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Apostila Fundações

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Fundações 
 
 
 
 
SCHOLA DIGITAL 
2018 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
Material Didático de Leitura 
Obrigatória utilizado na 
Disciplina Fundações – 
Revisão 00 de Janeiro de 
2018 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
ÍNDICE 
 
UNIDADE 1 – CONCEITOS ELEMENTARES 
Aula 1: Informações Preliminares...............................................................................................1 
Aula 2: Classificação das Fundações.........................................................................................11 
Aula 3: Fundações Profundas I..................................................................................................22 
Aula 4: Fundações Profundas II.................................................................................................41 
Aula 5: Projeto de Fundações...................................................................................................54 
Aula 6: Investigação do Subsolo...............................................................................................61 
UNIDADE 2 – DIMENSIONAMENTO 
Aula 7: Fundações Superficiais - Tensões no Solo....................................................................74 
Aula 8: Fundações Superficiais - Análises.................................................................................85 
Aula 9: Cálculo de Fundações Profundas I..............................................................................112 
Aula 10: Cálculo de Fundações Profundas II...........................................................................122 
Aula 11: Reforços de Fundações.............................................................................................129 
Aula 12: Fundações Mistas.....................................................................................................140 
 
 
F
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s 
Aula 1 – Informações Preliminares 
 
UNIDADE 1 – CONCEITOS ELEMENTARES 
 
 
 
 
 
1 
 
 
Unidade 1 – Conceitos Elementares 
 
Aula 1: Informações Preliminares 
 
Fundações são elementos estruturais destinados a transmitir ao terreno as cargas da 
estrutura. Devem ter resistência adequada para suportar as tensões causadas pelos esforços 
solicitantes. O solo deve ter resistência e rigidez apropriada para não sofrer ruptura e não 
apresentar deformações exageradas ou diferenciais. Pode-se resumir que chama-se fundação 
a parte de uma estrutura que transmite ao terreno subjacente a carga da obra. 
 
1. Introdução 
O sistema de fundações é formado pelo elemento estrutural do edifício que fica abaixo 
do solo (podendo ser constituído por bloco, estaca ou tubulão, por exemplo) e o maciço de 
solo envolvente sob a base e ao longo do fuste. 
Sua função é suportar com segurança as cargas provenientes do edifício. 
Convencionalmente, o projetista estrutural repassa ao projetista de fundação as cargas que 
serão transmitidas aos elementos de fundação. Confrontando essas informações com as 
características do solo onde será edificado, o projetista de fundações calcula o 
deslocamento desses elementos e compara com os recalques admissíveis da estrutura, ou 
seja, primeiro elabora-se o projeto estrutural e depois o projeto de fundação. 
Quando o projeto estrutural é elaborado em separado do projeto de fundação, 
considera-se, durante o dimensionamento das estruturas, que a fundação terá um 
comportamento rígido, indeslocável. Na realidade, tais apoios são deslocáveis e esse fator 
tem uma grande contribuição para uma redistribuição de esforços nos elementos da 
estrutura. 
Essa redistribuição ou nova configuração de esforços nos elementos estruturais, em 
especial nos pilares, provoca uma transferência das cargas dos pilares mais carregados para 
os pilares menos carregados. Geralmente, os pilares centrais são os mais carregados que os 
Aula 1 – Informações Preliminares 
 
FUNDAÇÕES 
 
 
 
 
 
2 
 
 
da periferia. Ao considerarmos a interação solo-estrutura no dimensionamento da 
fundação, os pilares que estão mais próximos do centro terão uma carga menor do que a 
calculada, havendo uma redistribuição das tensões. 
Dessa forma, é possível estimar os efeitos da redistribuição dos esforços na estrutura 
do edifício, bem como a intensidade e a forma dos recalques diferenciais. 
Consequentemente, teremos um projeto otimizado, podendo-se obter uma economia que 
pode chegar a até 50% no custo de uma fundação. Torna-se clara a importância da união 
entre o projeto estrutural e o projeto de fundações em um único grande projeto, uma vez 
que os dois estão totalmente interligados e mudanças em um provocam reações imediatas 
no outro. 
1.1. Parâmetros para Escolha da Fundação 
São diversas as variáveis a serem consideradas para a escolha do tipo de fundação. 
Numa primeira etapa, é preciso analisar os critérios técnicos que condicionam a escolha por 
um tipo ou outro de fundação. Os principais itens a serem considerados são: 
• Topografia da Área 
✓ Dados sobre taludes e encostas no terreno, ou que possam atingir o 
terreno; 
✓ Necessidade de efetuar cortes e aterros; 
✓ Dados sobre erosões, ocorrência de solos moles na superfície; 
✓ Presença de obstáculos, como aterros com lixo ou matacões. 
• Características do maciço de Solo 
✓ Variabilidade das camadas e a profundidade de cada uma delas; 
✓ Existência de camadas resistentes ou adensáveis; 
✓ Compressibilidade e resistência do solo; 
✓ A posição do nível d’água. 
• Dados da Estrutura 
✓ A arquitetura, o tipo e o uso da estrutura, como por exemplo, se 
consiste em um edifício, torre ou ponte, se há subsolo e ainda as 
cargas atuantes. 
Realizado esse estudo, descartamos as fundações que oferecem limitações de 
emprego para a obra em que se está realizando a análise. Teremos, ainda assim, uma gama 
de soluções que poderão ser adotadas. 
Aula 1 – Informações Preliminares 
 
UNIDADE 1 – CONCEITOS ELEMENTARES 
 
 
 
 
 
3 
 
 
Alguns projetistas de fundação elaboram projetos com diversas soluções, para que o 
construtor escolha o tipo mais adequado de acordo com o custo, disponibilidade financeira 
e o prazo desejado. Na figura a seguir, pode-se visualizar e revisar os elementos que 
constituem uma edificação. 
 
Numa segunda etapa, consideram-se os seguintes fatores: 
• Dados sobre as construções vizinhas 
✓ O tipo de estrutura e das fundações vizinhas; 
✓ Existência de subsolo; 
✓ Possíveis consequências de escavações e vibrações provocadas pela 
nova obra; 
✓ Danos já existentes. 
• Aspectos econômicos 
✓ Além do custo direto para a execução do serviço, deve-se considerar 
o prazo de execução. Há situações em que uma solução mais custosa 
oferece um prazo de execução menor, tornando-se mais atrativa. 
Podemos perceber que, para realizar a escolha adequada do tipo de 
fundação, é importante que a pessoa responsável pela contratação 
tenha o conhecimento dos tipos de fundação disponíveis no mercado 
e de suas características. Somente com esse conhecimento é que 
será possível escolher a solução que atenda às características 
técnicas e ao mesmo tempo se adeque à realidade da obra. 
 
 
Aula 1 – Informações Preliminares 
 
FUNDAÇÕES 
 
 
 
 
 
4 
 
 
1.2. As cargas da Edificação 
As cargas da edificação são obtidas por meio das plantas de arquitetura e estrutura, 
onde são considerados os pesos próprios dos elementos constituintes e a sobrecarga ou 
carga útil a ser considerada nas lajes que sãonormalizadas em função de sua finalidade. 
Eventualmente, em função da altura da edificação deverá também ser considerada a ação 
do vento sobre a edificação. A tabela abaixo fornece o peso específico dos materiais mais 
utilizados nos elementos constituintes de uma construção. 
 
1.3. Tipos de Fundações 
As fundações são classificadas em fundações diretas /rasas e indiretas/profundas. 
• Fundações Diretas ou Rasas: são aquelas em que a carga da estrutura é 
transmitida diretamente ao solo pela fundação. São executadas em valas 
rasas, com profundidade máxima de 3,0 metros, e caracterizadas por blocos, 
alicerces, sapatas e radiers. Quando a camada resistente à carga da 
edificação, ou seja, onde a base da fundação está implantada, não excede a 
duas vezes a sua menor dimensão ou se encontre a menos de 3 m de 
profundidade. 
• Fundações Indiretas ou Profundas: são aquelas que transferem a carga por 
efeito de atrito lateral do elemento com o solo e por meio de um fuste. Estas 
estruturas de transmissão podem ser estacas ou tubulões. são aquelas cujas 
bases estão implantadas a mais de duas vezes a sua menor dimensão, e a 
mais de 3 m de profundidade. 
Aula 1 – Informações Preliminares 
 
UNIDADE 1 – CONCEITOS ELEMENTARES 
 
 
 
 
 
5 
 
 
 
O que caracteriza, principalmente uma fundação rasa ou direta é o fato da distribuição 
de carga do pilar para o solo ocorrer pela base do elemento de fundação, sendo que, a 
carga aproximadamente pontual que ocorre no pilar, é transformada em carga distribuída, 
num valor tal, que o solo seja capaz de suportá-la. Outra característica da fundação direta é 
a necessidade da abertura da cava de fundação para a construção do elemento de fundação 
no fundo da cava. A fundação profunda, a qual possui grande comprimento em relação a 
sua base, apresenta pouca capacidade de suporte pela base, porém grande capacidade de 
carga devido ao atrito lateral do corpo do elemento de fundação com o solo. A fundação 
profunda, normalmente, dispensa abertura da cava de fundação, constituindo-se, por 
exemplo, em um elemento cravado por meio de um bate-estaca. 
 
