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Homem e Sociedade – material desenvolvido pela UNIP – disponível, também, para o aluno no site da universidade. 1 O Homem - principais visões sobre a origem humana: 1.1 o evolucionismo e o criacionismo. Neste item o aluno deve ter uma visão geral sobre o evolucionismo como explicação cientifica para as origens humanas, confrontando com as visões tradicionais do senso-comum e religiosas, que foram reforçadas com o surgimento do “criacionismo”. O debate principal entre evolucionismo e criacionismo gira em torno da aceitação ou não de dogmas como fatores explicativos do humano. Bibliografia: GUERRIERO, Silas (Org.). As origens do antropos, in Antropos e Psique - O outro e sua subjetividade. São Paulo: Ed. Olho D’água, 2000. LARAIA, Roque de Barros. Idéia sobre a origem da cultura, in CULTURA - Um Conceito Antropológico, Rio de Janeiro: JORGE ZAHAR, 2002. Para uma pesquisa complementar sobre o tema, recomendamos a leitura dos endereços eletrônicos a seguir. WEBGRAFIA: http://www.assis.unesp.br/~egalhard/evolucao.htm http://www.assis.unesp.br/~egalhard/humanev3.htm http://infonet.com.br/biologia/biologia.htm http://sti.br.inter.net/rafaas/biologia-ar/introducao.htm http://brazil.skepdic.com/criacionismo.html http://www.comciencia.br/200407/reportagens/16.shtml http://www.jornalinfinito.com.br/materias.asp?cod=130 http://www.jornalinfinito.com.br/series.asp?cod=112 http://www.geocities.com/gilson_medufpr/aims.html http://www.fortunecity.com/campus/biology/752/evol6.htm A EVOLUÇÃO HUMANA: http://www.assis.unesp.br/~egalhard/evolucao.htm http://www.assis.unesp.br/~egalhard/humanev2b.htm http://www.assis.unesp.br/~egalhard/humanev3.htm http://infonet.com.br/biologia/biologia.htm http://sti.br.inter.net/rafaas/biologia-ar/introducao.htm www.becominghuman.org (site em inglês, com filme) http://www.aultimaarcadenoe.com/biologia2d.htm CULTURA: Cultura – verbete da enciclopédia eletrônica Wikipédia http://pt.wikipedia.org/wiki/Cultura CONCEPÇÕES DE CULTURA – Ricardo HONÓRIO http://antropologia.com.br/divu/colab/d12-rhonorio.pdf O DEBATE “BIOLOGIA VERSUS CULTURA” NA DEFINIÇÃO DE SER HUMANO “Biologicamente cultural” – BUSSAB, Vera S. Raad; Fernando Leite RIBEIRO. http://pet.vet.br/puc/vera%20bussab.pdf http://www.assis.unesp.br/~egalhard/evolucao.htm http://www.assis.unesp.br/~egalhard/humanev3.htm http://infonet.com.br/biologia/biologia.htm http://sti.br.inter.net/rafaas/biologia-ar/introducao.htm http://brazil.skepdic.com/criacionismo.html http://www.comciencia.br/200407/reportagens/16.shtml http://www.jornalinfinito.com.br/materias.asp?cod=130 http://www.jornalinfinito.com.br/series.asp?cod=112 http://www.geocities.com/gilson_medufpr/aims.html http://www.fortunecity.com/campus/biology/752/evol6.htm http://www.assis.unesp.br/~egalhard/evolucao.htm http://www.assis.unesp.br/~egalhard/humanev2b.htm http://www.assis.unesp.br/~egalhard/humanev3.htm http://infonet.com.br/biologia/biologia.htm http://sti.br.inter.net/rafaas/biologia-ar/introducao.htm http://dponline.unip.br/manut/www.becominghuman.org http://www.aultimaarcadenoe.com/biologia2d.htm http://pt.wikipedia.org/wiki/Cultura http://antropologia.com.br/divu/colab/d12-rhonorio.pdf http://pet.vet.br/puc/vera%20bussab.pdf Homem e Sociedade – material desenvolvido pela UNIP – disponível, também, para o aluno no site da universidade. 2 “Transição para a humanidade” – Clifford GEERTZ http://www.arq.ufsc.br/urbanismoV/artigos/artigos_gc.pdf CONTEÚDO DO 1º BIMESTRE (PROVA B-1) O HOMEM 1.1- Principais visões sobre a origem humana: o evolucionismo e o debate das determinações biológicas versus processo cultural. Textos básicos: “As origens do antropos”, in GUERRIERO, Silas (Org.). ANTROPOS E PSIQUE. O outro e sua subjetividade. São Paulo: Ed. Olho D’água, 5ª. Ed., 2004. “O determinismo biológico”; “O determinismo geográfico”; “Idéia sobre a origem da cultura”, “Antecedentes históricos do conceito de cultura”, in LARAIA, Roque de Barros. CULTURA - Um Conceito Antropológico, Rio de Janeiro: JORGE ZAHAR, 17ª ed., 2005. pp 17-29; 53-63. Objetivos: neste item o objetivo é relacionar evolução biológica com comportamento cultural. O debate atual na Antropologia reforça a tese segundo a qual nossa espécie apenas evoluiu para as características biológicas atuais como o uso da inteligência, a postura ereta e as habilidades para fabricar instrumentos, SOB INFLUÊNCIA DIRETA de um comportamento cultural baseado em regras e na capacidade de simbolização. Ou seja, nossa evolução física foi influenciada pelo comportamento de nossos ancestrais, e vice-versa, até chegarmos ao que somos hoje. Se cultura é importante para compreender quem e como somos enquanto espécie, é importante você saber que o conceito de cultura sofreu mudanças históricas em sua interpretação. Essas mudanças são fundamentais para uma abordagem em que você possa distinguir visões consideradas cientificamente superadas, que, entretanto, fazem parte de noções comuns e muito presentes atualmente em defesas carregadas de preconceitos infundados e errôneos. http://www.arq.ufsc.br/urbanismoV/artigos/artigos_gc.pdf Homem e Sociedade – material desenvolvido pela UNIP – disponível, também, para o aluno no site da universidade. 3 Você está convidado a uma nova compreensão de ser humano, na qual o nosso aparato biológico tão fantástico (pensamos e fabricamos coisas) precisa do comportamento cultural para se realizar. Então, biologia e cultura se complementam. Vamos lá? Obs.: os textos indicados na bibliografia são fundamentais para o seu aprendizado, mas você pode dispor também de sugestões que estão disponíveis na Web. Lembre que esse material eletrônico é complementar, e não deve ser utilizado como única fonte de estudos. Sugestão de textos para estudos complementares disponíveis na Web: A EVOLUÇÃO HUMANA: http://sti.br.inter.net/rafaas/biologia-ar/introducao.htm http://biociencia.org (este sítio é especializado em biociência, portanto aproveite apenas o que é importante para a disciplina, acesse o “Projeto Evoluindo” e seus sub-tópicos) CULTURA: Cultura – consultar o verbete da enciclopédia eletrônica Wikipédia: http://pt.wikipedia.org/wiki/Cultura Antropologia e o desenvolvimento do conceito de cultura – consultar o verbete da enciclopédia eletrônica Wikipédia: http://pt.wikipedia.org/wiki/Antropologia Há também uma comunidade virtual de Antropologia no Brasil, onde você pode consultar textos e entrevistas. www.antropologia.com.br/ DESENVOLVIMENTO DO CONTEÚDO PRINCIPAIS VISÕES SOBRE A ORIGEM HUMANA: O EVOLUCIONISMO E O DEBATE DAS DETERMINAÇÕES BIOLÓGICAS VERSUS PROCESSO CULTURAL. Neste conteúdo são abordados temas e idéias como: - a teoria evolucionista e a explicação da biologia para a origem e evolução do ser humano; - a colaboração da teoria antropológica sobre a visão da biologia e do evolucionismo; a antropologia defende que a explicação puramente biológica é apenas uma parte de nossa complexa evolução – o papel do comportamento cultural também foi determinante para surgimento de nossa espécie como é hoje. - a antropologia afirma que é falsa a afirmação que o ser humano é determinado pelo clima ou pela herança genética; sim, as populações se adaptam a http://sti.br.inter.net/rafaas/biologia-ar/introducao.htm http://biociencia.org/ http://pt.wikipedia.org/wiki/Cultura http://pt.wikipedia.org/wiki/Antropologia http://www.antropologia.com.br/ Homem e Sociedade – material desenvolvido pela UNIP – disponível, também, para o aluno no site da universidade. 4 diferentes meio ambientes para sobreviver, mas não é o meio ambiente que determina nosso comportamento; sim, cada indivíduo é resultado de uma herança genética, o que não significa que é “escravo” dessa herança. Voltar às origens da cultura é também voltar à origem da humanidade.Ter costumes e hábitos aprendidos é um comportamento relacionado com a nossa sobrevivência e evolução enquanto espécie. O tema possibilita uma abordagem que ressalta a importância da compreensão do ser humano como um ser bio-psico-social, ou seja, somos seres cujo comportamento é determinado ao mesmo tempo: BIO - por nossas características orgânicas (o tipo de aparelho físico que temos e como podemos utilizá-lo); PSICO - por nossas experiências pessoais racionais e afetivas de mundo e; SOCIAL - pelo meio social onde vivemos. Parece a você que todo ser humano tem como qualidade inata (que nos pertence desde o nascimento) certos comportamentos como preferir alguns tipos de roupas ou alimentos, e ainda se comunicar através desta ou daquela língua? Pois a Antropologia, junto com outras ciências como a Arqueologia, a Paleontologia e a História, tem explorado profundamente essa questão sobre a diferença do Homem em relação ao resto do mundo animal que nos cerca. Até o momento puderam concluir que nosso comportamento é fruto de um processo histórico no qual BIOLOGIA e CULTURA modelaram nossos ancestrais. Esse trabalho conjunto entre nosso desenvolvimento biológico e a cultura foram responsáveis por tamanhas mudanças em nossa espécie, que hoje achamos um fato “natural” não necessitarmos entrar na “luta pela sobrevivência”, na “lei da selva”. Quem começou a inventar palavras para dar nomes às coisas, ou saber que alimentos são comestíveis e como devemos prepará-los? Quem inventou o primeiro tipo de Homem e Sociedade – material desenvolvido pela UNIP – disponível, também, para o aluno no site da universidade. 