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Centro Universitário 
Municipal de São José 
 
 
CURSO CIÊNCIAS CONTÁBEIS 
 
DISCIPLINA: CONTABILIDADE I 
 
 
 
 
 
 
Prof. ISAIR SELL, Me. 
 
Agosto/2019 
 
 
Bem-aventurado o homem que acha sabedoria, e o homem que adquire conhecimento. 
Provérbios 3.13 
 
2
SUMÁRIO 
SIGLAS UTILIZADAS _________________________________________________________ 4 
1 A CONTABILIDADE _______________________________________________________ 5 
1.1 HISTÓRIA DA CONTABILIDADE _________________________________________________ 5 
1.2 DATAS COMEMORATIVAS DA CONTABILIDADE __________________________________ 10 
1.3 CADUCEU – Símbolo das Ciências Contábeis _____________________________________ 10 
1.4 CONCEITOS DE CONTABILIDADE ______________________________________________ 11 
1.5 OBJETO DA CONTABILIDADE _________________________________________________ 11 
1.6 OBJETIVO DA CONTABILIDADE ________________________________________________ 11 
1.7 FINALIDADE E APLICAÇÃO DA CONTABILIDADE __________________________________ 12 
1.8 TÉCNICAS CONTÁBEIS _______________________________________________________ 13 
1.9 ATRIBUTOS DA INFORMAÇÃO CONTÁBIL _______________________________________ 14 
1.10 USUÁRIO DA CONTABILIDADE ______________________________________________ 15 
1.11 ÁREA DE ATUAÇÃO DO CONTADOR __________________________________________ 16 
1.12 PRINCÍPIOS DE CONTABILIDADE _____________________________________________ 17 
1.13 OBRIGAÇÃO DE MANTER ESCRITURAÇÃO CONTÁBIL ____________________________ 21 
1.14 CONTADOR É INVESTIMENTO _______________________________________________ 26 
2 PATRIMÔNIO __________________________________________________________ 27 
2.1 BENS _____________________________________________________________________ 27 
2.2 DIREITOS__________________________________________________________________ 28 
2.3 OBRIGAÇÕES ______________________________________________________________ 28 
2.4 ASPECTO QUALITATIVO _____________________________________________________ 29 
2.5 ASPECTO QUANTITATIVO ____________________________________________________ 30 
2.6 REPRESENTAÇÃO GRÁFICA ___________________________________________________ 30 
3 CONTAS ______________________________________________________________ 32 
3.1 CONTA ___________________________________________________________________ 32 
3.2 REPRESENTAÇÃO GRÁFICA DA CONTA _________________________________________ 32 
3.3 FUNÇÃO DAS CONTAS _______________________________________________________ 33 
3.4 NATUREZA E SALDO DAS CONTAS _____________________________________________ 34 
3.5 CLASSIFICAÇÃO DAS CONTAS _________________________________________________ 34 
3.6 PLANO DE CONTAS _________________________________________________________ 36 
3.7 RESUMO EM FIGURA ________________________________________________________ 43 
4 ATOS E FATOS ADMINISTRATIVOS _________________________________________ 44 
4.1 ATOS ADMINISTRATIVOS ____________________________________________________ 44 
4.2 FATOS ADMINISTRATIVOS ___________________________________________________ 44 
4.2.1 FATOS PERMUTATIVOS _________________________________________________________ 45 
4.2.2 FATOS MODIFICATIVOS _________________________________________________________ 47 
4.2.3 FATOS MISTOS ________________________________________________________________ 48 
 
3
4.3 FONTES DO PATRIMÔNIO LÍQUIDO ____________________________________________ 50 
4.4 ORIGENS E APLICAÇÕES _____________________________________________________ 50 
4.5 SITUAÇÕES LÍQUIDAS PATRIMONIAIS __________________________________________ 52 
4.6 VARIAÇÕES DO PL __________________________________________________________ 55 
5 ESCRITURAÇÃO ________________________________________________________ 56 
5.1 FUNCIONAMENTO DA ESCRITURAÇÃO CONTÁBIL ________________________________ 56 
5.2 DETERMINAÇÃO DO DÉBITO E CRÉDITO ________________________________________ 57 
5.3 LANÇAMENTOS ____________________________________________________________ 58 
5.4 FÓRMULAS DE LANÇAMENTOS _______________________________________________ 59 
5.5 CORREÇÃO DE ERROS DA ESCRITURAÇÃO _______________________________________ 61 
5.6 LIVRO DIÁRIO ______________________________________________________________ 61 
5.7 LIVRO RAZÃO ______________________________________________________________ 63 
5.8 BALANCETE _______________________________________________________________ 63 
5.9 LIVROS UTILIZADOS NA ESCRITURAÇÃO ________________________________________ 64 
5.10 FORMALIDADES DOS LIVROS CONTÁBEIS DE ESCRITURAÇÃO _____________________ 65 
5.11 PERÍODO CONTÁBIL _______________________________________________________ 66 
5.12 APURAÇÃO DO RESULTADO CONTÁBIL _______________________________________ 67 
6 BALANÇO PATRIMONIAL_________________________________________________ 68 
6.1 ATIVO ____________________________________________________________________ 68 
6.2 PASSIVO __________________________________________________________________ 71 
6.3 PATRIMÔNIO LÍQUIDO ______________________________________________________ 72 
6.4 MODELO DE BALANÇO PATRIMONIAL __________________________________________ 75 
7 DEMONSTRAÇÃO DO RESULTADO _________________________________________ 76 
7.1 CONSIDERAÇÕES ___________________________________________________________ 76 
7.2 LEI Nº 6.404/76 ____________________________________________________________ 76 
7.3 ENCERRAMENTO DAS CONTAS DE RESULTADO __________________________________ 77 
7.4 MODELO DA DRE ___________________________________________________________ 79 
7.5 DESCRIÇÃO DAS CONTAS ____________________________________________________ 79 
8 EXEMPLO DE ESCRITURAÇÃO E APURAÇÃO _________________________________ 83 
REFERÊNCIAS _____________________________________________________________ 88 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
4
SIGLAS UTILIZADAS 
 
BP Balanço Patrimonial 
CFC Conselho Federal de Contabilidade 
CLT Consolidação das Leis do Trabalho 
CNAE Classificação Nacional de Atividades Econômicas 
 COFINS Contribuição Social para o Financiamento da Seguridade Social 
CPMF Contribuição Provisória sobre Movimentação Financeira 
CRCSC Conselho Regional de Contabilidade de Santa Catarina 
CSLL Contribuição Social sobre o Lucro Líquido 
CVM Comissão de Valores Mobiliários 
DRE Demonstração do Resultado do Exercício 
EPP Empresa de Pequeno Porte 
FASB Financial Accounting Standards Board 
FCPJ Ficha Cadastral da Pessoa Jurídica 
FGTS Fundo de Garantia por Tempo de Serviço 
GPS Guia da Previdência Social 
IASC International Accounting Standards Committee 
ICMS Imposto sobre Circulação de Mercadorias e Prestação de Serviços 
IN Instrução Normativa 
INSS Instituto Nacional de Seguridade Social 
IPTU Imposto sobre Propriedade Territorial Urbana 
IR Imposto de Renda 
IRF Imposto de Renda na Fonte 
IRPF Imposto de Renda – Pessoa Física 
IRPJ Imposto de Renda – Pessoa Jurídica 
ISS Imposto sobre Serviços 
LALUR Livro de Apuração do Lucro Real 
LC Lei Complementar 
ME Microempresa 
NBC Normas Brasileira de Contabilidade 
OS Ordem de Serviço 
PIS Programa de Integração Social 
PL Patrimônio Líquido 
RF Região Fiscal 
RFB Receita Federal do Brasil 
RIPI Regulamento do Imposto sobre Produtos Industrializados 
RIR Regulamento do Imposto de Renda 
RPS Regulamento da Previdência Social 
SA Sociedade Anônima 
SRF Secretaria da Receita Federal 
SRRF Superintendência Regional da Receita Federal 
TJLP Taxa de Juros a Longo Prazo 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
5
1 A CONTABILIDADE 
 
 Neste capítulo é apresentado um pouco da história da contabilidade. Apresenta-se o 
conceito, objeto, objetivo, técnicas, usuários, área de atuação, os pilares da contabilidade e 
dentre eles os princípios que são tão importantes para a escrituração dos atos e fatos 
contábeis. 
1.1 HISTÓRIA DA CONTABILIDADE 
 
 A história da contabilidade é tão antiga quanto a própria história da civilização. Está 
ligada às primeiras manifestações humanas da necessidade social de proteção à posse e de 
perpetuaçãoe interpretação dos fatos ocorridos com o objeto material de que o homem 
sempre dispôs para alcançar os fins propostos. 
 Deixando a caça, o homem voltou-se à organização da agricultura e do pastoreio. A 
organização econômica acerca do direito do uso do solo acarretou em separatividade, 
rompendo a vida comunitária, surgindo divisões e o senso de propriedade. Assim, cada pessoa 
criava sua riqueza individual. 
 Ao morrer, o legado deixado por esta pessoa não era dissolvido, mas passado como 
herança aos filhos ou parentes. A herança recebida dos pais denominou-se patrimônio. O 
termo passou a ser utilizado para quaisquer valores, mesmo que estes não tivessem sido 
herdados. 
 A origem da Contabilidade está ligada a necessidade de registros do comércio. Há 
indícios de que as primeiras cidades comerciais eram dos fenícios. A prática do comércio não 
era exclusiva destes, sendo exercida nas principais cidades da Antiguidade. 
 A atividade de troca e venda dos comerciantes semíticos requeria o acompanhamento 
das variações de seus bens quando cada transação era efetuada. As trocas de bens e serviços 
eram seguidas de simples registros ou relatórios sobre o fato. Mas as cobranças de impostos, 
na Babilônia já se faziam com escritas, embora rudimentares. Um escriba egípcio contabilizou 
os negócios efetuados pelo governo de seu país no ano 2000 a.C. 
 À medida que o homem começava a possuir maior quantidade de valores, preocupava-
lhe saber quanto poderiam render e qual a forma mais simples de aumentar as suas posses; 
tais informações não eram de fácil memorização quando já em maior volume, requerendo 
registros. 
 Foi o pensamento do "futuro" que levou o homem aos primeiros registros a fim de que 
pudesse conhecer as suas reais possibilidades de uso, de consumo, de produção etc. 
 Com o surgimento das primeiras administrações particulares aparecia a necessidade de 
controle, que não poderia ser feito sem o devido registro, a fim de que se pudesse prestar 
conta da coisa administrada. 
 É importante lembrarmos que naquele tempo não havia o crédito, ou seja, as compras, 
vendas e trocas eram à vista. Posteriormente, empregavam-se ramos de árvore assinalados 
como prova de dívida ou quitação. O desenvolvimento do papiro (papel) e do cálamo (pena de 
escrever) no Egito antigo facilitou extraordinariamente o registro de informações sobre 
negócios. 
 A medida em que as operações econômicas se tornam complexas, o seu controle se 
refina. As escritas governamentais da República Romana (200 a.C.) já traziam receitas de 
caixa classificadas em rendas e lucros, e as despesas compreendidas nos itens salários, perdas 
e diversões. 
 No período medieval, (de 476 a 1453 com a queda do império romano pela tomada de 
Constantinopla pelos turcos) diversas inovações na contabilidade foram introduzidas por 
governos locais e pela igreja. Mas é somente na Itália que surge o termo Contabilitá. 
 A contabilidade empírica, praticada pelo homem antigo, já tinha como objeto o 
Patrimônio, representado pelos rebanhos e outros bens nos seus aspectos quantitativos. 
 
