Logo Passei Direto
Buscar
Material
páginas com resultados encontrados.
páginas com resultados encontrados.

Prévia do material em texto

Avaliação Educacional
U416. 36
 
 
Autora: Profa. Sheila Roberti Pereira da Silva
Colaboradores: Profa. Silmara Maria Machado
 Prof. Nonato Assis de Miranda
Avaliação Educacional
Re
vi
sã
o:
 V
irg
ím
ia
 B
ila
tt
o 
/ L
uc
as
 K
at
er
 -
 D
ia
gr
am
aç
ão
: E
ve
rt
on
 M
ar
tin
s-
 0
8/
08
/2
01
3
Professora conteudista: Sheila Roberti Pereira da Silva
Possui graduação em Letras pela Universidade do Vale do Paraíba, graduação em Pedagogia pela Faculdade 
Salesiana de Filosofia Ciências e Letras de Lorena, Mestrado em Educação: História e Filosofia da Educação pela 
Pontifícia Universidade Católica de São Paulo e Doutorado em Educação: Didática e Teorias da Instrução e do Ensino 
pela Universidade de São Paulo. Atualmente é supervisora de ensino da Secretaria da Educação do Estado de São 
Paulo e professora titular da Universidade Paulista. É pesquisadora associada do CIERs-ED – Centro Internacional de 
Estudos em Representações Sociais da Fundação Carlos Chagas (SP). Tem experiência na área de Educação, atuando 
principalmente nos seguintes temas: formação de professores, avaliação educacional, currículo e práticas escolares, 
metodologia e prática de ensino de língua portuguesa e pesquisas e estudos de representações da formação para a 
docência. Possui experiência como coordenadora de curso de Pedagogia e atua como docente na área de Didática e 
de Avaliação Educacional. Desenvolveu tese de doutorado sobre representações de professoras dos anos iniciais da 
avaliação da aprendizagem e possui produção bibliográfica na área de estudo e atuação.
© Todos os direitos reservados. Nenhuma parte desta obra pode ser reproduzida ou transmitida por qualquer forma e/ou 
quaisquer meios (eletrônico, incluindo fotocópia e gravação) ou arquivada em qualquer sistema ou banco de dados sem 
permissão escrita da Universidade Paulista.
Dados Internacionais de Catalogação na Publicação (CIP)
S586a Silva, Sheila Roberti Pereira da.
Avaliação educacional. / .Sheila Roberti Pereira da Silva. – São 
Paulo: Editora Sol, 2014.
156 p., il.
Nota: este volume está publicado nos Cadernos de Estudos e 
Pesquisas da UNIP, Série Didática, ano XVII, n. 2-044/14, ISSN 1517-9230.
1. Avaliação educacional. 2. Dados quantitativos e qualitativos. 3. 
Teorias da aprendizagem. I. Título.
CDU 37.048
Re
vi
sã
o:
 V
irg
ím
ia
 B
ila
tt
o 
/ L
uc
as
 K
at
er
 -
 D
ia
gr
am
aç
ão
: E
ve
rt
on
 M
ar
tin
s-
 0
8/
08
/2
01
3
Prof. Dr. João Carlos Di Genio
Reitor
Prof. Fábio Romeu de Carvalho
Vice-Reitor de Planejamento, Administração e Finanças
Profa. Melânia Dalla Torre
Vice-Reitora de Unidades Universitárias
Prof. Dr. Yugo Okida
Vice-Reitor de Pós-Graduação e Pesquisa
Profa. Dra. Marília Ancona-Lopez
Vice-Reitora de Graduação
Unip Interativa – EaD
Profa. Elisabete Brihy 
Prof. Marcelo Souza
Prof. Dr. Luiz Felipe Scabar
Prof. Ivan Daliberto Frugoli
 Material Didático – EaD
 Comissão editorial: 
 Dra. Angélica L. Carlini (UNIP)
 Dra. Divane Alves da Silva (UNIP)
 Dr. Ivan Dias da Motta (CESUMAR)
 Dra. Kátia Mosorov Alonso (UFMT)
 Dra. Valéria de Carvalho (UNIP)
 Apoio:
 Profa. Cláudia Regina Baptista – EaD
 Profa. Betisa Malaman – Comissão de Qualificação e Avaliação de Cursos
 Projeto gráfico:
 Prof. Alexandre Ponzetto
 Revisão:
 Virgínia Bilatto
 Lucas Kater
Re
vi
sã
o:
 V
irg
ím
ia
 B
ila
tt
o 
/ L
uc
as
 K
at
er
 -
 D
ia
gr
am
aç
ão
: E
ve
rt
on
 M
ar
tin
s-
 0
8/
08
/2
01
3
Sumário
Avaliação Educacional
APRESENTAçãO ......................................................................................................................................................7
INTRODUçãO ...........................................................................................................................................................7
Unidade I
1 AVALIAçãO FORMATIVA, AVALIAçãO MEDIADORA E TEORIAS DO DESENVOLVIMENTO 
E DA APRENDIzAGEM ....................................................................................................................................... 15
2 POR QUE AVALIAR? O QUE AVALIAR? QUE ETAPAS CONSIDERAR? COMO AVALIAR? 
A QUEM INFORMAR? ......................................................................................................................................... 31
2.1 Avaliação de conteúdos conceituais ............................................................................................ 40
2.2 Avaliação de conteúdos procedimentais .................................................................................... 41
2.3 Avaliação de conteúdos atitudinais.............................................................................................. 42
2.4 A quem informar? ................................................................................................................................ 43
3 TÉCNICAS E INSTRUMENTOS DE AVALIAçãO ...................................................................................... 47
3.1 Elaboração de questões objetivas .................................................................................................. 49
3.2 Elaboração de questões dissertativas ........................................................................................... 51
4 OBSERVAçõES E REGISTROS ...................................................................................................................... 51
Unidade II
5 AVALIAçãO NOS ANOS INICIAIS DO ENSINO FUNDAMENTAL E NA EDUCAçãO 
INFANTIL ................................................................................................................................................................. 62
6 AVALIAçãO PARA ALÉM DAS FORMAS TRADICIONAIS ................................................................... 69
Unidade III
7 AVALIAçãO DE SISTEMAS E AVALIAçãO INSTITUCIONAL .............................................................. 94
7.1 Aspectos políticos implicados na avaliação externa de escolas........................................ 97
7.2 Avaliação institucional e de sala de aula .................................................................................104
7.3 Avaliação do aluno em relação ao trabalho do professor .................................................113
8 AVALIAçãO E PESQUISA EDUCACIONAL: DADOS QUANTITATIVOS E QUALITATIVOS ............116
Re
vi
sã
o:
 V
irg
ím
ia
 B
ila
tt
o 
/ L
uc
as
 K
at
er
 -
 D
ia
gr
am
aç
ão
: E
ve
rt
on
 M
ar
tin
s-
 0
8/
08
/2
01
3
7
Re
vi
sã
o:
 V
irg
ím
ia
 B
ila
tt
o 
/ L
uc
as
 K
at
er
 -
 D
ia
gr
am
aç
ão
: E
ve
rt
on
 M
ar
tin
s-
 0
8/
08
/2
01
3
APRESEntAção
A disciplina Avaliação Educacional atende a diretrizes fundamentais da formação profissional inicial 
para o exercício da docência na Educação Infantil e nos anos iniciais do Ensino Fundamental, bem 
como em outras áreas que exijam conhecimentos pedagógicos, especialmente no que diz respeito aos 
fundamentos conceituais, técnicos, legais e éticos que possibilitem aos alunos do curso de Pedagogia, 
condições para:
•	 planejar,	executar,	coordenar,	acompanhar	e	avaliar	tarefas	próprias	do	setor	da	Educação;
•	 avaliar	 o	 processo	 de	 ensino-aprendizagem	 de	 crianças	 da	 Educação	 Infantil	 e	 do	 Ensino	
Fundamental de forma a contribuir para o seu desenvolvimento intelectual, psicológico e social, 
demonstrando	consciência	da	diversidade	social	e	cultural;
•	 participar	 da	 gestão	 das	 instituições,	 planejando,	 executando,	 acompanhando	 e	 avaliando	 as	
práticaspedagógicas,	projetos	e	programas	educacionais;
•	 realizar	pesquisas	que	proporcionem	conhecimentos	sobre	os	alunos	e	sua	realidade	sociocultural	e	
sobre os processos de ensinar, aprender e avaliar, considerando a diversidade e a multiculturalidade 
da	sociedade	brasileira;
•	 compreender	a	avaliação	de	sistemas	e	avaliação	institucional	como	promotoras	de	melhoria	dos	
processos escolares, dos resultados educacionais e da qualidade social do ensino.
IntRodução
O estudo e a discussão da Avaliação Educacional e, mais especificamente, da Avaliação da 
Aprendizagem Escolar exigem, em um primeiro momento, a problematização e a compreensão 
da função social da educação básica em um contexto em que o problema da democratização 
do acesso à escola está quase equacionado. A democratização do acesso, no contexto brasileiro, 
propiciou a chegada à escola de segmentos sociais até então excluídos, a partir dos anos 1970, 
colocando à instituição escolar o grande desafio de ensinar a todos, considerando a diversidade 
social, cultural e linguística de uma população cujo capital cultural é diferente da cultura letrada 
valorizada pelos currículos escolares.
 observação
A diversidade étnica e cultural é um traço marcante da sociedade 
brasileira. Somos uma sociedade de várias cores, detentora de rico capital 
cultural a ser trabalhado pelos currículos no processo de alfabetização 
linguística e artística.
8
Re
vi
sã
o:
 V
irg
ím
ia
 B
ila
tt
o 
/ L
uc
as
 K
at
er
 -
 D
ia
gr
am
aç
ão
: E
ve
rt
on
 M
ar
tin
s-
 0
8/
08
/2
01
3
Figura 1
Partindo da aceitação da tese de que, para cumprir sua função social, a escola deve garantir a todos 
a apropriação do conhecimento elaborado e historicamente construído, vários desafios conceituais e 
metodológicos estão postos à escola, no que diz respeito à pedagogia que orienta as práticas escolares 
e aos modelos de avaliação da aprendizagem, no contexto da diversidade de culturas.
Nesse contexto de diversidade de saberes e experiências, não há mais lugar na escola para um 
tratamento pedagógico homogeneizante que desconsidera que nem todos estão, no ponto de partida 
do ensino, à mesma distância dos objetivos educacionais pretendidos, tendo em vista a preparação do 
cidadão para atuar e intervir transformadoramente na prática social. Trata-se de desafio ainda maior 
quando se considera que, historicamente, a função básica da escola tem sido seletiva e propedêutica, ou 
seja, centrada na seleção dos alunos para estudos futuros (zabala, 1995).
Analisando as taxas de atendimento escolar da população de 4 a 17 anos, em 2000 e 2010, para o 
Brasil e regiões, observa-se que, nesta década, o aumento nas taxas de acesso à escola foi de 9,2%. A 
região com maior aumento na frequência aos sistemas de ensino foi a Norte (14,2%). A maior taxa de 
atendimento foi encontrada no Sudeste (92,7%), e a menor, no Norte do País (87,8%).
Reconhece-se uma importante evolução nas taxas de atendimento escolar. Esse fato é 
importantíssimo para o enfrentamento do caráter historicamente seletivo da educação escolar, 
que é a primeira exigência para a democratização do conhecimento e, portanto, para a própria 
democratização da sociedade. No entanto, a possibilidade de democratização do conhecimento 
assenta-se em um tripé: garantia de acesso à escola, aumento da permanência e qualidade de ensino 
(LUCKESI, 1996). A garantia de acesso depende de variáveis externas relativas às políticas públicas 
de atendimento educacional, mas o aumento da permanência e a qualidade de ensino tem relação 
com o atendimento pedagógico e com a instituição de práticas inovadoras que eliminem variáveis 
pedagógicas que determinam o fracasso escolar e a evasão e aumentem o grau de terminalidade 
escolar, que é historicamente baixo, garantindo a todos um ensino de qualidade. Os desafios são 
imensos, considerando os dados de fluxo escolar contidos na tabela a seguir, na qual se observa ainda 
uma elevada taxa de reprovação e abandono escolares no ano de 2011.
9
Re
vi
sã
o:
 V
irg
ím
ia
 B
ila
tt
o 
/ L
uc
as
 K
at
er
 -
 D
ia
gr
am
aç
ão
: E
ve
rt
on
 M
ar
tin
s-
 0
8/
08
/2
01
3
Tabela 1 – Taxas de aprovação, abandono, evasão, promoção, 
repetência, reprovação e distorção idade-série (Brasil)
Tabela Ens. Fundamental –anos iniciais
Ens. 
Fundamental –
anos finais
Ensino 
Médio
Taxa de distorção idade-série (2010) 18,5 % 29,6 % 34,5 %
Taxa de evasão (2005) 7,4 % 14,1 % 3,4 %
Taxa de promoção (2005) 78,3 % 68,5 % 81,8 %
Taxa de repetência (2005) 14,3 % 17,4 % 14,8 %
Taxa de abandono (2010) 1,8 % 4,7 % 10,3 %
Taxa de reprovação (2010) 8,3 % 12,6 % 12,5 %
Taxa de aprovação (2011) 91,2 % 83,4 % 77,4 %
Região Norte (2011) 87,0 % 81,7 % 75,4 %
Região Nordeste (2011) 87,5 % 77,7 % 76,3 %
Região Sudeste (2011) 94,6 % 87,6 % 78,7 %
Região Sul (2011) 93,8 % 83,5 % 77,7 %
Região Centro-oeste (2011) 92,8 % 85,3 % 75,6 %
Fonte: MEC/INEP/DTDIE (2011).
Reafirmando, o alcance das funções sociais da escola depende da sua capacidade em democratizar o 
conhecimento para o conjunto da população, como mediação, senão suficiente, necessária a uma prática 
cidadã. Nesse sentido, a par das políticas de atendimento escolar, assumem particular importância as 
concepções e práticas de ensino-aprendizagem-avaliação que estejam a serviço dessa democratização 
e não apenas da seleção dos considerados mais aptos, não se concebendo que a reprovação seja ainda 
utilizada para fins de seleção dos alunos.
 observação
Ainda é frequente no discurso pedagógico o entendimento da 
reprovação escolar como estratégia didática que supostamente estimularia 
o aluno a estudar mais, embora esta ideia não tenha sustentação teórico-
prática.
Para zabala, a função social do ensino abarca outras dimensões da personalidade do aluno, 
sendo a formação integral a sua finalidade principal. Se entendermos que o objetivo do ensino 
é o desenvolvimento de todas as capacidades da pessoa e não apenas as cognitivas, temos que 
considerar que a avaliação não pode ter como objeto apenas os conteúdos valorizados em exames 
para o ingresso na universidade, o que implica uma transformação no paradigma de avaliação 
classificatório que ainda é característico dos sistemas educacionais. Defendemos que se levem 
em conta os conteúdos que promovam as capacidades motoras, de equilíbrio e de autonomia 
10
Re
vi
sã
o:
 V
irg
ím
ia
 B
ila
tt
o 
/ L
uc
as
 K
at
er
 -
 D
ia
gr
am
aç
ão
: E
ve
rt
on
 M
ar
tin
s-
 0
8/
08
/2
01
3
pessoal, de relação interpessoal e de inserção social, sob uma perspectiva que não seja meramente 
seletiva, conforme propõe o autor.
Tudo isso envolve mudanças substanciais nos conteúdos de avaliação e no caráter e na forma 
das intervenções pedagógicas a partir do conhecimento que se tem das aprendizagens realizadas, 
considerando as expectativas previstas. Trata-se da obtenção de informações complexas que não 
combinam	 com	 um	 tratamento	 estritamente	 quantitativo;	 referem-se	 a	 valorações	 e	 indicadores	
personalizados que raramente podem se traduzir em notas e qualificações clássicas (zabala, 1995).
Essa forma de entender a relação da avaliação com a função social da escola coloca a 
necessidade de discutir, em um primeiro momento, a avaliação como parte do trabalho didático 
do professor, sob a perspectiva de que os conceitos de avaliação, qualidade e educação só podem 
ser compreendidos no contexto das práticas escolares ou da forma de organização da escola. A 
escola, por sua vez, faz parte de uma organização social mais ampla que envolve concepções de 
homem, de sociedade, de trabalho e de educação, concepções estas que foram se transformandono	decorrer	da	história	(BIANI;	BETINI,	2010).
Figura 2
Biani e Betini comentam as transformações nas concepções de educação desde as sociedades 
primitivas. Destacam que a educação primitiva caracterizava-se por uma relação direta entre adultos 
e crianças por meio do convívio na família e no trabalho cujo modo de produção era coletivo. A 
aprendizagem se dava pela participação da criança na vida adulta e no trabalho. A concepção de trabalho 
era, então, produzir para o uso, concepção esta que não separa o trabalho de seus fins e nem da própria 
vida. Assim, a concepção de educação era própria dos processos de trabalho do modo de produção das 
comunidades primitivas.
A institucionalização da escola surge no contexto histórico da Revolução Francesa e da Revolução 
Industrial com as transformações políticas, sociais, ideológicas e econômicas delas decorrentes. Tais 
11
Re
vi
sã
o:
 V
irg
ím
ia
 B
ila
tt
o 
/ L
uc
as
 K
at
er
 -
 D
ia
gr
am
aç
ão
: E
ve
rt
on
 M
ar
tin
s-
 0
8/
08
/2
01
3
transformações exigiram uma nova educação que atendesse ao ideário liberal burguês baseado na 
propriedade privada e nos princípios universais de Liberdade, Igualdade e Fraternidade.
 Saiba mais
A Revolução Francesa ocorreu entre 5 de maio de 1789, com a queda 
da Bastilha, e 9 de novembro de 1799, com o Golpe de Estado do 18 
Brumário, por Napoleão Bonaparte. A revolução marcou o início da Idade 
Contemporânea e proclamou os direitos universais de “Liberdade, Igualdade 
e Fraternidade”. Para ilustrar o contexto histórico em que a revolução se 
deu, sugerem-se os seguintes filmes:
A REVOLUçãO francesa. Dir. Doug Shultz. Estados Unidos, 2005.
CASANOVA e a revolução. Dir. Ettore Scola. França, 1982. 150 minutos.
DANTON: o processo da revolução. Dir. Andrzej Wajda. França, 1983. 
136 minutos.
MARIA Antonieta. Dir. Sofia Coppola. Estados Unidos, 2006. 123 minutos.
NAPOLEãO. Dir. Abel Gance. França, 1927. 240 minutos.
A escola surge, então, como instituição à qual caberia o papel de transformar súditos em cidadãos 
para corresponder aos objetivos da nova ordem social instituída pelo capitalismo. Essa nova ordem 
social necessitava, para se consolidar, difundir o conhecimento e preparar para o trabalho dentro dessa 
nova lógica, convertendo a escola em um lugar apropriado para que os indivíduos se acostumassem às 
relações do processo de produção capitalista.
Figura 3
12
Re
vi
sã
o:
 V
irg
ím
ia
 B
ila
tt
o 
/ L
uc
as
 K
at
er
 -
 D
ia
gr
am
aç
ão
: E
ve
rt
on
 M
ar
tin
s-
 0
8/
08
/2
01
3
Assim, recoloca-se em questão a função social da escola, sob uma perspectiva dialética que requer, 
por um lado, a superação da visão não crítica de que a escola é em si mesma fator de superação das 
desigualdades	sociais,	ou	seja,	fator	de	equalização	social,	conforme	concepção	liberal	burguesa;	por	
outro lado, significa superar uma visão reprodutivista segundo a qual a escola cumpriria apenas o 
papel de reproduzir as relações sociais capitalistas baseadas na divisão social das classes, mantendo a 
desigualdade social, conforme apontam as chamadas teorias crítico-reprodutivistas (SAVIANI, 2008). 
