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INICIAÇÃO em SEGUROS Ficha catalográfica elaborada pela Biblioteca da Escola de Negócios e Seguros E73i Escola de Negócios e Seguros. Diretoria de Ensino Técnico. Iniciação em seguros / Supervisão e coordenação metodológica da Diretoria de Ensino Técnico; assessoria técnica de Gerência de Planejamento e Escola Virtual. -- Rio de Janeiro: ENS, 2019. 34 p. ; 28 cm 1. Seguro – Teoria. I. Gerência de Planejamento e Escola Virtual. II. Título. 0019-2389 CDU 368.2:629.33(072) É proibida a duplicação ou reprodução deste volume, ou de partes dele, sob quaisquer formas ou meios, sem permissão expressa da Escola. REALIZAÇÃO ESCOLA DE NEGÓCIOS E SEGUROS SUPERVISÃO E COORDENAÇÃO METODOLÓGICA DIRETORIA DE ENSINO TÉCNICO ASSESSORIA TÉCNICA GERÊNCIA DE PLANEJAMENTO E ESCOLA VIRTUAL PROJETO GRÁFICO E DIAGRAMAÇÃO ESCOLA DE NEGÓCIOS E SEGUROS – GERÊNCIA DE PLANEJAMENTO E ESCOLA VIRTUAL PICTORAMA DESIGN RIO DE JANEIRO 2019 1ª EDIÇÃO A Escola de Negócios e Seguros promove, desde 1971, diver- sas iniciativas no âmbito educacional, que contribuem para um mercado de seguros, previdência complementar, capi- talização e resseguro cada vez mais qualificado. Principal provedora de serviços voltados à educação continuada para profissionais que atuam nessa área, a Escola de Negócios e Seguros oferece a você a oportunidade de compartilhar conhecimento e experiências com uma equipe formada por especialistas que possuem sólida trajetória acadê- mica. A qualidade do nosso ensino, aliada à sua dedicação, é o caminho para o sucesso nesse mercado, no qual as mudanças são constantes e a competitividade é cada vez maior. Seja bem-vindo à Escola de Negócios e Seguros. INICIAÇÃO EM SEGUROS 1. O SEGURO NO TEMPO 6 A EVOLUÇÃO DO SEGURO NO TEMPO 8 SISTEMA NACIONAL DE SEGUROS PRIVADOS – SNSP 10 2. PRINCÍPIOS BÁSICOS DO SEGURO 13 FINALIDADE DO SEGURO 14 DEFINIÇÕES DE SEGURO 14 ELEMENTOS BÁSICOS E ESSENCIAIS DO SEGURO 15 Risco 15 Segurado 17 Segurador ou Seguradora 17 Prêmio 18 Indenização 18 CARACTERÍSTICAS DO SEGURO 18 3. O CONTRATO DE SEGURO 20 DISPOSIÇÕES CONTRATUAIS 21 CARACTERÍSTICAS DO CONTRATO DE SEGURO 22 INSTRUMENTOS CONTRATUAIS 23 Proposta 23 Apólice 23 Outros Instrumentos Contratuais 24 SUMÁRIO INTERATIVO 5 UNIDADE INICIAÇÃO EM SEGUROS 4. OPERAÇÃO DE SEGURO 25 RISCOS COBERTOS 26 RISCOS NÃO COBERTOS OU EXCLUÍDOS 27 IMPORTÂNCIA SEGURADA (IS) OU LIMITE MÁXIMO DE GARANTIA (LMG) 28 PRÊMIO 29 PRAZO DE VIGÊNCIA DO SEGURO 29 SINISTRO 30 SALVADOS 30 INDENIZAÇÃO 30 FRANQUIA 31 CARÊNCIA 31 RESSARCIMENTO E SUB-ROGAÇÃO 32 REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS 33 6 UNIDADE 1 INICIAÇÃO EM SEGUROS ■ Compreender a importância do seguro ao longo da história da humanidade. ■ Entender o organograma do Sistema Nacional de Seguros Privados. Após ler esta unidade, você deverá ser capaz de: ■ Segmentar as instituições integrantes do Sistema Nacional de Seguros Privados. ■ Conhecer a função de cada órgão pertencente ao Sistema Nacional de Seguros Privados. TÓPICOS DESTA UNIDADE A EVOLUÇÃO DO SEGURO NO TEMPO SISTEMA NACIONAL DE SEGUROS PRIVADOS – SNSP O SEGURO no TEMPO 01 7 UNIDADE 1 INICIAÇÃO EM SEGUROS A luta por melhores condições de vida envolve, entre outros aspectos, a constituição de um patrimônio e de uma renda familiar, os quais são acu- mulados em anos de trabalho e que podem ser perdidos, de uma hora para outra, em virtude da exposição a riscos imprevisíveis e inevitáveis. A necessidade de proteção contra o perigo, a incerteza quanto ao futuro e a possibilidade de perdas dos bens e da receita da família e do indivíduo acompanham o Homem em sua evolução. Outras curiosidades Cerca de 2.500 anos antes de Cristo, os cameleiros da Babilônia, preocupados com as constantes perdas nas caravanas, instituíram uma forma mutualística de amparar o com- panheiro prejudicado, mediante um acordo, através do qual as perdas ocorridas durante a expedição seriam rateadas entre todos. Os navegadores fenícios e hebreus também rateavam os prejuízos ocorridos durante as suas viagens, principalmente nos mares Egeu e Mediterrâneo. No século XII d.C., surgiu uma modalidade de seguro chamada de Contrato de Dinheiro a Risco Marítimo, em que um financiador emprestava ao navegador o dinheiro no valor da embarcação. Se a embarcação se perdesse, o navegador não devolvia o dinheiro em- prestado, mas, se a embarcação chegasse intacta ao seu destino, o dinheiro emprestado era devolvido ao financiador, acrescido de juros. No mesmo século XII, o Papa Gregório IX proibiu a realização de Contratos de Dinheiro a Risco Marítimo e, consequentemente, surgiu uma forma similar de seguro denominada Feliz Destino, no qual um banqueiro comprava a embarcação, com a previsão de recom- pra pelo vendedor. Se a embarcação chegasse sem sofrer qualquer sinistro, a Cláusula de Recompra era acionada, e o banqueiro revendia a embarcação ao proprietário original por um valor maior. Se a embarcação e/ou a carga se perdesse, o dinheiro adiantado pelo banqueiro corresponderia à indenização pelo sinistro. Em 1347, surgiu em Gênova, Itália, o primeiro contrato de Seguro Marítimo, com a emissão de apólice de seguro. 