6
 Os primeiros registros processaram-se de forma rudimentar, na memória do homem. 
Como este é um ser pensante, inteligente, logo encontrou formas mais eficientes de processar 
os seus registros, utilizando gravações e outros métodos alternativos. 
 O inventário exercia um importante papel, pois a contagem era o método adotado para 
o controle dos bens, que eram classificados segundo sua natureza: rebanhos, metais, escravos, 
etc. A palavra "Conta" designa o agrupamento de itens da mesma espécie. 
 As primeiras escritas contábeis datam do término da Era da Pedra Polida, quando o 
homem registrava os seus primeiros desenhos e gravações. 
 Os primeiros controles eram estabelecidos pelos templos, o que perdurou por vários 
séculos. 
 Os sumérios e os babilônicos, assim como os assírios, faziam os seus registros em 
peças de argila, retangulares ou ovais, ficando famosas as pequenas tábuas de Uruk, que 
mediam aproximadamente 2,5 a 4,5 centímetros, tendo faces ligeiramente convexas. 
 Os registros combinavam o figurativo com o numérico. Gravava-se a cara do animal 
cuja existência se queria controlar e o numero correspondente às cabeças existentes. 
 Embora rudimentar, o registro, em sua forma, assemelhava-se ao que hoje se processa. 
O nome da conta, "Matrizes", por exemplo, substituiu a figura gravada, enquanto o aspecto 
numérico se tornou mais qualificado, com o acréscimo do valor monetário ao quantitativo. 
Esta evolução permitiu que, paralelamente à "Aplicação", se pudesse demonstrar, também, a 
sua "Origem" . 
 Na cidade de Ur, na Caldéia, onde viveu Abraão, personagem bíblico citado no livro 
do Gênesis, encontram-se, em escavações, importantes documentos contábeis: tabela de 
escrita cuneiforme, onde estão registradas contas referentes á mão-de-obra e materiais, ou 
seja, Custos Diretos. Isto significa que, há 5.000 anos antes de Cristo, o homem já 
considerava fundamental apurar os seus custos. 
 O Sistema Contábil é dinâmico e evoluiu com a duplicação de documentos e "Selos de 
Sigilo". Os registros se tornaram diários e, posteriormente, foram sintetizados em papiros ou 
tábuas, no final de determinados períodos. Sofreram nova sintetização, agrupando-se vários 
períodos, o que lembra o diário, o balancete mensal e o balanço anual. 
 Já se estabelecia o confronto entre variações positivas e negativas, aplicando-se, 
empiricamente, o Princípio da Competência. Reconhecia-se a receita, a qual era confrontada 
com a despesa. 
 Os egípcios legaram um riquíssimo acervo aos historiadores da Contabilidade, e seus 
registros remontam a 6.000 anos antes de Cristo. 
 A escrita no Egito era fiscalizada pelo Fisco Real, o que tornava os escriturários 
zelosos e sérios em sua profissão. O inventário revestia-se de tal importância, que a contagem 
do boi, divindade adorada pelos egípcios, marcava o inicio do calendário adotado. 
Inscreviam-se bens móveis e imóveis, e já se estabeleciam, de forma primitiva, controles 
administrativos e financeiros. 
 As "Partidas de Diário" assemelhavam-se ao processo moderno: o registro iniciava-se 
com a data e o nome da conta, seguindo-se quantitativos unitários e totais, transporte, se 
ocorresse, sempre em ordem cronológica de entradas e saídas. 
 Pode-se citar, entre outras contas: "Conta de Pagamento de Escravos", "Conta de 
Vendas Diárias", "Conta Sintética Mensal dos Tributos Diversos", etc. 
 Tudo indica que foram os egípcios os primeiros povos a utilizar o valor monetário em 
seus registros. Usavam como base, uma moeda, cunhada em ouro e prata, denominada "Shat". 
Era a adoção, de maneira prática, do Princípio do Denominador Comum Monetário. 
 Os gregos, baseando-se em modelos egípcios, 2.000 anos antes de Cristo, já 
escrituravam Contas de Custos e Receitas, procedendo, anualmente, a uma confrontação entre 
elas, para apuração do saldo. Os gregos aperfeiçoaram o modelo egípcio, estendendo a 
escrituração contábil às várias atividades, como administração pública, privada e bancária. 
 Há interessantes relatos bíblicos sobre controles contábeis, um dos quais o próprio 
 
7
Jesus relatou em Lucas capítulo 16, versos 1 a 7: o administrador que fraudou seu senhor, 
alterando os registros de valores a receber dos devedores. 
 No tempo de José, no Egito, houve tal acumulação de bens que perderam a conta do 
que se tinha! (Gênesis 41.49). 
 Houve um homem muito rico, de nome Jó, cujo patrimônio foi detalhadamente 
inventariado no livro de Jó, capítulo 1, verso 3. Depois de perder tudo, ele recupera os bens, e 
um novo inventário é apresentado em Jó, capítulo 42, verso 12. 
 Os bens e as rendas de Salomão também foram inventariados em 1º Reis 4.22-26 e 
10.14-17. 
 Em outra parábola de Jesus, há citação de um construtor, que faz contas para verificar 
se o que dispunha era suficiente para construir uma torre (Lucas 14.28-30). 
 Ainda, se relata a história de um devedor, que foi perdoado de sua dívida registrada(Mateus 18.23-27). 
 Tais relatos comprovam que, nos tempos bíblicos, o controle de ativos era prática 
comum. 
 Na Itália, em 1202, foi publicado o livro "Liber Abaci" , de Leonardo Pisano. 
Estudavam-se, na época, técnicas matemáticas, pesos e medidas, câmbio, etc., tornando o 
homem mais evoluído em conhecimentos comerciais e financeiros. 
 Se os sumérios-babilônios plantaram a semente da Contabilidade e os egípcios a 
regaram, foram os italianos que fizeram o cultivo e a colheita. 
 Foi um período importante na história do mundo, especialmente na história da 
Contabilidade, denominado a "Era Técnica" , devido às grandes invenções, como moinho de 
vento, aperfeiçoamento da bússola, etc., que abriram novos horizontes aos navegadores, como 
Marco Pólo e outros. 
 A indústria artesanal proliferou com o surgimento de novas técnicas no sistema de 
mineração e metalurgia. O comércio exterior incrementou-se por intermédio dos venezianos, 
surgindo, como consequência das necessidades da época, o livro caixa, que recebia registros 
de recebimentos e pagamentos em dinheiro. Já se utilizavam, de forma rudimentar, o débito e 
o crédito, oriundos das relações entre direitos e obrigações, e referindo-se, inicialmente, a 
pessoas. 
 O aperfeiçoamento e o crescimento da Contabilidade foram a consequência natural das 
necessidades geradas pelo advento do capitalismo, nos séculos XII e XIII. O processo de 
produção na sociedade capitalista gerou a acumulação de capital, alterando-se as relações de 
trabalho. O trabalho escravo cedeu lugar ao trabalho assalariado, tornando os registros mais 
complexos. No século X, apareceram as primeiras corporações na Itália, transformando e 
fortalecendo a sociedade burguesa. 
 No final do século XIII apareceu, pela primeira vez a conta "Capital" , representando o 
valor dos recursos injetados nas companhias pela família proprietária. 
 O método das Partidas Dobradas teve sua origem na Itália, embora não se possa 
precisar em que região. O seu aparecimento implicou a adoção de outros livros que tornassem 
mais analítica a Contabilidade, surgindo, então, o Livro da Contabilidade de Custos. 
 No início do Século XIV, já se encontravam registros explicitados de custos 
comerciais e industriais, nas suas diversas fases: custo de aquisição; custo de transporte e dos 
tributos; juros sobre o capital, referente ao período transcorrido entre a aquisição, o transporte 
e o beneficiamento; mão-de-obra direta agregada; armazenamento; tingimento, etc., o que 
representava uma apropriação bastante analítica para época. A escrita já se fazia no moldes de 
hoje, considerando, em separado, gastos com matérias-primas, mão-de-obra direta a ser 
agregada e custos indiretos de fabricação. Os custos eram contabilizados por fases 
separadamente, até que fossem transferidos ao exercício industrial. 
 O período moderno foi a fase da pré-ciência. Devem ser citados três eventos 
importantes que ocorreram neste período: 
- em 1493, os turcos tomam Constantinopla, o que fez com que grandes sábios bizantinos 
 