5 calçado, ou descobriu como fabricar o vidro? Enfim, como surgiu a cultura? Que importância decifrar esse fato pode ter para nossa compreensão de ser humano? Essas questões devem ser respondidas ao longo desse tema. No séc. XIX Charles Darwin (biólogo), afirmou que todas as espécies vivas resultam de uma EVOLUÇÃO ao longo do tempo. Isso significa, que se retornássemos em nosso planeta há milhões de anos atrás não encontraríamos as espécies conforme as vemos hoje. Cada ser vivo, para chegar até hoje, passou por sucessivas e pequenas transformações que possibilitaram sua sobrevivência; esse processo de mudanças orgânicas ocorre por necessidade de ADAPTAÇÃO AO MEIO. Consideremos que as condições do meio como clima, quantidade na oferta de alimentos e todas as questões relacionadas às condições ambientais, estão em constante mudança. Pois bem, as formas de vida existentes precisam acompanhar essas mudanças, estando sujeitas – segundo Darwin – a dois destinos: a) podem se adaptar e ao longo de muitas gerações apresentarem mudanças visíveis; b) não conseguem se adaptar, entrando em extinção. Quais são as espécies que conseguem se adaptar? São as que possuem alguns indivíduos do grupo dotados de características tais que o permitem sobreviver e gerar uma prole (conjunto de filhos/as) que dá continuidade a essas características. Os outros indivíduos de sua mesma espécie que não possuam tais características, não conseguindo “lutar” pela sobrevivência, têm mais chances de morrer sem deixarem descendentes. Assim, após muitas gerações, temos uma espécie que já não se parece com seu primeiro exemplar. A possibilidade da geração de uma prole com características que permitam a adaptação ao meio é, para os evolucionistas, chamada de “seleção natural” – sobrevivem apenas aqueles indivíduos com traços que os permitam a sobrevivência. Ao lado da seleção natural, as mutações aleatórias também são responsáveis pelas modificações de um organismo ao longo do tempo. Uma das dificuldades do senso-comum em aceitar as idéias evolucionistas, está no fato que não podemos “ver” a evolução acontecendo – apesar de ela estar sempre acontecendo -, isto é, não testemunhamos alterações expressivas, pois as mudanças são muito sutis e ao longo de períodos de tempo muito longos do ponto de vista do ser humano. Homem e Sociedade – material desenvolvido pela UNIP – disponível, também, para o aluno no site da universidade. 6 As alterações podem ser consideradas em intervalos de tempo não inferiores a cem ou duzentos mil anos. Portanto, muito além de qualquer evento que possamos acompanhar. Mas podemos acompanhar sim a luta pela sobrevivência e a mudança de hábitos em muitas espécies, como os pombos que povoam as cidades, mas não estão tão concentrados demograficamente nos campos. Essa espécie encontrou um ambiente ótimo nas cidades construídas pelos seres humanos, aprendendo rapidamente como obter abrigo e alimento, com a vantagem de estar livre de predadores como nas florestas e campos. Faz parte de sua evolução esse novo ambiente. Assim entendemos que a evolução biológica de todas as espécies vivas não acontece sem influencia de muitos fatores, não acontece de forma “mágica” e independente do tipo de meio e hábitos que podemos observar. Hoje em dia o darwinismo está com uma nova roupagem e temos teorias como o pós-darwinismo ou neo-darwinismo, que são conseqüência do desenvolvimento de nossa tecnologia de pesquisa, e do próprio conhecimento cujas portas foram abertas por Charles Darwin para seus sucessores. "O APARECIMENTO DO HOMO SAPIENS- uma espécie que trabalha" "DETERMINAÇÕES BIOLÓGICAS E PROCESSO CULTURAL" O homem descende do macaco. Essa foi a afirmação polêmica de Darwin na segunda metade do séc. XIX e que dividiu opiniões na sociedade moderna. Essa polêmica permanece até hoje, pois encontrou como opositor o ponto de vista de uma prática humana muito mais antiga que a teoria da evolução: a religião. Não conhecemos nenhuma crença, em nenhuma cultura que coincida e concorde totalmente com a afirmação de Darwin. Da perspectiva das crenças, a criação da vida é atribuída a um “ser criador”, a algo externo e superior a toda a vida existente. Ao conjunto de teorias e explicações que partem desse tipo de raciocínio, denominamos “criacionismo”. Pois bem, para pensar como Darwin e a maior parte dos cientistas até hoje, esqueça suas crenças. A ciência não reconhece como possível a existência de seres superiores que tenham dado origem à vida, e muito menos entende que o ser humano é uma espécie “privilegiada” ou “superior”, seja pela capacidade de raciocínio, seja pela capacidade de criar crenças. Homem e Sociedade – material desenvolvido pela UNIP – disponível, também, para o aluno no site da universidade. 7 Para os evolucionistas, todas as espécies vivas foram surgindo das transformações de outras já existentes, dando origem a novas espécies, enquanto outras se extinguiram. Os primeiros humanos, chamados cientificamente de hominídeos, surgiram das transformações de algumas famílias de símios que fazem parte dos chimpanzés. Nossa espécie surgiu devido a mudanças biológicas e ao surgimento da cultura. Que mudanças biológicas são essas que nos diferenciam dos símios? O aumento da caixa craniana que nos dotou de um volume cerebral muitas vezes maior que o de um macaco. A postura ereta, que possibilita utilizarmos apenas os membros inferiores para nos locomover. E o surgimento do polegar opositor, que possibilita a nossa espécie da capacidade do chamado “movimento de pinça”. É a partir dessas três características básicas que desenvolvemos inúmeras outras características fascinantes como a capacidade da fala ou ainda a de fabricar instrumentos para nossa sobrevivência. Mas essas características como inteligência, fala e indústria não teriam surgido em nossos ancestrais se não fosse a presença de um tipo de comportamento que ajudou a modelar o corpo de nossos ancestrais, que é o comportamento baseado na CULTURA. Ou seja, a necessidade de comunicação, cooperação e divisão de tarefas facilitou o desenvolvimento dessas características BIOLÓGICAS. Características biológicas: forma, funcionamento e estrutura do corpo.É a nossa anatomia, características herdadas biologicamente e que não são resultado da nossa escolha pessoal. Características culturais: todo comportamento que não é baseado nos instintos, mas nas regras de comportamento em grupo que nos permite transformar a natureza para a sobrevivência (trabalho), e nos permite atribuir significados e sentidos ao mundo através dos símbolos (a cor branco simboliza a paz, ou o tipo de vestimenta simboliza status). Durante muito tempo pensou-se que o ser humano já teria surgido plenamente dotado dessas características em conjunto. Hoje sabemos que nossa cultura foi determinante para modelar nossas características biológicas ao longo do tempo, e vice-versa. Nossos ancestrais foram lentamente se transformando em humanos, e essa espécie que somos Homem e Sociedade – material desenvolvido pela UNIP – disponível, também, para o aluno no site da universidade. 8 agora, foi aos poucos sofrendo pequenas transformações que ao longo de milhões de anos nos diferenciaram totalmente de qualquer ancestral símio. No início da história humana, nossos ancestrais eram muito semelhantes a um macaco. Tinham mais pelos pelo corpo, o cérebro era menor e a mandíbula maior. A postura não era totalmente ereta, e as mãos não tinham muita habilidade, pois o polegar ficava mais próximo dos outros dedos. O tamanho do cérebro foi aumentando muito devagar, como também a postura ereta surgiu gradualmente, e igualmente o polegar opositor não surgiu repentinamente. A cada geração, mudanças muito sutis transformaram a espécie, e nesse processo a cultura teve um papel fundamental, pois possibilitou ou exigiu que nosso ancestral desenvolvesse comportamentos capazes de mudar nossa estrutura biológica. Um exemplo: sabemos que o surgimento da fala tem relação com duas características que são a posição da laringe resultante da postura ereta e a utilização das mãos para trabalhos de fabricação de instrumentos. Ao fabricar os chamados instrumentos de “pedra lascada”, nosso ancestral permitiu operações mais complexas e passou a utilizar uma área do cérebro, que é a mesma que nos permite falar. É importante compreender que nossa espécie não é fruto de coisas inexplicáveis, mas resulta de um longo e lento processo de evolução, que significa mudanças ao longo do tempo. Essas mudanças por sua vez, são fruto de uma dura luta por parte de nossos ancestrais para sobreviver em condições pouco favoráveis e convivendo com espécies mais fortes e predadores mais bem preparados fisicamente para tal. Nossos ancestrais não tinham a mesma caixa craniana que temos hoje, e não eram tão inteligentes; não tinham a postura totalmente ereta, e não viviam em cidades. Eram mais uma espécie entre tantas outras, e o pouco que puderam fazer então determinou sua sobrevivência, e mais que isso, determinou COMO somos hoje. Sobreviveram lascando uma pedra na outra para conseguir objetos pontiagudos e cortantes que serviam como arma de caça, como raspador de alimentos ou qualquer utilidade para a vida humana. Dormiam em cavernas, ao invés de fabricar abrigos. Durante muito tempo o domínio do fogo era um mistério, portanto não comiam muitos alimentos cozidos. Nessa época não havia escrita, e os únicos vestígios de comunicação encontrados são as pinturas em cavernas (arte rupestre) e pequenas estatuetas representando figuras Homem e Sociedade – material desenvolvido pela UNIP – disponível, também, para o aluno no site da universidade. 