8 UNIDADE 1 INICIAÇÃO EM SEGUROS A EVOLUÇÃO DO SEGURO NO TEMPO No século XVII, na França, foi criada uma associação de seguro denomi- nada Tontinas, cujos membros contribuíam durante um período determinado e, após esse prazo, distribuíam os recursos apurados entre os sobreviventes. No Brasil, o seguro surgiu em 1808, em consequência da vinda da família real e da abertura dos portos às nações amigas, sendo a primeira segura- dora brasileira a Companhia de Seguros Boa-Fé, fundada em 24/12/1808, regulada e dirigida pela Casa de Seguros de Lisboa. Neste período, a ativi- dade seguradora era regulada pelas leis portuguesas. A Previdência Privada (atual Previdência Complementar) surgiu em 1835, com a criação do Mongeral – Montepio Geral de Economia dos Servidores do Estado. Em 1850, foi promulgado o Código Comercial Brasileiro; então, o segu- ro marítimo foi pela primeira vez estudado e regulado em todos os seus aspectos, sendo estabelecidos os direitos e deveres das partes contratan- tes. Este código foi de fundamental importância para o desenvolvimento do seguro no Brasil, incentivando o aparecimento de inúmeras segura doras, que passaram a operar não só com o seguro marítimo, expressamente previsto na legislação, mas também com o seguro terrestre. Porém, esse Código foi parcialmente revogado pelo Código Civil – Lei 10.406, de 10 de janeiro de 2002. “Tranquilidade” foi a primeira companhia de Seguros de Vida autorizada a funcionar no Brasil, em 1855, com sede no Rio de Janeiro, e a primeira a comercializar Seguro de Vida. Foi o Decreto 4.270, de 1901, que regulou as operações de seguros no Brasil e criou as Inspetorias de Seguros, subordinadas ao Ministério da Fazenda. Saiba mais Outros fatos importantes para o mercado segurador Em 1916, ocorreu o maior avanço de ordem jurídica no campo do contrato de seguro com a promulgação do Código Civil Brasileiro (substituído pelo atual Código Civil Brasileiro de 2002). Nele, foram fixados os princí- pios essenciais do contrato de seguros e disciplinados os direitos e obrigações das partes, de modo a evitar e dirimir conflitos entre os interessados. Foram esses princípios fundamentais que garantiram o desenvol- vimento da instituição do seguro. Em 1929, surgiu a capitalização, com a criação da SulAmérica Capitalização S.A. No ano de 1932, foi fundado o 1º Sindicato dos Corretores de Seguros e, em 1933, foi fundado o 1º Sindicato das Seguradoras, ambos no Rio de Janeiro. 9 UNIDADE 1 INICIAÇÃO EM SEGUROS O IRB – Instituto de Resseguros do Brasil–, hoje IRB-Brasil Resseguros S/A, foi fundado em 1939. Desde então, as entidades seguradoras passaram a ressegurar no IRB as responsabilidades que excedessem sua capacidade de retenção própria, que, através da retrocessão, passou a compartilhar o risco com as sociedades seguradoras em operação no Brasil. Em 1951, foi criada a FENASEG – Federação Nacional de Empresas de Seguros Privados e de Ca- pitalização –, entidade de representação sindical do mercado segurador. Em 1966, foi publicado o Decreto-Lei 73, que reformulou a política de seguros no Brasil e criou o SNSP – Sistema Nacional de Seguros Privados –, constituído pelo Conselho Nacional de Seguros Privados (CNSP); Superintendência de Seguros Privados (SUSEP); Instituto de Resseguros do Brasil (IRB); socieda- des autorizadas a operar em seguros privados; e corretores habilitados. Esse decreto-lei foi considera- do uma referência em termos de legislação, devido ao seu alcance e abrangência. Em 1968, foi fundada a FENACOR – Federação Nacional dos Corretores de Seguros Privados, de Capitaliza- ção, de Previdência Privada e das Empresas Corretoras de Seguros. O mercado de seguros, ciente das necessidades de formação técnica e aprimoramento das ciências do seguro, criou em 1971 a FUNENSEG – Fundação Escola de Negócios e Seguros –, responsável pelo ensi- no e divulgação do seguro no Brasil. Atualmente, a FUNENSEG chama-se Escola de Negócios e Seguros e é mante nedora da ESNS – Escola Superior Nacional de Seguros –, única instituição de ensino superior a oferecer curso de graduação em Administração com Ênfase em Seguros e Previdência. No ano de 1998, foi criado o Conselho de Recursos do Sistema Nacional de Seguros Privados, de Previdên- cia Complementar Aberta e de Capitalização – CRSNSP – como um órgão colegiado, integrante da estrutura básica do Ministério da Fazenda e que tem por finalidade o julgamento, em última instância administrativa, dos recursos de decisões dos órgãos fiscalizados do SNSP. Em 2007, em virtude da necessidade de um novo modelo de representação institucional, a FENASEG dividiu-se em quatro federações. Em agosto de 2008, foi criada a Confederação Nacional das Empresas de Seguros Gerais, Previdência Privada e Vida, Saúde Suplementar e Capitalização – CNseg –, em assembleia, pelas federações associati- vas. A CNseg é a entidade máxima de representação institucional do mercado segurador, entendido como o conjunto dos setores de seguros, Previdência Complementar Aberta, Saúde Suplementar e Capitalização, tendo como missão: ■ congregar as principais lideranças; ■ coordenar as ações políticas; ■ representar o mercado junto às instituições nacionais e internacionais; ■ elaborar o planejamento estratégico do segmento; e ■ desenvolver atividades comuns aos interesses das federações. Cabem às federações a execução das funções e o desenvolvimento de ações no interesse específico das áreas representadas, ou seja: ■ a FenSeg (Federação Nacional de Seguros Gerais) atua na área de Seguros Gerais; ■ a FenaPrevi (Federação Nacional de Previdência Privada e Vida) atua na área de Previdência Complementar Aberta; ■ a FenaSaúde (Federação Nacional de Saúde Suplementar) atua na área de Saúde Complementar privada; e ■ a FENACAP (Federação Nacional de Capitalização) atua na área de capitalização. 10 UNIDADE 1 INICIAÇÃO EM SEGUROS A FENASEG ainda continua sendo a entidade de representação sindical do mercado segurador. A ela estão filia- dos os oito Sindicatos Regionais: Bahia (Sergipe/Tocantins), Minas Gerais, Pernambuco (Norte/Nordeste), Paraná, Rio de Janeiro/Espírito Santo, Rio Grande do Sul, Santa Catarina e São Paulo. Em junho de 2012, a SUSEP iniciou a normatização e a regulamentação do Microsseguro, cuja operação tem um mercado principal estimado para atingir 128 milhões de brasileiros. SISTEMA NACIONAL DE SEGUROS PRIVADOS – SNSP O SNSP foi instituído pelo Governo Federal, por meio do Decreto-Lei 73/1966 (art. 8º): “Art. 8º Fica instituído o Sistema Nacional de Seguros Privados, regulado pelo presente Decreto-lei e constituído: a) do Conselho Nacional de Seguros Privados – CNSP; b) da Superintendência de Seguros Privados – SUSEP; c) dos resseguradores; (Redação dada pela Lei Complementar 126, de 2007) d) das Sociedades autorizadas a operar em seguros privados; e) dos corretores habilitados.” A promulgação da Lei Complementar 126, de 15/01/07, processou a aber- tura do resseguro, e, portanto, o IRB-Brasil Resseguros S/A deixou de ser o ressegurador único e, atualmente, existem vários outros resseguradores atuando no mercado. 