8
emigrassem, principalmente para Itália; 
- em 1492, é descoberta a América e, em 1500, o Brasil, o que representava um enorme 
potencial de riquezas para alguns países europeus; 
- em 1517, ocorreu a reforma religiosa; os protestantes, perseguidos na Europa, emigram para 
as Américas, onde se radicaram e iniciaram nova vida. 
 A Contabilidade tornou-se uma necessidade para se estabelecer o controle das 
inúmeras riquezas que o Novo Mundo representava. 
 A introdução da técnica contábil nos negócios privados foi uma contribuição de 
comerciantes italianos do séc. XIII. Os empréstimos a empresas comerciais e os investimentos 
em dinheiro determinaram o desenvolvimento de escritas especiais que refletissem os 
interesses dos credores e investidores e, ao mesmo tempo, fossem úteis aos comerciantes, em 
suas relações com os consumidores e os empregados. 
 A obra do Frei Luca Pacioli, contemporâneo de Leonardo da Vinci, que viveu na 
Toscana, no século XV, marca o início da fase moderna da Contabilidade. 
 Escreveu “Tratatus Particularis de Computis et Scripturis” (Tratado Particular de 
Conta e Escrituração), publicado em 1494, enfatizando que à teoria contábil do débito e do 
crédito corresponde à teoria dos números positivos e negativos. 
 Pacioli foi matemático, teólogo, contabilista entre outras profissões. Deixou muitas 
obras, destacando-se a "Summa de Aritmética, Geometria, Proportioni et Proporcionalitá", 
impressa em Veneza, na qual está inserido o seu tratado sobre Contabilidade e Escrituração. 
 Pacioli, apesar de ser considerado o pai da Contabilidade, não foi o criador das 
Partidas Dobradas. O método já era utilizado na Itália, principalmente na Toscana, desde o 
Século XIV. 
 O tratado destacava, inicialmente, o necessário ao bom comerciante. A seguir 
conceituava inventário e como fazê-lo. Discorria sobre livros mercantis: memorial, diário e 
razão, e sobre a autenticação deles; sobre registros de operações: aquisições, permutas, 
sociedades, etc.; sobre contas em geral: como abrir e como encerrar; contas de 
armazenamento; lucros e perdas, que na época, eram "Pro" e "Dano"; sobre correções de 
erros; sobre arquivamento de contas e documentos, etc. 
 Sobre o Método das Partidas Dobradas, Frei Luca Pacioli expôs a terminologia 
adaptada: 
- "Per " , mediante o qual se reconhece o devedor; 
- "A " , pelo qual se reconhece o credor. 
 Acrescentou que, primeiro deve vir o devedor, e depois o credor, prática que se usa até 
hoje. 
 A obra de Pacioli não só sistematizou a Contabilidade, como também abriu precedente 
que para novas obras pudessem ser escritas sobre o assunto. É compreensível que a 
formalização da Contabilidade tenha ocorrido na Itália, afinal, neste período instaurou-se a 
mercantilização sendo as cidades italianas os principais interpostos do comércio mundial. 
 Foi a Itália o primeiro país a fazer restrições à prática da Contabilidade por um 
indivíduo qualquer. O governo passou a somente reconhecer como contadores pessoas 
devidamente qualificadas para o exercício da profissão. A importância da matéria aumentou 
com a intensificação do comércio internacional e com as guerras ocorridas nos séculos XVIII 
e XIX, que consagraram numerosas falências e a consequente necessidade de se proceder à 
determinação das perdas e lucros entre credores e devedores. 
 A escola Européia teve peso excessivo da teoria, sem demonstrações práticas, sem 
pesquisas fundamentais: a exploração teórica das contas e o uso exagerado das partidas 
dobradas, inviabilizando, em alguns casos, a flexibilidade necessária, principalmente, na 
Contabilidade Gerencial, preocupando-se demais em demonstrar que a Contabilidade era uma 
ciência ao invés de dar vazão à pesquisa séria de campo. 
Foi Vicenzo Mazi, quem pela primeira vez, em 1923, definiu patrimônio como objeto 
da Contabilidade. O enquadramento da Contabilidade como elemento fundamental da 
 
9
equação aziendalista, teve, sobretudo, o mérito incontestável de chamar atenção para o fato de 
que a Contabilidade é muito mais do que mero registro; é um instrumento básico de gestão. 
 A partir de 1920, aproximadamente, inicia-se a fase de predominância norte-
americana dentro da Contabilidade. 
 Enquanto declinavam as escolas européias, floresciam as escolas norte-americanas 
com suas teorias e práticas contábeis, favorecidas não apenas pelo apoio de uma ampla 
estrutura econômica e política, mas também pela pesquisa e trabalho sério dos órgãos 
associativos. O surgimento do American Institut of Certield Public Accountants foi de 
extrema importância no desenvolvimento da Contabilidade e dos princípios contábeis; várias 
associações empreenderam muitos esforços e grandes somas em pesquisas nos Estados 
Unidos. Havia uma total integração entre acadêmicos e os já profissionais da Contabilidade, o 
que não ocorreu com as escolas européias, onde as universidades foram decrescendo em nível, 
em importância. 
 A criação de grandes empresas, comoas multinacionais ou transnacionais, por 
exemplo, que requerem grandes capitais, de muitos acionistas, foi a causa primeira do 
estabelecimento das teorias e práticas contábeis, que permitissem carreta interpretação das 
informações, por qualquer acionista ou outro interessado, em qualquer parte do mundo. 
 Nos inícios do século atual, com o surgimento das gigantescas corporações, aliado ao 
formidável desenvolvimento do mercado de capitais e ao extraordinário ritmo de 
desenvolvimento que os Estados Unidos da América experimentou e ainda experimenta, 
constitui um campo fértil para o avanço das teorias e práticas contábeis. Não é por acaso que 
atualmente o mundo possui inúmeras obras contábeis de origem norte-americanas que tem 
reflexos diretos nos países de economia. 
 No Brasil, a vinda da Família Real Portuguesa incrementou a atividade colonial, 
exigindo – devido ao aumento dos gastos públicos e também da renda nos Estados – um 
melhor aparato fiscal. Para tanto, constituiu-se o Erário Régio ou o Tesouro Nacional e 
Público, juntamente com o Banco do Brasil (1808). As Tesourarias de Fazenda nas províncias 
eram compostas de um inspetor, um contador e um procurador fiscal, responsáveis por toda a 
arrecadação, distribuição e administração financeira e fiscal. 
 Hoje, as funções do contabilista não se restringem ao âmbito meramente fiscal, 
tornando-se, num mercado de economia complexa, vital para empresas informações mais 
precisas possíveis para tomada de decisões e para atrair investidores. O profissional vem 
ganhando destaque no mercado em Auditoria, Controladoria e Atuarial. 
 São áreas de análise contábil e operacional da empresa, e, para atuários, um 
profissional raro, há a especialização em estimativas e análises; o mercado para este cresce em 
virtude de planos de previdência privada 
 No estudo da evolução do pensamento contábil, percebe-se que o desenvolvimento da 
Contabilidade esteve sempre associada ao desenvolvimento das relações comerciais de cada 
época. Pode-se observar em diversos relatos históricos a influência direta da evolução cultural 
e econômica do homem, adaptando-se às novas situações para atingir seus objetivos. 
 Na medida em que as transações comerciais tornaram-se mais complexas, devido a 
fatores como a sofisticação dos processos produtivos, a integração e ampliação dos mercados, 
tornaram-se igualmente complexas as técnicas administrativas, exigindo, consequentemente, 
sistemas de informações mais avançados e eficazes. 
 Hoje, a contabilidade continua ganhando cada vez mais espaço, os usuários desta 
ciência estão à procura de controles eficazes, relatórios condizentes com a realidade da 
economia mundial, informações que demonstrem a responsabilidade social da empresa e 
dados que venham a combater a concorrência. Assim, o maior diferencial do contabilista é 
saber transformar os dados contábeis em informações e estas em ações que ajudem maximizar 
os resultados da organização. 
 
 
10
1.2 DATAS COMEMORATIVAS DA CONTABILIDADE 
 
 As datas comemorativas mais importantes da contabilidade são: 
 
a) Dia 12 de janeiro de 2011, pela primeira vez foi comemorado o Dia do Empresário 
Contábil, aprovado pelo Projeto de Lei da Câmara Federal (PLC) nº 109 de 2010. 
Segundo o Sescon/SC, nesta data, eram 73.000 empresários contábeis no Brasil e em 
SC, eram 3.800 empresários contábeis. 
b) Dia 25 de abril comemora-se o Dia da Contabilidade. 
Nesse dia, nasceu o Senador João Lyra Tavares, patrono da contabilidade no Brasil, e 
a lembrança da data é uma forma de prestar uma homenagem a esse homem que, no 
Congresso Nacional, defendeu a regulamentação da profissão contábil. A 
regulamentação ocorreu através do Decreto nº 20.158, de 30.06.1931, que organizou o 
ensino comercial no Brasil. 
c) Dia 22 de setembro, Dia do Contador, profissional graduado em Ciências Contábeis. 
d) Dia 20 de novembro, Dia do Técnico em Contabilidade, profissional formado pelas 
escolas profissionalizantes de nível médio. 
 
1.3 CADUCEU – Símbolo das Ciências Contábeis 
 
 O CADUCEU é formado por um bastão no sentido vertical, com duas pequenas 
serpentes entrelaçadas, tendo na parte superior duas asas e um elmo alado. 
O BASTÃO - que representa o poder de quem conhece a ciência contábil - é a espinha 
dorsal do curso de Ciências Contábeis, em que são aplicadas as matérias de formação 
profissional específica, objetivando a capacitação para o exercício da profissão. 
AS PEQUENAS SERPENTES - que simbolizam a sabedoria - estão entrelaçadas para 
demonstrar o elo entre os atributos de natureza humana, social e profissional, em que há a 
integração das matérias e atividades de formação profissional básica, específica e 
complementar. 
AS DUAS ASAS - que figuram a presteza, a solicitude, a dedicação e o cuidado ao 
exercer a profissão - têm, entre as matérias voltadas aos atributos de natureza humanística e 
social, o estudo da língua pátria, as relações humanas, as noções de ciências sociais e de 
direito, assim como a versatilidade da realidade brasileira na era da globalização. 
O ELMO - que é uma peça de armadura antiga, o qual cobria a cabeça - está 
representado, dentro do currículo pleno do curso de Ciências Contábeis, pela ética geral e 
profissional. 
O curso de Ciências Contábeis, tal qual a educação superior, dentro da atual lei de 
diretrizes e bases da educação brasileira, tem no trabalho de pesquisa e investigação científica 
a finalidade de desenvolver o entendimento do homem e do meio em que este vive. A 
extensão universitária, visando à difusão das conquistas e benefícios da criação cultural, 
também está inserida na política departamental, bem como entre as finalidades da educação 
superior. A divulgação de conhecimentos culturais, científicos e técnicos faz parte do 
conjunto, pela comunicação, de um lado, por meio de palestras, e do outro, na forma de 
publicações. 
O quadro do patrimônio cultural do acadêmico e futuro profissional das Ciências 
Contábeis é representado pelo CADUCEU, no qual a graduação é o bastão, a extensão são as 
serpentes, a pesquisa são as asas e a comunicação é o elmo. 
 