Significa, portanto, entender a escola e a sociedade como espaços de contradição onde existem 
diferentes possibilidades de ação que podem tornar a escola capaz de influenciar a sociedade e não 
apenas ser determinada por esta, ou seja: há uma relação dialética e não determinista entre escola e 
sociedade.
 Saiba mais
Sobre o papel da escola em diferentes teorias educacionais, recomenda-
se a leitura da seguinte obra:
SAVIANI, D. Escola e democracia: teorias da educação, curvatura da vara, 
onze teses sobre educação e política. 4. ed. Campinas: Autores Associados, 2008.
Sob uma perspectiva dialética, o professor deve se ver como sujeito histórico, ou seja, como aquele 
que faz opções e escolhas em sua prática profissional, que atua a favor da transformação das estruturas 
geradoras de injustiças e a favor da apropriação do conhecimento sistematizado pelas crianças das 
classes mais desfavorecidas que mais precisam da escola. Ao fazerem escolhas, estarão contribuindo 
para a transformação ou para a preservação das desigualdades. A tarefa de formação do ser social, 
que promova as transformações sociais desejadas, exige que os professores vejam-se como sujeitos 
históricos coletivos capazes de, em conjunto, fazer a crítica à escola e à sociedade que temos e agir 
a partir da realidade existente, não apenas por meio de uma luta pedagógica, mas também por meio 
de uma luta por transformações sociais mais amplas em direção à escola e à sociedade que queremos 
(BIANI, 2010).
Tais transformações sociais passam pela oferta de escola de qualidade social para todos e para cada 
criança, considerando as diferenças, sejam de classe ou de limites pessoais. Escola de qualidade social é 
“uma escola que ofereça oportunidade de acesso, permanência, aprendizagem e que desenvolva valores 
de solidariedade e de trabalho coletivo para todos os seus alunos” (BIANI, 2010, p. 6), considerando 
variáveis socioculturais e econômicas que exigem um tratamento didático diferenciado. Essa seria uma 
forma de romper com o círculo vicioso que sustenta a desigualdade social, o qual se dá da seguinte 
forma: a desigualdade educacional gera desigualdade de renda que, por sua vez, pode gerar distribuição 
desigual de poder político que poderá reproduzir a desigualdade educacional (BIANI, 2010).
A discussão sobre a relação entre desigualdade educacional e desigualdade social coloca no centro 
do debate o problema da qualidade da educação cujo significado foi se alterando historicamente. 
Com base em Biani e Betini (2010), apresentamos no quadro a seguir a variação de significado nas 
últimas décadas:
13
Re
vi
sã
o:
 V
irg
ím
ia
 B
ila
tt
o 
/ L
uc
as
 K
at
er
 -
 D
ia
gr
am
aç
ão
: E
ve
rt
on
 M
ar
tin
s-
 0
8/
08
/2
01
3
Quadro 1
Década Significado de qualidade
70
Educação de qualidade era aquela capaz de potencializar o desenvolvimento de habilidades 
para o trabalho e produção no contexto do processo de industrialização que se deu no Brasil 
naquela década.
80
A qualidade passa a ser vista do ponto de vista quantitativo, considerando a relação entre 
a entrada e a saída de alunos no sistema escolar, em face das altas taxas de reprovação 
decorrentes da dificuldade da escola em ensinar crianças com culturas diferentes que se 
beneficiam da universalização do acesso à educação escolar.
90
A questão da qualidade está associada também à produtividade do sistema, entendida como o 
resultado da diferença entre o número de alunos que entram no sistema e o número dos que 
saem, a partir da interpretação de que elevadas taxas de repetência significam baixa qualidade 
da educação.
Fonte:	Biani;	Betini	(2010).
Biani e Betini apontam os limites da concepção neoliberal de qualidade prevalecente na década 
1990, que valoriza os resultados considerando a relação custo (investimento) x benefício (anos de 
escolaridade, diplomação), com o máximo de resultado e o mínimo de investimento, com efeitos na 
baixa produtividade do sistema.
Considerando a baixa produtividade do sistema educacional para o enfrentamento do problema 
da evasão e reprovação escolares, a educação brasileira passou por várias reformas na década 1990, 
uma delas foi a introdução do regime de progressão continuada. Embora tenha melhorado as taxas de 
permanência, a reorganização do ensino em ciclos não significou melhoria da qualidade da educação, 
uma vez que o desempenho dos estudantes tem ficado abaixo do esperado ao final do ciclo, como 
mostram indicadores de avaliações externas. Mesmo com a introdução da progressãocontinuada, 
a prática da seletividade nas escolas brasileiras não foi superada pela não aprendizagem efetiva de 
conteúdos, habilidades e competências que a formação do ser social exige para a inserção no mundo 
do trabalho e para a participação crítica visando à transformação da sociedade. A seletividade assumiu, 
assim, novos contornos, mantendo-se, em geral, as concepções e práticas de avaliação com o fim em si 
mesmas	e	com	caráter	classificatório	(BIANI;	BETINI,	2010).
A necessidade de revisão do modelo de avaliação da aprendizagem que tem prevalecido na educação 
em todos os níveis, que tem caráter classificatório, função apenas somativa e de aferição de resultados, 
requer que façamos uma revisão das modalidades e funções da avaliação para prosseguirmos na 
construção de um referencial que nos ajude a redirecionar nossas práticas avaliativas em função dos 
desafios atuais de ensinar a todos.
Não se pode restringir a avaliação ao modelo classificatório, de aferição de resultados. 
É necessário que as práticas sejam orientadas por um modelo com funções formativas, de 
acompanhamento e de fonte de informação sobre os saberes e as habilidades que os alunos 
apresentam, identificando as lacunas para subsidiar o planejamento de ações que considerem as 
suas necessidades de aprendizagem.
14
Re
vi
sã
o:
 V
irg
ím
ia
 B
ila
tt
o 
/ L
uc
as
 K
at
er
 -
 D
ia
gr
am
aç
ão
: E
ve
rt
on
 M
ar
tin
s-
 0
8/
08
/2
01
3
De acordo com Freitas et al (2011), o modelo classificatório separa a avaliação em três dimensões:
•	 da	instrução,	com	foco	nos	conteúdos	e	nos	aspectos	quantitativos;
•	 do	comportamento,	com	foco	na	conduta	social	do	aluno	em	relação	aos	estudos;
•	 das	atitudes,	por	meio	de	juízo	de	valor	do	professor	sobre	as	atitudes	e	valores	dos	alunos.
Dessa forma, a avaliação se dá também por meio de um processo informal que torna arbitrária a 
avaliação da aprendizagem, porque é atravessada por julgamentos de valor sobre dados irrelevantes que 
nada revelam sobre as aprendizagens realizadas pelo aluno. Para promover uma prática de avaliação 
justa, a serviço do progresso intelectual e social do aluno, o desafio é tornar oficial a prática da abordagem 
formativa e não apenas uma forma de enfrentamento individual (FREITAS et al, 2011).
Diante dessa crença no poder da avaliação com funções formativas, para se propiciar a progressão 
do aluno na aprendizagem com sucesso, é necessário um entendimento dos fundamentos conceituais, 
legais, éticos e técnicos que embasam esta abordagem para (re)orientar as práticas. Estes fundamentos 
serão abordados nas unidades 1 e 2. Além dos aspectos relativos à avaliação entendida como parte do 
trabalho didático do professor em sala de aula, consideraremos, na unidade 3, a avaliação de sistemas 
e a avaliação institucional, pelo impacto que esse âmbito da avaliação pode provocar na melhoria dos 
processos escolares, o que se constitui tema relevante no atual contexto em que se luta pela melhoria 
dos resultados educacionais e da qualidade do ensino.
15
Re
vi
sã
o:
 V
irg
ím
ia
 B
ila
tt
o 
/ L
uc
as
 K
at
er
 -
 D
ia
gr
am
aç
ão
: E
ve
rt
on
 M
ar
tin
s-
 0
8/
08
/2
01
3
AvAliAção EducAcionAl
Unidade I
Avaliação do ensino-aprendizagem: fundamentos conceituais e técnicos
1 AvAlIAção foRmAtIvA, AvAlIAção mEdIAdoRA E tEoRIAS do 
dESEnvolvImEnto E dA APREndIzAgEm
No estudo de representações de professoras dos anos iniciais do Ensino Fundamental sobre avaliação 
no interior da organização do ensino em ciclos de aprendizagem, Silva (2005) apoiou-se na revisão de 
diversas pesquisas feitas por Black e Wiliam (1988). Essa revisão tenta mostrar até que ponto se justifica 
a crença de que a melhoria da aprendizagem depende da melhoria da avaliação, com base na ênfase no 
valor da interação entre esses dois aspectos na sala de aula.
Nessa revisão, a avaliação formativa é considerada um processo que engloba “todas as atividades 
desencadeadas pelo professor e/ou alunos, que proveem informações a serem usadas como realimentação 
para	 modificar	 as	 atividades	 de	 ensino	 e	 aprendizagem	 nas	 quais	 estes	 estão	 engajados”	 (BLACK;	
WILLIAM, 1988, apud SILVA, 2005).
Quem gera as 
informações?
O próprio aluno por meio 
de autoavaliação.
O professor que identifica e interpreta a 
lacuna e comunica isso ao aluno.
Figura 4
Uma das seções do estudo citado por Silva (2005) destaca resultados baseados nas evidências sobre a 
natureza de intervenções, observações, comentários ou respostas escritas aos alunos, de cuja qualidade 
depende a efetividade da avaliação formativa.
16
Re
vi
sã
o:
 V
irg
ím
ia
 B
ila
tt
o 
/ L
uc
as
 K
at
er
 -
 D
ia
gr
am
aç
ão
: E
ve
rt
on
 M
ar
tin
s-
 0
8/
08
/2
01
3
Unidade I
Silva faz referência a um estudo que teve como foco a autoavaliação diária feita pelos alunos. 
Esse estudo mostra que, por meio da autoavaliação, é possível ensinar os alunos a compreenderem os 
objetivos da aprendizagem e os critérios de avaliação. Dessa forma, os alunos aprendem a escolher e 
usar as tarefas com a finalidade de acessar os resultados da sua própria aprendizagem.
Trata-se de um processo de regulação da aprendizagem, ou seja, um conjunto de operações 
metacognitivas do sujeito e de suas interações com o meio que modificam seus processos de aprendizagem 
no sentido de um objetivo definido de domínio (PERRENOUD, 1999, apud SILVA, 2005).
A relação entre metacognição e sucesso escolar foi evidenciada em Davis et al (2005): o aluno deve 
ter consciência do que sabe e do que não sabe, aprendendo a analisar e avaliar como se conhece. Os 
autores discutem esse conceito apoiados nas formulações de Flavell, segundo o qual metacognição 
refere-se:
•	 ao	conhecimento	que	se	tem	sobre	os	próprios	processos	cognitivos,	e	produtos	ou	qualquer	coisa	
relacionada	a	eles,	isto	é,	o	aprendizado	das	propriedades	relevantes	da	informação	ou	dos	dados;
•	 ao	monitoramento	ativo	e	à	consequente	regulação	e	orquestração	desses	processos	em	relação	
aos objetos cognitivos ou dados sobre os quais eles incidem, usualmente a serviço de alguma meta ou 
objetivo concreto (FLAVELL apud DAVIS et al, 2005, p. 211).
Assim, Davis et al chamam a atenção para o fato de que, ao fazer uso da metacognição, o sujeito:
•	 observa	seus	próprios	modos	de	pensar	e	as	estratégias	que	emprega	para	resolver	problemas	e	
busca	identificar	como	aprimorá-los;
•	 faz	um	monitoramento	ativo	dos	processos	de	pensamento,	regulando-os	e	orquestrando-os	para	
alcançar um determinado objetivo (DAVIS et al, 2005, p. 212).
Esses processos metacognitivos envolvem dois componentes centrais, conforme conceituação 
de Flavell exposta por Davis et al (2005, p. 212): conhecimentos metacognitivos e experiências 
metacognitivas.
Quadro 2
Conhecimentos metacognitivos Experiências metacognitivas
Produtos cognitivos.
O sujeito sabe que já domina certos conceitos, 
práticas e habilidades, enquanto outros ainda não, e 
reconhece o que é ou não capaz de alcançar.
Conhecimentos metacognitivos.
O sujeito compreende como o pensamento e as funções 
superiores – atenção, memória, raciocínio, compreensão – 
atuam na resolução de um problema.
Fonte: Davis et al (2005).
17
Re
vi
sã
o:
 V
irg
ím
ia
 B
ila
tt
o 
/ L
uc
as
 K
at
er
 -
 D
ia
gr
am
aç
ão
: E
ve
rt
on
 M
ar
tin
s-
 0
8/
08
/2
01
3
AvAliAção EducAcionAl
Resumindo, processos metacognitivos são os processos pelos quais o sujeito exerce controle e 
auto-regulação durante a tarefa de resolução de um problema, permitindo-lhe tomar consciência do 
desenrolar da sua própria atividade. Essesprocessos são favorecidos por atividades de autoavaliação, 
por meio das quais o aluno aprende a gerir uma tarefa, corrigi-la e regulá-la, caminhando em direção 
ao pretendido, mas não apenas isso, conforme explicam Davis et al:
A gestão da atividade deve permitir a compreensão e a explicitação das 
relações entre os procedimentos, o objetivo e o desempenho obtido. Quando 
se consegue isso, é possível alcançar um nível mais abstrato e explicativo de 
compreensão da situação-problema, formulado-a em termos generalizáveis 
e, portanto, transferíveis. (DAVIS et al, 2005, p. 12).
No estudo de Silva (2005), encontramos relatos de pesquisas que deram evidências rigorosamente 
construídas dos ganhos de aprendizagem, considerando dois elementos (um ou outro ou a combinação 
dos dois): o foco na autoavaliação e sua implementação em um contexto construtivista de sala de aula. 
Isso sugere que é preciso mais do que apenas adicionar alguns exercícios de avaliação e técnicas de 
ensino, mas uma mudança radical na pedagogia da sala de aula porque a avaliação é um componente 
do processo pedagógico.
Um ambiente construtivista favorece processos metacognitivos por meio dos quais o aluno aprende 
a pensar, transformando culturas voltadas ora para a informação, ora para a formação, de maneira 
dicotomizada, em uma cultura do pensamento (DAVIS et al, 2005). De acordo com esses autores, a 
metacognição é aspecto central na produção de uma cultura do pensamento, uma vez que permite ao 
sujeito:
– construir conhecimentos e habilidades que tenham maior possibilidade 
de	sucesso	e	de	transferência;
– aprender estratégias de solução de problemas que sejam passíveis de 
serem	autorreguladas;
– adquirir autonomia na gestão das tarefas e nas aprendizagens, 
autorregulando-se	e	se	autoajudando;
– construir uma autoimagem de aprendiz produtivo e, com isso, obter 
motivação para aprender (DAVIS et al, 2005, p. 12).
Outro aspecto a ser considerado na produção de uma cultura avaliativa voltada para a promoção 
intelectual humana e social do sujeito é a crença de que todos os alunos podem ter sucesso. Esse 
pressuposto, já bastante apontado pela literatura, aparece na revisão sobre avaliação formativa citada 
por Silva (2005), em um estudo que mostra que, embora a excelência pessoal do professor do estudo 
em questão seja determinante para o sucesso da aprendizagem, o próprio professor aponta, como parte 
importante de sua abordagem de ensino, o seu sentimento de que todos os alunos podem ter sucesso. O 
mais importante é que o estudo referido confirma a importância desta crença, principalmente quando 
18
Re
vi
sã
o:
 V
irg
ím
ia
 B
ila
tt
o 
/ L
uc
as
 K
at
er
 -
 D
ia
gr
am
aç
ão
: E
ve
rt
on
 M
ar
tin
s-
 0
8/
08
/2
01
3
Unidade I
o ensino por ciclos, com progressão continuada, requer que sejamos capazes de propiciar uma trajetória 
ótima para todos os alunos de acordo com suas reais possibilidades, o que implica, em um primeiro 
momento, acreditar que todos podem aprender e se desenvolver.
Outro relato, também com foco na ideia de aprendizagem para o domínio, ao mostrar o resultado da 
prática de dois professores – um excepcional e experiente, outro com avaliação média e novato – coloca 
em questão a validade do uso frequente de testes nos ganhos de aprendizagem, levando Black e Wiliam 
a questionar: até que ponto a testagem frequente constitui avaliação formativa? A questão parece 
residir na qualidade das respostas e da interação entre professor e aluno, conforme explicam os autores:
Uma discussão dessa questão teria que focalizar a qualidade da interação 
professor aluno e até que ponto os resultados dos testes constituíram 
respostas no sentido de levar a ações corretivas tomadas para preencher 
lacunas no desempenho. É possível que a superioridade do professor mais 
experiente tenha sido justamente em sua habilidade neste aspecto, fazendo 
assim o teste mais efetivo em qualquer das frequências de sua aplicação 
(BLACK;	WILIAM,	1998,	apud SILVA, 2005).
A falta de uma rotina rigorosa de avaliação formativa leva a diagnósticos sentenciosos, rotulando 
crianças como sem sucesso, o que prejudica seu futuro.
Outros aspectos importantes apontados por Black e William sobre a efetividade da avaliação 
formativa dizem respeito:
•	 ao	aumento	da	confiança	do	professor	em	seus	poderes	para	tomar	decisões;
•	 aos	componentes	de	sua	qualidade	e	não	à	sua	mera	existência;
•	 à	necessidade	de	dar	constante	atenção	aos	efeitos	diferenciais	de	qualquer	tipo	de	informação	
do professor nos alunos de rendimento alto e baixo.
Um dos estudos mostrou que
[...] mesmo que as informações, na forma de comentário, sejam úteis 
operacionalmente para o trabalho do aluno, seu resultado pode ser 
destruído por efeitos motivacionais negativos relacionados a informações 
normativas como dar notas ou classificações, o que confirma indicações da 
literatura de que avaliação envolvendo tarefas é mais efetiva que avaliação 
envolvendo ego, já que mesmo havendo elogios pode haver um efeito 
negativo para os alunos de rendimento baixo. Confirma também a visão 
de que a preocupação com atendimento a notas pode baixar a qualidade 
do	desempenho	da	tarefa,	particularmente	em	tarefas	divergentes	(BLACK;	
WILIAM, 1998, apud SILVA, 2005, p. 53).
19
Re
vi
sã
o:
 V
irg
ím
ia
 B
ila
tt
o 
/ L
uc
as
 K
at
er
 -
 D
ia
gr
am
aç
ão
: E
ve
rt
on
 M
ar
tin
s-
 0
8/
08
/2
01
3
AvAliAção EducAcionAl
Vejamos no quadro a seguir os principais componentes a serem observados para o sucesso de uma prática 
de avaliação formativa, apontados por Silva (2005), com base nos estudos de Black e William (1998):
Quadro 3
Componentes da avaliação formativa
O trabalho de avaliação formativa na sala de aula envolve algum grau de interação entre os alunos e o professor. A 
natureza e a qualidade das interações entre os estudantes e entre professores e estudantes é o determinante chave 
das mudanças.
Subjacente às várias abordagens de ensino, há pressuposições do professor a respeito de psicologia da aprendizagem 
e a respeito da estrutura e da natureza das tarefas de aprendizagem.
Para a avaliação ser formativa, a informação sobre a diferença entre o nível atual do aluno e o padrão a ser 
alcançado tem que ser usada para alterá-la.
O papel dos estudantes é importante por meio de autoavaliação e avaliação pelos colegas.
A efetividade do trabalho formativo depende também de suposições a respeito das motivações e autopercepções dos 
estudantes. Os comentários objetivos dirigidos às necessidades reveladas, com a suposição de que cada estudante 
pode e terá sucesso, tem efeito muito diferente do comentário ou das observações subjetivas que envolvem 
comparação entre colegas e supõem que alguns não são tão capazes quanto os outros e não podem esperar sucesso 
pleno.
A	atenção	à	avaliação	formativa	pode	dar	ganhos	significativos	de	aprendizagem;	nenhum	estudo	relatou	efeitos	
negativos decorrentes de aumento da prática formativa.