9 femininas. Eram organizados em bandos que praticavam caça e coleta, por isso dependiam de deslocamentos constantes em busca de alimento. Durante quase quatro milhões de anos sobreviveram dessa forma, e nesse período de tempo nossa forma física foi se alterando, até que no chamado período “neolítico”, houve uma revolução. A “revolução neolítica” foi um período marcante em nossa evolução, durante o qual o ser humano desenvolveu técnicas determinantes para a história de nossa espécie: a agricultura e a domesticação de animais, que permitiram o sedentarismo (começamos a construir abrigos e povoados ao invés de habitar em abrigos naturais). A agricultura e a domesticação de animais significaram a garantia de alimentação dos grupos humanos, independente do sucesso na caça e coleta. Isso permitiu à nossa espécie se fixar por períodos prolongados em determinados lugares, formando aldeias e também colaborou para o crescimento demográfico. É nesse momento que o ser humano começa a TRABALHAR, e não mais viver da caça/coleta que o tornava dependente dos recursos nos territórios habitados. A introdução do trabalho como estratégia de sobrevivência, segue um padrão estabelecido em nossa evolução para obter resultados: a divisão de tarefas; a cooperação com o grupo; e a especialização. Essas características são importantes uma vez que possibilita que cada um de nós realize apenas um tipo de tarefa. Não é possível produzir sozinho tudo que necessitamos em nossa vida. Se não tivessem desenvolvido a capacidade de trabalho, baseado nos princípios acima, provavelmente, nossos ancestrais não teriam tido sucesso em sua evolução, e nenhum de nós estaria aqui hoje, compartilhando a condição se HUMANOS. Até hoje utilizamos essas habilidades de trabalho em grupo para viabilizar nossa existência social. A capacidade de dividir tarefas, cooperar e se especializar permite atingir objetivos com resultados mais efetivos e também possibilita um conjunto social com melhor qualidade de vida. O conjunto de tudo que o grupo social produz torna viável uma existência cultural, nos libertando da “lei da selva”. O trabalho humano se fundamenta em Homem e Sociedade – material desenvolvido pela UNIP – disponível, também, para o aluno no site da universidade. 10 características básicas como comunicação e cooperação. Fixando-se em um lugar, inaugurando o sedentarismo, o ser humano passa a viver em uma sociedade organizada. Mais alimentos disponíveis, mais segurança com as casas fabricadas, maior permanência do grupo, isso tudo levou a uma maior reprodução da espécie. Tais condições permitiram aos nossos ancestrais uma organização social mais complexa baseada na SOCIEDADE, e não mais em bandos. A comunicação também sofre uma revolução que foi o surgimento da ESCRITA. A partir da escrita e do surgimento das grandes civilizações da Antiguidade como Egito, Grécia e China, conhecemos exatamente como a humanidade se desenvolveu. Mas para chegar até esse ponto, nossos ancestrais percorreram um longo caminho. Ele é o resultado de um processo muito longo no tempo, e para os quais foram determinantes: a postura ereta, a capacidade craniana, o polegar opositor e a aquisição da fala. Entretanto, nenhuma dessas características nos valeria muita coisa se não tivéssemos desenvolvido um tipo de comportamento baseado em regras de convivência social, divisão de grupos em parentesco, divisão do trabalho e uma mente dotada de raciocínio lógico e abstrato ligado à criatividade e imaginação. Foram nossas capacidades de ORGANIZAÇÃO e COMUNICAÇÃO que definiram tal resultado, afastando nossa espécie do comportamento instintivo e determinando essa longa e rica viagem chamada HUMANIDADE. “Clifford GEERTZ – como a Antropologia evidencia a importância da cultura na evolução da espécie humana.” Silas GUERRIERO afirma na pg. 24 do texto “A origem do antropos”, indicado na bibliografia: “Como Geertz, podemos afirmar que a cultura é produto do humano, mas o humano é também produto da cultura. Não fosse essa extraordinária capacidade de articulação e fabricação de símbolos, provavelmente não teríamos sobrevivido e, se o tivéssemos conseguido, não teríamos diferenças anatômicas tão marcantes frente a nossos parentes mais próximos. Em outras palavras, não estaríamos aqui contando essa história.” Homem e Sociedade – material desenvolvidopela UNIP – disponível, também, para o aluno no site da universidade. 11 E Roque de Barros LARAIA, na pg. 58 do texto “Idéia sobre a origem da cultura” no livro “CULTURA – UM CONCEITO ANTROPOLÓGICO”: “A cultura desenvolveu-se, pois, simultaneamente com o próprio equipamento biológico e é, por isso mesmo, compreendida como uma das características da espécie, ao lado do bipedismo e de um adequado volume cerebral.” A leitura desses textos desenvolve a compreensão predominante atualmente na Antropologia, que o ser humano não teve uma evolução puramente biológica para nos capacitar de inteligência e postura ereta, mas antes, essa evolução BIOLÓGICA não foi independente de sua “parceira”, a CULTURA humana. - R. de Barros LARAIA discute se somos DETERMINADOS ou não pelo meio ambiente e pela herança genética : Da perspectiva biológica, o ser humano é uma única espécie. Somos todos partes de uma mesma família que foi dividida ao longo do tempo por sucessivas migrações. Esse movimento de populações resultou em aparências distintas para cada grupo populacional, popularmente conhecida como “raças humanas”. Vamos esclarecer alguns aspectos importantes. Cada indivíduo possui um fenótipo, que corresponde à aparência física. Entretanto somos portadores de genótipos, que são os genes que carregamos e podem ser determinantes nos resultados de nossa reprodução. Um indivíduo com o fenótipo “pele clara e olhos azuis” carrega genes com essa informação, mas também é portador de informações genéticas outras. Assim, cada indivíduo vai resultar de uma combinação genética de seus antepassados, formando um fenótipo próprio. Durante muito tempo a sociedade em geral, e a ciência, debateram sobre essa questão. Acreditava-se que a cada raça correspondia uma cultura. Dessa perspectiva ultrapassada, surgiram as teorias deterministas. O determinismo biológico defendia que a herança genética seria a responsável pelo comportamento diferenciado do ser humano dentro de cada cultura. Homem e Sociedade – material desenvolvido pela UNIP – disponível, também, para o aluno no site da universidade. 12 Bem, é importante ressaltar que esse tipo de afirmação logo encontrou “furos”, pois nem sempre a totalidade dos herdeiros de genes “brancos” ou “negros” apresentavam comportamentos semelhantes entre si. Multiplicavam-se os exemplos de comportamentos diferentes para pessoas da mesma “raça”. Assim, somou-se a esse equívoco científico um outro, que pretendia ser complementar ao anterior e preencher as lacunas explicativas. Trata-se do determinismo geográfico, que defendia que a ecologia (o meio ambiente) no qual essa ou aquela população se desenvolveu, também seria um fator DETERMINANTE para a cultura ali desenvolvida. Portanto, populações de lugares com clima muito quente, ou muito frio teriam sofrido influências que, somadas ao fator biológico, explicariam costumes, mentalidade, valores e tradições. Mesmo tendo sido totalmente desacreditadas pela ciência, esses determinismos ainda hoje permeiam a visão de mundo do senso comum. É fácil encontrarmos pessoas que atribuem ao clima, à vegetação, aos animais circundantes, e ao fenótipo de cada população a explicação sobre “porque essas pessoas desse lugar agem de tal forma”. Você mesmo deve estar se lembrando de muitos exemplos que condizem com esse esquema explicativo. Entretanto, é fundamental que você conheça os pressupostos com os quais a ciência humana contemporânea trabalha. TODOS OS SERES HUMANOS EXISTENTES HOJE DESCENDEM DE UM ÚNICO GRUPO HUMANO ORIGINÁRIO DO CONTINENTE AFRICANO. Essa é uma afirmação resultante de um século e meio de pesquisas, cujo material arqueológico foi mais recentemente reforçado pelo conhecimento genético. Não há como refutar que qualquer indivíduo humano, seja ele um esquimó, um indiano, um escocês, um dinamarquês, um japonês e assim por diante são descendentes de grupos oriundos da África. Sim, todos os indivíduos carregam genes desses primeiros agrupamentos humanos, apesar de terem fenótipos diferentes. Homem e Sociedade – material desenvolvido pela UNIP – disponível, também, para o aluno no site da universidade. 13 Portanto, somos uma mesma família, que foi desenvolvendo aparências distintas como resposta adaptativa ao meio. A geografia desempenhou um importante papel para a diversidade de tipos humanos? Sem dúvida! Ao longo do processo evolutivo, mudanças importantes ocorreram para permitir a sobrevivência de nossa espécie em diferentes meios. A quantidade de melanina na pele e a dimensão do aparelho nasal foram sendo modelados para permitir nossa sobrevivência. Como a grande família humana foi seguindo rumos diferentes, os grupos que migravam para esse ou aquele lugar, carregavam um conjunto genético que foi se estabilizando ao longo de séculos e séculos. Isso foi criando fenótipos próprios a cada população humana, que viveram praticamente isoladas umas das outras durante tempo suficiente para que fosse surgindo um tipo de “padrão” que chamamos etnia. Mas, até que ponto a essa herança biológica e essa influência do meio têm relação com a diversidade cultural? Leia novamente a questão. De fato, há um LIMITE para tal influência, e nem biologia, nem ecologia são isolados ou em conjunto a única explicação para o comportamento diferenciado do ser humano dentro de cada cultura. Portanto, NÃO EXISTE UMA DETERMINAÇÃO BIOLÓGICA / GEOGRÁFICA que sustente a explicação sobre a diversidade cultural. O que se aceita hoje é que esses são fatores importantes na relação do ser humano com o meio, seja para sobreviver, seja para se relacionarem uns com os outros. Mas não são determinantes. Vamos a exemplos? Tomemos o caso da “facilidade” de indivíduos afrodescendentes para o desempenho em alguns esportes, como o basquete ou atletismo e que é popularmente divulgado. Não há dúvidas sobre a base biológica que fundamenta essa associação. Mas vamos refletir melhor sobre o comportamento humano, e não apenas sobre seu legado biológico. Desculpe, mas vou formular a seguinte questão sem qualquer preocupação científica ou política. O que o senso comum diria a esse respeito: “Um indivíduo Homem e Sociedade – material desenvolvido pela UNIP – disponível, também, para o aluno no site da universidade. 