 
 
 
 
Aula 1 – Informações Preliminares 
 
FUNDAÇÕES 
 
 
 
 
 
6 
 
 
2. Sondagens 
Muitas vezes o aspecto de um solo leva o técnico a considera-lo firme. No entanto, um 
exame mais cuidadoso pode mostrar tratar-se de solo altamente compressível, exigindo 
consolidação prévia. Este exame denomina-se sondagem e tem por finalidade verificar a 
natureza do solo, a espessura das diversas camadas, a profundidade e a extensão da 
camada mais resistente que deverá receber as cargas da construção, e determinar o tipo da 
estrutura de fundação a ser especificada. (A aula 6 tratará exclusivamente e 
detalhadamente as sondagens). 
É sempre aconselhável a execução de sondagens, no sentido de reconhecer o subsolo 
e escolher a fundação adequada, fazendo com isso, o barateamento das fundações. As 
sondagens representam, em média, apenas 0,05 a 0,005% do custo total da obra. 
 Os requisitos técnicos a serem preenchidos pela sondagem do subsolo são os 
seguintes: 
• Determinação dos tipos de solo que ocorrem, no subsolo, até a profundidade 
de interesse do projeto; 
• Determinação das condições de compacidade (areias) ou consistência (argilas) 
em que ocorrem os diversos tipos de solo; 
• Determinação da espessura das camadas constituintes do subsolo e avaliação 
da orientação dos planos (superfícies) que as separam; 
• Informação completa sobre a ocorrência de água no subsolo. 
Para efeito prático na construção, a Mecânica dos Solos divide os materiais que 
ocorrem na superfície da crosta terrestre em: 
• Rochas - solos rochosos (rochas em decomposição ou sã); 
• Solos Arenosos/Siltuosos: com propriedade de compacidade (grau de 
compacidade); 
• Solos Argilosos: com propriedade de consistência (limite de consistência). 
Antes de se decidir pelo tipo de fundação em um terreno, é essencial que o 
profissional adote os seguintes procedimentos: 
• Visitar o local da obra, detectando a eventual existência de alagados, 
afloramento de rochas etc.; 
• Visitar obras em andamento nas proximidades, verificando as soluções 
adotadas; 
Aula 1 – Informações Preliminares 
 
UNIDADE 1 – CONCEITOS ELEMENTARES 
 
 
 
 
 
7 
 
 
• Fazer sondagem a trado (broca) com diâmetro de 2” ou 4”, recolhendo 
amostras das camadas do solo até atingir a camada resistente; 
• Mandar fazer sondagem geotécnica. 
2.1. Execução da Sondagem 
Dependendo do tipo solo, a sondagem deverá utilizar o melhor processo que forneça 
indicações precisas, sem deixar margem de dúvida para interpretação e que permitam 
resultados conclusivos, indicando claramente a solução a adotar. 
A sondagem mais executada em solos penetráveis é a sondagem geotécnica a 
percussão, de simples reconhecimento, executada com a cravação de um barrilete 
amostrador, peça tubular metálica robusta, oca, de ponta bizelada, que penetrando no solo, 
retira amostras sequentes, que são analisadas visualmente e em laboratório para a 
classificação do solo e determina o SPT (Standart Penetration Test), que é o registro da 
somatória do número de golpes para vencer os dois últimos terços de cada metro, para a 
penetração de 15 cm. 
As fases de ensaio e de amostragem são realizadas simultaneamente, utilizando um 
tripé, um martelo de 65 kg, uma haste e o amostrador. Os pontos de sondagem devem ser 
criteriosamente distribuídos na área em estudo, e devem ter profundidade que inclua todas 
as camadas do subsolo que possam influir, significativamente, no comportamento da 
fundação. No caso de fundações para edifícios, o número mínimo de pontos de sondagens 
a realizar é função da área a ser construída. 
Nas próximas figuras são mostrados um esquema do equipamento de sondagem 
geotécnica de percussão, a planta de locação dos furos e um laudo de sondagem. 
 
Equipamento de Sondagem a Percussão 
Aula 1 – Informações Preliminares 
 
FUNDAÇÕES 
 
 
 
 
 
8 
 
 
 
 
 
 
 
Rua X
800
1000
14
801
95
0
1200
77
0
45
00
2600
SP 01
SP 02
SP 03
3500
Ru
a 
Y
Centra l
telefônic a
Casa
de
forç a
N
Penetraç ão
Golpes/ 30 c m
Cota
(RN)
Nível
da
água A
m
o
st
ra
Diagrama
das
penetraç ões
 10 20 30 40 P
ro
fu
n
d
id
a
d
e
e
m
 m
e
tr
o
s
C lassific aç ão do ma teria l
0,10
1,00
1,80
3,00
5,00
18,00
20,45
Solo superficial
Argila siltosa, variegada
idem, mole
Argila siltosa pouco
arenosa, marron, dura
idem, rija
idem, dura
Argila siltosa, dura
limite de sondagem
4
14
9
11
22
27
28
29
30
31
5
20
13
15
35
37
38
39
43
47
PERFIL DE SONDAGEM GEOLÓGICA - Ensa io de penetraç ão pad rão SPT
CLIENTE: 
Loc a l: Rua X
2,3
Responsável Téc nic o: SP 01
LOGO07/ 04/ 99
1:1000
Obs: não se verific ou
pressão d ’água
Planta de locação dos furos de sondagem 
 
Perfil de sondagem geológica (parte do laudo técnico) 
Aula 1 – Informações Preliminares 
 
UNIDADE 1 – CONCEITOS ELEMENTARES 
 
 
 
 
 
9 
 
 
Para a sondagem em solos impenetráveis são utilizados equipamentos de perfuração 
rotativa, que permitem a obtenção de amostras (ou testemunhos) para os consequentes 
ensaios de laboratório, fornecendo indicações valiosas sobre a natureza e a estrutura do 
maciço rochoso, utilizando amostradoresde aço, com parte cortante de diamante, 
carbureto de tungstênio ou aço especial, que retiram amostras com diâmetro designados 
por EX (7/8”), AX (11/8”), BX (1 5/8”) e NX (2 1/8”). 
2.2. Aptidão de Suporte de um Solo Resistente 
A resistência (sustentação) de um solo destinado a suportar uma construção é definida 
pela carga unitária (expressa em kgf/cm² ou MPa), sob a qual, praticamente, o assente deixa 
de aumentar. Os solos apresentam resistências por limite de carga que podem suportar, 
sem comprometer a estabilidade de construção. O grau de resistência indica qual tipo de 
fundação é mais adequada, como o exemplo mostrado no esquema nas próxima figura. 
 
• Se os solos A = B = C têm características iguais de resistência, é possível 
implantar a fundação em A; 
• Se só A é resistente, deve-se apoiar fundações de estruturas leves, cuja carga 
limite deve ser determinada por análise de recalque; 
• Se A é solo fraco e B é resistente, a fundação é do tipo profunda, atendendo-
se para a carga limite em função da resistência de C; 
• Se A = B são solos fracos e C é resistente, o apoio da fundação deverá ser em 
C. 
O detalhe de um ensaio prático de campo para determinação da tensão admissível do 
solo pelo método simples é dado a seguir: 
“Um pilão de 20 Kg que tem diâmetro de 15 cm, cai 10 vezes de uma altura de 0,50 m e 
penetra no solo 5 cm. Qual é a resistência do terreno?” 
Aula 1 – Informações Preliminares 
 
FUNDAÇÕES 
 
 
 
 
 
10 
 
 
 
S=  R² = 3,14x 7,5² =176,70 cm² 
 = 20/10 x 176,7 [(10x 0,5 / 0,05) + (10+1/2)] = 1,192 ou  = 1,2 kg/cm² 
 
Baseado e adaptado de UFG, 
Carol ina Barros . Edições sem 
prejuízo de conteúdo.
Aula 2 – Classificação das Fundações 
 
UNIDADE 1 – CONCEITOS ELEMENTARES 
 
 
 
 
 
11 
 
 
Aula 2: Classificação das Fundações 
 
O processo de especificação de um tipo de fundação, na generalidade dos casos, determina 
frequentemente dois tipos de fundações, chamadas genericamente de fundações do tipo rasa 
ou direta e do tipo profunda. Nesta aula, adentrar-se-á nas características de cada tipo de 
fundação a ser determinada para uma edificação. 
 
1. Especificações para Fundações 
1.1. Rasas ou Diretas 
As fundações diretas são empregadas onde as camadas do subsolo, logo abaixo da 
estrutura, são capazes de suportar as cargas. São aquelas que são dimensionadas de forma 
a distribuírem o peso da construção no solo para que a pressão exercida sobre o solo seja 
compatível com a sua resistência (do solo). 
Em outras palavras, fundações do tipo rasa ou direta são executadas quando a 
resistência de embasamento pode ser obtida no solo superficial numa profundidade que 
pode variar de 1,0 a 3,0 metros. Nesse caso, pode-se executar alicerces ou sistemas de 
sapatas interligadas por vigamentos, levando em conta os seguintes cuidados na execução: 
• Executar o escoramento adequado na escavação das valas com profundidades 
maiores que 1,5 m, quando o solo for instável; 
• Consolidar o fundo da vala, com a regularização e compactação do material; 
• Executar o lastro de concreto magro, para melhor distribuir as cargas quando 
se tratar de alicerces de alvenaria de tijolos ou pedras, ou proteger o concreto 
estrutural, quando se tratar de sapatas; 
• Determinar um sistema de drenagem para viabilizar a execução, quando 
houver necessidade; 
• Utilizar sistema de ponteiras drenantes (Well Points), de acordo com a 
próxima figura, dispostas na periferia da escavação com espaçamento de 1,0 
a 3,0 m, interligadas por meio de tubo coletor a um conjunto de bombas 
centrífugas, que realizam o rebaixamento do lençol freático em solos 
saturados e arenosos; 
Aula 2 – Classificação das Fundações 
 
FUNDAÇÕES 
 
 
 
 
 