Fonte:	Black;	William	(apud SILVA, 2005).
Outra fonte importante neste esforço de melhor precisar o conceito de avaliação formativa, 
encontramos em Perrenoud (1999), que discute a avaliação formativa no contexto de uma 
“concepção global da regulação das aprendizagens” (PERRENOUD, 1999, p. 88). O autor entende 
a avaliação formativa como fonte de uma regulação intencional das aprendizagens, levando o 
professor a observar mais metodicamente os alunos e a compreender melhor como funciona seu 
processo de aprendizagem, de modo que possa ajustar de maneira mais sistemática e individualizada 
suas intervenções pedagógicas e as situações didáticas que propõe, com a finalidade de otimizar as 
aprendizagens (PERRENOUD, 1999, p. 89).
Perrenoud (1999, p.11) adverte que uma melhoria na avaliação depende de mudanças no conjunto 
do sistema didático e do sistema escolar ao mesmo tempo em que sugere que uma mudança é 
possível quando se tem como âncora uma visão bastante realista das restrições e das contradições do 
sistema educativo.
Dentro desta perspectiva, inclui-se também uma didática realista que considera a heterogeneidade 
dos aprendizes e que parte dos conhecimentos reais, princípio amplamente defendido para tornar o 
processo de ensino-aprendizagem significativo. Trata-se de lutar contra o fracasso escolar fazendo com 
que a escola volte seu foco para os alunos que realmente precisam dela, já que
[...] boa parte do tempo e das energias de um professor é utilizada em proveito 
de alunos que, ou já sabem ou que supostamente estão aprendendo, ou 
poderiam aprender por seus próprios meios ou em sua família, sem que 
se passe horas a lhes dar explicações, a corrigir seus textos, a alimentar 
20
Re
vi
sã
o:
 V
irg
ím
ia
 B
ila
tt
o 
/ L
uc
as
 K
at
er
 -
 D
ia
gr
am
aç
ão
: E
ve
rt
on
 M
ar
tin
s-
 0
8/
08
/2
01
3
Unidade I
suas	 conferências	ou	 suas	 leituras;	 a	 escola	 subestima	as	 capacidades	de	
autodidatismo e de aprendizagem fora do âmbito escolar (PERRENOUD, 
1999, p. 96).
Partir dos conhecimentos reais significa promover a “regulação de base” (PERRENOUD, 1999, p. 
96), ou seja, considerar que nem todos estão à mesma distância do objetivo pretendido e que não 
dispõem dos mesmos recursos para investir no caminho a ser percorrido para atingi-lo. Coloca-se então 
a necessidade de se instituírem práticas de diferenciação do ensino a partir da ideia de que um ensino 
homogêneo tende a favorecer os já favorecidos, aqueles que se encontram mais próximos da cultura 
valorizada pela escola. Para diferenciar o ensino e atender a distintas necessidades de aprendizagem, é 
necessário que se considere os conhecimentos efetivos do aluno e os recursos que consegue mobilizar 
para se engajar em uma atividade nova. Significa colocar a avaliação no contexto de uma pedagogia de 
diferenciação, sob uma perspectiva de que o professor pode se antecipar ao fracasso.
É o que Allal classificou como “avaliação formativa proativa, que sobrevém no momento de engajar 
o aluno em uma atividade ou situação didática nova” (1988, apud PERRENOUD, 1999, p. 96, 100 e 
106), mudando a tônica de remediação da avaliação formativa realizada sob uma lógica a posteriori, 
que ainda é a mais característica nas práticas escolares. A lógica a posteriori sobrevive de regulações 
retroativas que fazem parte das regulações cotidianas da aprendizagem.
O problema das regulações retroativas é seu caráter mais curativo do que preventivo, pouco 
contribuindo para intervir bem antes do fracasso escolar, embora possam ser úteis a esse propósito. 
Isso se deve ao fato de que, por seu caráter de remediação, em geral retrabalham noções e habilidades, 
mesmo com novas explicações, com mais tempo e com material diferente. Às vezes, é mais grave: 
são as mesmas instruções e as mesmas atividades, inclusive aquelas sobras que ficaram no armário 
aguardando a vez de serem utilizadas e que já não se mostraram eficientes para promover a 
aprendizagem, em um primeiro momento, como constatou Silva (2005) em pesquisa na qual analisou 
representações de professoras do ciclo I da avaliação da aprendizagem no sistema de ciclos com 
progressão continuada.
Uma primeira interpretação das representações das professoras-sujeito do estudo de Silva a 
respeito de reforço ou recuperação da aprendizagem levou a autora a identificar esse caráter de 
remediação das regulações que praticam, em um sentido restrito, uma vez que, em geral, refazem 
o caminho percorrido, às vezes, em melhores condições, como, por exemplo, com número menor 
de alunos. Porém, essa forma de regulação não atende às necessidades de aprendizagem quando 
o professor identifica lacunas ou faltas de esquemas para dar conta da tarefa quando de sua 
proposição inicial. Isso poderia ser melhor resolvido se os professores entendessem a remediação 
em um sentido amplo que
[...] pode levar a reconstruir elementos bem anteriores, renunciando 
provisoriamente às aprendizagens problemáticas. Pode também levar a agir 
em outras dimensões da situação didática, até mesmo da trajetória escolar: 
intervir a posteriori não significa, ipso facto, refazer imediatamente o mesmo 
caminho em melhores condições (PERRENOUD, 1999, p. 106).
21
Re
vi
sã
o:
 V
irg
ím
ia
 B
ila
tt
o 
/ L
uc
as
 K
at
er
 -
 D
ia
gr
am
aç
ão
: E
ve
rt
on
 M
ar
tin
s-
 0
8/
08
/2
01
3
AvAliAção EducAcionAl
Allal também distinguiu outro tipo de regulação: as regulações interativas, que sobrevêm ao 
longo de todo o processo de aprendizagem (PERRENOUD, 1999, p. 106). Com base nas contribuições 
de Allal, Perrenoud caracteriza “a regulação interativa como uma observação e uma intervenção em 
situação, quando a tarefa não está terminada, sendo o professor capaz de assumir o risco de interferir 
nos processos de pensamento e de comunicação em curso” (PERRENOUD, 1999, p. 100). Esse tipo de 
regulação atinge o coração da atividade formativa, o qual
[...] está na sequência de duas ações. A primeira é a percepção pelo aprendiz 
de uma lacuna entre o objetivo desejado e o seu estado presente (de 
conhecimento e/ou compreensão e/ou habilidade). A segunda é a ação 
tomada pelo aprendiz para preencher essa lacuna de maneira a atender 
ao objetivo. Para a primeira ação, a principal responsabilidade em gerar a 
informação pode estar no estudante em uma autoavaliação, ou com outra 
pessoa, principalmente o professor, que vê e interpreta a lacuna e comunica 
isso	para	o	estudante	(BLACK;	WILIAM,	1998	apud SILVA, 2005).
As ações anteriormente descritas implicam a existência daquele processo de “regulação interativa das 
aprendizagens, isto é, de uma observação e uma intervenção em tempo real, em situação” (PERRENOUD, 
1998, p. 100-101). Talvez, nisso residam as principais dificuldades encontradas pelos professores em 
promover a avaliação formativa.
No caso de uma das professoras do estudo de Silva, existe um momento específico para promover 
avaliação formativa, associado à introdução de conteúdos novos, aquele no qual ela “vai vendo um por 
um”, e outro momento em que ocorre mais a possibilidade de se obter informações sobre as dificuldades 
do aluno. Quando? Assim explica a professora:
Na prova. Acontece isso mais na prova porque, como no dia a dia às vezes é 
muito corrido, muitas coisas passam, a gente tenta atender individualmente, 
mas é mentira se eu falar pra você que todo o dia eu atendo individual.
Desta forma, conforme explica Silva, reduz-se o espaço de interação por meio do qual seria possível 
fazer o aluno tomar consciência das lacunas entre o objetivo desejado e o estado atual em que se 
encontra e aprender a empreender esforços para superação das dificuldades. No entanto, a professora 
pratica um tipo de intervenção no momento da prova que poderia ser valorizado no cotidiano escolar, 
que é a chamada dica sobre a resposta correta, assim explicada pela professora:
Mas o que a gente mais consegue ver onde eles estão errando é na prova, 
porque daí eles estão sozinhos, eles levantam de vez em quando para 
perguntar e eu nunca dou a resposta, mas, de vez em quando, se eu vejo 
que ele está precisando só de uma diquinha, eu faço ele raciocinar em cima 
daquilo (SILVA, 2005, p. 59).
A justificativa para a validade desse procedimento pode ser encontrada em um relato de Black e 
Wiliam (1998, apud SILVA, 2005) que mostrou como estudantes da Inglaterra tornaram-se insaciáveis 
22
Re
vi
sã
o:
 V
irg
ím
ia
 B
ila
tt
o 
/ L
uc
as
 K
at
er
 -
 D
ia
gr
am
ação
: E
ve
rt
on
 M
ar
tin
s-
 0
8/
08
/2
01
3
Unidade I
em sua busca por dicas do professor sobre a resposta correta. Outro aspecto importante, que pode ser 
valorizado pelos professores, é que os estudantes responderam a dificuldades trabalhando em aspectos 
menos importantes da tarefa, evitando o problema principal. Este pode ser um fator relevante quando 
se trata de evitar a perda de autoestima que ocorre em caso de fracasso. Outro estudo citado por Black 
e Wiliam relata que alguns estudantes tentam evitar os riscos envolvidos em tarefas desafiadoras, não 
apenas porque relutam em se envolver seriamente com o trabalho de aprendizagem devido a um mero 
desejo de esforço mínimo, mas por causa daquele medo do fracasso.
Mesmo sempre alertando para a necessidade de procedimentos e de instrumentos próprios, “que vão 
desde a observação in loco dos métodos de trabalho, dos procedimentos, dos processos intelectuais no 
aluno” (PERRENOUD, 1999, p. 15), Perrenoud afirma que o essencial continua sendo a disponibilidade do 
professor para promover as regulações interativas que serão inúteis se aleatórias e episódicas.
O grande desafio é mudar o sistema de trabalho na sala de aula de forma a permitir uma observação e uma 
intervenção em tempo real, que são constitutivas das interações didáticas propriamente ditas. Não se trata apenas 
de dar atenção individual, o que se sabe ser impraticável em muitas situações, mas de diferenciação das práticas.
As mudanças sugeridas por Perrenoud implicam dotar o processo avaliativo de um caráter metódico, 
instrumentado e constante, como parte integrante de uma pedagogia diferenciada, o que requer uma 
ruptura com as atuais práticas que centram sua ação em função da dinâmica de conjunto do grupo: é 
necessário que o professor regule sua ação em função da trajetória dos alunos, sob uma perspectiva de 
individualização de seu percurso e, ao mesmo tempo, de diferenciação do ensino.
Uma diferenciação sistemática do ensino implica condições de ensino compatíveis com essa 
perspectiva, entre as quais se incluem: 1º) novas formas de organização do ensino como as atualmente 
tentadas	 no	 sistema	 brasileiro,	 por	meio	 de	 ciclos	 de	 aprendizagem;	 2º)	 liberdade	 para	 criar	 novas	
alternativas de agrupamentos que atendam a necessidades reais e locais de aprendizagem. Implica ainda 
a flexibilização de horários e do programa de ensino e superação da avaliação normativa tradicional que 
continua pesando sobre as práticas escolares (SILVA, 2005).
É verdade que a avaliação formativa está presente em algum grau nas práticas dos professores, ainda 
que de forma rudimentar ou ”selvagem”, como diz Perrenoud. Ou seja, o professor faz intervenções 
corretoras baseadas em uma apreciação dos progressos e do trabalho dos alunos. Há professores que se 
preocupam com os efeitos de suas ações e procuram modificá-las para melhor atingir seus objetivos.
Essa forma “selvagem” de avaliação formativa continua prevalecendo e, para sair desse plano, seria 
necessário enfrentar os obstáculos de uma efetiva avaliação formativa, assim descritos por Perrenoud 
(1999, p. 82-85):
1º)	predomínio	da	lógica	do	conhecimento	em	detrimento	da	lógica	da	aprendizagem;
2º) impotência para se representar e sobretudo compreender os mecanismos finos da aprendizagem, 
o que faz com que a regulação permaneça com um caráter global tanto em nível do diagnóstico 
quanto	da	intervenção;
23
Re
vi
sã
o:
 V
irg
ím
ia
 B
ila
tt
o 
/ L
uc
as
 K
at
er
 -
 D
ia
gr
am
aç
ão
: E
ve
rt
on
 M
ar
tin
s-
 0
8/
08
/2
01
3
AvAliAção EducAcionAl
3º) a falta de tempo do professor e a dispersão entre problemas de diversas ordens que fazem com 
que inúmeras intervenções reguladoras não tenham efeito, porque permanecem inacabadas ou 
muito	descosturadas;
4º) a prioridade dada pela maioria dos professores, muitas vezes involuntariamente, à regulação 
das tarefas e ao controle do trabalho mais do que à aprendizagem, o que Perrenoud chama de 
cumprimento do ofício de aluno.
Outro estudo citado por Silva evidencia que os estudantes relutam em pedir ajuda devido ao fato de 
não ficarem felizes quando recebem assistência pessoal, porque isso é interpretado como evidência de 
sua baixa habilidade. A professora entrevistada por Silva confirma isso quando diz que seus alunos de 
desenvolvimento baixo reagem de modo diferente. Ela diz ainda notar que eles são mais inseguros, por 
considerarem que este rendimento os torna menos valorizados na sala (SILVA, 2005, p. 61).
Essas reações podem ser explicadas pelo fato de que as crenças dos colegas e dos pais também 
afetam a maneira pela qual o autoconceito do estudante é desenvolvido. A prática de encorajar os 
alunos é uma abordagem que faz diferença na aprendizagem, e é necessário instituir ou reforçar essa 
prática do aluno pedir mais ajuda na sala de aula.
Todos esses esforços deveriam dar conta de contribuir para a autopercepção do aluno. Vários 
estudos relatados por Silva mostram a importância do autoconceito e a necessidade de se promover 
situações desafiadoras com intenso e extenso provimento de informações sobre o processo e 
aprendizagens realizadas ou a realizar, o que levaria a um maior engajamento dos alunos e um 
maior rendimento.
 Saiba mais
Com relação ao tema do autoconceito e de como promover atividades 
desafiadoras que possibilitem o engajamento dos alunos e uma 
aprendizagem significativa, recomenda-se a leitura do seguinte livro:
COL, C. (Org.). O construtivismo na sala de aula. 6. ed. São Paulo: Ática, 2006.
Esse livro trata de temas importantes para o aperfeiçoamento das 
práticas de ensino e de avaliação da aprendizagem, como: as relações 
entre os aspectos cognitivos e os afetivo-relacionais na construção 
da	 aprendizagem	 no	 âmbito	 escolar;	 a	 motivação,	 o	 autoconceito	 e	 as	
representações	mútuas;	os	conhecimentos	prévios	como	ponto	de	partida	
da	 aprendizagem	 de	 novos	 conteúdos;	 a	 natureza	 ativa	 e	 construtiva	
do	 conhecimento;	 e	 o	 ensino	 e	 a	 criação	 de	 zonas	 de	 desenvolvimento	
proximal para nelas intervir.
24
Re
vi
sã
o:
 V
irg
ím
ia
 B
ila
tt
o 
/ L
uc
as
 K
at
er
 -
 D
ia
gr
am
aç
ão
: E
ve
rt
on
 M
ar
tin
s-
 0
8/
08
/2
01
3
Unidade I
Para contribuir para a autopercepção do aluno, a avaliação deve focalizar a melhoria individual 
e o domínio, mas antes há a necessidade de que o professor proponha tarefas que ajudem os 
estudantes a estabelecer suas próprias metas, oferecendo-lhes desafios interessantes e possíveis de 
serem realizados.
O estudo de Silva mostrou que a questão, essencial ao sucesso do ensino por ciclos, de modificar as 
atividades de ensino e aprendizagem mediante as informações que se obtém em situação, é delegada 
em um primeiro momento ao chamado reforço. Silva observou, em uma das turmas de ciclo I, que 
o reforço era dado pela própria professora somente para os alunos que, de acordo com a avaliação 
desta, estavam distantes do conjunto da classe. Estes eram informados e deveriam comparecer todo dia 
meia hora antes da aula normal. Em um segundo momento, os alunos que apresentavam dificuldades 
de aprendizagem e defasagens sérias eram encaminhados para a recuperação paralela, em período 
alternativo ao da aula normal, com outro professor.
A autora conclui que prevalecem características de regulação retroativa da aprendizagem, 
predominando o apoio pedagógico retroativo e em separado das condições de aula. No entender 
de Silva
[...] o apoio pedagógico retroativo constitui a gênese das defasagens 
de que se queixam as professoras, não pela sua ineficácia em si, porque 
esse tipo de regulação é melhor que nenhum e tem algum alcance, mas 
pelo que essa forma de regulação a posteriori se tornouno cotidiano, 
considerando as práticas analisadas: sinônimo de recuperação e reforço, 
com toda a conotação negativa de que se revestiram esses termos, 
sinônimos que são de castigo e, principalmente, porque se caracterizam 
pela repetição de práticas mal sucedidas no contexto da sala de aula 
(SILVA, 2005, p. 146).
Um dos grandes desafios da escola tem sido romper com um ensino frontal e homogeneizante, 
adotando pedagogias de diferenciação do ensino para atender a necessidades distintas de aprendizagem. 
Para isso, além de certas condições organizacionais, é necessário que os professores tenham uma 
compreensão mais elaborada a respeito de como o indivíduo se desenvolve aprendendo e do papel da 
avaliação e da ajuda do professor nesse processo.
 observação
Uma prática forte de diferenciação do ensino exige uma mudança nas 
representações dos docentes para explicar “como o indivíduo aprende”, o 
que exige conhecimento de teorias do desenvolvimento e aprendizagem.
Para ajudar o professor a responder à questão “como o indivíduo aprende?”, é de fundamental 
importância a contribuição de Vygotsky (apud SILVA, 2005, p. 125) com seu conceito de zona de 
desenvolvimento proximal na qual o professor deve atuar para que o aluno chegue aonde não chegaria 
25
Re
vi
sã
o:
 V
irg
ím
ia
 B
ila
tt
o 
/ L
uc
as
 K
at
er
 -
 D
ia
gr
am
aç
ão
: E
ve
rt
on
 M
ar
tin
s-
 0
8/
08
/2
01
3
AvAliAção EducAcionAl
sem a sua ajuda. É nesta perspectiva que se encaixa o conceito de avaliação formativa que considera 
toda situação ou atividade como fonte de informações para que o professor conheça o aluno para 
ajudá-lo, sendo a avaliação uma dimensão inseparável do ato de ensinar e aprender.
Vygotsky (apud SILVA, 2005, p. 126) desmistificou a ideia segundo a qual o desenvolvimento da 
criança se dá por um processo regulado biopsicologicamente, a partir apenas de sua iniciativa e interesse. 
Mostrou o caráter histórico-social desse processo, demonstrando que o bom aprendizado é aquele que 
se antecipa ao desenvolvimento, evidenciando a importância da ajuda do adulto ou de colegas mais 
experientes neste processo de interação social. Com Vygotsky, compreendemos porque o aprendizado 
intencional e sistemático de conceitos científicos é fator de desenvolvimento do pensamento conceitual. 
Na escola, no entanto, o aprendizado tem vindo à reboque do desenvolvimento, com sérias implicações 
para a capacidade de síntese e abstração, para a formação do pensamento generalizante necessário à 
compreensão da realidade (SILVA, 2005).
Quadro 4
•	Indícios	de	potencial.
•	Suposição	de	ajuda.
•	Suposição	de	intervenção.
Fonte: Silva (2005).