14 descendente de brancos pode se desempenhar tão bem quanto um descendente de negros nesses esportes?” A resposta óbvia, para a qual há inúmeros exemplos é: Sim! Entretanto, vamos considerar o que se segue. O ser humano depende de desejos, estímulos e condições para chegar a objetivos. Concorda? Um indivíduo descendente de brancos que se determine a ser “exemplar” no basquete ou no atletismo pode atingir esse objetivo perfeitamente. Ele não necessita dos genes para ser isso ou aquilo. Basta que se dedique a aperfeiçoar o que deseja ser. O que ocorre é que um indivíduo com facilidades genéticas chega ao mesmo resultado com mais facilidades. Aquele que tem a genética “contra si”, precisa se dedicar mais para atingir igual resultado. Isso para qualquer coisa que você possa pensar. A genética e a geografia são elementos na relação do homem com o meio, e não fatores determinantes. Os genes podem ser facilitadores para certas coisas, mas acima de tudo está a determinação, os desejos e o investimento social que cada indivíduo pode dispor para desenvolver certas características de seu comportamento. O que explica a diversidade cultural, se não há determinismos? O ser humano é uma espécie moldável e criativa. Em cada grupo social, as respostas às necessidades e a qualidade dos vínculos sociais resultam de uma história que é única àquele grupo. Portadores das marcas da história, das experiências coletivamente vividas, das soluções criadas, cada grupo vai construindo um conjunto absolutamente único que é sua cultura. Vamos supor que você tomeuma parcela da população norte-americana de hoje e os coloque para viver durante um longo período de tempo em um outro local, com características ambientais muitos semelhantes às quais estão acostumados. Daqui a algumas gerações, se você for analisar esse grupo e o grupo de origem, poderá ver que existem características que os diferenciam. E assim se dá, quanto mais o tempo passa. Qualquer coletividade está sujeita a um destino próprio. E a cultura é o resultado, a cada momento, Homem e Sociedade – material desenvolvido pela UNIP – disponível, também, para o aluno no site da universidade. 15 dessa experiência de vida que não se repete exatamente com os mesmos eventos, da mesma forma em todos os lugares. A diversidade cultural é inerente ao ser humano. Onde quer que se forme um grupo social, o resultado será sempre o mesmo: uma cultura própria. - Para iniciar os exercícios propostos, leia os capítulos sugeridos na bibliografia deste conteúdo! Homem e Sociedade – material desenvolvido pela UNIP – disponível, também, para o aluno no site da universidade. 16 Questões aula 01 Exercícios obrigatórios 1) Assinale a alternativa correta. De acordo com as descobertas da arqueologia e da paleontologia, o homo sapiens-sapiens se desenvolveu: A) A partir da criação de uma espécie dotada de capacidades especiais, reproduzidas à imagem e semelhança de formas superiores e sobrenaturais, tendo permanecido estável e imutável através dos tempos com o destino de povoar e dominar o planeta. B) Como a forma mais sofisticada de evolução, sendo, portanto o resultado de um processo contínuo de progresso das espécies em direção a uma forma definitiva e superior de vida biológica, podendo ser tomada como modelo do projeto evolutivo pelo qual todas as espécies devem passar. C) A partir de transformações anatômicas sucessivas e formas de adaptação ao meio e às demais espécies, pertencendo a um grupo de espécies que desenvolveram uma capacidade simbólica como instrumento adaptativo e de organização das relações com o ambiente e com os demais indivíduos da espécie. D) A partir da evolução casual e súbita de uma família de símios que começou a gerar uma prole com cérebro avantajado e a postura ereta. E) Como resultado de uma evolução prevista, pois nenhuma outra espécie teria tido capacidade de desenvolver raciocínio, postura ereta e comportamento modelável pela cultura. 2) Entre as características de comportamento que estão associadas à nossa evolução para o humano, é ERRADO afirmar que foram determinantes: A) A capacidade de cooperar, a linguagem e a transformação da natureza. B) A acumulação de conhecimentos e a plasticidade de comportamento. C) A aquisição da postura ereta, o polegar opositor que capacita habilidades manuais e a caixa craniana em aumento progressivo. D) A sociabilidade, a socialização e a simbolização. E) Os instintos, a dificuldade de adaptação a novos meios, uma prole biologicamente evoluída. 3) A respeito do evolucionismo, podemos afirmar que: A) Os evolucionistas e antropólogos encaram a espécie humana como um exemplo especial da evolução uma vez que as outras espécies vivas evoluem muito mais lentamente pelo fato de não terem desenvolvido um cérebro equivalente ao nosso. Isso permitiu que nossa espécie sofresse modificações que dificilmente serão igualadas por qualquer outro ser vivo. B) Segundo o evolucionismo, todas as espécies conseguem evoluir, portanto não existe possibilidade de mudança na quantidade de espécies existente, e sim na sua condição biológica que sofre alteração a cada passo da evolução. C) A busca de restos humanos pré-históricos nos obrigou a considerar a evolução da espécie humana como um outro animal qualquer. Além disso, segundo essa teoria todas as espécies vivas são fruto de uma longa e lenta evolução, não apenas o ser humano. Devemos então compreender que o processo da vida é evolutivo, inacabado e sem um objetivo ou plano pré-definido. D) Para os evolucionistas, todo organismo EVOLUI. Evolução para eles significa que todas as espécies que evoluem se tornam necessariamente melhores, mais fortes e com organismos superiores aos que tinham há milhares de anos atrás. E) Segundo o evolucionismo, apenas as espécies superiores evoluem, enquanto as inferiores acabem sofrendo extinção. 4) Há muitas teorias que tentam sustentar a idéia de que a capacidade de agir culturalmente não faz parte de uma evolução, mas de uma prova de superioridade da espécie humana. Uma dessas teorias é a do “Ponto Crítico”, ou seja, que teria acontecido um “momento mágico” e não como conseqüência de uma evolução. Então, a partir desse momento teríamos sido subitamente capazes de pensar, falar, articular idéias e memória, enfim, adquirido todas as nossas habilidades humanas. Segundo LARAIA, Roque de Barros no capítulo “Idéia sobre a origem da cultura”, in CULTURA - Um Conceito Antropológico, a “Teoria do Ponto Crítico” pode ser: CIELE Realce CIELE Realce CIELE Realce Homem e Sociedade – material desenvolvido pela UNIP – disponível, também, para o aluno no site da universidade. 17 A) considerada errada, pois trata-se de uma tentativa de nos diferenciar dos macacos através da idéia segundo a qual o ponto critico foi uma exclusividade de nossos antepassados, que não seriam da mesma família que os símios. B) considerada errada, pois trata-se de uma impossibilidade científica, dado o fato que os vestígios da evolução demonstram que a natureza não age por saltos, e sim através de um longo e lento processo de pequenas modificações. C) considerada correta, uma vez que é a única forma de darmos uma explicação para o fato de que os macacos não evoluíram, e tendo passado pelo ponto crítico, o ser humano adquiriu habilidades superiores de uso dos membros e do cérebro. D) considerada correta, pois é comprovada cientificamente através de provas arqueológicas; foram descobertas duas gerações sucessivas de restos humanos, em que a mais antiga se assemelha mais a um macaco, e a geração seguinte já possui a nossa estrutura anatômica atual; portanto não houve evolução. Nossa espécie “surgiu” assim. E) considerada ultrapassada, pois hoje já sabemos que não houve apenas um ponto critico, mas vários momentos críticos; primeiro aquele em que fomos capazes de andar na postura ereta, e usar as mãos com habilidade, depois o momento em que adquirimos a capacidade da fala e da comunicação, e finalmente o momento em que passamos a viver em grupos com diferentes culturas. 5) Entre as características que definem e marcam as especificidades da espécie humana em comparação com as outras que nos cercam, podemos apontar: A) Organiza agrupamentos de indivíduos que definem formas coletivas e ordenadas de práticas, pensamento, comportamento, convivência e sobrevivência. B) É uma espécie que dependeu das características biológicas para definir a Humanidade. A única diferença entre o Humano e as outras espécies, pode ser resumida à evolução biológica de um cérebro capaz de efetuar operações complexas. C) Define-se coletivamente dentro de grupos que seguem a mesma história e que não se importam com as diferenças entre as diversas sociedades e culturas existentes. D) Trata-se de uma espécie que tem garantido em sua carga genética a capacidade de aprendizado e socialização, reproduzindo através do tempo sempre as mesmas respostas às mesmas necessidades. E) Enquanto as outras espécies tiveram pouca evolução cultural, a espécie humana teve pouca evolução biológica. Isso nos faz uma espécie diferente das outras. 