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UNIVERSIDADE PAULISTA – UNIP CURSO PSICOLOGIA TALIA COSTA DE SOUZA RA: N176679 PSICOLOGIA FENOMENOLOGICA MANAUS – AM 2020 1. A FENOMENOLOGIA DE EDMUND HUSSERL E SUAS CONTRIBUIÇÕES PARA A PSICOLOGIA: Qual a principal crítica que Husserl faz ao pensamento científico de sua época? Como essa crítica se articula com o surgimento da Fenomenologia? O êxito do método científico está no estabelecimento de uma "verdade provisória" útil, que será verdade até que um fato novo mostre outra realidade. Para evitar que a verdade filosófica também fosse provisória Husserl propõe que ela deveria referir-se às coisas como se apresentam na experiência de consciência, estudadas em suas essências, em seus verdadeiros significados, de um modo livre de teorias e pressuposições, despidas dos acidentes próprios do mundo real, do mundo empírico objeto da ciência. Buscando restaurar a "lógica pura" e dar rigor à filosofia, argumenta a respeito do princípio da contradição na Lógica. Nos termos de Husserl: A fenomenologia pode, enquanto ciência, não ser senão uma investigação de essências...” Para Husserl, não há ciência que não comece por estabelecer um quadro de essências obtidas pela técnica de variação imaginária dos objetos. Antes de se fazer física, faz-se necessário refletir sobre o que seja o “fato físico” em sua essência. A “essência” deve ser entendida em Husserl não como a essência de uma “forma pura” que subsiste por si mesma (tal como em um realismo platônico), independentemente do modo como se mostra à consciência intencional, mas sim como aquilo que é retido no ato intencional desta consciência por meio da redução fenomenológica. O que é intencionalidade da consciência para a fenomenologia husserliana? Para Husserl, “a palavra intencionalidade significa apenas a característica geral da consciência de ser consciência de alguma coisa”. Eis o ponto de partida adotado pelo filósofo alemão: a análise dos fenômenos no âmbito da consciência no intuito de se tentar apreender as coisas em si mesmas, isto é, como elas são. Podemos dizer que em Husserl https://pt.wikipedia.org/wiki/Consci%C3%AAncia https://pt.wikipedia.org/wiki/L%C3%B3gica o cogito cartesiano ganha uma nova roupagem onde a intencionalidade (toda consciência é consciência de) assume o lugar da certeza “clara e distinta” de René Descartes. A intencionalidade seria a marca fundamental da consciência, uma vez que a consciência está o tempo todo voltada para fora de si. Contudo, a consciência não é considerada por Husserl como se fosse uma substância ou um invólucro a partir do qual o mundo brotaria. O que atitude natural? E atitude fenomenológica? A atitude natural é aquela vivenciada pelo homem conforme suas experiências, seus valores morais e éticos, ela não é influenciada por acontecimentos externos nem requer uma postura mais agressiva da pessoa. Já a atitude fenomenológica é aquela onde o indivíduo baseia suas ações de acordo com o fenômeno que está ocorrendo. Elas podem acontecer em caráter excepcional e emergente de acordo com que acontece, onde os indivíduos são influenciados por ela. Em sua visão, quais as principais contribuições de Husserl para a Psicologia? A fenomenologia está encarregada, entre outras, de três tarefas principais: separar psicologia e filosofia, manter o privilégio do sujeito do conhecimento ou consciência reflexiva diante dos objetos e ampliar/renovar o conceito de fenômeno. Com relação à possível contribuição de Husserl à clínica fenomenológica seria em relação a noção de intersubjetividade, nascida com Husserl e se expandiu. A explanação sobre o tema da empatia em Husserl se revela na concepção de mundo da vida como um lugar intersubjetivo, onde a comunidade humana se origina por meio de uma vivência de alteridade que revela a intersubjetividade constituinte do mundo 2. FENOMENOLOGIA COMO FUNDAMENTO DA CLÍNICA