A par do conceito de zona de desenvolvimento de Vygotsky, situa-se a compreensão da função do 
erro na construção do conhecimento, na perspectiva piagetiana, conforme aponta Silva, com base nos 
estudos de Davis e Espósito:
a construção do conhecimento, segundo a abordagem piagetiana, 
implica momentos de equilíbrio – ou seja, de estabilidade provisória no 
funcionamento intelectual – e momentos de desequilíbrio, em que os 
esquemas disponíveis ao sujeito não são suficientes para assimilar os objetos. 
Criam-se desta maneira conflitos que perturbam o sujeito e o obrigam a se 
modificar, uma vez que desequilibram a interação que este mantém com o 
meio em que se encontra. A riqueza dos conflitos – ou seja, dos desequilíbrios 
– reside em provocar a busca de um novo equilíbrio, superior e melhor do 
que o precedente. Daí o termo “equilibração majorante” para o processo de 
construção do conhecimento (SILVA, 2005, p. 126).
Desse entendimento decorrem alguns princípios pedagógicos, citados por Silva:
– partir dos conhecimentos que os alunos já possuem, ou seja, de seus 
sistemas	de	significações;
–	 apresentar	problemas	que	gerem	conflitos	cognitivos;
26
Re
vi
sã
o:
 V
irg
ím
ia
 B
ila
tt
o 
/ L
uc
as
 K
at
er
 -
 D
ia
gr
am
aç
ão
: E
ve
rt
on
 M
ar
tin
s-
 0
8/
08
/2
01
3
Unidade I
– dar ênfase à maximização do desenvolvimento e não apenas à 
busca de resultados centrando-se no processo de construção de 
conhecimento;
– aceitar soluções “erradas” como pertinentes, desde que indicadoras de 
progressos	na	atividade	cognitiva	(erros	construtivos);
– fazer com que alunos tomem consciência dos erros cometidos, percebendo-
os como problemas a serem enfrentados (SILVA, 2005, p. 127).
Neste contexto, é de fundamental importância a tarefa do professor na avaliação da aprendizagem. 
Cabe a ele discernir entre os erros construtivos – isto é, aqueles que evidenciam progressos na 
atividade mental	 –	 e	 aqueles	 que	 não	 sinalizam	 avanços	 na	 forma	 de	 pensar	 da	 criança	 (DAVIS;	
ESPÓSITO apud SILVA, 2005).
Davis e Esposito (apud SILVA, 2005) afirmam a respeito da função do erro no processo de avaliação 
que, para resolver uma situação-problema, a criança necessita, de um lado, compreender o problema 
e, de outro, escolher os procedimentos que, no seu entender, melhor resolvem a tarefa, dentro de um 
conjunto de possibilidades de ação, determinado pelo nível estrutural de pensamento.
 observação
Quando a criança resolve o problema corretamente, cabe ao professor 
colocar-lhe novas situações que provoquem desequilíbrios em sua forma 
de pensar, levando-a a construir novos patamares cognitivos.
Davis e Espósito apontam o papel do professor diante do erro da criança de forma que fica evidente 
a importância de sua intervenção e a função reguladora da avaliação sob a perspectiva formativa. Se a 
criança erra, o professor deve investigar a origem do erro e, conforme sua natureza, poderá:
•	 oferecer	 contrapropostas	 que	 permitam	 à	 criança	 continuar	 avançando	 em	 suas	 hipóteses,	
tornando-as	mais	abrangentes;
•	 fazer	uso	dos	desequilíbrios	dos	alunos	de	forma	a	lhes	propiciar	condições	para	construírem	novas	
estruturas	cognitivas	e	chegar	a	novos	estados	de	equilíbrio,	maiores	e	superiores	aos	precedentes;
•	 fazer	 com	que	as	crianças	percebam	as	contradições;	desequilibrem-se	e	busquem	superá-las,	
ultrapassando sua forma antiga de operar, contribuindo para que construam estruturas cognitivas 
que	lhes	permitam	tomar	consciência	das	contradições	ou	dos	erros;
•	 criar	um	ambiente	propício	ao	diálogo,	que	pressione	a	criança	a	justificar	e	demonstrar	as	razões	
pelas	quais	adotou	um	padrão	de	ação;
•	 levar	a	criança	a	refletir	sobre	os	porquês	e	os	“comos”	de	sua	ação;
27
Re
vi
sã
o:
 V
irg
ím
ia
 B
ila
tt
o 
/ L
uc
as
 K
at
er
 -
 D
ia
gr
am
aç
ão
: E
ve
rt
on
 M
ar
tin
s-
 0
8/
08
/2
01
3
AvAliAção EducAcionAl
•	 valorizar	 a	 cooperação	 como	 caminho	 para	 discutir	 hipóteses	 individuais	 de	modo	 que	
a troca de pensamento possibilite a apreensão de perturbações e acione o processo de 
equilibração	majorante;
•	 fazer	com	que	o	erro	do	aluno	se	torne	observável	para	a	criança,	ou	seja,	fazer	com	que	ela	tome	
consciência	do	erro	e	busque	superá-lo;
•	 encarar	o	erro	como	desafio,	como	resultado	de	uma	postura	de	experimentação,	em	que	a	criança	
levanta	hipóteses,	planeja	uma	estratégia	de	ação	e	a	põe	à	prova;
•	 ajudar	os	alunos	a	analisarem	a	adequação	de	procedimento	selecionado,	encaminhando-os	na	
busca de condutas mais ricas, complexas e diversificadas.
Uma prática de avaliação formativa requer uma transformação na forma tradicional de correção 
de testes e tarefas de aprendizagem. Alguns princípios de uma ação avaliativa mediadora, propostos 
por Hoffmann (1993), encaixam-se nesta perspectiva formativa, coerentes com uma concepção 
construtivista do erro, referencial a partir do qual elaboramos o seguinte quadro:
Quadro 5
Princípios da avaliação mediadora RecomendaçõesOportunizar aos alunos muitos 
momentos para expressar suas ideias.
•	Oferecer	tarefas	com	questões	de	acordo	com	sua	finalidade	para	
observação das hipóteses construídas pelos alunos nas tarefas.
•	Estabelecer	o	diálogo	com	o	aluno,	analisando	sua	produção,	
identificando o patamar de entendimento em que se encontra.
•	Planejar	novas	ações	a	partir	das	ideias	ou	dificuldades	dos	alunos.
Oportunizar discussão entre os alunos a 
partir de situações desencadeadoras.
•	Favorecer	a	interação	entre	iguais	para	o	desenvolvimento	do	
raciocínio lógico-matemático, por meio de situações-problema que 
desencadeiem vários pontos de vista, que levem à busca de uma 
solução entre várias, com a mediação do professor.
Realizar várias tarefas individuais, 
menores e sucessivas, investigando 
teoricamente, procurando entender 
razões para as respostas apresentadas 
pelo educando.
•	Refletir	e	investigar	teoricamente,	em	termos	de	estágios	evolutivos	
do pensamento, da área de conhecimento em questão, das 
experiências de vida do aluno.
•	Distinguir	os	erros	sistemáticos	(que	não	são	passíveis	de	descoberta	
pelo aluno) dos erros construtivos (hipóteses preliminares que os 
alunos formulam em seu processo de descoberta).
•	Intervir	com	desafios,	sem	coerção	e	sem	dar	a	resposta	certa.
•	Interpretar	as	respostas	dos	alunos	em	termos	da	natureza	dos	erros.	
Planejar intervenções coerentes com a natureza dos erros.
Transformar os registros de avaliação 
em anotações significativas sobre o 
acompanhamento dos alunos em seu 
processo de construção do conhecimento
•	Os	registros	devem	responder	a	questões	como:
•	Em	que	medida	descrevo	o	que	observei	nas	tarefas	dos	alunos	de	
forma a entender o seu momento?
•	As	anotações	sobre	o	aluno	permitem	perceber	as	diferenças	
entre seus entendimentos? Sugerem-me ações alternativas de 
prosseguimento em relação às dificuldades individuais?
Fonte: HOFFMANN (1993, p. 71-86).
 
28
Re
vi
sã
o:
 V
irg
ím
ia
 B
ila
tt
o 
/ L
uc
as
 K
at
er
 -
 D
ia
gr
am
aç
ão
: E
ve
rt
on
 M
ar
tin
s-
 0
8/
08
/2
01
3
Unidade I
Hoffmann (1991) denomina avaliação mediadora o paradigma de avaliação que se opõe ao 
paradigma sentencioso, classificatório. Trata-se de uma perspectiva da ação avaliativa
[...] como uma das mediações pela qual se encorajaria a reorganização 
do saber. Ação, movimento, provocação, na tentativa de reciprocidade 
intelectual entre os elementos da ação educativa. Professor e aluno 
buscando coordenar seus pontos de vista, trocando ideias, reorganizando-
as. Tal paradigma pretende opor-se ao modelo do “transmitir-verificar-
registrar” e evoluir no sentido de uma ação avaliativa reflexiva e desafiadora 
do educador em termos de contribuir, elucidar, favorecer a troca de ideias 
entre e com seus alunos, num movimento de superação do saber transmitido 
a uma produção de saber enriquecido, construído a partir da compreensão 
dos fenômenos estudados (HOFFMANN, 1991, p. 67).
Em face das dificuldades que os professores alegam para promover uma avaliação mediadora, 
Hoffmann levanta a seguinte hipótese:
os professores estariam considerando a perspectiva de avaliação 
mediadora uma prática impossível, ou difícil, porque tal perspectiva 
exigiria deles uma relação intensa em tempo com seus alunos e direta, a 
partir de um atendimento que se processaria individualmente e através 
de uma comunicação verbal por meio de explicações, orientações e 
encaminhamentos. Tal prática seria dificultada, assim, pelo panorama da 
escola atual: número de alunos por turma, carga horária das disciplinas, 
tempo disponível do professor para atendimento individual aos alunos etc. 
(HOFFFMAN, 1991, p. 67).
A autora defende, então, que seja investigada a compreensão que os professores possuem dos termos 
acompanhamento e diálogo. No seu entender, tais termos podem receber definições diferenciadas, 
podendo significar simplesmente conversa, o que não é garantia de entendimento entre as pessoas que 
conversam, gerando um sentimento de impossibilidade nos professores de usar o princípio do diálogo 
como linha norteadora de uma avaliação mediadora.
Propõe, assim, que o diálogo seja entendido em um sentido mais amplo: não apenas como conversa 
no sentido de comunicação verbal com o estudante, ou como uma técnica para conseguir bons 
resultados;	ou,	ainda,	como	uma	tática	para	o	professor	ficar	amigo	do	aluno.	O	diálogo	deve	servir	
à	 iluminação	das	dúvidas	dos	alunos	e	não	à	manipulação;	deve	ser	um	momento	de	reflexão	sobre	
a situação atual do aluno, sobre suas produções, ajudando-os a se posicionarem criticamente sobre 
as tarefas, não apenas ao final de determinados períodos já concluídos, mas como parte das rotinas 
didáticas (HOFFMANN, 1991).
Quanto ao termo acompanhamento, a autora entende que “acompanhar pode ser definido por 
favorecer, e não simplesmente por estar junto a” (HOFFMANN, 1991) e explica:
29
Re
vi
sã
o:
 V
irg
ím
ia
 B
ila
tt
o 
/ L
uc
as
 K
at
er
 -
 D
ia
gr
am
aç
ão
: E
ve
rt
on
 M
ar
tin
s-
 0
8/
08
/2
01
3
AvAliAção EducAcionAl
[...] o acompanhamento do processo de construção de conhecimento implica 
favorecer o desenvolvimento do aluno, orientá-lo nas tarefas, oferecer-lhe 
novas leituras ou explicações, sugerir-lhe investigações, proporcionar-lhe 
vivências enriquecedoras e favorecedoras à sua ampliação do saber. Não 
significa acompanhar todas as suas ações e tarefas para dizer que está ou 
não apto em determinada matéria. Significa, sim, responsabilizar-se pelo 
seu aprimoramento, pelo seu “ir além”. De forma alguma é uma relação 
puramente	 afetiva	 ou	 emotiva;	 significa	 uma	 reflexão	 teórica	 sobre	 as	
possibilidades de abertura do aluno a novas condutas, de elaboração de 
esquemas de argumentação, contra-argumentação, para o enfrentamento 
de novas tarefas (HOFFMANN, 1991, p. 57).
Os princípios da avaliação mediadora contrapõem-se à prática tradicional da avaliação classificatória, 
em que a correção tem o objetivo de verificação dos acertos e erros para se tomar decisões quanto ao 
aproveitamento escolar do aluno, que visa à classificação e à tomada de decisões quanto à aprovação 
ou reprovação do aluno, com base em indicadores quantitativos. Em uma perspectiva construtivista, 
coerente com uma abordagem formativa, a prática da avaliação mediadora tem por objetivo analisar 
teoricamente as várias manifestações dos alunos em situação de aprendizagem para, de acordo com 
Hoffmann:
•	 acompanhar	as	hipóteses	que	formula	sobre	os	assuntos;
•	 favorecer	a	descoberta	de	melhores	soluções;
•	 reformular	as	hipóteses;
•	 levar	o	aluno	ao	acesso	gradativo	a	um	saber	competente	na	escola;
•	 promoção	do	aluno.
Para que o professor guie sua prática por pressupostos da teoria construtivista é necessário:
•	 partir	dos	conhecimentos	que	os	alunos	já	possuem,	ou	seja,	de	seus	sistemas	de	significações;
•	 apresentar	problemas	que	gerem	conflitos	cognitivos;
•	 dar	ênfase	ao	desenvolvimento	máximo	e	não	apenas	à	busca	de	 resultados,	centrando-se	no	
processo	de	construção	de	conhecimento;
•	 aceitar	soluções	“erradas”	como	pertinentes,	desde	que	 indicadoras	de	progressos	na	atividade	
cognitiva	(erros	construtivos);
•	 fazer	com	que	alunos	tomem	consciência	dos	erros	cometidos,	percebendo-os	como	problemas	a	
serem enfrentados (HOFFMANN, 1991).
30
Re
vi
sã
o:
 V
irg
ím
ia
 B
ila
tt
o 
/ L
uc
as
 K
at
er
 -
 D
ia
gr
am
aç
ão
: E
ve
rt
on
 M
ar
tin
s-
 0
8/
08
/2
01
3
Unidade I
Quanto à postura do professor, recomenda-se que se investigue a origem do erro, compreenda 
a lógica do raciocínio da criança e identifique suas dificuldades, procurando conscientizá-lasdas 
diferenças entre sua condição atual e o objetivo desejado e planejando intervenções de acordo com 
essas necessidades.
Figura 5
 observação
Há diferentes pontos de vista na interpretação da realidade. Uma 
perspectiva construtivista da construção do conhecimento deve investigar 
a lógica do raciocínio dos alunos para facilitar a elaboração de conceitos.
Quanto às intervenções pedagógicas para o avanço da criança, Silva (2005) descreve uma situação, 
que ainda é bastante comum nas salas de aula, em que não se verifica nenhum tipo de ação que pudesse 
tirar o aluno da condição em que se encontrava ao deixar o exercício em branco:
[...] no quarto ano, encontramos no caderno de um dos alunos, no dia 
21 de agosto, dois exercícios de matemática em branco com a seguinte 
observação da professora: “Escreva com algarismos” (circulou algarismo): 
“colocar os números”, mas continuava em branco em 25 de novembro 
(SILVA, 2005, p. 142).
Além disso, a autora constatou que as representações da avaliação estão intimamente vinculadas ao 
modelo de regulação que predomina e que se capta das ações e das falas das professoras e das decisões 
e ações que envolvem a progressão do aluno no ciclo, ou seja, há o predomínio do apoio pedagógico 
retroativo e em separado das condições de aula (SILVA, 2005).
A prevalência do apoio pedagógico retroativo, no entender da autora, constitui a gênese das 
defasagens de que se queixam as professoras, não pela sua ineficácia em si, porque esse tipo de regulação 
é melhor que nenhum e tem algum alcance, mas pelo que essa forma de regulação a posteriori se 
tornou no cotidiano, considerando as práticas analisadas pela autora: sinônimo de recuperação e 
31
Re
vi
sã
o:
 V
irg
ím
ia
 B
ila
tt
o 
/ L
uc
as
 K
at
er
 -
 D
ia
gr
am
aç
ão
: E
ve
rt
on
 M
ar
tin
s-
 0
8/
08
/2
01
3
AvAliAção EducAcionAl
reforço, com toda a conotação negativa de que se revestiram esses termos, sinônimo que são de castigo 
e, principalmente, porque se caracterizam pela repetição de práticas mal sucedidas no contexto da sala 
de aula (SILVA, 2005).
Ainda de acordo com Silva, a separação dos alunos para o chamado reforço acaba por não produzir os 
efeitos desejáveis em decorrência do equívoco que consiste considerar que para atender às necessidades 
de aprendizagem dos alunos basta adotar estratégias individualizantes de ensino, considerando que, 
mesmo com poucos alunos, se a regulação da aprendizagem não se encaixar em dispositivos de 
diferenciação do ensino, de acordo com as necessidades reais de aprendizagem, não importará muito a 
quantidade de alunos.
Todas as questões até aqui abordadas exigem a superação de determinadas representações da 
avaliação com finalidade apenas somativa, ou seja, para decidir sobre a promoção ou retenção do aluno. 
Para que se construa um conhecimento mais rigoroso que ultrapasse esse entendimento, é necessário 
buscar respostas a outras questões que serão discutidas no próximo tópico.
2 PoR quE AvAlIAR? o quE AvAlIAR? quE EtAPAS conSIdERAR? como 
AvAlIAR? A quEm InfoRmAR?
A importância da avaliação e a forma que é utilizada pelos professores têm sido alvo de estudos de 
vários autores, alguns dos quais já discutidos neste estudo. Dentre outros trabalhos relevantes, merecem 
destaque as reflexões de zabala (1995), por apontar não só os equívocos mais comuns no processo 
de avaliação, mas principalmente por indicar alguns caminhos possíveis para tornar a avaliação um 
instrumento útil ao professor, que poderá utilizar seus resultados no aprimoramento das técnicas 
de ensino, e ao aluno, para que, por meio dela, consiga encontrar o seu jeito próprio de aprender e 
desenvolva suas potencialidades.
zabala discute o fato de que a avaliação é vista pelos professores, gestores, pais e pelos próprios 
alunos como um instrumento para avaliar o grau de alcance de cada estudante em relação aos objetivos 
determinados nos diversos níveis escolares e, dessa forma, visa sancionar e qualificar o aluno, considerado 
como único sujeito da avaliação, cujo objeto são as aprendizagens realizadas segundo certos objetivos 
mínimos para todos.
Sobre essa visão tradicional da avaliação, o autor lembra que há muito tempo se vem discutindo 
outras formas mais coerentes de enxergar e utilizar a avaliação que não se limitam à valoração 
dos resultados obtidos pelos alunos. Cita como exemplo concreto as declarações de princípios das 
reformas educacionais empreendidas em diferentes países e ideias progressistas defendidas por 
educadores cujo alcance do processo avaliativo vai muito além da valoração dos resultados obtidos 
pelos alunos. O propósito da avaliação não é, portanto, detectar o sucesso ou o fracasso dos alunos 
para classificá-los, mas o de diagnosticar suas dificuldades para então selecionar metodologias e 
técnicas mais apropriadas de ensino, bem como planejar atividades que os ajudem a elevar-se a 
estágios superiores de aprendizagem, ou ainda ajudar na recuperação das aprendizagens necessárias 
ao seu desenvolvimento. Tal processo inclui não só o progresso pessoal, mas também o processo 
coletivo de ensino/aprendizagem.