12 
 
 
• Determinar um processo de impermeabilização da alvenaria acima do soco, 
para não permitir a permeabilidade da umidade por capilaridade. 
1.2. Profundas 
Quando o solo resistente se encontra em profundidades superiores a 3,0 metros, 
podendo chegar a 20,0 m ou mais é recomendado executar fundações do tipo profunda, 
cujo dimensionamento e especificação são determinadas pelas características das cargas e 
do solo analisado, constituída de peça estrutural do tipo haste (ou fuste) que resistem 
predominantemente esforços axiais de compressão. 
1.3. Considerações sobre o Dimensionamento das Fundações 
No processo de dimensionamento de fundações o estudo compreende 
preliminarmente duas partes essencialmente distintas: 
• Estudo do solo, por meio da sondagem, com a aplicação do estudo da 
Mecânica dos Solos e Rochas; 
• Cálculo das cargas atuantes sobre a fundação, com a aplicação do estudo da 
análise das estruturas. 
Com esses dados, passa-se à escolha do tipo de fundação, tendo-se ainda presente 
que: 
• As cargas da estrutura devem ser transmitidas às camadas de solo capazes de 
suporta-las sem ruptura; 
• As deformações das camadas de solo subjacentes às fundações devem ser 
compatíveis com as da estrutura; 
• A execução das fundações não deve causar danos as estruturas vizinhas; 
• Ao lado do aspecto técnico, a escolha do tipo de fundação deve atender ao 
aspecto econômico. 
• Finalmente, segue-se o dimensionamento e detalhamento, estudando-se a 
fundação como elemento estrutural. 
2. Classificação das Fundações 
As fundações são elementos estruturais destinados a repartir sobre o solo o peso da 
obra. No Quadro mostrado na próxima página são apresentadas as tipologias mais comuns 
Aula 2 – Classificação das Fundações 
 
UNIDADE 1 – CONCEITOS ELEMENTARES 
 
 
 
 
 
13 
 
 
das estruturas de embasamento levando em consideração a forma de execução, 
implantação, equipamentos necessários e as vantagens e desvantagens de sua utilização. 
 
 
Aula 2 – Classificação das Fundações 
 
FUNDAÇÕES 
 
 
 
 
 
14 
 
 
3. Fundações Diretas 
São aquelas estruturas executadas em valas rasas, com profundidade máxima de 3,0 
metros, ou as que repousam diretamente sobre solo firme e aflorado, como por exemplo: 
rochas, moledos (rochas em decomposição), arenitos, piçaras compactas etc., 
caracterizadas por alicerces e sapatas. 
Os alicerces são estruturas executadas pelo assentamento de pedras ou tijolos maciços 
recozidos, em valas de pouca profundidade (entre 0,50 a 1,20 m), e largura variando 
conforme a carga das paredes. 
 
3.1. Vigas de Fundação (Baldrames) 
A viga baldrame pode ser considerada a própria fundação. No caso de terrenos firmes 
e cargas pequenas, pode-se utilizar este tipo de fundação rasa e bem econômica que, nada 
mais é do que uma viga, calculada como viga sobre base elástica e construída em uma cava 
com muito pouca profundidade, destinada a suportar a carga de todas as paredes de uma 
construção, transferindo-a ao solo. 
 
A escolha correta do sistema de impermeabilização adotado para as vigas baldrames 
das edificações é fundamental para se evitar situações indesejáveis em sua fase de 
utilização. Dentre elas podemos destacar as patologias comumente denominadas “mofo de 
Aula 2 – Classificação das Fundações 
 
UNIDADE 1 – CONCEITOS ELEMENTARES 
 
 
 
 
 
15 
 
 
rodapé” que, na verdade, são o efeito da umidade presente no solo através da ascensão 
capilar dos materiais, se revelando nas superfícies das alvenarias causando desconforto 
visual, danos à saúde e depreciação do patrimônio entre outras perdas. A 
impermeabilização pode ser feita com o uso de diversostipos de impermeabilizantes, com 
bases betuminosas, em mandas ou até mesmo com cimentos aditivados, como estudado 
em Materiais de Construção II. 
3.2. Blocos 
O que caracteriza a fundação em blocos é o fato da distribuição de carga para o 
terreno ser aproximadamente pontual, ou seja, onde houver pilar existirá um bloco de 
fundação distribuindo a carga do pilar para o solo. Os blocos podem ser construídos de 
pedra, tijolos maciços, concreto simples ou de concreto armado. Assumem a forma de bloco 
escalonado, ou pedestal, ou de um tronco de cone. Alturas relativamente grandes e 
resistem principalmente por compressão. 
 
3.3. Sapatas 
Sapatas (isoladas ou corridas), são elementos de apoio de concreto, de menor altura 
que os blocos, que resistem principalmente por flexão. É uma fundação direta, geralmente 
de concreto armado, com a forma aproximada de uma placa sobre a qual se apoiam 
colunas, pilares ou mesmo paredes. Ela pode ser corrida ou isolada. 
São fundações semiflexíveis (trabalham a flexão), portanto devem ser dimensionadas 
estruturalmente (alturas, inclinações, armaduras necessárias). “Ao contrário dos blocos, as 
sapatas não trabalham apenas à compressão simples, mas também à flexão, devendo, neste 
caso, serem executadas incluindo material resistente à tração”(BRITO, 1987). 
Aula 2 – Classificação das Fundações 
 
FUNDAÇÕES 
 
 
 
 
 
16 
 
 
As sapatas são estruturas que podem ser executadas de forma isoladas, associadas ou 
combinadas, contínuas sob pilares ou muros. 
 
3.3.1. Sapatas Isoladas de Concreto 
Sapata Isolada é quando a mesma não tem associação com nenhuma outra sapata e é 
dimensionada em função dos esforços de um só pilar. Usadas em terrenos que apresentam 
uma boa taxa de trabalho e quando a carga a ser distribuída é relativamente pequena. Em 
geral são feitas em forma de tronco de pirâmide e amarradas umas às outras através de 
cintas ou vigas baldrame. 
Embaixo de toda sapata deverá, sempre, ser colocada uma camada de concreto magro 
(farofa). É um concreto bem seco, sem função estrutural, que tem a finalidade de isolar o 
fundo da sapata para que o solo não absorva a água do concreto da fundação. 
 
Aula 2 – Classificação das Fundações 
 
UNIDADE 1 – CONCEITOS ELEMENTARES 
 
 
 
 
 
17 
 
 
Execução: Para construção de uma sapata isolada, são executadas as seguintes etapas: 
• Fôrma para o rodapé, com folga de 5 cm para execução do concreto “magro”; 
• Posicionamento das fôrmas, de acordo com a marcação executada no 
gabarito de locação; 
• Preparo da superfície de apoio; 
• Colocação da armadura; 
• Posicionamento do pilar em relação à caixa com as armações; 
• Colocação das guias de arame, para acompanhamento da declividade das 
superfícies do concreto; 
• Concretagem: a base poderá ser vibrada normalmente, porém para o 
concreto inclinado deverá ser feita uma vibração manual, isto é, sem o uso do 
vibrador. 
3.3.2. Sapata Corrida de Concreto 
Executadas em terreno de grande resistência, para pequenas construções, abaixo e ao 
longo das paredes com função estrutural. Tornam-se econômicas quanto às fôrmas, que são 
contínuas ou até desnecessárias, concretando-se diretamente nas cavas. 
Se o terreno for inclinado, as sapatas não poderão seguir a inclinação do terreno, 
deverão ser escalonadas em degraus, em nível, para que as cargas sejam transmitidas 
sempre para o plano horizontal. “São elementos contínuos que acompanham a linha das 
paredes, as quais lhes transmitem a carga por metro linear” (BRITO,1987). 
 
 
 
 
Aula 2 – Classificação das Fundações 
 
FUNDAÇÕES 
 
 
 
 
 
18 
 
 
 
 
 
 
 
3.3.3. Sapatas Corridas de Alvenaria 
São utilizadas em obras de pequena área e carga, (edícula sem laje, barraco de obras, 
abrigo de gás; água etc.). É importante conhecer esse tipo de alicerce pois foram muito 
utilizados nas construções antigas e se faz necessário esse conhecimento no momento das 
reformas e reforços dos mesmos. 
Execução: 
a) Abertura de vala 
• Profundidade nunca inferior a 40 cm; 
• Largura das valas: 
✓ Parede de 1 tijolo = 45cm; 
✓ Parede de 1/2 tijolo = 40 cm. 
• Em terrenos inclinados, o fundo da vala é formado por degraus; 
• Sempre em nível mantendo-se o valor "h" em no mínimo 40 cm e h1, no 
máximo 50 cm. 
 
b) Apiloamento 
Se faz manualmente com soquete (maço) de 10 à 20kg, com o objetivo unicamente de 
conseguir a uniformização do fundo da vala e não aumentar a resistência do solo. 
c) Lastro de Concreto 
Aula 2 – Classificação das Fundações 
 
UNIDADE 1 – CONCEITOS ELEMENTARES 
 
 
 
 
 