11 UNIDADE 1 INICIAÇÃO EM SEGUROS ESTRUTURA DO SNSP – SISTEMA NACIONAL DE SEGUROS PRIVADOS Sociedades Autorizadas a Operarem em Seguros Privados Empresas de Resseguro Corretores de Seguros Entidades Abertas de Previdência Complementar CNSP CONSELHO NACIONAL DE SEGUROS PRIVADOS SUSEP SUPERINTENDÊNCIA DE SEGUROS PRIVADOS MINISTÉRIO DA ECONOMIA Importante CNSP – órgão governamental encarregado pela fixação das diretrizes e normas da po- lítica de seguros privados no Brasil. O CNSP será presidido pelo ministro da Economia e, na sua ausência, pela superintendente da SUSEP. SUSEP – órgão responsável pela regulação, supervisão, controle, fiscalização e incen- tivo das atividades do mercado de seguros, Previdência Complementar Aberta, Capita- lização e Resseguro (resseguradores, seguradoras, corretores de seguros, corretores de resseguro). É uma autarquia vinculada ao Ministério da Economia. A esse órgão, são encaminhadas as denúncias dos segurados contra as seguradoras, corretores de segu- ro e outros órgãos do mercado de seguros. Resseguradores – empresas legalmente constituídas com a finalidade de operar o resseguro, entendido como a transferência de riscos de uma seguradora para um ressegurador. Conforme disposições do artigo 4º da Lei Complementar 126/2007, as operações de resseguro e de retrocessão podem ser realizadas com os seguintes tipos de resseguradores: ■ ressegurador local – ressegurador sediado no país constituído sob a forma de socie- dade anônima, tendo por objeto exclusivo a realização de operações de resseguro e retrocessão; 12 UNIDADE 1 INICIAÇÃO EM SEGUROS ■ ressegurador admitido – ressegurador sediado no exterior, com escritório de representação no país, que, atendendo às exigências previstas na citada Lei Comple- mentar e nas normas aplicáveis à atividade de resseguro e retrocessão, tenha sido cadastrado como tal no órgão fiscalizador de seguros para realizar operações de resseguro e retrocessão; e ■ ressegurador eventual – empresa resseguradora estrangeira sediada no exterior sem escritório de representação no país que, atendendo às exigências previstas na citada Lei Complementar e nas normas aplicáveis à atividade de resseguro e retro- cessão, tenha sido cadastrada como tal no órgão fiscalizador de seguros para realizar operações de resseguro e retrocessão. Corretores de seguros – pessoas físicas ou jurídicas, intermediários legalmente autorizados a angariar e promover contratos de seguros entre as seguradoras e as pessoas físicas ou jurídi- cas de direito privado. Sociedades Autorizadas a Operarem em Seguros Privados (Seguradoras) – empresas legalmente constituídas sob a forma de sociedade anônima, que assumem e gerem os riscos de acordo com critérios técnicos e administrativos regulamentados pela SUSEP. Comentário O Sistema de Saúde Privado e Suplementar é da competência do Ministério da Saúde através do CONSU – Conselho Nacional de Saúde Suplementar e da ANS – Agência Nacional de Saúde Suplementar. O órgão que integra as empresas de capitalização é o Sistema Nacional de Capitaliza- ção (SNC). 13 UNIDADE 2 INICIAÇÃO EM SEGUROS ■ Definir seguro e compreender a sua finalidade. ■ Identificar os elementos básicos e essenciais do seguro. ■ Conceituar cada elemento básico e essencial do seguro.Após ler esta unidade, você deverá ser capaz de: ■ Conhecer as características inerentes ao seguro. ■ Dividir e classificar o seguro quanto à responsabilidade pela sua operação, quanto aos ramos e quanto à natureza. TÓPICOS DESTA UNIDADE FINALIDADE DO SEGURO DEFINIÇÕES DE SEGURO ELEMENTOS BÁSICOS E ESSENCIAIS DO SEGURO CARACTERÍSTICAS DO SEGURO PRINCÍPIOS BÁSICOS do SEGURO 02 14 UNIDADE 2 INICIAÇÃO EM SEGUROS FINALIDADE DO SEGURO O seguro foi criado em função da necessidade de proteção contra o peri- go, da incerteza do futuro e da imprevisibilidade dos aconteci mentos. Progressivamente, foi aperfeiçoado, constituindo-se atualmente em um mecanismo de atuação, também, no campo macroeconômico, uma vez que promove a acumulação de recursos, por meio da formação das reservas inerentes à atividade, além de contribuir para formar poupança interna e para gerar investimentos no país. A finalidade do seguro está, portanto, vinculada à proteção dos indivíduos, da família e da própria sociedade, podendo, assim, ser dita de natureza particular, mas que atinge, consequentemente, objetivo de ordem social, ao preservar condições de sustento individual ou familiar. Exemplo: quando um indivíduo morre, pode ser que sua família fique eco- nômica e financeiramente desamparada, o que vem a ser um problema de ordem social. O mesmo acontece em caso de invalidez, com a perda da capacidade laborativa do responsável pelo sustento da família. DEFINIÇÕES DE SEGURO Entre as diversas definições de seguro, destacamos as seguintes, por cita- rem em seu conteúdo os elementos básicos do seguro: “Contrato, pelo qual uma das partes se obriga, mediante cobrança de prêmio, a indenizar outra de um perigo ou prejuízo eventual.” (Aurélio Buarque de Holanda Ferreira) 15 UNIDADE 2 INICIAÇÃO EM SEGUROS “Operação pela qual, mediante o pagamento de uma pequena remuneração, uma pessoa se faz prometer para si ou para outrem, no caso da efetivação de um evento determinado, uma prestação de uma terceira pessoa que, assumindo um conjunto de eventos determinados, os compensa de acordo com as leis da estatística e o princípio do mutualismo.” (Hermard) As técnicas básicas utilizadas na operação de seguros e identificadas na definição de seguro de Hermard são as leis estatísticas e o princípio do mutualismo. ELEMENTOS BÁSICOS E ESSENCIAIS DO SEGURO Na estrutura da operação do seguro, são identificados