32
Re
vi
sã
o:
 V
irg
ím
ia
 B
ila
tt
o 
/ L
uc
as
 K
at
er
 -
 D
ia
gr
am
aç
ão
: E
ve
rt
on
 M
ar
tin
s-
 0
8/
08
/2
01
3
Unidade I
O autor explica que há diferentes definições de avaliação e algumas delas são ambíguas, nas quais 
os sujeitos e objetos de estudo se confundem, uma vez que
[...] em alguns casos o sujeito da avaliação é o aluno, em outros é o grupo/
classe, ou inclusive o professor ou professora, ou a equipe docente. Quanto 
ao objeto da avaliação, às vezes é o processo de aprendizagem seguido pelo 
aluno ou os resultados obtidos, enquanto que outras vezes se desloca para a 
própria intervenção do professor (zabala, 1995, p. 196).
zabala (1995) utiliza um quadro de dupla entrada no qual separa, por um lado, o processo de ensino/
aprendizagem individual que cada aluno segue e, por outro lado, os possíveis objetos e sujeitos da 
avaliação, dessa forma:
Quadro 6
Processo individual
Ensino/ aprendizagem
Sujeito Aluno/a Professor/a
Objeto Processo aprendizagem Processo ensino
Processo grupal
Ensino/aprendizagem
Sujeito Grupo/classe Equipe docente
Objeto Processo aprendizagem Processo ensino
Fonte: zabala (1995).
A intenção do autor é demonstrar que a intervenção educativa na aula articula-se em torno de 
alguns processos de ensino/aprendizagem que podem ser analisados por meio de diferentes pontos de 
vista. Um desses pontos é o percurso seguido pelo aluno, em que é possível distinguir entre a maneira 
como o estudante está apreendendo e o que o professor faz para que aprenda. O autor lembra que 
apesar da estreita ligação entre ensino e aprendizagem é possível distinguir com clareza dois processos 
avaliáveis, que representamos com o diagrama a seguir:
Avaliação
Como
 o pr
ofess
or 
ensin
a
Como o aluno 
aprende
Figura 6
Assim como está posto, identificamos dois sujeitos na avaliação, ou seja, há uma dupla dimensão, 
que se aplica também ao processo que todo o grupo/classe segue. Mas é a pergunta “por que temos 
33
Re
vi
sã
o:
 V
irg
ím
ia
 B
ila
tt
o 
/ L
uc
as
 K
at
er
 -
 D
ia
gr
am
aç
ão
: E
ve
rt
on
 M
ar
tin
s-
 0
8/
08
/2
01
3
AvAliAção EducAcionAl
que avaliar?” que torna coerente todo o processo de avaliação, uma vez que “a partir da resposta a esta 
pergunta surgirão outras, por exemplo, o que se tem que avaliar, a quem se tem que avaliar, como se 
deve avaliar, como temos que comunicar o conhecimento obtido a partir da avaliação etc.” (zabala, 
1995, p. 196).
Para problematizar esse assunto, zabala discute aoposição entre a avaliação que visa à formação 
integral do estudante e a avaliação seletiva cujo objetivo durante os anos escolares é a preparação 
para o vestibular. Reafirma que o sujeito da avaliação seletiva é sempre o próprio aluno e o objeto são 
as aprendizagens alcançadas em relação às necessidades futuras para ingresso na universidade. Sendo 
assim, a escola prioriza a função de rotular e sancionar desde pequenos os alunos que podem triunfar 
na carreira para a universidade.
O autor aponta-nos outro horizonte da avaliação, muito mais vasto e complexo do que 
selecionar	 os	 “mais	 aptos”	 para	 a	 universidade;	 defende	 a	 formação	 integral	 do	 aluno	 como	
a finalidade principal do ensino e esclarece que seu objetivo é o desenvolvimento de todas as 
capacidades da pessoa e não apenas as cognitivas. Dessa forma, a avaliação cumpre outro papel 
que não apenas o de avaliar os conteúdos que caem no vestibular, como os conceituais, mas 
deve levar em conta, também, os conteúdos procedimentais e “atitudinais” responsáveis pelo 
desenvolvimento das capacidades motoras, de equilíbrio e de autonomia pessoal, de relação 
interpessoal e de inserção social.
Ao optar pela avaliação integral do aluno, a escola deve estar preparada para uma mudança total 
no modo de conceber o ensino e a avaliação, uma vez que seu objetivo não é mais selecionar os mais 
aptos e separá-los daqueles que não podem superar os diferentes obstáculos, mas o de oferecer a cada 
estudante a oportunidade de ampliar ao máximo todas as suas capacidades. O sujeito da avaliação nesta 
concepção	passa	a	ser	múltiplo:	o	aluno,	o	professor,	o	grupo/classe	e	a	equipe	de	professores;	o	objeto	
passa a ser o processo de aprendizagem e o processo de ensino. Para justificar este olhar pedagógico 
amplo, o autor acrescenta:
O problema não está em como conseguir que o máximo de meninos 
e meninas tenha acesso à universidade, mas em como conseguir 
desenvolver ao máximo todas as suas capacidades e, entre elas, 
evidentemente, aquelas necessárias para chegar a serem bons 
profissionais. Tudo isto envolve mudanças substanciais nos conteúdos 
da avaliação e no caráter e na forma das informações que devem se 
proporcionar sobre o conhecimento que se tem das aprendizagens 
realizadas, considerando as capacidades previstas. Por enquanto, digamos 
unicamente que se trata de informações complexas, que não combinam 
com	um	tratamento	estritamente	quantitativo;	se	referem	a	valorações	
e indicadores personalizados que raramente podem se traduzir em notas 
e qualificações clássicas (zabala, 1995, p. 198).
34
Re
vi
sã
o:
 V
irg
ím
ia
 B
ila
tt
o 
/ L
uc
as
 K
at
er
 -
 D
ia
gr
am
aç
ão
: E
ve
rt
on
 M
ar
tin
s-
 0
8/
08
/2
01
3
Unidade I
Dentro dessa perspectiva, zabala descreve quatro etapas da avaliação, conforme a figura a seguir:
Inicial
Final
Reguladora
Integradora
Figura 7
Quadro 7
Avaliação inicial: consiste em conhecer o que cada um dos alunos sabe, sabe fazer e é, e 
o que pode chegar a saber, saber fazer ou ser, e como aprendê-lo. Nesta avaliação cabe ao 
educador responder às perguntas: o que sabem os alunos em relação ao que quero ensinar? Que 
experiências tiveram? O que são capazes de aprender? Quais são seus interesses? Quais são seus 
estilos de aprendizagem?
Avaliação reguladora: é o conhecimento de como cada aluno aprende ao longo do processo de 
ensino/aprendizagem, para se adaptar às novas necessidades que se colocam. 
Avaliação final: são os resultados obtidos e os conhecimentos adquiridos ao longo do processo de 
ensino/aprendizagem.
Avaliação integradora: refere-se ao informe global da trajetória seguida pelo aluno, as medidas 
específicas que foram tomadas, o resultado final e as previsões sobre o que é necessário continuar 
fazendo ou o que é necessário fazer de novo.
Fonte: zabala (1995).
O autor ressalta que, ao optar por um ensino cujo modelo é centrado na formação integral da pessoa, 
a escola precisa realizar mudanças essenciais, de maneira especial nos conteúdos e no sentido da avaliação. 
Defende uma concepção construtivista do ensino e da aprendizagem como referencial psicopedagógico, 
em que o objeto da avaliação situa-se mais no processo de ensino/aprendizagem, tanto do grupo/classe 
como de cada um dos alunos, do que nos resultados obtidos. Sendo assim, o sujeito da avaliação é tanto 
o aluno como a equipe que intervém no processo. Não cabe, nesta concepção, a tradição uniformizadora 
que usa a avaliação para selecionar os melhores alunos, ou seja, aqueles que se adaptam a um ensino igual 
para todos. Mas cabe ao ensino adaptar-se às diferenças dos alunos, uma vez que
[...] o conhecimento que temos sobre como se produzem as aprendizagens 
revela a extraordinária singularidade destes processos, de tal maneira 
35
Re
vi
sã
o:
 V
irg
ím
ia
 B
ila
tt
o 
/ L
uc
as
 K
at
er
 -
 D
ia
gr
am
aç
ão
: E
ve
rt
on
 M
ar
tin
s-
 0
8/
08
/2
01
3
AvAliAção EducAcionAl
que cada vez é mais difícil estabelecer propostas universais que vão 
além da constatação destas diferenças e singularidades. O fato de 
que as experiências vividas constituam o valor básico de qualquer 
aprendizagem obriga a levar em conta a diversidade dos processos 
de aprendizagem e, portanto, a necessidade de que os processos de 
ensino, e especialmente os avaliadores, não apenas os observem, como 
os tomem como eixo vertebrador. [...] Quando o ponto de partida é a 
singularidade de cada aluno, é impossível estabelecer níveis universais 
(zabala, 1995, p. 198).
Tal afirmação, argumenta o autor, baseia-se no fato de que cada aluno ao chegar à escola traz uma 
bagagem determinada pelas experiências que viveu em seu ambiente sociocultural e familiar e por suas 
características pessoais. É em razão desta diversidade que
[...] a primeira necessidade do educador é responder às perguntas: que sabem 
os alunos em relação ao que quero ensinar? Que experiências tiveram? O que 
são capazes de aprender? Quais são seus interesses? Quais são seus estilos de 
aprendizagem? Neste marco a avaliação já não pode ser estática, de análise de 
resultado, porque se torna um processo. E uma das primeiras fases do processo. 
A avaliação é um processo em que sua primeira fase se denomina avaliação 
inicial. O conhecimento do que cada aluno sabe, sabe fazer e como é, é o ponto 
de partida que deve nos permitir, em relação aos objetivos e conteúdos de 
aprendizagem previstos, estabelecer o tipo de atividades e tarefas que têm que 
favorecer a aprendizagem de cada menino e menina. Assim, pois, nos proporciona 
referências para definir uma proposta hipotética de intervenção, a organização 
de uma série de atividades de aprendizagem que, dada nossa experiência e 
nosso conhecimento pessoais, supomos que possibilitará o progresso dos alunos 
(zabala, 1995, p. 199).
zabala alerta que esse conhecimento inicial que o professor consegue obter do aluno não é 
algo estático e imutável, mas apenas uma hipótese de trabalho, dada a complexidade do universo 
educacional, posto que os alunos são diferentes em cada período, assim também as experiências 
educacionais são díspares e não se repetem. Dessa forma, ressalta que um bom plano de intervenção deve 
adaptar as variáveis educativas (tarefas, conteúdos, tempos, formas de agrupamento) às necessidades 
e possibilidades dos alunos. Uma boa forma de ensinar é introduzir as novas atividades a partir das 
respostas positivas dos estudantes ao que lhes está sendo proposto no plano de ensino, para que os 
novos desafios sejam adequados ao seu ritmo, de forma que a necessidade de intervenção individual 
seja mais contingente. Ou seja, quando há um desafio adequado às possibilidades do aluno, ele não 
necessita de um atendimento individual constante,mas tem condições de seguir com intervenções 
mais ocasionais. Por isso é fundamental que o professor conheça como cada aluno aprende ao longo 
do processo de ensino/aprendizagem, para que ele possa adaptar o ensino às novas necessidades que 
se colocam, ou seja, para que promova a avaliação reguladora, conforme proposição de zabala e de 
outros autores já abordados.
36
Re
vi
sã
o:
 V
irg
ím
ia
 B
ila
tt
o 
/ L
uc
as
 K
at
er
 -
 D
ia
gr
am
aç
ão
: E
ve
rt
on
 M
ar
tin
s-
 0
8/
08
/2
01
3
Unidade I
 observação
O desafio atual da educação básica é melhorar os indicadores de 
desempenho dos estudantes, o que exige foco não só no acompanhamento 
dos processos, mas nos resultados da aprendizagem e em sua análise.
Para zabala, chega um momento no processo de ensino/aprendizagem em que é necessário apurar 
os resultados obtidos pelos estudantes em relação ao conjunto de atividades realizadas para avaliar se 
eles alcançaram os objetivos previstos dentro de um determinado grau. Segundo o autor, este é um 
importante momento da avaliação porque permite conhecer a situação de cada aluno para poder tomar 
as medidas educativas necessárias à superação das lacunas detectadas na aprendizagem. O autor define 
este momento como avaliação final, atribuindo-lhe dois sentidos: um é o de informar as competências 
adquiridas pelos estudantes em relação aos objetivos previstos e o outro é aquele que permite ao 
professor analisar o percurso que cada aluno seguiu e assim conhecer suas características específicas 
para prosseguir com o ensino.
Vê-se	assim	que	uma	abordagem	formativa	não	dispensa	a	análise	de	resultados;	pelo	contrário,	esta	
análise fornece informações preciosas sobre as aquisições dos alunos e sobre a distância que os separa 
das expectativas de aprendizagem para a etapa em que se encontra, de modo a reorientar o ensino.
O autor utiliza o termo avaliação somativa ou integradora para o conhecimento e a avaliação de 
todo o percurso do aluno, conforme explica:
[...] esta avaliação somativa ou integradora é entendida como um informe 
global do processo que, a partir do conhecimento inicial (avaliação inicial), 
manifesta a trajetória seguida pelo aluno, as medidas específicas que foram 
tomadas, o resultado final de todo o processo e, especialmente, a partir deste 
conhecimento, as previsões sobre o que é necessário continuar fazendo ou o 
que é necessário fazer de novo (zabala, 1995, p. 201).
A intenção de zabala, ao sistematizar os objetos e sujeitos da avaliação num quadro de dupla 
entrada, é demonstrar as diferentes fases desse processo, levando em conta os sujeitos (o aluno, o 
grupo/classe, o professor e a equipe docente) e os objetos (processo de aprendizagem individual, 
aprendizagem do grupo, ensino individual e ensino do grupo). Porém, o autor destaca que sujeitos e 
objetos da avaliação se misturam na prática docente se a intencionalidade do que se pretende avaliar 
não estiver clara.
 observação
O mais importante é responder à questão: por que avaliar? A resposta 
a essa questão depende de várias decisões sobre o quê e o como avaliar.
37
Re
vi
sã
o:
 V
irg
ím
ia
 B
ila
tt
o 
/ L
uc
as
 K
at
er
 -
 D
ia
gr
am
aç
ão
: E
ve
rt
on
 M
ar
tin
s-
 0
8/
08
/2
01
3
AvAliAção EducAcionAl
Para o autor, estes são os sentidos da avaliação:
Conhecer como cada aluno aprende, para 
aperfeiçoar as estratégias de ensino.
Utilizar os resultados da avaliação para que todos os 
alunos consigam um maior grau de competência.
Conhecer e poder avaliar a intervenção 
pedagógica dos professores.
Observar os processos individuais e os grupais 
de aprendizagem para melhorar a atuação na 
sala de aula.
Figura 8
Então, podemos concluir que avaliar é necessário para o aperfeiçoamento da prática educativa, cujo 
objetivo principal é proporcionar ao aluno meios para que consiga atingir o máximo de competências, 
de acordo com suas reais possibilidades. E para melhorar a qualidade do ensino é preciso
[...] conhecer e poder avaliar a intervenção pedagógica dos professores, 
de forma que a ação avaliadora observe simultaneamente os processos 
individuais e os grupais. Referimo-nos tanto aos processos de aprendizagem 
como aos de ensino, já que, desde uma perspectiva profissional, o 
conhecimento de como os meninos e meninas aprendem é, em primeiro 
lugar, um meio para ajudá-las em seu crescimento e, em segundo lugar, é 
o instrumento que tem que nos permitir melhorar nossa atuação na aula 
(zabala, 1995, p. 201).
 lembrete
São quatro as etapas de avaliação: avaliação inicial, planejamento e 
adequação do plano (avaliação reguladora), avaliação final e avaliação 
integradora, considerando a finalidade básica do ensino de formação 
integral da pessoa.
zabala (1995) destaca que, em uma concepção construtivista do ensino e da aprendizagem, a 
avaliação deve ser sempre formativa e cabe ao docente lançar mão de estratégias que permitam conhecer 
a situação de partida de cada aluno por meio da avaliação inicial. A partir desse conhecimento, cabe ao 
professor elaborar seu plano de ensino e suas intervenções de modo flexível, adequando constantemente 
as atividades, as tarefas e os próprios conteúdos curriculares às necessidades apresentadas pelos alunos, 
ou seja, deve promover a avaliação reguladora, que tem a finalidade de acompanhar sistematicamente 
38
Re
vi
sã
o:
 V
irg
ím
ia
 B
ila
tt
o 
/ L
uc
as
 K
at
er
 -
 D
ia
gr
am
aç
ão
: E
ve
rt
on
 M
ar
tin
s-
 0
8/
08
/2
01
3
Unidade I
todo o processo para chegar a determinados resultados (avaliação final). E essa sequência termina com 
a avaliação integradora que é uma forma de compreender e estabelecer um juízo de valor do processo 
seguido, que continuará com o estabelecimento de novas propostas de intervenção.
As reuniões de conselho de classe são um momento precioso para promover a avaliação integradora 
e planejar os encaminhamentos didáticos necessários, para além da mera culpabilização do professor, 
do próprio aluno ou da família pelo mau desempenho do aluno.
zabala destaca que o ponto de partida para uma boa avaliação formativa é que professores e alunos 
compartilhem o mesmo objetivo, que é aquele pelo qual ambos estão na escola: ensinar e aprender, 
ou melhor, ensinar a aprender conceitos, procedimentos e atitudes, o que, em sua opinião, só será 
possível em um clima de respeito mútuo e colaboração. O autor insiste que, para que se tenha uma boa 
informação do grau de aprendizagem e competência dos estudantes, torna-se necessária uma observação 
sistemática de cada um deles enquanto realizam suas atividades. E para reforçar a importância desta 
observação lembra que
[...] as provas escritas, como instrumento de conhecimento, são 
extremamente limitadas, embora sejam adequadas quando o que 
se quer conhecer tem um caráter basicamente cognitivo e se tem 
suficientes habilidades para sabê-lo expressar por escrito: conteúdos 
factuais, conceituais, conteúdos procedimentais de papel e lápis, 
algumas estratégias cognitivas, argumentações de valores e opiniões 
sobre normas de comportamentos. Quanto ao resto de conteúdos e 
também ao que acabamos de mencionar, a observação sistemática 
é o melhor instrumento, quando não o único, para a aquisição do 
conhecimento da aprendizagem dos alunos (zabala, 1995, p. 209).
O autor faz um apanhado histórico do caráter que a avaliação incorporou na prática escolar e 
utiliza-se de uma analogia com o diagnóstico médico para exprimir algumas diferenças fundamentais 
nas duas visões. Vejamos:
[...] se o objetivo fundamental da avaliação é conhecer para ajudar, a forma 
como tradicionalmente as provas escritas foram desenvolvidas, pelofato 
de terem caráter sancionador, estabeleceu uma dinâmica que faz com que o 
objetivo básico do aluno não seja dar a conhecer suas deficiências para que 
o professor ou a professora ajudem-no, mas, ao contrário, demonstrar ou 
aparentar que sabe muito mais. As provas estão viciadas desde o princípio, já 
que se estabelecem determinadas relações entre os professores e alunos que 
estão tingidas de hipocrisia, quando não de inimizade. A filosofia da prova é a 
do engano, a do caçador e da caça e, portanto, não promove a cumplicidade 
necessária entre professor e aluno [...] Quando vamos ao médico, não tentamos 
lhe esconder os sintomas nem o resultado do tratamento, porque consideramos 
que seus objetivos são os mesmos que os nossos, que o que ele quer é nos 
ajudar. Infelizmente, esta não é a imagem que muitos de nossos alunos têm de 
39
Re
vi
sã
o:
 V
irg
ím
ia
 B
ila
tt
o 
/ L
uc
as
 K
at
er
 -
 D
ia
gr
am
aç
ão
: E
ve
rt
on
 M
ar
tin
s-
 0
8/
08
/2
01
3
AvAliAção EducAcionAl
nós. O peso de um ensino orientado para a seleção contribuiu para uma série 
de hábitos, de maneiras de fazer, que configurou a forma de atuar e pensar da 
maioria do professorado e, seguindo esta trajetória, o pensamento dos pais e 
mães e inclusive dos próprios alunos (zabala, 1995, p. 209).