6) Ao afirmar que “a cultura é produto do humano mas o humano é também produto da cultura”, GEERTZ citado no texto de Guerriero, S. “As origens do humano”, procura defender as seguintes idéias: A) Reflete sobre as diferenças entre ser humano e natureza; propõe que o humano produz culturaporque não evoluiu naturalmente. B) Propõe pensar que a cultura é produzida pelo ser humano, o que nos torna uma espécie diferente das outras; ao produzir cultura é que nos tornamos humanos. C) Defende a idéia de que não produzimos nada sem uma razão, portanto para existir cultura teve que se produzir o ser humano. D) A evolução é um processo contínuo, linear, cujo nível de complexidade caminha do mais simples ao mais elaborado, portanto ao produzir cultura o ser humano adquire uma posição superior em relação às outras espécies animais, incapazes de atingir essa evolução. E) Que nossa espécie produz cultura humana, enquanto outras produzem tipos de cultura diferentes; ao longo da evolução a produção da sobrevivência capacitou cada espécie para se diferenciar dos seres humanos. 7) Segundo a teoria evolucionista é correto afirmar: A) a espécie humana é uma das mais antigas existentes no planeta, tendo surgido praticamente no momento em que o nosso planeta resfriou o suficiente para permitir a existência de uma imensa diversidade biológica. B) nossa espécie é um exemplo de evolução; nenhuma outra espécie foi capaz de evoluir tanto quanto a nossa, por isso encontramos humanos que habitam em todas as partes do planeta, enquanto as outras espécies se restringem a territórios específicos. CIELE Realce CIELE Realce CIELE Realce Homem e Sociedade – material desenvolvido pela UNIP – disponível, também, para o aluno no site da universidade. 18 C) a espécie humana evoluiu de antepassados que foram adquirindo lentamente capacidades que os diferenciavam de um ancestral comum aos macacos, e nessa cadeia evolutiva podemos encontrar as famílias de Australopitecus, os Homo Habilis e os Homo Erectus. D) evoluir é uma medida da superioridade de uma espécie; assim, todas as espécies que sobreviveram à extinção podem ser consideradas melhores que seus antepassados. O melhor exemplo disso é o ser humano. E) cada espécie surgiu em um determinado momento, de acordo com a maior capacidade de sobreviver naquele ambiente; assim, nossos antepassados humanos tiveram que conviver com mamíferos como os dinossauros, pois ambos necessitam do mesmo tipo de condição climática e ambiental. 8) A cultura humana possui como características fundamentais que a diferencia dos hábitos e comportamentos que as demais espécies desenvolvem. Entre essas características é correto apontar: A) a flexibilidade perante o mundo; os grupos humanos mais evoluídos dominam a natureza e os outros grupos humanos dependem dos instintos. B) a imobilidade de seus elementos; uma vez que certo comportamento cultural é estabelecido não pode ser transformado, com risco de barrar a evolução humana. C) a capacidade de simbolizar o mundo através da linguagem; a troca de experiências e idéias; o pensamento abstrato e o aprendizado. D) a possibilidade de dominar uns aos outros, organizando grupos com uma hierarquia rígida; isto é o que nos permite evoluir. E) a vantagem do comportamento que elimina a necessidade de sobrevivência baseada nos instintos, e em seu lugar coloca a necessidade de sobrevivência baseada na evolução de nossa espécie. 9) Sobre as teses do determinismo biológico e geográfico, é correto afirmar: A) Ambas teses são verdadeiras, pois é perceptível que o comportamento humano é moldado conforme as características herdadas geneticamente e também às imposições do meio ambiente como o clima. B) Ambas teses são verdadeiras, quando o que está sendo considerado é a diversidade cultural. C) Ambas teses são falsas, uma vez que podemos perceber que em alguns casos somos determinados geograficamente, em outros casos, nosso comportamento é determinado biologicamente. D) Essas teses foram verdadeiras durante nossa evolução, mas depois que nos transformamos em humanos, elas perderam a importância. E) Ambas teses são falsas, pois o ser humano é também produto do meio social no qual se desenvolve, não sendo determinado biológica ou geograficamente. 10) "A população européia tem por característica a frieza nas relações sociais, enquanto no Brasil a população é conhecida pelo seu calor humano. Esta divergência cultural entre as populações européias e os brasileiros pode ser explicada pelas diferenças climáticas: as regiões frias determinam pessoas mais sérias e rígidas, enquanto o clima tropical favorece a alegria, a sensualidade e a descontração de nosso povo." Nestes fragmentos de afirmações podemos identificar idéias provenientes do: A) determinismo geográfico B) determinismo biológico C) determinismo cultural D) determinismo histórico E) determinismo psicológico Sugestão questão 10: Lembre-se de aplicar o seguinte raciocínio: podemos encontrar vários tipos de DETERMINISMOS: - O PSICOLÓGICO que tenta justificar todo e qualquer tipo de comportamento humano APENAS pelos fatores do psiquismo humano; - O ECONÔMICO que tenta justificar todo e qualquer tipo de comportamento humano APENAS pelos fatores de aproveitamento dos recursos e geração de riqueza; - O HISTÓRICO que tenta justificar todo e qualquer tipo de comportamento humano APENAS pelos fatores dos eventos passados e vividos por um povo; CIELE Realce CIELE Realce Homem e Sociedade – material desenvolvido pela UNIP – disponível, também, para o aluno no site da universidade. 19 - e assim por diante. O fato é que encontramos muitos pensamentos DETERMINISTAS em nossa sociedade. Para identificar corretamente os que estão em debate neste momento, associe os elementos presentes com sua origem. Sempre que os fatores presentes em cada explicação são clima, ambiente ou ecologia, trata-se do determinismo geográfico. Sempre que os fatores presentes em cada explicação são herança genética, sexo biológico, ou qualquer realidade orgânica de uma população, trata-se do determinismo biológico. 11) Analise os exemplos abaixo. Escolha os exemplos que CARACTERIZEM AS IDÉIAS DO DETERMINISMO BIOLÓGICO, muito presente em nosso dia-a-dia: I. Há algumas profissões que são exclusivamente masculinas já que as mulheres não possuem força física para executá-las como, por exemplo, ser peão de fazenda; II. A amamentação é tipicamente feminina, em nenhum lugar do mundo isto ocorre de outra maneira. Esta função é feminina e intransferível; III. As crianças e adolescentes com dificuldades escolares não aprendem porque são imaturas psicologicamente; IV. A maioria dos homens tem relações heterossexuais por uma questão educacional, religiosa, isto é, por questões histórico-culturais, e não em função do aparelho reprodutor masculino ou por questões hormonais; V. Em climas frios, os indivíduos são mais produtivos. A) As frases I, II e IV B) As frases II, III e IV C) As frases I e II D) As frases I, III e V E) As frases III, IV e V 12) Leia o texto abaixo, que se encontra incompleto, contendo três lacunas: Desde a Antigüidade os homens preocupam-se com a diversidade de modos de comportamento existentes entre os diferentes povos e tentam explicar tais diferenças, a partir das diferenças genéticas, hereditárias, raciais e também a partir das variações dos ambientes físicos. Porém as diferenças de comportamento entre os homens não podem ser explicadas pelas diversidades biológicas ou geográficas: tanto o ___________________ como o ___________________ são incapazes de explicar as diferenças entre os homens. Segundo a Antropologia, o comportamento dos indivíduos depende de um aprendizado que se realiza desde a infância, na cultura a que estão inseridos - um processo denominado ________________. Quais são os termos que completam na seqüência o parágrafo acima de modo correto? A) antropólogo; sociólogo; etnocentrismo B) determinismo biológico; determinismo geográfico; endoculturação. C) social; cultural; antropologia. D) determinismo biológico; etnocentrismo; cultura. E) estruturalismo;etnocentrismo; relativismo 13) Um menino e uma menina agem diferentemente em função de seus hormônios, e não em decorrência de uma educação diferenciada. A esse tipo de afirmação está corretamente associado o que se segue: A) Determinismo biológico B) Endoculturação (que é a educação dentro de uma cultura) C) Evolucionismo D) Determinismo Geográfico E) Etnocentrismo 14) Um menino e uma menina agem diferentemente em decorrência de uma educação diferenciada juntamente com seus hormônios, e não apenas em função dos hormônios; ou seja, de sua própria natureza. A esse tipo de afirmação está corretamente associado o que se segue: A) Determinismo biológico B) Endoculturação (que é a educação dentro de uma cultura) CIELE Realce CIELE Realce CIELE Realce CIELE Realce Homem e Sociedade – material desenvolvido pela UNIP – disponível, também, para o aluno no site da universidade. 20 C) Evolucionismo D) Determinismo Geográfico E) Etnocentrismo 15) Entre as características responsáveis por nos tornar diferentes das demais espécies vivas, Fritjot CAPRA (citado em GUERRIERO, Silas As origens do antropos, in Antropos e Psique - O outro e sua subjetividade), ressalta: A) a comunicação teve o papel mais importante para que pudéssemos criar o mundo da cultura; comparada às outras características, de nada valeriam se não nos comunicássemos. B) o tamanho do cérebro foi o fator mais importante e que garantiu as características humanas – viver em grupo, estabelecer regras e papéis e criar hábitos. C) o desenvolvimento das habilidades manuais para a fabricação de instrumentos capazes de transformar a natureza foi o ponto determinante. D) nenhuma das habilidades humanas faz sentido sem a capacidade de cooperação, pois de nada adiantaria nos comunicarmos sem agirmos coletivamente. E) segundo esse autor, a espécie humana não é diferente de todas as outras, pois todos os seres vivos modificam a natureza. 