cinco elementos básicos e essenciais previstos no contrato de seguro: o risco, o segurado, o segurador, o prêmio e a indenização. — Risco Evento incerto ou de data incerta que independe da vontade das partes contratantes e contra o qual é feito o seguro. O risco é a expectativa de sinistro. Sem risco, não faz sentido pensarmos em contratar um seguro. Sob o ponto de vista legal, o risco constitui o objeto do seguro, pois o segurado transfere à seguradora, através do seguro, o risco, e não o bem. Nas operações de seguro, risco é a possibilidade de ocorrência de um evento aleatório que cause dano de ordem material, pessoal ou mesmo de responsabilidades. Esse risco é assumido pela seguradora, que se obriga a indenizar a importância segurada na ocorrência do risco coberto, mediante o pagamento do prêmio do seguro realizado. As condições indispensáveis que definem o risco como sendo segurável são: Ser possível Segurar risco impossível seria o mesmo que admitir um contrato sem objeto. Exemplo: para contratar um Seguro de Automóveis, é necessá- rio que a pessoa tenha algum interesse segurável; no caso deste seguro, um veículo. Se a pessoa não possui um veículo próprio ou sob sua responsabilidade, não existe bem a ser segurado e, logo, também não há risco segurável; 16 UNIDADE 2 INICIAÇÃO EM SEGUROS Ser futuro Considera a possibilidade de um risco ocorrer. Então, eventos já ocorridos (sinistros) até o momento da realização do contrato não podem ser admitidos como riscos e, portanto, não são seguráveis. Exemplo: não se pode contratar um Seguro de Vida para garantir a morte de alguém já falecido, como também não se pode con- tratar o Seguro de Automóveis para garantir o roubo ou furto se o veículo já estiver desaparecido por roubo ou furto e assim suces- sivamente; e Ser incerto A natureza incerta ou aleatória do risco não pode ser dissociada do contrato do seguro. Logo, só se pode fazer seguro para garantir riscos incertos, que podem ou não ocorrer, ou, no caso de risco certo, que tenha data incerta para a ocorrência. Exemplo: uma pessoa que se atira de um avião, em pleno ar e em grande altitude, sem paraquedas, sabe as consequências que seu ato pode acarretar. Além das condições indispensáveis para que o risco seja segurável, há outras condições, encontradas na maioria dos ramos de seguro, para os riscos seguráveis, como: Independer da vontade das partes contratantes O risco deve ocorrer de forma acidental, e não intencional. Exemplo: se uma pessoa contrata um seguro de um imóvel para garantir os riscos de incêndio, queda de raio e explosão, e tem a intenção de incendiá-lo, está descaracterizando a incerteza quan- to à ocorrência dos danos pelo fogo; Resultar de sua ocorrência um prejuízo É necessário que o contratante tenha algum interesse segurável para que ele ou seu(s) beneficiário(s) venha(m) a receber indeniza- ção, ou seja, a ocorrência do risco deve comportar uma perda ou prejuízo financeiro. Exemplo: a ocorrência de um vendaval atingindo um imóvel e danificando-o estará gerando prejuízo financeiro; e Ser mensurável Se o risco não puder ser medido, a seguradora não poderá estabe- lecer um custo adequado para a sua aceitação. Exemplo: o risco de acidentes na construção civil é perfeitamente mensurável, pois existem dados estatísticos disponíveis que nos permitem entender e mensurar taxa para este tipo de evento. 17 UNIDADE 2 INICIAÇÃO EM SEGUROS — Segurado É a pessoa física ou jurídica que possui um interesse legítimo relativo a pessoa ou bem e que transfere à seguradora, mediante o pagamento do prêmio, o risco de um determinado evento atingir o bem ou a pessoa de seu interesse. Segurado é a pessoa em nome de quem se faz o seguro. Em situações específicas, conforme o tipo de seguro contratado, podem existir adicionalmente as figuras do estipulante e do beneficiário, assim qualificados: Estipulante É a pessoa física (natural) ou jurídica que contrata apólice coletiva de seguros, ficando investida dos poderes de representação dos segurados perante a sociedade seguradora nos termos da regula- mentação em vigor – art. 801 do Código Civil Brasileiro; e Beneficiário É a pessoa física (natural) ou jurídica designada pelo segurado para receber as indenizações devidas pelo segurador ou, ainda, as pessoas legalmente reconhecidas como habilitadas para este fim. Na maioria dos ramos de seguro, o segurado é o próprio estipulante e beneficiário do seguro. No Seguro de Vida, o segurado somente pode ser pessoa física. — Segurador ou Seguradora É a pessoa jurídica que assume a responsabilidade por riscos contratados e paga indenização ao segurado, ou ao(s) seu(s) beneficiário(s), no caso de ocorrência de sinistro coberto pela apólice. São empresas legalmente constituídas para assumir e gerir coletividades de riscos, obedecidos os critérios técnicos e administrativos específicos. No Brasil, são legalmente constituídas sob a forma de sociedades anôni- mas, devidamente autorizadas pelo Ministério da Economia, nos termos da legislação específica. Somente empresas ou sociedades organizadas por ações podem ser seguradoras. As principais obrigações da seguradora são gerenciar corretamente os riscos que lhe são confiados e pagar o prejuízo resultante de risco coberto assumido na ocorrência de sinistro, ou seja, indenizar o benefi- ciário de acordo com as condições estabelecidas no contrato. 