Essas ponderações do autor sobre os motivos da avaliação levam-nos a refletir sobre o papel exercido 
pela educação escolar ao longo de sua história, principalmente no Brasil. Tal papel não se encaixa mais 
com o perfil atual da escola pública de ensino básico, visto que não há mais necessidade de selecionar 
para incluir, pois há vagas. Ou seja, o acesso está garantido na maioria das unidades da federação, o que 
falta é garantir a permanência com educação de qualidade onde a avaliação representa um meio para 
descobrir como melhorar o ensino e a aprendizagem e não um fim em si.
 lembrete
Uma avaliação formativa requer a observação da atuação dos alunos 
nas situações mais reais possíveis, num clima de auxílio e cumplicidade. 
Teremos assim, uma avaliação compartilhada (zabala, 1995).
 observação
É muito importante conhecer as finalidades da avaliação da 
aprendizagem para dar sentido às escolhas dos conteúdos a serem 
apropriados pelos alunos. Afinal, o que se deve avaliar?
zabala lembra que o referencial básico do processo de ensino e de avaliação são as competências 
e habilidades definidas nos objetivos educativos, ressaltando que os alunos serão avaliados pelos 
conteúdos de aprendizagem. O autor apresenta então uma tipologia de conteúdos que pode ser útil 
para orientar as atividades de ensino-aprendizagem-avaliação, conforme descrição a seguir:
•	 Conteúdos	 factuais: dizem respeito ao conhecimento de fatos, situações, dados, nomes e 
códigos. Possuem um caráter descritivo e concreto. Exemplos: datas e nomes da história, nomes 
de autores, códigos das áreas de língua, matemática, física e química, classificações de biologia, 
vocabulário de língua estrangeira.
•	 Conteúdos	 conceituais: referem-se ao conjunto de fatos, objetos ou símbolos que têm 
características comuns. São princípios de natureza abstrata que se referem às mudanças operadas 
em um fato, objeto ou situações em relação a outros fatos, objetos ou situações. Descrevem 
relações de causa e efeito ou de correlação e exigem compreensão. Exemplo: conceito de mamífero.
•	 Conteúdos	 procedimentais: englobam as regras, as técnicas, os métodos, as destrezas ou 
habilidades e as estratégias. É um conjunto de ações ordenadas orientadas por um objetivo. 
Exemplos: ler, pesquisar, desenhar, observar, calcular, classificar, traduzir, inferir.
40
Re
vi
sã
o:
 V
irg
ím
ia
 B
ila
tt
o 
/ L
uc
as
 K
at
er
 -
 D
ia
gr
am
aç
ão
: E
ve
rt
on
 M
ar
tin
s-
 0
8/
08
/2
01
3
Unidade I
•	 Conteúdos	 atitudinais: englobam valores, atitudes e normas partilhados por um grupo, 
considerando seu papel na sociedade, como solidariedade, respeito, justiça, cooperação.
O autor lembra ainda que a escola sempre privilegiou os conteúdos conceituais e os factuais, que são 
aqueles de conhecimento enciclopédico, e tem como instrumentos de avaliação mais usuais as provas 
escritas à mão. Tais instrumentos, ressalta, podem ser adequados aos conteúdos factuais, mas não têm 
eficácia quando se trata de conteúdos conceituais ou procedimentais e muito menos quando se referem 
aos conteúdos atitudinais (zabala, 1995).
 observação
Avaliar conceitos é uma tarefa que, segundo zabala, implica muito mais 
elaboração didática por parte do professor, sendo muito importante que ele 
tenha clareza sobre como avaliar diferentes tipos de conteúdos escolares.
2.1 Avaliação de conteúdos conceituais
Avaliar conceitos é uma tarefa que, segundo zabala, implica muito mais elaboração didática por 
parte do professor. O autor lembra que ainda é comum encontrarmos nas escolas os mesmos modelos 
de provas utilizadas nos conteúdos factuais para os conteúdos conceituais, o que leva o aluno a 
respostas mecânicas e estereotipadas. Ou seja, é possível que ele memorize uma definição e a repita 
numa prova objetiva sem, entretanto, compreender o que está dizendo e muito menos aplicar este 
conceito em uma situação real. Um bom exemplo do qual o autor lança mão são os problemas 
matemáticos que, se não forem bem elaborados, levam o aluno a utilizar recursos estratégicos para 
resolvê-los, como identificar as variáveis que existem e buscar a forma que as relaciona, sem precisar 
se esforçar para compreendê-los. Na verdade, o que se realiza, neste caso, é a avaliação de uma 
situação de aprendizagem que não se sustenta na vida prática em que os problemas são reais como, 
por exemplo, ao encontrar-se diante de um circuito elétrico em que intervêm muitas variáveis, caberá 
ao aluno compreender primeiro em que consiste o problema, que variáveis deve levar em conta 
e quais tem que ignorar. E, infelizmente, nestes casos, a falta do domínio de um conceito poderá 
provocar sérios problemas.
O autor deixa claro que realmente não é fácil avaliar a aprendizagem de conceitos pelo simples fato 
de que o grau de compreensão de um conceito pode ser, em muitos casos, limitado, pois o conhecimento 
que se tem dele pode ser mais profundo ou superficial, o que torna difícil dizer se a aprendizagem 
neste caso foi concluída. Portanto, é necessário que o professor determine o grau de conceitualização 
que espera do aluno, o que implica a necessidade de elaborar atividades que possibilitem aos alunos 
demonstrar o que entenderam e utilizar adequadamente os conceitos aprendidos. Neste sentido, vale 
enfatizar que a definição literal de um conceito não garante o seu domínio, uma vez que
[...] num trabalho culto, todos nós somos capazes de utilizar termos de 
grande	complexidade	conceitual,	corretamente	[...];	mas	se	tivéssemos	que	
defini-los, nos encontraríamos diante de uma situação bastante complicada. 
41
Re
vi
sã
o:
 V
irg
ím
ia
 B
ila
tt
o 
/ L
uc
as
 K
at
er
 -
 D
ia
gr
am
aç
ão
: E
ve
rt
on
 M
ar
tin
s-
 0
8/
08
/2
01
3
AvAliAção EducAcionAl
Somos capazes de utilizar os conceitos “redondo” e “circular” com todo o 
rigor e escolhemos um ou outro termo segundo seu significado no contexto 
da frase. Assim, pois, podemos dizer que dominamos ambos os conceitos, 
mas imagine que complicado seria defini-los sem fazer nenhum gesto 
com as mãos para nos ajudar na explicação. Na vida cotidiana, inclusive 
nos discursos mais rigorosos, os conceitos utilizados não são definidos 
constantemente. Geralmente, em vez de fazer uma definição procuramos 
dar exemplos que ajudem a compreender o que querem dizer. A tendência 
de utilizar a definição dos conceitos é o resultado deuma compreensão 
muito simplista da aprendizagem que, de certo modo, assume que não 
existe nenhuma diferença entre expressão verbal e compreensão (zabala, 
1995, p. 205).
As considerações feitas pelo autor sobre a complexidade de se avaliar os conteúdos conceituais são 
acompanhadas de algumas sugestões de tipos de atividades que podem ser mais adequadas para se 
conhecer o grau de compreensão destes conteúdos, tais como:
•	 propor	 a	 resolução	de	problemas	 (no	 caso	de	disciplinas	 como	matemática	 e	 física)	 de	 temas	
anteriores e outros que ainda não tenham sido trabalhados e acrescentar mais informação do que 
a necessária para resolver o problema de forma que se assemelhe a uma situação real na qual o 
aluno terá que se esforçar para solucioná-lo. Isso porque nas situações reais os problemas nunca 
aparecem	identificados	como	nos	enunciados	dos	livros	didáticos;
•	 observar	o	uso	dos	conceitos	em	trabalhos	de	equipe,	debates,	exposições	e,	sobretudo,	diálogos	
para avaliar o verdadeiro domínio do termo e buscar o meio mais adequado para oferecer a ajuda 
de	que	cada	aluno	precisa;
•	 pedir	ao	aluno	que	explique	o	que	entendeu	do	tema	ou	conceito,	com	suas	próprias	palavras	e	
exemplos	pessoais,	e	depois	que	faça	o	mesmo	utilizando	os	termos	científicos;
•	 propor	exercícios	que	consistam	na	resolução	de	conflitos	ou	problemas	a	partir	do	uso	dos	conceitos.
2.2 Avaliação de conteúdos procedimentais
Para zabala, só é possível avaliar a aprendizagem dos conteúdos procedimentais por meio da 
aplicação destes conteúdos em atividades práticas, nas quais o aluno possa demonstrar o que sabe fazer, 
preferencialmente em atividades abertas, que permitam um acompanhamento atento e sistemático do 
professor.
Algumas competências dos alunos só podem ser avaliadas durante a ação, como verificar em 
geografia se o aluno sabe se orientar no espaço, ou, em português, se ele possui competência linguística, 
que pode ser avaliada em situações práticas como um seminário, um debate, a encenação de uma 
peça teatral ou a produção escrita respeitando os diferentes gêneros textuais, ou quando demonstra 
conhecer as etapas na realização de um trabalho de pesquisa (zabala, 1995).
42
Re
vi
sã
o:
 V
irg
ím
ia
 B
ila
tt
o 
/ L
uc
as
 K
at
er
 -
 D
ia
gr
am
aç
ão
: E
ve
rt
on
 M
ar
tin
s-
 0
8/
08
/2
01
3
Unidade I
2.3 Avaliação de conteúdos atitudinais
Para se avaliar os conteúdos atitudinais, explica zabala, há uma complexidade maior do que em 
relação aos conteúdos conceituais e procedimentais. O autor lembra que, historicamente, a escola 
tendeu a menosprezar estes conteúdos uma vez que a avaliação escolar tradicional sempre teve uma 
função de sancionar o aluno, por meios quantitativos, convencendo-nos a acreditar na veracidade de 
suas afirmações por serem matematicamente comprovadas.
O autor ressalta que as dificuldades que os professores têm em realizar a avaliação dos conteúdos 
atitudinais derivam da falta de instrumentos científicos, objetivos. Cita a questão da subjetividade 
para exemplificar que esta afeta também a avaliação dos demais conteúdos, o que faz com que dois 
professores possam atribuir valores diferentes em relação às competências do mesmo aluno. Um bom 
exemplo disto é quando são avaliadas as produções textuais dos alunos. Tais considerações levam-nos à 
seguinte questão: é realmente possível e necessário que uma instituição de ensino avalie os conteúdos 
atitudinais?
Observando que os princípios e fins da educação nacional, presentes na LDBEN, pregam que a 
educação deve ser inspirada nos princípios de liberdade e nos ideais de solidariedade humana e que 
tem por finalidade o pleno desenvolvimento do educando, seu preparo para o exercício da cidadania e 
sua qualificação para o trabalho, cabe à instituição escolar zelar pelo desenvolvimento da autonomia, 
da ética e da cidadania. Assim sendo, fica claro que os conteúdos atitudinais devem ser avaliados de 
forma que o educador possa descobrir se está realmente cumprindo sua missão de ensinar a aprender, 
a conviver e a ser, ou seja, conceitos, procedimento e atitudes.
 observação
Cabe à educação escolar avaliar os conteúdos atitudinais. Portanto, 
é necessário fazê-lo considerando a complexidade da aquisição desse 
conhecimento e de sua avaliação por meio de práticas de observação em 
situação.
No trecho a seguir, zabala mostra a importância de, antes de avaliar os conteúdos atitudinais 
desejáveis nos estudantes, prever situações de aprendizagem que possibilitem a aquisição desses 
conteúdos. Para ele,
[...] o problema da avaliação dos conteúdos atitudinais não está na 
dificuldade de expressão do conhecimento que os meninos e meninas têm, 
mas na dificuldade da aquisição deste conhecimento. Para poder saber de 
que os alunos realmente precisam e o que valorizam e, principalmente, quais 
são suas atitudes, é necessário que na classe e na escola surjam suficientes 
situações “conflitantes,” que permitam a observação do comportamento 
de cada um dos meninos e meninas. Num modelo de intervenção em que 
não se observe a possibilidade do conflito, em que se evitem os problemas 
43
Re
vi
sã
o:
 V
irg
ím
ia
 B
ila
tt
o 
/ L
uc
as
 K
at
er
 -
 D
ia
gr
am
aç
ão
: E
ve
rt
on
 M
ar
tin
s-
 0
8/
08
/2
01
3
AvAliAção EducAcionAl
interpessoais, em que se limite a capacidade de atuação dos alunos, em que 
não haja espaços para expressar autonomamente a opinião pessoal nem se 
proponham atividades que obriguem a conviver em situações complexas, 
dificilmente será possível observar os avanços e as dificuldades de progresso 
de cada aluno neste terreno, assim como avaliar a necessidade de oferecer 
ajudas educativas (zabala, 1995, p. 208-209).
Com estas considerações, o autor lembra o importante papel que têm os conteúdos atitudinais na 
formação da pessoa, em suas várias dimensões, e da sociedade que se deseja para o país. Oportunizar 
momentos para que o menino e a menina possam se posicionar e confrontar seu ponto de vista com o dos 
outros, nas diversas áreas do conhecimento, certamente contribuirá para formação de sua identidade.
Para se avaliar os avanços nas aprendizagens de conteúdos atitudinais, zabala propõe a observação 
sistemática do estudante quanto às suas opiniões, atuações no grupo de trabalho, na distribuição das 
tarefas e responsabilidades, nos debates, nas visitas, excursões, nos momentos de lazer, nas atividades 
esportivas, entre outras.
2.4 A quem informar?
O tema da revelação dos resultados do processo de ensino/aprendizagem recebeu uma atenção 
especial por parte de zabala, que discute a faceta informativa da avaliação por meio dos seguintes 
questionamentos:
•	 o	que	se	deve	informar?	Resultados,	processos,	necessidades,	limitações;
•	 a	quem	se	deve	informar?	Ao	grupo/classe,	aos	alunos,	à	família,	ao	grupo	de	professores	ou	
à	administração;
•	 qual	o	objetivo	dessa	informação?	Ajudar,	sancionar,	selecionar,	promover;
•	 a	informação	tem	que	ser	igual	para	todos?	Ou	seja,	é	necessário	passar	uma	informação	de	um	
único modo, independente de seu destinatário e do uso que será feito dela?
Para zabala, essas perguntas são necessárias para entendermos a real importância do conhecimento 
dos resultados da aprendizagem. Diferentemente, na tradição escolar, essas informações são feitas da 
mesma forma tanto para o aluno, como em classe, para os pais ou para a administração, com uma 
função de seleção. Enfocaremos a seguir a visão do autor em relação ao que interfere, neste processo 
informativo, para responder às questões mostradas anteriormente.
De acordo com o autor, a resposta à pergunta sobre o que se deve informar depende da concepção 
que temos da aprendizagem e da função social que atribuímos ao ensino. Sãoessas concepções que 
irão determinar o papel que os informes devem ter segundo os destinatários da avaliação. No quadro a 
seguir identificamos os pontos principais de cada concepção de avaliação.
44
Re
vi
sã
o:
 V
irg
ím
ia
 B
ila
tt
o 
/ L
uc
as
 K
at
er
 -
 D
ia
gr
am
aç
ão
: E
ve
rt
on
 M
ar
tin
s-
 0
8/
08
/2
01
3
Unidade I
Quadro 8
Avaliação seletiva 
(pensamento seletivo e propedêutico)
Avaliação formativa 
(formação integral da pessoa)
O que se deve fazer é ir precisando o quanto antes a 
capacidade de cada aluno para superar os diferentes 
obstáculos que encontrará no percurso até a 
universidade.
A função da escola e da verdadeira responsabilidade 
profissional passa por conseguir que os alunos atinjam 
o maior grau de competência em todas as suas 
capacidades, investindo todos os esforços em superar 
as deficiências que muitos deles carregam por motivos 
sociais, culturais e pessoais.
A informação se resume em avaliar se o aluno supera 
ou não supera, aprova ou não aprova, é suficiente ou 
insuficiente, progride adequadamente ou necessita 
melhorar.
É importante avaliar os processos que cada aluno 
segue, a fim de se obter o máximo rendimento de suas 
possibilidades.
Há a necessidade de dar informações “rigorosas” e, 
portanto, ajustadas ao conhecimento real alcançado.
Ao longo do ensino, nossa obrigação profissional consiste 
em incentivar, animar e potencializar a autoestima, 
estimular a aprender cada dia mais.
Os referenciais são ditados pelo vestibular que define 
a nota média que permitirá ter acesso a uma ou outra 
faculdade.
O foco é voltado ao crescimento individual para que 
sejam propostas metas e ajudas personalizadas, já que 
cada aluno avança com ritmo e estilo diferentes.
Ao longo de todo o ensino obrigatório, o aluno é medido 
conforme sua capacidade de ser um “vencedor”. Algumas 
escolas, consideradas de prestígio, realizam esta seleção 
aos seis anos, já não aceitam alunos que não saibam 
ler nem escrever ou que apresentem algum tipo de 
“deficiência escolar” (grifos do autor).
É necessário diferenciar a função seletiva do processo 
seguido pelo aluno, e, portanto, informá-lo sobre seu 
processo pessoal e estimulá-lo com metas desafiantes, 
mas acessíveis para suas possibilidades, de forma que não 
renuncie a continuar aprendendo.
Fonte: zabala (1995).
A preocupação do autor com os informes e seus destinatários tem como pano de fundo o sentido do 
trabalho educacional, que deve guiar as ações do ensinar e aprender, não sendo, portanto, contrário à 
informação do desempenho escolar para a sociedade em geral, desde que essa não seja utilizada como 
filtro que seleciona os alunos desde o início da sua escolarização. O autor argumenta que
[...] é lógico que ao final da etapa escolar obrigatória a sociedade exija 
uma informação compreensível e homologável das capacidades adquiridas 
por	cada	aluno;	um	informe	que	expresse	com	o	máximo	rigor	possível	as	
competências adquiridas. E é evidente que, dadas as características de cada 
aluno, os resultados obtidos não serão os mesmos para cada um deles. O 
sistema educacional tem a obrigação de informar os resultados obtidos, e é 
a sociedade quem estabelece as necessidades ou os requisitos prévios para 
cada uma das carreiras ou alternativas profissionais. Mas isto não significa 
que desde pequenos o filtro tenha que ser esta seleção profissional. Não 
podemos pré-julgar ou avaliar negativamente desde o começo. Devemos 
levar em conta que se estamos pensando em “todos” os meninos e meninas, 
em todos os cidadãos e cidadãs, não existe nenhum sistema que possa 
garantir o “melhor posto” para todos. Por sorte, nem todos podemos ou 
queremos ser banqueiros, engenheiros de telecomunicações, economistas 
ou qualquer outro profissional considerado de prestígio num determinado 
momento (zabala, 1995, p. 212).
45
Re
vi
sã
o:
 V
irg
ím
ia
 B
ila
tt
o 
/ L
uc
as
 K
at
er
 -
 D
ia
gr
am
aç
ão
: E
ve
rt
on
 M
ar
tin
s-
 0
8/
08
/2
01
3
AvAliAção EducAcionAl
zabala propõe que os informes dos resultados educacionais não se limitem aos resultados, mas 
que também abordem o processo seguido pelo aluno. Os informes devem atender ao interesse dos 
destinatários, ou seja, o que, por que e como o aluno precisa ficar sabendo do seu desenvolvimento 
educacional, e isso se aplica aos seus familiares, à escola e à administração. Para o autor, é necessário 
compreendermos que o ato de informar o estudante sobre suas aprendizagens é um exercício de ensino/
aprendizagem com mais incidência na sua formação.
No quadro a seguir compilamos as principais ideias do autor sobre maneiras significativas de se 
passar os informes aos possíveis interessados.
Quadro 9
Informes aos alunos
•	As	informações	devem	remeter	ao	processo	de	aprendizagem	que	o	aluno	seguiu,	no	começo,	
durante e ao finalizá-lo, e determinar suas necessidades e, logo, que medidas educativas devem 
ser oferecidas.