16) A explicação evolucionista mais aceita sobre a origem geográfica do ser humano afirma que: A) nossa espécie teve origem de algumas famílias de macacos da África, e só mais tarde surgiram os primeiros hominídeos no Norte (Europa) e Oriente Médio. B) o ser humano teria surgido ao mesmo tempo em dois pontos do globo – África e Europa – tendo se dispersado pelo resto do mundo a partir das eras glaciais. C) somos originários da Europa, por isso durante muito tempo ela foi chamada de o “velho continente”; dali partiram as correntes migratórias para o resto do globo. D) nossa espécie teve origem indeterminada geograficamente; as evidências fósseis são bastante confusas e não possibilita afirmarmos de onde viemos. E) o ser humano teve origem de algumas famílias de hominídeos africanos, que se dispersaram pelo globo em busca de alimento, adquirindo características locais em conseqüência da adaptação a diferentes ambientes. 17) Sabemos que o DNA dos humanos difere do DNA de um chimpanzé em apenas 1,6%, ou seja, somos 98,4% geneticamente idênticos. Mas, não há como negar que somos radicalmente diferentes desde a aparência até todas as realizações que nos faz reconhecermos por formar a HUMANIDADE. Qual a razão disto? A) Uma das razões é o fato de sermos fruto de um processo de evolução; já os símios (família dos macacos) não tiveram evolução. B) A razão de sermos tão diferentes está na origem de nossa espécie, que desde o início se diferenciou dos símios fisicamente e pelo uso da inteligência. C) O que nos diferenciou foi o desenvolvimento da capacidade de simbolização, ou seja, de adquirir cultura, que foi gradual, lento e contínuo durante um longo período de tempo, favorecido, e ao mesmo tempo favorecendo o crescimento cortical, a postura ereta, a visão bipolar a cores e o desenvolvimento da laringe. D) Nossa grande diferença física e anatômica, ou seja, as transformações corporais que tanto nos afastam dos grandes símios foram provocadas num “momento mágico” em que nossos ancestrais subitamente geraram filhos inteligentes e com aparência física diferente dos símios. E) Toda diferença entre os humanos e qualquer outra espécie é resultado da vontade divina. 18) Leia a seguinte frase de Roque de B. LARAIA, em seu livro “Cultura – um conceito antropológico”: “As diferenças existentes entre os homens, portanto, não podem ser explicadas em termos das limitações que lhes são impostas pelo seu aparato biológico ou pelo seu meio ambiente. A grande qualidade da espécie humana foi a de romper com suas próprias limitações: um animal frágil, provido de insignificante força física, dominou toda a natureza e se transformou no mais temível dos predadores. Sem asas, dominou os ares. Sem guelras ou membranas próprias, conquistou os mares. Tudo isto porque difere dos outros animais por ser o único que possui cultura.” (LARAIA, p. 24) Nesta frase o autor explica o que segue: A) que concorda com a tese do determinismo geográfico. B) que concorda que a evolução humana resultou em nossa incapacidade de adaptação a novos meios. Homem e Sociedade – material desenvolvido pela UNIP – disponível, também, para o aluno no site da universidade. 21 C) que discorda que houve evolução humana, mas apenas adaptação a novos meios. D) que discorda da tese do determinismo geográfico. E) que concorda parcialmente com a tese da evolução baseada na seleção dos mais aptos a sobreviver em climas extremos. 19) ENADE 2008 – Prova de FORMAÇÃO GERAL para todos os cursos (QUESTÃO 2) “ Quando o homem não trata bem a natureza, a natureza não trata bem o homem.” Essa afirmativa reitera a necessária interação das diferentes espécies, representadas na imagem a seguir. Depreende-se dessa imagem a A) atuação do homem na clonagem de animais pré-históricos. B) exclusão do homem na ameaça efetiva à sobrevivência do planeta. C) ingerência do homem na reprodução de espécies em cativeiro. D) mutação das espécies pela ação predatória do homem. E) responsabilidade do homem na manutenção da biodiversidade. CIELE Realce Homem e Sociedade – material desenvolvido pela UNIP – disponível, também, para o aluno no site da universidade. 22 CONTEÚDO DO 1º BIMESTRE (PROVA B-1) 2. A CULTURA 2.1 - O conceito de cultura através da história. O significado do termo cultura: senso comum e científico; a simbolização da vida social, a diversidade cultural e as culturas nacionais. A Antropologia e o estudo da cultura. Textos básicos: “O desenvolvimento do conceito de cultura”, “Teorias modernas sobre a cultura”, in LARAIA, R.B. CULTURA - Um Conceito Antropológico, Rio de Janeiro: JORGE ZAHAR, 17ª ed., 2005. pp 30-52; 59-64. “Primeiros movimentos”, “O Passaporte”, in ROCHA, Everardo. O QUE É ETNOCENTRISMO, São Paulo: Brasiliense, 19ª ed., 2004, pp. 23-55. “Os pais fundadores da etnografia – Boas e Malinowski”, in LAPLANTINE, F. APRENDER ANTROPOLOGIA, SP: Brasiliense, 2007. PP. 75-92 Objetivos: neste item o aluno deve ser capaz de confrontar as noções de cultura do senso- comum, que remetem a hierarquias sociais de educação e formação de valores, com a visão científica que universaliza a condição cultural humana. Identificar a importância da cultura como mediadora das relações humanas e nossa capacidade de comunicação através dos símbolos. Identificar a pesquisa antropológica como instrumento de aproximação entre diferentes universos culturais. DESENVOLVIMENTO DO CONTEÚDO Homem e Sociedade – material desenvolvido pela UNIP – disponível, também, para o aluno no site da universidade. 23 A antropologia propõe que a cultura é a base de nossa forma de encarar o mundo à nossa volta e dar formas e significados a ele. Vamos considerar que grande parte das coisas que realizamos em nosso dia-a- dia, incluindo planos pessoais e organização de regras de convivência, é resultado de um modelo coletivo de pensar como devemosser? Isto significa que aprendemos a estar no mundo, e não simplesmente somos “jogados” nele. Desde a língua que falamos para nos comunicar, até os símbolos que associamos a crenças, sonhos e mensagens, são criados de acordo com uma mentalidade coletiva comum. Esse “modelo” para nos comunicar e dar sentido ao que pensamos, é dado pela nossa cultura. E em cada uma das culturas humanas, aquilo que nos faz rir, chorar ou sonhar varia imensamente. “O CONCEITO DE CULTURA ATRAVÉS DA HISTÓRIA” A antropologia social tem como conceito central o conceito de CULTURA. Para refletir sobre a complexidade desse conceito, vamos começar tomando exemplos de como podemos encontrar o uso da palavra cultura em situações cotidianas. Normalmente as pessoas utilizam essa palavra em frases como: ”O brasileiro precisa valorizar mais sua própria cultura”; “Fulano é uma pessoa que tem muita cultura”; “A cultura desse lugar é muito atrasada”; “A cultura oriental é muito antiga”. Nesses exemplos já é possível percebermos a complexidade e a multiplicidade do uso que fazemos desse conceito. Precisamos começar a diferenciar quais são utilizações do chamado senso-comum e, por outro lado, como a ciência antropológica compreende e define cultura. De acordo com o uso popular, percebemos que existe uma concepção segundo qual cultura é uma questão de status e está muito relacionada com a aquisição de conhecimento letrado. Na frase “fulano é uma pessoa que tem muita cultura”, o sentido atribuído a esse conceito é que se trata de uma coisa possível de ser acumulada e que Homem e Sociedade – material desenvolvido pela UNIP – disponível, também, para o aluno no site da universidade. 24 distingue um indivíduo dos demais. A sociedade em geral pensa cultura como relacionada ao acesso a estudos clássicos e letrados. O conhecimento letrado é aquele que não faz parte da “escola da vida”, mas que se acumula no conhecimento transmitido por livros, autores, autoridades em cada assunto. Já numa outra situação como na frase ”o brasileiro precisa valorizar mais sua própria cultura”, há a preocupação em situar o conjunto da produção cultural e da história de nosso país. Comparam-se assim as chamadas “culturas nacionais”, e somos capazes de perceber que de uma sociedade para outra mudam regras, valores, arte, religião, folclore, culinária e assim por diante. Assim podemos ver que os limites políticos e geográficos que são as nações, podem compreender também culturas próprias. Vamos a outro de nossos exemplos. Na frase “a cultura desse lugar é muito atrasada”, existe uma nítida noção popular segundo a qual deve existir uma hierarquia entre as diferentes culturas, que vão das mais “atrasadas” às mais “avançadas”. Normalmente as pessoas se referem ao comportamento coletivo, à qualidade da vida social. Elas querem expressar a existência de culturas que permitem às necessidades sociais serem mais bem solucionadas, seja pelo nível de desenvolvimento tecnológico, ou pela chamada “educação do povo”, que nesse caso, nada mais significa que o acesso a informações e à cultura letrada. Finalmente, na frase “a cultura oriental é muito antiga”, surge a noção que cultura é algo que se acumula e se mantém (ou se perde) ao longo do tempo. Nesse caso, há a preocupação em pensar cultura como um conjunto de coisas (denominados “elementos da cultura”) que podem se transformar tradições, pois são mantidas ao longo do tempo; já outros elementos se transformam, dando a idéia de passagem do tempo. Para compreender essa multiplicidade de usos do conceito de cultura, é importante resgatar o processo histórico que transformou seu uso. É o que você poderá perceber com o texto que segue e utilizando a bibliografia indicada. ETIMOLOGIA DA PALAVRA CULTURA Homem e Sociedade – material desenvolvido pela UNIP – disponível, também, para o aluno no site da universidade. 