 
 
 
 
11
1.4 CONCEITOS DE CONTABILIDADE 
 
O Primeiro Congresso Brasileiro de Contabilistas, realizado na Cidade do Rio de 
Janeiro, de 17 a 25 de agosto de 1924, formulou um conceito oficial para 
CONTABILIDADE. “Contabilidade é a ciência que estuda e pratica as funções de 
orientação, de controle e de registro relativas à Administração Econômica.” 
 
Segundo a CVM - Comissão de Valores Mobiliários, através da deliberação 29/86, 
Contabilidade é, objetivamente, um sistema de informação e avaliação destinado a prover 
seus usuários com demonstrações e análises de natureza econômica, financeira, física e de 
produtividade, com relação à entidade objeto de contabilização. 
 
Segundo Hilário Franco e Ernesto Marra (2001, p. 25), "Contabilidade é a ciência 
destinada a estudar e controlar o patrimônio das entidades, do ponto de vista econômico e 
financeiro, observando seus aspectos quantitativos e qualitativos e as variações por ele 
sofridas, com o objetivo de fornecer informações sobre o estado patrimonial e suas variações 
em determinado período.." 
 
Segundo Osni Moura Ribeiro (2006, p. 19) “A Contabilidade é uma ciência que 
possibilita, por meio de suas técnicas, o controle permanente do Patrimônio das empresas.” 
 
 Para Lauro Arend (2006, p. 1) “Ela registra, estuda e interpreta (por análise) os fatos 
financeiros e econômicos que afetam a situação patrimonial de determinada pessoa física ou 
jurídica.” 
 
 José Carlos Marion (2006, p. 26) afirma que “A contabilidade é o instrumento que 
fornece o máximo de informações úteis para tomada de decisões dentro e fora da empresa.” 
 
1.5 OBJETO DA CONTABILIDADE 
 
Segundo a Resolução no 774/94, do CFC, que aprovou o Apêndice à Resolução sobre 
os Princípios de Contabilidade, “A Contabilidade possui objeto próprio – o Patrimônio das 
Entidades – ...” 
E cita que “Na Contabilidade, o objeto ésempre o patrimônio de uma entidade, 
definido com um conjunto de bens, direitos e obrigações ...” avaliado em moeda. 
Todos os escritores, escolas do pensamento contábil, correntes e doutrinas definem o 
Patrimônio como o objeto da contabilidade. 
 
1.6 OBJETIVO DA CONTABILIDADE 
 
O Conselho Federal de Contabilidade – CFC, através da Resolução 774/94, que trata 
do Objetivo da Contabilidade, aponta que “O objetivo científico da Contabilidade manifesta-
se na correta apresentação do Patrimônio e na apreensão e análise das causas de suas 
mutações”. Esse é um enfoque que sintetiza e procura demonstrar a lógica das informações 
fornecidas pela Contabilidade aos seus usuários internos e externos. 
Nessa mesma linha de raciocínio, o IASC – International Accounting Standards 
Committee, que é a Comissão Internacional de Normas Contábeis, definiu, de forma mais 
ampla, o objetivo da Contabilidade que “é dar informações contábeis sobre a posição 
financeira, os resultados e as mudanças na posição financeira de uma empresa que sejam 
úteis a um grande número de usuários em suas tomadas de decisões”. 
 
12
1.7 FINALIDADE E APLICAÇÃO DA CONTABILIDADE 
 
a) FINALIDADE 
A finalidade fundamental da Contabilidade é fornecer informação útil para a tomada 
de decisões econômicas. Neste aspecto destacam-se duas funções que julga-se 
imprescindíveis ao lidar com a Contabilidade. 
 
Função Econômica: Apurar o resultado do período, o qual pode se apresentar na forma de 
lucro ou prejuízo. 
 
Função Administrativa: Controlar o patrimônio da entidade, tanto sobre o aspecto estático 
(posição em dado momento, ex: o balanço patrimonial) como 
dinâmico (representa o movimento ou as mudanças qualitativas e 
quantitativas dos elementos). 
 
Segundo a doutrina contábil a finalidade da contabilidade é registrar, controlar e 
demonstrar os fatos que afetam o patrimônio, objetivando fornecer informações sobre sua 
composição e variações, bem como sobre o resultado econômico decorrente da gestão da 
riqueza patrimonial. 
A contabilidade desempenha, em qualquer organismo econômico, o mesmo papel que 
a história na vida da humanidade. Sem ela não seria possível conhecer o passado nem o 
presente da vida econômica da entidade, não sendo também possível fazer previsões para o 
futuro nem elaborar planos para a orientação administrativa. 
A contabilidade tem por finalidade o registro dos fatos e a produção das informações 
que possibilitem ao administrador do patrimônio o planejamento e o controle das suas ações. 
 
Planejar é decidir, entre as diversas alternativas, pela hipótese que se apresenta como sendo a 
melhor situação na busca do cumprimento dos objetivos sociais e econômicos da entidade. 
Também pode ser representada pela melhor hipótese na busca de atingir a maior eficiência e 
eficácia ao determinar a linha de ação para o futuro. 
 
Controlar é verificar se os elementos materiais e humanos na entidade estão de acordo com 
os planos e políticas traçadas. 
Através do controle do patrimônio, a contabilidade disponibiliza informações aos 
agentes interessados em mensurar a situação patrimonial e o desempenho da entidade. 
A partir do Planejamento e do Controle, pode-se derivar alguns objetivos da 
Contabilidade: 
√ Apresentar o desempenho da empresa em um dado período; 
√ Apresentar a posição da empresa em dado momento; 
√ Conhecer as fontes de financiamento e as aplicações de recursos existentes; 
√ Demonstrar a situação econômica, financeira e patrimonial da entidade; 
√ Permitir que os fatos ocorridos sejam corretamente interpretados, tenham eles afetado 
qualitativa ou quantitativamente o patrimônio; 
√ Apresentar as situações de liquidez, rentabilidade e solvência da empresa, permitindo 
sua comparação com as demais pertencentes ao mesmo grupo; 
√ Transformar os dados (os registros efetuados) em informações que se apresentem 
como poderoso instrumento para a tomada de decisão. 
A contabilidade deve prover os usuários com demonstrações e análises de natureza 
econômica, financeira, física e de produtividade, com relação à entidade objeto de 
contabilização. Por exemplo: 
√ Análise econômica: capital, patrimônio, receitas e despesas. 
√ Análise financeira: fluxo de caixa e capital de giro. 
 
13
√ Análise física: estoques, nº de ações, duplicatas. 
√ Análise de produtividade: lucro por ação, depósitos por cliente, custo por produto. 
 
 
b) APLICAÇÃO 
 O campo de aplicação da Contabilidade abrange todas as entidades públicas ou 
privadas, físicas ou jurídicas. 
 Entidades são todas as organizações que reúnem os seguintes elementos: pessoas, 
patrimônio, titular, ações administrativas e fim determinado (Osni, 2006, p. 20). 
O campo de aplicação da Contabilidade abrange todas as entidades econômico-
administrativas, até mesmo as pessoas de direito público, como a União, os Estados, os 
Municípios, as Autarquias etc.. 
O campo de aplicação da contabilidade são as entidades que dão movimento ao 
Patrimônio e necessitam de gestão sobre o mesmo. 
Aplica-se tanto às sociedades mercantis como às sociedades civis, inclusive as 
associações civis ou mesmo aquelas sem finalidade lucrativa. 
Ressalte-se que o campo de atuação da Contabilidade não se restringe aos grandes 
empreendimentos, aplica-se o conhecimento contábil aos micros e pequeno negócios e 
também no controle do patrimônio das pessoas físicas (ou pessoa natural). 
A Contabilidade pode ser estudada de modo geral - para todas as empresas - ou em 
particular quando aplicada em certo ramo de atividade ou setor da economia. 
Assim, no estudo da Contabilidade pode-se enfocar, dentre outros, os seguintes ramos: 
√ Contabilidade Comercial e de Serviços; 
√ Contabilidade Industrial; 
√ Contabilidade Bancária; 
√ Contabilidade Hospitalar; 
√ Contabilidade Pública; 
√ Contabilidade de Cooperativas; 
√ Contabilidade Securitária; 
√ Contabilidade de Transportes (rodoviário, marítimo, aéreo); 
√ Contabilidade de Atividade Rural – agropecuária; 
√ Contabilidade de Autônomos; 
√ Contabilidade das Pessoas Físicas. 
1.8 TÉCNICAS CONTÁBEIS 
 
Para atingir os seus objetivos, a contabilidade se utiliza de técnicas próprias, como por 
exemplo: 
� Escrituração; 
� Demonstrações contábeis; 
� Análise das demonstrações contábeis; 
� Auditoria. 
 
a) ESCRITURAÇÃO 
É a técnica que consiste no registro de todos os fatos que influem na composição do 
patrimônio. A escrituração envolve metodologia apropriada, a planificação dos elementos 
patrimoniais, a utilização de livros e registros apropriados em obediência à legislação civil e 
societária, tributária, trabalhista e previdenciária, e aos princípios e normas contábeis. 
Na escrituração trata-se dos registros dos fatos contábeis nos livros de escrituração 
contábil do Diário, Razão e demais livros auxiliares, fiscais e outros. 
 
 
14
b) DEMONSTRAÇÕES CONTÁBEIS 
As Demonstrações Contábeis são elaboradas de acordo com os dados técnicos que se 
apresentam, extraídos dos registros contábeis das entidades. 
As demonstrações contábeis mais conhecidas são: 
√ Balanço Patrimonial; 
√ Demonstração dos Resultados do Exercício; 
√ Demonstração do Fluxo de Caixa; 
√ Demonstração das Mutações do Patrimônio Líquido; 
√ Demonstração do Valor Adicionado; 
√ Notas Explicativas. 
 
São elaboradas para que se tenha uma visão abrangente e consolidada da situação 
patrimonial, econômica e financeira da entidade. 
 
c) ANÁLISE DAS DEMONSTRAÇÕES CONTÁBEIS 
É a técnica pela qual verifica-se a capacidade de pagamento da empresa, o grau de 
solvência, a evolução da empresa, a estrutura patrimonial e outras análises econômicas e 
financeiras. Pela análise de balanços á possível comparar a situação da empresa com outras 
dentro de sua área de atuação. Estuda e pesquisa índices úteis para os usuários da informação 
contábil, auxiliando na comparação periódica da evolução da entidade no tempo. 
A Análise das Demonstrações Contábeis é realizada através do exame e interpretação 
dos dados contidos nas demonstraçõesfinanceiras, com o fim de transformar esses dados em 
informações úteis aos diversos usuários da contabilidade. 
 
d) AUDITORIA CONTÁBIL 
É a técnica de verificação e avaliação da qualidade e confiabilidade dos registros e dos 
demonstrativos contábeis. 
A Auditoria consiste na verificação da exatidão dos dados contidos nas demonstrações 
financeiras, através do exame minucioso dos registros contábeis e dos documentos que deram 
origem aos registros. 
 