O que significa, para a fenomenologia, adotar uma atitude ingênua diante dos fenômenos? A pretensão da epoché não é duvidar ou excluir o mundo de uma consideração investigativa, mas sim abster-se de uma atitude dogmática e ingênua diante daquilo que se apresenta, visando dessa forma “permitir” que o objeto apareça como ele é, sem ignorar a contribuição da consciência que o intenciona. A fenomenologia traz para o debate a questão da possibilidade da existência da objetividade, bem como ela se constitui e o interesse fenomenológico na perspectiva da primeira pessoa se justifica em preocupações filosóficas transcendentais. Nessa fase abster-se de juízos a priori diante do fenômeno é uma condição ‘’sinequa non’’ ou seja, indispensável para que se possa chegar ao conhecimento apodítico daquilo que se pretende conhecer. Nesse sentido, a pretensão da fenomenologia é não começar com a teoria, mas com a experiência, convidando o investigador a permitir que a experiência seja condutora da teoria Como em fenomenologia se dá a relação: a) homem- mundo/corpo; b) homem-outros; c) homem-tempo? A noção de ser no mundo foi desenvolvida sistematicamente pelo filósofo alemão Martin Heidegger no tratado Ser e Tempo. Na obra Heidegger se impõe a tarefa de recolocar a questão do "sentido do ser", que para ele foi esquecida pela metafísica tradicional. A investigação fenomenológica de Heidegger é de caráter ontológico, isto é, busca as determinações essenciais do ser dos entes. A fenomenologia, na elaboração de Heidegger, não é um método neutro que pode ser aplicado no âmbito das diferentes disciplinas científicas. Para cie, a fenomenologia é ontologia. Uma suposta psicologia fenomenológico- existencial que pretende utilizar as estruturas existenciais descritas pela analítica de Ser e Tempo - ser-no-mundo, ser-para- a-morte, cuidado - para apreender a subjetividade humana, contornando, assim, a própria questão do ser, não toca a compreensão fenomenológica do modo de ser do homem como existência. -Ser-aí: ser no mundo se relacionando consigo e com os outros (vivendo). -Ser-com-os-outros: ser se relacionando com os outros. -Ser-para-o-fim: ser em contato com a morte. -Ser-em: ser para o mundo e relação com temporalidade 3. A FENOMENOLOGIA HERMENÊUTICA DE MARTIN HEIDEGGER E SUAS CONTRIBUIÇÕES PARA A PSICOLOGIA FENOMENOLÓGICA Qual é a principal questão filosófica de Heidegger em Ser e Tempo (1927)? Em sua primeira divisão, Heidegger tentou se afastar das questões "ônticas" sobre os seres para as questões ontológicas sobre o Ser, e recuperar a questão filosófica mais fundamental: a questão do Ser, do que significa para algo ser. Heidegger abordou a questão através de uma investigação sobre o ser que tem uma compreensão do Ser, e faz a pergunta sobre ele, a saber, o Ser Humano, que ele chamou de Dasein ("estar lá"). Heidegger argumentou que o Dasein é definido por Care, seu modo de ser- no-mundo praticamente engajado e preocupado, em oposição a pensadores racionalistas como René Descartes, que localizou a essência do homem em nossas habilidades de pensamento. Qual era o intuito de Heidegger ao elaborar uma ontologia fundamental? A explícita elaboração de uma ontologia fenomenológica era, portanto, uma possibilidade inscrita no próprio projeto filosófico husserliano. E, de fato, na medida em que as intuições fundamentais de Husserl vieram a desencadear todo um movimento de idéias que se espraiou em diferentes direções e em formas diversificadas de aplicação do método traçado nas Investigações Lógicas, foi, sobretudo no domínio da questão ontológica, que se procurou adotar as diretrizes metodológicas da fenomenologia, numa nova tentativa de leitura do ser. A intenção que preside, como um fio condutor, a todo o desenvolvimento da obra de Heidegger,e lhe confere uma perspectiva unificadora, se expressa na necessidade de reexaminar –repetir – a questão do