25 * Até séc. XVIII, a palavra cultura existia APENAS com o registro de “agricultura”. * Em sua origem, o conceito de cultura demonstra já uma relação entre HABILIDADES HUMANAS e o domínio da natureza circundante. Agricultura é uma habilidade em observar o desenvolvimento das espécies vegetais e aperfeiçoar as condições para o bom desenvolvimento e o cultivo em larga escala. * Os diversos comportamentos culturais humanos, nesse registro demonstrariam nossa capacidade de manipular, aperfeiçoar, utilizar, consumir. Isso tudo aplicado ao UNIVERSO humano das coisas e idéias que nos cercam. COMO A PARTIR DO SÉC. XVIII A DEFINIÇÃO DA PALAVRA CULTURA SOFRE UMA GRANDE TRANSFORMAÇÃO A partir desse momento histórico, a palavra cultura adquire uma MULTIPLICIDADE de sentidos. Além de agricultura, hoje ela é associada a conhecimento, educação, costumes e tradições. Como se deu essa mudança? * Revoluções anteriores – séculos XV, XVI e XVII: * RENASCIMENTO * GRANDES NAVEGAÇÕES E A ENTRADA DO “NOVO MUNDO” NO MAPA MUNDI. * A mentalidade européia vem de um impacto e de profundas alterações econômicas e sociais (os lucros com as Colônias, o contato com outros povos); * Nesse contexto, o contato com outros povos prepara o momento seguinte, quando o conceito de cultura começa a ser associado a comportamento coletivo de um povo. Veja abaixo. Após isso, na FRANÇA E ALEMANHA surgem duas diferentes definições de cultura (séculos XVIII e XIX) * ALEMANHA – (cultura = “kultur”), idéia de que um povo cultiva suas tradições * FRANÇA – (cultura = “civilization”), preocupados em diferenciar pessoas/povos que cultivam a educação refinada (burguesa) Homem e Sociedade – material desenvolvido pela UNIP – disponível, também, para o aluno no site da universidade. 26 * Nos sécs. XVIII e XIX estavam em processo de criação os Estados nacionais, os países como conhecemos hoje. Era necessária a discussão sobre cultura, pois a classe dominante precisava algum apoio ideológico para convencer diferentes povos que a partir de então eles fariam parte de uma mesma “nação”. * Perceba como é nesse momento que a palavra cultura amplia seu significado, sendo associada TAMBÉM à idéia de COMO UM POVO CULTIVA SEU COMPORTAMENTO COLETIVO. Como observamos, dominamos e orientamos a conduta e o cultivo das relações sociais (registro alemão da palavra). * Também é nesse momento que a palavra cultura passa a ser associada com DISTINÇÃO SOCIAL, pessoas “civilizadas” e “cultas” e pessoas “atrasadas” e “incultas” (registro francês da palavra). Vale lembrar que o registro que o senso-comum tem hoje da palavra cultura, está bem próximo da forma como na França se desenvolveu esse conceito, você pode perceber isso? Pois bem, vamos retomar a definição de Antropologia, agora concentrados no conceito de cultura. Antropologia é uma ciência dedicada ao estudo do Homem. O radical latino “anthropos” significa Homem (Ser Humano), e “logia” é o estudo. Surge no séc. XIX empenhada em aprofundar o conhecimento científico sobre as chamadas “sociedades primitivas”, como eram chamadas as tribos e povos não-europeus, os nativos das Américas, Austrália e África. Para explicar a grande diferença de comportamento entre esses povos e os povos europeus, a Antropologia acabou se concentrando no conceito de cultura. Hoje, essa ciência não estuda apenas as tribos ou pequenas comunidades distantes dos centros desenvolvidos, mas qualquer ambiente social. Isso ocorreu, pois ficou comprovado que a diversidade cultural não gira apenas em torno de “povos primitivos” e Homem e Sociedade – material desenvolvido pela UNIP – disponível, também, para o aluno no site da universidade. 27 “povos civilizados”, mas está em toda parte onde haja contato entre dois povos que cultivam costumes e valores diferentes. E recentemente, em nossa história, com o início da chamada “globalização”, o contato entre pessoas e organizaçõescom diferentes referenciais de mundo, ou seja diferentes culturas, intensificou-se num ritmo frenético. Por isso compreender o conceito científico de cultura é tão importante. EDWARD TYLOR no final do século XIX, definiu cultura como "um conjunto complexo que inclui os conhecimentos, as crenças, a arte, a lei, a moral, os costumes e todas as outras capacidades e hábitos adquiridos pelo homem enquanto membro de uma sociedade". A essa definição, seguiram-se muitas outras, e hoje podemos encontrar centenas de formas diferentes para se referir ao mesmo conceito. Mas, por que essa falta de consenso na Antropologia? Vamos passar por alguns dos principais autores para compreender a complexidade do tema. A seguir, vários autores mostram sua definição para o conceito de cultura: Franz Boas (1930) - “A cultura inclui todas as manifestações dos hábitos sociais de uma comunidade, as reações do indivíduo na medida em que são afetadas pelos costumes do grupo em que vive, e os produtos das atividades humanas na medida em que são determinados por tais costumes”. Perceba como, na visão desse autor, o principal aspecto no conceito de cultura é a relação entre o indivíduo e a sociedade. Ou seja, “as reações do indivíduo na medida em que são afetadas pelos costumes do grupo em que vive” e mesmo tudo que o ser humano PRODUZ é influenciado pelos costumes, portanto, os COSTUMES fazem uma cultura. Para ele, os costumes (que são coletivamente construídos) influenciam os indivíduos e suas obras. Portanto, para Boas, tudo que um povo produz, seja essa produção material ou imaterial é resultado dos costumes que se formam nele. B. Malinoswski (1931) - “Esta herança social é o conceito central da antropologia cultural (...). Normalmente é chamada de cultura na moderna antropologia e nas ciências sociais. (...) A cultura inclui os artefatos, bens, procedimentos técnicos, idéias, hábitos e valores Homem e Sociedade – material desenvolvido pela UNIP – disponível, também, para o aluno no site da universidade. 28 herdados. Não se pode compreender verdadeiramente a organização social senão como uma parte da cultura”. Perceba como, na visão desse autor, a cultura é a TOTALIDADE do que um grupo social produz, ou seja, idéias, hábitos, valores e bens entre outras coisas. Para ele, a organização de uma sociedade (instituições, economia, religião) são uma parte da cultura. Portanto a política, as leis, enfim, o conjunto das obras humanas são todos elementos constituintes de uma cultura. W.H. Goodenough (1957) - “A cultura de uma sociedade consiste em tudo aquilo que se conhece ou acredita para influenciar de uma maneira aceitável os seus membros. A cultura não é um fenômeno material: não consiste em coisas, pessoas, condutas ou emoções. É melhor, uma organização de tudo isso. É a forma das coisas que as pessoas têm em sua mente, seus modelos de percebê-las, de relacioná-las ou de interpretá-las.” Perceba como, na visão desse autor, a cultura não CONSISTE EM COISAS (bens materiais), mas a cultura é um MODELO MENTAL, uma certa forma de interpretar o mundo. Clifford Geertz (1966) - “Se compreende melhor a cultura não como complexos de esquemas concretos de conduta – costumes, usos, tradições, conjuntos de hábitos – mas sim como planos, receitas, fórmulas, regras, instruções (o que os engenheiros de computação chamam de ‘programas’) e que governam a conduta”. Desenvolvendo ainda mais a mesma idéia do autor acima (Goodenough), Geertz indica que a cultura é um conjunto de planos e receitas que GOVERNAM A NOSSA CONDUTA. Traduzindo, todas as nossas atitudes, sejam elas de ordem prática ou de ordem afetiva seriam organizadas em nossa mente através da receita proporcionada pela nossa cultura. Para ele, a cultura é como um código, um conjunto de símbolos, que para conseguirmos interpretar precisamos ter o “segredo”, a “chave” para a interpretação. O Homem e Sociedade – material desenvolvido pela UNIP – disponível, também, para o aluno no site da universidade. 29 mundo é um grande código, um conjunto de símbolos “embaralhados” e a nossa cultura proporciona um entendimento desse mundo. Clifford Geertz, (1973) - “Cultura é um sistema simbólico, característica fundamental e comum da humanidade de atribuir, de forma sistemática, racional e estruturada, significados e sentidos às coisas do mundo”. Mais uma frase do mesmo autor acima, Geertz, que nos chama atenção para o fato que o pensamento simbólico é EXCLUSIVAMENTE HUMANO. A capacidade de interpretar símbolos é a base de nosso pensamento. Associamos símbolos a coisas, e organizamos o mundo em nossas mentes. Por exemplo, o animal “cão”. Para pensar no cão, criamos um símbolo que é o som da palavra cão, e ao pensar através de palavras, estamos pensando simbolicamente. Para Geertz, não existe nada no mundo que o ser humano deixe de atribuir um significado. Isso é o que explica a cultura humana. M. Harris (1981) – “A cultura se refere a um corpo de tradições sociais adquiridas que aparecem de forma rudimentar entre os mamíferos, especialmente entre os primatas. Quando os antropólogos falam de uma cultura humana normalmente se referem ao estilo de vida total, socialmente adquirido, de um grupo de pessoas, que inclui os modos pautados e recorrentes de pensar, sentir e atuar”. Veja como para esse autor, há a preocupação em ressaltar que a cultura existe de FORMA RUDIMENTAR entre os mamíferos, mas apenas entre os humanos ela é SOCIALMENTE ADQUIRIDA, não é herdada biologicamente. Anthony Giddens (1989) - “Cultura se refere aos valores que compartilham os membros de um grupo, às normas que estabelecem e os bens materiais que produzem. Os valores são ideais abstratos, enquanto que as normas são princípios definidos ou regras que as pessoas devem cumprir”. Homem e Sociedade – material desenvolvido pela UNIP – disponível, também, para o aluno no site da universidade. 