1.9 ATRIBUTOS DA INFORMAÇÃO CONTÁBIL 
 
De acordo com as Normas Brasileiras de Contabilidade a informação contábil deve 
ser, em geral e antes de tudo, veraz e equitativa de forma a satisfazer as necessidades comuns 
a um grande número de diferentes usuários, não podendo privilegiar deliberadamente nenhum 
deles, pelo fato desses interesses não serem sempre coincidentes. 
Determina ainda, a mesma norma, que a informação deve propiciar revelação 
suficiente sobre a entidade para que o usuário se sinta informado. Os atributos indispensáveis 
para que isso ocorra são os seguintes: 
� Confiabilidade 
� Tempestividade 
� Compreensibilidade 
� Comparabilidade 
� Relevância 
 
a) CONFIABILIDADE 
É o atributo que faz com que o usuário, interno ou externo, aceite a informação 
contábil e a utilize como base de decisões, configurando um elemento essencial na relação 
entre o usuário e a própria informação. 
A Confiabilidade e a relevância da informação contábil, de acordo com o FASB – 
 
15
Financial Accounting Standards Board, apud Hendriksen & Breda (1999, p. 97) são as 
principais qualidades especificas às decisões, é a “capacidade que a informação tem de fazer a 
diferença numa decisão”. 
A confiabilidade é fundamental nas decisões. A informação contábil, quanto mais 
relevante, mais confiável deve ser. 
Diante disso, conclui-se que o objetivo da Contabilidade é fornecer informações que 
sejam úteis aos diversos segmentos de usuários, objetivando auxiliá-los no processo decisório. 
 
b) TEMPESTIVIDADE 
 Este atributo refere-se ao fato de a informação contábil dever chegar ao conhecimento 
do usuário em tempo hábil para sua utilização. 
 
c) COMPREENSIBILIDADE 
A Compreensibilidade se refere a que a informação deve ser exposta de forma mais 
compreensível aos diferentes usuários, ou seja, deve ser entendida por todos os usuários da 
informação contábil. 
 
d) COMPARABILIDADE 
A Comparabilidade da informação contábil é um atributo que deve possibilitar ao 
usuário o conhecimento da evolução do patrimônio da entidade ao longo do tempo. 
 
e) RELEVÂNCIA 
Este Atributo quer dizer evidenciar valores relevantes. A informação, para ser útil, 
precisa ser relevante. Deve ter a qualidade da relevância para influenciar nas decisões 
econômicas dos usuários, ajudando-os a avaliar eventos passados, presentes ou futuros, ou 
confirmando ou corrigindo avaliações passadas (deve evidenciar os custos, preços, obrigações 
e outras operações planejadas). 
 
1.10 USUÁRIO DA CONTABILIDADE 
 
Os usuários da Contabilidade são as pessoas físicas ou jurídicas interessadas pelas 
informações produzidas e disponibilizadas nos relatórios e demonstrativos contábeis, com o 
propósito de tomar decisão. Portanto, são todas as pessoas interessadas nas informações 
contábeis e que necessitem conhecimento da situação econômica, financeira e patrimonial da 
entidade. 
São inúmeros os usuários das informações contábeis, e para fins didáticos, pode-se 
citar os principais usuários como sendo: 
� Administradores, diretores e executivos: servindo como instrumento de apoio ao 
desempenho da entidade e tomada de decisão. 
� Sócios e/ou acionistas: permite aos investidores do capital na entidade acompanhar o 
desempenho obtido pelo seu investimento na entidade em estudo. Para decidir em qual 
negócio investir e qual a rentabilidade desejada. 
� Bancos, financiadores e investidores: permite obter informações patrimoniais, 
econômicas e financeiras com vistas a avaliar o potencial das garantias oferecidas quando 
da concessão de empréstimos, aplicações de recursos na entidade e capacidade de 
pagamento das dívidas contraídas. 
� Fornecedores: permite saber se o cliente terá condições de honrar os compromissos com 
as compras efetuadas. 
� Empregados: permite saber se a organização em que trabalha lhe proporciona segurança e 
garantia de recebimento do seu salário, calcular sua participação em planos de distribuição 
de lucros a funcionários e também para verificar os investimentos da empresa em aspectos 
 
16
sociais do tipo: creche, transporte, educação, etc. 
� Poder Público (Federal, Estadual e Municipal): permite a elaboração de estudos para o 
planejamento e controle das receitas tributárias, bem como das políticas macro-
econômicas. 
� Pessoas Físicas: (estudantes, professores, profissionais liberais, autônomos, etc.) usam a 
contabilidade para administrar sua conta bancária, seu orçamento familiar, seus 
investimentos, para contrair e/ou financiar suas dívidas, etc. 
� Concorrentes: para comparar seus resultados e identificar as ações que levaram as 
empresas do mesmo ramo de atividade a ter sucesso ou insucesso. 
� Autoridades Fiscais: para calcular e verificar o pagamento dos tributos e do cumprimento 
das obrigações acessórias. 
� Agências Reguladoras: a exemplo de sindicatos, conselhos de classe empresarial, 
agências governamentais, etc.. que usam a contabilidade para verificar se as exigências 
para funcionamento estão sendo cumpridas de acordo com as regras estabelecidas, assim 
como para servir de base para futuras negociações com o setor. 
 
1.11 ÁREA DE ATUAÇÃO DO CONTADOR 
 
As principais áreas tradicionais de atuação do contador são as seguintes: 
• Contabilidade fiscal ou tributária: Participa do processo de elaboração de informações 
para o fisco federal estadual e municipal, sendo responsável pelo planejamento tributário 
da empresa. 
• Contabilidade pública: No controle e gestão das finanças públicas, sendo que este é um 
campo possui um amplo mercado de trabalho devido às dimensões continentais de nosso 
país. 
• Contabilidade de Custos: Atualmente é uma das áreas mais valorizadas no Brasil e 
internacionalmente. A gestão estratégica de custos se destaca como ferramenta de decisão 
na formação dos preços dos produtos e serviços das organizações. 
• Contabilidade Gerencial e Controladoria: Voltada para a melhor utilização dos recursos 
econômicos da empresa, através de um adequado controle dos insumos efetuado por um 
sistema de informação gerencial. Destaca-se a função de controller. 
• Auditoria: Através de empresas de auditoria ou através de setores internos da organização 
controla a confiabilidade das informações e a legalidade dos atos praticados pelos 
administradores. 
• Perícia Contábil: Atuando na elaboração de laudos em processos judiciais ou 
extrajudiciais. Área de atuação exclusiva do contador. 
• Contabilidade Financeira: Responsável pela elaboração e consolidação das 
demonstrações contábeis para fins externos. 
• Análise Econômico-financeira: Denominação moderna para a análise de balanços. Atua 
na elaboração de análises sobre a situação patrimonial de uma organização a partir de seus 
relatórios contábeis. 
• Avaliação de Projetos: Elaboração e análise de projetos de viabilidade de longo prazo, 
com a estimativa do fluxo de caixa e o cálculo de sua atratividade para a empresa. 
• Professor, Pesquisador e Palestrante: Os horizontes da contabilidade foram ampliados 
propiciando um terreno fértil para o ensino, a pesquisa e a divulgação da ciência da 
contabilidade para a sociedade. 
• Contabilidade Atuarial: Responsável pela contabilidade de fundos de pensão e empresas 
de previdência privada. 
• Contabilidade Ambiental: Responsável por informações sobre o impacto ambiental da 
empresa no meio-ambiente. 
• Contabilidade Social: Dimensionando o impacto social da empresa, com sua agregação 
 
17
de riqueza e seus custos sociais, produtividade, distribuição da riqueza etc. 
• Contabilidade de EmpresasTransnacionais: Os softwares contábeis estão cada vez mais 
integrados, facilitando a operacionalidade dos registros contábeis independente do país em 
que se encontra, facilitado pelo uso da internet e pela disponibilização pelos órgãos 
governamentais dos aplicativos tributários e toda a legislação pertinente, facilitando 
também o cumprimento das obrigações acessórias das empresas. 
 
a) FUNÇÃO DO CONTADOR 
 Produzir e ou gerenciar informações úteis aos usuários da contabilidade para a tomada 
de decisões. 
 
Na empresa: Independente (autônomo): 
� Planejador tributário; 
� Analista financeiro; 
� Contador geral; 
� Cargos administrativos; 
� Auditor interno; 
� Contador de custos; 
� Contador gerencial; 
� Atuário. 
� Auditor independente; 
� Consultor; 
� Empresário contábil; 
� Perito contábil; 
� Investigador de fraude. 
 
No ensino: Órgão público: 
� Professor; 
� Pesquisador; 
� Escritor; 
� Conferencista. 
� Contador público; 
� Agente fiscal de renda; 
� Diversos concursos públicos; 
� Tribunal de contas; 
� Oficial contador. 
1.12 PRINCÍPIOS DE CONTABILIDADE 
 
Os princípios originaram-se da necessidade do estabelecimento de um conjunto de 
conceitos, princípios e procedimentos que não somente fossem utilizados como elementos 
disciplinadores do comportamento do profissional no exercício da Contabilidade, seja para a 
escrituração dos fatos e transações, seja na elaboração de demonstrativos, mas que 
permitissem aos demais usuários fixar padrões de comparabilidade e credibilidade, em função 
do conhecimento dos critérios adotados na elaboração dessas demonstrações. 
Além de delimitar e qualificar o campo de atuação da Contabilidade, os princípios 
servem de suporte e sustentação na defesa da escrituração contábil oportuna, tempestiva, 
prudente e na separação das entidades. 
Os Princípios de Contabilidade estão estabelecidos na Resolução CFC 750 de 
29/12/93, alterada pela Resolução CFC nº 1.282 de 28/05/2010 e são os seguintes: 
 Art. 3º São Princípios de Contabilidade: 
I) o da ENTIDADE; 
II) o da CONTINUIDADE; 
III) o da OPORTUNIDADE; 
IV) o do REGISTRO PELO VALOR ORIGINAL; 
V) o da COMPETÊNCIA; e 
VI) o da PRUDÊNCIA. 
Os Princípios de Contabilidade representam a essência das doutrinas e teorias relativas 
à Ciência da Contabilidade, consoante o entendimento predominante nos universos científico 
e profissional de nosso País. Concernem, pois, à Contabilidade no seu sentido mais amplo de 
ciência social, cujo objeto é o patrimônio das entidades. 
 