sentido do ser em geral ou, https://pt.wikipedia.org/wiki/Ser-a%C3%AD https://pt.wikipedia.org/wiki/Ren%C3%A9_Descartes mais precisamente, a questão da unidade do sentido do ser na multiplicidade de suas acepções. Se tal tarefa se impõe como função primordial da ontologia, é porque a questão do ser foi esquecida. Por que Heidegger desenvolve uma Analítica Existencial? A analítica existencial é a análise do modo do ser-aí ser no mundo. Esta análise não deve ser entendida como decomposição (por analogia a química), pois constitui o ponto de partida e via de acesso à questão do ser. A proposta de sua analítica existencial é tornar compreensível que o que chamamos de ôntico é relativo ao ente e o que se trata de ontológico é correspondente ao ser. O filósofo propõe-se realizar uma analítica existencial em vista de uma ontologia fundamental. A delimitação da analítica do ser-aí face à antropologia, psicologia e biologia", procura delimitar a analítica do ser-aí diante das possibilidades de uma antropologia filosófica. Através da hermenêutica da facticidade do ser-aí, portanto, Heidegger não procura fundar ou fundamentar qualquer tipo de antropologia. Ainda que uma hermenêutica antropológica procurasse descrever e pensar a "essência" do homem, deveria ser demonstrada a diferença entre a analítica existencial do ser-aí e uma possível antropologia filosófica propriamente dita. Como seria possível descrever o Dasein (ser-aí) de acordo com Heidegger? O lugar para começarmos a responder essa questão é em nós mesmos, mas esse “nós mesmos” de que falo, em Heidegger se apresenta como Dasein, que é composto de “Da-”, significando “aí”, e “sein”, significando “ser. O Dasein é o único ente capaz de compreender a si mesmo, e essa compreensão se dá na medida em que é, em que exerce o seu existir. Ele é um ente ontológico porque traz em si o sentido de ser, e é pré-ontológico por já ter uma (pré) compreensão desse sentido, uma compreensão antes mesmo de poder teorizá-la, o que Heidegger chama de uma compreensão pré-teórica. O Dasein é o único ente a possuir um sentido, o único capaz de criar, desejar, construir, destruir, e tudo mais que demonstre sua total interação com a própria existência, o que não é possível nos demais entes. Por que o Dasein é ser-no-mundo-com-os-outros? Heidegger, re-significou a palavra Dasein para a expressão ser-no-mundo. “Ser” e não “Estar; no sentido da existência e co-existência, e não de permanência ou passagem. Não se trata do homem interagir com o mundo, pois nesse caso daria a entender que pessoa e o seu ambiente são coisas distintas. Trata-se da relação e co-existência e até interdependência, entre pessoas e/ou ambiente, isto é entre “Daseins”. O Dasein como ser-com-os-outros: estando lançado-no-mundo, o Dasein mantém uma interação consigo mesmo, com os demais entes (todas as coisas) e com o mundo. O que é o impessoal? Qual a função do impessoal na cotidianidade do Dasein? Deve-se sempre estar atento ao fato de que falamos desses modos de ser do Dasein no que se refere a seu modo mais cotidiano e mediano de existir. Para Heidegger, de pronto e no mais das vezes, o modo cotidiano em que os outros se apresentam para mim e em que eu estou com os outros é o modo da impessoalidade [Das Man]. Nesse sentido, procuramos desenvolver a socialidade impessoal da existência, ressaltando o caráter positivo e originário da estrutura da impessoalidade. Na maior parte das vezes, o estar em relação com outros na cotidianidade é destituído de individualidade própria, a presença dos demais e a minha presença frente a outros não ocorrem na forma da individualidade singular e individual, mas, justamente sem identidade própria e pessoal, o que o filósofo chama de impessoalidade. Diz Heidegger, essas são qualidades da publicidade, o modo público é mediano e impessoal. Qual a diferença entre angústia e medo? Qual é o papel da angústia na