18 UNIDADE 2 INICIAÇÃO EM SEGUROS — PrêmioÉ a quantia paga pelo segurado (ou estipulante, quando houver) à segura- dora, prevista no contrato de seguro, em troca da transferência do risco a que ele está exposto. É o mesmo que o custo ou o preço do seguro. O prêmio é um dos elementos essenciais do contrato de seguro, e a falta de seu pagamento nas condições legais e contratualmente esta- belecidas implica a dispensa da obrigação de indenizar por parte da seguradora, na forma do artigo 763 do Código Civil. Indenização É o pagamento devido pela seguradora ao segurado ou ao(s) benefi- ciário(s) do seguro, no caso de risco coberto na ocorrência do sinistro. É considerada como um dos elementos do seguro, por ser a contra- prestação da seguradora ao segurado caso ocorra um sinistro coberto. Assim, sendo, se por um lado o segurado tem por obrigação pagar um prêmio à seguradora quando contrata um seguro, por outro lado a seguradora tem por obrigação efetuar o pagamento de uma indenização ao segurado quando ocorre um risco coberto pelo contrato de seguro (sinistro). CARACTERÍSTICAS DO SEGURO As características básicas do seguro são: previdência, incerteza e mutualismo. Previdência O seguro oferece proteção às pessoas com relação a perdas e danos que venham a sofrer no futuro, atingindo a elas próprias ou às suas propriedades ou bens. Assim, verificamos que uma pessoa que se preocupa em resguardar a si ou a seus bens, contra os prováveis riscos a que estão expostos no seu dia a dia, adotando medidas de prevenção e/ou contratando seguro, está sendo previdente; Incerteza Na contratação do seguro, sempre há o elemento de incerteza, seja quanto à ocorrência (se vai acontecer), seja quanto à época (quando vai acontecer). Nos Seguros de Vida, a incerteza refere-se somente à época; e Importante A falta de pagamento do prêmio ou parcelas, nas condições estabelecidas, implica o cancelamento automático do contrato, independentemente de qualquer interpelação judicial ou extrajudicial. 19 UNIDADE 2 INICIAÇÃO EM SEGUROS Mutualismo É uma característica que se apresenta de diversas formas em nosso cotidiano, como, por exemplo, quando um grupo de estudantes se cotiza para realizar uma festa de formatura ao término de seu cur- so ou quando os condôminos incluem em suas cotas condominiais mensais um valor destinado à formação de um fundo de reserva para fazer face às despesas eventuais não orçadas de seu condomínio. Na atividade de seguros, entende-se por mutualismo a reunião de um gru- po de pessoas, com interesses seguráveis comuns, que concorrem para a formação de uma massa econômica, com a finalidade de suprir, em deter- minado momento, necessidades eventuais de algumas daquelas pessoas do grupo ou de parte do grupo. 20 UNIDADE 3 INICIAÇÃO EM SEGUROS ■ Compreender as disposições contratuais do seguro. ■ Relacionar e definir as características do contrato de seguro. Após ler esta unidade, você deverá ser capaz de: ■ Conhecer a divisão dos ramos de seguro. ■ Identificar e entender cada instrumento contratual do seguro. TÓPICOS DESTA UNIDADE DISPOSIÇÕES CONTRATUAIS CARACTERÍSTICAS DO CONTRATO DE SEGURO INSTRUMENTOS CONTRATUAIS O CONTRATO de SEGURO 03 21 UNIDADE 3 INICIAÇÃO EM SEGUROS DISPOSIÇÕES CONTRATUAIS O artigo 757 do Código Civil estabelece que contrato de seguro é um acordo em que o segurador se obriga, mediante o pagamento do prêmio, a garantir interesse legítimo do segurado, relativo à pessoa ou ao bem, contra riscos predeterminados. A operação de seguro se efetiva, portanto, através do contrato de seguro, representado pela exibição da apólice ou do bilhete de seguro e, na falta deles, por documento que comprove o pagamento do prêmio. O contrato é norteado por cláusulas expressas através de Condições Gerais, Condições Especiais e Condições Particulares, definidas pelos órgãos competentes do mercado segurador. As Condições Gerais são compostas pelo conjunto de cláusulas contra- tuais comuns a todas as modalidades e/ou coberturas de um mesmo ramo de seguro, que estabelecem as obrigações e direitos do segurado e do segurador. Elas dizem respeito a todos os contratos de um mesmo ramo de seguro, ou seja, são as cláusulas da apólice que têm aplicação geral aos riscos da mesma natureza. Exemplo: todos os seguros do Ramo Vida terão as Condições Gerais do Ramo Vida. As Condições Gerais deverão apresentar a definição dos termos técnicos utilizados no contrato de seguro. As Condições Especiais constituem o conjunto das disposições específi- cas relativas a cada modalidade e/ou cobertura de um ramo de seguro, que, eventualmente, alteram as Condições Gerais. São disposições inseridas na apólice que ampliam ou restringem parte das disposições constantes das Condições Gerais. 22 UNIDADE 3 INICIAÇÃO EM SEGUROS Exemplo: no Ramo Riscos Diversos, é sempre necessária a existência de Condições Especiais para definir as modalidades de cobertura. As Condições Particulares constituem o conjunto de cláusulas que alte- ram as Condições Gerais ou Especiais de um plano ou ramo de seguro, modificando ou cancelando disposições já existentes ou, ainda, introdu- zindo novas disposições e, eventualmente, ampliando ou restringindo a cobertura. Exemplo: a inclusão da cobertura para ressaca na modalidade de Seguro de Alagamento, do Ramo Riscos Diversos. CARACTERÍSTICAS DO CONTRATO DE SEGURO O contrato de seguro tem as seguintes características: Nominado Os contratos previstos em lei estão sob a classificação nominados, e contrato de seguro tem previsão nos artigos 757 a 802 do Código Civil Brasileiro; Adesão Porque implica ônus tanto para o segurado que paga o prêmio quanto para o segurador que, em caso de sinistro, paga as despe- sas que a ele estão relacionadas; Bilateral É assim definido, pois o segurado e o segurador detêm obrigações recíprocas; Oneroso Será sempre oneroso, ocorrendo ou não o sinistro, pois o segurado paga um prêmio, e o segurador sempre pagará uma indenização, havendo a ocorrência de um risco coberto; Aleatório Porque se encontra fundamentado na possibilidade de ocorrência ou não do risco; Formal ou solene São contratos que exigem formato previsto em lei; e 23 UNIDADE 3 INICIAÇÃO EM SEGUROS Da máxima boa-fé Pois obriga as partes a atuarem com a máxima honestidade na interpretação dos termos do contrato e na determinação do signi- ficado dos compromissos assumidos. INSTRUMENTOS CONTRATUAIS Para a efetivação do seguro, é indispensável a formulação de um contrato. Os instrumentos essenciais do contrato de seguros são a proposta e a apólice. — Proposta É o documento instruído pelo