 
18
a) PRINCÍPIO DA ENTIDADE 
O Princípio da ENTIDADE reconhece o Patrimônio como objeto da Contabilidade e 
afirma a autonomia patrimonial, a necessidade da diferenciação de um Patrimônio particular 
no universo dos patrimônios existentes, independentemente de pertencer a uma pessoa, um 
conjunto de pessoas, uma sociedade ou instituição de qualquer natureza ou finalidade, com ou 
sem fins lucrativos. Por consequência, nesta acepção, o Patrimônio não se confunde com 
aqueles dos seus sócios ou proprietários, no caso de sociedade ou instituição. 
O PATRIMÔNIO pertence à ENTIDADE, mas a recíproca não é verdadeira. A soma 
ou agregação contábil de patrimônios autônomos não resulta em nova ENTIDADE, mas numa 
unidade de natureza econômico-contábil. 
 
Exemplos: 
a) A dona da mercearia que mistura despesas de água, luz e IPTU entre ela e seu 
comércio; 
b) O sócio utiliza seu veículo para se deslocar até a empresa, e lança as despesas de 
manutenção com o carro como se fossem despesas da empresa; 
c) Um dos sócios da empresa paga suas contas residenciais através da retirada do caixa 
da empresa; 
d) O gerente usa o carro da empresa para o lazer pessoal e contabiliza as despesas como 
se fossem despesas da empresa. 
 
b) PRINCÍPIO DA CONTINUIDADE 
A CONTINUIDADE ou não da ENTIDADE, bem como sua vida definida ou 
provável, devem ser consideradas quando da classificação e avaliação das mutações 
patrimoniais, quantitativas e qualitativas. 
A CONTINUIDADE influencia o valor econômico dos ativos e, em muitos casos, o 
valor ou o vencimento dos passivos, especialmente quando a extinção da ENTIDADE tem 
prazo determinado, previsto ou previsível. 
A observância do Princípio da CONTINUIDADE é indispensável à correta aplicação 
do Princípio da COMPETÊNCIA, por efeito de se relacionar diretamente à quantificação dos 
componentes patrimoniais e à formação do resultado, e de constituir dado importante para 
aferir a capacidade futura de geração de resultado. 
Exemplos: 
a) O sócio está tentando um financiamento para investir no seu negócio e apresenta um 
contrato social ao gerente com o prazo definido para encerramento das atividades; 
b) Ocorre uma reestruturação do objeto social da empresa, que passa para outro ramo de 
atividade, causando desconfiança aos investidores, clientes e fornecedores; 
c) Uma empresa que está com liquidação judicial decretada, tenderá a vender seus 
estoques por valor inferior ao mercado; 
d) Venda de estoque a preço inferior ao do mercado para sanar dívidas da empresa. 
 
c) PRINCÍPIO DA OPORTUNIDADE 
O Princípio da OPORTUNIDADE refere-se, simultaneamente, à tempestividade e à 
integridade do registro do patrimônio e das suas mutações, determinando que este seja feito de 
imediato e com a extensão correta, independentemente das causas que as originaram. 
Como resultado da observância do Princípio da OPORTUNIDADE: 
I – desde que tecnicamente estimável, o registro das variações patrimoniais deve ser feito 
mesmo na hipótese de somente existir razoável certeza de sua ocorrência; 
II – o registro compreende os elementos quantitativos e qualitativos, contemplando os 
aspectos físicos e monetários; 
III – o registro deve ensejar o reconhecimento universal das variações ocorridas no patrimônio 
da ENTIDADE, em um período de tempo determinado, base necessária para gerar 
 
19
informações úteis ao processo decisório da gestão. 
Exemplos: 
a) Registro imediato de um ativo, mesmo sabendo da possibilidade razoável da certeza 
de sua ocorrência; 
b) Registros completos, claros, pontuais e oportunos das mutações de ativos, passivos e 
patrimônio líquido. 
c) Registro dos fatos contábeis, na época da ocorrência dos mesmos. 
 
d) PRINCÍPIO DO REGISTRO PELO VALOR ORIGINAL 
Os componentes do patrimônio devem ser registrados pelos valores originais das 
transações com o mundo exterior, expressos a valor presente na moeda do País, que serão 
mantidos na avaliação das variações patrimoniais posteriores, inclusive quando configurarem 
agregações ou decomposições no interior da ENTIDADE. 
 
Do Princípio do REGISTRO PELO VALOR ORIGINAL resulta: 
I – a avaliação dos componentes patrimoniais deve ser feita com base nos valores de entrada, 
considerando-se como tais os resultantes do consenso com os agentes externos ou da 
imposição destes; 
II – uma vez integrado no patrimônio, o bem, direito ou obrigação não poderão ter alterados 
seus valores intrínsecos, admitindo-se, tão-somente, sua decomposição em elementos e/ou sua 
agregação, parcial ou integral, a outros elementos patrimoniais; 
III – o valor original será mantido enquanto o componente permanecer como parte do 
patrimônio, inclusive quando da saída deste; 
IV – os Princípios da ATUALIZAÇÃO MONETÁRIA e do REGISTRO PELO VALOR 
ORIGINAL são compatíveis entre si e complementares, dado que o primeiro apenas atualiza e 
mantém atualizado o valor de entrada; 
V – o uso da moeda do País na tradução do valor dos componentes patrimoniais constitui 
imperativo de homogeneização quantitativa dos mesmos. 
Exemplos: 
a) Aquisição de produtos para revenda em Dezembro/2006 por R$ 10.000,00, já incluído 
frete e imposto, sendo vendido apenas em Fevereiro/2007. O valor do Custo da Mercadoria 
Vendida deverá ser o mesmo quando da compra da mercadoria, embora que nesta data, o 
valor da mercadoria não esteja valendo o valor pago; 
b) Compra de um veículo por R$ 5.000,00 em Março/2000 para as atividades da empresa. Em 
2006 resolve-se vender o veículo por R$ 3.000,00,já devidamente depreciado. A baixa do 
imobilizado deverá ser pelo valor contábil do bem, e não pelo preço de venda; 
c) Registro pelo valor da transação, Nota Fiscal, Recibo, Cupom Fiscal ou seja, pelo valor 
efetivamente negociado. 
 
e) PRINCÍPIO DA COMPETÊNCIA 
As receitas e as despesas devem ser incluídas na apuração do resultado do período em 
que ocorrerem, sempre simultaneamente quando se correlacionarem, independentemente de 
recebimento ou pagamento. 
O Princípio da COMPETÊNCIA determina quando as alterações no ativo ou no 
passivo resultam em aumento ou diminuição no patrimônio líquido, estabelecendo diretrizes 
para classificação das mutações patrimoniais, resultantes da observância do Princípio da 
OPORTUNIDADE. 
O reconhecimento simultâneo das receitas e despesas, quando correlatas, é 
consequência natural do respeito ao período em que ocorrer sua geração. 
As receitas consideram-se realizadas: 
I – nas transações com terceiros, quando estes efetuarem o pagamento ou assumirem 
compromisso firme de efetivá-lo, quer pela investidura na propriedade de bens anteriormente 
 
20
pertencentes à ENTIDADE, quer pela fruição de serviços por esta prestados; 
II – quando da extinção, parcial ou total, de um passivo, qualquer que seja o motivo, sem o 
desaparecimento concomitante de um ativo de valor igual ou maior; 
III – pela geração natural de novos ativos independentemente da intervenção de terceiros; 
IV – no recebimento efetivo de doações e subvenções. 
Consideram-se incorridas as despesas: 
I – quando deixar de existir o correspondente valor ativo, por transferência de sua propriedade 
para terceiro; 
II – pela diminuição ou extinção do valor econômico de um ativo; 
III – pelo surgimento de um passivo, sem o correspondente ativo. 
Exemplo: 
a) A empresa X incorre e reconhece uma despesa de R$ 1.000,00 em Novembro/2006, 
referente à compra de estoque, mas se compromete a pagar em 2 parcelas de R$ 
500,00, em janeiro e fevereiro/2007 
b) A empresa XZ aufere e reconhece uma receita de R$ 1.000,00 em Novembro/2006, 
referente a venda de mercadorias, mas só vai receber, em parcela única, em 
Março/2007; 
c) A empresa XY contrata seguro para suas instalações, no valor de R$ 2.000,00, 
pagando 100% no ato. Porém, seguindo o princípio da competência, reconhece a 
despesa mensalmente, baseado no fato gerador, ou seja, à medida que o serviço é 
prestado. 
 
f) PRINCÍPIO DA PRUDÊNCIA 
O Princípio da PRUDÊNCIA determina a adoção do menor valor para os componentes 
do ATIVO e do maior para os do PASSIVO, sempre que se apresentem alternativas 
igualmente válidas para a quantificação das mutações patrimoniais que alterem o patrimônio 
líquido. 
O Princípio da PRUDÊNCIA impõe a escolha da hipótese de que resulte menor 
patrimônio líquido, quando se apresentarem opções igualmente aceitáveis diante dos demais 
Princípios de Contabilidade. 
Observado o disposto no art. 7º, o Princípio da PRUDÊNCIA somente se aplica às 
mutações posteriores, constituindo-se ordenamento indispensável à correta aplicação do 
Princípio da COMPETÊNCIA. 
A aplicação do Princípio da PRUDÊNCIA ganha ênfase quando, para definição dos 
valores relativos às variações patrimoniais, devem ser feitas estimativas que envolvem 
incertezas de grau variável. 
Exemplos: 
a) A empresa WEB está sendo processada por um funcionário pela falta de pagamento de 
horas extras realizadas num determinado período. O valor reivindicado é de R$ 
5.000,00, podendo chegar a R$ 6.000,00, dependendo das demais custas. A empresa 
deve constituir reserva para uma possível punição, no valor de R$ 6.000,00; 
b) As instalações da empresa estão situadas em local passível de inundações. Pela adoção 
deste princípio, ela deve constituir uma reserva de contingência prevendo possíveis 
perdas, caso aconteça à enchente; 
c) Constituição de reservas, tendo em vista a expectativa de perdas em lavouras, através 
de chuvas, temporais, vendavais, secas e outras intempéries da natureza. 
 