19 
 
 
Sobre o fundo das valas devemos aplicar uma camada de concreto magro de traço 
1:3:6 ou 1:4:8 (cimento, areia grossa e pedra 2 e 3) e espessura mínima de 5 cm com a 
finalidade de: 
• Diminuir a pressão de contato visto ser a sua largura maior do que a do 
alicerce; 
• Uniformizar e limpar o piso sobre o qual será levantado o alicerce de 
alvenaria. 
d) Alicerce de alvenaria (Assentamento dos tijolos) 
• Ficam semi-embutidos no terreno; 
• Tem espessuras maiores do que a das paredes sendo: 
✓ Paredes de 1 tijolo - feitos com tijolo e meio; 
✓ Paredes de 1/2 tijolo - feitos com um tijolo. 
• Seu respaldo deve estar acima do nível do terreno, a fim de evitar o contato 
das paredes com o solo; 
✓ O tijolo utilizado é o maciço queimado ou requeimado; 
✓ Assentamento dos tijolos é feito em nível; 
✓ Argamassa de assentamento é de cimento e areia traço 1:4. 
e) Cinta de Amarração 
É sempre aconselhável a colocação de uma cinta de amarração no respaldo dos 
alicerces. Normalmente a sua ferragem consiste de barras "corridas", no caso de pretender 
a sua atuação como viga deverá ser calculada a ferragem e os estribos. Sobre a cinta será 
efetuada a impermeabilização. Para economizar formas, utiliza-se tijolos em espelho, 
assentados com argamassa de cimento e areia traço 1:3. A função das cintas de amarração 
é "amarrar" todo o alicerce e distribuir melhor as cargas, não podendo contudo serem 
utilizadas como vigas. 
f) Reaterro de Valas 
Após a execução da impermeabilização das fundações, podemos reaterrar as valas. O 
reaterro deve ser feito em camadas de no máximo 20 cm bem compactadas. 
g) Tipos de alicerces para construção simples 
Aula 2 – Classificação das Fundações 
 
FUNDAÇÕES 
 
 
 
 
 
20 
 
 
 
 
 
 
Observação: Para manter os ferros corridos da cinta de amarração na posição, devem 
ser usados estribos, espaçados de mais ou menos 1,0m. A função desses estribos é somente 
posicionar as armaduras. 
3.4. Radier 
Quando todas as paredes ou todos os pilares de uma edificação transmitem as cargas 
ao solo através de uma única placa, tem-se o que se denomina uma fundação em radier. Os 
radiers são elementos contínuos que podem ser executados em concreto armado, 
protendido ou em concreto reforçado com fibras de aço. 
Aula 2 – Classificação das Fundações 
 
UNIDADE 1 – CONCEITOS ELEMENTARES 
 
 
 
 
 
21 
 
 
 
Trata-se de uma laje que recebe cargas de todos os pilares. Por consumir um volume 
de concreto relativamente alto, é mais viável em obras com grande concentração de cargas. 
Deve resistir aos esforços diferenciados de cada pilar, além de suportar eventuais pressões 
do lençol freático. O consumo de concreto pode ser diminuído com o emprego de 
protensão. 
Execução: Em geral, devem-se considerar os seguintescuidados na execução de 
fundações diretas ou rasas: 
• Executar o escoramento adequado na escavação das valas com profundidades 
maiores que 1,5 m, quando o solo for instável; 
• Consolidar o fundo da vala, com a regularização e compactação do material 
(apiloamento); 
• Executar o lastro de concreto magro (5 a 10 cm de espessura), para melhor 
distribuir as cargas quando se tratar de alicerces de alvenaria de tijolos ou 
pedras, ou proteger o concreto estrutural, quando se tratar de sapatas; 
• Determinar um sistema de drenagem para viabilizar a execução, quando 
houver necessidade; 
• Construir uma cinta de amarração a fim de absorver esforços não previstos, 
recalques diferenciais, distribuir o carregamento e combater os esforços 
horizontais; 
• Determinar um processo de impermeabilização da fundação acima do soco, 
para não permitir a percolação capilar; 
• Controlar a locação do centro dos blocos e das linhas das paredes e a cota do 
fundo da vala. 
Baseado e adaptado de UFG, 
Carol ina Barros . Edições sem 
prejuízo de conteúdo.
Aula 3 – Fundações Profundas I 
 
FUNDAÇÕES 
 
 
 
 
 
22 
 
 
Aula 3: Fundações Profundas I 
 
Caracterizadas pelo comprimento preponderante em relação à seção transversal, são 
fundações cuja resistência é composta de duas parcelas. A primeira é baseada na superfície de 
sua extremidade inferior que distribui o peso atuante, sobre ela, no solo (ponta). A segunda 
parcela é gerada pela força de atrito entre a sua superfície lateral da estaca e o solo. 
 
1. Fundações Indiretas ou Profundas 
São aquelas em que o peso da construção é transmitido ao solo firme por meio de um 
fuste. Estas estruturas de transmissão podem ser estacas ou tubulões, podendo ser 
cravadas ou escavadas no solo. Na figura a seguir pode-se ver os elementos componentes 
de um sistema de estaqueamento. 
 
2. Estacas 
As estacas são peças estruturais alongadas, de formato cilíndrico ou prismático, que 
são cravadas (pré-fabricadas) ou confeccionadas no canteiro (in loco), com as seguintes 
finalidades: 
• Transmissão de cargas a camadas profundas do terreno; 
• Contenção dos empuxos de terras ou de água (estaca prancha); 
• Compactação de terrenos. 
Aula 3 – Fundações Profundas I 
 
UNIDADE 1 – CONCEITOS ELEMENTARES 
 
 
 
 
 
23 
 
 
As estacas recebem, da edificação que suportam, esforços axiais de compressão. A 
estes esforços elas resistem, seja pelo atrito das paredes laterais da estaca contra o solo, 
seja pelas reações exercidas pelo solo resistente sobre a ponta da peça. Conforme a estaca 
resista apenas pelo atrito lateral ou pela ponta, ela se denomina, respectivamente, estaca 
flutuante ou estaca carregada de ponta. 
A figura a seguir ilustra as definições dadas; em (a) a capacidade resistente da estaca 
se compõe de duas parcelas: atrito lateral e de ponta; em (b) a estaca é carregada na ponta, 
trabalhando, pois, como pilar; em (c) ela resiste pelo atrito lateral: é a estaca flutuante. Na 
situação (d) a estaca atravessa um terreno que se adensa sob seu peso próprio, ou sob a 
ação de uma camada de aterro sobrejacente, produzindo o fenômeno do atrito negativo, 
isto é, o solo em vez de se opor ao afundamento da estaca, contrariamente, vai pesar sobre 
ela favorecendo assim a sua penetração no solo. 
 
Quanto à posição, as estacas podem ser verticais e inclinadas e quanto aos esforços a 
que ficam sujeitas, classificam-se em estacas de compressão, tração e flexão, conforme 
exemplo da figura a seguir. 
 
Aula 3 – Fundações Profundas I 
 
FUNDAÇÕES 
 
 
 
 
 
24 
 
 
2.1. Estacas de Sustentação 
São as que se caracterizam pela função de transmitir as cargas a camadas profundas 
do solo. Podem ser classificadas como descrições a seguir. 
2.1.1. Estacas de Madeira 
As estacas de madeiras devem ser de madeira dura, resistente, em peças retas, roliças 
e descascadas. O diâmetro da seção pode variar de 18 a 35 cm e o comprimento de 5 a 8 
metros, geralmente limitado a 12 metros com emendas. No caso da necessidade de 
comprimentos maiores as emendas deverão ser providenciadas com talas de chapas 
metálicas e parafusos, devidamente dimensionados. 
A vida útil de uma estaca de madeira é praticamente ilimitada, quando mantida 
permanentemente sob lençol freático (água). Caso esteja sujeita a variação de umidade 
apodrecerá rapidamente. De qualquer maneira a estaca deve receber tratamento de 
preservação para evitar o apodrecimento precoce e contra ataques de insetos xilófagos. As 
madeiras mais utilizadas são: eucaliptos, peroba do campo, maçaranduba, aroeira etc. 
Empiricamente, pode-se calcular o diâmetro mínimo de uma estaca de madeira em 
função do seu comprimento, usando a seguinte fórmula: 
D = 0,15 + 0,02 L 
Exemplo: 
 
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25 
 
 
A carga admissível depende das dimensões da estaca e da natureza das camadas 
atravessadas no terreno, como ordem de grandeza, exemplifica-se: 
 
Durante a cravação, as cabeças das estacas devem ser protegidas por um anel 
cilíndrico de aço, destinado a evitar seu rompimento sob os golpes do pilão, assim como é 
recomendável o emprego de uma ponteira metálica, a fim de facilitar a penetração e 
proteger a madeira. 
2.1.2. Estacas de Concreto 
Serão abordadas em tópico especial desta aula. 
2.1.3. Estacas Metálicas 
As estacas metálicas são particularmente indicadas pela sua grande capacidade de 
suporte de cargas e em terrenos onde a profundidade do plano de fundação é muito 
variável, sem problemas quanto ao transporte e manuseio, permitindo aproveitamento de 
peças cortadas e a combinação de perfis, desde que devidamente soldados. A principal 
vantagem é a rapidez na cravação, podendo ser utilizadas em solos duros e a desvantagem 
particular é a dificuldade em avaliar a nega. 
 