•	Os	informes	devem	se	referir	também	aos	procedimentos	que	foram	adotados	ao	longo	de	todo	
o processo seguido, aos resultados obtidos e às medidas utilizadas.
•	Os	registros	devem	contemplar	a	informação	sobre	o	percurso,	o	grau	de	realização	dos	objetivos	
previstos e o grau de aprendizagem adquirido em cada conteúdo. 
•	O	recurso	da	comparação	entre	os	alunos	é	uma	provocação	que	só	tem	utilidade	para	aqueles	
cujas	metas	de	aprendizagem	estão	ao	seu	alcance;	é	uma	solução	parcial	geradora	de	outros	
problemas. 
•	O	informe	tem	que	propor	ao	aluno	algumas	metas	que	não	estejam	muito	distantes	de	suas	
possibilidades e, principalmente, que possam ser superadas com a ajuda dos professores. 
Informes aos familiares
A maneira como os familiares do aluno recebem a informação tem reflexo no seu desempenho. 
Portanto, a informação precisa estar centrada no processo que o aluno segue e nos avanços que realiza, 
assim como nas medidas que a família pode adotar para incentivar o trabalho que se faz na escola.
•	O	uso	que	os	pais	fizerem	da	informação	poderá	estimular	o	aluno	ou,	ao	contrário,	transformar-
se em um impedimento para seu progresso. 
•	A	principal	referência	para	os	pais	deve	ser	o	processo	pessoal,	ou	seja,	as	possibilidades	do	aluno,	
a fim de que a avaliação centre-se no que ele pode fazer.
•	O	informe	escrito	deve	ser	compreensível,	mas	não	pode	simplificar	ou	banalizar	a	riqueza	de	
conteúdos que abrange todo o processo de ensino/aprendizagem.
•	Um	dos	melhores	meios	de	comunicação	com	os	familiares	é	a	entrevista	pessoal,	pois	ela	permite	
adequar a informação às características dos familiares e priorizar convenientemente dados 
transmitidos. 
Informes à escola e à administração
•	A	escola	precisa	ser	informada	sobre	todo	o	percurso	do	aluno,	a	fim	de	garantir	a	continuidade	
do trabalho pedagógico, de modo que auxilie os professores de cada área e de cada série quanto 
às medidas adequadas às particularidades de cada um de seus alunos. 
•	Os	dados	deverão	se	referir	ao	processo	seguido,	aos	resultados	obtidos,	às	medidas	específicas	
utilizadas e a qualquer problema significativo, ou seja, precisam ser uma síntese dos diferentes 
registros de cada um dos professores que o aluno teve na escola.
•	Os	informes	à	administração	devem	ser	tão	profissionais	quanto	possível,	com	critérios	que	
permitam a interpretação do caminho seguido pelos alunos, conforme parâmetros tão complexos 
como é complexo o trabalho educativo.
Fonte: zabala (1995).
46
Re
vi
sã
o:
 V
irg
ím
ia
 B
ila
tt
o 
/ L
uc
as
 K
at
er
 -
 D
ia
gr
am
aç
ão
: E
ve
rt
on
 M
ar
tin
s-
 0
8/
08
/2
01
3
Unidade I
Sobre os informes à administração, zabala expõe suapreocupação quanto às incoerências entre as 
orientações à escola para uma avaliação formativa e como são interpretados e utilizados os resultados 
em larga escala pelos órgãos centrais.
É incoerente falar de atenção à diversidade, globalização, transversalidade, 
objetivos gerais da etapa em forma de capacidades, conteúdos conceituais, 
procedimentais e atitudinais etc., se toda esta riqueza tem que ficar diluída, 
escondida numa nota, do tipo que for, por área ou matéria. Defendem-
se certos modelos, mas o caráter seletivo aparece de maneira recorrente, 
embora aparentemente não se queira. O mais triste de tudo é que os 
modelos da administração acabam por se transformar na referência da 
maioria. Para os demais estes modelos são um motivo a mais de desencanto 
quando se dão conta de que tudo pode ficar em palavras grandiloquentes, 
quando veem que por culpa de algumas propostas simplistas tudo se 
resume a boas intenções, porque, no final, os critérios de avaliação, ou 
o que tem que constar nos informes de avaliação, condicionarão tudo 
quanto se faz na escola, os conteúdos de aprendizagem e as matérias a 
ensinar (zabala, 1995, p. 212).
 observação
Os receptores devem adotar uma atitude de não indiferença em 
relação aos informes resultantes da avaliação, tomando decisões quanto 
às intervenções e ações que promovam melhorias na qualidade do ensino.
Quanto ao que fazer com as informações, algumas iniciativas governamentais utilizam os resultados 
das avaliações externas (SAEB, Prova Brasil, SARESP) como único indicador para bonificação dos 
profissionais da educação, por exemplo. Tal uso funciona, de fato, como prêmio e castigo e, o mais 
preocupante, não se levam em conta outros fatores como resultados das avaliações institucionais, 
internas e externas, assiduidade dos professores e equipe escolar, entre outros, utilizando assim, um dado 
numérico como síntese de todo o trabalho educacional. Pode-se considerar essa sistemática um contra 
exemplo às ações do professor em sala de aula, que podem investir, por homologia, na recompensa 
como principal recurso pedagógico, e isto é contrário a toda e qualquer iniciativa de formação e 
desenvolvimento de uma autonomia responsável e da participação ativa do aluno.
 Saiba mais
A Prova Brasil e o Sistema Nacional de Avaliação da Educação Básica 
(SAEB) servem de diagnóstico em larga escala para avaliar a qualidade do 
ensino oferecido pelo sistema educacional brasileiro.
Disponível em: <http://portal.mec.gov.br>. Acesso em: 30 mai. 2013.
47
Re
vi
sã
o:
 V
irg
ím
ia
 B
ila
tt
o 
/ L
uc
as
 K
at
er
 -
 D
ia
gr
am
aç
ão
: E
ve
rt
on
 M
ar
tin
s-
 0
8/
08
/2
01
3
AvAliAção EducAcionAl
zabala conclui esse trabalho com uma síntese das questões mais importantes, a serem consideradas 
pelo professor na condução de uma avaliação formativa. São elas:
•	 situações	didáticas	que	favorecem	a	participação	dos	alunos	e	aumentam	as	possibilidades	de	
observação	por	parte	do	professor;
•	 definição	de	objetivos	específicos	que	atuam	como	referencial	concreto	da	atividade	avaliadora,	
que	a	façam	menos	arbitrária,	mais	justa	e	útil;
•	 auxílio	aos	alunos	para	que	alcancem	os	critérios	que	lhes	permitam	a	autoavaliação.
Além de considerar estas questões, o autor aponta a dimensão subjetiva da avaliação, tão presente 
e tão importante na relação pedagógica. Para ele é necessário ter presente que
[...] na aula e na escola, avaliamos muito mais do que se pensa, e inclusive 
mais do que temos consciência. Um olhar, um gesto, uma expressão de 
alento ou de confiança, uma recusa, um não levar em conta o que se fez, 
uma manifestação de afeto... tudo isto também funciona, para um menino 
ou uma menina, como um indicador de avaliação. É impossível que estes 
detalhes não nos escapem, mas devemos tentar ser discretos e ponderados 
em nossos julgamentos. Efetivamente, o tema da avaliação é complexo 
porque nos proporciona informação e muitas vezes questiona todo o 
processo de ensino/aprendizagem. Por tudo isso, temos que lidar com ele 
como for possível (zabala, 1995, p. 220).
3 técnIcAS E InStRumEntoS dE AvAlIAção
Para que o professor possa conhecer o que aluno aprendeu, é necessário que planeje e aplique 
instrumentos que lhe permitam a obtenção de dados a serem considerados para tomar decisões quanto 
ao ensino e para orientar o aluno.
 observação
Os instrumentos são meios de levantar informações sobre a 
aprendizagem para que se possa oferecer a ajuda de que o aluno necessita.
De acordo com Haydt (1995), a avaliação da aprendizagem:
•	 deve	 recair	 sobre	 amostras	 dos	 resultados	 alcançados	 (as	 amostras	 devem	 ser	 extensas	 e	
representativas);
•	 exige	técnicas	variadas	e	instrumentos	diversos	adequados	aos	objetivos	propostos	para	garantir	
a	validade	dos	dados	obtidos;
48
Re
vi
sã
o:
 V
irg
ím
ia
 B
ila
tt
o 
/ L
uc
as
 K
at
er
 -
 D
ia
gr
am
aç
ão
: E
ve
rt
on
 M
ar
tin
s-
 0
8/
08
/2
01
3
Unidade I
•	 exige	verificações	periódicas	e	constantes;
•	 deve	possibilitar	que	o	aluno	tome	consciência	de	seus	erros;
•	 é	um	meio	para	que	o	professor	e	o	aluno	aperfeiçoem	o	processo	de	ensino-aprendizagem.
Para se obter dados que evidenciem as aprendizagens realizadas pelos alunos, é necessário 
(HAYDT, 1995):
•	 definir	bem	o	que	queremos	avaliar;
•	 selecionar	o	instrumento	que	se	preste	à	coleta	dos	dados	referentes	ao	objetivo	proposto.
Ainda de acordo com Haydt a seleção das técnicas e dos instrumentos depende:
•	 da	natureza	da	área	de	estudo	ou	do	componente	curricular;
•	 dos	objetivos	visados;
•	 das	condições	de	tempo	do	professor;
•	 do	número	de	alunos;
•	 dos	métodos	e	procedimentos	usados	no	ensino.
Para que a avaliação seja útil ao levantamento de informações sobre as aprendizagens realizadas 
pelo aluno e sobre suas dificuldades, é necessário rigor técnico na elaboração de instrumentos de forma 
que apresentem as seguintes características (HAYDT, 1995):
•	 Validade: diz respeito à adequação do instrumento ao objetivo, ou seja, que o instrumento 
sirva para avaliar o que se pretende avaliar. É necessário que se pergunte: qual é o objetivo 
que se pretende avaliar? Que fenômenos ou dimensões do objeto de conhecimento se 
pretende avaliar? A validade é relativa, tendo diferentes graus de alcance, dependendo de 
variáveis de contexto.
•	 Fidedignidade: é a coerência interna do funcionamento do instrumento, isto é, a estabilidade 
e o grau de consistência de seus resultados. Discrimina com exatidão e com constância o que 
pretende medir, o que significa que, se a aplicação do instrumento for repetida, o resultado será 
o mesmo ou aproximado.
•	 Objetividade: embora não se possa eliminar a dimensão subjetiva, o instrumento deve ser 
elaborado de forma que reduza a interferência do ponto de vista do avaliador, recomendando-
se que as questões sejam apresentadas de forma clara e precisa e que o avaliador organize 
previamente uma chave de correção.
49
Re
vi
sã
o:
 V
irg
ím
ia
 B
ila
tt
o 
/ L
uc
as
 K
at
er
 -
 D
ia
gr
am
aç
ão
: E
ve
rt
on
 M
ar
tin
s-
 0
8/
08
/2
01
3
AvAliAção EducAcionAl
Mesmo com todo o rigor na elaboração dos instrumentos, há fatores que interferem na fidedignidade 
ou precisão de um instrumento (HAYDT, 1995). A saber:
•	 as	condições	físicas	e	psicológicas	do	indivíduo;
•	 as	condições	inerentes	ao	próprio	instrumento	de	medida;
•	 número	de	itens	(extensão	do	teste);
•	 a	natureza	da	amostra	(qualidade	de	cada	pergunta	ou	item).
 observação
Na elaboração de instrumentos avaliativos, deve-se eliminar a 
ambiguidade e a imprecisão da linguagem e apresentar itens de diferentes 
graus de dificuldadeou complexidade em termos de conhecimentos, 
habilidades e competências.
Para se obter estimativa de fidedignidade, de acordo com Haydt, pode-se utilizar:
•	Método	 do	 teste-reteste: repetição do mesmo teste a um mesmo grupo representativo de 
indivíduos, em intervalo de tempo apropriado, em duas ocasiões para avaliar a correlação entre os 
resultados e verificar o coeficiente estabilidade de desempenho.
•	Método	das	 formas	paralelas	ou	equivalentes: repetição do mesmo teste, de outra forma, 
mas equivalente à primeira (os testes podem ter questões diferentes, mas devem ser sobre as 
mesmas áreas abordadas na primeira aplicação e com o mesmo grau de dificuldade para se obter 
o coeficiente de equivalência).
 observação
Um bom instrumento de avaliação deve ser fácil de aplicar, corrigir e 
interpretar e principalmente ser útil aos propósitos avaliativos.
3.1 Elaboração de questões objetivas
As questões objetivas são aquelas que não admitem múltiplas interpretações, devendo o aluno 
escolher uma das alternativas propostas como sendo a resposta correta. Devem ser elaboradas de forma 
contextualizada, podendo ser de diferentes tipos, conforme descritos a seguir:
1 – Questões de lacunas:
Trata-se de questão de resposta curta que apresenta uma proposição incompleta, a qual o aluno 
deverá completar corretamente. Serve para avaliar conteúdos factuais.
50
Re
vi
sã
o:
 V
irg
ím
ia
 B
ila
tt
o 
/ L
uc
as
 K
at
er
 -
 D
ia
gr
am
aç
ão
: E
ve
rt
on
 M
ar
tin
s-
 0
8/
08
/2
01
3
Unidade I
Deve-se evitar:
•	 afirmações	indefinidas	com	lacunas	que	permitam	mais	de	uma	resposta;
•	 muitas	lacunas	na	mesma	questão	(deve-se	deixar	lacunas	apenas	para	palavras	significativas	
da	afirmação);
•	 sinais	que	possam	ser	indicadores	da	resposta	como	artigos	e	pronomes,	bem	como	o	tamanho	do	
espaço	em	branco;
•	 lacunas	ao	final	da	questão.
2 – Questões de falso/verdadeiro:
As questões de falso/verdadeiro servem para avaliar os seguintes objetivos: identificação de causa e 
efeito;	distinção	entre	fatos	e	opiniões;	conhecimento	de	fatos	específicos.
 observação
Ao elaborar a questão observe uma regra básica: as afirmações devem 
ser absolutamente verdadeiras ou falsas, não se admitindo formulações do 
tipo “pegadinha” como uma mesma afirmação contendo aspectos certos e 
errados.
Deve-se evitar:
•	 certos	termos	indicativos,	como	nunca, sempre, todos, geralmente, possivelmente, às vezes;
•	 afirmações	ambíguas;
•	 afirmações	 tão	 óbvias	 que	 não	 precisem	 ser	 trabalhadas	 ou	 que	 não	 exijam	 nenhum	 tipo	 de	
raciocínio	do	aluno;
•	 linguagem	complexa;
•	 afirmações	truncadas;	a	verdade	ou	falsidade	será	em	função	da	proposição	total	e	não	de	um	
elemento	menor;
•	 afirmações	longas	e	complicadas;
•	 emprego	de	questões	para	comprovar	informações	óbvias	ou	triviais.
51
Re
vi
sã
o:
 V
irg
ím
ia
 B
ila
tt
o 
/ L
uc
as
 K
at
er
 -
 D
ia
gr
am
aç
ão
: E
ve
rt
on
 M
ar
tin
s-
 0
8/
08
/2
01
3
AvAliAção EducAcionAl
3 – Questões de múltipla escolha:
Complementação simples:
As questões podem ser formuladas por meio de uma pergunta ou de uma sentença incompleta. As 
escolhas devem vir no fim, ou quase no fim, da sentença incompleta.
 Saiba mais
Para conhecer mais sobre elaboração de questões objetivas, leia: RAMOS, 
N. Elaboração de provas objetivas. SIAPE – Sistema de Ação Pedagógica, 22 
mar. 2006. Disponível em: <http://crv.educacao.mg.gov.br/SISTEMA_CRV/
index.aspx? &ID_OBJETO=29759&tipo=ob&cp=000000&cb=>. Acesso 
em: 30 mai. 2013.
3.2 Elaboração de questões dissertativas
As questões dissertativas servem para avaliar a área afetiva e cognitiva. Avaliam a capacidade de 
síntese (seleção, relação, organização das ideias em torno de um tema).
Recomendações:
•	 Limite	e	defina	a	liberdade	do	aluno	ao	responder	à	questão	de	dissertação,	de	acordo	com	critérios	
prévios.
•	 Indique	a	extensão	e	a	profundidade	das	respostas	desejadas.
•	 Use	terminologia	que	não	dê	margem	à	ambiguidade.
•	 Evite	formulações	genéricas	e	amplas	como:	“disserte	sobre	o	pensamento	de...”.
Exemplos	 de	 alguns	 termos	 utilizados	 na	 formulação	 de	 questões	 dissertativas:	 compare;	 confronte;	
justifique;	critique;	argumente	a	favor	ou	contra;	explique	(como?	por	quê?	para	quê?)	analise;	relacione;	sugira.
Questões do tipo “o que pensa você sobre” ou “em sua opinião” servem para avaliação da área afetiva 
(atitudes, ideais e preferências do aluno).
4 obSERvAçõES E REgIStRoS
As observações e registros do professor sobre o desenvolvimento e/ou as dificuldades do aluno são 
importantes para identificar possíveis lacunas na sua aprendizagem e planejar intervenções pedagógicas 
contextualizadas que atendam às reais necessidades de aprendizagem. Para que sejam úteis a tal 
52
Re
vi
sã
o:
 V
irg
ím
ia
 B
ila
tt
o 
/ L
uc
as
 K
at
er
 -
 D
ia
gr
am
aç
ão
: E
ve
rt
on
 M
ar
tin
s-
 0
8/
08
/2
01
3
Unidade I
propósito, é necessário que o professor se guie por uma pauta de observação previamente organizada 
de acordo com os conteúdos, habilidades e competências que deseja identificar.
O uso de portfólio na avaliação da aprendizagem
O portfólio é um instrumento que reúne o conjunto de trabalhos do aluno como resumos, 
fichamentos, esquemas, registros diários, gráficos, registros por meio de diferentes tipos de mídia, fotos, 
entrevistas, notas de campo, desenhos etc. Trata-se de uma coleção/seleção de diferentes produções do 
aluno acerca de determinado objeto de aprendizagem que proporcionam evidências do conhecimento 
que foi sendo construído por ele, das estratégias que utilizou para aprender e da sua disposição para 
continuar aprendendo.
É importante considerar que cabe ao aluno selecionar que momentos e trabalhos são representativos 
de seu percurso, estabelecendo relações entre esses trabalhos, avaliando sua própria aprendizagem, por 
meio do registro de suas reflexões sobre a relevância de cada trabalho e sobre o que foi possível aprender 
com sua realização, configurando um processo de metacognição que responsabiliza o aluno por sua 
aprendizagem e avaliação.
 lembrete
Metacognição: o aluno deve ter consciência do que sabe e do que não 
sabe, aprendendo a analisar e avaliar como se conhece. Ver p. 10 e 11 da 
unidade 1.
O uso do portfólio baseia-se na natureza evolutiva da aprendizagem, sendo um instrumento coerente 
com uma abordagem formativa de avaliação, uma vez que permite a obtenção das evidências das 
aprendizagens realizadas pelos alunos, a partir de suas concepções iniciais, considerando funções como:
•	 ajudar	a	progressão	dos	alunos	no	conhecimento;
•	 possibilitar	o	ajuste	 constante	entre	o	processo	de	ensino	e	o	de	aprendizagem,	bem	como	o	
estabelecimento de novas estratégias, conforme a progressão do aluno e as evidências de 
aprendizagem detectadas.
A avaliação do portfólio permite não só aos alunos mas também aos professores que reflitam sobre 
o progresso dos estudantes, possibilitando a introdução de mudanças durante o desenvolvimento do 
projeto ou das unidades de ensino de forma contextualizada.