proponente do seguro, ou seu representante legal, e é utilizado pela seguradora para estudo e definição das condições do contrato de seguro. Trata-se de um formulário impresso, contendo um questionário detalhado a ser preenchido pelo segurado ou seu represen- tante de direitos. Por meio da análise dos elementos da proposta, a seguradora mensura o risco e avalia se poderá assumi-lo ou não. Sua finalidade é, portanto, satis- fazer uma necessidade técnica. A proposta é o instrumento formal da manifestação de vontade de quem quer efetivar um contrato de seguro. É importante frisar que a análise e a aceitação do risco, feitas pela segura- dora, tomam por base os dados da proposta; por isso, são de fundamental importância os dados ali contidos, considerando os princípios da boa-fé e a veracidade das declarações que caracterizam o contrato de seguro. A proposta é indispensável, conforme determinado no art. 759 do Código Civil Brasileiro, e os seus critérios de aceitação encontram-se regulamen- tados por legislações da SUSEP. — Apólice É o documento emitido pela seguradora e se traduz no contrato de seguro propriamente dito. 24 UNIDADE 3 INICIAÇÃO EM SEGUROS O art. 758 do Código Civil Brasileiro cita a apólice como segue: “O contrato de seguroprova-se com a exibição da apólice ou do bilhete de seguro, e, na falta deles, por documento comprobatório do pagamento do respectivo prêmio”. No que se refere às apólices, além das tradicionais utilizadas pelos diver- sos ramos de seguro, existem outros tipos que servem para atender a situações específicas. — Outros Instrumentos Contratuais Para complementar o contrato de seguro podem, ainda, ser adotados outros instrumentos contratuais, como a averbação, o bilhete de seguro, o endosso ou aditivo e o certificado de seguro. Averbação Documento emitido pelo segurado para informar à seguradora sobre bens e verbas a garantir, genericamente previstos nas apóli- ces abertas. É utilizada apenas em determinados tipos de seguros. Exemplo: em Seguros de Transportes, através de apólice de aver- bação ou aberta, na qual o segurado comunica à seguradora a realização dos seus embarques. Bilhete de seguro Documento jurídico emitido pela seguradora, que dispensa a obrigatoriedade da proposta e substitui a apólice. É utilizado para agilizar a contratação de determinada modalidade de seguro. Exemplos: DPEM – Bilhete de Seguro de Danos Pessoais Causa- dos por Embarcações ou por suas Cargas e DPVAT – Bilhete de Seguro para Danos Pessoais Causados por Veículos Automotores de Vias Terrestres. Endosso ou aditivo Documento emitido pela seguradora, com a concordância expres- sa e escrita do segurado ou de seu representante legal, pelo qual se altera um contrato de seguro. Exemplo: aumento de uma importância segurada, alteração de um dado pessoal do segurado, alteração de beneficiário. Certificado de seguro Documento emitido pela seguradora e enviado aos segurados, contendo a certificação da contratação do seguro. Exemplo: nos Seguros de Vida são emitidos certificados individuais. 25 UNIDADE 4 INICIAÇÃO EM SEGUROS ■ Distinguir os riscos cobertos dos riscos não cobertos ou excluídos. ■ Identificar os riscos excluídos, entendendo os motivos que implicam a exclusão. ■ Definir importância segurada (IS) ou limite máximo de garantia (LMG). ■ Identificar os tipos de prêmio de seguro e entender a sua composição matemática. ■ Reconhecer cada fator que integra as variáveis na formação do prêmio de seguro. Após ler esta unidade, você deverá ser capaz de: ■ Entender e identificar as diferenças das classificações quanto ao prazo de vigência do seguro. ■ Entender e identificar as fases integrantes ao processo de liquidação de sinistro, englobando aí a sub-rogação e o ressarcimento. ■ Compreender o que é franquia e distinguir as modalidades de franquia. TÓPICOS DESTA UNIDADE RISCOS COBERTOS RISCOS NÃO COBERTOS OU EXCLUÍDOS IMPORTÂNCIA SEGURADA (IS) OU LIMITE MÁXIMO DE GARANTIA (LMG) PRÊMIO PRAZO DE VIGÊNCIA DO SEGURO SINISTRO SALVADOS INDENIZAÇÃO FRANQUIA CARÊNCIA RESSARCIMENTO E SUB-ROGAÇÃO OPERAÇÃO de SEGURO 04 26 UNIDADE 4 INICIAÇÃO EM SEGUROS A operação do seguro envolve a necessidade de diversos conceitos, utilizados pelas seguradoras, bem como a adoção de critérios técnico-ad- ministrativos para atender a legislação. A seguir, estudaremos alguns desses conceitos, como a definição de ris- cos cobertos, riscos excluídos, valor matemático do risco. RISCOS COBERTOS São os riscos que a seguradora cobrirá em caso de sinistro, observadas as cláusulas e condições contratadas. Exemplos: ■ no Seguro de Vida, a morte do segurado por causa natural esta- ria coberta, levando a seguradora a proceder ao pagamento do capital segurado ao(s) beneficiário(s), respeitadas as cláusulas do contrato de seguro firmado; e ■ na cobertura de Incêndio, no Ramo Seguro Compreensivo Resi- dencial, estariam cobertos também os danos causados pela queda de raio na área do edifício segurado, gerando o pagamento de indenização ao segurado. 27 UNIDADE 4 INICIAÇÃO EM SEGUROS RISCOS NÃO COBERTOS OU EXCLUÍDOS São riscos não cobertos pelo contrato de seguro, podendo ser excluídos: Por força de lei De acordo com o art. 762 do Código Civil, são riscos excluídos aqueles decorrentes de atos ilícitos dolosos ou por culpa grave equiparável ao dolo praticados pelo segurado, beneficiário ou pelo representante legal, de um ou de outro. Nos casos de seguros contratados por pessoas jurídicas, a exclu- são aplica-se a atos ilícitos, dolosos ou culpa grave praticados pelos sócios controladores, seus dirigentes e administradores legais, beneficiários e seus respectivos representantes legais. Exemplo: Seguro de Transporte de carga roubada; Por força do contrato São riscos excluídos em função do ramo de seguro e para os quais a seguradora não tem interesse em conceder a cobertura securitá- ria na eventualidade de sua ocorrência. Exemplo: no Seguro de Automóvel (Casco), estão excluídos os danos causados ao veículo segurado cuja causa tenha sido tumulto; Riscos fundamentais ou catastróficos Devem ser tratados pelo Estado, pois podem dar margem a perdas desmensuradas, tanto de vidas quanto de bens materiais. Exemplo: risco de explosão nuclear que poderá ocasionar mortes e perdas de caráter catastróficos; e Riscos que constituem carteiras específicas Cada risco possui um ramo de seguro específico; portanto, riscos diferentes podem (e devem) ser objeto de apólices distintas. Exemplo: no Seguro de Vida, não estará coberto o roubo de um veículo. Para ter o risco de roubo do veículo coberto, o segurado deverá contratar um seguro do Ramo Automóvel (Casco). 