuir significado e modificar a natureza não 
 
 
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apenas por necessidade de sobrevivência, mas por necessidade de se sentir bem. Podemos 
denominar isto de capacidade de simbolização. 
Não construímos o mesmo tipo de prédio para servir a qualquer uso, para cada 
fim encontramos uma arquitetura. Não é apenas pelos aspectos práticos que o fazemos, mas 
porque cada espaço deve carregar significados que orientem os indivíduos e os faça 
compreender como devem se comportar. Os templos são diferentes dos teatros, as casas 
diferentes dos escritórios (ou pelo menos deveriam ser!). A funcionalidade de cada um 
desses espaços é tão importante quanto o que nos faz sentir através de suas formas e cores. 
As formas de nossa casa nos transmitem sensações de pensamentos diferentes de um 
escritório ou de um templo, através dos símbolos que criamos para cada um deles. Para os 
autores que defendem a preponderância desse aspecto, cultura equivale à nossa incansável 
capacidade intelectiva de carregar o mundo de símbolos. 
Resposta a necessidades práticas, ou respostas a necessidades intelectivas, a 
cultura é uma forma de estarmos no mundo. Ela nos orienta em cada situação da vida 
social, como um modelo que recebemos e sobre o qual passamos a vida operando pequenas 
modificações. 
Vamos ver mais adiante, que algumas regras presentes nas culturas podem ser 
modificadas, suprimidas, desgastadas; enquanto outras são mais difíceis de negociar. “É 
assim, e pronto”. Ou seja, há aspectos mais dinâmicos e outros mais permanentes em cada 
cultura. 
Concluindo essa discussão, entre todas as definições de cultura que foram 
apresentadas, hoje em dia na Antropologia, o consenso gira em torno de nossa capacidade 
de simbolização. Temos necessidades tão importantes quanto a sobrevivência orgânica e a 
reprodução da espécie, que são necessidades psíquicas, intelectuais, espirituais, ou como 
você prefira chamá-las. Não somos apenas um “animal fabril”, somos um “animal 
simbólico”. 
Agora vamos retomar a visão do senso comum a respeito de cultura. Lembra-se 
que observamos que no uso cotidiano, cultura é um bem que pode ser adquirido, acumulado 
e assim distinguir as pessoas umas das outras? Pois é, na ciência esse pensamento é 
 
 
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considerado equivocado. Se cultura é algo que define nossa espécie, não existe ser humano 
que tenha ou não cultura, como não existe ser humano que tenha mais cultura que os outros. 
A cultura é algo que se realiza na vida social, que define a qualidade que essa convivência 
vai adquirindo, em um processo que nunca pára. Portanto, não existe um povo que tenha 
“mais cultura”, ou uma “cultura mais avançada”. 
Para afirmar isso, teríamos que escolher entre todas as culturas humanas, uma 
única que fosse tomada como medida e parâmetro para julgarmos todas as outras. E 
cientificamente, isso não é possível. Afirmar que a cultura do povo norte-americano é a 
melhor, por exemplo, significa colocar no centro a história um único povo, que todos os 
outros deveriam seguir como modelo – em todos os seus aspectos descritos acima como 
valores, idéias, soluções práticas e assim por diante. 
Então, aqueles que mais se aproximam da cultura deles seriam “avançados”, 
enquanto os que estivessem perdendo a corrida para se assemelhar seriam “atrasados”. Isso 
é um pensamento equivocado, pois será que a cultura tomada em sua totalidade pode ser 
julgada “boa” ou “avançada”? Você considera por exemplo, um “avanço” o fato dos 
hábitos alimentares norte-americanos serem responsáveis por uma população com 
problemas graves de obesidade e sobrepeso? Você considera ainda, um “avanço” a relação 
que esses mesmos indivíduos estabeleceram com o código de leis, que os leva a moverem 
processos uns contra os outros ao invés de tentar uma solução pelas vias normais do contato 
social? 
Quando uma única cultura passa a ser modelo e referência para o 
comportamento de todas as outras, o que temos não é um consenso. É um problema. O fato 
de que em cada lugar exista uma cultura diferente, não é algo que tenha que ser 
solucionado, isso é próprio de nossa espécie. A cada experiência social deve corresponder 
um conjunto de valores e práticas únicos. Nenhum povo pode repetir a história dos outros 
como se fosse uma receita. O mundo do trabalho no Brasil é diferente do argentino, do 
americano ou do europeu, e todos são diferentes entre si. O que promove essa diferença é a 
cultura. 
Vamos fazer uma metáfora usando a informática para auxiliar no 
aprofundamento dessa questão. A mente humana corresponde a um “disco rígido” 
 
 
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(hardware), que apesar de capaz de muitas tarefas, não consegue realizar nada sem um 
programa (software). Esse programa é a cultura. Cada sociedade desenvolve um tipo 
diferente de programa para disponibilizar aos seus indivíduos, que aprendem como operá-lo 
através do processo que denominamos de SOCIALIZAÇÃO. 
É por isso que em cada cultura os indivíduos reagem todos mais ou menos da 
mesma forma em relação a uma situação. Faz parte da cultura brasileira torcer para os times 
e a seleção de futebol. Já nos Estados Unidos, esse esporte não mobiliza o interesse da 
população, que se interessa muito mais por um esporte quase ausente no Brasil que é o 
beisebol. Interesse é uma das formas de expressão do que estamos chamando aqui de 
VALORES. Cada cultura valoriza o interesse de seus indivíduos por certos tipos de 
esportes, alimentos, vestimentas, crenças e assim por diante. Não é possível nos dedicarmos 
a tudo ao mesmo tempo. 
Cada povo uma cultura. Cada cultura um conjunto diferente de valores. 
Isso é o que chamamos de DIVERSIDADE CULTURAL. 
Em resumo, o conceito de cultura é utilizado em dois registros bem diferentes: 
o do senso comum e o da ciência antropológica. No primeiro caso, podemos notar que 
cultura é utilizada para distinguir numa sociedade aqueles que receberam uma educação 
mais refinada, e, portanto podemos discriminar pessoas ao dizer que “não tem cultura”. 
Para a antropologia, cultura é um conceito que define nossa imensa capacidade de criar 
diferentes soluções para a vida humana. 
Este é o campo de estudos da antropologia social. 
 
LEIA OS TEXTOS INDICADOS NA BIBLIOGRAFIA DESTE CONTEÚDO 
ANTES DE INICIAR OS EXERCÍCIOS PROPOSTOS. 
Tente pesquisar também sobre os temas abordados em artigos científicos disponíveis em 
vários sítios da Internet. 
 
 
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Questões aula 02 
20) A espécie humana é dotada de um mesmo equipamento biológico. Para se manter vivo, 
independente do sistema cultural ao qual pertença, ele tem que satisfazer um número determinado de 
funções vitais, como a alimentação, o sono, a respiração, a atividade sexual, etc. Mas, embora estas 
funções sejam comuns a toda a humanidade: 
A) não podemos afirmar que o ser humano é o mesmo como espécie, pois de um meio ambiente para outro 
temos variações genéticas. 
B) a maneira de satisfazer a todas essas funções varia de uma cultura para outra, o que demonstra que a 
cultura não faz parte de uma herança biológica. 
C) o ser humano depende inteiramente das condições climáticas e do ecossistema para sobreviver. 
D) independente do sistema cultural e das características do meio ambiente, a capacidade de adaptação é o 
que determina a sobrevivência da nossa espécie. 
E) cada

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