Perfis comerciais Trilhos usados soldados
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FUNDAÇÕES 
 
 
 
 
 
26 
 
 
As estacas metálicas são constituídas principalmente por peças de aço laminado ou 
soldado tais como perfis de seção I e H, como também por trilhos, geralmente 
reaproveitados após sua remoção de linhas férreas, quando perdem sua utilização. 
Sua cravação é facilitada, porque, ao contrário dos outros tipos de estacas, em lugar de 
fazer compressão lateral do terreno, se limita a cortar as diversas camadas do terreno. Hoje 
em dia já não existe preocupação com o problema de corrosão das estacas metálicas 
quando permanecem inteiramente enterradas em solo natural, porque a quantidade de 
oxigênio que existe nos solos naturais é tão pequena que a reação química tão logo 
começa, já acaba completamente com esse componente responsável pela corrosão. 
Entretanto, de modo a garantir a segurança a NBR 6122 exige que nas estacas metálicas 
enterradas seja descontada a espessura de 1,5 mm de toda sua superfície em contato com o 
solo, resultando uma área útil menor que a área real do perfil. A carga máxima atuante 
sobre a estaca é obtida multiplicando-se a área útil pela tensão admissível do aço fc = fyk/2 
onde fyk é tensão característica à ruptura do aço da estaca. 
Vantagens: 
• Podem ser cravadas em quase todos tipos de terrenos; 
• Possuem facilidade de corte e emenda; 
• Podem atingir grande capacidade de carga; 
• Trabalham bem a flexão; 
• Se utilizadas em serviços provisórios podem ser reaproveitadas várias vezes. 
Desvantagens: 
• Custo maior em relação àsestacas pré-moldadas de concreto, Strauss e 
Franki. 
3. Estacas de Concreto 
As fundações de estacas em concreto podem ser moldadas no local (in loco ou in situ) 
ou pré-moldadas cravadas com a utilização de equipamento mecânico. 
3.1. Estacas Moldadas no Local 
3.1.1. Estacas Brocas 
Estas estacas são executadas por uma ferramenta simples denominada broca (trado de 
concha ou helicoidal – um tipo de saca rolha), que pode atingir até 6 metros de 
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27 
 
 
profundidade, com diâmetro variando entre 15 a 25 cm, sendo aceitáveis para pequenas 
cargas, ou seja, de 50 kN a 100 kN. Recomenda-se que sejam executadas estacas somente 
acima do nível do lençol freático, para evitar o risco de estrangulamento do fuste. Devido ao 
esforço de escavação exigido são necessárias duas pessoas para o trabalho. 
O espaçamento entre as estacas brocas numa edificação não pode ultrapassar 4 
metros e devem ser colocadas nas interseções das paredes e de forma equidistante ao 
longo das paredes desde que menor ou igual ao espaçamento máximo permitido. 
Nas figuras a seguir pode-se ver um exemplo da distribuição das estacas brocas numa 
edificação de pequeno porte e um roteiro básico para a execução de estacas brocas. 
 
 
 
Execução: 
• Escavação ou perfuração: utilizando trado manual (tipo concha ou helicoidal), 
usando de água para facilitar a perfuração; 
• Preparação: depois de atingir a profundidade máxima, promover o 
apiloamento do fundo, executando um pequeno bulbo com pedra britada 2 
ou 3, com um pilão metálico; 
s/ esc .
Vigas ba ld rames
Estac as b roc as
máx. 4 m
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FUNDAÇÕES 
 
 
 
 
 
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• Concretagem: Preencher todo o furo com concreto (traço 1x3x4), 
promovendo o adequado adensamento, tomando cuidados especiais para 
não contaminar o concreto (utilizar uma chapa de compensado com furo para 
o lançamento do concreto para proteger a boca do furo); 
• Colocação das esperas: fazer o acabamento na cota de arrasamento desejada, 
fixando os arranques para os baldrames. 
As estacas brocas podem ser agrupadas duas a duas, dependendo da carga a ser 
distribuída, e executando-se pequenos blocos de concreto armado, como mostra a figura a 
seguir. De qualquer forma, as estacas brocas deverão ser solidarizadas por meio das vigas 
baldrames, evitando deixar estacas isoladas sem amarração com as vigas. Nas figuras 
mostradas abaixo, são apresentadas algumas sugestões de seções para as vigas baldrames 
mais utilizadas na prática de pequenas construções. 
 
 
 
 
 
 
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29 
 
 
3.1.2. Estacas Escavadas 
As estacas escavadas caracterizam-se por serem moldadas no local após escavação do 
solo com perfuratrizes rotativas ou ainda com trados mecânicos ou manuais, porém estes 
últimos com possibilidade de atingir somente pequenas profundidades. 
As estacas escavadas mecanicamente com trado helicoidal são executadas através de 
torres metálicas, apoiadas em guindaste sobre esteiras ou acopladas em 
caminhões/tratores. Em ambos os casos são empregados guinchos, conjunto de tração e 
haste de perfuração, podendo esta ser helicoidal em toda sua extensão ou constituída de 
trados com comprimentos entre 2 e 6 m em sua extremidade, procedendo-se ao avanço 
através de prolongamento telescópico. Podem ser executadas com ou sem presença d'água. 
As principais vantagens das estacas escavadas são: 
• Execução sem vibração ou barulho: Fator importante quando existem 
construções vizinhas ou muito próximas. 
• Alta Produção. 
• Preço: Fundação de menor custo. 
• Aproveitamento do Material Escavado: Possibilidade de amostragem do solo 
escavado, e reutilização do mesmo em outras etapas da obra. 
• Alto Torque: Possibilidade de atravessar camadas do solo de grande 
resistência (exceto rocha e matacões). 
Distância mínima recomendada entre as estacas escavadas é de 2,5 vezes o diâmetro. 
As estacas escavadas podem ser executadas tangencialmente às divisas se não houver 
obstáculo para a torre da perfuratriz. 
3.1.2.1. ARMADURAS 
Em obras prediais correntes em que há somente cargas axiais de compressão não há 
necessidade de armadura. Usualmente coloca-se “armadura de fretagem” na cabeça das 
estacas com comprimento em torno de 1,0 metro. 
Quando há esforços horizontais, efeitos de momento fletor e principalmente esforços 
de tração, as armaduras deverão ser dimensionadas, levando-se em conta o efeito de flexo-
compressão e flexo-tração da estaca. 
Em áreas de aterro, as estacas deverão ser armadas conforme projeto além de toda a 
cota de aterro, ou seja, se o projetista prevê para determinada estaca de 12 m uma 
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FUNDAÇÕES 
 
 
 
 
 
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armadura útil de 4 m em área que possui 5 m de aterro, a mesma deverá ser armada pelo 
comprimento de 9 m + arranques e deverá possuir 17 m. É importante que o aluno se 
atente a isso, pois é um tipo de estaca muito utilizado em grandes canteiros e esse tipo de 
situação é muito comum. 
 
3.1.3. Estacas Strauss 
Estas estacas abrangem a faixa de carga compreendida entre 200 e 800 kN, com 
diâmetro variando entre 25 e 40 cm. Uma estaca do tipo strauss com diâmetro de 25 cm 
pode suportar até 20 toneladas, de 32 cm até 30 t e de 38 cm chega a suportar 40 t. 
A execução requer um equipamento constituído de um tripé de madeira ou de aço, um 
guincho acoplado a um motor (combustão ou elétrico), uma sonda de percussão munida de 
válvula em sua extremidade inferior, para a retirada de terra, um soquete com 
aproximadamente 300 kg, tubulação de aço com elementos de 2 a 3 metros de 
comprimento, rosqueáveis entre si, um guincho manual para retirada da tubulação, além de 
roldanas, cabos de aço e ferramentas. 
A estaca strauss apresenta vantagem de leveza e simplicidade do equipamento que 
emprega, o que possibilita a sua utilização em locais confinados, em terrenos acidentados 
ou ainda no interior de construções existentes, com o pé direito reduzido. Outra vantagem 
operacional é de o processo não causa vibrações que poderiam provocar danos nas 
edificações vizinhas ou instalações que se encontrem em situação relativamente precária. 
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Como característica principal, o sistema de execução usa revestimento metálico 
recuperável, de ponta aberta, para permitir a escavação do solo, podendo ser em solo seco 
ou abaixo do nível d’água, executando-se estacas em concreto simples ou armado. 
Execução: 
• Centraliza-se o soquete com o piquete de locação, perfura-se com o soquete 
a profundidade de 1,0 m, furo este que servirá para a introdução do primeiro 
tubo, que é dentado na extremidade inferior (chamado de coroa), cravando-o 
no solo; 
• A seguir é substituída pela sonda de percussão, que por meio de golpes, 
captura e retira o solo; 
• Quando a coroa estiver toda cravada é rosqueado o tubo seguinte e assim 
sucessivamente até atingir a camada de solo resistente, providenciando 
sempre a limpeza da lama e da água acumulada dentro do tubo; 
• Substituindo-se a sonda pelo soquete, é lançado no tubo, em quantidade 
suficiente para ter-se uma coluna de 1,0 m, o concreto meio seco; 
• Sem tirar a tubulação, apiloa-se o concreto formando um bulbo e na 
sequência executa-se o fustelançando-se o concreto sucessivamente em 
camadas apiloadas, retirando-se a tubulação na sequência da operação; 
• A concretagem é feita até um pouco acima da cota de arrasamento da estaca, 
deixando-se um excesso para o corte da cabeça da estaca. 
 
3.1.4. Estacas Simplex 
Neste tipo de estaca a descida do tubo é feita por cravação e não por perfuração como 
é feita na estaca strauss. Este tubo é espesso e provido de uma ponteira metálica 
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FUNDAÇÕES 
 
 
 
 
 
32 
 
 
(recuperável) ou elemento pré-moldado de concreto (perdido na concretagem), para 
impedir a entrada de solo no interior do tubo. 
Durante a descida do tubo, utilizamos um pequeno peso, servindo de sonda, que fica 
suspenso dentro do molde por uma roldana presa ao topo do mesmo. Desta maneira, 
temos um modo de verificar, se a ponteira de concreto permanece intacta, durante a 
cravação. Alcançada a profundidade desejada, enche-se o tubo até o topo com concreto 
plástico e, por um movimento lento, mas contínuo, arranca-se de uma só vez o tubo inteiro 
e a ponteira metálica. 
 