28 UNIDADE 4 INICIAÇÃO EM SEGUROS IMPORTÂNCIA SEGURADA (IS) OU LIMITE MÁXIMO DE GARANTIA (LMG) A Importância Segurada (IS) é o valor monetário atribuído pelo con- tratante ao contrato de seguro, representando o limite máximo de responsabilidade da seguradora, para a cobertura contratada, a ser pago ou reembolsado por essa seguradora no caso da ocorrência de sinistro coberto pela apólice vigente na data do evento. O Limite Máximo de Garantia (LMG) é o valor fixado pela seguradora e representa o valor máximo a ser pago, com base na apólice, resultante de determinado evento ou série de eventos ocorridos na vigência da apólice, abrangendo uma ou mais coberturas contratadas. Especialmente nos Seguros de Vida, a importância segurada recebe o nome de capital segurado. Nos Seguros de Danos, a importância segurada é atribuída pelo segura- do, mas não deve ser superior ao valor do bem. No Seguro de Pessoas, como não se pode estimar o valor em risco, não há limite para determinação do capital segurado. Por isso, para evitar uma exposição demasiada ao risco, as seguradoras estabelecem um limite máximo de aceitação de capital segurado por vida. Nos Seguros de Automóveis (Casco), a SUSEP prevê duas formas de con- tratação de apólices, a saber: ■ valor determinado – é a modalidade que garante ao segurado, no caso de indenização integral, o pagamento do valor monetário definido na apólice, no ato da contratação do seguro, não estando sujeito a qualquer variação do valor de mercado do veículo; e ■ valor de mercado referenciado – é a modalidade que garante ao segurado, no caso de indenização integral (em moeda corrente nacional), o pagamento de quantia variável, determinada de acor- do com a tabela de referência previamente fixada na proposta do seguro, conjugada com fator de ajuste em percentual a ser aplica- do sobre o valor de cotação do veículo, na data da liquidação do sinistro. A tabela de referência e o valor de ajuste deverão constar da apólice do seguro, além de uma cláusula admitindo uma tabela alternativa, caso haja a interrupção ou extinção da publicação ado- tada na época da contratação do seguro. As seguradoras podem oferecer a contratação na modalidade Valor Deter- minado, na modalidade Valor de Mercado Referenciado, ou em ambas. O segurado deverá contratar o seguro na modalidade que desejar, dentre as oferecidas pela seguradora. Atenção Dependendo do ramo de seguro e observadasas disposições do Código Civil Brasileiro, a expressão “importância segurada” recebe outras denominações, sendo as mais comuns: “capital segurado”, “soma segurada”, “limite máximo de indenização”, “limite máximo de responsabilidade”, “limite máximo de garantia”. Fique sabendo O Código Civil determina que o valor da indenização não pode ultrapassar o valor do bem segurado no momento do sinistro. 29 UNIDADE 4 INICIAÇÃO EM SEGUROS PRÊMIO Um dos elementos básicos ou essenciais do seguro é o pagamento efe- tuado ao segurador, ou seja, é o custo do seguro. O prêmio deve ser especificado no contrato de seguro, garantindo que o segurador assuma a responsabilidade de determinado risco. Com o pagamento do prêmio, o segurado adquire o direito à indenização previamente combinada, desde que o sinistro corresponda a um risco coberto pelo contrato de seguro. O prêmio pago refere-se a todo o período de vigência do seguro. Entretan- to, as seguradoras denominam prêmio ganho (por elas) somente a parcela de prêmio relativa ao período de tempo do risco já passado. A falta de pagamento do prêmio nas condições estabelecidas implica, por parte da seguradora, a dispensa da obrigação de indenizar o segurado e o cancelamento automático do contrato. Os parâmetros gerais utilizados para calcular o prêmio são: prazo do seguro, importância segurada ou limite máximo indenização e expo- sição ao risco: ■ prazo do seguro – período de vigência do seguro; ■ importância segurada – limite máximo de garantia da seguradora; e ■ exposição ao risco – é consequência direta da probabilidade de ocorrência do sinistro (VM – Valor Matemático do Risco) e da severidade dos prejuízos, caso esse sinistro venha a ocorrer (CM – Custo Médio dos Sinistros). PRAZO DE VIGÊNCIA DO SEGURO De um modo geral, o prazo de vigência de um contrato de seguro é de 1 ano. Entretanto, nada impede que sejam contratados seguros com prazos inferi- ores ou superiores a 1 ano, dependendo das normas específicas de cada ramo e do apetite da seguradora por aquele risco. O prêmio do seguro é calculado, também, em função desse prazo. 30 UNIDADE 4 INICIAÇÃO EM SEGUROS SINISTRO É a ocorrência do risco previsto no contrato de seguro e que, legalmente, quando coberto, obriga a seguradora a indenizar. O sinistro é indenizável quando a cobertura para o risco pertinente está prevista no contrato de seguro. Processo de sinistro é o conjunto de documentos necessários para o exame da cobertura e a liquidação do sinistro. É o meio pelo qual se exa- minam a cobertura, os procedimentos, o cálculo da indenização e a documentação. Nos sinistros causados aos bens, geralmente o processo de sinistro abran- ge três etapas de operações interdependentes: ■ apuração de danos – consiste basicamente no levantamento da causa, natureza e extensão dos danos; ■ regulação de sinistros – análise do relatório ou certificado de vis- toria; e ■ liquidação de sinistros – conclusões da regulação, encerramento do processo com pagamento ou não de indenização, venda de salva- dos, se houver, e tentativa ou não de ressarcimento, quando cabível. SALVADOS Dá-se o nome de salvados a tudo que restar dos bens sinistrados e que tenha valor econômico para qualquer das partes contratantes. Consi- deram-se salvados tanto os bens que tenham ficado em perfeito estado quanto os parcialmente destruídos ou danificados, quando ocorre sinistro. INDENIZAÇÃO É o pagamento decorrente de um sinistro, que a seguradora faz ao segura- do ou aos seus beneficiários, observando as condições estabelecidas no contrato de seguro. A indenização é a contraprestação da seguradora, face ao pagamento do prêmio pelo segurado. 