Além dos aspectos apontados, convém destacar que o portfólio:
•	 deve	ser	organizado	em	ordem	cronológica	para	permitir	que	o	aluno	se	compare	com	ele,	por	
meio	de	uma	análise	que	considera	o	ponto	de	partida,	o	percurso	e	o	ponto	de	chegada;
53
Re
vi
sã
o:
 V
irg
ím
ia
 B
ila
tt
o 
/ L
uc
as
 K
at
er
 -
 D
ia
gr
am
aç
ão
: E
ve
rt
on
 M
ar
tin
s-
 0
8/
08
/2
01
3
AvAliAção EducAcionAl
•	 é	um	meio	para	atingir	os	propósitos	educativos	e	não	um	fim	em	si	mesmo;
•	 podeser	organizado	por	meio	de	pastas	ou	por	meio	digital.
Por último, ressaltamos a importância dos comentários do professor sobre as produções constantes 
do portfólio, com informações que (re)orientem o processo de aprendizagem e informem possíveis 
lacunas dos alunos para que se mobilizem para aprender.
 Resumo
Partindo da aceitação da tese de que, para cumprir sua função social, 
a escola deve garantir a todos a apropriação do conhecimento elaborado, 
historicamente construído, vários desafios conceituais e metodológicos 
estão postos à escola, no que diz respeito à pedagogia que orienta as 
práticas escolares e aos modelos de avaliação da aprendizagem, no contexto 
da diversidade de culturas.
Neste contexto, não há mais lugar na escola para um tratamento 
pedagógico homogeneizante que desconsidere que nem todos estão, no 
ponto de partida do ensino, à mesma distância dos objetivos educacionais 
pretendidos, tendo em vista a preparação do cidadão para atuar e intervir 
transformadoramente na prática social.
Trata-se de desafio ainda maior, quando se considera que, historicamente, 
a função básica da escola tem sido seletiva e propedêutica, ou seja, centrada 
na seleção dos alunos para estudos futuros (zABALA, 1995).
Considerou-se neste estudo o poder da avaliação com funções 
formativas para propiciar a progressão do aluno na aprendizagem, com 
sucesso, razão pela qual foram discutidos nesta unidade os fundamentos 
conceituais que embasam esta abordagem, para (re)orientar as práticas.
Avaliação formativa é um processo que engloba todas as atividades 
desencadeadas pelo professor e/ou pelos alunos, que proveem informações 
a serem usadas como realimentação para modificar as atividades de ensino 
e aprendizagem nas quais esses estão engajados e como fonte de regulação 
intencional da aprendizagem.
Componentes da avaliação formativa:
•	 interação	entre	os	alunos	e	professor	de	cuja	qualidade	dependem	as	
mudanças	no	processo	de	ensino	e	aprendizagem;
54
Re
vi
sã
o:
 V
irg
ím
ia
 B
ila
tt
o 
/ L
uc
as
 K
at
er
 -
 D
ia
gr
am
aç
ão
: E
ve
rt
on
 M
ar
tin
s-
 0
8/
08
/2
01
3
Unidade I
•	 concepções	do	professor	sobre	teoria	da	aprendizagem	e	estrutura	e	
natureza	das	tarefas	do	aluno;
•	 utilização	da	informação	sobre	a	diferença	do	nível	atual	do	aluno	e	
o	padrão	a	ser	alcançado	para	se	alterar	essa	diferença;
•	 crença	do	professor	de	que	todos	podem	ter	sucesso	na	aprendizagem;
•	 valorização	da	autoavaliação	e	avaliação	pelos	colegas;
•	 valorização	de	processos	metacognitivos.
Sob uma abordagem formativa, acredita-se que é possível ensinar 
aos alunos a compreensão dos objetivos da aprendizagem e dos 
critérios de avaliação. Dessa forma, os alunos aprendem a escolher 
e usar as tarefas com a finalidade de acessar os resultados da sua 
própria aprendizagem.
Trata-se de um processo de regulação da aprendizagem, ou seja, um 
conjunto de operações metacognitivas do sujeito e de suas interações com 
o meio que modificam seus processos de aprendizagem no sentido de um 
objetivo definido de domínio.
A relação entre metacognição e sucesso escolar foi evidenciada por 
meio das contribuições de Davis e Espósito (apud SILVA, 2005): o aluno 
deve ter consciência do que sabe e do que não sabe, aprendendo a analisar 
e avaliar como se conhece.
Utiliza-se de processos metacognitivos, ou seja, processos pelos quais 
o sujeito exerce controle e autorregulação durante a tarefa de resolução 
de um problema, permitindo-lhe tomar consciência do desenrolar da sua 
própria atividade.
Componentes dos processos metacognitivos:
•	 conhecimentos	metacognitivos:	o	sujeito	sabe	que	já	domina	certos	
conceitos, práticas e habilidades, enquanto outros ainda não, e 
reconhece	o	que	é	ou	não	capaz	de	alcançar;
•	 experiências	 metacognitivas:	 o	 sujeito	 compreende	 como	 o	
pensamento e as funções superiores – atenção, memória, raciocínio, 
compreensão – atuam na resolução de um problema.
55
Re
vi
sã
o:
 V
irg
ím
ia
 B
ila
tt
o 
/ L
uc
as
 K
at
er
 -
 D
ia
gr
am
aç
ão
: E
ve
rt
on
 M
ar
tin
s-
 0
8/
08
/2
01
3
AvAliAção EducAcionAl
Formas de regulação da aprendizagem:
Proativa: a avaliação se dá no momento de engajar o aluno em uma 
atividade ou situação didática nova.
Retroativa: trata-se de avaliação a posteriori, de caráter mais curativo 
que preventivo (apoio pedagógico de recuperação da aprendizagem).
Interativa: a avaliação acontece ao longo de todo o processo de 
aprendizagem por meio de observação e intervenção em situação, em 
tempo real.
De modo coerente com uma abordagem formativa, discutiu-se nesta 
unidade o conceito de avaliação mediadora e os princípios que devem 
orientar a prática.
Hoffmann (1991) denomina avaliação mediadora o paradigma de 
avaliação que se opõe ao paradigma sentencioso, classificatório. Nesta 
abordagem, a ação avaliativa é uma das mediações pelas quais se encoraja 
a reorganização do saber, redefinindo o papel do erro na construção do 
conhecimento, sob uma perspectiva construtivista.
Princípios:
•	 oportunizar	aos	alunos	muitos	momentos	de	expressar	suas	ideias.
•	 criar	condições	para	discussão	entre	os	alunos	a	partir	de	situações	
desencadeadoras.
•	 realizar	várias	tarefas	individuais,	menores	e	sucessivas,	investigando	
teoricamente, procurando entender razões para as respostas 
apresentadas pelos alunos.
•	 transformar	 os	 registros	 de	 avaliação	 em	 anotações	 significativas	
sobre o acompanhamento dos alunos em seu processo de construção 
do conhecimento.
É de fundamental importância a tarefa do professor na avaliação 
mediadora da aprendizagem. Cabe a ele discernir entre os erros construtivos 
– isto é, aqueles que evidenciam progressos na atividade mental – e aqueles 
que	não	sinalizam	avanços	na	forma	da	criança	pensar	(DAVIS;	ESPOSITO	
apud SILVA, 2005).
Davis e Espósito (apud SILVA, 2005) afirmam a respeito da função do 
erro no processo de avaliação que, para resolver uma situação-problema, 
56
Re
vi
sã
o:
 V
irg
ím
ia
 B
ila
tt
o 
/ L
uc
as
 K
at
er
 -
 D
ia
gr
am
aç
ão
: E
ve
rt
on
 M
ar
tin
s-
 0
8/
08
/2
01
3
Unidade I
a criança necessita, de um lado, compreender o problema e, de outro, 
escolher os procedimentos que no seu entender melhor resolvem a tarefa, 
dentro de um conjunto de possibilidades de ação, determinado pelo nível 
estrutural de pensamento.
Essas formas de compreender a avaliação não se limitam à valoração 
dos resultados obtidos pelos alunos. Considera-se que o propósito da 
avaliação não é detectar o sucesso ou o fracasso dos alunos para classificá-
los e técnicas mais apropriadas de ensino, bem como planejar atividades 
que os ajudem a elevar-se a estágios superiores de aprendizagem, ou 
ainda ajudar na recuperação das aprendizagens necessárias ao seu 
desenvolvimento.
Sendo assim, destacou-se, a ideia de avaliação integral do aluno para 
a qual a escola deve estar preparada por meio de uma mudança total no 
modo de conceber o ensino e a avaliação, uma vez que seu objetivo não 
é mais selecionar os mais aptos e separá-los daqueles que não podem 
superar os diferentes obstáculos, mas o de oferecer a cada estudante a 
oportunidade de ampliar ao máximo todas as suas capacidades. O sujeito 
da avaliação nesta concepção passa a ser múltiplo: o aluno, o professor, o 
grupo/classe e a equipe de professores. O objeto passa a ser o processo de 
aprendizagem e o processo de ensino (zABALA, 1995).
Para além da crítica aos modelos tradicionais de avaliação, procurou-
se apontar caminhos possíveis para uma avaliação coerente com os 
princípios de uma educação inclusiva na qual a escola utilize a avaliaçãopara aprimorar o ensino e a aprendizagem e não para classificar e excluir 
os alunos.
Dentro dos caminhos possíveis, foram apresentadas as quatro etapas 
da avaliação e a tipologia dos conteúdos de ensino, conforme proposição 
de zabala (1995).
Avaliação inicial: consiste em conhecer o que cada um dos alunos sabe, 
sabe fazer e é, e o que pode chegar a saber, saber fazer ou ser, e como 
aprendê-lo.
Avaliação reguladora: é o conhecimento de como cada aluno aprende 
ao longo do processo de ensino/aprendizagem, para se adaptar às novas 
necessidades que se colocam.
Avaliação final: são os resultados obtidos e os conhecimentos adquiridos 
ao longo do processo de ensino/aprendizagem.
57
Re
vi
sã
o:
 V
irg
ím
ia
 B
ila
tt
o 
/ L
uc
as
 K
at
er
 -
 D
ia
gr
am
aç
ão
: E
ve
rt
on
 M
ar
tin
s-
 0
8/
08
/2
01
3
AvAliAção EducAcionAl
Avaliação integradora: refere-se ao informe global da trajetória seguida 
pelo aluno, as medidas específicas que foram tomadas, o resultado final e as 
previsões sobre o que é necessário continuar fazendo ou o que é necessário 
fazer de novo.
Sobre a tipologia dos conteúdos, temos:
•	 conteúdos	factuais:	conhecimento	de	fatos,	situações,	dados,	nomes	
e	códigos.	Possuem	um	caráter	descritivo	e	concreto;
•	 conteúdos	conceituais:	referem-se	ao	conjunto	de	fatos,	objetos	ou	
símbolos que têm características comuns. São princípios de natureza 
abstrata que se referem às mudanças operadas em um fato, objeto ou 
situação em relação a outros fatos, objetos ou situações. Descrevem 
relações	de	causa-efeito	ou	de	correlação	e	exigem	compreensão;
•	 conteúdos	 procedimentais:	 englobam	 as	 regras,	 as	 técnicas,	 os	
métodos, as destrezas ou habilidades, as estratégias. É um conjunto 
de	ações	ordenadas	orientadas	por	um	objetivo;
•	 conteúdos	 atitudinais:	 englobam	 valores,	 atitudes	 e	 normas	
partilhados por um grupo, considerando seu papel na sociedade.
Dentre as várias recomendações sobre como avaliar os diferentes tipos 
de conteúdos, destacou-se a importância do rigor técnico na elaboração 
e aplicação de instrumentos para que o professor possa conhecer o que 
aluno aprendeu e as lacunas que apresenta e tomar decisões quanto ao 
ensino e dar orientações ao aluno.
Para se obter dados que evidenciem as aprendizagens realizadas 
pelos alunos, é necessário definir bem o que se quer avaliar e selecionar 
o instrumento que se preste à coleta dos dados referentes ao objetivo 
proposto. Essa seleção depende:
•	 da	natureza	da	área	de	estudo	ou	do	componente	curricular;
•	 dos	objetivos	visados;
•	 das	condições	de	tempo	do	professor;
•	 do	número	de	alunos;
•	 dos	métodos	e	procedimentos	usados	no	ensino	(HAYDT,	1995).
58
Re
vi
sã
o:
 V
irg
ím
ia
 B
ila
tt
o 
/ L
uc
as
 K
at
er
 -
 D
ia
gr
am
aç
ão
: E
ve
rt
on
 M
ar
tin
s-
 0
8/
08
/2
01
3
Unidade I
Um bom instrumento de avaliação deve ser fácil de aplicar, corrigir e 
interpretar e útil aos propósitos avaliativos. Os instrumentos podem conter 
questões objetivas ou dissertativas.
Questões objetivas: são aquelas que não admitem múltiplas 
interpretações, devendo o aluno escolher uma das alternativas propostas. 
Devem ser elaboradas de forma contextualizada, podendo ser de diferentes 
tipos: questões de lacunas, questões de falso/verdadeiro, questões de 
múltipla escolha, complementação simples.
Questões dissertativas: servem para avaliar a área afetiva e cognitiva. 
Avaliam a capacidade de síntese (seleção, relação, organização das ideias 
em torno de um tema).
Observações e registros do professor: são importantes para identificar 
possíveis lacunas na aprendizagem do aluno e ou suas dificuldades e planejar 
intervenções pedagógicas contextualizadas que atendam a necessidades 
reais. Para que sejam úteis a tal propósito, é necessário que o professor se 
guie por uma pauta de observação previamente organizada de acordo com 
os conteúdos, habilidades e competências que deseja identificar.
Portfólio: é um instrumento que reúne o conjunto de trabalhos do 
aluno como resumos, fichamentos, esquemas, registros diários, gráficos, 
registros por meio de diferentes tipos de mídia, fotos, entrevistas, notas 
de campo, desenhos etc. Trata-se de uma coleção/seleção de diferentes 
produções do aluno acerca de determinado objeto de aprendizagem, que 
proporcionam evidências do conhecimento que foi sendo construído por 
ele, das estratégias que utilizou para aprender e da sua disposição para 
continuar aprendendo.
 Exercícios
Questão 1. Leia a descrição da prática da professora Rosa sobre reprodução de formas planas e 
relações entre formas e responda à questão 1:
Inicialmente, a professora Rosa entregou aos alunos uma folha de papel quadriculado e uma cópia 
da figura abaixo. Em seguida, propôs que a garotada reproduzisse individualmente o modelo fornecido 
na folha quadriculada de tal maneira que, ao terminar, o original e a cópia coincidissem ao serem 
sobrepostos. Enquanto os alunos resolviam a questão, circulou pela sala para observar e anotar as 
estratégias que eles utilizavam. Na etapa seguinte, selecionou alguns trabalhos, dando preferência 
àqueles que representavam uma dificuldade generalizada da turma, para analisar com ela o que ocorreu 
durante a reprodução do modelo. Propôs uma discussão sobre as características da figura-modelo e 
como eles reconheciam os elementos que deviam ser considerados na cópia. Deu especial atenção 
59
Re
vi
sã
o:
 V
irg
ím
ia
 B
ila
tt
o 
/ L
uc
as
 K
at
er
 -
 D
ia
gr
am
aç
ão
: E
ve
rt
on
 M
ar
tin
s-
 0
8/
08
/2
01
3
AvAliAção EducAcionAl
à maneira como os estudantes se comunicavam, vendo se eles utilizavam as palavras “lados”, “lados 
iguais” ou “quatro pontas”, pois essa linguagem pode ser aproveitada como ponto de partida para a 
produção de novos conhecimentos.
Fonte: BRITO, S. A. Cópia de figuras geométricas. [s.d]. Disponível em: <http://revistaescola.abril.com.br/matematica/pratica-
pedagogica/copia-figuras-geometricas-619830.shtml>. Acesso em: 30 abr. 2013.
A prática descrita da professora Rosa tem características da avaliação ____________________, 
embasada em uma perspectiva de ensino-aprendizagem _______________________, que considera 
o aluno como sujeito.
Assinale a alternativa com as palavras que preenchem corretamente as lacunas acima:
A)	Classificatória	−	comportamentalista;
B) Mediadora – construtivista.
C) Somativa – construtivista.
D) Informal – tradicional.
E) Propedêutica – tradicional.
Apresente três características da prática analisada que justificam sua escolha.
______________________________________________________________________________
______________________________________________________________________________
______________________________________________________________________________
______________________________________________________________________________
______________________________________________________________________________
______________________________________________________________________________
Resposta correta: alternativa B.
Análise das alternativas
A) Alternativa incorreta.
Justificativa: a alternativa A não está coerente com as características da prática da professora Rosa 
porque a avaliação classificatória tem a finalidade de apontar a posição que o aluno ocupa em relação 
à aprendizagem do grupo classe e decidir sobre sua promoção ou reprovação, sob uma perspectiva 
tradicional de avaliação segundo a qual aprender significa reproduzir o conhecimento de acordo com 
algum modelo. I
60
Re
vi
sã
o:
 V
irg
ím
ia
 B
ila
tt
o 
/ L
uc
as
 K
at
er
 -
 Dia
gr
am
aç
ão
: E
ve
rt
on
 M
ar
tin
s-
 0
8/
08
/2
01
3
Unidade I
B) Alternativa correta.
Justificativa: a prática da professora valoriza características da avaliação mediadora que se encaixa 
em uma perspectiva construtivista, segundo a qual o aluno é sujeito de sua aprendizagem, devendo atuar 
sobre o objeto de conhecimento com a ajuda do professor, destacando-se as seguintes características:
A professora favoreceu a discussão entre os alunos a partir de situação desencadeadora.
A professora propôs atividades que favorecem a interação social.
A professora solicitou tarefas individuais que não permitem entender as razões das respostas dos alunos.
A professora oportunizou aos alunos momentos de expressar suas ideias.
A professora desenvolveu atividades que favoreceram a interação social.
A professora fez observações significativas para trabalhar a dificuldade maior da turma.
C) Alternativa incorreta.
Justificativa: a alternativa C não está coerente com as características da prática da professora Rosa 
porque a avaliação somativa tem a finalidade de aferir apenas os resultados da aprendizagem, sendo 
esta uma finalidade incoerente com a abordagem construtivista que considera todo o processo de 
construção de conhecimento pelo aluno.
D) Alternativa incorreta.
Justificativa: a alternativa D não está coerente com as características da prática da professora Rosa 
que ocorre em um contexto formal de aprendizagem e apresenta características construtivistas.
E) Alternativa incorreta.
Justificativa: a alternativa E não está coerente com as características da prática da professora Rosa 
porque a descrição mostra uma preocupação com a construção do conhecimento pelo aluno e com o 
significado da aprendizagem e não apenas uma preocupação propedêutica de preparação para estudos 
futuros como em uma abordagem tradicional.
Questão 2. A análise das relações entre escola e sociedade, sob uma perspectiva dialética, requer o 
entendimento:
I − De que a escola é fator de equalização social, ou seja, de superação das desigualdades sociais.
II − Da escola e da sociedade como espaços de contradição com diferentes possibilidades de ação 
que podem tornar a escola capaz de influenciar a sociedade e não apenas ser determinada por esta.
61
Re
vi
sã
o:
 V
irg
ím
ia
 B
ila
tt
o 
/ L
uc
as
 K
at
er
 -
 D
ia
gr
am
aç
ão
: E
ve
rt
on
 M
ar
tin
s-
 0
8/
08
/2
01
3
AvAliAção EducAcionAl
iaçIII − De que a escola cumpre o papel de reproduzir as relações sociais capitalistas baseadas na divisão 
das classes, mantendo a desigualdade social.
IV − De que a sociedade determina a escola, que se torna impotente diante das desigualdades sociais.
Assinale a alternativa correta:
A) Apenas a afirmação I está correta.
B) Apenas a afirmação II está correta.
C) Apenas as afirmações I, III e IV estão corretas.
D) Apenas as afirmações II e IV estão corretas.
E) Apenas a afirmação IV está correta.
Resolução desta questão na plataforma.

Mais conteúdos dessa disciplina