 
 
 
 
 
 
21
1.13 OBRIGAÇÃO DE MANTER ESCRITURAÇÃO CONTÁBIL 
 
a) CÓDIGO CIVIL 
 
 Sobre o assunto, o Código Civil, através dos artigos abaixo cita que: 
 
 Art. 1.179. O empresário e a sociedade empresária são obrigados a seguir um sistema 
de contabilidade, mecanizado ou não, com base na escrituração uniforme de seus livros, em 
correspondência com a documentação respectiva, e a levantar anualmente o balanço 
patrimonial e o de resultado econômico. 
 §1º Salvo o disposto no art. 1.180, o número e a espécie de livros ficam a critério dos 
interessados. 
 §2º É dispensado das exigências deste artigo o pequeno empresário a que se refere o 
art. 970. 
 Art. 970. A lei assegurará tratamento favorecido, diferenciado e simplificado ao 
empresário rural e ao pequeno empresário, quanto à inscrição e aos efeitos daí decorrentes. 
 Art. 1.180. Além dos demais livros exigidos por lei, é indispensável o Diário, que pode 
ser substituído por fichas no caso de escrituração mecanizada ou eletrônica. 
 Parágrafo único. A adoção de fichas não dispensa o uso de livro apropriado para o 
lançamento do balanço patrimonial e do de resultado econômico. 
 
b) LEVANTAMENTO DO BALANÇO PATRIMONIAL 
 
 O art. 1.179 CC, estabelece o dever ao empresário e à sociedade empresária levantar 
anualmente o balanço patrimonial. Balanço Patrimonial é a demonstração que encerra a 
sequência dos procedimentos contábeis, apresentado de forma ordenada em três elementos 
componentes do patrimônio: Ativo, Passivo e Patrimônio Líquido. Sendo o Ativo composto 
por bens e direitos (art, 10, item 4 do Código Comercial); o Passivo composto pelas 
obrigações; o patrimônio líquido corresponde à diferença entre o ativo e o passivo. 
 O balanço é um ato jurídico e não simples ato material. Ato ou negócio jurídico, em 
qualquer hipótese, o balanço regularmente aprovado e publicado de uma companhia deve ser 
considerado válido e eficaz, perante os acionistas e terceiros. (José Waldeci das Lucena – Das 
Sociedades Limitadas, 5ª Ed. RJ. Renovar, 2003). 
 Mesmo que a empresa esteja desobrigada a apresentação da Escrituração e do Balanço 
em função de legislação tributária, esta deve elaborá-los conforme determina o art. 1179 do 
CC. É o caso do lucro presumido, no qual a legislação faculta o contribuinte a escriturar Livro 
Caixa. 
 Existem balanços ordinários, que são os balanços anuais e os balanços especiais, que 
são os extraordinários, levantados para casos específicos. São especiais os balanços: 
• de recesso de acionista ( art. 45, § 2º, Lei nº 6.404/76); 
• de liquidação ( art. 210, inciso III, Lei nº 6.404/76); 
• de dividendos intermediários ( art. 204, ª 1º, Lei nº 6.404/76); 
• de autofalência ( art. 8º, inciso I, Decreto-Lei nº 7.661/45); 
• de concordata ( art. 159, inciso IV, Decreto-lei nº 7.661/45); 
• de incorporação, cisão e fusão. 
 
c) OUTRAS DISPOSIÇÕES NO CÓDIGO CIVIL 
 
 Além dos demais livros exigidos por lei, é indispensável o Diário, que pode ser 
substituído por fichas no caso de escrituração mecanizada ou eletrônica. A adoção de fichas 
não dispensa o uso de livro apropriado para o lançamento do balanço patrimonial e do de 
resultado econômico (art. 1180). 
 
22
 Salvo disposição especial de lei, os livros obrigatórios e, se for o caso, as fichas, antes 
de postos em uso, devem ser autenticados no Registro Público de Empresas Mercantis. A 
autenticação não se fará sem que esteja inscrito o empresário, ou a sociedade empresária, que 
poderá fazer autenticar livros não obrigatórios (art. 1.181). 
 Sem prejuízo do disposto no art. 1.174, a escrituração ficará sob a responsabilidade de 
contabilista legalmente habilitado, salvo se nenhum houver na localidade (art. 1.182). 
 A escrituração será feita em idioma e moeda corrente nacionais e em forma contábil, 
por ordem cronológica de dia, mês e ano, sem intervalos em branco, nem entrelinhas, borrões, 
rasuras, emendas ou transportes para as margens. É permitido o uso de código de números ou 
de abreviaturas, que constem de livro próprio,regularmente autenticado (art. 1.183). 
 No Diário serão lançadas, com individuação, clareza e caracterização do documento 
respectivo, dia a dia, por escrita direta ou reprodução, todas as operações relativas ao 
exercício da empresa (art. 1.184). 
 Admite-se a escrituração resumida do Diário, com totais que não excedam o período 
de trinta dias, relativamente a contas cujas operações sejam numerosas ou realizadas fora da 
sede do estabelecimento, desde que utilizados livros auxiliares regularmente autenticados, 
para registro individualizado, e conservados os documentos que permitam a sua perfeita 
verificação (art. 1.184). 
 Serão lançados no Diário o balanço patrimonial e o de resultado econômico, devendo 
ambos ser assinados por técnico em Ciências Contábeis legalmente habilitado e pelo 
empresário ou sociedade empresária. (art. 1.184). 
 O empresário ou sociedade empresária que adotar o sistema de fichas de lançamentos 
poderá substituir o livro Diário pelo livro Balancetes Diários e Balanços, observadas as 
mesmas formalidades extrínsecas exigidas para aquele (art. 1.185). 
 O livro Balancetes Diários e Balanços serão escriturados de modo que registre (art. 
1.186): 
I - a posição diária de cada uma das contas ou títulos contábeis, pelo respectivo saldo, em 
forma de balancetes diários; 
II - o balanço patrimonial e o de resultado econômico, no encerramento do exercício. 
 Na coleta dos elementos para o inventário serão observados os critérios de avaliação a 
seguir determinados (art. 1.187): 
I. os bens destinados à exploração da atividade serão avaliados pelo custo de aquisição, 
devendo, na avaliação dos que se desgastam ou depreciam com o uso, pela ação do tempo 
ou outros fatores, atender-se à desvalorização respectiva, criando-se fundos de 
amortização para assegurar-lhes a substituição ou a conservação do valor; 
II. os valores mobiliários, matéria-prima, bens destinados à alienação, ou que constituem 
produtos ou artigos da indústria ou comércio da empresa, podem ser estimados pelo custo 
de aquisição ou de fabricação, ou pelo preço corrente, sempre que este for inferior ao 
preço de custo, e quando o preço corrente ou venal estiver acima do valor do custo de 
aquisição, ou fabricação, e os bens forem avaliados pelo preço corrente, a diferença entre 
este e o preço de custo não será levada em conta para a distribuição de lucros, nem para as 
percentagens referentes a fundos de reserva; 
 O balanço patrimonial deverá exprimir, com fidelidade e clareza, a situação real da 
empresa e, atendidas as peculiaridades desta, bem como as disposições das leis especiais, 
indicará, distintamente, o ativo e o passivo (art. 1.188). 
 O balanço de resultado econômico, ou demonstração da conta de lucros e perdas, 
acompanhará o balanço patrimonial (art. 1.189). 
 É garantido o sigilo da escrituração contábil, conforme art. 1.190, exceto em caso de 
fiscalizações tributárias. 
 
 
 
 
23
d) LEI DE FALÊNCIAS 
 
 Conforme art. 51 da Lei 11.101, de 09.02.2005, para o Pedido e do Processamento da 
Recuperação Judicial será necessário que as demonstrações contábeis relativas aos 3 (três) 
últimos exercícios sociais e as levantadas especialmente para instruir o pedido, 
confeccionadas com estrita observância da legislação societária aplicável e compostas 
obrigatoriamente de: 
� balanço patrimonial; 
� demonstração de resultados acumulados; 
� demonstração do resultado desde o último exercício social; 
� relatório gerencial de fluxo de caixa e de sua projeção. 
 
 O Art. 105, da Lei 11.101/2005, define que o devedor em crise econômico-financeira 
que julgue não atender aos requisitos para pleitear sua recuperação judicial deverá requerer ao 
juízo sua falência, expondo as razões da impossibilidade de prosseguimento da atividade 
empresarial, acompanhadas dos seguintes documentos: 
- demonstrações contábeis referentes aos 3 (três) últimos exercícios sociais e as levantadas 
especialmente para instruir o pedido, confeccionadas com estrita observância da legislação 
societária aplicável e compostas obrigatoriamente de: 
a) balanço patrimonial; 
b) demonstração de resultados acumulados; 
c) demonstração do resultado desde o último exercício social; 
d) relatório do fluxo de caixa; 
e) e demais livros obrigatórios e documentos contábeis que lhe forem exigidos por lei; 
 
e) FRAUDE A CREDORES 
 
 O art. 168, da mesma lei, dispõe que praticar, antes ou depois da sentença que decretar 
a falência, conceder a recuperação judicial ou homologar a recuperação extrajudicial, ato 
fraudulento de que resulte ou possa resultar prejuízo aos credores, com o fim de obter ou 
assegurar vantagem indevida para si ou para outrem. 
 Pena – reclusão, de 3 (três) a 6 (seis) anos, e multa. 
 A pena aumenta-se de 1/6 (um sexto) a 1/3 (um terço), se o agente: 
I. elabora escrituração contábil ou balanço com dados inexatos; 
II. omite, na escrituração contábil ou no balanço, lançamento que deles deveria constar, ou 
altera escrituração ou balanço verdadeiros; 
III. destrói, apaga ou corrompe dados contábeis ou negociais armazenados em computador ou 
sistema informatizado; 
IV. simula a composição do capital social; 
V. destrói, oculta ou inutiliza, total ou parcialmente, os documentos de escrituração contábil 
obrigatórios. 
 
f) CONTABILIDADE PARALELA 
 
 A pena é aumentada de 1/3 (um terço) até metade se o devedor manteve ou 
movimentou recursos ou valores paralelamente à contabilidade exigida pela legislação. 
 
g) CONCURSO DE PESSOAS 
 
 Nas mesmas penas incidem os contadores, técnicos contábeis, auditores e outros 
profissionais que, de qualquer modo, concorrerem para as condutas criminosas descritas no 
artigo 168, na medida de sua culpabilidade. 
 