3.1.5. Estacas Franki 
Estas estacas abrangem a faixa de carga de 500 a 1700 kN e seu progresso executivo 
que consiste na cravação de um tubo com ponta fechada e execução de base alargada, 
causando muita vibração, podendo provocar danos nas construções vizinhas. 
Na execução, crava-se o tubo no solo, logo a seguir se derrama uma quantidade de 
concreto quase seco, apiloado por meio de um pesado maço, de modo a formar um 
tampão, para impedir a entrada d’água e solo no interior do tubo, que é arrastado e 
obrigado a penetrar no terreno. 
Alcançado a profundidade desejada, imobiliza-se o tubo e com percussões energéticas 
destaca-se o tampão, o qual junto com uma carga de concreto é apiloado no terreno para a 
formação do bulbo. 
Logo após lançam-se novas quantidades de concreto que se apiloam ao mesmo tempo 
em que se efetua a retirada parcial do tubo, elevando de 20 a 30 cm de cada vez. 
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UNIDADE 1 – CONCEITOS ELEMENTARES 
 
 
 
 
 
33 
 
 
Ao contrário das estacas pré-moldadas, estas estacas são recomendadas para o caso 
em que a camada resistente encontra-se em profundidades variáveis. Também no caso de 
terrenos com pedregulhos ou pequenos matacões relativamente dispersos, pode-se utilizar 
esse tipo de estacas. A forma rugosa do fuste garante boa aderência ao solo (resistência por 
atrito). Havendo a ocorrência de camada de argila rija poderá haver deslocamento da estaca 
já concretada por compressão lateral. Nesse caso a solução é atravessar a camada de argila 
usando trado para evitar impactos. 
 
3.1.6. Estacas Tipo Raiz 
São estacas moldadas in loco perfuradas com circulação de água ou método rotativo 
ou rotativo-percursivo em diâmetros variando de 130 a 450 mm e executadas com injeção 
de argamassa ou calda de cimento sob baixa pressão. 
No caso de estacas raiz perfuradas exclusivamente em solos, a perfuração é revestida 
com tubo metálico recuperável para garantir a integridade do fuste. Se ocorrer perfuração 
em trecho de rocha (passagem de matacões ou engastamento em rochas sãs), isso se dará 
pelo processo rotativo-percussivo sem a necessidade de revestimento metálico. 
A estaca raiz é indicada para reforços de fundação, complementação de obras 
(ampliações), locais de difícil acesso e em obras onde é necessário ultrapassar camadas 
rochosas, fundações de obras com vizinhança sensível a vibrações ou poluição sonora, ou 
ainda, para obras de contenções de taludes. 
 Dependendo do equipamento utilizado as estacas podem ser executadas em ângulos 
diferentes da vertical (0° a 90°). O equipamento perfuratriz é equipado com sistema de 
rotação e avanço do revestimento metálico provisório ou por máquinas a roto-percussão 
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FUNDAÇÕES 
 
 
 
 
 
34 
 
 
com martelo acionados a ar comprimido. São equipamentos relativamente pequenos e 
robustos que possibilitam a operação em locais com espaços restritos, no interior de 
construções existentes e locais subterrâneos. 
Existem ainda equipamentos autônomos sobre trator de esteiras, acionados por motor 
diesel para sua locomoção e para funcionamento do sistema hidráulico. 
Completada a perfuração com revestimento total do furo, é colocada a armadura 
necessária, procedendo-se a seguir a concretagem do fuste com a correspondente retirada 
do tubo de revestimento. A armadura pode ter a seção de aço modificada ao longo do fuste, 
em função do diagrama de atrito lateral. 
A concretagem é executada de baixo para cima, aplicando-se regularmente uma 
pressão rigorosamente controlada e variável, em função da natureza do terreno. 
Normalmente, esta pressão varia de 0 a 0,4 Mpa (4,0 kgf/cm²). A argamassa de cimento e 
areia (podendo utilizar cimento de alta resistência inicial quando houver a possibilidade de 
fuga da nata de cimento) com resistência mínima de 18 Mpa. 
 
 
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35 
 
 
Execução: 
• Perfuração com utilização de circulação d’água e revestida do furo; 
• Perfuração executada até a profundidade necessária, cota de ponta da estaca; 
• Colocação da armação após limpeza final do interior do tubo; 
• Introdução de argamassa de cimento e areia, sob pressão baixa; 
• Retirada do tubo de revestimento e aplicações parciais de ar comprimido. 
3.1.7. Estaca Hélice Contínua 
A estaca hélice contínua é uma estaca de concreto moldada "in loco", executada por 
meio de trado contínuo e injeção de concreto através da haste central do trado 
simultaneamente a sua retirada do terreno. 
A perfuração consiste em fazer a hélice penetrar no terreno por meio de torque 
apropriado para vencer a sua resistência. A haste de perfuração é composta por uma hélice 
espiral solidarizada a um tubo central, equipada com dentes na extremidade inferior que 
possibilitam a sua penetração no terreno. 
A metodologia de perfuração permite a sua execução em terrenos coesivos e 
arenosos, na presença ou não do lençol freático e atravessa camadas de solos resistentes 
com índices de STP`s acima de 50 dependendo do tipo de equipamento utilizado. A 
velocidade de perfuração produz em média 250 m por dia dependendo do diâmetro da 
hélice, da profundidade e da resistência do terreno. 
Alcançada a profundidade desejada, o concreto é bombeado através do tubo central, 
preenchendo simultaneamente a cavidade deixada pela hélice que é extraída do terreno 
sem girar ou girando lentamente no mesmo sentido da perfuração. 
O concreto normalmente utilizado apresenta resistência característica fck de 18 MPa, 
é bombeável e composto de areia, pedriscos ou brita 1 e consumo de cimento de 350 a 450 
Kg/m³, sendo facultativa a utilização de aditivos. 
O abatimento ou "Slump" é mantido entre 200 e 240 mm. Normalmente é utilizada 
bomba de concreto ligada ao equipamento de perfuração através de mangueira flexível. O 
preenchimento da estaca com concreto é normalmente executado até a superfície de 
trabalho sendo possível o seu arrastamento abaixo da superfície do terreno guardadas as 
precauções quanto a estabilidade do furo no trecho não concretado e a colocação da 
armação. 
Aula 3 – Fundações Profundas I 
 
FUNDAÇÕES 
 
 
 
 
 
36 
 
 
O método de execução da estaca hélice contínua exige a colocação da armação após a 
sua concretagem. 
A armação, em forma de gaiola, é introduzida na estaca por gravidadeou com o auxílio 
de um pilão de pequena carga ou vibrador. As estacas submetidas a esforços de compressão 
levam uma armação no topo, em geral de 2 a 5,5 m de comprimento. No caso de estacas 
submetidas a esforços transversais ou de tração, somente será possível para comprimentos 
de armações de no máximo 16 m, m função do método construtivo. No caso de armações 
longas, as "gaiolas" devem ser constituídas de barras grossas e estribo espiral soldado na 
armação longitudinal para evitar a sua deformação durante a introdução no fuste da estaca. 
 
3.2. Estacas Pré-Moldadas 
 
 
Aula 3 – Fundações Profundas I 
 
UNIDADE 1 – CONCEITOS ELEMENTARES 
 
 
 
 
 
37 
 
 
3.2.1. Estacas Pré-Moldadas de Concreto Armado 
As estacas de concreto são indicadas para transpor camadas extensas de solo mole e 
em terrenos onde o plano de fundação se encontra a uma profundidade homogênea, sem 
restrição ao seu uso abaixo do lençol freático. As estacas podem ser de concreto 
centrifugado ou receber pró-tensão e exigem controle tecnológico na sua fabricação. A 
principal desvantagem é a relacionada ao transporte, que exige cuidado redobrado no 
manuseio e verificação de sua integridade momentos antes da sua cravação. 
 
 
3.2.2. Estacas Mega ou Prensada 
Este tipo de estacas é indicado para recuperação de estruturas que sofreram algum 
tipo de recalque ou dano ou para reforço de embasamento nos casos em que se deseje 
aumentar a carga sobre a fundação existente. Na sua execução são empregados pessoal e 
equipamentos especializados e utilizam módulos de estacas pré-moldados sendo sua 
cravação conseguida por reação da estrutura existente. 
Os elementos constituem de uma ponta que pode ser em aço ou, mais freqüente, de 
concreto pré-moldado e por módulos extensores em formato de tubo, ou seja oco por 
dentro, com encaixes, de modo que fiquem bem travados. A solidarização é conseguida, 
após atingir a nega (por reação), colocando-se a armadura e concretando-se na parte oca da 
estaca, deixando esperas. Por fim é conveniente executar um bloco de coroamento logo 
acima de um travesseiro, para solidarizar a estrutura a ser reforçada com a estaca prensada 
colocada. 
Ponta é opcional
Seção quadrada
20 x 20
25 x 25
30 x 30
35 x 35
Octogonal
Estribo
helicoidal
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FUNDAÇÕES 
 
 
 
 
 
38 
 
 
 
 
3.2.3. Bate-Estacas 
A escolha do equipamento depende do tipo de estaca que vai ser utilizada e de um 
estudo prévio das condições do terreno, da área de manobras, das construções próximas, 
dos acessos etc. 
3.2.3.1. BATE-ESTACAS POR GRAVIDADE 
São os mais utilizados e de funcionamento mais simples, constituído de uma massa 
metálica (pilão ou martelo) que içado por meio de guinchos, cabos e uma torre ou tripé, é 
deixado cair de uma altura determinada, cravando a estaca com golpes sucessivos. Embora 
de custo relativamente acessível, tem como principal desvantagem sua lentidão, pois não 
consegue ser manobrado facilmente. 
Aula 3 – Fundações Profundas I 
 