31 UNIDADE 4 INICIAÇÃO EM SEGUROS A característica indenitária (reparação de prejuízo) não existe nos Seguros de Pessoas. Exemplo: quando ocorre a morte do segurado, o pagamento efetuado pela seguradora ao beneficiário é igual ao capital segurado fixado na apó- lice. Este, porém, não corresponde, necessariamente, ao prejuízo sofrido pelo beneficiário interessado economicamente na vida do segurado. FRANQUIA É o valor, previsto na apólice, com o qual o segurado participará em caso de sinistro. Normalmente, a franquia serve para eliminar os pequenos sinistros, geradores de custos administrativos para a seguradora e que elevam os resultados estatísticos envolvidos nos cálculos dos prêmios. Em algumas modalidades, é prevista, através de cláusula específica, uma redução de prêmio do seguro em caso de aplicação de franquias diferenciadas. As franquias são fixadas a partir das perdas normais esperadas, geral- mente de valor reduzido e que podem ser suportadas pelo segurado. A franquia pode ser dedutível (forma mais conhecida de franquia, ado- tada nos Grupos Patrimonial, Automóveis, Transportes) ou simples (forma rara de franquia e pouco utilizada pelas seguradoras). A franquia dedutível é aquela cujo valor é deduzido de todos os prejuízos. A franquia simples é aquela que deixa de ser deduzida quando o prejuízo ultrapassa o seu valor. É pouco utilizada e, tecnicamente, tem aplicação adequada nas modalidades de seguro em que haja grande incidência de prejuízos inexpressivos em relação aos valores segurados. Na prática, quando não se especifica o tipo de franquia, trata-se de franquia dedutível. CARÊNCIA É o período de tempo que decorre entre o início de vigência de um contrato e o efetivo início de cobertura prevista no mesmo contrato, ou seja, é o prazo estabelecido no contrato durante o qual a seguradora não responde pela ocorrência do sinistro. 32 UNIDADE 4 INICIAÇÃO EM SEGUROS Exemplo: em um Seguro de Vida, pode ser incluída, pela seguradora, uma carência de três meses para a cobertura de morte natural. RESSARCIMENTO E SUB-ROGAÇÃO Ressarcimento é o reembolso a que a seguradora tem direito, no caso de uma indenização paga ao segurado, em consequência de um evento danoso provocado por terceiros. Sempre que o risco previsto no contrato de seguro ocorrer por força de um ato ilícito praticado por um terceiro, a seguradora, uma vez efetuado o pagamento da indenização, sub-roga-se nos direitos do segurado perante o terceiro causador de dano. A seguradora, na qualidade de sub-rogada nos direitos do segurado, pode se ressarcir até o valor da indenização paga. A maior ou menor probabilidade de ocorrência de sinistros provocados por um terceiro responsável e a eficácia da proposição de ação de regresso movida pelo segurador são variáveis que devem ser levadas em conta na mensuração da taxa de seguro. O processo de ressarcimento é, portanto, o exercício pela seguradora do direito adquirido com a sub-rogação. Como a transferência de direitos se opera por disposição de lei ou por convenção, a sub-rogação pode ser legal, convencional ou contratual, sendo o direito da sub-rogação da seguradora previsto no art. 786 do Código Civil Brasileiro. 33 REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS INICIAÇÃO EM SEGUROS REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS BARROS, Hamilcar S. C. de. Teoria geral do seguro. Rio de Janeiro: MIC/IRB, [s.d.]. FUNENSEG. Conceitos básicos de seguros. Assessoria técnica de Bruno Kelly e Nelson Flores Duarte. 11. ed. Rio de Janeiro: Funenseg, 2014. 88 p. FUNENSEG. Diretoria de Ensino Técnico. Teoria geral do seguro. Assessoria técnica de Bruno Kelly. 13. ed. Rio de Janeiro: Funenseg, 2014. 196 p. FUNENSEG. Diretoria de Ensino Técnico. Teoria geral do seguro I. Assessoria técnica de Bruno Kelly. 13. ed. Rio de Janeiro: Funenseg, 2014. 116 p. FUNENSEG. Diretoria de Ensino Técnico. Teoria geral do seguro II. Assessoria técnica de Bruno Kelly. 13. ed. Rio de Janeiro: Funenseg, 2014. 154 p. RIBEIRO, Paulo Gomes. História do seguro: um resumo. Rio de Janeiro: Funenseg, 1994. SOUZA, Antonio Lober Ferreira et al. Dicionário de seguros: voca- bulário conceituado de seguros. Rio de Janeiro: IRB-Brasil Re S/A/Funenseg, 2000. TEIXEIRA, Antonio Carlos. Contrato de seguro, danos, risco e meio ambiente. Rio de Janeiro: Funenseg, 2004 (T264 C). Sites www.economia.gov.br www.susep.gov.br https://ri.irbre.com http://www.economia.gov.br http://www.susep.gov.br https://ri.irbre.com O Seguro no TEMPO A Evolução do Seguro no tempo SISTEMA NACIONAL DE SEGUROS PRIVADOS – SNSP Princípios Básicos do Seguro FINALIDADE DO SEGURO Definições De SEGURO ELEMENTOS BÁSICOS E ESSENCIAIS DO SEGURO Risco Segurado Segurador ou Seguradora Prêmio Indenização CARACTERÍSTICAS DO SEGURO O Contrato de Seguro Disposições Contratuais CARACTERÍSTICAS DO CONTRATO DE SEGURO INSTRUMENTOS CONTRATUAIS Proposta Apólice Outros Instrumentos Contratuais Operação de Seguro RISCOS COBERTOS RISCOS NÃO COBERTOS OU EXCLUÍDOS IMPORTÂNCIA SEGURADA (IS) OU LIMITE MÁXIMO DE GARANTIA (LMG) PRÊMIO PRAZO DE VIGÊNCIA DO SEGURO SINISTRO SALVADOS INDENIZAÇÃO FRANQUIA CARÊNCIA RESSARCIMENTO E SUB-ROGAÇÃO referências bibliográficas
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