24
 Lembrando que a Lei nº 11.101/2005 passou a vigorar a partir de 10.06.2005. 
 
h) CONTABILIDADE COMO PROVA EM AUTUAÇÕES FISCAIS 
 
 A prova no processo Administrativo Fiscal é de fundamental importância e deve ser 
observada criteriosamente pelo Contribuinte, através da prova o julgador forma sua convicção 
a favor ou contra a empresa. “Quem alega e não prova não alegou”, alegação sem prova 
transforma-se em uma denúncia vazia. 
 Por exemplo, o Contribuinte alega na sua impugnação que não é devedor do tributo, 
pois já o pagou, no entanto, não apresenta cópia do comprovante de recolhimento, na peça 
impugnatória. Seu argumento é inválido, não é acolhido, não está devidamente comprovado, é 
nesse sentido que as provas devem ser consideradas. 
 A produção de provas fortes e irrefutáveis deve ser preparada pelo Contribuinte na 
ocasião da realização do ato jurídico (negociação: compra ou venda). A prova nada mais é do 
que um documento hábil (aceito pelo fisco) que suporta o lançamento contábil. Muitas vezes, 
os responsáveis pelas empresas apresentam documentos parcialmente hábeis, documentos 
considerados não hábeis (pedido, rascunho de compras, sem identificação) ou não apresentam 
documentos. 
 O Contador, por sua vez, cobra os devidos documentos, mas como a empresa é 
dinâmica e já está envolvida em outras negociações não se preocupa com a documentação 
anterior. Então o lançamento contábil é feito com base na cópia de cheque sem a 
documentação comprobatória. O tempo passa, substitui-se o Contador, o Administrador ou até 
mesmo os sócios, a falta do documento só vai ser observada quando solicitado pelo fiscal, 
quase 05 anos após a data que deveria ser emitido. 
 A administração sai correndo atrás da documentação, inútil o fornecedor que vendeu 
fechou, até mesmo não é mais fornecedor da empresa, não vai ter nenhuma vontade em 
procurar documentos, ou ainda, não foi emitido o respectivo documento fiscal, naquela 
ocasião. São fatos lamentáveis, mais que normalmente ocorrem em nossas empresas, é uma 
questão de cultura, pois são os sócios que administram suas próprias empresas e acreditam 
que não é necessário manter toda a documentação em ordem. 
 Todos os lançamentos contábeis necessitam de comprovantes hábeis, sejam eles de 
receitas,despesas ou variação patrimonial. A produção de provas é estabelecida pelos 
documentos que dão suporte aos lançamentos contábeis. Qualquer fragilidade expõe a 
empresa em um processo de fiscalização. 
 Várias são as formas de provas que acompanham o lançamento contábil: 
a) O próprio documento é o comprovante do lançamento contábil. Exemplo: nota fiscal de 
compras de peça, no Diário consta o número da nota fiscal e o nome da empresa, bem 
como o valor do documento; 
b) Se a empresa, por ocasião do lançamento contábil, não foi efetuar a produção de provas, 
mediante o relatório de provisão de férias individualizado por funcionários, a despesa será 
glosada, devendo o valor ser adicionado ou lucro real. Fica difícil confeccionar essas 
provas quando a empresa for autuada, pois já se passou muito tempo e o período de defesa 
é de apenas 30 dias da data da ciência do auto de infração. A Contabilidade levada a sério, 
serve como instrumento de filtro da documentação, bem como de prova no PAF. 
c) Os impostos ainda que não pagos e ou a pagar são dedutíveis pelo período de competência. 
(Parágrafo 2º, artigo 41 da Lei nº 8981/95 e Artigo 1º da Lei nº 9.316/96). Para isto, o 
Contador deve elaborar demonstrativo, mês a mês, demonstrando a base de cálculo, a 
alíquota e outros valores que servirão de suporte para o cálculo do imposto, bem como 
declará-lo na DCTF. Se o fiscal não constatar subsídios necessários que comprovem o 
lançamento contábil, a despesa poderá ser glosada. 
d) Lançamentos Globais na Contabilidade – É um “prato cheio” para a fiscalização quando 
localiza na contabilidade despesas lançadas englobadamente, isto é, várias despesas (pagas 
 
25
ou a pagar) que são somadas e lançadas. Esse procedimento acaba facilitando o trabalho de 
investigação, pois o lançamento é facilmente identificado e depois porque se constitui 
provisão lançamentos englobados, sem a devida comprovação, sendo indedutível a 
provisão para fins de IRPJ e CSSL (inciso I, do Art. 13, da Lei 9.249/95). O raciocínio é o 
mesmo do item anterior, se na data do lançamento não o discrimina, passados 03 a 05 anos 
fica quase impossível chegar a conclusão de quais documentos compõem o lançamento. 
Conforme matéria abaixo, a diferença entre Provisão e Contabilização pelo Regime de 
Competência: 
e) Diferentemente são os lançamentos pelos totais que estão individualizados em livros 
auxiliares de contabilização, que ficam à disposição da fiscalização e lastreados por 
documentos hábeis. 
f) Outras Contabilizações - principalmente planejamentos tributários e outras contabilizações 
que são feitos utilizando-se de consultas, acórdãos ou interpretação da lei a favor da 
empresa, devido a um provável questionamento em uma fiscalização, devem ser 
arquivados juntamente com os documentos contábeis, em formato de dossiê, explicando e 
comprovando o raciocínio que justificou o lançamento contábil. 
g) Especificar no histórico contábil os dados do lançamento. Exemplo: no ano de 2010, por 
um lapso a empresa, a empresa não contabilizou a sua NF nº 1. 111, relativa a receita, 
porém a lançou no ano posterior em 2011, quando detectou a incorreção. Se não efetuar o 
lançamento de forma discriminada no Diário e em separado das demais notas fiscais, o 
lançamento não poderá ser identificado no Livro Diário, consequentemente, se detectado o 
valor não lançado em 2010, o fisco autuará e a empresa não poderá compensar o 
lançamento efetuado em 2011, bem como será configurada a omissão de receita e crime 
contra a ordem tributária. 
 
 A exposição deste assunto tem como objetivo alertar os Contribuintes e seus 
Contadores de que a produção de prova deve ser feita por ocasião da realização do negócio e 
da contabilização, cabendo até uma indagação mental (tanto para o Contribuinte como para o 
Contador): 
� Em uma fiscalização, esse documento será aceito pelo fisco? 
� É um documento suficientemente hábil ou é necessário um laudo e outros documentos 
subsidiários que comprovem a transação? 
� Quais as probabilidades do julgador aceitar o documento? 
 
 Tomando todas as precauções possíveis, no momento adequado, não será uma tarefa 
difícil de convencer o Fiscal ou o Julgador. São filtros que facilitarão a defesa do contribuinte 
em autuações fiscais, pois produzir provas, após passado anos, em tempo curto (30 dias para a 
impugnação), tende a ser uma prova fraca e sem poder probatório suficiente de 
convencimento dos julgadores, pelos fatos expostos, bem como, uma Contabilidade com 
suporte documental, torna-se prova a favor da empresa, provando a boa-fé do contribuinte e 
exigindo a prova em contrário do fisco. 
 
ACÓRDÃO 108-07.816 
Órgão: 1º Conselho de Contribuintes / 8a. Câmara 
1º Conselho de Contribuintes / 8a. Câmara / ACÓRDÃO 108-07.816 em 13/05/2004 
IRPJ e OUTROS/SIMPLES - Ex.: 1998 e 1999 
PAF - APURAÇÃO CONTÁBIL - A ciência contábil é formada por uma estrutura única 
composta de postulados e orientada por princípios. Sua produção deve ser a correta 
apresentação do patrimônio, com apuração de suas mutações e análise das causas de suas 
variações. A apuração contábil observará as três dimensões na qual está inserida e as quais 
deve servir: comercial - a Lei 6404/1976; contábil - Resolução 750/1992 e fiscal, que implica 
em chegar ao cálculo da renda, obedecendo a critérios constitucionais com fins tributários. A 
 
26
regência da norma jurídica originária de registro contábil tem a sua natureza dupla: descrever 
um fato econômico em linguagem contábil sob forma legal e um fato jurídico imposto legal e 
prescritivamente. Feito o registro contábil, como determina a lei, torna-se norma jurídica 
individual e concreta, observada por todos, inclusive a administração, fazendo prova a favor 
do sujeito passivo. Caso contrário, faz prova contra. 
Recurso negado. Por unanimidade de votos, NEGAR provimento ao recurso. 
Dorival Padovan - Presidente 
Publicado no DOU em: 20.07.2004 
Relator: Ivete Malaquias Pessoa Monteiro 
Recorrente: URBAPI URBANIZADORA DO PIAUÍ LTDA. 
 
1.14 CONTADOR É INVESTIMENTO 
 
 O proprietário de uma empresa certamente sabe o quanto a figura do contador é 
importante para que o seu negócio continue bem sucedido. De nada adianta fechar um grande 
número de contratos e alcançar excelentes resultados, se o contador da empresa não tem 
zelado pela eficiência na gestão contábil, societária e tributária do negócio. 
 Com o grande volume de negócios fechados até pode ter entrado uma excelente 
quantia no caixa da empresa, contudo, se o valor que a empresa paga em impostos for 
excessiva, certamente o empresário não ficará satisfeito com o lucro auferido. E é exatamente 
aí que entra o papel do contador. 
 Como em todas as profissões, nem todos os contadores estão adequadamente 
capacitados para entender, interpretar e orientar seus clientes no que diz respeito à legislação. 
 Mas como identificar um bom profissional? Saber se ele realmente está preparado para 
atender as suas necessidades? São perguntas que até então você não saberia responder, mas 
poderá ter uma "luz" ao prestar atenção a algumas dicas simples que podem fazer a diferença. 
Primeiramente, o empresário deve "investir" em um contador, e não "gastar" com um. 
 Um bom contador é aquele que identifica soluções legais que permitam reduzir os 
custos fiscais e gerenciais da sua empresa. Ou seja, que ajuda no planejamento fiscal da 
empresa. Considerando a rapidez com que a legislação tributária muda no Brasil, esse 
profissional deve se reciclar constantemente. 
 Além de se manter atualizado sobre as mudanças na legislação, e responder pela 
gestão fiscal e tributária do negócio, o contador também deve conhecer administração, 
marketing e informática, atuando também como consultor. Muito para um contador? Não. O 
contador que apenas se preocupa em colocar os livros em dia está ultrapassado. 
 Atualmente é indispensável que todos os serviços de contabilidade sejam 
informatizados, pois só assim o contador tem condições

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