UNIDADE 1 – CONCEITOS ELEMENTARES 
 
 
 
 
 
39 
 
 
 
3.2.3.2. BATE-ESTACAS DE SIMPLES OU DUPLO EFEITO 
Em geral, funcionam a vapor ou a ar comprimido, proporcionando uma cravação mais 
rápida pois além da gravidade recebem um adicional de pressão no martelo. Embora muito 
eficientes estão caindo em desuso. A estrutura da torre, a movimentação e a operação são 
muito semelhantes ao bate-estaca comum de gravidade. Os de simples efeito, apenas 
recebem pressão no martelo de baixo para cima para elevar o martelo e a cravação se dá 
por gravidade. Os de duplo efeito, além da pressão de levantamento ocorre uma pressão 
adicional no momento da queda do martelo, somando-se o efeito da gravidade e da pressão 
adicional na cravação. 
3.2.3.3. BATE-ESTACAS DE VIBRAÇÃO 
São equipamentos que dispensam o uso de torres, tripés e guias, necessitando apenas 
de um guindaste para fazer o acoplamento nas estacas. As vantagens são a extrema rapidez 
e a versatilidade de operação e movimentação em canteiros com pouco espaço. A cravação 
se dá por oscilação de massas excêntricas acionadas por eletricidade, motor diesel ou ar 
comprimido. 
3.2.4. Capacidade de Carga das Estacas 
A determinação da resistência de estacas cravadas pode ser feita por meio da 
aplicação de fórmulas empíricas que relacionam a resistência da estaca com a penetração 
média ocorrida na última série de batidas do bate-estaca. Já para estacas moldadas in loco o 
ideal é realizar provas de carga de conformidade com a norma técnica. A prova de carga 
também é necessária nas obras de maior vulto, pois poderão indicar a possibilidade da 
redução dos coeficientes de segurança adotados e com isso auferir menos custo de 
Aula 3 – Fundações Profundas I 
 
FUNDAÇÕES 
 
 
 
 
 
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execução dentro de uma garantia máxima de qualidade. O Assunto será revisitado em aula 
futura. 
 
4. Blocos de Coroamento 
Os blocos de coroamento das estacas são elementos maciços de concreto armado que 
solidarizam as "cabeças" de uma ou um grupo de estacas, distribuindo para ela as cargas 
dos pilares e dos baldrames. 
As estacas devem ser preparadas previamente, através de limpeza e remoção do 
concreto de má qualidade que, normalmente, se encontra acima da cota de arrasamento 
das estacas moldadas "in loco". 
Os blocos de coroamento têm também a função de absorver os momentos produzidos 
por forças horizontais, excentricidade e outras solicitações. 
 
 
Baseado e adaptado de UFG, 
Carol ina Barros . Edições sem 
prejuízo de conteúdo.
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Aula 4: Fundações Profundas II 
 
As fundações profundas são divididas em distintos grupos: estacas (cravadas, escavadas e 
injetadas), tubulões (a céu aberto e ar comprimido) e caixões. Cada grupo apresenta conceitos 
diferentes, metodologias próprias de execução e dimensionamento e são recomendados para 
casos específicos. Nesta aula serão estudadas outros tipos de Fundações Profundas não 
abordadas na aula anterior. 
 
1. Tubulões 
Tubulões são indicados onde são necessárias fundações com alta capacidade de cargas 
(superiores a 500 KN) podendo ser executados acima do nível do lençol freático (escavação 
a céu aberto) ou até abaixo do nível de água (ambientes submersos), nos casos em que é 
possível bombear a água ou utilizar ar comprimido. 
1.1. Tubulão Encamisado Escavado a Céu Aberto 
Este tipo de tubulão é o de execução mais simples e consiste na escavação manual de 
um poço com diâmetro variando de 0,70 a 1,20 metro, cujo emprego fica restrito a solos 
coesivos e acima de nível d’água. Na medida em que vai sendo escavado o tubo de concreto 
pré-moldado ou metálico vai descendo até a cota necessária, tem sua base alargada em 
forma de tronco de cone circular ou elíptico, sendo então totalmente preenchido de 
concreto simples ou armado. 
No sistema chamado Chicago, a escavação é feita em etapas, manualmente, com pá, 
cortadeira e picareta, em profundidades que podem variar de 0,50 m para argilas moles até 
2,00 m para argilas duras. As paredes são escoradas com pranchas verticais, ajustadas por 
meio de anéis de aço, escavando-se novas camadas, sucessivamente até atingir o solo 
resistente (cota de assentamento) onde é executado o alargamento da base (cebola) e após 
a liberação, preenche-se totalmente o poço com concreto. 
Num outro sistema, chamadoGow, indicados para solos não coesivos, são usados 
cilindros telescópicos de aço, cravados por percussão, que revestem o poço escavado a pá e 
picareta. Atingida a cota desejada, faz-se o alargamento da base e, juntamente com a 
concretagem procede-se a retirada dos tubos. 
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FUNDAÇÕES 
 
 
 
 
 
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1.2. Tubulão Encamisado a Ar Comprimido 
Quando a especificação para a execução do tubulão exige cotas de assentamento 
abaixo do lençol freático ou submersos a indicação é para a utilização de tubulões 
executados sob pressão hiperbárica a fim de expulsar a água e permitir a escavação manual 
ou com o uso de marteletes e até explosivos, se for o caso. Durante a fase de concretagem, 
também há necessidade de se manter a pressurização que é feita com os seguintes 
equipamentos: compressor de ar para fornecimento do ar comprimido, campânula (eclusa) 
ou câmara de equilíbrio de pressão, conjuntos de anéis de chapas de aço, anéis de concreto 
(tubos de concreto apropriados para tubulões), escada tipo marinheiro, guincho e baldes, 
marteletes a ar comprimido e ferramentas diversas. 
Por se trará de trabalho especial sob pressão hiperbárica em ambiente considerado 
insalubre com alto risco de vida para os trabalhadores, só pode ser realizada por empresa 
registrada com pessoal especializado, usando técnicas e equipamentos especiais. O 
Ministério do Trabalho regulamenta as atividades sob condições hiperbáricas por meio do 
Anexo 6 da Norma Regulamentadora NR-15. 
 
Aula 4 – Fundações Profundas II 
 
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1.3. Vantagens sobre outros tipos de Fundações 
Quando comparados a outros tipos de fundações os tubulões apresentam as seguintes 
vantagens: 
• Os custos de mobilização e de desmobilização são menores que os de bate-
estacas e outro equipamentos; 
• As vibrações e ruídos provenientes do processo construtivo são de muito 
baixa intensidade; 
• Pode-se observar e classificar o solo retirado durante a escavação e compará-
lo às condições do subsolo previstas no projeto; 
• O diâmetro e o comprimento do tubulão pode ser modificado durante a 
escavação para compensar condições do subsolo diferentes das previstas; 
• As escavações podem atravessar solos com pedras e matacões, sendo 
possível penetrar em vários tipos de rocha; 
• É possível apoiar cada pilar em um único fuste, em lugar de diversas estacas, 
eliminando a necessidade de bloco de coroamento. 
 
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FUNDAÇÕES 
 
 
 
 
 
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2. Estacas de Contenção 
São estruturas de embasamento executadas em caráter preventivo contra 
desmoronamentos provocados, principalmente pela ação da água, por sobrecarga e/ou 
vibração de equipamentos próximos a trabalhos de abertura de valas, poços, escavação etc. 
Essas estruturas podem ser provisórias, ou seja, que são retiradas depois de cumprirem com 
o objetivo estabelecido ou definitivas, que são incorporadas à obra fazendo parte da 
estrutura de sustentação ou como elemento de contenção definitivo. 
Outro aspecto importante a considerar é a proteção aos edifícios vizinhos e aos 
logradouros públicos (calçadas e ruas) próximos a local onde será necessário escavar. Além 
das obras de contenção, eventualmente, é prudente contratar seguros para as instalações 
ameaçadas. O mais importante é nunca iniciar uma obra sem ter absoluto controle sobre as 
consequências das escavações. 
 
2.1. Tipos de Escoramentos 
A escolha do tipo mais adequado (método de execução e material) a ser usado vai 
depender dos fatores envolvidos, tais como: a altura do talude (escavação), a consistência 
do terreno, a ocorrência de chuvas, a proximidade das edificações no entorno da obra, o 
espaço disponível para operar equipamentos, dos prazos e custos etc. No quadro a seguir 
estão colocados os diversos tipos de escoramentos encontrados na área da construção civil 
urbana. 
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` 
Outro tipo de proteção de taludes escavados quando não é viável a utilização de 
escoramento é a execução de patamares horizontais intercalados nos taludes inclinados 
chamados de bermas. Esse recurso é muito utilizado em obras rodoviárias, mas pode ser 
empregado em obras urbanas. O cuidado a ser adotado na execução das bermas e taludes 
livres é a com o adequado destino das águas superficiais ou que afloram nos taludes por 
meio de canaletas e coletores (drenagem) e a proteção por meio de plantio de grama ou 
vegetação apropriada. 
 