30 Para Giddens, o conjunto de regras, valores e a produção de bens materiais é o que define o que é cultura. Em comum o que se pode perceber é a tentativa de abarcar todas as realizações humanas, representadas em dois níveis complementares que são as realizações materiais e as imateriais. Entre as materiais, podemos citar todo o universo de coisas fabricadas pelo ser humano, de arados até ônibus espaciais. Entre as imateriais estão nossas crenças, conhecimento, arte, idéias e todos os sentimentos. Os autores que enfatizam os aspectos materiais argumentam que eles são importantes uma vez que somos a única espécie a transformar a natureza de forma sistemática, mesmo quando não há necessidades que afetem a sobrevivência. Outros autores, entretanto, entendem que nossas maiores realizações estão contidas nos aspectos imateriais, uma vez que somos a única espécie dotada da capacidade de abstração (pensar em coisas que não estão presentes, criar, imaginar). Mas não usamos essas capacidades realizadoras de qualquer forma, e sim de acordo com regras, normas e hábitos estabelecidos coletivamente. O ponto sobre o qual parece haver muita polêmica é a visão que cada autor tem de ser humano. Aqueles que dão maior importância às nossas realizações materiais procuram ressaltar a nossa capacidade adaptativa, mostrando a cultura como sendo uma forma de solução da sobrevivência, onde grupo social, recursos e meio ambiente se combinam para determinar os hábitos de um povo. Para eles, as técnicas desenvolvidas para solucionar todos os tipos de empresa humana, que vão de uma simples pescaria às necessidades comunicativas, passando por todo tipo de engenhos que nos cercam é que definem propriamente a cultura. Aqui, podemos dizer que cultura equivale a soluções práticas para a existência humana. Outros autores entendem que a solução prática para a vida humana é uma conseqüência de outras capacidades, que muito maisdo que nos fazer capazes de fabricar instrumentos, nos faz diferentes de todas as outras espécies existentes. São as capacidades de criar, planejar, prever, avaliar, imaginar, atribuir significado e modificar a natureza não Homem e Sociedade – material desenvolvido pela UNIP – disponível, também, para o aluno no site da universidade. 31 apenas por necessidade de sobrevivência, mas por necessidade de se sentir bem. Podemos denominar isto de capacidade de simbolização. Não construímos o mesmo tipo de prédio para servir a qualquer uso, para cada fim encontramos uma arquitetura. Não é apenas pelos aspectos práticos que o fazemos, mas porque cada espaço deve carregar significados que orientem os indivíduos e os faça compreender como devem se comportar. Os templos são diferentes dos teatros, as casas diferentes dos escritórios (ou pelo menos deveriam ser!). A funcionalidade de cada um desses espaços é tão importante quanto o que nos faz sentir através de suas formas e cores. As formas de nossa casa nos transmitem sensações de pensamentos diferentes de um escritório ou de um templo, através dos símbolos que criamos para cada um deles. Para os autores que defendem a preponderância desse aspecto, cultura equivale à nossa incansável capacidade intelectiva de carregar o mundo de símbolos. Resposta a necessidades práticas, ou respostas a necessidades intelectivas, a cultura é uma forma de estarmos no mundo. Ela nos orienta em cada situação da vida social, como um modelo que recebemos e sobre o qual passamos a vida operando pequenas modificações. Vamos ver mais adiante, que algumas regras presentes nas culturas podem ser modificadas, suprimidas, desgastadas; enquanto outras são mais difíceis de negociar. “É assim, e pronto”. Ou seja, há aspectos mais dinâmicos e outros mais permanentes em cada cultura. Concluindo essa discussão, entre todas as definições de cultura que foram apresentadas, hoje em dia na Antropologia, o consenso gira em torno de nossa capacidade de simbolização. Temos necessidades tão importantes quanto a sobrevivência orgânica e a reprodução da espécie, que são necessidades psíquicas, intelectuais, espirituais, ou como você prefira chamá-las. Não somos apenas um “animal fabril”, somos um “animal simbólico”. Agora vamos retomar a visão do senso comum a respeito de cultura. Lembra-se que observamos que no uso cotidiano, cultura é um bem que pode ser adquirido, acumulado e assim distinguir as pessoas umas das outras? Pois é, na ciência esse pensamento é Homem e Sociedade – material desenvolvido pela UNIP – disponível, também, para o aluno no site da universidade. 32 considerado equivocado. Se cultura é algo que define nossa espécie, não existe ser humano que tenha ou não cultura, como não existe ser humano que tenha mais cultura que os outros. A cultura é algo que se realiza na vida social, que define a qualidade que essa convivência vai adquirindo, em um processo que nunca pára. Portanto, não existe um povo que tenha “mais cultura”, ou uma “cultura mais avançada”. Para afirmar isso, teríamos que escolher entre todas as culturas humanas, uma única que fosse tomada como medida e parâmetro para julgarmos todas as outras. E cientificamente, isso não é possível. Afirmar que a cultura do povo norte-americano é a melhor, por exemplo, significa colocar no centro a história um único povo, que todos os outros deveriam seguir como modelo – em todos os seus aspectos descritos acima como valores, idéias, soluções práticas e assim por diante. Então, aqueles que mais se aproximam da cultura deles seriam “avançados”, enquanto os que estivessem perdendo a corrida para se assemelhar seriam “atrasados”. Isso é um pensamento equivocado, pois será que a cultura tomada em sua totalidade pode ser julgada “boa” ou “avançada”? Você considera por exemplo, um “avanço” o fato dos hábitos alimentares norte-americanos serem responsáveis por uma população com problemas graves de obesidade e sobrepeso? Você considera ainda, um “avanço” a relação que esses mesmos indivíduos estabeleceram com o código de leis, que os leva a moverem processos uns contra os outros ao invés de tentar uma solução pelas vias normais do contato social? Quando uma única cultura passa a ser modelo e referência para o comportamento de todas as outras, o que temos não é um consenso. É um problema. O fato de que em cada lugar exista uma cultura diferente, não é algo que tenha que ser solucionado, isso é próprio de nossa espécie. A cada experiência social deve corresponder um conjunto de valores e práticas únicos. Nenhum povo pode repetir a história dos outros como se fosse uma receita. O mundo do trabalho no Brasil é diferente do argentino, do americano ou do europeu, e todos são diferentes entre si. O que promove essa diferença é a cultura. Vamos fazer uma metáfora usando a informática para auxiliar no aprofundamento dessa questão. A mente humana corresponde a um “disco rígido” Homem e Sociedade – material desenvolvido pela UNIP – disponível, também, para o aluno no site da universidade. 33 (hardware), que apesar de capaz de muitas tarefas, não consegue realizar nada sem um programa (software). Esse programa é a cultura. Cada sociedade desenvolve um tipo diferente de programa para disponibilizar aos seus indivíduos, que aprendem como operá-lo através do processo que denominamos de SOCIALIZAÇÃO. É por isso que em cada cultura os indivíduos reagem todos mais ou menos da mesma forma em relação a uma situação. Faz parte da cultura brasileira torcer para os times e a seleção de futebol. Já nos Estados Unidos, esse esporte não mobiliza o interesse da população, que se interessa muito mais por um esporte quase ausente no Brasil que é o beisebol. Interesse é uma das formas de expressão do que estamos chamando aqui de VALORES. Cada cultura valoriza o interesse de seus indivíduos por certos tipos de esportes, alimentos, vestimentas, crenças e assim por diante. Não é possível nos dedicarmos a tudo ao mesmo tempo. Cada povo uma cultura. Cada cultura um conjunto diferente de valores. Isso é o que chamamos de DIVERSIDADE CULTURAL. Em resumo, o conceito de cultura é utilizado em dois registros bem diferentes: o do senso comum e o da ciência antropológica. No primeiro caso, podemos notar que cultura é utilizada para distinguir numa sociedade aqueles que receberam uma educação mais refinada, e, portanto podemos discriminar pessoas ao dizer que “não tem cultura”. Para a antropologia, cultura é um conceito que define nossa imensa capacidade de criar diferentes soluções para a vida humana. Este é o campo de estudos da antropologia social. LEIA OS TEXTOS INDICADOS NA BIBLIOGRAFIA DESTE CONTEÚDO ANTES DE INICIAR OS EXERCÍCIOS PROPOSTOS. Tente pesquisar também sobre os temas abordados em artigos científicos disponíveis em vários sítios da Internet. Homem e Sociedade – material desenvolvido pela UNIP – disponível, também, para o aluno no site da universidade. 34 Questões aula 02 20) A espécie humana é dotada de um mesmo equipamento biológico. Para se manter vivo, independente do sistema cultural ao qual pertença, ele tem que satisfazer um número determinado de funções vitais, como a alimentação, o sono, a respiração, a atividade sexual, etc. Mas, embora estas funções sejam comuns a toda a humanidade: A) não podemos afirmar que o ser humano é o mesmo como espécie, pois de um meio ambiente para outro temos variações genéticas. B) a maneira de satisfazer a todas essas funções varia de uma cultura para outra, o que demonstra que a cultura não faz parte de uma herança biológica. C) o ser humano depende inteiramente das condições climáticas e do ecossistema para sobreviver. D) independente do sistema cultural e das características do meio ambiente, a capacidade de adaptação é o que determina a sobrevivência da nossa espécie. E) cada
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