experiência do Dasein? A diferença entre a angústia e o temor reside precisamente no fato de que a angústia é mais ampla que o temor. O temor é direcionado a um ente determinado da nossa existência, ao passo que o objeto da angústia, ao qual ela se dirige, é “completamente indeterminado’’. Na angústia, enquanto disposição fundamental, não sabemos diante de que nos angustiamos; ela começa a se apresentar quando, em meio a nossas ocupações do dia-a-dia, nos sobrevém um certo tédio. Começamos a ficar fartos dos entes que estão ao nosso redor e não encontramos em nenhum ente um apoio para nos tirar deste tédio. Pelo contrário, acreditamos mesmo que temos de procurar sempre mais o contato com os entes e as coisas do mundo. A angústia é uma característica fundamental da existência humana. Quando o homem desperta para a consciência da vida, percebe que ela não tem sentido ou uma finalidade. É na angústia que percebemos o nada como essa sombra que paira sobre todas as coisas O que Heidegger entende por preocupação? A preocupação localiza a verdadeira possibilidade de virada da existência humana, a possibilidade de o homem sair da inautenticidade, na qual geralmente vive, e assumir a autenticidade. Por meio da preocupação, isto é, pressupondo que o homem seja tocado pela angústia, já que ela é rara pode se dizer que ele faz de uma só vez uma recapitulação de todo o seu existir e toma consciência do caráter essencialmente finito de sua existência, toma consciência do caráter essencialmente temporal do ser e de que está entregue somente a ele mesmo e a manifestação do ser. Na cotidianidade, na maioria das vezes, o ser-aí se preocupa com o outro de modo a encobrir as diferença entre eles. Denominado como modo deficiente ou indiferente da preocupação, caracteriza-se pelo caráter mediano da convivência de um com o outro. Como o Dasein impessoal aborda a morte? Para Heidegger, qual o papel da morte no existir do Dasein? Mas a minha morte e a morte do outro revela o caráter determinante e constituinte do Dasein como ser-para-a-morte. E ser-para-a-morte revela o não-ser como essência da existência, revela a situação de inconclusão, de pendência em que o homem se encontra e por isso mesmo sempre passível de realização. Assim, a angústia desperta para a morte, enquanto dado temporal mais significativo da existência, e revela a finitude da existência humana, o fato de que o homem tem um fim, que ele morre e que sua existência acaba, ou seja, remete a um outro conceito fundamental de Heidegger, que é o ser-para-a morte [Sein-zum-Tode]. A morte constitui uma limitação da unidade originária do ser-aí, significa que a transcendência humana, o poder-ser, contém uma possibilidade de não-ser. Diz Heidegger: “o ‘fim’ do ser-no-mundo é a morte. Esse fim, que pertence ao poder-ser, isto é, à existência, limita e determina a totalidade cada vez possível do Dasein” (1989a, vol. II, p.12). Entretanto, o caráter aparentemente negativo da morte apenas se coloca quando a morte é tomada no sentido vulgar de ser o momento do término físico da vida. Mas há um lado positivo na morte, isso se o ser humano assume o seu ser-para-a-morte, isto é, leva em conta que a morte é um fenômeno da própria existência e não do término dela. A morte apenas tem sentido para quem existe e se põe como um dado fundamental da existência mesma. Assumir o ser para a morte, porém, não significa pensar constantemente na morte e sim encarar a morte como um problema que se manifesta na própria existência. Depois de termos morrido não podemos mais sentir a morte. É um fato que a morte é algo que apenas podemos experimentar indiretamente, no outro que morre. A morte tem este aspecto paradoxal de apenas surgir quando não pode mais constituir um problemapara o Dasein, a não ser que ele a assuma como a sua mais própria essência na própria existência.
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