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FUNDAÇÕES 
 
 
 
 
 
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Painel de tábuas
ou pranchões
Escoras ou
estroncas
Travessão
Estaca de
madeira
Guias
Solo a ser
escorado
Perfis metálicos
cravados
Pranchas
de madeira
cunha
Detahe do
encunhamento
Perfil I
12” x51/ 4” ou
10” x45/ 8”
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2.2. Paredes Diafragma 
São paredes de contenção verticais executadas em argamassa ou concreto simples ou 
armado podendo ainda servir de suporte de cargas e como camada de impermeabilização. 
As paredes executadas com mistura de argila e cimento são diafragmas flexíveis e as 
executadas em concreto são diafragmas rígidos. Embora tecnicamente simples, o processo 
utiliza pessoal, equipamentos e materiais especializados. A escavação é feita por uma 
escavadeira de esteira equipada com Clamshell ou um trado batilon. Para impedir o 
desabamento das paredes da escavação é utilizada uma suspensão estabilizadora aquosa de 
argila bentonita, conhecida por lama bentonita, que ficará protegendo contra 
desabamentos até a concretagem. Abaixo, o esquema mostra o processo construtivo da 
parede diafragma, sendo que na 1ª etapa é feita a escavação, conforme mostra a figura a 
seguir, e na 2ª etapa são colocados os tubos para as juntas das extremidades. 
Pranchas metálicas Pranchas de concreto
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2.3. Tirantes Ancorados 
Com a finalidade de contenção de taludes, o uso de estacas combinado com tirantes 
protendidos é uma ótima solução para executar cortes e aterros em zonas de difícil 
estabilidade. Em geral os tirantes são constituídos de fios, barras ou cordoalhas de aço 
firmemente ancorados num maciço profundo. Posteriormente, caso o atirantamento seja 
definitivo é feita a pró-tensão e a injeção com tratamento contra corrosão. A perfuração é 
feita com equipamento pneumático e o processo executivo depende da proteção que se 
deseja garantir. 
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Conjunto
cabeça
e cunha
Placa
de apoio
Espaçadores
Bainha
separador
Trecho livre
Trecho ancorado
Barra ou cordoalha
Bulbo de ancoragem
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2.4. Estabilização de Taludes com Estacas 
Outra finalidade que pode ser atribuída às estacas é a possibilidade de se promover a 
estabilização de taludes com inclinação positiva. As estacas são cravadas, 
preferencialmente, ou moldadas in loco nas encostasna zona de ruptura do terreno, 
podendo ainda constituir cortinas ou receber tirantes. 
 
 
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2.5. Compactação do Solo 
As estacas podem servir também com vantagens sobre outros métodos para a 
compactação do terreno. Ao ser cravada, a superfície da estaca comprime o terreno e pode 
fazer com um terreno antes pouco resistente venha a adquirir grau de compacidade 
adequado para receber cargas. A seguir, as figuras mostram uma comparação entre três 
métodos de compactação. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
Aula 4 – Fundações Profundas II 
 
FUNDAÇÕES 
 
 
 
 
 
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3. Escolha da Fundação 
Nos quadros a seguir, são apresentadas as informações que poderão ser úteis na 
escolha mais adequada da solução em termos de fundação para as obras de engenharia. De 
qualquer modo, é sempre importante lembrar que a escolha definitiva deve levar em conta 
o levantamento geológico realizado por técnicos especializados. 
 
 
 
 
 
Aula 4 – Fundações Profundas II 
 
UNIDADE 1 – CONCEITOS ELEMENTARES 
 
 
 
 
 
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3.1. Normas Técnicas 
 
 
Baseado e adaptado de NBR, 
ABMS/ABEF, AZEREDO(1987). 
Edições sem prejuízo de 
conteúdo.
Aula 5 – Projeto de Fundações 
 
FUNDAÇÕES 
 
 
 
 
 
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Aula 5: Projeto de Fundações 
 
Quando o projeto estrutural é elaborado em separado do projeto de fundação, considera-se, 
durante o dimensionamento das estruturas, que a fundação terá um comportamento rígido, 
indeslocável. Na realidade, tais apoios são deslocáveis e esse fator tem uma grande 
contribuição para uma redistribuição de esforços nos elementos da estrutura. Nesta unidade 
serão abordados os conceitos para elaboração dos Projetos de Fundações e os elementos 
necessários para realizá-los. 
 
1. Elementos de Projeto 
É consenso na literatura os seguintes elementos necessários para o desenvolvimento 
de um projeto de fundação: 
• Topografia da área: levantamento topográfico (planialtimétrico), dados sobre 
taludes e encostas no terreno e dados sobre erosões ou evoluções 
preocupantes na geomorfologia; 
• Dados geológicos-geotécnicos: investigações do subsolo (sondagens), outros 
dados geológicos e geotécnicos (mapas, fotos aéreas, artigos sobre 
experiências na área); 
• Dados da estrutura a construir: tipo e uso que terá a nova obra, sistemas 
estrutural, sistema construtivo, cargas; 
• Dados sobre construções vizinhas: número de pavimentos, carga média, tipo 
de estrutura e fundações, desempenho das fundações, existência de subsolo, 
possíveis consequências de escavações e vibrações pela nova obra. 
1.1. Requisitos de um Projeto de Fundações 
Tradicionalmente, os requisitos básicos a que um projeto de fundações deverá atender 
são: 
• Deformações aceitáveis, sob as condições de trabalho; 
• Segurança adequada ao colapso do solo de fundações ou estabilidade 
externa; 
Aula 5 – Projeto de Fundações 
 
UNIDADE 2 – CONCEITOS ELEMENTARES 
 
 
 
 
 
55 
 
 
• Segurança adequada ao colapso os elementos estruturais ou estabilidade 
interna. 
As consequências do não-atendimento a esses requisitos, se dão como a figura: 
 
1.2. Cargas e Segurança nas Fundações 
A NBR 6122/96 apresenta em seu capítulo 5, as diretrizes para considerações de cargas 
e fatores de segurança em projetos de fundações. Alguns itens da Norma, que tratam deste 
assunto, são apresentados a seguir, na forma de parágrafos: 
• Empuxos: O empuxo hidrostático desfavorável deve ser considerado 
integralmente, enquanto que o empuxo de terra (ativo, em repouso ou 
passivo) deve ser compatível com a deslocabilidade da estrutura. Fica vetada, 
em obras urbanas, a redução de cargas em decorrência de efeitos de 
subpressão; 
• Cargas dinâmicas: Devem ser consideradas: Amplitude das vibrações e 
possibilidade de ressonância no sistema estrutura-solo-fundação; 
Acomodação de solos arenosos; Transmissão dos efeitos a estrutura ou 
outros equipamentos próximos; 
• Fator de segurança global: As cargas admissíveis em elementos de fundação 
são obtidas pela aplicação de fatores de segurança, conforme a tabela abaixo, 
sobre os valores de capacidade de carga obtidos por cálculo ou 
experimentalmente. 
Aula 5 – Projeto de Fundações 
 
FUNDAÇÕES 
 
 
 
 
 
56 
 
 
 
No caso de fundações profundas, só é permitido reduzir o fator de segurança 
quando se dispõe do resultados de um número adequado de provas de carga 
e quando os elementos ensaiados são representativos do conjunto da 
fundação, ou a critério do projetista. 
• Análise de ruptura do solo: os valores de cálculo da resistência do solo são 
determinados dividindo-se os valores característicos dos parâmetros de 
resistência da coesão (C) e do ângulo de atrito interno (φ) pelos coeficientes 
de ponderação da tabela abaixo. 
 
O valor de cálculo da resistência (ou capacidade de carga) de um elemento de 
fundação pode ser determinado de três maneiras: 
✓ A partir de provas de carga; 
✓ A partir de métodos semi-empíricos ou empíricos; 
✓ Emprego de métodos teóricos. 
No primeiro caso, deve-se aplicar o terceiro coeficiente de ponderação, 
conforme tabela abaixo. No segundo caso, deve-se aplicar em dos primeiros 
coeficientes de ponderação, conforme Tabela, dependendo do tipo de 
fundação. No terceiro caso, uma vez que os parâmetros de resistência do solo 
foram reduzidos por coeficientes de ponderação, o resultado obtido já é o 
valor de cálculo da resistência (ou capacidade de carga) do elemento de 
fundação. 
 
Aula 5 – Projeto de Fundações 
 
UNIDADE 2 – CONCEITOS ELEMENTARES 
 
 
 
 
 
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2. Limites de Utilização 
É importante distinguir entre danos causados a elementos estruturais e danos 
causados a alvenaria, divisórias e acabamentos. Os movimentos das fundações afetam a 
aparência visual, a função e a utilização, mas é essencial reconhecer que prejuízos de 
natureza puramente estética não são muito importantes. Essa importância depende do tipo 
e utilização da estrutura. Na tabela a seguir é apresentada uma classificação de danos às 
paredes de edifícios, de acordo com o seu uso. 
 
O aparecimento de fissuras e, sempre, indício de que algo está acontecendo, embora 
elas, nem sempre, decorram de deslocamentos da estrutura. A NBR 6122/96 sugere que se 
faça um acompanhamento das fissuras, medindo-se, periodicamente, as diagonais de um 
retângulo traçado de sorte a ser cortado pela fissura, ou por meio de um “fissurômetro” ou 
outro qualquer instrumento de medida de precisão. 
2.1. Deformações Limites 
Uma estrutura ou edificação pode deformar de três maneiras, conforme apresentado 
na Figura. No primeiro modo, chamado de recalque uniforme, ocorrem danos estéticos e 
funcionais. Caso a magnitude dos recalques seja elevada, pode haver danos às ligações da 
estrutura com o exterior (tubulações de água, esgoto, rampas, escadas, passarelas, etc.). 
No segundo caso ocorrem danos estéticos devido ao desaprumo (mais visível em 
edifícios altos) e danos funcionais decorrentes do desnivelamento de pisos, etc. 
No terceiro caso, além dos danos estéticos e funcionais mencionados anteriormente, 
há também danos dessa mesma natureza, decorrentes da fissuração, além dos danos 
estruturais. 
Aula 5 – Projeto de Fundações

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